a acao hidroxiacidos no tratamento de acne em - TCC On-line

Propaganda
A AÇÃO-HIDROXIÁCIDOS NO TRATAMENTO DE ACNE EM
ADOLESCENTES
Sabrina Bender¹, Ana Caroline da Silveira Pinto², Kely Cristina dos Santos³
1 Acadêmica do curso de Tecnologia em Estética e Imagem Pessoal da Universidade Tuiuti do
Paraná (Curitiba, PR);
2 Acadêmica do curso de Tecnologia em Estética e Imagem Pessoal da Universidade Tuiuti do
Paraná (Curitiba, PR);
3 Farmacêutica, Prof. Msc. Universidade Tuiuti do Paraná
Endereço para correspondência: Sabrina Bender, [email protected]. Ana Caroline da Silveira
Pinto, [email protected].
RESUMO: A acne é uma afecção dermatológica que tem início adolescência, sendo
causada por múltiplos fatores levando ao aparecimento de comedões, pápulas e pústulas
nas regiões afetadas. A puberdade é a fase em que a acne mais acomete a população,
sendo de maior prevalência em adolescentes do gênero masculino. Além das alterações na
pele, a acne também pode desencadear alterações psicossociais como baixa autoestima,
perda de autoconfiança, isolamento social e até mesmo depressão. A utilização dos alfahidroxiácidos (AHAS) nas alterações cutâneas tem se mostrado cada vez mais eficaz. Em
baixas concentrações diminuem a coesão dos corneócitos e em concentrações elevadas
provocam separação dos corneócitos e epidermólise. O objetivo deste trabalho foi verificar a
ação do peeling com os AHAS: ácido glicólico e ácido mandélico, no tratamento de acne em
adolescentes. Ao final deste estudo foi possível observar melhora da aparência da pele
pós-tratamento, pela redução das lesões características da acne.
Palavras-chave: Alfa-hidroxiácidos, ácido glicólico, ácido mandélico, acne.
___________________________________________________________________
ABSTRACT: Acne is a dermatological affection caused by multiple factors taking the
appearances of comedones and pustules in affected regions. Puberty is the stage, which
affect the most part of the population, including in the most male teenagers. Besides the
changes in acne skin it can develop pyschological changes such as low self-esteem, loss of
confidence, social isolation and even depression. The use of of alpha-hydroxy acids (AHAs)
in skin disorders has been proved effective. Low concentrations can reduce the cohesion of
corneocytes and high concentrations cause separations or corneocytes and epidermolysis.
The objective of this study is to verify the action of AHAS peeling: glycolic acid and mandelic,
treating acne in teenagers. At the end of this study it was observed improved appearance of
the skin after treatment, the reduction of acne lesions characteristics.
.Keywords: Alpha-hydroxy acids, glycolic acid, mandelic acid, acne.
__________________________________________________________________________
1
1. INTRODUÇÃO
Há muitos anos que uma das substâncias mais utilizadas e pesquisadas na
cosmetologia são os alfa-hidroxiácidos (AHAS). Os AHAS se diferenciam dos
demais ácidos por possuírem moléculas de menor tamanho e conseguirem maior
poder de penetração na pele (AMARAL, 2007).
Muitos produtos tópicos no mercado contêm um dos AHAS como
componentes principais das fórmulas (NARDIN; GUTERRE; 1999 apud VAN; YU;
1989). Os AHAS são um grupo de substâncias que ocorrem naturalmente em frutas,
cana-de-açúcar e iogurte e incluem o ácido glicólico, o ácido láctico e o ácido málico.
Existem outros AHAS como ácido ascórbico e ácido mandélico. (HERMITTE, 1992).
Os AHAS foram introduzidos na dermatologia há mais de vinte anos, quando
foram considerados benéficos para o tratamento tópico de dermatoses. O uso dos
AHAS foi ampliado e hoje são indicados para rugas, lesões actinicas, acne,
fotoenvelhecimento, queratoses, verrugas, xerose, seborreia, rosácea e prevenção
do envelhecimento intrínseco e extrínseco da pele. Sendo indicado principalmente
para acne e envelhecimento. (BARQUET; FUNCK; KOESTER; 2006).
