Efeito de adubo mineral de orgânico na variação dos nutrientes

Propaganda
Efeito da Fertilização Orgânica e Mineral na Variação de Nutrientes
Foliares no Tempo em Pupunheira Para Palmito, em Areia, PB.
João T. Nascimento(1); Ademar P. de Oliveira(2); Ivandro de F. da Silva(2); Adailson P. de
Souza(2); Adriana U. Alves(2)
Escola Agrotécnica Federal de Castanhal , BR 316-km 63, 68.740-970 Castanhal-PA; 2CCA-UFPB, C. Postal 2,
1
58.397-000 Areia-PB; E-mail: [email protected]
RESUMO
Com o objetivo de avaliar a variação dos teores de nutrientes foliares na pupunheira
no tempo, em função de adubação organomineral foi conduzido um experimento no Centro
de Ciências Agrárias da Universidade Federal da Paraíba, Areia-PB, num Neossolo
Regolítico de textura areia-franca. Empregou-se o delineamento experimental de blocos
casualizados em esquema de parcela subdividida no tempo, com quatro tratamentos
(testemunha absoluta, esterco bovino, NPK, e esterco bovino+NPK) e em quatro repetições,
com parcelas de 20 plantas espaçadas 2,0 m x 1,0 m. Foram coletados os folíolos do terço
médio das folhas centrais da copa da pupunheira, aos doze e dezoito meses do plantio, abril
e outubro de 2001, respectivamente. Os teores de N, P e K, na primeira amostragem, e os
de Ca e Mg na segunda, foram considerados significativamente superiores, em todos os
tratamentos estudados. O esterco bovino quando usado de forma isolada, proporcionou
teores significativamente superiores para o P, K, Ca e Mg nos dois períodos de
amostragem, enquanto que o tratamento NPK influenciou apenas no teor de N, na primeira
amostragem.
Palavras-chave: Bactris gasipaes, esterco bovino, adubação mineral,
ABSTRACT: Effect of the organic and mineral fertilization in the variation of nutrients
foliate in the time in peach palm for palm heart, in Areia, PB.
With the objective of evaluating the variation of the contents of nutrients foliate in the
peach palm in the time in function of organic and mineral fertilization an experiment was
driven in the Centro de Ciências Agrárias of the Universidade Federal da Paraíba, Areia-PB,
Brazil, in a Neossoil Regolític of loamy-sandy texture. The used experimental design was
randomized blocks in plot subdivided in the time with four treatments (testifies absolute,
cattle manure, NPK, and cattle manure+NPK), and in four repetitions, with portions of 20
spaced plants 2 m x 1 m. They were collected the medium third of the central leaves of the
cup of the peach palm, to the twelve and eighteen months of the planting, April and October
of 2001, respectively. The contents of N, P and K, in the first sampling, and the one of Ca
and Mg on Monday, they were considered superiors significantly, in all of the studied
treatments. The cattle manure when used in an isolated way, it provided contents
significantly superiors for P, K, Ca and Mg in the two sampling periods, while the treatment
NPK just influenced in the content of N, in the first sampling.
Keywords: Bactris gasipaes, cattle manure, mineral fertilization
INTRODUÇÃO
Atualmente, vem se intensificando em todo mundo pesquisas com a pupunheira sem
espinhos para produção de palmito, por sua viabilidade econômico-social e ecológica. No
nordeste do Brasil, embora venham acontecendo pesquisas com essa palmeira, os
resultados sobre sua eficiência na absorção de nutrientes ao longo do tempo, e às
condições de clima e solo da região ainda são incipientes.
O conhecimento da concentração dos nutrientes foliares nos diferentes estádios de
desenvolvimento, nas condições edafoclimáticas da região é condição essencial para
interpretação de problemas nutricionais e sugestões de adubação. Dessa forma, com base
na análise química do solo e na matéria seca foliar da planta, avalia-se a necessidade dos
nutrientes e quantificam-se doses adequadas e equilibradas para suas reposições
(Malavolta et al., 1997). A análise foliar, ao revelar a condição do estado nutricional da
planta permite determinar se a concentração de um nutriente encontra-se em nível
adequado ou não (Molina, 1997). Herrera (1989) e Silva & Falcão (2002), encontraram na
matéria seca foliar da pupunheira concentrações de nutrientes na seguinte ordem: N > K >
Ca > Mg > P. Pela seqüência, o nitrogênio é o elemento mais absorvido pela espécie
seguido do potássio e do cálcio.
