Adelson Junho Santos carvalho Joana Amélia Corrêa Gonçalves Tatyellen Natasha da Costa Oliveira Jonara de Melo Tavares Sistematização da assistência de enfermagem ao paciente portador de linfoma não-Hodgkin com metástase no baço. Belém 2009 Adelson Junho Santos carvalho Joana Amélia Corrêa Gonçalves Tatyellen Natasha da Costa Oliveira Jonara de Melo Tavares Sistematização da assistência de enfermagem ao paciente portador de linfoma não-Hodgkin com metástase no baço. Orientador: Enf. Prof. Anderson Lineu Siqueira dos Santos Belém 2009 2 INTRODUÇÃO 4 JUSTIFICATIVA 5 OBJETIVO GERAL 6 OBJETIVOS ESPECÍFICOS 6 METODOLOGIA 7 LINFOMAS NÃO-HODGKIN 8 EPIDEMIOLOGIA CLASSIFICAÇÃO HISTOPATOLÓGICA ESTADIAMENTO TRATAMENTO PROGNÓSTICO 8 9 10 10 11 ESTUDO DE CASO 12 HISTÓRICO EVOLUÇÃO DE ENFERMAGEM BULÁRIO PRESCRIÇÃO DE ENFERMAGEM 12 12 17 17 ANÁLISE 18 CONSIDERAÇÕES FINAIS 19 BIBLIOGRAFIA 20 3 Introdução Câncer é o nome dado a um conjunto de mais de 100 doenças que têm em comum o crescimento desordenado de células, que invadem tecidos e órgãos. Dividindo-se rapidamente, estas células tendem a ser muito agressivas e incontroláveis, determinando a formação de tumores malignos, que podem espalhar-se para outras regiões do corpo. As causas de câncer são variadas, podendo ser externas ou internas ao organismo. As causas externas referem-se ao meio ambiente e aos hábitos ou costumes próprios de uma sociedade. As causas internas são, na maioria das vezes, geneticamente pré-determinadas, e estão ligadas à capacidade do organismo de se defender das agressões externas. Os tumores podem ter início em diferentes tipos de células. Quando começam em tecidos epiteliais, como pele ou mucosas, são denominados carcinomas. Se o ponto de partida são os vasos linfáticos são denominados de linfomas. Os linfomas são neoplasias malignas, originárias dos gânglios (ou linfonodos), organismos muito importantes no combate a infecções e podem ser classificados em dois grupos principais: Linfoma não - Hodgkin (às vezes registrado como LNH) e Linfoma de Hodgkin (também conhecido como NLH). Os linfomas não Hodgkin (LNH) são neoplasias primárias derivadas de linfócitos, que se apresentam como tumores sólidos, em linfonodos e outras estruturas linfóides extras nodais, como o baço e a medula óssea que são sítios comuns de formação de linfomas fora dos linfonodos, mas algumas pessoas desenvolvem um linfoma no estômago, no fígado ou, raramente, no cérebro. Há mais de 20 tipos diferentes de linfoma não - Hodgkin. Entre os linfomas, é o tipo mais incidente na infância. Por razões ainda desconhecidas, o número de casos duplicou nos últimos 25 anos, principalmente entre pessoas com mais de 60 anos, atingido mais homens do que mulheres. O índice de cura dos linfomas não - Hodgkin é menos de 25% dos casos. Mediante este fato a sistematização da assistência de enfermagem é de fundamental importância, para auxiliar no tratamento do paciente, descrevendo qual cuidado ele deverá receber e como deve ser executado tornado a assistência de enfermagem personalizada, eficiente, eficaz, de qualidade e com segurança. 4 Justificativa Embora o câncer não - Hodgkin afete todos os grupos etários, muitos tipos desta doença acometem pessoa com mais de 60 anos de idade. No geral a incidência é mais elevada em homens atingindo 5% dos casos que nas mulheres que atinge cerca de 4%. Este percentual está relacionado a fatores econômicos, educação e as barreiras para os cuidados de saúde (MURAD, 1996). Baseado nos fatores citados no parágrafo anterior, o estudo feito tem como finalidade conhecer melhor as manifestações clinicas do linfoma não Hodgkin, bem como os sinais e sintomas que ocorrem com o paciente portador para conhecimento pessoal e profissional da patologia, colhendo dados inerentes através de entrevistas assistidas e exames físicos completos, e então executar um plano de ação através do cuidado de enfermagem e um plano de prevenção que sem dúvida é a melhor forma de se evitar o câncer. 