PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE MINAS GERAIS FACULDADE DE ODONTOLOGIA EVOLUÇÃO CLÍNICA DA MUCOSITE BUCAL UTILIZANDO ENXAGUANTE BUCAL E LASER DE BAIXA INTENSIDADE ANA MARIA REBOUÇAS RODRIGUES BELO HORIZONTE 2003 ANA MARIA REBOUÇAS RODRIGUES EVOLUÇÃO CLÍNICA DA MUCOSITE BUCAL UTILIZANDO ENXAGUANTE BUCAL E LASER DE BAIXA INTENSIDADE Dissertação apresentada ao Curso de Mestrado em Odontologia, área de concentração Clínicas Odontológicas, ênfase Estomatologia, da Faculdade de Odontologia da Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais. Orientador: Prof. Dr. Carlos Roberto Martins Co-Orientador: Lívio Barros Silveira Belo Horizonte 2003 ANA MARIA REBOUÇAS RODRIGUES Evolução clínica da mucosite bucal utilizando enxagüante bucal e laser de baixa intensidade. Dissertação apresentada ao Curso de Mestrado em Clínicas Odontológicas da Faculdade de Odontologia da Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais. Belo Horizonte, 2003. ______________________________________________________________ Banca Examinadora – prof. 01 ______________________________________________________________ Banca Examinadora – prof. 02 ______________________________________________________________ Banca Examinadora – prof. 03 ! " # % $ & " ' # ( $ " ) ( Agradecimentos especiais, ao Professor Dr. Wellington Morais de Azevedo, chefe do serviço de Transplante de Medula Óssea do Hospital das Clínicas da UFMG e aos médicos da sua equipe: Fernanda Maia Lodi Anna Karine Vieira Maria Cecília Coutinho Márcio Antônio Portugal Santana Raquel Baumgratz Delgado Letícia Rocha Borges Patrícia Santos Resende Márcia Kanadani Campos Cláudia de Sousa e à nutricionista Rita Aparecida Leal, todos, portadores de uma grandiosa consciência fraterna! À enfermagem do 9º Leste do Hospital das Clínicas da UFMG, especialmente Cida e Gildênia. À secretária Wânia Marilac, pela gentileza no atendimento. Agradecimentos especiais, aos médicos do Serviço de Quimioterapia, Radioterapia e Hematologia do Hospital Luxemburgo: Dr. Alvimar Barbosa Dr. Roberto Fonseca Dr. Luis Adelmo Lodi Filho Dr. Alexandre Chiari Dr. Mário Soares Dr. Lourival da Silveira Filho Dra. Maria do Carmo Viana Dr. Arnaldo Walty Dra. Adriana Isidoro Faria de Paula Dra. Luciana Nacif Costa À enfermagem, especialmente Giugliana Bartolomeu e administração, pela cordialidade. todos os funcionários da Agradecimentos especiais, aos Professores: Lívio de Barros Silveira, Co-orientador deste estudo Roberval de Almeida Cruz, coordenador do Mestrado em Clínicas Odontológicas da PUCMINAS Às Professoras: Franca Arenare Jeunon, coordenadora do Curso de Graduação da FOPUCMINAS Helenice de Andrade Marigo Hermínia Marques Capistrano Aos Professores: Martinho Campolina Rebello Horta Sérgio Vitorino Cardoso À todos os professores e funcionários do Mestrado em Clínicas Odontológicas da PUCMINAS Aos funcionários da Clínica de Estomatologia Patológica da FOPUCMINAS e do Laboratório de Anatomia RESUMO Nosso estudo avaliou e tratou 21 pacientes portadores de mucosite bucal induzida por quimioterapia e/ou radioterapia. Os pacientes foram randomizados e se submeteram a três protocolos terapêuticos. Um protocolo consistia de enxaguante bucal, cuja formulação continha difenidramina, nistatina e lidocaína viscosa. O segundo protocolo consistia da combinação do mesmo enxaguante e da aplicação de laser de baixa intensidade. O terceiro protocolo consistia da aplicação do laser de baixa intensidade, nas lesões de mucosite bucal. Todos os três protocolos foram aplicados durante dez dias consecutivos, a partir do primeiro dia do aparecimento da lesão de mucosite. Os resultados obtidos demonstraram que, os pacientes tratados com a associação enxaguante-laser e os tratados somente com laser tiveram redução no tempo de duração da mucosite, bem como redução no grau de gravidade da mesma. Palavras chaves: câncer, quimioterapia, radioterapia, mucosite, estomatite, úlceras bucais, laser de baixa intensidade. SUMMARY This study has evaluated and treated 21 patients suffering from chemotherapy and/or radiotherapy induced oral mucositis. The patients were randomized and were submitted to three therapeutical protocols. One protocol consisted of mouth washer which formula contained diphenhydramine, nystatin and viscous lidocaine. The second protocol consisted of a combination of this mouth washer and application of low-intensity laser. The third protocol consisted of the application of low-intensity laser in the oral mucositis wounds. All of the three protocols were applied during ten consecutive days, from the first appearance of the mucositis wounds. The obtained results showed that the patients treated with the laser-washer association and the ones treated with laser only had a reduction in the lasting time of the mucositis and a reduction in their severity. Keywords: cancer, chemotherapy, radiotherapy, mucositis, stomatitis, oral ulcer, lowintensity laser. LISTA DE FIGURAS FIGURA 1: REPRESENTAÇÃO ESQUEMÁTICA DE UM APARELHO LASER GENOVESE (2000). ...................................................................................................39 FIGURA 2: COMPOSIÇÃO DA LUZ- MONOCROMATICIDADE E COERÊNCIA TAYLOR E FRENCH (1987). ......................................................................................43 FIGURA 3: INTERAÇÃO DA LUZ LASER COM O TECIDO (MODOFICADO) – FULLER (1997). ...................................................................................................44 FIGURAS 4A e 4B: GRADAÇÃO DA MUCOSITE BUCAL DE ACORDO COM A WHO .................63 FIGURAS 4C e 4D: GRADAÇÃO DA MUCOSITE BUCAL DE ACORDO COM A WHO ..................64 FIGURAS 4E, 4F e 4G: GRADAÇÃO DA MUCOSITE BUCAL DE ACORDO COM A WHO ............64 FIGURAS 5A e 5B: CASO CLÍNICO – 1O DIA......................................................................73 FIGURAS 5C e 5D: CASO CLÍNICO – 2O e 3O DIAS. ...........................................................73 FIGURA 5E: CASO CLÍNICO – 4O DIA. ..............................................................................73 LISTA DE GRÁFICOS GRÁFICO 1 - COMPARAÇÃO ENTRE OS RESULTADOS TERAPÊUTICOS NOS DIFERENTES PROTOCOLOS DE TRATAMENTO ..................................................................71 GRÁFICO 2 - INÍCIO DE MELHORA CLÍNICA OU INÍCIO DE CICATRIZAÇÃO ...........................72 GRÁFICO 3 - DIFERENÇAS NÃO SIGNIFICATIVAS NA CICATRIZAÇÃO – ESCALA PROPOSTA PELOS AUTORES. ......................................................................................77 LISTA DE TABELAS E QUADROS TABELA 1 - GRADAÇÃO DA MUCOSITE BUCAL DE ACORDO COM A WHO ............................63 TABELA 2 - GRADAÇÃO DA MUCOSITE BUCAL DE ACORDO COM OS AUTORES .....................65 QUADRO 1 - EVOLUÇÃO CLÍNICA DE INDIVÍDUOS PORTADORES DE MUCOSITE BUCAL TRATADOS COM ENXAGUANTE BUCAL .........................................................68 QUADRO 2 - EVOLUÇÃO CLÍNICA DE INDIVÍDUOS PORTADORES DE MUCOSITE BUCAL TRATADOS COM ASSOCIAÇÃO DE ENXAGUANTE BUCAL E LASERTERAPIA DE BAIXA INTENSIDADE .............................................................................69 QUADRO 3 - EVOLUÇÃO CLÍNICA DE INDIVÍDUOS PORTADORES DE MUCOSITE BUCAL TRATADOS COM LASERTERAPIA DE BAIXA INTENSIDADE QUADRO 4 - EVOLUÇÃO ...............................70 CLÍNICA DA MUCOSITE BUCAL DURANTE OS DEZ DIAS DE TRATAMENTO COM ENXAGUANTE BUCAL (GRUPO 1) SEGUNDO OS AUTORES ................................................................................................74 QUADRO 5 - EVOLUÇÃO CLÍNICA DA MUCOSITE BUCAL DURANTE OS DEZ DIAS DE TRATAMENTO COM EXAGUANTE BUCAL E O LASER DE BAIXA INTENSIDADE (GRUPO 2), SEGUNDO OS AUTORES ...........................................................75 QUADRO 6 - EVOLUÇÃO CLÍNICA DA MUCOSITE BUCAL DURANTE OS DEZ DIAS DE TRATAMENTO COM LASER DE BAIXA INTENSIDADE (GRUPO OS AUTORES 3) SEGUNDO ...........................................................................................76 SUMÁRIO RESUMO .....................................................................................................................13 SUMMARY ...................................................................................................................14 LISTA DE FIGURAS .......................................................................................................15 LISTA DE GRÁFICOS.....................................................................................................16 LISTA DE TABELAS E QUADROS ....................................................................................17 SUMÁRIO ....................................................................................................................18 LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS ................................................................................20 1. INTRODUÇÃO ........................................................................................................20 2. REVISÃO DA LITERATURA......................................................................................23 2.1. MUCOSITE ....................................................................................................23 2.1.1. Conceito e etiopatogênese ..................................................................23 2.1.2. Fatores de risco ...................................................................................26 2.1.3. Incidência.............................................................................................27 2.1.4. Aspecto clínico e sintomatologia..........................................................28 2.1.5. Critérios de avaliação da mucosite bucal.............................................29 2.1.6. Tratamento da mucosite ......................................................................30 2.2. LASER ..........................................................................................................36 2.2.1. Conceito...............................................................................................36 2.2.2. Histórico ...............................................................................................37 2.2.3. Componentes do aparelho laser ..........................................................38 2.2.4. Princípios físicos da radiação laser......................................................39 2.2.4.1. Emissão espontânea da luz.........................................................40 2.2.4.2. Emissão estimulada da luz ...........................................................40 2.2.5. Classificação dos Lasers .....................................................................41 2.2.6. Características da radiação laser........................................................42 2.2.7. Interação laser- tecido ........................................................................43 2.2.8. Efeitos terapêuticos do laser de baixa intensidade ..............................44 2.2.9. Tipos de aplicação do laser de baixa intensidade................................46 2.2.10. Dosimetria............................................................................................46 2.2.11. Tratamento da mucosite com laser de baixa intensidade ....................47 3. OBJETIVOS ..........................................................................................................53 3.1. OBJETIVO GERAL ...........................................................................................53 3.2. OBJETIVOS ESPECÍFICOS ................................................................................53 4. METODOLOGIA .....................................................................................................55 4.1. ÉTICA EM PESQUISA COM SERES HUMANOS ......................................................55 4.2. TIPO DE ESTUDO ............................................................................................55 4.3. ORÇAMENTO FINANCEIRO ...............................................................................55 4.4. ANÁLISE DOS DADOS ......................................................................................55 4.5. ANÁLISE CRÍTICA DOS RISCOS, BENEFÍCIOS E RETORNO PARA A POPULAÇÃO ESTUDADA ...............................................................................................................56 4.6. COLETA DE DADOS.........................................................................................56 4.7. CRITÉRIOS DE INCLUSÃO E EXCLUSÃO .............................................................57 4.8. OBTENÇÃO 4.9. DESCRIÇÃO DA AMOSTRA...............................................................................60 E DESCRIÇÃO DOS MATERIAIS .......................................................58 4.10. PROTOCOLOS TERAPÊUTICOS UTILIZADOS NO TRATAMENTO DA MUCOSITE..........60 4.10.1. Protocolo de número 1.........................................................................60 4.10.2. Protocolo de número 2.........................................................................61 4.10.3. Protocolo de número 3.........................................................................61 4.11. QUIMIOTERAPIA .............................................................................................62 4.12. RADIOTERAPIA ..............................................................................................62 4.13. AVALIAÇÃO 5. E GRADAÇÃO DA MUCOSITE...........................................................63 RESULTADOS .......................................................................................................67 5.1. ANÁLISE ESTATÍSTICA ....................................................................................67 5.2. CASO CLÍNICO ...............................................................................................73 6. DISCUSSÃO ..........................................................................................................79 7. CONCLUSÃO ........................................................................................................85 8. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS.............................................................................87 9. ANEXOS...............................................................................................................97 9.1. ANEXO A - FICHAS DE PESQUISA ....................................................................97 9.2. ANEXO B - TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO .....................102 9.3. ANEXO C - DOCUMENTOS DE APROVAÇÃO DO COMITÊ DE ÉTICA ....................105 LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS α alfa AsGa arsenieto de gálio AsGaAl arsenieto de gálio e alumínio ATP adenosina trifosfato β beta cm centímetro 5- FU 5 – fluorouracil DNA ácido desoxirribonucleico EGF fator de crescimento epidérmico H hidrogênio H2O2 peróxido de Hidrogênio Hz hertz HeNe laser de hélio/neônio J joule Kg Kilograma MKS metro- kilograma- segundo mA miliamperes mm milímetro mW miliwatts n amostra ηm nanômetro OH hidroxila pvc Cloreto de polivinila RNA ácido ribonucleico s segundo t tempo TGF-β β3 fator de crescimento transformante TMO transplante de medula óssea µm micrômetro V Volts W watt WHO World Health Organization 1. INTRODUÇÃO A quimioterapia e a radioterapia são recursos terapêuticos muito importantes, que podem ser utilizados associados ou não, no tratamento de neoplasias malignas. Sabe-se que a aplicação dessas terapêuticas tem aumentado o número de curas de doenças sistêmicas, como os cânceres, os quais formam um conjunto de enfermidades, que têm como característica comum o crescimento desordenado de células malignas em tecidos e órgãos, e que podem se espalhar por outras partes do corpo, originando as metástases. Dados estatísticos apontam que para 2003, em todo o Brasil, são estimadas 402.190 casos novos e 126.960 óbitos por câncer (INCA, 2003) . Os cânceres de cabeça e pescoço e doenças oncohematológicas vêm sendo tratados, rotineiramente, com a associação de radioterapia e quimioterapia. O tratamento radioterápico é localizado e consiste na aplicação de feixes de elétrons direcionados à região do tumor. Esses feixes de elétrons sobre o tecido vivo desintegram os elementos nucleares ou de toda a estrutura celular de forma irreversível. Já a quimioterapia é um tratamento sistêmico e consiste na aplicação de drogas antineoplásicas efetivas, para cada paciente e tipo de tumor. A toxicidade dos quimioterápicos e/ou da radiação ionizante provoca manifestações clínicas imediatas, como a inflamação da mucosa de revestimento da boca, que é denominada de mucosite, considerada a forma mais comum de complicação estomatológica em pacientes com câncer e quando os dois tratamentos são usados, concomitantemente, aumenta de maneira significativa a gravidade das lesões (CONCENSUS CONFERENCE, 1990). A mucosite é identificada por hiperemia, edema, sialorréia, ulceração, dor, ardência que pode ser seguida de hemorragia e infecção secundária. Compromete a expressão verbal, a deglutição e ingestão de alimentos e empobrece a higiene oral. A magnitude das lesões pode interferir sobremaneira no curso do tratamento dos cânceres radioterapia, e em alguns casos, provocar a interrupção da quimioterapia e/ou comprometendo taxas de sobrevida de pacientes em tratamento antineoplásico. O tratamento da mucosite é conflitante e voltado para a paliação da dor, além de cuidados para evitar a desnutrição, desidratação e infecções oportunistas. São recomendados, para minimizar a gravidade das lesões, enxaguantes bucais contendo antinflamatórios, anti-histamínicos, corticosteróides, antifúngicos, vitamina E e anestésicos tópicos (Concensus Conference,1990). Neste contexto, o laser de baixa intensidade surge como uma forma não farmacológica de tratamento e devido às suas propriedades antiinflamatórias, antiálgicas e cicatrizantes, é usado como um recurso efetivo no tratamento da mucosite bucal, induzida por quimioterápicos e/ou radiação ionizante. Neste trabalho, propusemo-nos a avaliar a ação terapêutica de três protocolos de tratamento para mucosite bucal induzidada por quimioterapia e/ou radioterapia. - Protocolo nº 1- Enxaguante bucal, contendo difenidramina, nistatina e lidocaína viscosa. - Protocolo nº 2- Enxaguante bucal e aplicação de laser de baixa intensidade na cavidade bucal. - Protocolo nº 3- Aplicação de laser de baixa intensidade na cavidade bucal. 2. REVISÃO DA LITERATURA 2.1. MUCOSITE 2.1.1. Conceito e etiopatogênese A mucosite é uma condição ulcerativa difusa geralmente da mucosa bucal não ceratinizada (SONIS et al.,1995). É causada pelo efeito tóxico estressante da quimioterapia e/ou radioterapia em pacientes tratados do câncer de cabeça e pescoço. (PLEVOVA, 1999; PETERSON, 1999). A mucosite é considerada por Bensadoun (1998) como combinação de diferentes fatores, como tipo de terapia e resultante da suscetibilidade do paciente. Para Blijlevens et al. (2000), a mucosite é uma condição melhor referida como a primeira injúria sofrida pela mucosa, resultante da toxidade de quimioterápicos, possuindo um complexo e dinâmico processo biopatológico e se manifesta, não somente na boca, como em todo o trato gastrointestinal. SONIS; COSTA et al. (1992) realizaram um estudo para avaliar o efeito do EGF (fator de crescimento epidérmico) no curso, frequência e cicatrização de mucosite induzida por 5-FU, em 60 animais de laboratório. Inseriram cápsulas contendo EGF entre o músculo retrator e o platisma desses animais. Os animais foram observados, diariamente, e tinham livre acesso ao alimento e àgua. Os pesquisadores observaram que o EGF modificou a frequencia e o curso da mucosite. Animais que receberam o EGF tiveram mucosite mais graves, mais prolongadas e o comprometimento da sobrevida, quando comparada com o grupo controle. Os resultados deste trabalho deram suporte à hipótese de que a velocidade da renovação celular do epitélio bucal é o maior fator determinante de suscetibilidade da mucosa aos efeitos estomatotóxicos da quimioterapia. SONIS (1994) demonstrou que o recombinante TGF-β3 (fator de crescimento transformador beta 3) aplicado topicamente nas mucosites Fuorouracil, em animais de laboratório induzidas pelo 5– (n= 10), reduziu, significativamente, a gravidade e o curso destas mucosites. A redução foi notada a partir do 7º dia com notável velocidade até 9º dia, contudo persistiu até o final do experimento. Neste experimento, o pesquisador relata que a aplicação tópica do TGF-β3 diminuiu, transitoriamente, a proliferação epitelial, conferindo ao mesmo resistência aos efeitos citotóxicos da quimioterapia, com consequente diminuição da mucosite induzida por quimioterápicos. O mecanismo de ação da mucosite é inespecífico. Células epiteliais da camada basal morrem rapidamente ao se dividirem, resultando em diminuição do epitélio, inflamação, diminuição da renovação celular e ulceração (SONIS, 1995; QUILITZ, 1995). PETERSON (1999) sugere que a mucosite bucal é um processo complexo do ponto de vista patológico e fisiológico e o atribui às alterações ocorridas no epitélio, pela ação das citocinas pró-inflamatórias. Recentes estudos mostram que a maioria das drogas antineoplásicas e a irradiação matam células por apoptose, que é uma forma fisiológica de morte celular de células eucariotas, dirigidas pelo próprio maquinário através de vias moleculares. Assim, a apoptose pode estar desenvolvimento (DEBATIN,1997). de mucosite causada por das mesmas, envolvida no quimiterápicos e irradiação O papel das bactérias no desenvolvimento de mucosite, induzidas por quimioterapia e/ou radioterapia é bastante controverso. Carrega et al. (1994) atribuem a presença destas bactérias a um quadro de neutropenia que acomete esses pacientes. SONIS (1998), numa proposta hipotética, descreve a mucosite como um processo biológico complexo e, baseado em dados clínico e animal, propõe quatro fases para descrevê-la: 1. fase vascular / inflamatória, 2. fase epitelial, 3. fase ulcerativa / bacteriana, 4. fase de cicatrização. Essas fases são sequenciais e interdependentes e são consequência do efeito direto das drogas antineoplásicas e/ou radioterapia no epitélio, flora bacteriana e estado geral do paciente. Na fase vascular / inflamatória, citocinas, interleucina-I e fator de necrose tumoral-alfa são liberadas para o tecido epitelial e tecido conjuntivo, incitando uma resposta inflamatória atípica, resultando em um aumento da vascularidade subepitelial, com consequente incremento da ação local dos agentes citotóxicos. Tratamentos multimodais instigam e prolongam essa resposta, aumentando a reação tecidual. Já a fase epitelial é a mais bem documentada, onde é evidente a ação dos quimioterápicos inespecíficamente, nas células da camada basal, as quais são afetadas recebendo dano direto ou indireto à síntese de DNA. Há redução na renovação celular, e consequente atrofia do epitélio que, típicamente, se inicia entre o 4º ou 5º dia, após a administração da droga. Pode ser que, neste momento, se inicie os sintomas clínicos. Traumas funcionais tornam possível a ulceração, como mostram estudos clínicos observacionais. A fase ulcerativa / bacteriana é a mais sintomática e fatores intrínsecos e extrínsecos se interagem. Aqui, fungos, bactérias e vírus desequilibram a microbiota bucal, propiciando infecção. A fase de cicatrização inclui elementos de proliferação e diferenciação celular, normalização da irrigação periférica e controle da flora bacteriana local. 2.1.2. Fatores de risco Os fatores de risco para mucosite bucal estão relacionados com drogas antineoplásicas, especificamente, com as doses e os tipos de drogas utilizadas. A radioterapia e a quimioterapia atuam de modos diferentes sobre as células neoplásicas (EPSTEIN e SCHUBERT, 1999). A radiação ionizante é um tratamento local e promove alterações químicas na célula de forma direta ou indireta. Diz-se forma direta, quando a radiação atinge o DNA, causando alteração química e ruptura de cadeia. A forma indireta promove interação da radiação com outras substâncias, especialmente a água intracelular. Neste caso, há produção de radicais livres, como OH, H e elétrons, que são altamente reagentes e combinam, quimicamente, com o DNA, para promover a ruptura da sua cadeia. Para cada célula morta por irradiação, há aproximadamente 1000 danos produzidos em bases, 1000 quebras em um dos filamentos da dupla hélice e 40 quebras em ambos os filamentos da mesma. De acordo com o dano no DNA, pausas transitórias ocorrem no ciclo celular, provocando bloqueios no final da fase G1, durante a fase S, ou na fase G2 . Isso, presumivelmente, impede a divisão celular (LEHNERT, 1999). A quimioterapia é um tratamento sistêmico e consiste na aplicação de drogas antineoplásicas efetivas, para cada paciente e tipo de tumor. Elas interferem nas diversas fases do ciclo celular, interrompendo de alguma forma a reprodução das células. São classificados em três grupos: 1- ciclo-inespecíficos, os quais afetam a célula, estando ela ou não no ciclo proliferativo e em qualquer fase do ciclo celular. Neste grupo, encontram-se os quimioterápicos alquilantes. Eles são capazes de se ligarem ao DNA, impedindo a separação dos dois filamentos na dupla hélice espiralar. 2- ciclo-específicos, encontram em os quais têm proliferação. ação Neste somente nas células que se grupo, encontram-se os antimetabólitos, os quais inibem a biossíntese dos componentes essenciais do DNA e do RNA. São particularmente ativos na fase S e M do ciclo celular. 3- fase-específicos, os quais atuam somente em determinadas fases do ciclo celular (INCA, 2003). 2.1.3. Incidência A mucosite incide em 40% de todos os pacientes tratados com a quimioterapia e em mais de 90% dos pacientes menores de 12 anos (SONIS, 1995). A mucosite bucal é inevitável em pacientes radioinizados na cabeça e pescoço (BENSADOUN et al., 1999; BENSADOUN et al., 2001; GONÇALVES, 2001). Pode ser iniciada na terceira semana de irradiação (SYMONDS, 1998). É mais comum nas mulheres e em pacientes de cor branca (QUILITZ, 1995). BLIJLEVENS et al.( 2000) consideram a mucosite como um efeito colateral inevitável em pacientes que se submetem a regime de condicionamento para transplante de medula. De acordo com Anelli (2002), vários estudos demonstram que 90% dos pacientes, em regime de condicionamento para transplante de medula, desenvolvem mucosite, sendo ainda mais frequente naqueles que sofrem radiação ionizante corporal. 