Vários autores têm relacionado teores de nutrientes nas folhas de pupunheira em
diferentes locais, os quais expressam o estado nutricional equilibrado de N, P, K, Ca e Mg,
em g kg-1, respectivamente, segundo La Torraca et al. (1984), 25-30; 1-3; 10-20; 4-6; 2,5-4;
Raij & Cantarella (1996), 31,2; 2-3; 9-15; 2,5-4; e 2-4,5; Molina (1997), 25-40; 1,5-3; 8-15; 25; e 2-3; e EMBRAPA (1999),
22-35; 2-3; 9-15; 2,5-4; e 2-4,5. A baixa eficiência de
absorção de nutrientes pela pupunheira, é devido em grande parte, à presença em grande
proporção de raízes grossas, fibrosas com poucos pêlos absorventes (Sudo et al., 1996) e à
baixa fertilidade da maioria dos solos cultivados, devendo-se proceder à prática da calagem
e da adubação orgânica e mineral, de forma equilibrada, a fim de proporcionar melhorias
das características físico-químicas e biológicas dos solos (Primavesi, 1990; Bovi et al.,
1999), promovendo maior desenvolvimento vegetativo da planta (Bovi et al., 2002).
O objetivo deste trabalho foi avaliar a variação de nutrientes foliares no tempo, na
pupunheira, em função de adubação com esterco bovino e mineral, nas condições
edafoclimáticas de Areia, PB.
MATERIAL E MÉTODOS
O experimento com a pupunheira foi realizado no período de abril de 2000 a maio de
2002, no Centro de Ciências Agrárias da Universidade Federal da Paraíba, em Areia, PB,
localizado a 6º 18’ 12” S e 32º 18’ 15” W. O clima é quente e úmido do tipo As’, segundo
Köppen, com precipitação média anual de 1400 mm. O solo classificado como Neossolo
Regolítico, de textura areia-franca, apresentou as seguintes características: pH em H2O
(1:2,5)
=5,7; P =20,29 mg dm-3; K=39,79 mg dm-3; Al=0,0; Ca=1,85 cmolc dm-3; Mg=0,90 cmolc dm-3;
matéria orgânica=8,42 g kg-1; e características físicas: areia= 841,50 g kg-1; silte= 88,00 g kg; argila=70,50 g kg-1; densidade global=1,37 g cm-3; densidade de partículas= 2,61 g dm-3; e
1
porosidade total=0,47 m3 m-3.
No experimento, empregou-se mudas de pupunheira sem espinhos produzidas no
Centro de Ciências Agrárias da Universidade Federal da Paraíba, com sementes prégeminadas proveniente do Estado de São Paulo. A parcela experimental foi constituída por
20 plantas espaçadas de 2,0 x 1,0 m. O delineamento experimental utilizado foi o de blocos
casualizados, em esquema de parcela subdividida no tempo, empregando-se os seguintes
tratamentos: testemunha absoluta, esterco bovino, NPK, e esterco bovino+NPK; em quatro
repetições. O tratamento com esterco bovino recebeu 10 t ha-1, enquanto que o com NPK
recebeu 140 kg ha-1 de P2O5, 60 kg ha-1 K2O no plantio, e na adubação de produção
aplicaram-se 300 kg ha-1 de nitrogênio, 80 kg ha-1 de P2O5 e 160 kg ha-1 de K2O, parcelados
em 50% aos seis meses e 50% aos doze meses após o plantio. As fontes utilizadas de
NPK, foram: sulfato de amônio, superfosfato simples e cloreto de potássio, respectivamente.
As avaliações dos nutrientes foliares foram realizadas em dois períodos de
amostragem, aos doze (abril de 2001) e aos dezoito meses do plantio (outubro de 2001). A
amostra constituiu-se de folíolos coletados do terço médio das folhas centrais da copa das
plantas úteis das parcelas. Foram realizadas as análises químicas dos nutrientes N, P, K,
Ca e Mg com base na matéria seca foliar, de acordo com a metodologia de Tedesco et al.