5 Objetivo geral Criar um plano de ações de cuidado para realizar a sistematização da assistência de enfermagem à paciente de linfoma não Hodgkin com metástase para o baço. Objetivos específicos Traçar diagnóstico de enfermagem a partir da evolução diária do paciente. Planejar o cuidado com foco nos resultados esperados. Avaliar as ações de enfermagem e respostas do paciente. 6 Metodologia Tipo de estudo: Abordagem qualitativa descritiva do tipo estudo de caso clínico. Ela não é um conjunto de procedimentos que depende fortemente de análise estatística para suas inferências ou de métodos quantitativos para a coleta de dados. Os métodos qualitativos são apropriados quando o fenômeno em estudo é complexo, de natureza social e não tende à quantificação (GLAZIER e POWELL, 1992). Normalmente, são usados quando o entendimento do contexto social e cultural é um elemento importante para a pesquisa. Para aprender métodos qualitativos é preciso aprender a observar, registrar e analisar interações reais entre pessoas, e entre pessoas e sistemas (LIEBSCHER, 2000). Como um dos tipos de pesquisa que normalmente adota uma abordagem qualitativa podemos citar o estudo de caso. Local: Enfermaria cirúrgica do hospital Ophir Loyola. Biblioteca Leontina Gomes, UEPA Campus IV, Av. José Bonifácio nº1489, bairro do Guamá. Via de pesquisa: internet e livros. Informante: Tivemos como informante um portador de linfoma não-Hodgkin com metástase de baço. Tipo de coleta e análise de dados: foi usado como método entrevista de coleta de informações e análise de prontuário. A entrevista se deu com o paciente, onde o mesmo respondia a um questionário de admissão hospitalar e no decorrer dos dias recebia visitas diárias dos acadêmicos para avaliar o avanço da patologia, além de uso do prontuário para verificar a avaliação médica e dados cirúrgicos específicos, não competentes a equipe de enfermagem. Os dados foram divididos por dia e avaliados separadamente, para posteriormente interligar os fatores que poderiam estar associados à patologia e a medicação utilizada pelo paciente. Código de ética (Artigo 196/96): o Conselho Nacional de Saúde edita em outubro de 1996, a resolução 196, a qual aprova diretrizes e normas regulamentadoras de pesquisas envolvendo seres humanos. Fundamenta-se, esta, em seus próprios termos, Nosso estudo foi amparado pelo código de ética que remete a competência do estudante em fazer pesquisas e estudos com pacientes e em campo de prática. 7 Linfomas Não-Hodgkin Os linfomas malignos constituem um grupo altamente complexo de neoplasias. As tentativas de classificar esses transtornos pretenderam relacionar a proliferação maligna às células normais equivalentes, mas, com a sofisticação cada vez maior da morfologia, da imuno-histoquímica e da biologia molecular, tornou-se claro que quase todos os linfomas Não-Hodgkin são proliferações clonais nas quais todas as demais se originam da mesma fonte. Por outro lado, embora a doença de Hodgkin seja uma proliferação clonal das células B (na maioria dos casos), os critérios morfológicos amplos usados para estabelecer diagnóstico podem levar a problemas para diferenciar a doença de Hodgkin (DH) dos linfomas Não-Hodgkin e de lesões reativas. A ampla distribuição do tecido linfóide no corpo resulta em uma variedade de apresentações clínicas, mas também fornece várias fontes para o material diagnóstico. Os linfomas Não-Hodgkin constituem um grupo heterogêneo de doenças neoplásicas de tecido linfóide que, para fins didáticos, são estudadas em conjunto. Entretanto, as manifestações clínicas, a etiologia, a biologia e o tratamento destas diferentes entidades são muito diversos e, portanto, é necessário distinguir e caracterizar os diversos tipos de linfoma, a fim de se poder individualizar