Revista Iberoamericana de Arritmologia – ria Artigo Original DOI: 10.5031/v1i1.RIA1041 Terá a linha de bloqueio do istmo cavo-tricúspide algum impacto no sucesso da ablação da fibrilhação auricular? Rui Candeias, Pedro Adragão, Diogo Cavaco, Katya R. Santos, António P. Vieira, Francisco B. Morgado, Daniel Bonhorst, Aniceto Silva Resumo A manutenção da fibrilhação auricular (FA) depende da presença de múltiplos circuitos de reentrada nas aurículas. Na ablação da FA, após o isolamento das veias pulmonares (VP), a modificação do substrato pode ser reforçada com a realização de linhas na aurícula esquerda. A adição de linha de bloqueio no istmo cavotricuspídeo (ICT) é controversa, na ausência de flutter atrial típico. O objectivo deste estudo é avaliar se o bloqueio do ICT, após o isolamento das VP, reduz a indutibilidade de taquiarritmias auriculares. Em 29 doentes consecutivos submetidos a isolamento das VP por FA paroxistica ou persistente, a indutibilidade de arritmias auriculares foi testada antes e após a linha de ablação do ICT. As arritmias foram consideradas indutíveis se persistiam por pelo menos 60 segundos. Dos 29 doentes, 26 (90%) tinham arritmia indutível antes da ablação do ICT: FA em 16, flutter auricular (FLA) típico em sete e FLA atípico em três. Após a ablação do ICT apenas 11 (38%) doentes mantiveram indutibilidade de arritmia (p<0,001); FA em nove e FLA atípico em dois. Houve redução significativa da indutibilidade de FA (16 vs 9 / 29, p=0,016) e da indutibilidade combinada de FA e FLA atípico (19 vs 11 / 29, p=0,021). Após um ano de seguimento, 23 doentes (79%) permaneceram livres de recorrência de arritmia. As taxas de sucesso foram de 83% nos doentes sem e 73% nos doentes com arritmia indutível no final do procedimento (p=ns). Correspondência: Rui Candeias Serviço de Cardiologia, Hospital Santa Cruz, Carnaxide, Portugal. www.ria-online.com 67 A ablação do ICT, em adição ao isolamento das VP, reduziu a indução de taquiarritmias auriculares. Palavras chave: Fibrilhação auricular, Ablação por cateter, Istmo cavo-tricúspide. Will cavo-tricuspide isthmus line have some impact on the success of atrial fibrillation ablation? Abstract Atrial fibrillation (AF) maintenance depends on the presence of multiple reentry circuits in the atria. In AF ablation, after pulmonary vein (PV) isolation, substrate modification can be increased by performing linear lesions in the left atrium. The role of adding cavo-tricuspide isthmus (CTI) line of block after PV isolation is controversial. The aim of this study is to evaluate whether a CTI line, after PV isolation, reduces atrial arrhythmias inducibility. In 29 consecutive patients submitted to PV isolation for paroxistic or persistent AF, atrial arrhythmias inducibility was tested before and after CTI ablation, with burst pacing from the proximal coronary sinus. Atrial arrhythmias were considered inducible if they persisted for more than 60 seconds. Of the 29 patients, 26 (90%) had an inducible arrhythmia before CTI ablation: AF in 16; typical atrial flutter (AFL) in seven and atypical AFL in three. After CTI ablation only 11 (38%) patients maintained arrhythmia inducibility (p<0,001): AF in nine and atypical AFL in two. There was a significant reduction of AF inducibility (16 vs 9 / 29, p=0,016) and of combined AF and atypical AFL inducibility (19 vs 11 / 29, p= 0,021). After one year of followup, 23 patients (79%) remained free of arrhythmia recurrence. Success rates were Jan 10 Vol.1 No. 1 Revista Iberoamericana de Arritmologia – ria Artigo Original DOI: 10.5031/v1i1.RIA1041 83% in patients without and 73% in patients with inducible arrhythmia at the end of the procedure (p=ns). A CTI line, in addition to PV isolation, significantly reduced the number of patients with inducible atrial arrhythmias. Key words: Atrial fibrillation, Catheter ablation, Cavo-tricuspide isthmus. INTRODUÇÃO Desde os trabalhos de Moe e colaboradores que é reconhecida a importância de uma massa auricular critica como substrato