A acne é uma das as afecções dermatológicas comuns que mais atinge a
pele, atuando nas glândulas sebáceas e folículos pilosos gerando inflamação
crônica (GARTNER, 2007). Afeta 85 a 100% da população em algum momento da
vida (SILVA; COSTA; MOREIRA, 2014).
A não procura de um tratamento estético para acne pode levar ao
desenvolvimento de cicatrizes a nível cutâneo, que mesmo não comprometendo a
saúde geral do paciente, leva a um prejuízo do bem estar do mesmo (CUNHA et al.,
2014).
Diante do exposto, o objetivo desta pesquisa foi verificar a ação do peeling
com os AHAS: ácido glicólico e ácido mandélico, no tratamento de acne em
adolescentes.
2
Acne
O período da adolescência é conturbado pelas várias modificações corporais
e psicológicas. Muitas vezes o aparecimento da acne favorece quadros de
depressão e fobia social. Geralmente, o diagnóstico de acne não é difícil, o quadro
clínico é típico, com lesões e sintomas locais característicos e inexistência de
manifestações sistêmicas (BRENNER, et al, 2006)
A acne é uma doença extremamente comum na puberdade. Atinge ambos os
sexos sendo geralmente mais grave nos homens, porém mais persistente nas
mulheres. Apresenta uma menor incidência em asiáticos e negros. Por ser
considerada um processo normal do desenvolvimento, há um atraso na procura de
ajuda médica que pode levar ao desenvolvimento de cicatrizes a nível cutâneo. As
lesões inflamatórias são dolorosas e os episódios de complicações da acne podem
provocar uma baixa autoestima, perda de autoconfiança, isolamento social e mesmo
depressão. Por estas razões é muito importante a aplicação de um tratamento
adequado e precoce, que reduza a frequência e gravidade das complicações, bem
como o número de cicatrizes. (VAZ, 2003).
Na hipersecreção as glândulas sebáceas os androgênios são reduzidos, a
nível dos receptores na glândula sebácea, pela 5 α-redutase tipo I, em dihidrotestosterona (DHT), que é a substância responsável pelas alterações sebáceas,
nas áreas ditas seborreicas, sobretudo face e tronco; implicando maior produção
sebácea,
hiperqueratose
folicular,
com
formação
de
microcomedões
e
posteriormente lesões inflamatórias (FIGUEIREDO, et al, 2011).
A hipersecreção das glândulas sebáceas e o distúrbio de queratinização
folicular são os principais fatores responsáveis pela formação de lesões retencionais
– comedões abertos ou fechados (FIGUEIREDO, et al, 20101)
No distúrbio da queratinização folicular a comedogênese se dá pela
descamação anormal de corneócitos que se acumulam nos folículos sebáceos o que
dá sequência a formação do microcomedão. Com o passar do tempo, estes folículos
acumulam lipídios, bactérias e fragmentos celulares, aumentando de tamanho e
originando o comedão que pode ou não ter processo inflamatório (PANTOJA, 2013).
O Propionibacterium acnes (P. acnes), bactéria anaeróbica, residente
normalmente no folículo sebáceo, produzindo ácidos graxos livres que irritam a
parede folicular, induzem à queratinização e tem propriedade pró inflamatórias (VAZ;
3
2003).
A lesão inflamatória se inicia com a formação da pápula, estando o
microcomedão previamente presente em grande parte dessas lesões. Ocorre
invasão do folículo por linfócitos e também por neutrófilos, e a ruptura do ducto
implica extravasamento de lipídios, corneócitos e bactérias na derme. Há liberação
de citocinas e mediadores neuro-inflamatórios, já que o sebo manifesta os
neuropeptídios, como a substância-P, que, por sua vez, pode intervir tanto no
tamanho da glândula sebácea, quanto em sua produção, assim contribui para o
distúrbio na diferenciação e proliferação, além da síntese lipídica (MONTAGNER;
COSTA, 2010).
