FLEXIBILIDADE DO CAPITAL E PRODUÇÃO DO ESPAÇO

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FLEXIBILIDADE DO CAPITAL E PRODUÇÃO DO ESPAÇO: A inserção dos
Chineses no setor terciário da cidade de Vitória da Conquista - BA
Alane Alves Santos* [email protected]
Angela Telma Rosa do Carmo** [email protected]
Resumo
Este artigo procurou a partir de um embasamento teórico discutir a questão atual sobre a
flexibilidade do capital e sua influência na produção do espaço. Para tanto, foi realizada uma
pesquisa bibliográfica no qual procurou-se delinear os conceitos chaves que nortearam os
trabalhos. Buscou-se ainda realizar uma breve discussão sobre como se dá o processo de
inserção dos chineses no mercado terciário local (Vitória da Conquista). Por fim procurou-se
entender o impacto dessa atividade na economia local, bem como discutir questões ligadas
aos aspectos socioculturais que permeiam a relação Brasil/China.
Palavras chaves: Produção do espaço, imigrante chinês, economia local.
Introdução
No decorrer da história humana, incontáveis são os motivos pelo qual a
população se desloca. Esse movimento está ligado a diversos aspectos políticos,
religiosos, sociais, ambientais e, sobretudo, econômicos, sendo o capital, muitos
vezes, o fomentador dessa mobilidade social.
È importante salientar que neste trabalho a análise empreendida não está
restrita somente ao ir e vir das pessoas pelo território mundial, mas como o capital
expropria e subordina o trabalho contemporâneo. Optou-se por examinar o conceito
de mobilidade pelo fato deste ser o pilar do processo reprodutivo capitalista. O
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* Graduação em Licenciatura Plena em Geografia
pela Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia e Pós Graduada em Análise do Espaço
Geográfico pela UESB e consultora da área de Responsabilidade Social Empresarial do Serviço
Social da Indústria – SESI – Unidade de Vitória da Conquista.
** Graduação em Licenciatura Plena em Geografia
pela Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia e pós graduando em Especialização Meio
Ambiente e Desenvolvimento pela UESB.
estudo proposto objetiva analisar de que forma a inserção dos chineses, e
respectivamente dos seus produtos, interferem no processo sócio econômico da
produção do espaço urbano na cidade de Vitória da Conquista, a fim de embasar
teoricamente a pesquisa desenvolvida. O estudo busca ainda entender como se dá
inserção dos chineses no mercado conquistense visando compreender o impacto na
economia local, finalizando com uma discussão acerca dos aspectos socioculturais e
suas intervenções no espaço urbano da mesma.
Para a produção do presente artigo foi utilizado como procedimentos
metodológicos à pesquisa bibliográfica, visto que esta fornece um embasamento
teórico acerca do tema abordado. A pesquisa pode ser classificada quanto aos
objetivos, em pesquisa exploratória, ao passo que proporcionará maiores
informações sobre a questão enfocada. Também é considerada descritiva pelo fato
de utilizar-se da observação, análise e interpretação dos aspectos selecionados.
Quanto à abordagem classifica-se em qualitativa, visto que a coleta do material
ocorre de forma subjetiva.
Mobilidade do capital e produção do espaço
Dentre as definições que o termo mobilidade possui, destaca-se dentro um
caráter da sociologia como “deslocamento de indivíduos, grupos ou elementos
culturais no espaço social”, pode ainda, significar “flexibilidade” (MICHAELIS, 1998,
p. 854).
Botelho (2002), no artigo “Reestruturação produtiva e produção do espaço: o
caso da indústria automobilística instalada no Brasil”, embora trate de aspectos
específicos sobre o processo de industrialização do setor automotivo no Brasil, a
autora traz na introdução de seu texto, elementos que contribuem com discussão
aqui empreendida, ao relatar que as últimas décadas do século passado foram
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* Graduação em Licenciatura Plena em Geografia
pela Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia e Pós Graduada em Análise do Espaço
Geográfico pela UESB e consultora da área de Responsabilidade Social Empresarial do Serviço
Social da Indústria – SESI – Unidade de Vitória da Conquista.