2.1.4. Aspecto clínico e sintomatologia Os primeiros sinais de mucosite aparecem, aproximadamente, 5 a 10 dias após a administração da droga. Nos pacientes submetidos ao regime de condicionamento de medula óssea, as úlceras podem persistir até 3 semanas após a quimioterapia (EPSTEIN e SCHUBERT, 1999). A primeira manifestação clínica que ocorre, é a descoloração da mucosa, seguida de descamação da ceratina, atrofia da mucosa, que se torna edematosa, eritematosa e friável. Subsequentemente, áreas de ulceração se desenvolvem com formação de membrana fibrinopurulenta amarelada. Dor, queimação e desconforto são significativos e podem ser acentuados com a mastigação e procedimentos de higiene oral (NEVILLE et al., 1995). A mucosite bucal é tipicamente bilateral, acometendo língua, palato mole e assoalho bucal. Nos pacientes radioionizados, as lesões são mais exuberantes nos portais da irradiação (PETERSON, 1999; BENSADOUN, 2001). Em pacientes, que fazem uso de quimioterápicos, as lesões podem se desenvolver e permanecer por até 2 semanas, depois de cessada a terapia do câncer (PETERSON, 1992). Concomitante neutropenia pode favorecer uma colonização secundária da boca por uma extensa variedade de Gram-negativos e bactérias anaeróbicas, juntamente com fungos, particularmente, a Candida albicans (SYMONDS, 1998). A ulceração da mucosa e evolução da mucosite podem induzir a um severo quadro debilitante, predispondo o doente a infecções sistêmicas, alimentação enteral, desnutrição, parenteral, uso de analgésicos opióides, hospitalização prolongada, modificação e/ou interrupção dos protocolos de tratamento do câncer, prejudicando a qualidade de vida e trazendo impacto na sobrevivência do paciente (BENSADOUN, 1998; EPSTEIN e SCHUBERT, 1999) . 2.1.5. Critérios de avaliação da mucosite bucal A gradação da mucosite é dificultada por sinais funcionais, subjetivos e diversidade das lesões. Essas dificuldades prejudicam a capacidade de avaliar a morbidade e consequentemente dificultam o tratamento (SONIS, 1999). O critério mais utilizado é o da Word Health Organization (Organização Mundial de Saúde) – WHO (Miller et al., 1981), que estabeleceu critérios para classificar e determinar o grau de gravidade das mucosites. O grau WHO 0 (zero) significa ausência de mucosite. Quando o eritema é associado às lesões pouco sintomáticas, o grau WHO 1 é atribuído. O grau WHO 2 compreende eritema e úlceras, podendo o paciente ingerir sólidos. O grau WHO 3 corresponde à presença de eritema e úlceras, permitindo ao paciente a ingestão somente de líquidos. Finalmente, o grau WHO 4 correspondente a úlceras confluentes e a alimentação do doente se torna impossível. Outro critério de avaliação é o do “National Cancer Institute” , intitulado “Common Toxity Criteria Manual Version 2.0”, o qual avalia as mucosites em graus de 0 a 4. O grau 0 denota ausência de mucosite. O grau 1 é dado ao eritema de mucosa. O grau 2 corresponde a placas pseudomembranosas menores que 1,5 cm. O grau 3 aplica-se a placas pseudomembranosas confluentes maiores que 1,5 cm, e o grau 4 é aplicado à necrose ou à ulceração profunda, podendo incluir sangramento não induzido por trauma. STIFF (2001) cita a OMAS – “Oral Mucositis Assessement Scale”, escala de gradação para mucosite, onde as lesões são tecnicamente mensuradas, considerando o tamanho da área afetada, sua localização e a presença de eritema. Neste mesmo artigo, Stiff (2001) cita a escala da WCCNR – ‘Western Cosortium for Cancer Nursing Research”, onde os critérios para graduar a mucosite se baseiam no tamanho das lesões, coloração da mucosa, e sangramento. 2.1.6. Tratamento da mucosite Sendo de etiologia multifatorial, a prevenção e o tratamento devem ser multifatoriais. A efetiva prevenção e o acompanhamento da lesão podem reduzir a dor, o risco de bacteremia e o sofrimento do paciente, durante o tratamento do câncer (EPSTEIN e SCHUBERT, 1999). A mucosite deve ser entendida como um efeito adverso, evidenciada clinicamente por uma sintomatologia complexa, incluindo, em sua evolução, outras complicações como xerostomia, disgeusia, disfagia, odinofagia e infecções oportunistas (SALVAJOLI et al., 2000). STIFF (2001) considera a mucosite uma doença multifatorial, não devendo ser esperada que uma única terapia isolada solucione, efetivamente, todos os casos. Os fatores associados ao processo multifatorial e fisiopatológicos devem ser bastante conhecidos, possibilitando maiores acertos no tratamento das mucosites. O tratamento e o controle são particularmente importantes. A interrupção da radio e/ou quimioterapia pode comprometer, drasticamente, as taxas de sobrevida dos pacientes em tratamento antineoplásico (PARSONS et al.,1980; WANG et al.,1996). A interrupção de tratamentos antineoplásicos compromete as taxas reduzidas de sobrevida, especialmente, no decorrer dos transplantes de medula óssea SYMONDS (1998). Tratamentos de aplicação local estabelecem um grande arsenal de fármacos, que são, rotineiramente, estudados e utilizados na mucosite, o que reflete a necessidade de eficientes protocolos no tratamento das mesmas, como pensam Jansma; Vissink; Spijkervet et al. (1992) e Plevova (1999), e que destacam a higiene oral, bem como restaurações dentárias adequadas, como medidas básicas de prevenção. SYMONDS (1998) considera que uma boa higiene oral é essencial na prevenção e tratamento da mucosite bucal. Os pacientes deveriam ser encorajados a usar escovas de dentes e o fio dental. Durante os tratamentos antineoplásicos, muitas vezes são esquecidos a importância da redução da placa bacteriana e o controle da doença periodontal. Antes de tratamentos de pacientes com neoplasias de cabeça e pescoço, por radioterapia ou quimioterapia, ou por transplante de medula óssea, todos eles deveriam remover cáries, cálculos e extrair dentes, com potenciais focos de infecção. Considerando a mucosite como efeito colateral indesejável da quimioterapia, Larson e Miaskowski et al. (1998) desenvolveram um programa de cuidados do próprio paciente, com efetiva interação deste com médicos, dentistas e enfermagem, visando aprendizado de como cuidar da higiene bucal, administrar a dor, as infecções locais e as dificuldades com a ingestão de alimentos. Em um estudo randomizado, utilizando esse programa de auto cuidados, a clorexidina como enxaguante bucal e água destilada como enxaguante-placebo, os autores perceberam que o uso da clorexidina não foi o protocolo mais efetivo, na prevenção da mucosite bucal. Conflitante como é, o tratamento para a mucosite se restringe ao uso de enxaguantes bucais, análgésicos e antiiflamatórios. A difenidramina, o leite de magnésia, a lidocaína viscosa, a benzidamina e a clorexidina, embora com resultado terapêutico pequeno, têm sido recomendados (NEVILLE et al., 1995). SONIS (1995) observa que o objetivo principal do tratamento da mucosite é a paliação. Para minimizar a dor, recomenda a lidocaína viscosa e o cloridrato de diclonina e, ainda, um colutório considerado simples e eficaz, combinando Benadryl (difenidramina) e Kaopectate (pectina e caolim), em partes iguais, desaconselhando o uso do leite de magnésia, por produzir uma dessecação da mucosa. Alguns hospitais de tratamento de câncer e instituições de pesquisas oncológicas têm, no seu dia a dia, soluções farmacológicas que consideram efetivas, como é o caso do H. Lee Moffitt Cancer Center & Research Institute, que utiliza uma solução enxaguante bucal, na qual combina lidocaína viscosa, difenidramina, Maalox, 70% de sorbitol e essência de laranja. A difendramina e a lidocaína têm propriedades anestésicas locais e o hidróxido de alumínio, componente do Maalox, exerce benéfica ação cicatrizante (QUILITZ, 1995). O Hospital do Câncer A.C. Camargo trata a mucosite bucal com uma solução de difenidramina, lidocaína viscosa e nistatina para bochechos, com o objetivo de reduzir a inflamação, aliviar as dores e tratar a candidose do paciente (GONÇALVES, 2001). CARL e EMRICH (1991) trataram 98 pacientes com neoplasias de cabeça e pescoço, com quimioterapia e radioterapia. Um grupo foi tratado profilaticamente, e o outro foi tratado terapêutica e profilaticamente, com enxaguante bucal derivado da camomila. Os pesquisadores observaram que somente um dos 20 pacientes, que haviam recebido radiação ionizante, tratamento. Trinta e seis desenvolveu mucosite, grau 3, no final do pacientes dos 46 que receberam quimioterapia, não tiveram mucosite importante. Os autores acreditam que os cuidados profiláticos bucais com a camomila podem ser favoráveis à manutenção da integridade da mucosa bucal. WADLEIGH et al. (1992), em estudo duplo cego com placebo, demonstrou em 18 pacientes portadores de neoplasias diversas, que a vitamina E reduziu para a média de duração de 3 dias a mucosite causada por quimioterápicos, quando ela foi aplicada, diretamente, sobre as lesões. Em estudo randomizado, feito por Rocke et al. (1993), 178 pacientes tratados com 5-Fluorouracil (5-FU) foram randomizados e receberam crioterapia, na cavidade bucal, 5 minutos antes da infusão do 5-FU, durante 30 e 60 minutos. A proposta deste estudo foi demonstrar que a vasoconstrição, provocada pelo gelo, reduz a exposição das células da camada basal em divisão ao 5-FU . Concluíram que o grupo de pacientes, que manteve gelo na boca, por 30 minutos, teve menos mucosite e recomendam esse protocolo para pacientes, que fazem tratamento antineoplásico, com o 5-FU. Conforme relata Elzawawy (1991), a droga antineoplásico, amplamente, utilizado no tratamento 5-Fluorouracil é um de câncer gastrointestinal e sua toxidade aparece, rapidamente, na mucosa bucal, intestinal e medula óssea. Em estudo realizado com 18 pacientes ele instituiu bochechos com suspensão de alopurinol, (5mg/ml em água) e esses pacientes foram instruídos a não ingerir o enxaguante. Observou que o tempo de duração da mucosite diminuiu significativamente (4,3 dias para o grupo com enxaguante contendo alopurinol, comparado com os 8 dias do grupo que não fez uso do alopurinol). Não foram observadas reações adversas com esse protocolo de bochechos, sendo pois, bem tolerado pelos pacientes. WYMENGA et al. (1999) estudaram a segurança e tolerabilidade de enxaguante bucal, cujo componente ativo era o recombinante TGF-β3 ( fator de crescimento transformador homólogo de beta 3). Eles administraram o enxaguante um dia antes do início do tratamento quimioterápico, 4 vezes ao dia, durante 1 minuto, por 4 dias consecutivos. Dos 11 pacientes tratados, somente um teve TGF-β3 no plasma, o que foi sugestivo de produção endógena. Cinco pacientes tiveram mucosite que variava de eritema a lesões múltiplas. Três pacientes tiveram mucosite até o grau WHO 2 e um paciente teve grau WHO 3. As náuseas relatadas foram atribuídas ao tratamento quimioterápico. BIRON et al. (2000) consideram os tratamentos existentes para mucosite controversos e desconhecem um que seja ótimo. No entanto, entendem que o impacto de cada tratamento deve ser avaliado, em cada fase específica. Antes da radioquimioterapia, cuidados com a higiene bucal, remoção de mecanismos traumáticos, bem como a manutenção de um periodonto sadio, podem evitar a mucosite e a suspensão do tratamento antineoplásico. Na fase proliferação celular pode ser diminuída por uma vasoconstrição, vascular, a provocada por crioterapia, citoprotetores e antioxidantes. A fase epitelial deve ser tratada, no sentido de restabelecer o epitélio, através de fatores de crescimento. O objetivo maior do tratamento da fase ulcerativa é o de evitar infecções secundárias. Já a fase de cicatrização deve ser estimulada e, para isso, o laser de baixa intensidade tem demonstrado ser uma das mais promissoras formas de tratamento, na diminuição das lesões. PLEVOVA (1999) em sua revisão sobre medicamentos locais usados no tratamento de mucosite bucal, menciona o sucralfate, um sal de alumínio usado no tratamento de úlceras pépticas. O mecanismo de ação desta droga é desconhecido, mas certamente, as moléculas de sucralfate aderem-se às úlceras, formando uma película protetora, possibilitando a regeneração e angiogênese. Rijt e Zuijlen (2001) citam, em sua revisão de literatura, um possívlel e benéfico efeito do GMF-CSF (fator estimulante de colônia de macrófago e granulócito), usado na forma de enxaguante bucal, no tratamento de mucosite bucal induzida por quimioterapia. Rotineiramente, medicamentos de uso sistêmicos não são os escolhidos para o tratamento e prevenção da mucosite. No entanto, muitas pesquisas vem sendo desenvolvidas, no sentido de minimizar o sofrimento dos pacientes. ANDERSON; SCHROEDER; SKUBITZ (1998) em um estudo randomizado, administraram por via oral 2g/m2 de glutamina, 2 vezes ao dia, em pacientes que iniciavam o tratamento antineoplásico com quimioterápicos, por 14 dias consecutivos. Os autores observaram que a duração da dor foi de 4,5 dias menos que a do grupo controle, e que a intensidade da mesma foi reduzida. Baseados nesses dados, os autores recomendam a suplementação alimentar com glutamina aos pacientes em tratamento quimioterápico. Suplementação da dieta com beta-caroteno foi proposta por Mills (1988), para 20 pacientes portadores de carcinoma de células escamosas da cavidade bucal, os quais fizeram quimioterapia e radioterapia sincronizadas. Dez pacientes receberam 250mg de beta-caroteno, diariamente, por 21 dias e 75mg até o final do tratamento antineoplásico. Os outros dez pacientes tiveram dieta normal. No grupo que teve suplementação alimentar, foi observada significativa diminuição na gravidade da mucosite, quando comparada com a do grupo que teve alimentação normal. ANTONADOU et al. (2002) randomizaram 50 pacientes e demonstraram que a incidência de mucosite aguda, disfagia e xerostomia tardia, induzidas por radio e quimioterapia, em pacientes com câncer de cabeça e pescoço, foram menos pronunciadas quando recebiam 300mg/m² i.v. de amifostine, 15 a 30 minutos antes da radioquimioterapia, diminuindo, assim, significativamente, a interrupção do tratamento antineoplásico. Entretanto, esses pacientes relataram náuseas e medicação apropriada foi necessária. 