Segundo Vaz (2003), a acne pode ser rotulada em inflamatória e nãoinflamatória, de acordo com o tipo de lesão predominante, podendo ser classificada
de I a V, conforme a seriedade do caso, como mostra a figura no quadro 01:
Quadro 01: Classificação da acne
Acne grau I
Comedoniana, apresenta predomínio de comedões.
Não-inflamatória
Acne grau II
Dominância de lesões pápulo-pustulosas além dos comedões.
Inflamatória
Acne grau III
Presença de nódulos e cistos.
Inflamatória
Acne grau IV
Forma severa da doença com múltiplos nódulos inflamatórios, formação
Conglobata
de abscessos e fístulas.
Acne grau V
Forma rara e grave de instalação abrupta, acompanhada de
Fulminante
manifestações sistêmicas (febre, leucocitose e poliartralgia).
Fonte: (BRENNER, et al, 2006)
Alfa-hidroxiácidos (AHAS)
Os AHAS são ácidos carboxílicos de cadeia curta, gerados a partir de
aminoácidos (BARQUET; FUNCK; KOESTER; 2006 apud YU; VAN, 2004). São
substâncias tradicionalmente utilizadas na cosmiatria e dermatologia, realizando
ações benéficas na pele e produzindo efeitos específicos sobre o estrato córneo, a
epiderme, a papila dérmica e folículos sebáceos (BARQUET; FUNCK; KOESTER,
2006).
Ocorrem naturalmente em frutas e alimentos como cana-de-açúcar, maçã,
leite azedo ou sintetizado em laboratório. Incluem o ácido glicólico, o ácido láctico, o
4
ácido málico, o ácido tartárico e o ácido cítrico. Existem outros AHAS como ácido
glicérico (ácido di-hidróxi-propiônico), ácido tartrônico (ácido hidróxi-propanodióico),
ácido ascórbico, ácido glucônico, ácido mandélico e ácido benzílico (HERMITTE,
1992).
Não é conhecido totalmente o mecanismo de ação dos AHAS (DRAELOS,
2005). Postula-se que os AHAS atuariam interferindo a ligação iônica intercelular, já
que as moléculas que apresentam o grupamento hidroxila tendem a formar pontes
de hidrogênio ou pela suposição de que a redução do pH da pele, pelo uso de
AHAS, pode romper estruturas que mantêm as células epidérmicas unidas. Também
se aponta a possibilidade de inibição enzimática, induzida pelos AHAS, de reações
do sulfato transferase, fosfo-transferase e quinases, levando poucos grupamentos
fosfato e sulfato os eletronegativos para a camada externa dos queratinócitos,
resultando na diminuição das forças de coesão (BERARDESCA, 2001).
Os AHAS favorecem a descamação da pele, no qual ocasiona um aumento
da síntese e do metabolismo do DNA basal, diminuindo a espessura do estrato
córneo, já que ocorre um desprendimento dos corneócitos nas camadas inferiores e
em formação no estrato córneo, acima do estrato granuloso (NARDIN; GUTERRES,
1999).
Os AHAS em concentrações elevadas, também podem aumentar a síntese
de colágeno, elastina e glicosaminoglicana, aumentar a retenção de água no estrato
córneo e elevando a flexibilidade e a plasticidade do estrato córneo (MICILO, 2013).
Os AHAS podem ser utilizados com qualquer veículo, exceto gel à base de
Carbopol. É importante levar em consideração à existência de alguns componentes
de veículos que interferem nos efeitos dos AHAS como a glicerina, que não penetra
no estrato córneo e afeta consequentemente o efeito dos AHAS (BARQUET;
FUNCK; KOESTER, 2006 apud YU; VAN, 1996).