** Graduação em Licenciatura Plena em Geografia
pela Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia e pós graduando em Especialização Meio
Ambiente e Desenvolvimento pela UESB.
marcadas por mudanças nas estratégias de produção e reprodução do capital.
Assim, sobre o crescente processo de mobilização do capital e relação com espaço
o capital “busca explorar, nos diversos lugares, os diferenciais existentes nas custas
de mão-de-obra, matéria-prima, energia, subsídios estatais, etc” (BOTELHO, 2002,
p. 1).
Ainda, dentro da perspectiva das alterações ocorridas no dois últimos
decênios do século anterior, Ghizzo e Rocha (2008), ao discutir “Mobilidade e ajuste
espacial em David Harvey” também relatam em sua introdução à questão das
mudanças processadas nos planos político, econômico, cultural e social. Os autores
citando Harvey expõem que tais transformações recaem sobre a população,
podendo intensificar processos migratórios.
Benko (2001), no artigo ‘A recomposição dos espaços’, faz observações
quanto às últimas décadas do século XX, sobretudo, a uma tendência de certos
observadores (economistas, geógrafos, cientistas políticos) a evidenciar alterações
no que tange ao espaço, aspectos qualificados pelo autor como ‘deslizamentos de
escala’. Considera-se como uma recomposição dos espaços no qual os espaços
clássicos
(sistema
da
economia,
sociedade
e
política),
transformaram-se
progressivamente, ao longo do tempo ocorrendo um deslocamento, conforme o
autor “para cima e para baixo”. Localizados na escala superior, o surgimento ou o
reforço dos blocos econômico, por outro lado na escala inferior observa-se uma
intensificação das unidades territoriais em nível regional. Nesse contexto, Benko
(2001, p. 1), define: “o nosso planeta tem assim quatro níveis espaciais pertinentes
de análise: o mundial, o supra nacional (blocos econômicos), o nacional (estado nação) e o regional (local ou infracional)”. Passa-se, durante as últimas décadas do
século passado, de um modelo econômico internacional para um global, com difuso
aproveitamento de ligações entre economias regionais distantes, conectadas entre
as mesmas por relações complexas de competição e colaboração (BENKO, 2001).
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pela Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia e Pós Graduada em Análise do Espaço
Geográfico pela UESB e consultora da área de Responsabilidade Social Empresarial do Serviço
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** Graduação em Licenciatura Plena em Geografia
pela Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia e pós graduando em Especialização Meio
Ambiente e Desenvolvimento pela UESB.
O autor acima referido acrescenta que o processo de mundialização da
economia apoiado pelo meio técnico-científico (informação, comunicação), aliados
por fatores estruturais (transportes), podem alterar as escalas territoriais, ao menos
no que diz respeito às relações de espaço. Sobre o pressuposto “encolhimento” do
mercado, as distâncias funcionam como influências sobre a organização das
relações econômicas e sociais. Observam-se de um lado, deslocamentos
internacionais da atividade econômica e social e por outra vertente chama-se
atenção à intensificação do crescimento econômico de determinadas regiões, as
quais são, em especial, metropolitanas (BENKO, 2001).
Benko (2001, p. 6) ressalta “as regiões, ou melhor, os territórios, tornaram-se,
dessa maneira, fontes de vantagens concorrenciais”. Dentro desse contexto, fatores
específicos dos distritos industriais resultam em um poder de acomodar negócios,
maneiras de cooperação entre capital e trabalho, grandes empresas e fornecedores
intermediários, entre a administração pública e a sociedade civil.