2.2. LASER 2.2.1. Conceito A palavra LASER é o acrônimo de LIGTH AMPLIFICATION by STIMULATED EMISSION of RADIATION, Estimulada de Radiação. traduzida por Amplificação da Luz por Emissão 2.2.2. Histórico Em 1900, Max Planck propôs a teoria quântica. Essa teoria estabelecia que a energia radiante, a exemplo da luz, é composta basicamente de minúsculos “pacotes” de energia, indivisíveis e os chamou de quanta. Ao descrever a emissão estimulada de luz em 1917, Albert Einstein sugeria a possibilidade de manipulação da luz e da teorização da técnica de amplificação laser. Mais tarde em, 1950, Townes, Gordon e Zeyger apresentaram um oscilador, que operava na banda de ondas milimétricas, amplificando-as, chamado de MASER (“Microwave Aplification by Stimulated Emission of Radiation”). Somente em 1958, Schawlow e Townnes publicaram um artigo sobre o desenvolvimento dos Masers Infravermelhos e Ópticos onde discutiam os princípios das técnicas de emissão estimulada desde a frequencia de microondas até às frequencias do infravermelho e da região visível do espectro. Avançando nas pesquisas, T. H. Maimam, em 1960, construiu o primeiro laser de rubi, que tinha um comprimento de onda de 690 ηm (MELLO, 2001). Em 1960, Theodore Maiman construiu o primeiro maser ótico. Maiman sugeriu o nome "Loser" ("Light Oscillation by Stimulated Emission of Radiation") mas "loser", na língua inglesa significa "perdedor" e o nome foi substituido por "LASER” ("Light Amplification by Stimulated Emission of Radiation"), (GUEDES e MOREIRA, 2003). Em 1961, foi realizada a primeira intervenção cirúrgica com laser, com a retirada de um pequeno tumor de retina, que impedia a visão (GENOVESE, 2000). 2.2.3. Componentes do aparelho laser Os aparelhos lasers são compostos de: I – Cavidade ressonante (cavidade de Pérot-Fabry): é um cilindro usinado a partir de um cristal de rubi ou de algum outro material conveniente. É constituída por dois espelhos planos, um em cada ponta. Um dos espelhos é totalmente refletor e o da outra ponta é, parcialmente, refletor. Neste espelho, 80% da luz é refletida, enquanto que 20% passa, através do espelho, para o exterior (MAILLET, 1987; GENOVESE, 2000). II – Formas de bombeamento (fontes de energia): os átomos do meio ativo são excitados, dentro da cavidade ressonante, por uma energia vinda de uma fonte externa, que pode ser óptica, química, elétrica ( MAILLET, 2000). III - Meio ativo: o meio ativo fica dentro da cavidade ressonante. Ele é constituído de materiais, que podem produzir radiação laser. Pode ser sólido, gasoso, líquido e é responsável pelo comprimento de onda e dá o nome ao tipo de laser. Alguns lasers sólidos possuem uma base de cristal ou vidro associado a algum tipo de dopagem iônica. Uma base muito comum é a granada de ítrio e alumínio (YAG). Os lasers de meio líquido são, geralmente, constituídos de corantes e são pouco usados, em odontologia. Os lasers gasosos possuem como meio ativo um gás ou uma associação de gases, como os de CO2, argônio, hélio-neônio (SILVEIRA, 2001). O meio ativo semicondutor é o que possui substância com condutividade inferior a dos metais. Os mais usados são o silício, germânio e o arsenieto de gálio (BAXTER,1994 apud TAVARES, 2002) . ! "# $ $ $ %& 2.2.4. Princípios físicos da radiação laser A onda é uma perturbação ou distúrbio, transmitido através do vácuo ou de um meio gasoso, líquido ou sólido. O espectro da luz é um conjunto de ondas de vários comprimentos. Neste conjunto temos o espectro visível que varia de 400 a 700ηm e os espectros invisíveis, situados abaixo e acima desses limites. As características das ondas de luz são: I – Frequência, que é o número de ciclos realizados em um segundo. II – Amplitude , que é a altura entre as crista das duas semi-ondas que compõem a onda. III – Comprimento , que é a distância entre duas cristas positivas ou negativas de duas ondas sucessivas. As ondas eletromagnéticas são capazes de transmitir energia. Energia é a capacidade de produzir trabalho. É representada por E e sua unidade de medida é o joule (sistema MKS). Potência é outra característica das ondas. É a grandeza que indica quantidade de energia transmitida por unidade de tempo medido. É representada pela fórmula: P = E/ t onde P é medida em Watt (sistema MKS). E(j) = P (W) .t Densidade de potência ou intensidade é a quantidade de potência em watts, depositada sobre uma área em cm2 como mostra a fórmula: I = P(w)/ cm2 É possível calcular a densidade de energia ou fluência. Diz-se que densidade de energia (representada pela letra D) é a quantidade de energia depositada em uma superfície (cm2), sendo representada pela fórmula: D(j) = P. t/ cm2 A luz é uma forma de energia gerada, emitida ou absorvida por átomos ou moléculas. Para emitir energia é necessário que o átomo ou molécula seja excitado acima do seu estado natural de repouso. Ao voltar ao seu estado fundamental, o excesso de energia é liberado em forma de pacotes de energia, chamados de fótons. A esse fenômeno é dado o nome de emissão espontânea da luz. Um átomo pode ser excitado o suficiente, para emitir um fóton e voltar ao seu estado fundamental. Quando um átomo excitado colide com um fóton, ele instantaneamente emite um fóton idêntico ao primeiro. Esse fenômeno é chamado de emissão estimulada e obedece a duas regras básicas: I – O fóton estimulado viaja na mesma direção do estimulador. II – O fóton estimulado sincroniza sua onda com o estimulador, de tal forma que as ondas dos dois fótons alinham suas cristas, somando suas magnitudes e aumentando a intensidade de luz emitida. Fótons com cristas alinhadas produzem luz coerente (TAYLOR e FRENCH, 1987). 2.2.5. Classificação dos Lasers COLLS (1984) e GENOVESE (2000) classificam os lasers, de acordo com a emissão de potência: I - Alta intensidade: as radiações são emitidas com alta potência o que confere à radiação um potencial destrutivo. É utilizado para viabilizar cirurgias e retirar tecido cariado. São, também, conhecidos como laser cirúrgico, laser quente, hard laser ou power-laser. Têm ação fototérmica, podendo causar corte, vaporização, coagulação e esterelização dos tecidos. Nesta categoria, encontram-se os Eximer Lasers que têm comprimento de onda na faixa do ultra violeta, que varia de 180 a 351ηm. Também são lasers de alta intensidade os de CO2, argônio, kripton, dye, rubi, família do YAG (ítrio – alumínio – granada ) os quais são os de Nd-YAG, Ho-YAG, Er-YAG e Nd-YAP. II - Média intensidade: são também chamados de mid-laser, com radiações emitidas com potências medianas, sem poder destrutivo. Encontram-se, nesta categoria, os laser de hélio-neônio e arseniato de gálio. São muito utilizados em fisioterapia. III - Baixa intensidade: neste grupo encontram-se os lasers que emitem radiações de baixas potências e não têm nenhum potencial destrutivo. Sâo também conhecidos como soft-laser e laser frio. As ações fotoquímicas destes lasers são analgésica, antiinflamatória e de bioestimulação. Encontram-se nesta categoria os lasers de hélio-neônio, diodo (arseniato de gálio e arsenieto de gálio e alumínio). São estimulantes celulares. Segundo Cruanes, um laser que tem intensidade maior que 1W/cm2 já é capaz de promover alterações térmicas sobre a superfície na qual está sendo aplicado, sendo essa característica suficiente para classificá-lo como laser de alta intensidade (SILVEIRA, 2001). 2.2.6. Características da radiação laser A luz branca é constituída por uma grande variedade de cores. O intervalo do espectro perceptível pelo olho humano está entre 400ηm e 700ηm. Essas cores variam do violeta até o vermelho e cada uma tem um comprimento de onda diferente. Então chamamos a luz branca de policromática. A luz laser tem particularidades como (BALTAZAR e SOLANO, 1999): I – Monocromaticidade, isto é: tem somente um comprimento de onda e somente uma cor. II – Coerência: todas as ondas tem um alto grau de correlação entre as cristas e vales. III – Paralelismo: o que caracteriza a mesma direcionalidade, propaga-se em uma mesma direção. PASCU (2000) diz que a soma destas três características determina o alto brilho do laser. Segundo Colls (1998), essa quarta particularidade do laser, o alto brilho, é muito importante, quando o laser é usado como instrumento terapêutico e cirúrgico. Ressalta que a grande quantidade de energia focalizada em uma área reduzida permite maior densidade de potência e intensidade. LASER Luz monocromática coerente # ' LUZ monocromática incoerente () LUZ não monocromática incoerente * + ,- '. " / 0 1 %& 2.2.7. Interação laser- tecido Quando a luz laser de baixa intensidade incide sobre um tecido biológico, interações primárias entre a luz e o tecido acontecem. São chamadas de reações não térmicas (DANHOF, 2000) : I – Reflexão: parte da luz é refletida. II – Transmissão : parte é transmitida ao tecido. III – Espalhamento ou difusão : parte da luz é espalhada ou difundida dentro do tecido. IV - Absorção: uma quantidade de luz é absorvida e convertida em diferentes formas de energia. 2 ( " 3 %4 -- " / / 1 %& 2.2.8. Efeitos terapêuticos do laser de baixa intensidade I – Efeito Bioquímico: controla a produção de citocinas, nos fenômenos de dor e inflamação. Modifica as reações enzimáticas, tanto no sentido de excitação, como de inibição (GENOVESE, 2000). KARU (1995) irradiou com laser He-Ne de baixa intensidade, células HeLa cultivadas em soro bovino com penicilina e estreptomicina. Os dados obtidos desse estudo revelaram um aumento na síntese de ATP. O mecanismo que envolve esse aumento de ATP quando a célula é irradiada, é desconhecido. PASSARELA (1998) irradiou células de fígado cultivadas, com laser de baixa intensidade. O autor observou um incremento na síntese de ATP e atribui esse efeito benéfico à fotoestimulação das mitocôndrias, quando irradiadas pelo laser de baixa intensidade de He-Ne. De acordo com Simunovic (2000), efeitos bioquímicos do laser de baixa intensidade, em cicatrização de feridas pós cirúrgicas, têm sido vistos e amplamente estudados. Estimulação da atividade mitocondrial aumenta a produção de ATP, estimula a síntese de DNA e RNA, incrementa a produção de proteínas, modula a atividade enzimática, regula a variação do pH intra e extra celular e acelera o metabolismo celular. SILVEIRA (2001) observou que lasers de baixa intensidade promovem a desgranulação de mastócitos, em tecido gengival, em dois diferentes comprimentos de onda, 688ηm e 785ηm, com potência de 50 mW e fluência de 8j/cm2. Segundo Lopes (2003), o efeito não térmico produzido pela irradiação com laser de baixa intensidade se baseia na capacidade de modular diversos processos metabólicos, mediante a conversão de energia luminosa em energia útil para a célula. KARU (2003) diz que a irradiação de mitocôndrias induz mudanças na homeostase celular. Uma grande variedade de reações ativam componentes da cadeia respiratória, especialmente fotoreceptores ou cromóforos, os quais estão aptos a absorver comprimentos de onda apropriados. Isto causa uma rápida ativação da cadeia respiratória, melhorando o transporte de elétrons, o que resulta em um incremento da síntese de ATP. A variação destes parâmetros favorece a atividade de proliferação celular. O aumento do metabolismo celular, através da ativação da cadeia respiratória, Karu (2003) chama de ação fotobiológica. A cientista explica que a reação fotobiológica envolve a absorção de um específico comprimento de luz por uma molécula fotoreceptora. Depois de passar para um estado excitado, a molécula comanda efeitos biológicos (reação bioquímica secundária, sinalização celular ou foto sinalização) a nível celular. A questão é saber qual molécula é a fotoreceptora. II – Efeito Bioelétrico: melhora o funcionamento da “bomba de sódio”, através da energia extraída da hidrólise da ATP (DANHOF, 2000). III – Efeito Bioenergético: irradiação com laser de baixa intensidade estimula o trofismo celular, normalizando as deficiências e equilibrando as desigualdades (GENOVESE, 2000). Um fenômeno de bioluminescência foi observado por Alexander Gurwistsch, em 1923, quando descreveu a indução de um processo biológico, em cultivos celulares independentes. Nestes cultivos, mitoses diversos iniciavam-se praticamente ao mesmo tempo. Repetindo o experimento e interpondo uma barreira entre os cultivos, observou que esse comportamento não acontecia. O pesquisador detectou um espectro não térmico entre as células do primeiro cultivo, não observando o mesmo no segundo experimento (SIMUNOVIC, 2000). Baseados resultados nos resultados terapêuticos são dos efeitos observados primários, como as consequentemente, ações analgésicas, antiinflamatórias, antiedematosas e cicatrizantes. 