O ácido glicólico (AG) é um AHAS derivado da cana de açúcar, apresenta
dois carbonos, sendo assim tem o menor peso molecular e um pKa de 3,83. O AG,
quando em contato com a pele intacta, causa um desprendimento do acumulo do
estrato córneo, causando uma descamação da epiderme, assim as células jovens
passam a ficar na superfície. Esse processo seguido, estimula que as células se
renovem com mais rapidez, impedindo a hiperqueratose e a obstrução do folículo
sebáceo, o que esclarece a diminuição da comedogênese. Como a hiperqueratose é
5
impedida, a saída do sebo é facilitada diminuindo as chances de obstrução do
folículo piloso. A pele se torna uma textura mais lisa e com menos relevos, o que
torna a pele um lugar menos propicio para o desenvolvimento de microorganismos
como o P.acnes, que se aloja em relevos contendo sebo, queratina, umidade e
temperatura adequada com a pele (WIPPEL, 2009 apud PEYREFITTE, 1998).
O efeito colateral mais comum analisado em indivíduos que aplicam o AG é o
eritema que muitas vezes pode ser duradouro, dependendo da sensibilidade da
pele, da concentração, pH e número de aplicações. Além de seu baixo poder de
sensibilização, a capacidade pequena de desencadear alergias é uma de suas
propriedades. Quanto maior a concentração e menor pH, maior será o poder de
penetração e mais irritante será a aplicação (HOFMEISTER, 1996).
O ácido mandélico (AM) é obtido através da hidrolise das amêndoas amargas.
É um dos AHAS de maior peso molecular, favorecendo um efeito uniforme, o que
também minimiza os transtornos comuns da aplicação de AHAS sobre a pele.
Apresenta semelhança química com ácido salicílico com sua ação antisséptica
somada as atividades dos AHAS (SUDO; FILHO, 2014 apud JAHARA, 2006).
Peelings químicos feitos à base do AM ocasionam uma menor descamação,
na qual acelera o tempo de recuperação da pele, geralmente os procedimentos são
feitos semanalmente. Ele é um ácido seguro para peles de todos os tipos, em
especial a fototipo III e IV, ele comparado aos outros ácidos causa menor irritação,
seus resultados são muito rápidos e podem durar longos períodos. (PIMENTEL,
2008).
O peeling é um método eficiente onde as aplicações de substâncias na pele
provocam a esfoliação química que resulta na renovação da epiderme e/ou derme,
promove uma inflamação local acelerando assim, o processo natural de renovação
celular e consequentemente a formação de uma nova epiderme e tecidos
epidérmicos (MICILO, 2013).
O peeling promove alterações na pele devido a estimulação do crescimento
epidérmico, induzido pela remoção do estrato córneo; destruição de camadas
específicas da pele danificada, cuja reparação produz um novo tecido e, por fim, por
indução de reação inflamatória tecidual profunda, quando os agentes utilizados
produzem necrose. A ativação dos mediadores inflamatórios é capaz de estimular a
produção de colágeno. Age removendo algumas camadas da pele, e ao mesmo
6
tempo, promovendo a regeneração celular através da ativação da membrana basal.
(CUNHA, 2014; apud CUCÉ, 2001).
Podem ser classificados de acordo com sua concentração em: Peeling
superficial que é geralmente epidérmico e não apresenta riscos de complicações ao
paciente e pode ser utilizado em todos os tipos de pele. Também em Peeling médio
e Peeling profundo, ambos proibidos na estética. (OKUBO, 2004)
2.MATERIAIS E MÉTODOS
Essa pesquisa foi baseada no estudo de artigos, livros e teses utilizando
dados já trabalhados por outros estudiosos no período de 1996 a 2015.
A pesquisa trata-se da aplicação do peeling químico formado pela solução
hidroalcoólica de ácido glicólico a 10% e ácido mandélico a 10%.
Para a aplicação do protocolo foram selecionados quatro adolescentes do
sexo masculino, faixa etária de quinze a dezoito anos, fototipo II e III, que
apresentam acne grau I, II e III, pele lipídica, mista ou alípica e sem nenhum outro
tipo de tratamento para acne.
No processo de coleta de dados foi aplicada a ficha de anamnese (anexo 1)
e avaliação. Na ficha foram levantados dados relacionados a identificação, idade,
hábitos de vida, uso de medicamento, cosméticos, protetor solar, cor de pele,
fototipo (classificação de Fitzpatrick) e graus de acne.