Sobre essas novas relações espaciais Ghizzo e Rocha (2008), em um dos
pontos de discussão “A mobilidade e a produção da organização espacial”
compreendem que dentro do sistema capitalista, os capitalistas procuram se livrar
das denominadas fronteiras geográficas, em algumas áreas específicas, no qual o
capital e a mão-de-obra poderão vim as se vincularem. Tal ponto podem ser
constituído por uma fábrica, uma indústria e até mesmo a conformação de uma nova
região. Como analisa os autores:
Há processos que se concretizam num dado lugar e/ou região,
produzindo uma espécie de pressão que extravasa fluxos para o
exterior ou os atrai para o interior. No bojo destas relações, os
avanços tecnológicos referentes aos transportes e comunicações
tornam as fronteiras porosas e instáveis. Além disso, a luta de
classes favorece a mobilidade de capitais e/ou força de trabalho para
lugares mais privilegiados (...). (GHIZZO; ROCHA, 2008, p. 8).
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** Graduação em Licenciatura Plena em Geografia
pela Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia e pós graduando em Especialização Meio
Ambiente e Desenvolvimento pela UESB.
Todavia, como ressalta Harvey apud Ghizzo e Rocha (2008), a
mobilidade se exprime também como uma perspectiva para a força de trabalho outra
vez deterem os meios de produção e não ficarem alheios na divisão social do
trabalho, sob o comando capitalista, transformando em possibilidade de se
emanciparem socialmente.
Identidade cultural, características e peculiaridades do migrante chinês
Pinto (2004), em uma palestra que discutindo a respeito da identidade cultural
argüiu em sua introdução que esse tema tem sido de grande relevância e
preocupação para as Ciências Sociais. Segundo o wikipédia (2011), Identidade
cultural pode ser definida como o sentimento de pertença a um grupo ou cultura em
que o indivíduo se sinta influenciado e incluído a esta identidade.
Para Hall (2003), identidade cultural é presumidamente identificada como algo
fixo ao local de nascimento. Assim expõe que:
“a identidade cultural, seja, fixada no nascimento, seja parte da
natureza, impressa através do parentesco e da linhagem dos genes,
seja constitutiva de nosso eu mais interior. E impermeável! a algo tão
"mundano", secular e superficial quanto uma mundana temporária de
nosso local de residência. A pobreza, o subdesenvolvimento, a falta
de oportunidades — os legados do Império em toda parte — podem
folgar as pessoas a migrar, o que causa o espalhamento — a
dispersão. Mas cada disseminação carrega consigo a promessa do
retorno redentor. (HALL, 2003 p. 433).
Por outro lado, o autor argumenta que a identidade cultural não se trata de algo
estável e sim de uma composição de elementos provenientes de várias experiências ao
longo do seu processo de formação. Tal posicionamento fica claro na exposição abaixo:
Acho que a identidade cultural não e fixa, e sempre híbrida. Mas e
justamente por resultar de formações históricas especificas, de
historias e repertórios culturais de enunciação muito específico,' que
ela pode constituir um "posicionamento", ao qual nos podemos
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pela Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia e Pós Graduada em Análise do Espaço
Geográfico pela UESB e consultora da área de Responsabilidade Social Empresarial do Serviço
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chamar provisoriamente de identidade. Isto não e qualquer coisa.
Portanto, cada uma dessas historias de identidade esta inscrita nas
posições que assumimos e com as quais nos identificamos. Temos
que viver esse conjunto de posições de identidade com todas as
suas especificidades (HALL, 2003, p.23).
Diante desse exposto, faz-se necessário esclarecer que no processo
migratório não pode, (ou não poderia) haver uma sobreposição de identidades,
culturas e valores, mas sim uma interação entre as mesmas. Dentro deste contexto
Oliveira (2007), ao discutir em sua pesquisa “Gestão estratégica sem limites: o perfil
o imigrante chinês no Brasil” ressalta que as características e peculiaridades do
processo de migração e do imigrante chinês merecem um estudo mais aprofundado,
pois a literatura no que diz respeito ao conhecimento do processo de integração
deste, em especial, no Brasil é ainda embrionária.