2.2.9. Tipos de aplicação do laser de baixa intensidade I – Aplicação pontual: a energia é depositada ponto a ponto na região indicada. Um ponto deve distanciar-se 1cm do outro (BRUGNERA, 1998). II – Aplicação em varredura: aplicações realizadas deslizando o feixe luminoso por uma superfície, por determinado tempo, preferencialmente de cm2 a cm2 (BRUGNERA, 1998). 2.2.10. Dosimetria A dose de aplicação da irradiação do laser de baixa intensidade é dada pela fórmula DE = P(W). t(s) / superfície(cm2) e está descrita no manuais de orientações que acompanham os aparelhos de lasers. COLLS (1984) fornece alguns valores de densidade de energia: Efeito antiálgico............................. de 2 a 4j / cm2 Efeito antiinflamatório ................... de 1 a 3j / cm2 Efeito regenerativo ........................ de 3 a 6j / cm2 Efeito circulatório .......................... de 1 a 3j / cm2 De acordo com a inflamação Colls (1984) sugere: Processo agudo ..... doses baixas ............... 1 a 3j / cm2 Processo subagudo doses médias .............. 3 a 4j / cm2 Processo crônico ... doses altas .................. 5 a 7j / cm2 2.2.11. Tratamento da mucosite com laser de baixa intensidade EDUARDO (2001) relata que, no Brasil, trabalhos realizados na clínica de Medicina Bucal do Hospital Sírio Libanês de São Paulo têm envolvido a utilização do laser de baixa energia do tipo diodo AlGaAs (Arseneto de Gálio Alumínio), como auxiliar do tratamento de vários problemas da boca, incluindo a mucosite no paciente em tratamento de câncer. A técnica utilizada envolve a aplicação da luz laser nos pontos da boca atingidos pela mucosite. Em estudo piloto, realizado neste hospital, ficou comprovada a eficácia analgésica que esta terapia oferece aos pacientes.Trabalhos científicos mais envolventes já estão em andamento, em parceria com o "Fred Hutchinson Cancer Research Center de Seattle, Washington – USA” representado pelo Dr. Mark Schubert e da Faculdade de Odontologia da Universidade de São Paulo. Em um estudo de revisão sobre prevenção e tratamento de mucosite bucal induzida por quimioterapia e radioterapia, Plevova (1999) concluíu que uma longa lista de métodos e drogas é usada, o que reflete a necessidade de mais estudos, na busca de eficientes tratamentos para essa complicação. Dentre os métodos de tratamentos existentes, a autora cita os lasers como um método benéfico. O laser de baixa intensidade como técnica simples e atraumática, na prevenção e tratamento da mucosite de várias origens, ativa a cicatrização epitelial, o que é confirmado por vários estudos in vitro (BENSADOUN et al.,1999) Continuando as suas investigações sobre tratamento de mucosite, Bensandoun (2000) observa que o tratamento da mucosite bucal é, primariamente, direcionado para a paliação dos sintomas e prevenção de infecção. Reitera que o laser de baixa intensidade é um dos poucos métodos reportados como efetivo, na prevenção dos efeitos colaterais agudos da radiação. O laser de baixa intensidade é utilizado no reparo tecidual, atua significativamente na velocidade da cura, na cicatrização de processos normal ou crônico (MELLO, 2001). SCHNEIDER; SOUDRY; FRANQUIN et al. (1992) fizeram um estudo retrospectivo num grupo de pacientes, que foram tratados de neoplasias malignas com 5-FU, no Centre Antoine Lacassangne, France. Observaram que 43% dos pacientes desenvolveram mucosite nos 51 ciclos, havendo mudança em 15 ciclos do tratamento. Ao introduzir a terapia com laser de baixa intensidade, nos tratamentos subsequentes (grupo controle), os pesquisadores observaram que os pacientes conseguiram terminar o tratamento antineoplásico, sem mudanças no esquema quimioterápio. De 95 ciclos de quimioterapia, 94% foram sem problemas bucais. Devido a esses achados, as pesquisas foram encorajadas para comprovar a eficácia do laser, no tratamento da mucosite, durante o tratamento do câncer. BARASCH; PETERSON; TANZER et al. (1995) investigaram o efeito clínico do laser de baixa intensidade de He-Ne, na prevenção e redução da gravidade de mucosite, em pacientes submetidos a quimioterapia, para transplante de medula óssea. Os pacientes receberam irradiação em um lado, direito ou esquerdo, da boca. O lado não irradiado serviu para controle. Vinte e dois pacientes receberam aplicação do laser por cinco dias consecutivos, iniciados um dia após cessado o condicionamento. As aplicações foram realizadas na mucosa jugal, mucosa labial, lateral da língua, palato mole e assoalho bucal de um mesmo lado. Todos os pacientes completaram o estudo. O laser foi bem tolerado e não foi observado nenhum efeito indesejável. Os pesquisadores notaram uma diminuição na gravidade da mucosite, entretanto, não evidenciaram diminuição na sua incidência. COWEN et al. (1997) realizaram um estudo duplo cego, em trinta pacientes, que receberam tratamento quimioterápico e radioterápico, para transplante de medula óssea. Os pesquisadores irradiaram com laser de baixa intensidade cinco pontos anatômicos bucais, durante 5 dias consecutivos (do dia –5 ao dia –1). Os pacientes foram examinados até o dia +20. Os autores demonstraram que a aplicação do laser de baixa intensidade reduziu a duração e a gravidade da mucosite, além de ter sido bem tolerado pelos pacientes, recomendando-se o seu uso rotineiro. BENSADOUN; FRANQUIN; CIAIS et al. (1999) em um estudo duplo cego randomizado, estudaram o comportamento da mucosite bucal induzida por radioterapia, em 30 pacientes portadores de neoplasias malignas, em hipofaringe e boca. Os pesquisadores aplicaram laser de baixa intensidade com densidade de energia de 2j/cm2 durante cinco minutos, diariamente, por cinco dias consecutivos, durante as sete semanas de tratamento radioterápico. Quinze pacientes receberam aplicações de laser, em 9 pontos igualmente distribuídos na boca. Durante as aplicações além de usarem óculos protetores, os pacientes foram orientados a permanecer com os olhos fechados, para assegurar que eles não tomavam conhecimento se estavam ou não sendo irradiados. Nenhum efeito indesejável foi notado. As aplicações de laser atenuaram a gravidade das mucosites e diminuiram o tempo de duração das mesmas. A diferença entre pacientes irradiados e não irradiados foi, estatisticamente, siginificativa. Treze pacientes não irradiados desenvolveram mucosite, na segunda semana de tratamento radioterápico, com gravidade grau 3, a qual permaneceu até a quinta semana. Somente cinco pacientes irradiados tiveram mucosite grau 3, na segunda semana de tratamento radioterápico. SCHNEIDER; AHMED; SOUDRY et al. (1990) realizaram extração de terceiros molares e irradiaram a ferida cirúrgica com laser de baixa intensidade. Quarenta e oito horas após a extração, fizeram biópsia da região. Os cortes histológicos mostraram muitas células com aparência de miofibroblastos e muitas delas mostravam mitocôndrias em abundância, ora de forma alongada, ora esferoidais. Nos cortes de gengiva não irradiada, observaram variável população de fibroblastos, com pequeno número de mitocôndrias de forma oval e arredondadas. Neste estudo in vivo, os autores concluíram que o laser de baixa intensidade influenciou, de alguma forma, a transformação de fibroblasto de gengiva humana em miofibroblasto, acelerando o processo de cicatrização. SILVEIRA e LOPES (1991) induziram a formação de feridas no dorso de cobaias, a quais foram irradiadas com laser de AsGa. Os pesquisadores observaram em cortes histológicos das feridas irradiadas, desgranulação de mastócitos, áreas de vasodilatação, proliferação fibroblástica e aumento de substância fundamental, quando comparados com cortes histológicos do grupo controle. 3. OBJETIVOS 3.1. OBJETIVO GERAL Avaliar e comparar três modalidades de tratamento para mucosite bucal induzida por quimioterapia e/ou radioterapia. 3.2. OBJETIVOS ESPECÍFICOS A - Avaliar a gravidade da mucosite bucal, antes e após as três modalidades de tratamento. B - Comparar a existência de diferenças entre os resultados das três modalidades de tratamento. 4. METODOLOGIA 4.1. ÉTICA EM PESQUISA COM SERES HUMANOS Este estudo foi realizado em pacientes portadores de câncer de cabeça e pescoço, e em pacientes com doenças oncohematológicas, que receberam tratamento que provocam rotineiramente mucosite bucal. De acordo com a resolução nº 196/96 do Ministério da Saúde, esse foi submetido ao Comitê de Ética em Pesquisa com Seres Humanos da Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais, Comitê de Ética em Pesquisa do Hospital das Clínicas da Universidade Federal de Minas Gerais, Comitê de Ética em Pesquisa do Hospital Luxemburgo, através de cartas e protocolos elaborados pelo CONEP. A autorização e aprovação dos respectivos Conselhos de Ética foram dadas em cartas específicas, anexadas a este trabalho (Anexo C). 4.2. TIPO DE ESTUDO Este foi um estudo do tipo analítico experimental prospectivo. 4.3. ORÇAMENTO FINANCEIRO Todos os custos e aquisição de equipamentos, medicamentos, tratamento dos pacientes, impressos, fotocópias, ocorreram por conta da pesquisadora e não trouxeram ônus de nenhuma espécie para a PUCMINAS. 4.4. ANÁLISE DOS DADOS Os dados obtidos nesse estudo foram submetidos a tratamento estatístico. 4.5. ANÁLISE CRÍTICA DOS RISCOS, BENEFÍCIOS E RETORNO PARA A POPULAÇÃO ESTUDADA Os doentes, que fizeram parte deste estudo, não sofreram danos com a pesquisa. Os benefícios serão avaliados pelas equipes médicas dos dois referidos hospitais, as quais decidirão pelo reconhecimento dos protocolos utilizados como capazes de minorar o sofrimento dos pacientes, com mucosite bucal induzida por quimioterapia e/ou radioterapia. 4.6. COLETA DE DADOS No Hospital das Clínicas da Universidade Federal de Minas Gerais, os pacientes internados para tratamento quimioterápico, foram contatados, através de visitas da pesquisadora ao leito dos mesmos, no 9º andar, ala Leste, Unidade de Transplante de Medula Óssea. No Hospital Luxemburgo, os pacientes ambulatoriais foram contatados no Serviço de Radioterapia e no Serviço de Quimioterapia, instalados no andar térreo, conjunto de salas de consultas, exames de cabeça e pescoço e planejamento radioterápico. Nas primeiras entrevistas, os pacientes recebiam informações verbais, sobre o tipo de pesquisa desenvolvida e suas dúvidas eram esclarecidas. Um termo de consentimento livre e esclarecido era apresentado a eles. Este termo de consentimento era lido pelos pacientes e/ou familiares e até pela pesquisadora, quando solicitados pelos pacientes. Após a leitura, o mesmo Termo de Consentimento Livre e Esclarecido era assinado pelo paciente. Modelo de um “Termo de Consentimento Livre e Esclarecido” é o anexo B deste trabalho. Todos os pacientes foram identificados, examinados e os dados obtidos foram registrados, na ficha de pesquisa, conforme anexo A. Dados suplementares foram obtidos dos prontuário dos pacientes ou solicitados aos médicos que cuidavam das suas doenças de base. O exame clínico de cada paciente foi realizado somente pela pesquisadora utilizando paramentação preconizada pela Faculdade de Odontologia – Comissão de Biossegurança – da PUCMINAS, que constava de gorro, óculos, luvas e avental. Para os exames intra-orais foram utilizados espelho bucal, pinça para algodão, gaze, espátula de madeira e pano de campo, todos devidamente empacotados e autoclavados. O pano de campo (lençol, papel lençol, compressas, toalhas de papel), usado para barreira, na mesa de serviços utilizada pela pesquisadora, foi cedido pelo hospital. 4.7. CRITÉRIOS DE INCLUSÃO E EXCLUSÃO No Hospital das Clínicas da Universidade Federal de Minas Gerais - Serviço de Transplante de Medula Óssea - os pacientes selecionados foram os internos adultos maiores de 18 anos, de ambos os sexos, independentemente de raça, religião e condição social (demanda espontânea), que desenvolveram mucosite bucal, em consequência de tratamento quimioterápico. No Hospital Luxemburgo - Serviço de Radioterapia e Quimioterapia – os pacientes selecionados foram os maiores de 18 anos, de ambos os sexos, independentemente de qualquer raça, religião e condição social (demanda espontânea), que desenvolveram mucosite bucal, em decorrência de tratamento radioterápico e/ou quimioterápico. Não houve pacientes excluídos. Obedecidos os critérios de inclusão e como a demanda era espontânea, os pacientes foram randomizados como se segue: A - Os três protocolos terapêuticos utilizados no estudo, foram numerados de um a três; B - O 1º paciente era solicitado a escolher um numeral de 1 a 3; C - O numeral escolhido correspondia ao protocolo terapêutico numerado previamente. O 2º paciente, escolhia um numeral dos dois numerais restantes e o 3º paciente não tinha opção de escolha. 