e melhorar os resultados do tratamento. Epidemiologia A incidência global do linfoma Não-Hodgkin é de 10-15 casos por 100.000 habitantes, com preponderância masculina. Existem, no entanto, variáveis geográficas consideráveis na prevalência de subtipos específicos. Nos últimos anos, o surgimento da síndrome da imunodeficiência (AIDS) depois da infecção pelo vírus da imunodeficiência humana (HIV) resultou em aumento significativo na suscetibilidade aos transtornos linfoproliferativos, a maioria de grau intermediário ou elevado e de origem nas células B, embora a doença de Hodgkin também possa ocorrer. A incidência do linfoma Não-Hodgkin, porém, parece ter aumentado nos últimos 30 anos, independentemente do crescimento dos casos ligados ao HIV, e ainda não se estabeleceram os agentes causadores para a maioria dos casos. Assume-se que o desenvolvimento de linfomas malignos seja resultado da expansão descontrolada de células que têm um equivalente normal no sistema imunológico, e por isso não surpreende que as células do linfoma tenham características 8 morfológicas e imunofenotípicas iguais à das células T e B normais em vários estados de ativação e proliferação Classificação Histopatológica Os patologistas tentaram unificar e homogeneizar as várias classificações em uso. Não houve consenso total, mas houve o compromisso de se usar, por alguns anos, uma classificação piloto (a Working Formulation for Clinical Usage, ou WF) que deverá ser revista e atualizada a cada tantos anos. Essa classificação visa ser eminentemente de aplicação clínica, mas ao mesmo tempo cientificamente correta e de reprodutibilidade relativamente segura entre os vários centros. A WF confirma o conceito de Rappaport de linfomas “foliculares” e “difusos”, ao mesmo tempo em que divide os linfomas em grupos prognósticos chamados de “baixo”, “intermediário” e “alto” grau, além de um grupo “miscelâneo”. O grupo de baixo grau divide-se em três tipos: Linfocítico de células pequenas, difuso, consistente com leucemia linfóide crônica (linfocítico bem diferenciado de Rappaport); Linfocítico folicular, predominantemente de pequenas células clivadas (linfoma nodular pouco diferenciado de Rappaport); Linfocítico folicular, misto de células pequenas clivadas e células grandes (linfoma nodular misto de Rappaport). O grupo de grau intermediário divide-se em quatro tipos: Linfoma folicular, predominantemente de grandes células (nodular histiocítico de Rappaport); Linfoma difuso de células pequenas clivadas (linfoma linfocítico difuso, pouco diferenciado de Rappaport); Linfoma difuso misto, de células grandes e pequenas (linfoma difuso misto de Rappaport); e Linfoma difuso de grandes células (linfoma histiocítico difuso de Rappaport). O grupo de alto grau divide-se em três tipos: Linfoma difuso de grandes células, imunoblástico (também chamado de linfoma histiocítico difuso por Rappaport); Linfoma linfoblástico de células convolutas ou não-convolutas (linfoma linfoblástico de Rappaport); e 9 Linfoma de células pequenas não-clivadas de Burkitt (linfoma difuso indiferenciado [Burkitt ou não-Burkitt] de Rappaport). Estadiamento Antes de se estabelecer um plano terapêutico, é necessário “estadiar” o paciente, ou seja, constatar o grau de disseminação da doença. Um estadiamento de linfoma deve obedecer a regras básicas, mas em cada caso ele irá variar, dependendo da histologia e do tipo celular encontrado. Assim, sabe-se que a maioria dos linfomas de baixo grau são de estágio III ou IV já ao diagnóstico; por outro lado, uma proporção significativa (3050%) dos linfomas de alto grau, em especial os difusos de grandes células, imunoblásticos, apresenta-se como doença localizada em sua apresentação inicial. Uma vez completados os estudos indicados, o paciente será estadiado de acordo com a Classificação de Ann Arbor, similar à usada na doença de Hodgkin: Classificação