Ao analisar a questão do migrante o autor (2007, p. 2) afirma ainda, que estes
se tratam de “ (...) co-habitantes ativos de um lugar e co-produtores de uma cultura
local (...), as trajetórias de integração são processos de adaptação criativa as
condições de vida locais e a re-construção coletiva e cooperativa dos territórios onde
vivem”. Embora no caso dos chineses, os mesmos sejam confundidos com outros
povos orientais que habitam São Paulo, o imigrante chinês busca a aquisição de um
perfil peculiar, procurando “espaço para ter uma identidade e ser diferenciado na
cultura brasileira (OLEVEIRA, 2007 p. 3).
Pelo o que pode ser distinguível nos variados meios de comunicação
(revistas, jornais e mídias em geral) apontam para o imigrante sino-asiático como
pessoas que transformam seus anseios em fatos reais. Melman apud Oliveira
(2007), relatam ainda que os chineses configuram em uma amostragem distinta em
nosso país, ao se comparar aos imigrantes de outros países, quanto aspectos
referentes a cultura, língua, hábitos e religião.
No que diz respeito à presença do imigrante chinês em nossa nacionalidade,
há informações que datam do século XIX pretensões de recebê-los, em substituição
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à mão-de-obra escrava, todavia, dificuldades como idioma falado e até possíveis
dificuldades em adaptação a cultura e a região totalmente distinta da China, foram
comentadas. Há registros de que tais imigrantes vieram para o Brasil no período
colonial, em um total de 4000 chineses, constam informações oficiais que os
primeiros aportaram em São Paulo, em 15 de agosto de 1900, no total de 107
(OLIVEIRA, 2007).
Segundo informações do Consulado da China (2003) apud Oliveira (2007), os
primeiros imigrantes chineses foram os que tiveram maior dificuldade, já que
naquele período o chinês que deixasse sua nacionalidade ficaria sem sua tradição e
o direito a sepultar os pais. Ainda, de acordo com levantamentos do Consulado da
China (2005) in Oliveira, avaliam que vivam no Brasil, atualmente, por volta de 200
mil chineses, dos quais 80% na cidade de São Paulo.
No que se refere à ocupação profissional no Brasil, ocupam-se no diversos
setores da economia como: secundário, terciário, em universidades, artes e turismo.
Posteriormente, o autor identifica em sua pesquisa:
“O ramo de atividade dos participantes da pesquisa concentra-se no
comércio (lojas de artigo de decoração, empresa de importação,
Câmara de comércio, empresa de informática e fábricas de peças de
montagem) e na prestação de serviços (agência de turismo,
restaurante, oficina, professora de chinês e de música, consultor de
investimentos, dono de hotel)” (OLIVEIRA, 2007, p. 6-7)
.
Em se tratando das decisões e motivos para escolha do Brasil por parte dos
chineses Oliveira (2007, p. 7), evidenciou nos resultados e avaliação dos dados
coletados de sua pesquisa que a mesma muita ocorreu de foram espontânea, ou por
estímulo de conhecidos como familiares e amigos, apontaram ainda como causa a
possibilidade de um conflito político, o aumento do número de filhos, e oportunidade
da reunião da família inteira e procura de novas chances no Brasil (OLIVEIRA,
2007).
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Chineses inseridos no setor terciário de Vitória da Conquista
Sendo o pólo de uma mesoregião com aproximadamente 200 km de raio e
um total aproximado de 80 municípios, Vitória da Conquista _ BA, procura atender
às necessidades de uma população em torno de 2 milhões de habitantes. O que
representa 17% da população da Bahia. Refere-se a um entreposto na área do
comércio e de serviços que acaba por influenciar economicamente, até mesmos
cidades do Norte-Nordeste de Minas Gerais.