4.8. OBTENÇÃO E DESCRIÇÃO DOS MATERIAIS Os instrumentos para as oroscopias eram de propriedade da pesquisadora, bem como filmes de pvc, aparelho de laser de baixa intensidade e máquina fotográfica digital. O enxaguante bucal, em forma de suspensão, acondicionado em embalagens lacradas e individuais de 200ml, foi manipulado por uma única farmácia de manipulação, durante todo o período em que durou o estudo. O aparelho de laser de baixa intensidade, utilizado na pesquisa, apresenta as seguintes características: - C W emissão contínua; - Composto de duas canetas inquebráveis, uma de laser visível – vermelho (660ηm), outra de laser infra-vermelho (invisível com luz guia, 780ηm); - Meio ativo semicondutor de AsGa e AsGaAl; - Comprimento de onda de 780ηm para infra-vermelho e 660ηm para vermelho; - Potência óptica útil na saída de 70mW para 780ηm e 40mW para 660ηm; - Luz guia vermelha (acionado juntamente com o laser infra-vermelho, na caneta de 780ηm); - Classificação: Classe 3b; - Ponteira de aplicação de metal, onde estão colocadas uma lente e uma janela de vidro óptico, para colimação do feixe laser; - Angulação da ponteira de 50º; - Área do feixe laser de saída de 4.0mm2 ; - “Timmer” com intervalos de 10s e 30s; - Potência dos lasers variáveis de 5mW em 5mW; - Sonorizador de tempo a cada 10s; - Dimensões da caixa de controle de 160x200x100mm; - Dimensões da caneta de 170mm (comprimento) x 13mm (diâmetro); - Fonte de alimentação: entrada bivolt automática de 100-200V/50-60Hz saída de 12V/750mA ou 12V/1A; - Fusível de proteção de 300mA; - Peso total de 1Kg; - Óculos de proteção: 1 óculos para utilização com a caneta 780ηm (laser infra-vermelho), 1 óculos para utilização com a caneta 680ηm (laser vermelho), ambos de uso do profissional e, 2 óculos de lentes verde escura, para uso no paciente durante a utilização dos dois lasers; - “Display” visor LCD (cristal líquido com “backlight”). 4.9. DESCRIÇÃO DA AMOSTRA Participaram desta amostra vinte e um pacientes portadores de mucosite bucal, decorrente de efeitos colaterais de terapia oncológica. Quanto ao gênero, seis eram mulheres e quinze eram homens. A média de idade da amostra foi de 50 anos e foi dividida em 3 grupos. O grupo de número 1 constou de 7 pacientes que se submeteram ao tratamento da mucosite com o enxaguante bucal; o grupo de número 2 constou de 6 pacientes tratados com enxaguante bucal e laserterapia de baixa intensidade e o grupo de número 3 constou de 8 pacientes tratados com laserterapia de baixa intensidade. Oito pacientes estavam em tratamento somente com quimioterapia, dez somente com radioterapia e 3 com quimioterapia e radioterapia. Todos os pacientes completaram os dez dias de tratamento. 4.10. PROTOCOLOS TERAPÊUTICOS UTILIZADOS NO TRATAMENTO DA MUCOSITE Três protocolos terapêuticos foram utilizados neste estudo. 4.10.1. Protocolo de número 1 O protocolo de número um, que identificou o grupo 1, constou de enxaguante bucal de formulação: - Difenidramina 12,5/5 ml - Nistatina 100.000 UI/ml - Lidocaína viscosa 2% que foi administrado como bochecho, 15 ml, quatro vezes ao dia, durante 10 dias consecutivos, a partir do 1º dia de aparecimento da lesão. Este protocolo foi o mesmo utilizado pelo Hospital do Câncer A. C. Camargo para o tratamento de mucosite (GONÇALVES, 2001). 4.10.2. Protocolo de número 2 O protocolo de número dois, que identificou o grupo 2, constou do mesmo enxaguante bucal citado acima utilizado da mesma maneira, associado a aplicações de laser de baixa intensidade uma vez ao dia. Para este procedimento, foi utilizado o aparelho Diodo (AsGa - AsGaAl), com comprimento de onda de 660 ηm, vermelho, com potência de saída de 30mW, em aplicações pontuais de 7,5 joules de fluência por centímetro quadrado, diariamente, por 10 dias consecutivos, a partir do 1º dia do aparecimento da lesão. Os pacientes utilizaram óculos protetores e as manoplas foram recobertas com filme apropriado (película de pvc). 4.10.3. Protocolo de número 3 O terceiro protocolo, que identificou o grupo 3, constou somente de laserterapia aplicada uma vez ao dia, conforme descrito para o grupo de número 2, utilizando o aparelho Diodo (AsGa – AsGaAl) , com comprimento de onda de 660ηm, vermelho, com potência de saída de 30mW, em aplicações pontuais de 7,5 joules de fluência por centímetro quadrado, diariamente, por 10 dias consecutivos, a partir do aparecimento da lesão. Os pacientes utilizaram óculos protetores e as manoplas foram recobertas com película de pvc . A evolução clínica dos pacientes foi acompanhada, diariamente, utilizando-se a escala WHO e registradas em ficha de pesquisa (anexo A) e fotografias foram feitas a cada 3 dias, com máquina fotográfica digital. 4.11. QUIMIOTERAPIA A admissão do paciente ao Serviço de Transplante de Medula Óssea obedece um protocolo especial, que consta de rigorosa avaliação médica, clínica, laboratorial, seguida de conferência entre o paciente e seus familiares e assinatura do termo de consentimento. O esquema de condicionamento consta de muitos medicamentos e aqui só relatamos os antineoplásicos : - Bussulfano nos dias -7, -6, -5, -4 - Ciclofosfamida no dia -3 - Ciclofosfamida no dia -2 - Ciclofosfamida no dia 0 - Metotrexate no dia +1 - Metotrexate no dia +3 - Metotrexate no dia +6 - Metotrexate no dia +11 dias anteriores ao TMO } dia do TMO dias posteriores ao TMO Esses antineoplásicos são prescritos pelos médicos, em função da área de superfície corporal, calculada de acordo com a relação peso /altura do paciente. 4.12. RADIOTERAPIA As sessões de radioterapia eram realizadas, diariamente, de 2ª às 6ª feiras, de acordo com o planejamento de cada paciente. A dose diária de irradiação, em todos os pacientes, foi prescrita entre 180 e 200 cGY, em até 40 dias de tratamento. As áreas irradiadas eram paralelas e opostas na região cervico-facial e uma outra área anterior, onde a irradiação ionizante incidia, diretamente, nas fossas supraclaviculares. 4.13. AVALIAÇÃO E GRADAÇÃO DA MUCOSITE Para avaliação da mucosite bucal foi utilizado o critério de toxicidade aguda da World Health Organization – WHO, descrita por MILLER et al. (1981). + 5 Grau WHO ) 6 7 . Gravidade das lesões 0 Sem evidência de mucosite 1 Eritema: lesões pouco sintomáticas 2 Eritema: úlceras; pode ingerir sólidos 3 Eritema: úlceras; só pode ingerir líquidos 4 Úlceras confluentes; alimentação não é possível Os pacientes foram examinados, diariamente, para que o diagnóstico das lesões de mucosite bucal, gradação e tratamento fossem iniciados no primeiro dia do aparecimento das mesmas. ! 8 85 6 7 . ! 8' 89 ! 8 :8 6 8 7 . 6 7 . Apesar da escala de gradação da “World Health Organization” ser amplamente utilizada e referendada para a mucosite bucal, criamos também, para este estudo, uma escala de gradação (TABELA 2) onde o objetivo foi observar somente o aspecto macroscópico da lesão de mucosite. + 5 - # ) Grau 6 Gravidade das lesões de mucosite bucal Ausência de mucosite Eritema Eritema: úlceras focais Eritema; úlceras difusas 5. RESULTADOS 5.1. ANÁLISE ESTATÍSTICA A comparação entre os resultados terapêuticos obtidos pelos diferentes protocolos foi realizada por análise gráfica de curva de Kaplan-Meier (curva tempo versus evento) e pelo teste de long-rank (Cox-Mantel) para análise univariada (CLAYTON E HILLS, 1993). Para esta análise, foi utilizado o programa de computador KMSurv, desenvolvido por Campos – FILHO E FRANCO (1988). O nível de significância estatística foi determinado em 95% (p < 0,05). Dois parâmetros foram utilizados para avaliação dos resultados terapêuticos obtidos: I - Melhora clínica: foi considerada quando o paciente evoluiu a mucosite do grau II, III e IV da escala WHO, consideradas de maior morbidade, para os graus 0 e I da mesma escala, durante os dez dias de tratamento. No grupo 1, a maioria dos pacientes tratados, não experimentou melhora clínica durante os dez dias de tratamento com o enxaguante bucal e um deles relatou náuseas. Estes resultados estão expressos no QUADRO 1. ; 9 ) < = <= > ? 6 6 Dia do tratamento Pacientes Grupo 1 1º 2º 3º 4º 5º 6º 7º 8º 9º 10º Pac 1 WHO WHO WHO WHO WHO WHO WHO WHO WHO WHO Pac 2 WHO WHO WHO WHO WHO WHO WHO WHO WHO WHO Pac 3 WHO WHO WHO WHO WHO WHO WHO WHO WHO WHO Pac 4 WHO WHO WHO WHO WHO WHO WHO WHO WHO WHO Pac 5 WHO WHO WHO WHO WHO WHO WHO WHO WHO WHO Pac 6 WHO WHO WHO WHO WHO WHO WHO WHO WHO WHO Pac 7 WHO WHO WHO WHO WHO WHO WHO WHO WHO WHO 4 2 3 3 3 3 3 4 2 3 3 3 3 3 4 2 3 2 3 3 3 4 2 3 2 3 3 3 4 2 3 1 3 3 3 4 2 3 1 3 3 3 4 2 3 1 3 3 3 4 2 3 0 3 3 Legenda: Graduação da lesão segundo critério da World Health Organization - WHO WHO Maior morbidade WHO Maior morbidade WHO Maior morbidade WHO Melhora clínica WHO Melhora clínica 4 3 2 1 0 3 4 1 3 0 3 0 3 4 1 3 0 2 0 3 No grupo 2, metade dos pacientes tratados com enxaguante bucal e laser de baixa intensidade, experimentou melhora clínica em até 5 dias do tratamento, sendo que três relataram náuseas e, em um paciente, foi observada xerostomia. Estes resultados são mostrados no QUADRO 2. ; 9 # ) < = > ? <= 6 6 6 > Dia do tratamento Pacientes Grupo 2 1º 2º 3º 4º 5º 6º 7º 8º 9º 10º Pac 1 WHO WHO WHO WHO WHO WHO WHO WHO WHO WHO Pac 2 WHO WHO WHO WHO WHO WHO WHO WHO WHO WHO Pac 3 WHO WHO WHO WHO WHO WHO WHO WHO WHO WHO Pac 4 WHO WHO WHO WHO WHO WHO WHO WHO WHO WHO Pac 5 WHO WHO WHO WHO WHO WHO WHO WHO WHO WHO Pac 6 WHO WHO WHO WHO WHO WHO WHO WHO WHO WHO 3 3 3 3 3 3 3 3 2 3 3 3 3 3 1 3 3 3 1 3 1 2 3 2 1 3 0 2 3 0 1 2 0 2 2 0 1 2 0 1 2 0 1 2 0 1 1 Legenda: Graduação da lesão segundo critério da World Health Organization - WHO WHO Maior morbidade WHO Maior morbidade WHO Maior morbidade WHO Melhora clínica WHO Melhora clínica 4 3 2 1 0 0 1 2 0 1 1 0 1 2 0 1 1 0 No grupo 3, metade dos pacientes tratados com laser de baixa intensidade, experimentou melhora clínica em até cinco dias do tratamento. Os pacientes toleraram bem o tratamento de irradiação com o laser de baixa intensidade, não relatando efeitos indesejáveis. Os resultados são mostrados no QUADRO 3. ; 9 2 ) < = <= 6 6 > Dia do tratamento Pacientes Grupo 3 1º 2º 3º 4º 5º 6º 7º 8º 9º 10º Pac 1 WHO WHO WHO WHO WHO WHO WHO WHO WHO WHO Pac 2 WHO WHO WHO WHO WHO WHO WHO WHO WHO WHO Pac 3 WHO WHO WHO WHO WHO WHO WHO WHO WHO WHO Pac 4 WHO WHO WHO WHO WHO WHO WHO WHO WHO WHO Pac 5 WHO WHO WHO WHO WHO WHO WHO WHO WHO WHO Pac 6 WHO WHO WHO WHO WHO WHO WHO WHO WHO WHO Pac 7 WHO WHO WHO WHO WHO WHO WHO WHO WHO WHO Pac 8 WHO WHO WHO WHO WHO WHO WHO WHO WHO WHO 3 3 3 3 3 3 2 3 3 3 3 3 3 3 2 3 3 3 3 3 3 2 2 3 2 3 3 2 3 1 2 2 2 2 2 1 1 1 1 2 2 2 2 0 0 1 1 2 Legenda: Graduação da lesão segundo critério da World Health Organization - WHO WHO Maior morbidade WHO Maior morbidade WHO Maior morbidade WHO Melhora clínica WHO Melhora clínica 4 3 2 1 0 2 2 2 0 0 1 1 2 1 2 2 0 0 1 1 2 1 2 2 0 0 1 1 1 1 2 2 0 0 1 1 1 II - Início da melhora clínica: foi considerado como sendo dado significativo o momento em que as lesões evoluíram do grau em que foram inicialmente diagnosticadas para o grau imediatamente inferior (de menor morbidade). Nesse momento observa-se tênue reepitelização, delimitação de úlceras e coloração próxima da normal. No grupo 1, melhora clínica a mucosite bucal da maioria dos pacientes, não apresentou até o oitavo dia do tratamento, como pode ser observado no QUADRO 1. No grupo 2, a melhora clínica começou a ser observada a partir do segundo dia de tratamento em um paciente. No 6º dia já era observada em todos os pacientes. Esses resultados são mostrados no QUADRO 2. No grupo 3, a maioria dos pacientes apresentou melhora clínica, a partir do quinto dia de tratamento como pode ser visto no QUADRO 3. A comparação entre os resultados terapêuticos obtidos nos diferentes protocolos terapêuticos está expressa graficamente (GRÁFICO 1). @ ' ) ' * 3 Quando o parâmetro de evolução clínica é observado, nota-se claramente, que o emprego do laser de baixa intensidade no tratamento da mucosite bucal propicia melhores resultados no manejo da lesão. Essa observação não é , contudo, significativa estatisticamente (p= 0,11), provavelmente, pelo reduzido número de casos clínicos analisados Entretanto, diferença estatisticamente significativa (p< 0,001) é observada quando as terapias são comparadas quanto à eficiência, na obtenção de melhora clínica (GRÁFICO 2). @ ' # 4 = = = ( 5.2. CASO CLÍNICO (Gradação proposta pelos autores) As figuras a seguir, ilustram o resultado macroscópico da mucosite de um paciente submetido ao Protocolo Terapêutico 2, durante, 10 dias de tratamento. 5B 5A Mucosite Bucal Grau III: 1º dia - Grupo 2 ! A A5 ' = 4 & 5D 5C Mucosite Bucal Grau III: 2º dia - Grupo 2 ! A' A9 ' Mucosite Bucal Grau III : 1º dia - Grupo 2 = A ' 4# 2 & = 48 & Mucosite Bucal Grau III: 3º dia - Grupo 2 5E Mucosite Bucal Grau III : 4º dia - Grupo 2 De acordo com a gradação proposta pelos autores, o aspecto macroscópico das lesões de mucosite durante os dez dias de tratamento no grupo 1, está expressa no QUADRO 4. ; 9 8 ) < = 6 > ? 6 ( "? % ? Dia do tratamento Grupo 1 1º 2º 3º 4º 5º 6º Pac 1 Pac Pacientes 2 Pac 3 Pac 4 Pac 5 Pac 6 Pac 7 Legenda: Graduação da lesão segundo critério dos autores. Eritema; úlceras difusas Eritema; úlceras focais Eritema Ausência de mucosite 7º 8º 9º 10º O QUADRO 5 demonstra os achados macroscópicos nos pacientes do grupo 2, quando, graduados com a escala proposta pelos autores. ; 9 A) < > ? = 6 6 6 > "? ( # %: ? Dia do tratamento Grupo 2 1º 2º 3º 4º 5º 6º Pac 1 Pac Pacientes 2 Pac 3 Pac 4 Pac 5 Pac 6 Legenda: Graduação da lesão segundo critério dos autores. Eritema; úlceras difusas Eritema; úlceras focais Eritema Ausência de mucosite 7º 8º 9º 10º Os pacientes do grupo 3 que foram tratados com laser de baixa intensidade têm o aspecto macroscópicos da mucosite registrado no QUADRO 6. ; 9 B ) < = 6 > 6 "? ( 2% ? Dia do tratamento Grupo 3 1º 2º 3º 4º 5º 6º Pac 1 Pac 2 Pac Pacientes 3 Pac 4 Pac 5 Pac 6 Pac 7 Pac 8 Legenda: Graduação da lesão segundo critério dos autores. Eritema; úlceras difusas Eritema; úlceras focais Eritema Ausência de mucosite 7º 8º 9º 10º Em relação a escala de gradação proposta pelos autores não houve diferença estatisticamente significativa na cicatrização, quando comparados os três tipos de protocolos aplicados (p=0,716). Esses resultados podem ser vistos no GRÁFICO 3. @ ' 2 ) 93 ? 