de estadiamento de Ann Arbor. Estádio I: doença localizada em uma única região nodal (I) ou num único sítio extranodal (IE). Estádio II: doença localizada em duas ou mais regiões nodais no mesmo lado do diafragma (II), ou em um sítio extranodal mais uma região nodal do mesmo lado do diafragma (IIE). Estádio III: doença localizada em regiões nodais em ambos os lados do diafragma (III), que pode ser acompanhada de envolvimento de um sítio extranodal (IIIE), do baço (IIIS) ou de ambos (IIIE, S). Estádio IV: envolvimento disseminado da doença em órgãos ou tecidos extralinfáticos, com ou sem doença ganglionar associada. Tratamento Levando em consideração a doença primaria: linfoma Não-Hodgkin, a maioria dos linfomas é tratada com quimioterapia, radioterapia, ou ambos. A Quimioterapia, possivelmente com a Radioterapia, é usada em estágios avançados da doença. Se a quimioterapia poderia ser usada em vez da radioterapia para a doença em fases precoces, está sendo avaliado. A imunoterapia está sendo cada vez mais incorporada ao tratamento, incluindo anticorpos monoclonais e citoquinas, isoladamente ou associados à quimioterapia. 10 A quimioterapia consiste na combinação de duas ou mais drogas, sob várias formas de administração, de acordo com o tipo de Linfoma Não-Hodgkin. A radioterapia é usada, em geral, para reduzir a carga tumoral em locais específicos, para aliviar sintomas relacionados ao tumor, ou também para consolidar o tratamento quimioterápico, diminuindo as chances de recaída em certos sítios no organismo mais propensos à recaída. O tratamento para o Linfoma Não-Hodgkin depende do grau do linfoma, o estágio da doença, a idade e a saúde do paciente. Nos estágios precoces, os linfomas de baixo-grau (de crescimento lento) podem, às vezes, ser curados com uma combinação de radioterapia e quimioterapia. Segundo Brunner (2009), a radioterapia a campo envolvido é melhor método de tratamento. Em pacientes mais jovens este tratamento é potencialmente curativo. Campos mais alargados ou doses mais altas de quimioterapia parecem não ser necessária. Quimioterapia adjuvante aparentemente na melhora os resultados do tratamento. Quando se opta por tratamento sistêmico, há uma grande variedade de opções terapêuticas. O tratamento com agente alquilante único tem sido usado há décadas de tratamento dos linfomas de baixo grau. Os mais usados são o Clorambucil e a Ciclofosfamida, por via oral, em esquemas de uso prolongado, associados ou não à Prednisona. O índice de resposta é alto, da ordem de 70 a 90%, com respostas completas relatadas em 30-50% dos casos. (BRUNNER, 2009.) Se o câncer volta a aparecer em uma pessoa que foi tratada para um linfoma intermediário ou de alto-grau, ela pode tornar-se candidata a um transplante de medula. Prognóstico Para pacientes com Linfoma Não-Hodgkin, a chance de sobrevivência depende do grau e da fase do câncer, da saúde do paciente e da resposta ao tratamento. De 50 a 80 por cento dos pacientes sobrevivem cinco anos ou mais. O linfoma de alto-grau do tipo agressivo serão curados com maior eficácia com quimioterapia, mas esta forma de câncer pode ser fatal. Linfomas de baixo-grau podem ter freqüentemente taxa de sobrevida mais longa, alcançando uma sobrevida de até 10 anos, em alguns casos. O projeto internacional de Fatores Prognósticos em LNH definiu em 1993 os critérios de prognóstico desfavorável: LDH anormal; índice de desempenho clínico 11 pessoal (Performance Status) maior ou igual a 2 (ECOG); estadiamentos III e IV; acometimento extranodal superior a um único sítio; idade acima de 60 anos. Tais critérios compõem um índice que subdivide os pacientes em baixo risco, risco intermediário e alto risco. A sobrevida em cinco anos estimada para os subgrupos é respectivamente 73%, 50% e 26%. Estudo de caso Histórico J. P. S. 53 anos, sexo masculino, brasileiro, natural de Goiás, residente de