(1985). Os resultados foram submetidos à análise de variância e suas médias contrastadas
pelo teste Tukey (P < 0,05).
RESULTADOS E DISCUSSÃO
Na Tabela 1, constata-se que houve efeito significativo (P< 0,05%) dos tratamentos e
dos períodos de amostragens sobre os teores foliares de N, P, K, Ca e Mg na pupunheira.
Quanto à variação desses nutrientes entre períodos amostrados, verificam-se diferenças
significativas com os teores de N, P e K, decrescentes com o tempo, em todos os
tratamentos. Sobre os teores de Ca e Mg, também com diferenças significativas entre
períodos, observou-se efeitos contrários, os quais apresentaram acréscimos desses teores
com o tempo, também em todos os tratamentos.
Para os teores de N foliar entre tratamentos (Tabela 1), observa-se nos que
receberam NPK, no primeiro período amostrado, valores médios significativamente
superiores em relação aos do esterco bovino isolado e testemunha, respectivamente,
evidenciando-se que a pupunheira respondeu em termos quantitativos à adubação mineral.
Já, no segundo período amostrado não houve diferença significativa entre o tratamento NPK
e esterco bovino, entretanto seus valores médios superaram o da testemunha. Bovi et al.
(2002), também relataram alta resposta da pupunheira à adubação nitrogenada. Os teores
de N no tecido foliar da pupunheira no primeiro e segundo período amostrado foram
considerados adequados para a cultura em todos os tratamentos, com destaques para os
que se adicionaram NPK, com exceção o da testemunha no segundo período (EMBRAPA,
1999).
Em relação aos teores médios de P foliar na pupunheira, o tratamento esterco bovino
influenciou com incrementos significativos nos dois períodos amostrados, configurando-se
que a pupunheira não respondeu às adubações fosfatadas. Essa ausência de resposta da
pupunheira em acumular P nas folhas, possivelmente está relacionada com os seus teores
iniciais no solo, considerado bom para solos arenosos, e ainda, adicionado via adubação.
Doses excessivas desse elemento inibem sua absorção reduzindo a concentração foliar
(Novaes & Smith, 1999). Ainda constatou-se em ambos os períodos, valores médios
adequados para a cultura, segundo La Torrraca et al. (1984).
Quanto aos teores de K foliar no primeiro período amostrado, e os de Ca e Mg no
primeiro e segundo, constatou-se efeito semelhante ao do P, com o tratamento esterco
bovino proporcionando incrementos significativos em relação aos que receberam NPK. Nos
teores médios de K entre tratamentos no segundo período não se verificou diferenças
significativas, entretanto, esses teores em relação aos tratamentos e períodos, observaramse que foram considerados abaixo do estabelecido para essa palmeira, de acordo com La
Torraca et al. (1884). Nos teores foliares de Ca e Mg, em todos os tratamentos e períodos
amostrados, observou-se valores adequados para essa cultura, entretanto, os relativos ao
tratamento esterco bovino refletiu maior eficiência da pupunheira em absorver esses
elementos no segundo período amostrado (La Torraca et al., 1984; Raij & Cantarella, 1996;
Molina, 1997; EMBRAPA, 1999).
Verificou-se em todos os nutrientes, com exceção do N, melhor eficiência da
pupunheira em absorvê-los, no tratamento esterco bovino. Esse efeito pode ser decorrente
do maior desenvolvimento radicular da pupunheira influenciado pela melhoria das
propriedades físico-químicas e biológicas do solo, resultante do uso do esterco bovino,
aliado ao possível efeito da micorrização nas raízes, aumentando o seu potencial de
absorção de nutrientes (Kiehl, 1985; Primavesi, 1990; Silva et al. 1998).
LITERATURA CITADA
BOVI, M.L.A.; GODOY JUNIOR, G.; SPIERING, S.H. Respostas de crescimento da
pupunheira à adubação NPK. Scientia Agrícola, v.59, n.1, p.161-166, 2002.
BOVI, M.LA.
Palmito pupunha: informações básicas para cultivo. Campinas, Instituto
Agronômico, 1998. 50 p. (Boletim técnico, 173)
BOVI, M.LA.; SPIERING, S.H.; BARBOSA, A.M.M. Densidade radicular de progênies de
pupunheira em função de adubação NPK. Horticultura Brasileira, Brasília, v.17, n.3, p.186193, 1999.