Os pacientes foram fotografados prévia e posteriormente aos procedimentos
com câmera digital Kodak, Pixpro AZ501, 16MP.
Para os pacientes foi passado algumas recomendações, nas quais pediam o
uso de filtro solar de três em três horas ao longo do dia e se possível que evitassem
exposição ao sol, devido a capacidade fotossensibilizante dos ácidos.
O protocolo de tratamento consistiu em sete sessões, com intervalo de uma
semana cada sessão. Na primeira semana foi realizada uma limpeza de pele nos
pacientes. A segunda semana em diante, era realizado o seguinte procedimento:
higienização da pele com sabonete líquido; esfoliação; desengorduramento da pele
com álcool 70% e água; aplicação do peeling acrescido de ácido glicólico 10% e
ácido mandélico 10%, deixando sobre a pele 25 minutos; enxágue com água
abundante e finaliza-se com filtro solar.
7
3.RESULTADOS E DISCUSSÃO.
1. Paciente 01
Paciente com fototipo III, pele lipídica e apresentava acne grau II por toda a
face. Durante o tratamento o paciente não apresentou complicações adversas como,
hiperpigmentação, infecção ou prurido. Após as seis sessões, houve melhora na
aparência da pele e notável melhora na acne, conforme pode ser observado na
figura 01.
Figura 01: Aparência da pele do paciente 01 antes e após o tratamento
Após a primeira sessão
Após a sexta sessão
2. Paciente 02
Paciente com fototipo III, pele lipídica e apresentava acne grau III por toda a
face. Durante o tratamento, paciente apresentou melhora significativa na aparência
da acne, após a quarta sessão, notou-se que houve uma regressão no tratamento,
desconhecendo-se a causa. Por fim, houve melhora na região frontal e nasal, e
diminuição da acne no zigomático, como pode ser observado na figura 02
8
Figura 02: Aparência da pele do paciente 02 antes e após o tratamento
Após a primeira sessão
Após a sexta sessão
3. Paciente 03
Paciente
com
fototipo
III,
pele
espessa
e
mista,
apresentava
hiperpigmentação pós-inflamatória na região frontal e zigomático e acne grau II na
região frontal, zigomático e mentoniana. Durante o tratamento o paciente não
apresentou complicações adversas como, hiperpigmentação, infecção ou prurido.
Após as seis sessões, não houve melhora significativa na hiperpigmentação, porém
houve uma relativa melhora na acne, conforme pode ser observado na figura 03.
Figura 03: Aparência da pele do paciente 03 antes e após o tratamento
Após a primeira sessão
Após a sexta sessão
9
4. Paciente 04
Paciente com fototipo II, pele alípica, acne grau II na região frontal e
mentoniana. Durante o tratamento o paciente não apresentou complicações
adversas como, hiperpigmentação, infecção ou prurido.
Após as seis sessões,
houve melhora na aparência da pele e notável melhora na acne, conforme pode ser
observado na figura 04
Figura 04: Aparência da pele do paciente 04 antes e após o tratamento
Após a primeira sessão
Após a sexta sessão
10
Através do estudo de caso, foi observado e documentado o aspecto das faces
afetadas pela acne tratadas por seis semanas com o peeling de AHAS, sendo os
utilizados o ácido glicólico e ácido mandélico.
Foi escolhida a combinação do ácido glicólico e ácido mandélico para
obtenção de resultados mais perceptíveis em menor tempo, visando a eficácia dos
mesmos na acne. Aproveitam-se os melhores efeitos de cada substância, resultando
em ação mais eficiente. Também devido ao fato de não encontrar-se estudos
utilizando a combinação dos dois ácidos.
A acne é uma dermatose de alta prevalência, especialmente em adolescentes
e adultos jovens. Quanto a sua fisiopatologia, quatro são os principais pilares da
patogênese da acne: hipersecreção da glândula sebácea, alteração no processo de
queratinização, colonização P. acnes e liberação dos mediadores inflamatórios da
pele (ROSAS, et al, 2006).