Vitória da Conquista conta, atualmente, no denominado “centro comercial”
com 137 lojas, subdivididas nas mais diversas categorias como de: móveis;
calçados; óticas; perfumarias e demais ramos do comércio varejistas (APONTADOR,
2011). Observa-se, ultimamente na cidade de Vitória da Conquista a presença de
diversos estabelecimentos empreendidos e administrados por chineses, no setor
terciário (na área de alimentação com petiscos orientais e venda de produtos
importados voltados para eletrônicos e bijuterias e acessórios femininos). Os
empreendimentos estabelecidos em Vitória da Conquista também se encontram
dentro do segmento comercial constado por Oliveira (2007), em sua pesquisa sobre
o perfil empreendedor do imigrante chinês, na cidade de São Paulo.
Atualmente, o comércio dos chineses somam de 4 lanchonetes e 5 lojas,
localizadas no centro da cidade Vitória da Conquista, embora tal número de
estabelecimento represente pouco mais de 5% do total de estabelecimentos
comerciais (137 lojas diversas), localizados no Centro, o número de lojas sob gestão
chinesa ganha certa amplitude se comparada com varejistas locais que trabalham
com o tipo de mercadoria semelhante. Esses estabelecimentos chamam atenção
pelo grande fluxo de pessoas que procuram os serviços ofertados por este público.
Essa movimentação pode estar ligada à oferta de produtos, pelo menos ao que se
refere ao comércio varejista de produtos de baixo custo. É importante salientar que
não existem ainda pesquisas que venha demonstrar o impacto dessa atividade
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comercial para os varejistas locais, ou seja, não se mediu ainda se há ou não
impactos negativos para os demais comerciantes.
Dentro de um contexto maior, verifica-se que a nível nacional a presença dos
chineses no Brasil faz-se presente desde o século XIX devido ao processo de
abolição da escravatura, o que demandou, por parte dos latifundiários, a
necessidade pela busca de mão de obra estrangeira ao qual foi suprida, em parte
pelos chineses, dedicando-se principalmente, à agricultura Teixeira (1995: 25-40).
Durante as décadas de 1980 e 1990, por meio da política de abertura chinesa, o
número de pessoas vindas para o Brasil apresentou uma elevação significativa,
especialmente de uma geração jovem e instruída que agrupam-se, principalmente
no comércio. Fator observado no contexto local.
Segundo Shoji (2004), estima-se que há 190 mil entre chineses e seus
descendentes morando no Brasil, destes, 120 mil apenas no estado de São Paulo. O
objetivo principal dessa imigração, formada principalmente por jovens solteiros, era
acumular o máximo de riqueza possível, segundo a sua tradição, para retornar de
forma gloriosa para o seu país. No que tange a característica da população chinesa
encontrada no município de Vitória da Conquista, observa-se de forma empírica, se
tratar de uma população aparentemente jovem, todavia, quanto ao segundo aspecto
apontado pelo autor (Shoji) faz-se necessário uma pesquisa In loco com os mesmos,
a fim de constatar os motivos pelos quais levaram essa população a escolher esse
município.
Em se tratando dos aspectos socioculturais, já é possível verificar, de forma
empírica, a possibilidade de mudanças nos padrões alimentares das pessoas que se
servem nas lanchonetes empreendidas pelos chineses, visto que são ofertados
nesses estabelecimentos produtos próprios de seu país de origem, oportunizando a
população local a experimentar um cardápio diferenciado. Ainda, dentro dos
aspectos socioculturais observa-se que, por parte dos chineses há a necessidade da
apreensão do idioma nacional (português) para haver comunicação com os
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consumidores dos seus produtos. Tal aspecto também é apontado por Oliveira
(2007).
Vale ressaltar que a análise, embora preliminar deva levar em conta também
aspectos econômicos, levando em consideração a dinâmica capitalista avaliando-se
dentro de um contexto maior as relações que o Brasil estabelece com os seus pares.