3 < ( 4 & 6. DISCUSSÃO A mucosite bucal é um efeito colateral importante, decorrente do tratamento antineoplásico, seja por radioterapia, ou por quimioterapia ou as duas formas concomitatemente. A presença da mucosite, além de interferir nos regimes de tratamento do câncer, predispõe o paciente a outros tipos de complicações, como dores intensas, infecções oportunistas, desnutrição devido à baixa ingestão oral, dificuldade com a expressão verbal, hospitalização prolongada, que culminam na queda da sua qualidade de vida. Essas variações clínicas e patológicas influenciam o estado geral do paciente com câncer, devido às mudanças nas funções associadas com a mucosa normal. A mucosa bucal normal garante a redução de colonização de microorganismos e limita a penetração de compostos pela manutenção da barreira imunológica. Virtualmente, todos os componentes do sistema imunológico são evidenciados na mucosa bucal e incluem células T, células B, “NK cells” e mastócitos. A redução no número destes componenentes aumenta, sobremaneira ,o risco de infecção. Existem muitos medicamentos tópicos para reduzir os sintomas da mucosite, porém, a eficácia de todos eles não é bem conhecida, como mostra a literatura. Medicamentos sistêmicos, também, são indicados , contudo efeitos indesejáveis são inerentes, tornando necessária a utilização de outras drogas para minimizá-los. Uma das maiores dificuldades para o tratamento eficaz da mucosite bucal é a gradação da mesma. A escala mais utilizada é a da “Word Health Organization”, porém ela prioriza os sintomas subjetivos. Nem sempre a apresentação clínica da mucosite corresponde aos sinais e sintomas preconizados na escala. Neste estudo, observamos pacientes com eritema bucal, ausência de úlceras, dor intensa e impossibilitados de ingerir alimentos. Entretanto, alguns pacientes apresentaram eritema, úlceras, dor e capacidade de ingerir alimentos. Outra escala de gradação da mucosite é da “OMAS – Oral Mucositis Assessment Scale” , onde as lesões são mensuradas nos sítios anatômicos como lábios, mucosas jugal direita e esquerda, assoalho bucal e outras áreas, sendo as lesões medidas em centímetros quadrados. Essa é uma escala observacional e de utilização difícil, devido à dificuldade encontrada em examinar os pacientes, especialmente, os de transplante de medula óssea, que reclamam muita dor. A escala da “WCCNR - Western Consortion for Cancer Nursing Research”, também, é uma escala observacional onde as lesões são registradas, levando em consideração o tamanho, a cor e o sangramento das mesmas. Nessa escala, a medição das lesões, em nossa opinião, torna-se difícil devido a dor e a presença de sangramento. Devido às dificuldades observadas, nas escalas citadas, e para preservar o paciente de manipulação, muitas vezes desnecessárias, utilizamos uma escala observacional de gradação simples, porém objetiva, onde as lesões foram descritas em quatro graus: ausência de mucosite, eritema, úlceras focais e úlceras difusas. O objetivo dessa escala foi comparar, entre os protocolos terapêuticos aplicados, somente a evolução do aspecto macroscópico da mucosite. Ao afastarmos os dados subjetivos, observamos através de análise estatística, que não houve diferenças na evolução da mucosite, entre os três protocolos terapêuticos aplicados. Provavelmente, esse achado se deve ao grande número de pacientes do grupo 1 (que utilizaram somente o enxaguante bucal), que não apresentavam úlceras no primeiro dia de tratamento. Em nosso estudo, a mucosite bucal foi tratada com três protocolos terapêuticos, conforme descrito na metodologia. A difenidamina é um antihistamínico bloqueador H1, que evita as respostas mediadas, unicamente, pela histamina. A histamina é uma amina vasoativa importante na mediação dos primeiros eventos da inflamação, onde o envolvimento principal são de vênulas póscapilares de tamanhos pequeno e médio. Ao se inibir a vasodilatação, nos primeiros momentos da inflamação aguda, a permeabilidade e o edema são diminuídos, ocasionando alívio da pressão sobre as terminações nervosas sensitivas (TROWBRIDGE e ROBERT 1996; CONTRAN, 2000). Apesar das ações farmacológicas da difenidramina, a diminuição da dor observada nos pacientes do grupo 1 foi efêmera, e por nós atribuída à ação analgésica local da lidocaína viscosa contida na formulação do enxaguante bucal utilizado. É necessário ressaltar que a prescrição de analgésicos era realizada, rotineiramente, pelos médicos oncologistas, não só para aliviar a dor causada pela mucosite como, também, para outras dores inerentes à doença de base dos pacientes. No grupo 1, a maioria dos pacientes reclamou de odinofagia e disfagia, durante os dez dias de tratamento. Os pacientes que ficaram nauseados com o uso do enxaguante bucal, haviam sofrido condicionamento quimioterápico para transplante de medula óssea e, nesse caso, a náusea não é incomum. Infecções por fungos e vírus não foram evidenciadas nos dez dias de tratamento. A demora observada na obtenção da melhora clínica, nos pacientes do grupo 1, apenas com o uso do enxaguante não encoraja esta forma de tratamento da mucosite. Os pacientes que receberam aplicação de laserterapia de baixa intensidade relataram melhora da dor na boca coincidente com o início da epitelização das úlceras bucais. Relataram melhoras da disfagia e sentiram-se mais animados para conversar; entretanto, continuavam reclamando odinofagia, durante os dez dias de tratamento e a prescrição de medicação para dor se fez necessária. Esses dados sugerem que houve ação benéfica nas áreas irradiadas pelo laser de baixa intensidade. Em nosso estudo, a aplicação do laser de baixa intensidade reduziu o tempo de gravidade da mucosite bucal, nos pacientes do grupo 2 e nos pacientes do grupo 3, quando comparado com o tempo de gravidade dos pacientes do grupo 1. Este resultado está de acordo com os de Barasch; Peterson; Tanzer et al. (1995), que encontraram redução da duração da mucosite bucal, ao utilizar a laserterapia de baixa intensidade, para investigar a incidência de mucosite bucal, em pacientes submetidos à quimioterapia. Nossos resultados, também, estão de acordo com os obtidos por Bensadoun; Franquin; Ciais et al. (1999). Esses autores utilizaram o laser de baixa intensidade como recurso na prevenção da mucosite bucal, em pacientes radioionizados na cabeça e pescoço e observaram que a gravidade e o tempo de duração das lesões de mucosites tiveram diminuição, estatisticamente significativa. Em nosso estudo, a 1ª observação na evolução clínica coincide com o início da melhora clínica, ou seja, o momento em que as lesões tiveram a cicatrização iniciada. Provavelmente, esse dado sugere que a irradiação com o laser de baixa intensidade tenha estimulado a síntese de colágeno e favorecido o processo de cicatrização das lesões, como foi evidenciado por Schneider-Pourreau; Ahmed; Soudry et al. (1990), em estudo in vivo com humanos. Neste estudo, a melhora clínica da mucosite bucal foi observada mais cedo, nos pacientes dos grupos 2 e 3. Embora, ainda tivessem ulcerações bucais, relataram conforto bucal, que se manifestou na possibilidade ou melhora da ingestão oral, na expressão verbal e na redução acentuada da dor, resultando em melhoria na qualidade de vida desses pacientes. Nossos resultados sugerem que o laser de baixa intensidade teve ação benéfica no tratamento da mucosite bucal. Sendo esta, uma forma não farmacológica de tratamento e bem tolerada pelos pacientes, incentivamos a continuidade deste trabalho de pesquisa. 7. CONCLUSÃO Os resultados obtidos deste estudo permitem concluir que: - Houve diferenças, estatisticamente, significativas na eficiência dos três protocolos terapêuticos utilizados no tratamento da mucosite bucal induzidas por radio e quimioterapia. - A associação do laser de baixa intensidade com o enxaguante bucal, ou a utilização isolada do laser de baixa intensidade, mostrou ser mais eficiente que a aplicação única do enxaguante bucal, no tratamento da mucosite. - A gradação da escala WHO para mucosite bucal mostrou-se satisfatória, embora seu componente subjetivo possa contribuir para apresentar a mesma gradação para mucosites com aspectos clínicos diferentes. ! ! " " ! 8. 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Prof...................................................Nacionalidade............................................... Naturalidade.................................................Procedência...................................... Endereço............................................................................................................... Tel......................................Cônjuge...................................................................... Prof.......................................................................................Tel............................ Hospital.................................................................................................................. Oncologista............................................................................................................ Diagnóstico............................................................................................................ Tratamento Quimioterápico iniciado em ......./....../....... Drogas usadas....................................................................................................... ............................................................................................................................... TMO em ......./......./........ Exame Clínico - avaliação das lesões de mucosite Dia do aparecimento da 1ª lesão Data....../......./...... Dia D + ........... Escala da WHO (Miller et al. 1981) Grau Gravidade das lesões 0 Sem evidência de mucosite 1 Eritema: lesões pouco sintomáticas 2 Eritema: úlceras; pode ingerir sólidos 3 Eritema: úlceras; só pode ingerir líquidos 4 Úlceras confluentes; alimentação não é possível " # Lesões de mucosite Localização Data Lábio superior Lábio inferior Mucosa labial S Mucosa labial I Mucosa jugal D Mucosa jugal E Língua dorso Língua lateral D Língua lateral E Língua ventre Assoalho bucal Palato duro Palato mole Gengiva Grau WHO Gradação da mucosite bucal de acordo com os pesquisadores GRAU Gravidade das lesões de mucosite bucal 0 Ausência de mucosite I Eritema II Eritema, úlceras focais III Eritema, úlceras difusas DIA GRAU 1º 2º 3º 4º 5º 6º 7º 8º 9º 10º " # Ficha de pesquisa HOSPITAL LUXEMBURGO Ficha de Pesquisa nº________ data: ......./......./....... Nome..................................................................................................................... Nasc.........................Est.Civil......................Sexo..............Cor............................... Prof...................................................Nacionalidade............................................... Naturalidade.................................................Procedência...................................... Endereço............................................................................................................... Tel......................................Cônjuge...................................................................... Prof.......................................................................................Tel............................ Hospital................................................................................................................... Oncologista............................................................................................................ Diagnóstico............................................................................................................ Tratamento Quimioterápico iniciado em ......./....../....... Drogas usadas..................................................................................................... ............................................................................................................................... Tratamento Radioterápico iniciado em ......../......./........ Protocolo................................................................................................................ ............................................................................................................................... Exame Clínico - avaliação das lesões de mucosite Dia do aparecimento da 1ª lesão Data....../......./...... Escala da WHO (Miller et al. 1981) Grau Severidade das lesões 0 Sem evidência de mucosite 1 Eritema: lesões assintomáticas (Ela) - Eritema: ardência (Eard) 2 Eritema: úlceras; pode ingerir sólidos 3 Eritema: úlceras; só pode ingerir líquidos 4 Úlceras confluentes; alimentação não é possível " # Lesões de mucosite Localização Data Lábio superior Lábio inferior Mucosa labial S Mucosa labial I Mucosa jugal D Mucosa jugal E Língua dorso Língua lateral D Língua lateral E Língua ventre Assoalho bucal Palato duro Palato mole Gengiva Grau WHO Gradação da mucosite bucal de acordo com os pesquisadores GRAU Gravidade das lesões de mucosite bucal 0 Ausência de mucosite I Eritema II Eritema, úlceras focais III Eritema, úlceras difusas DIA GRAU 1º 2º 3º 4º 5º 6º 7º 8º 9º 10º " # Tratamento das lesões de mucosite Enxaguante bucal Observações.................................................................................................................. ........................................................................................................................................ ........................................................................................................................................ 