Os AHAS são utilizados no tratamento da acne, devido a capacidade dos
mesmos em diminuir a coesão dos corneócitos, acelerando o processo de
descamação natural em baixas concentrações e provocar separação dos
queratinócitos e epidermolise, em concentrações mais elevadas (NARDIN;
GUTERRES, 1999).
Segundo Silva e Silva (2011), o ácido glicólico e mandélico (Quadro 02) são
os AHAS comumente utilizados em tratamento de acne, visto que, o ácido glicólico
atua diretamente diminuindo a população do P. acnes que produz a inflamação da
acne. Já o ácido mandélico age no processo infeccioso da doença acelerando o
processo de cicatrização promovendo efeito uniforme na pele, e por se tratar de um
ácido universal, pode ser utilizado em todos os fototipos.
Quadro 02: Quadro comparativo entre os ácidos glicólico e mandélico
Nome
Peso molecular
Fórmula
molecular
Ácido glicólico
76,05 g/mol
C2H4O3
Ácido Mandélico
152,1473 g/mol
C8H8O3
11
Mecanismo de
ação
Concentração
pH
Efeitos
adversos
Diminuição da secreção sebácea,
descamação da epiderme,
impede a hiperqueratose,
diminuição da comedogênese,
inibe o desenvolvimento do
P. acnes.
Tratamentos em estética: 10%
Peeling: de 1,5 a 2,5;
esfoliativo: de 3,0 a 4,0;
hidratante: de 5,0 a 6,5
peeling permitido para estética:
3,5
hipersensibilidade, irritação,
coceira e vermelhidão nas áreas
aplicadas.
Solubilidade
Parcialmente solúvel em água,
altamente solúvel em álcool
etílico e isopropílico.
Contra
Não deve ser utilizado por
indicações
pacientes com sensibilidade ao
ácido glicólico, gestantes e
lactantes.
Fonte: (PIMENTEL, 2011); (WIPPEL, A. P. 2009)
Atua no processo infeccioso da
acne, combate e previne a formação
de novas bactérias, acelera o
processo de cicatrização.
Tratamentos em estética: 10 %
Peeling: de 1,5 a 2,5;
esfoliativo: de 3,0 a 4,0;
hidratante: de 5,0 a 6,5
peeling permitido para estética: 3,5
Hipersensibilidade, irritação, coceira
e vermelhidão nas áreas aplicadas.
Solúvel em água, etanol, acetona,
ácido acético e éter.
Não deve ser utilizado por pacientes
com sensibilidade ao ácido
mandélico gestantes e lactantes.
O mecanismo de ação do ácido glicólico ainda não é totalmente conhecido,
porem há evidencias de que o uso tópico provoque uma diminuição da secreção
sebácea. Também ocorre a epidermólise subcorneal, que promove o descamamento
das pústulas e desprendimento dos queratinócitos. (ALMEIDA, 2007).
O ácido mandélico atua no processo infeccioso da acne, combatendo e
prevenindo a formação de novas bactérias e acelerando o processo de cicatrização,
auxiliando na prevenção de novas lesões e cooperando para o tratamento de
sequelas eventuais (PIMENTEL, 2011).
Conforme observado nas figuras acima, os casos que apresentavam a acne
grau II, os AHAS foram capazes de reduzir as áreas afetadas pela acne e a
aparência da mesma, proporcionando uma melhora na acne, já nos casos de acne
grau III, os AHAS foram capazes de reduzir um pouco menos as áreas afetadas pela
acne. Lembrando que por se tratar de casos de acne grau III, o protocolo deve ser
realizado com acompanhamento de um médico especialista para eventuais
12
problemas. Ao longo das semanas notou-se melhora na autoestima dos pacientes.
Durante a aplicação do peeling os pacientes relatavam irritação e ardência na
face, nos locais onde possuía mais acne a ardência era maior. Notava-se
vermelhidão nas áreas aplicadas. Ao longo da semana, os pacientes relatam
descamação na face. Após a descamação, uma melhora na textura e maciez da
pele.