anatómico para a perpetuação da fibrilhação auricular (FA), dependente da presença de múltiplos circuitos de reentrada nas aurículas (1). No tratamento não farmacológico da FA têm sido propostas várias técnicas para intervir nesse substrato (2,3). O isolamento das veias pulmonares (VP) é actualmente considerado o procedimento de referência na ablação percutânea da FA (4). A não-indutibilidade de arritmias auriculares após a ablação associa-se a maior taxa de sucesso e tem sido usada como critério para concluir o procedimento (5). Linhas adicionais na aurícula esquerda, como a linha do tecto e linha de ablação do istmo mitral, são descritas como eficazes para diminuir a probabilidade de recorrência da FA, quando esta persiste ou é induzida após o isolamento das VP, mas são de execução difícil e com potencial próarritmico (6,7). A linha de bloqueio no istmo cavotricúspide (ICT), validada para o tratamento do flutter auricular típico, pode constituir uma forma alternativa mais fácil e segura de modificação do substrato anatómico, tendo sido publicados resultados contraditórios sobre a sua importância no sucesso da ablação da FA (8,9). A influência desta linha na indutibilidade de arritmias auriculares, incluindo a FA, não foi ainda avaliada. Pretende-se com este estudo avaliar se, em doentes submetidos a ablação percutânea por FA e sem documentação de flutter auricular (FLA), a criação de uma linha de bloqueio no ICT, após o isolamento das VP, reduz a indutibilidade de arritmias auriculares mantidas e de FA mantida em particular. www.ria-online.com 68 MÉTODOS POPULAÇÃO Estudámos todos os doentes submetidos a estudo electrofisiológico (EEF) e ablação percutânea de FA no nosso centro, nos primeiros três meses de 2006, por formas paroxística ou persistente de FA sintomática, refractária a pelo menos um fármaco antiarritmico, e sem documentação prévia de FLA. Não foi suspensa a medicação antiarritmica para a realização do EEF. Foi exigido a todos os doentes pelo menos um mês de anticoagulação eficaz, a medição do valor do INR três dias antes do procedimento e um ajuste da dose de anticoagulante para obter um valor de INR entre 2 e 2,5 durante o procedimento. A todos os doentes foi administrada heparina endovenosa para manutenção de um tempo de coagulação activada superior a 300 segundos durante o procedimento. Todos os doentes realizaram ecocardiograma transesofágico para exclusão de trombos intracardíacos e AngioTAC torácico de 64 cortes para definição da anatomia das veias pulmonares e integração da imagem da aurícula esquerda e veias pulmonares com a imagem obtida pelo sistema de mapeamento electroanatómico ® tridimensional CARTO (CARTO-MERGE ). ESTUDO ELECTROFISIOLÓGICO E ABLAÇÃO Todos os doentes efectuaram isolamento das VP com a criação de duas linhas de ablação circunferenciais na aurícula esquerda ao nível do antro das veias pulmonares, uma linha envolvendo as veias esquerdas e outra envolvendo as veias direitas. O procedimento foi efectuado com utilização do referido sistema de navegação ® CARTO-MERGE e um ou dois cateteres decapolares de mapeamento circunferencial ® (Lasso , Biosense Webster). A energia de radiofrequência foi aplicada com cateter irrigado, com débito de irrigação de 17 ml/min, Jan 10 Vol.1 No. 1 Revista Iberoamericana de Arritmologia – ria Artigo Original DOI: 10.5031/v1i1.RIA1041 com energia não superior a 30 Watts e temperatura não superior a 40ºC na parede posterior da aurícula esquerda e não superior a 43ºC na restante parede auricular. Os critérios utilizados para o isolamento das VP foram os de deconexão eléctrica (10), demonstrada pela abolição ou dissociação dos potenciais das veias pulmonares e confirmada registando bloqueio de saída através da linha de isolamento com estimulação a partir de todos os eléctrodos do cateter Lasso situado sucessivamente nos ostia das 4 veias pulmonares. Em adição ao isolamento das VP, todos os doentes efectuaram uma linha de bloqueio do ICT, utilizando o mesmo cateter de ablação, com