são Félix do Xingu, trabalhador rural, 1º grau incompleto, casado há 33 anos, dois filhos. Reside em casa de madeira com água encanada e energia elétrica. Nega antecedentes mórbidos pessoais e familiares. Não-etilista e não-tabagista há mais de 30 anos. Nega alergia a alimentos ou medicamentos. Alojado em casa de apoio há três meses para tratamento da doença atual. Após uma queda de cavalo, identificou um nódulo na região inguinal esquerda. Procurou atendimento médico, onde realizou exames que constataram a presença de linfoma Não-Hodgkin na região inguinal. Realizou linfonodectomia no dia 3 de outubro de 2007, passando por oito sessões de quimioterapia. Após três meses do procedimento cirúrgico, foi identificada uma esplenomegalia assim como uma massa tumoral na regia do mediastino e região hilar direita sugestiva de lipoma. Posteriormente, foi constatada a invasão metastática de baço. Deu entrada no hospital Ophir Loyola em 31 de outubro de 2009 para aguardar processo cirúrgico (esplenectomia). Evolução de enfermagem 03/11/09 J.P.S. 53 anos, no 4º dia de internação, não refere queixas no momento, sono e repouso preservado, ingestão hídrica e alimentação satisfatória. Consciente, orientado, auto e halo psiquicamente, comunicativo, ansioso, deambulando sem ajuda, cuidados higiênicos preservados, couro cabeludo integro, mucosas ocular, oral e sublingual normocorada, sem enfartamento ganglionar em região retroauricular, cervical e supraclavicular, manchas hipocrômicas intermitentes difusa em região cervical e torácica, anictérico, normocardico, eupneico, boa perfusão periférica, tórax simétrico, abdome plano e flácido com presença de massa palpável em flanco esquerdo doloroso a 12 palpação. Membros superiores simétricos e íntegros com presença de acesso periférico em punho esquerdo, membros inferiores simétricos com presença de manchas na região interna da coxa direita derivados da exposição do sol pós quimioterapia, diurese e evacuação presente. T: 35,7 C° / P: 76 bpm. / R: 20 rpm. / PA: 120/80 mmHg / AC: BCNF 2T / AP: MV + sem RA Problema Diagnóstico de Intervenções Enfermagem enfermagem Manchas Integridade hipocrômicas prejudicada relacionada o tratamento trauma de Resultados tissular Orientar químico irritante ambientais. esperados para o Compreensão das das orientações de e manchas após alta enfermagem. hospitalar. Orientar quanto à exposição ao sol. Massa tumoral Conforto prejudicado Mudança de Paciente relatará palpável (câncer relacionado à patologia decúbito. melhora do de baço) de base evidenciado pelo Investigar com o desconforto. relato verbal do paciente. paciente qual a posição mais confortável. Ansiedade Ansiedade relacionada ao Promover procedimento cirúrgico tranqüilo. evidenciado pelo relato Falar do paciente. ambiente Paciente devagar calmamente. expressará e satisfação durante o tratamento. 04/11/09 53 anos, no 5º dia de internação, não refere queixas no momento, sono e repouso preservado, ingestão hídrica e alimentação satisfatória. Consciente, orientado, auto e halo psiquicamente, comunicativo, ansioso, deambulando sem ajuda, cuidados higiênicos preservados, couro cabeludo integro, mucosas ocular, oral e sublingual normocorada, sem enfartamento gaglionar em região retroauricular, cervical e supraclavicular, manchas hipocrômicas intermitentes difusa em região cervical e 13 torácica, anictérico, normocardico, eupneico, boa perfusão periférica, tórax simétrico, abdome plano e flácido com presença de massa palpável em flanco esquerdo dolorosa a palpação. Membros superiores simétricos e íntegros com presença de acesso periférico em punho esquerdo, membros inferiores simétricos com presença de manchas na região interna da coxa direita derivados da exposição do sol pós quimioterapia, diurese e evacuação presente. T: 35,4 C° / P: 70 bpm. / R: 20 rpm. / PA: 130/80 mmHg / AC: BCNF 2T / AP: MV + sem RA 