Gestantes gastroplastizadas x saúde ocular dos bebês Mulheres

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Gestantes gastroplastizadas x saúde ocular dos bebês
Mulheres que consideram fazer a cirurgia bariátrica precisam fazer uma suplementação alimentar
apropriada antes de engravidarem. Segundo estudo publicado pelo oftalmologista Glen Gole do
Royal Children's Hospital, na Austrália, a cirurgia de redução do estômago pode causar uma
deficiência de vitamina A tão grave, capaz de tornar uma criança cega, antes mesmo do nascimento.
O estudo, "Malformação ocular em um recém-nascido secundária à hipovitaminose A materna", foi
publicado na revista da Associação Americana de Oftalmologia Pediátrica e Estrabismo. (Volume 14,
Issue 3, Pages 274-276 (June 2010).
Cole documentou o caso de uma mulher que realizou a cirurgia bariátrica sete anos antes de
engravidar. Com apenas nove semanas de gravidez, a mãe foi diagnosticada com grave deficiência
de vitaminas A, D, K e de ferro. Quando a criança nasceu, o bebê apresentava malformações
significativas em ambos os olhos. E aos noves meses, uma eletrorretinografia revelou outra
deficiência orgânica. Apesar do tratamento, a criança apresenta atualmente uma baixa de visão.
“O caso ilustra muito bem a importância da vitamina A para o desenvolvimento normal dos olhos do
feto, especialmente para mulheres que desejam engravidar e se submeteram à cirurgia bariátrica”,
destaca o oftalmologista Virgilio Centurion, diretor do IMO, Instituto de Moléstias Oculares.
Em 2005, o Conselho Federal de Medicina aprovou a Resolução CFM N° 1.766, estabelecendo as
normas seguras para o tratamento cirúrgico da obesidade mórbida, definindo indicações, técnicas
cirúrgicas, condições hospitalares necessárias e a equipe de profissionais habilitados não só no
procedimento cirúrgico em si, mas também na seleção de pacientes a serem operados, no
seguimento pós-operatório e durante a vida destes pacientes.
A cirurgia para tratamento da obesidade, em suas várias técnicas, é chamada em linguagem médica
de cirurgia bariátrica. Ela está indicada para os pacientes com obesidade grave, também chamada
obesidade mórbida - pacientes com IMC = 40kg/m2, ou 35kg/m2 quando já apresentam
complicações da obesidade.
Esse procedimento alcança uma perda de peso variável, na dependência da técnica utilizada e das
características individuais dos pacientes, chegando a reduzir, segundo algumas estatísticas, de 68 a
78% do excesso de peso no primeiro ano na modalidade cirúrgica mais utilizada, a cirurgia de
Capela.
Importância da vitamina A
Como cerca de 50% das cirurgias para tratamento da obesidade são realizadas em mulheres em
idade fértil, muitas delas com grande dificuldade de engravidar - antes da cirurgia bariátrica devido aos vários problemas causados pela obesidade que afetam a ovulação, é muito importante
disseminar entre estas mulheres a informação que as técnicas classificadas como by pass desviam o
alimento de importantes rotas absortivas e podem levar à deficiência de vários micronutrientes
importantes para à saúde materno fetal.
“As deficiências nutricionais idealmente deveriam ser identificadas e tratadas antes da concepção. E
durante a gestação, além da manutenção dos cuidados e suplementações já iniciados, há a
necessidade de se intensificar as doses das vitaminas e minerais”, destaca a oftalmopediatra do IMO,
Maria José Carrari.
A vitamina A é um micronutriente essencial para diversos processos metabólicos, como a
diferenciação celular, o ciclo visual, o crescimento, a reprodução e o sistema imunológico.
“Apresenta especial importância durante os períodos de proliferação e rápida diferenciação celular,
como na gestação, período neonatal e infância”, destaca a médica.
A deficiência de vitamina A, DVA, é uma doença nutricional grave e uma das mais freqüentes causas
de cegueira prevenível em crianças, além de contribuir para o aumento das mortes e doenças
infecciosas na infância.
“A falta de vitamina A provoca a queratose - pele áspera e seca - e pode levar à xeroftalmia, cuja
forma clínica mais precoce é a cegueira noturna, por meio da qual a criança não consegue boa
adaptação visual em ambientes pouco iluminados. Uma das manifestações mais acentuadas da
xeroftalmia é a mancha de Bilot”, explica a oftalmolpediatra do IMO.
Estima-se que 10 a 20% das gestantes sejam acometidas pela cegueira noturna, sintoma da
deficiência de vitamina A, e que a mesma se associe com risco cinco vezes maior de mortalidade
materna nos dois anos pós-parto.
“As gestantes com cegueira noturna e DVA também parecem estar mais predispostas às
intercorrências e complicações gestacionais, tais como aborto espontâneo, anemia, pré-eclâmpsia,
eclâmpsia, náuseas, vômitos, falta de apetite e infecções do trato urinário, reprodutivo e
gastrointestinal. Neste contexto, a suplementação de gestantes que apresentam esta carência
nutricional, vem cada vez mais, ganhando espaço durante a atenção pré-natal, especialmente entre
as pacientes gastroplastizadas”, diz Maria José Carrari.
Para ler o artigo: Ocular malformation in a newborn secondary to maternal
hypovitaminosis A:
http://www.journals.elsevierhealth.com/periodicals/ympa/article/S1091-8531(10)00222-3/abstract
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