De acordo com Sudo e Filho (2014) o ácido glicólico pode ser usado na acne
comedogênica, pápulo pustulosa e nódulo cística, sendo que nos casos de mais
severos é preciso um número maior de aplicações. Para os pacientes com o de acne
grau III, mesmo com bons resultados, serão necessárias mais sessões para
melhoria significativa da acne e para parâmetros melhores de comparação.
Mesmo com o final das sessões recomenda-se cuidados diários com a pele,
como higienização adequada e proteção solar.
4.CONSIDERAÇÕES FINAIS
Com este trabalho foi possível demonstrar o efeito da aplicação de um peeling
combinado contendo a associação de dois AHAS no tratamento da acne em
adolescentes.
No
desenvolvimento
deste
estudo
verificaram-se
respostas
satisfatórias no tratamento de acne em adolescentes, afirmando o que muitos
autores citados já vêm informando sobre as propriedades dos AHAS.
Os resultados deste estudo de caso demonstraram que o tratamento tópico
das lesões acneicas, com peeling combinado de ácidos glicólico e mandélico, dentro
das concentrações e pH possíveis de serem utilizados pelos profissionais de
tecnologia em estética, é uma ferramenta segura e eficaz para se abordar o
tratamento de pacientes com acne grau II, nos casos de grau III serão necessárias
mais sessões para melhores resultados.
13
REFERÊNCIAS
ALMEIDA, E. F. Utilização do ácido glicólico nas alterações estéticas. Revista
Personalité, São Paulo, v.11, n. 53, p.124-134, setembro/outubro 2007.
AMARAL, C. N.; BENITES J. C. W. Tratamentos em Estrias: um levantamento
teórico da microdermoabrasão e do peeling químico. Disponível em:
<http://siaibib01.univali.br/pdf/Cintia%20Netto%20do%20Amaral%20e%20Joziana%
20Cristina%20Weiss%20Benites.pdf>. Acesso: 20 setembro 2015.
AMORIN, A. L. M. Benefícios do peeling químico com ácido glicólico no
processo de envelhecimento.12 p. Pós-graduação em Fisioterapia em DermatoFuncional Faculdade Cambury. 2013
BARQUET, A. P.; FUNCK, A.; KOESTER, L. Comparação entre alfa
hidroxiácidose poli hidroxiácidos na cosmiatria e dermatologia. Rev. Brás.
Farm, v. 87, n. 3, p. 67-73, 2006.
BERARDESCA, E. Alpha hydroxy acids. In: BARElL, A. O. Handbook of
CosmeticScience Tecnology. New York: Marcel BekkerIncorporate, p. 311-315.
2011
BRENNER, F. M., et al. Acne: um tratamento para cada paciente. Revista
Ciência Médica. Campinas, v. 15, n. 3, p. 257-266. Maio/junho, 2006.
CUNHA, C. M. P., et al. Efeito da microcorrente associada ao ácido glicólico no
tratamento da acne: relato dos casos. Fisioterapia, G. de Trabalho, L.& em
Fisioterapia.
Recife-PE.
12,
2014.
Disponível
em:
http://www.bellebonelli.com.br/cursos/biblioteca/EfeitoDaMicrocorrenteAssociadaAoA
cidoGlicolico.pdf. Acesso em: 08 jun. 2015.
CUNHA, M. B. Peeling Químico: Preparações farmacêuticas para a renovação
celular. 40 p. Trabalho
de
Conclusão
de
Curso (Bacharelado em
Farmácia). Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras de Alegre Autarquia Municipal.
2014
FIGUEIREDO, A. Avaliação e tratamento do doente com acne – Parte I:
Epidemiologia, etiopatogenia, clínica, classificação, impacto psicossocial,
mitos e realidades, diagnóstico diferencial e estudos complementares.
RevPortClin Geral, Lisboa, n.27, p.59-65, 2011.
GARTNER, L. P., HIATT J. L. Tratado de histologia em cores. 3. ed., Rio de
Janeiro: Elsevier, 2007.
GOMES, S. S.; et al. Analise dos efeitos do ácido glicólico na acne vulgar. 7 p.