11/11/09 53 anos, no 12º dia de internação, em 1º dia de pós-operatório de esplenectomia total, internado na unidade de terapia intensiva, extubado, monitorado, acamado e sonolento devido aos efeitos pós-anestésicos, porém consciente, orientado, auto e halo psiquicamente. Eupneico, hipocorado, normocárdico e normotenso. Refere dor no local da inserção do dreno cirúrgico. Sono e repouso alterados. Em dieta zero devido procedimento cirúrgico. Evacuação ausente, diurese por sonda vesical de Folley com débito de 300 ml de urina clara e amarelada. Ao exame físico: couro cabeludo íntegro, mucosas ocular, oral e sublingual hipocoradas. Recebendo O2 por cateter nasal. Ausência de enfartamento ganglionar em região retroauricular, cervical e supraclavicular. Cateter venoso central posicionado na veia subclávia, infundindo solução de ringer simples. Manchas hipocrômicas intermitentes difusas em região cervical e torácica. Boa perfusão periférica. Tórax simétrico, abdome plano e flácido com presença curativo externamente limpo em flanco esquerdo e dreno cirúrgico do tipo porto-vac no flanco direito, com débito sanguinolento. Membros superiores simétricos e íntegros com presença de acesso periférico em punho esquerdo, membros inferiores simétricos com presença de manchas na região interna da coxa direita derivados da exposição do sol pós-quimioterapia. T: 35,7 C° / P: 99 bpm. / R: 20 rpm. / PA: 130/80 mmHg / AC: BCNF 2T / AP: MV + sem RA 14 Problema. Diagnóstico de Intervenções de Resultados enfermagem. esperados. enfermagem. Dor Dor aguda relacionada Administrar Paciente relatará ao processo cirúrgico analgésico segundo alívio da dor. e inserção de dreno, prescrição médica. evidenciado pela Realizar mudança de verbalização do decúbito. paciente. Investigar posição confortável. Sono prejudicado Padrão do sono Proporcionar prejudicado Paciente ambiente tranqüilo. deverá relatar um equilíbrio relacionada à inserção Realizar mudança de ideal entre o repouso do dreno abdominal decúbito. evidenciado e a atividade. pelo relato do paciente. Infecção Risco para infecção Administrar terapia O individuo deverá relacionada ao cateter antibacteriana. descrever fatores de venoso central, dreno Lavagem meticulosa risco associados à torácico e vesical. sonda das mãos. infecção Técnica asséptica. Medir e e precauções anotar necessárias. volume e aspecto do dreno. Respiração Risco da prejudicada respiratória respiratória. prejudicada Incentivar relacionada à deambulação imobilidade função Investigar depressão O individuo deverá função a pulmonar máxima. tão logo seja compatível secundária ao efeito com do sedativo. adquirir o plano de cuidado. 15 Hipotermia Risco de desequilíbrio Proporcionar na O individuo deverá temperatura cobertas quentes ou manter a corporal relacionada à acolchoadas para a temperatura redução da cama. temperatura secundária corpo dentro do dos limites normais. à exposição ao frio da sala cirúrgica. Deficiência líquido de Risco de desequilíbrio Monitorar o paciente Consultar o volume do volume de líquidos quanto à entrada e de líquido deficiente. relacionado ao saída de liquido. procedimento cirúrgico. 16 Bulário Fármaco Função Prescrição Antak antiulceroso 1 Amp. Efeitos adversos 12-12hs Mal-estar, tontura, EV. sonolência, insônia e vertigo Dipirona Analgésico e 0,2 ml. SN. EV. antitérmico Bromoprida Antiemético Reações de hipersensibilidade 1 Amp. 8-8hs EV. Distúrbios da motilidade gastrintestinal; Refluxo gastroesofágico; Náuseas e vômitos de origem central e periféricas Clexane Anticoagulante 40 mg. Subcutâneo. 1xdia. Manifestações hemorrágicas; Trombocitopenia; Reações locais. Prescrição de enfermagem Verificar sinais vitais de 6/6h Administrar analgésicos para alivio da dor segundo prescrição médica. Medir diariamente drenagem do dreno e realizar curativo no mesmo 1vez ao dia Realizar curativo da ferida operatória 1 vez ao dia ou quando necessário. Observar perfusão periférica. Observar ritmo cardíaco. O2 por cateter nasal se necessário. Anotar balanço hídrico. 