1º dia - data.................................................................................................................... 2º dia - data.................................................................................................................... 3º dia - data.................................................................................................................... 4º dia - data.................................................................................................................... 5º dia - data.................................................................................................................... 6º dia - data.................................................................................................................... 7º dia - data.................................................................................................................... 8º dia - data.................................................................................................................... 9º dia - data.................................................................................................................... 10º dia - data.................................................................................................................. Aplicação do laser de baixa intensidade e enxaguante bucal Observações.................................................................................................................. ........................................................................................................................................ ........................................................................................................................................ 1º dia - data.................................................................................................................... 2º dia - data.................................................................................................................... 3º dia - data.................................................................................................................... 4º dia - data.................................................................................................................... 5º dia - data.................................................................................................................... 6º dia - data.................................................................................................................... 7º dia - data.................................................................................................................... 8º dia - data.................................................................................................................... 9º dia - data.................................................................................................................... 10º dia - data.................................................................................................................. Aplicação do laser de baixa intensidade Observações.................................................................................................................. ........................................................................................................................................ ........................................................................................................................................ 1º dia - data.................................................................................................................... 2º dia - data.................................................................................................................... 3º dia - data.................................................................................................................... 4º dia - data.................................................................................................................... 5º dia - data.................................................................................................................... 6º dia - data.................................................................................................................... 7º dia - data.................................................................................................................... 8º dia - data.................................................................................................................... 9º dia - data.................................................................................................................... 10º dia - data.................................................................................................................. Fotos: 1ª foto em...../....../..... 2ª foto em...../....../...... 3ª foto em....../....../...... " # 9.2. ANEXO B - TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO Título do Projeto: Evolução Clínica da Mucosite Bucal Utilizando Enxaguante Bucal e Laser de Baixa Intensidade. Este termo de consentimento pode conter palavras que você não entenda. Peça ao pesquisador que explique as palavras ou informações que você não entenda completamente. 1. Introdução Você está sendo convidado (a) a participar de um projeto de pesquisa. Se você decidir participar dele, é importante que você leia estas informações sobre o estudo e seu papel nesta pesquisa. Você também precisa entender a natureza e os riscos da sua participação e dar o seu consentimento livre e esclarecido por escrito. Sua decisão em participar é totalmente voluntária, ou seja, só depende de você. 2. Objetivo O presente estudo tem como objetivo avaliar a influência da terapia a laser de baixa intensidade e enxaguante bucal na mucosite direta, em pacientes que estão se subemetendo a tratamento quimioterápico e/ou radioterápico de doenças neoplásicas. 3. Procedimentos do Estudo Se concordar em participar deste estudo você será solicitado a: Responder uma ficha de pesquisa que será fornecida pelo dentista pesquisador. Ser examinado pelo dentista pesquisador para verificar a condição de saúde bucal e necessidade de tratamento. 4. Riscos e desconfortos Os riscos e desconfortos aos quais você irá se submeter são os mesmos existentes em qualquer procedimento da mesma natureza: durante a laserterapia de baixa intensidade a abertura da boca, poderá ser desconfortável para introdução da manopla do aparelho de laser, devido a presença das lesões de mucosite. Desconforto igual poderá ser observado durante os procedimentos de fotografias. Os bochechos com o enxaguante bucal poderão provocar gosto ruim (metálico, por exemplo) ou náuseas. Estes desconfortos inerentes a presença da mucosite serão atenuados gradativamente a medida que os protocolos terapêuticos forem sendo utilizados. 5. Benefícios A participação nesta pesquisa não acarretará nenhuma espécie de gasto para você, sendo totalmente gratuita. O conhecimento que você adquirir a partir da sua participação na pesquisa poderá beneficia-lo com informações e orientações futuras em relação ao seu problema/ tratamento/situação de vida, especialmente em relação à modificação de hábitos de vida, alimentação, " # trabalho e um melhor conhecimento de fatores de risco sobre a sua doença beneficiando-o de forma direta ou indireta. As informações obtidas por meio do estudo poderão ser importantes para a descoberta de novos tratamentos / técnicas, capazes de diminuir os problemas existentes em relação ao objeto pesquisado. As consultas, os procedimentos relacionados ao estudo e a terapêutica utilizada no tratamento das mucosites bucais serão inteiramente gratuitos e se algum problema for diagnosticado, você será encaminhado para tratamento apropriado pela equipe médica que cuida da sua doença de base, no hospital onde você realiza seu tratamento antineoplásico. 6. Tratamento alternativo A participação neste estudo é voluntária e você tem o direito de não participar ou desistir do mesmo a qualquer momento, sem penalidades ou perda dos benefícios a que tenha direito. Se você decidir não participar deste estudo, existem outros tratamentos disponíveis para o seu caso. Você também poderá ser desligado do estudo a qualquer momento sem o seu consentimento nas seguintes situações: Caso você não use ou siga adequadamente as orientações/tratamento em estudo. Caso você sofra efeitos indesejáveis sérios não esperados. Caso o estudo termine. Se você decidir não participar deste estudo, você receberá o tratamento para o seu problema / doença (mucosites bucais induzidas por drogas anti- neoplásicas), de acordo com a equipe médica que cuida da sua doença de base, pertencente ao hospital onde você realiza seu tratamento antineoplásico. 7. Custos/ Reembolso Você não terá nenhum gasto com a sua participação no estudo. A medicação, as consultas, os exames e todo o tratamento serão gratuitos. Você não receberá nenhum pagamento pela sua participação. Você não receberá cobrança por nenhum tratamento e exame adicional ou qualquer outro procedimento feito durante o estudo. 8. Responsabilidade Efeitos indesejáveis são possíveis em qualquer estudo de pesquisa, apesar de todos os cuidados possíveis, e podem acontecer sem que a culpa seja sua ou dos profissionais. Mas, outros efeitos indesejáveis também podem ocorrer. Se você adoecer ou sofrer efeitos indesejáveis como resultado direto da sua participação neste estudo, a necessária assistência profissional (médica e odontológica) será dada a você. 9. Caráter confidencial dos registros Algumas informações obtidas a partir de sua participação neste estudo não poderão ser mantidas estritamente confidenciais. Além dos profissionais de saúde que estarão cuidando de você, agências governamentais locais, o Comitê de Ética em Pesquisa da instituição onde o estudo está sendo realizado, o patrocinador do estudo e seus representantes podem precisar consultar seus registros, Você não será identificado quando o material de seu registro for utilizado, seja para propósitos de publicação científica ou educativa. Ao assinar este consentimento informado, você autoriza as inspeções de seus registros. " # 10. Participação É importante que você esteja consciente de que a participação neste estudo de pesquisa é completamente voluntária e de que você pode recusar-se a participar ou sair do estudo a qualquer momento sem penalidades ou perda de benefícios aos quais você tenha direito de outra forma. Em caso de você decidir retirar-se do estudo, você deverá notificar ao profissional e/ou pesquisador que esteja atendendoo. A recusa em participar ou a saída do estudo não influenciarão seus cuidados na PUC/MG. 11. Para obter informações adicionais Nós o estimulamos a fazer perguntas a qualquer momento do estudo. Caso você venha a sofrer alguma reação adversa ou danos relacionados ao estudo, ou tenha mais perguntas sobre o estudo, por favor, ligue para Dra. Ana Maria Rebouças Rodrigues no telefone (31) 33 19 43 41. Se você tiver perguntas com relação aos seus direitos como participante do estudo clínico, você poderá contatar uma terceira parte / pessoa, que não participa desta pesquisa no Comitê de Ética em Pesquisa da PUC/MG, pelo telefone (31)33 19 42 29. 12. Declaração de consentimento Li ou alguém leu para mim as informações contidas neste documento antes de assinar este termo de consentimento. Declaro que fui informado sobre os métodos e meios de administração do medicamento em estudo a ser utilizado, as inconveniências, riscos, benefícios e efeitos adversos que podem vir a ocorrer em conseqüência dos procedimentos e do medicamento. Declaro que tive tempo suficiente para ler e entender as informações acima. Declaro também que toda a linguagem técnica utilizada na descrição deste estudo de pesquisa foi satisfatoriamente explicada e que recebi respostas para todas as minhas dúvidas. Confirmo também que recebi uma cópia deste formulário de consentimento. Compreendo que sou livre para me retirar do estudo em qualquer momento, sem perda de benefícios ou qualquer outra penalidade. Dou meu consentimento de livre e espontânea vontade e sem reservas para participar como paciente deste estudo. ______________________________________ Nome do participante (letra de forma) _______________________________________ Assinatura do participante ou representante legal __________________ Data Atesto que expliquei cuidadosamente a natureza e o objetivo deste estudo, os possíveis riscos e benefícios da participação no mesmo, junto ao participante e/ou seu representante legal autorizado. Acredito que o participante e/ou seu representante recebeu todas as informações necessárias, que foram fornecidas em uma linguagem adequada e compreensível e que ele/ela compreendeu essa explicação. _______________________________________ Assinatura do pesquisador __________________ Data " # 9.3. ANEXO C - DOCUMENTOS DE APROVAÇÃO DO COMITÊ DE ÉTICA " # " #