Programa de Pós- Graduação Lato Sensu em Fisioterapia da Faculdade de Ciências
Médicas da Paraíba-FCM- PB. Paraíba. 2010
HERMITTE, R. AgedSkin, retinoids, and alpha hydroxylacids. Cosmet. Toiletries,
14
v. 107, p. 63-67, 1992.
HOFMEISTER, H. A.; MIKI, C; NUNES, L. R.; AZULAY, R. D. Ácido glicólico no
envelhecimento cutâneo. Anais Brasileiro de Dermatologia, Rio de Janeiro. V.71, n.
1, p. 7-11, 1996.
MICILO, G. G. Peelings. In: PEREIRA, M, F, L. Recursos Técnicos em Estética.
Ed Difusão, Cap 16, p. 416 a 439, 2013.
MONTAGNER, S.; COSTA, A. Diretrizes modernas no tratamento daacne vulgar:
da
abordagem
inicial
à
manutenção
dos
benefícios
clínicos.
SurgCosmetDermatol. v. 2, n. 3, p.205-213, julho/setembro, 2010.
NARDIN, P.; GUTERRES, S. S. Alfa-hidroxiacidos: aplicações cosméticas e
dermatológicas. Caderno de farmácia, Porto Alegre, v. 15, n. 1, p. 7-14, 1999.
OKUBO, F. R. Rejuvenescimento da pele por peeling químico: enfoque no
peeling de fenol. AnbrasDermatol, Rio de Janeiro, v. 79, n. 1, p. 91-99, 2004.
OLIVEIRA, F. C.; COSTA, M. C. D. Utilização de ácido glicólico e mandélico no
combate ao envelhecimento cutâneo. 4 p. VI Congresso Multiprofissional em
Saúde. Centro Universitário Filadélfia, Londrina. 2012.
PANTOJA, R. N. S. Os principais ácidos utilizados no tratamento da acne
vulgar: uma revisão de literatura. Portal Bio Cursos, p. 1-12, 4; 2013.
PIMENTEL, A. S. Peeling, máscara e acne: Seus tipos e passo a passo do
tratamento estético. 1. ed. São Paulo: Livraria Médica Paulista Editora, 2011.
PIMENTEL, Arthur. S.; Peeling, máscara e acne. 1.ed. São Paulo: Livraria Medica,
2008.
ROSAS, F. M. F., et al. Acne: um tratamento para cada paciente. Revista
Cientifica Medicina, Campinas, v. 15, n. 3, p. 257-266, maio/junho. 2006.
SILVA, A. M. F.; COSTA, F. P.; MOREIRA, M.; Acne vulgar: diagnóstico e manejo
pelo médico de família e comunidade. RevBrasMed Fam. Comunidade, v. 9, n. 30,
p. 54-63. 2014. Disponível em: http://dx.doi.org/10.5712/rbmfc9(30)754. Acesso: 21
outubro de 2015.
SILVA, A. T. Z.; SILVA, T. O. A efetividade do peeling de ácido mandélico no
tratamento da acne vulgar. 5 p. VI congresso Multiprofissional em saúde. Centro
Universitário Filadélfia, Londrina 2012
SUDO, E. J. S.; FILHO, L. F. Princípios fisiológicos da acne e a utilização de
diferentes tipos de ácidos como forma de tratamento. 12 p. Pós-Graduação em
Fisioterapia Dermato-Funcional. Faculdade Cambury. 2014.
VAZ, A. L. Acne vulgar: bases para seu tratamento. Revista Portuguesa de Clinica
Geral. Porto, v. 3, n. 1, p. 561-570, 2003.
15
WIPPEL, A. P. Uso do ácido glicólico em produtos cosméticos para o
tratamento tópico da acne. 11 p. Trabalho de conclusão de curso de Tecnologia
em cosmetologia e estética. Universidade Vale do Itajaí. Balneário Camboriú. 2009
ZUCHETO, G. et al. Acne e seus tratamentos: uma revisão bibliográfica.
UNIFRA.
2011.
Disponível
em:
http://www.unifra.br/eventos/sepe2011/Trabalhos/1870.pdf.
16
ANEXO 1
17
Download