débito de irrigação de 20 ml/min, energia não superior a 45 Watts e temperatura não superior a 48ºC, com obtenção de bloqueio ístmico bidireccional, de acordo com critérios previamente descritos (11) (figura 1). Foi testada a indutibilidade de arritmias auriculares em duas fases do procedimento: entre o isolamento das VP e a realização da linha de ablação do ICT e após a realização da linha de ablação do ICT. A técnica de indução utilizada foi a de salvas de 10 segundos de pacing auricular, inicialmente com um ciclo de 300 ms e reduzindo progressivamente até 150 ms ou refratariedade auricular, a partir do seio coronário proximal. A arritmia auricular era considerada indutível se persistisse por pelo menos 60 segundos. As arritmias induzidas foram classificadas após a sua estabilização em FA, FLA típico e FLA atípico. A distinção entre FLA típico e atípico foi efectuada com base no padrão da activação auricular avaliado com os cateteres do seio coronário, feixe de His e cateter de mapeamento e ablação, com recurso em casos de dúvida a mapa de activação electroanatómico. documentação de bloqueio ístmico com estimulação no seio coronário proximal e medição do intervalo até captação do sinal no cateter de ablação posicionado no lado oposto da linha. PCS, MPCS, MDCS e DCS: electrogramas do cateter octapolar posicionado no seio coronário. His e HBEP: electrogramas do cateter quadripolar posicionado junto ao feixe de His. MAP: electrograma do cateter de mapeamento e ablação. RESULTADOS ANÁLISE ESTATÍSTICA As variáveis contínuas são expressas como média ± desvio padrão. Diferenças entre grupos de variáveis categóricas foram avaliadas por teste de Quiquadrado e teste de McNemar. Resultados com valores de p<0.05 foram considerados estatisticamente significativos. Figura 1: Após aplicação de energia de radiofrequência no istmo cavo-tricúspide, www.ria-online.com 69 Foram estudados 29 doentes. Destes, 23 (79%) eram do sexo masculino. A idade média da população era de 54,6 ± 11,4 anos. A FA era paroxistica em 21 doentes (72%) e persistente em oito (28%). Em 11 doentes (38%) havia história de hipertensão arterial, em quatro doentes (14%) de cardiopatia estrutural identificada, doença coronária em dois, prolapso da válvula mitral em um e cardiomiopatia hipertrófica em um, admitindoJan 10 Vol.1 No. 1 Revista Iberoamericana de Arritmologia – ria Artigo Original DOI: 10.5031/v1i1.RIA1041 se nos restantes 14 doentes (48%) a presença de FA isolada. A dimensão média da aurícula esquerda desta população, avaliada por Quadro I. Caracteristicas da população Idade ecocardiograma transtorácico, em modo M, era de 43 ± 6 mm (quadro I). 54,6 ± 11,4 anos Sexo masculino 23 (79%) Forma de fibrilhação auricular Paroxistica Persistente 21 (72%) 8 (28%) Hipertensão arterial Cardiopatia estrutural Doença coronária Prolapso da válvula mitral Miocardiopatia hipertrófica 11 (38%) 4 (14%) 2 1 1 Dimensões da aurícula esquerda em modo M 43 ± 6 mm Figura 2. Indução de fibrilhação auricular mantida, terminada com 1 choque externo, após o isolamento das veias pulmonares e antes da linha de ablação do istmo cavo-tricúspide. PCS, MPCS, MDCS e DCS: electrogramas do cateter octapolar posicionado no seio coronário. Lasso 1 a 10: electrogramas do cateter duodecapolar posicionado na veia pulmonar superior esquerda. MAP: electrograma do cateter de mapeamento e ablação. Quatro doentes encontravam-se em FA no início do procedimento. Destes, em três observou-se conversão a ritmo sinusal durante o isolamento das VP. Em um foi efectuada cardioversão eléctrica a ritmo sinusal após o isolamento das VP. Em 26 dos 29 doentes (90%) foi induzida uma arritmia auricular após o isolamento das VP e antes de se efectuar a linha de ablação do ICT: FA em 16, FLA típico em sete e FLA atípico em três. Em três doentes (10%) não foi induzida www.ria-online.com 70 nenhuma arritmia nesta fase do procedimento. Após a realização da linha de bloqueio do ICT, verificou-se que em apenas 11 dos 29 doentes (38%) foi induzida uma