PARA RESGATAR A ECONOMIA DO BRASIL, É PRECISO RESGATAR A INOVAÇÃO E O INPI O Brasil vive uma grave crise econômica que não será enfrentada e resolvida de forma sustentável sem que o País, como um todo, encontre uma nova forma de inserção na economia mundial a partir da inovação. Os esforços elogiáveis que realizamos há séculos na produção de comodities, a exploração de nossas riquezas naturais e de nosso mercado interno, já não são suficientes para assegurar ao Brasil condições de desenvolvimento econômico e social e de presença afirmativa no cenário global. A crise vivida pelo Instituto Nacional de Propriedade Industrial (INPI) é um símbolo da dificuldade brasileira para reconhecer e permitir o indispensável papel da inovação. Apesar de sua história longa, do esforço de seus funcionários e da consciência de seus objetivos de estimular a inovação, promover a competitividade e o desenvolvimento tecnológico, econômico e social, o INPI ainda está muito distante de cumprir com suas finalidades. Falta-lhe estrutura humana e material para examinar os pedidos de patentes, marcas e desenhos industriais, bem como, para atender adequadamente à todas as suas atribuições. O Instituto está desestruturado, sem recursos humanos e financeiros, sem possibilidade de investir em capacitação técnica, em condições muito inferiores, portanto, aos escritórios de patente dos países mais inovadores. O Brasil continua nas últimas colocações no ranking mundial de produção de patentes, que pode medir o nível de desenvolvimento econômico, científico, industrial e tecnológico de um país. Hoje, há pedidos de patentes que levam mais de 14 anos para serem examinados. A falta de celeridade na concessão de patentes é uma das maiores barreiras comerciais para empresas que pretendem investir e competir no mercado brasileiro, pois é apenas a concessão da patente que resguarda o direito do titular. O INPI conta hoje com cerca de 190 examinadores de patentes, porém, precisaria ter em torno de ....., para que pudesse examinar os pedidos de patentes, no tempo médio que levam alguns dos escritório de patentes dos países mais inovadores – em torno de 3 anos. O estoque de pedidos de patentes (ou backlog) por examinador no Brasil, em 2013, já chegava a 960 pedidos de patentes, enquanto, nos Estados Unidos e na Europa, no mesmo ano, os estoques por examinadores eram de 77 e 91 processos, respectivamente. Isso significa, que um examinador brasileiro, desde então, já convive com uma fila, com quase 11 vezes mais pedidos de patentes para examinar, de que um colega Europeu1. A carência de recursos é agravada por questões burocráticas mal resolvidas, como a disputa entre a ANVISA e o INPI sobre o papel de cada um no exame dos pedidos de patentes de produtos farmacêuticos, que levou à incrível situação de paralisação da tramitação desses pedidos, já há um bom tempo, por falta de entendimento entre os órgãos de um mesmo Governo. Mais que recursos, faltam autonomia e criatividade para que o Instituto, que é capaz de arrecadar receitas suficientes, possa contratar as pessoas e os serviços necessários. Inventores, empresas, setores econômicos, públicos e privados, especialistas em inovação, e todos os demais que dependem do INPI entendem que não é mais possível esperar. Não é mais possível, que o Brasil pague o prejuízo de tanta demora, causada pela falta de condições, a que os Governos vêm condenando o Instituto. 1http://arquivos.portaldaindustria.com.br/app/conteudo_24/2014/07/22/484/V39_Propriedadeintelectual_web.pdf Por isso, através de seminários, publicações e contatos com as autoridades, é que formadores de opinião alertam para a urgente necessidade de o Brasil olhar para a crise do INPI, e nela ver a própria crise do País, carente de inovação. Sem resgatar o INPI, não resgataremos a inovação. E sem inovação, não sairemos da crise econômica. Assinam esta Carta: Associação Brasileira dos Agentes de Propriedade Industrial (ABAPI), Associação Brasileira de Biotecnologia Industrial (ABBI), Associação Brasileira da Indústria de Higiene Pessoal, Perfumaria e Cosméticos (ABIHPEC), Associação Brasileira da Indústria de Alta Tecnologia de Produtos para Saúde (ABIMED), Associação Brasileira da Indústria do Plástico (ABIPASLT), Associação Brasileira da Indústria de Farmoquímica e de Insumos Farmacêuticos (ABIQUIFI), Associação Brasileira da Indústria Química (ABIQUIM), Associação Brasileira da Indústria Têxtil e de Confecções (ABIT), Associação Brasileira de Propriedade Intelectual (ABPI), Câmara Americana de Comércio (AMCHAM), Associação Nacional de Defesa Vegetal (ANDEF), Associação Nacional de Pesquisa e Desenvolvimento das Empresas Inovadoras (ANPEI), Associação Paulista de Propriedade Intelectual (ASPI), Confederação Nacional da Indústria (CNI), Di Blasi Parente & Associados, Dannemann Siemsen Bigler & Ipanema Moreira, Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (FIESP), Associação da Indústria Farmacêutica de Pesquisa (INTERFARMA), Kasznar Leonardos – Propriedade Intelectual, Montaury Pimenta Machado & Vieira de Mello, União da Indústria de Cana-de-Açúcar (UNICA).