EMPRESA BRASILEIRA DE PESQUISA AGROPECUÁRIA. Manual de análises de
químicas de solo, plantas e fertilizantes. Embrapa, Brasília. 1999. 370p.
HERRERA, B.W. Fertilizacion del pejibaye para palmito. Boletim Informativo Pejibaye. v.1,
n.2, p. 4-10, 1989.
KIEHL, E. J. Fertilizantes orgânicos. Piracicaba: Ceres, 1985. 492p.
LA TORRACA , S.M.; HAAG, H.P.; DECHEN, A.R. Nutrição mineral de frutíferas tropicais,
sintomas de carência nutricionais em pupunha. Piracicaba, O Solo, v.76, n.1, p.53-56, 1984.
MALAVOLTA, E.; VITTI, G.C.; OLIVEIRA, S.A. Avaliação do estado nutricional das planta:
princípios e aplicações. 2 ed. Piracicaba: Potafos, 1997. 319p.
MOLINA, E. Fertilización y nutrición de pejibaye para palmito. Research report, Centro de
Investigaciones Agronómicas. Universidad de Costa Rica, San José, 1997. 26p.
PRIMAVESI, A. Manejo ecológico do solo: a agricultura em regiões tropicais. São Paulo:
Nobel, 1990. 549p.
RAIJ, B. VAN; CANTARELLA, H. Outras culturas industriais. In: Recomendações para
adubação e calagem para o Estado de São Paulo. 2 ed. Instituto Agronômico & Fundação
IAC, Campinas, p.97-101, 1996. (Boletim Técnico, 100)
SILVA, E.M.R.; SUDO, A.; ALMEIDA, D.L.; MATOS, R.M.B.; PEREIRA, M.G.; BOVI, M.L.A.;
MACHADO, C.T.T. Ocorrência e Efetividade de Fungos Micorrízicos em Plantas Cultivadas.
Seropédica: Embrapa Agrobiologia, 1998. 25p. (Embrapa-CNPAB. Documentos, 83).
NOVAES, R.F.; SMYTH, T.J. Fósforo em solo e planta em condições tropicais. Viçosa: UFV,
DPS, 1999. 399p.
SILVA, J.R.A.; FALCÃO, N.P.S. Caracterização de sintomas de carências nutricionais em
mudas de pupunheira cultivadas em solução nutritiva. Acta Amazônica, v.32, n.4, p.529-539,
2002.
SUDO, A.; SILVA, E.M.R.; BOVI, M.L.A.; ALMEIDA, D.L.; COZZOLINO, K. Produção de
mudas de pupunheira colonizadas por fungos micorrízicos arbusculares. Revista Brasileira
de Ciência do Solo, Campinas, v.20, p.529-532, 1996.
TEDESCO, M.J.; VOLKWEISS, S.J.; BOHNEN, H. Análises de solo, plantas e outros
materiais. Porto Alegre: Universidade Federal do Rio Grande do Sul, 1985. 188p. (Boletim
Técnico, 5)
Tabela 1. Diagnóstico foliar de pupunheira, aos doze e dezoito meses do plantio, cultivada
sob adubação orgânica e mineral. Areia, CCA-UFPB, 2003.
Tratamentos
N
12
P
18
12
K
18
12
Ca
18
12
Mg
18
12
18
------------------------------------------------- Mês após plantio
----------------------------------------------------
Testemunha 25,8dA 21,1bB 1,4cA 1,2bB
Est Bov (EB) 27,5cA 22,9aB 1,8a 1,5aB
A
NPK
34,6aA 23,6aB 1,6b 1,0cB
A
EB + NPK
32,2bA 23,2aB 1,4cA 1,0cB
CV, %
4,2
5,7
6,4bA
7,8aA
2,5aB 5,1bB 6,4bA 5,9aB 8,5bA
3,1aB 6,1aB 7,6aA 5,8aB 9,2aA
6,1bA
2,8aB 5,4bB 6,5bA 4,3bB 6,9cA
6,9bA 3,1aB 4,5cB 5,6cA
8,8
4,6
4,5bB 7,2cA
3,3
Médias seguidas pela mesma letra minúscula na coluna e maiúscula na linha, não diferem entre si pelo teste
Tukey (P < 0,05).
Download