arritmia auricular (p<0,001). Os três doentes sem arritmia indutível antes da execução da linha de ablação do ICT mantiveram a não indutibilidade. Nos 16 doentes em que foi induzida FA, em sete deixou de ser indutível qualquer arritmia, mantendo-se a indução de FA nos restantes nove (figuras 2 e 3). Nos sete Jan 10 Vol.1 No. 1 Revista Iberoamericana de Arritmologia – ria Artigo Original DOI: 10.5031/v1i1.RIA1041 Figura 3. No mesmo doente, após a realização da linha de ablação do istmo cavo-tricúspide, tentativas repetidas de indução de fibrilhação auricular que reverte espontaneamente a ritmo sinusal ao fim de poucos segundos. PCS, MPCS, MDCS e DCS: electrogramas do cateter octapolar posicionado no seio coronário. His e HBEP: electrogramas do cateter quadripolar posicionado junto ao feixe de His. MAP: electrograma do cateter de mapeamento e ablação. doentes em que foi induzido FLA típico, em um foi induzido após a linha de ablação do ICT um FLA atípico, deixando de ser indutível qualquer arritmia nos outros seis. Nos três doentes com indução de FLA atípico em apenas um permaneceu indutível a mesma arritmia, ficando os outros dois sem arritmia indutível. Considerando apenas a FA, verificou-se uma redução significativa da sua indutibilidade com a realização da linha de ablação do ICT (16 vs 9 em 29, p=0,016), sendo igualmente significativa a redução da indutibilidade quando consideradas em conjunto as arritmias FA e FLA atípico (19 vs 11 em 29, p=0,021). Após a consulta de seguimento a um ano, 23 doentes (79%) mantiveram-se sem recorrência de disrritmias. Em seis doentes foram documentados episódios de FA. A taxa de sucesso foi de 83% (15 em 18) nos não indutíveis e de 73% (8 em 11) nos doentes com arritmia indutível no final do procedimento (p=ns). DISCUSSÃO O principal achado deste estudo é que o bloqueio da condução pelo ICT, em adição ao isolamento das VP, em doentes submetidos a ablação percutânea de fibrilhação auricular, www.ria-online.com 71 diminui significativamente a indutibilidade de arritmias auriculares e em particular de FA.Os mecanismos de génese e manutenção da FA, incompletamente esclarecidos, assentam actualmente em duas teorias dominantes: a teoria focal e a teoria dos múltiplos circuitos de reentrada (12,1). Mapeamentos auriculares com múltiplos eléctrodos dão suporte à teoria dos circuitos de reentrada (13). Esta teoria reconhece a massa auricular como um substracto favorecedor da perpetuação da FA, podendo uma maior massa suportar um maior número de circuitos de reentrada. A abordagem cirúrgica para o tratamento da FA baseou-se nesta teoria, criando séries de linhas de bloqueio ao impulso eléctrico para dividir as aurículas esquerda e direita de forma a reduzir a superfície fibrilhatória e impedir a persistência de múltiplos circuitos de reentrada e consequentemente da FA. Com a cirurgia de Maze foram publicadas taxas de sucesso superiores a 90% (2). As primeiras tentativas de ablação percutânea da FA procuraram reproduzir o procedimento cirúrgico de Maze (14). Mais recentemente, em face de menores taxas de sucesso do isolamento das VP percutâneo no tratamento das formas persistente e persistente de longa duração da FA, comparativamente à forma paroxistica, assiste-se a uma recuperação de técnicas iniciais, em complemento ao isolamento das Jan 10 Vol.1 No. 1 Revista Iberoamericana de Arritmologia – ria Artigo Original DOI: 10.5031/v1i1.RIA1041 VP, com a criação de linhas de bloqueio adicionais como forma de intervenção no substrato da FA (15). As linhas mais frequentemente utilizadas têm sido na aurícula esquerda, linhas que conectam os isolamentos das veias pulmonares esquerdas e direitas entre si e com o anel mitral (5). Para serem eficazes estas linhas têm de ser contínuas e transmurais. São tecnicamente difíceis de efectuar e com potencial pró-arritmico, podendo originar flutter ou taquicardia auricular esquerda, de difícil tratamento (6,7). A linha de bloqueio do ICT, utilizada no tratamento do FLA típico, pode ser realizada