QUALIDADE DE VIDA DO PACIENTE PORTADOR DE INSUFICIÊNCIA RENAL CRÔNICA EM TRATAMENTO HEMODIALÍTICO Eduardo Nagib Boery1 Letícia Valadares Lima2 Maitana Carvalho Cardozo3 Manuelle Carvalho Cardozo4 Rita Narrima Boery5 Nos últimos tempos tem-se observado uma mudança no perfil de morbimortalidade da população mundial, havendo prevalência das doenças crônico-degenerativas (SEIDL, 2004). Entre essas, encontra-se a Insuficiência Renal Crônica (IRC), doença de início insidioso, evolução gradativa e irreversível, que acomete a população idosa e jovens em idade produtiva. A extensão e complexidade dos problemas inerentes à patologia estimulam a necessidade de se conhecer a qualidade de vida do seu portador, definida pela Organização Mundial de Saúde (OMS) como “a percepção do indivíduo de sua posição na vida, no contexto da cultura e sistema de valores nos quais ele vive e em relação aos seus objetivos, expectativas, padrões e preocupações” (FLECK et. al., 2000). O termo envolve muitos significados, abrangendo aspectos particulares ao estilo de vida, econômicos e principalmente socioculturais. A elaboração do estudo “Qualidade de vida do paciente portador de Insuficiência Renal Crônica em tratamento hemodialítico” foi motivada pela percepção da insatisfação do portador frente às alterações ocorridas em seu cotidiano e em sua qualidade de vida após início do tratamento. O estudo teve como objetivo geral avaliar a qualidade de vida de pacientes portadores de IRC em tratamento hemodialítico, e como objetivos específicos verificar o impacto da doença renal crônica no cotidiano dos portadores, identificar as atividades da vida diária comprometidas após o início do tratamento e averiguar de que forma os profissionais podem reduzir o sofrimento provocado pelo tratamento. Trata-se de uma abordagem quantitativa descritiva e qualitativa, realizada em uma Clínica de Doenças Renais na cidade de Jequié/Bahia/Brasil com 85 usuários portadores do agravo, cadastrados nesta unidade, escolhidos aleatoriamente. Como técnica de coleta e análise dos dados foram utilizados a entrevista semiestruturada e o instrumento Kidney Disease and Quality od Life Short FormTM (KDQOL-SFTM) na busca de verificar a percepção da qualidade de vida na visão dos componentes da amostra. A pesquisa foi submetida à apreciação do Comitê de Ética e Pesquisa da Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia e foi aprovado segundo protocolo de número 109/2006. Os resultados obtidos permitiram verificar que o significado da qualidade de vida, após iniciado o tratamento, está relacionado ao suprimento de suas necessidades, a redução dos sinais e sintomas, e as limitações advindas deste processo. Como dimensões de menores escores que comprometem a qualidade de vida destacaram-se o papel profissional (17,6), sobrecarga real (44,3) e função sexual (49,6); e como dimensões que contribuíram positivamente destacaram-se o suporte social (93,5), qualidade de interação social (91,3) e função cognitiva (90,1). Mesmo vivenciando condição crônica, caracterizada pelos vários aspectos limitantes à vida social e ao bem-estar, os resultados alcançados possibilitaram a visualização de domínios a favor da qualidade de vida. Apesar da sobrecarga e limitações advindas, os domínios de função cognitiva, suporte e qualidade de interação social podem ser bastante trabalhados pela família e sociedade. Assim, o estudo permite refletir a importância da avaliação da qualidade de vida do paciente pelos profissionais a fim de obter estratégias de intervenção humanizada, integralizada e eficaz, e orientação dos familiares quanto ao apoio necessário no enfrentamento deste agravo. 1 Enfermeiro. Doutor em Enfermagem – UNIFESP. Professor Adjunto do Departamento de Saúde – DS/ UESB. Redator chefe da Revista saúde.com (UESB). Docente do Programa de Pós- Graduação em Enfermagem e Saúde da Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia - PPGES-Nível Mestrado – UESB. Diretor científico da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado da Bahia FAPESB. 2-3-4 5 Enfermeira. Graduada pela Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia. Enfermeira. Doutora em Enfermagem – UNIFESP. Professora Adjunta do Departamento de Saúde – DS/ UESB. Enfermeira do Ministério da Saúde e docente permanente do Programa de Pós- Graduação em Enfermagem e Saúde da Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia - PPGES-Nível Mestrado - UESB.