Assim, pode-se destacar que dentro de um contexto geral, a presença dos
chineses em Vitória da Conquista pode ser encarada dentro fenômeno da
flexibilidade do capital e produção do espaço, acompanhando as mudanças nos
aspectos políticos, econômicos e sociais ocorridas a partir das últimas décadas do
século XX. Vale salientar, que Vitória da Conquista como já mencionado, destaca-se
como entreposto no ramo do comércio e serviço, podendo desse modo, se
configurar com um espaço peculiar em relação regiões adjacentes. Dentro dessa
conjuntura, a escolha por parte dos chineses por este espaço pode encontrar suas
raízes, tanto nas condições oferecidas pela cidade (entreposto comercial), como nas
características peculiares do imigrante chinês analisadas por Oliveira (2007), como
de perfil empreendedor. Pode-se inferir ainda, nessa pretensa análise, que a escolha
pelo espaço conquistense como uma possibilidade para promoção e emancipação
social do chinês, visto que o tamanho dos estabelecimentos comerciais, localizados
em Vitória Conquista –BA, podem ser considerados de médio porte, em uma análise
preliminar. A questão da emancipação encontra também respaldo tanto em Oliveira
(2007), ao que tange sua característica empreendedora, como em Ghizzo e Rocha
(2008), citando Harvey ao ponderar que a mobilidade pode também funcionar para a
mão-de-obra como uma perspectiva destes deterem novamente os meios de
produção, aqui representado por seus estabelecimentos comerciais.
Diante do exposto, nota-se que a questão abordada trata-se de um estudo
inicial, o qual necessita de uma pesquisa mais aprofundada acerca dos aspectos
aqui levantados como: a questão da geração de renda empreendida pelos chineses
se dá em que escalas? Qual o papel do poder público municipal diante dessa nova
realidade vivenciada? Por que a escolha do município de Vitória da Conquista por
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parte dos comerciantes chineses? Há, de fato, algum impacto no que se refere à
economia para os comerciantes locais? Assim a pesquisa, embora incipiente, como
toda literatura ao que tange ao processo de integração do imigrante chineses no
Brasil, apontam caminhos a serem investigados em pesquisa mais aprofundada e
convida aos leitores / pesquisadores a se debruçarem sobre o tema, buscando
discutir as questões aqui levantadas e como estas se configuram na realidade local.
Referências
BENKO, Georges. A Recomposição dos Espaços. Revista Internacional de
Desenvolvimento Local. Vol 1, N 2, Mar, 2001.
BOTELHO, Adriana. Reestruturação produtiva e produção do espaço: O caso da
indústria automobilística instalada no Brasil. (2002). Revista do Departamento de
Geografia,15. Disponível em: www.geografia.ffch.usp.br/publicações. Acesso em: 23
de julho de 2011.
GHIZZO, Marcio Roberto; ROCHA, Márcio Mendes. Mobilidade e ajuste espacial
em David Harvey. (20..). Disponível em: www.nilsonfraga.com.br/anais . Acesso em:
23 de julho de 2011.
HALL, Stuart. Pensando a Diáspora: Reflexões sobre a terra no exterior In:
HALL, Stuart. Da Diáspora: Identidades e mediações culturais. Belo Horizonte:
UFMG, 2003.
MICHAELIS. Pequeno dicionário da língua portuguesa: São Paulo: Companhia
Melhoramentos, 1998.
OLIVEIRA, Jayr Figueiredo. Gestão estratégica sem limites: O
empreendedor
do
imigrante
chinês.
(20..).
Disponível
www.aedb.br/seget/artigos07/37.2007.pdf. Acesso em: 23 de julho de 2011.
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** Graduação em Licenciatura Plena em Geografia
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Ambiente e Desenvolvimento pela UESB.
PINTO, Mércia de Vasconcelos. Identidade Cultural. Disponível em
http://www.arq.ufsc.br/urbanismo5/artigos/artigos_pm.pdf acesso em 27 de Julho de
2011.
SHOJI,
Rafael.
Imigração
Chinesa
e
Coreana.
Disponível
em:
http://www.pucsp.br/rever/rv3_2004/t_shoji.htm . Acesso em: 30 de Junho de 2011.
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