com elevadas taxas de sucesso e incidência baixa de complicações (11). Pode constituir uma forma de intervenção no substrato anatómico da FA, sendo parte integrante do conjunto de linhas efectuadas no procedimento de Maze. Wazni et al reportaram que, em doentes com documentação de ambos FA e FLA, a taxa de doentes livres de FA a longo prazo era independente de linha de bloqueio do ICT (8). Pelo contrário, numa meta-análise da ablação cirúrgica da FA com seguimento aos três anos, os doentes com procedimentos envolvendo linhas na aurícula direita apresentam melhor sobrevida livre de FA (9). No nosso estudo, a realização da linha de bloqueio do ICT reduziu significativamente a indutibilidade de arritmias auriculares consideradas em conjunto, com estimulação auricular com salvas, com a contribuição para essa redução a provir dos três tipos de arritmias caracterizadas: FA, FLA típico e FLA atípico. Considerando o FLA típico, correspondente a um circuito de macroreentrada dependente do ICT, a criação da linha de bloqueio produziu os resultados electrofisiológicos expectáveis. Adicionalmente, neste estudo, a linha de ablação do ICT teve um impacto significativo na indutibilidade de FA considerada isoladamente e de FA e FLA atípico em associação. A modificação do substrato auricular com a eliminação adicional de um possível circuito de reentrada, circuitos necessários à manutenção da FA, poderá constituir a explicação para os resultados obtidos. A avaliação dos registos intracardíacos dos casos de FLA atípico induzidos revela padrões de www.ria-online.com 72 actividade auricular que organizam a partir de FA inicial e com modificações da sequência de activação auricular durante o FLA, um comportamento electrofisiológico que se aproxima da FA e não de um circuito de reentrada fixo. O alargamento das indicações para a ablação da FA, com a inclusão de um cada vez maior número de doentes com formas persistentes de FA e de doentes com cardiopatia estrutural, obriga a aumentar a complexidade do procedimento de ablação para conseguir boas taxas de sucesso. A escolha de linhas de ablação complementares ao isolamento das VP deverá ter em conta a dificuldade na sua realização e o seu potencial pró-arritmico. A linha de ablação do ICT é tecnicamente simples de efectuar, o bloqueio ístmico facilmente verificável e corrigível quando incompleto e não tem potencial próarritmico significativo conhecido. Estes resultados sugerem que a linha de ablação do ICT constitui uma opção válida na estratégia de ablação percutânea da FA em complemento ao isolamento das VP. Não sendo o objectivo deste trabalho, observamos que, com um seguimento de um ano, a taxa de recorrência de FA foi inferior nos doentes sem arritmia indutível no final do procedimento, apesar de não atingir significado estatístico, possivelmente relacionado com o reduzido número de doentes estudados. CONCLUSÕES A linha de bloqueio do ICT, em adição ao isolamento das VP, reduziu significativamente a indutibilidade de arritmias auriculares em conjunto e de FA em particular em doentes submetidos ablação percutânea por formas paroxistica ou permanente de FA. Estes resultados sugerem que a linha de ablação do ICT poderá ter um papel importante na ablação percutânea da FA, em especial nos doentes em que o isolamento das VP se revele insuficiente para a obtenção do sucesso clinico. Jan 10 Vol.1 No. 1 Revista Iberoamericana de Arritmologia – ria Artigo Original DOI: 10.5031/v1i1.RIA1041 BIBLIOGRAFIA 1. Moe GK, Abildskov JA. Atrial fibrillation as a self sustaining arrhytmia independent of focal discharge. Am Heart J 1959;58:59-70 2. Cox JL, Schuessler RB, D’Agostinho HJ Jr., et al. The surgical treatment of atrial fibrillation: III. Development of a definite surgical procedure. J Thorac Cardiovasc Surg 1991; 101:569-583 3. Schwartzman D, Kuck KH. Anatomy-guided linear atrial lesions for radiofrequency catheter ablation of atrial fibrillation. PACE 1998;21:1959-78 4. 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