17 Análise O linfoma está entre os tipos de neoplasias mais agressivas. Por se desenvolver inserido em uma via de circulação constante, onde fluxo de fluidos linfáticos é intenso, as chances de ocorrência de uma metástase são muito grandes, se comparadas com outros tipos de carcinomas. Em contra partida, as metástases de baço se encaixam na classe das exceções, sendo mais comum o acometimento de órgãos como fígado, pulmões e cérebro. Segundo Harrison (1998), “os carcinomas podem se disseminar por vias linfáticas e hematológicas, com as metástases sendo encontradas mais comumente em órgãos nutridos pela corrente linfática e pelo fluxo sanguíneo.” O baço está entre os supracitados, sendo parte integrante da circulação linfática. No caso do paciente supracitado, a invasão de baço ocorreu logo após o primeiro processo cirúrgico, evidenciado por uma esplenomegalia visível. Mesmo com todas as evidências científicas de que o baço é um órgão importante, tanto na defesa orgânica quanto por suas múltiplas funções metabólicas e hematológicas, a maior parte dos médicos continua indicando a retirada completa desse órgão para tratar qualquer tipo de problema que envolva este órgão. (PETROIANU, 2007) Sendo o baço ainda considerado um órgão não-vital, a esplenectomia foi o tratamento de eleito para o caso. As implicações de um processo cirúrgico sempre devem ser analisadas e observadas. A supressão imunológica é um fato comprovado, e as chances do paciente adquirir uma infecção pós-cirúrgica tardia são consideráveis. A assistência ao paciente pré e pós-cirúrgico baseou-se na prevenção e promoção do bem-estar, observando-se qualquer tipo de alteração, tanto biológica como psicológica, tendo em vista que o processo cirúrgico por si próprio pode ser um tanto traumatizante e assustador. A patologia de base, o câncer, vem sendo estigmatizado, deixando uma lacuna no processo de aceitação do doente e familiares. O paciente em questão mostrou-se bastante seguro e conhecedor de seus problemas de saúde, contribuindo bastante para o bom andamento do tratamento. 18 Considerações finais “As neoplasias malignas são a segunda causa mais comum de mortes nos países industrializados” (HARRISON, 1998). Harrison constata um fato que os profissionais da saúde vêem diariamente nos hospitais especializados e na saúde pública. As neoplasias comumente vêm acompanhadas do desespero e desconhecimento acerca da doença, tanto por parte dos pacientes, como dos familiares e pessoas mais próximas. Esta é uma doença carregada de preconceitos, na qual o indivíduo na maioria das vezes sente-se inadequado, afastando-se ou sendo afastado de seu grupo e enfrentado a solidão. O diagnostico de câncer ainda é visto como sentença de morte e está vinculado a muita dor, sofrimento e mutilações físicas e psíquicas. (KOVASC apud GIANINI, 2007) O enfermeiro, no papel de intermediário entre o tratamento e o paciente, tem como dever dar todo apoio necessário ao enfermo, tanto no âmbito biológico, como psico-social. 19 Bibliografia BUZAID, A. C. at al. Manual de oncologia clínica do hospital Sírio Libanês. Rio de janeiro, RJ. Reichmann & Affonso editores. 2º Ed, 2004. BRUNNER & SUDDARTH. Tratado de enfermagem médico-cirúrgico. Ed. Guanabara Koogan. Rio de Janeiro, RJ. 11ª ed. 2009. GIANINI, M. M. S. Câncer e gênero: enfrentamento da doença. 21 f. dissertação de mestrado. Pontifícia Universidade Católica de São Paulo. SP, 2007. HARRISON T. R. at al. Medicina interna. Rio de janeiro, RJ.. Mc Grawhill, 14º Ed, 1998. PETROIANU, A. Mortalidade após esplenectomia. Revista brasileira de hematologia e hemoterapia. P. 103-108. 2007 MURAD, A. M.; KATZ, A. Oncologia: bases clínicas do tratamento. Guanabara Koogan. Rio de Janeiro, RJ. 1996. 20