A AÇÃO-HIDROXIÁCIDOS NO TRATAMENTO DE ACNE EM ADOLESCENTES Sabrina Bender¹, Ana Caroline da Silveira Pinto², Kely Cristina dos Santos³ 1 Acadêmica do curso de Tecnologia em Estética e Imagem Pessoal da Universidade Tuiuti do Paraná (Curitiba, PR); 2 Acadêmica do curso de Tecnologia em Estética e Imagem Pessoal da Universidade Tuiuti do Paraná (Curitiba, PR); 3 Farmacêutica, Prof. Msc. Universidade Tuiuti do Paraná Endereço para correspondência: Sabrina Bender, [email protected]. Ana Caroline da Silveira Pinto, [email protected]. RESUMO: A acne é uma afecção dermatológica que tem início adolescência, sendo causada por múltiplos fatores levando ao aparecimento de comedões, pápulas e pústulas nas regiões afetadas. A puberdade é a fase em que a acne mais acomete a população, sendo de maior prevalência em adolescentes do gênero masculino. Além das alterações na pele, a acne também pode desencadear alterações psicossociais como baixa autoestima, perda de autoconfiança, isolamento social e até mesmo depressão. A utilização dos alfahidroxiácidos (AHAS) nas alterações cutâneas tem se mostrado cada vez mais eficaz. Em baixas concentrações diminuem a coesão dos corneócitos e em concentrações elevadas provocam separação dos corneócitos e epidermólise. O objetivo deste trabalho foi verificar a ação do peeling com os AHAS: ácido glicólico e ácido mandélico, no tratamento de acne em adolescentes. Ao final deste estudo foi possível observar melhora da aparência da pele pós-tratamento, pela redução das lesões características da acne. Palavras-chave: Alfa-hidroxiácidos, ácido glicólico, ácido mandélico, acne. ___________________________________________________________________ ABSTRACT: Acne is a dermatological affection caused by multiple factors taking the appearances of comedones and pustules in affected regions. Puberty is the stage, which affect the most part of the population, including in the most male teenagers. Besides the changes in acne skin it can develop pyschological changes such as low self-esteem, loss of confidence, social isolation and even depression. The use of of alpha-hydroxy acids (AHAs) in skin disorders has been proved effective. Low concentrations can reduce the cohesion of corneocytes and high concentrations cause separations or corneocytes and epidermolysis. The objective of this study is to verify the action of AHAS peeling: glycolic acid and mandelic, treating acne in teenagers. At the end of this study it was observed improved appearance of the skin after treatment, the reduction of acne lesions characteristics. .Keywords: Alpha-hydroxy acids, glycolic acid, mandelic acid, acne. __________________________________________________________________________ 1 1. INTRODUÇÃO Há muitos anos que uma das substâncias mais utilizadas e pesquisadas na cosmetologia são os alfa-hidroxiácidos (AHAS). Os AHAS se diferenciam dos demais ácidos por possuírem moléculas de menor tamanho e conseguirem maior poder de penetração na pele (AMARAL, 2007). Muitos produtos tópicos no mercado contêm um dos AHAS como componentes principais das fórmulas (NARDIN; GUTERRE; 1999 apud VAN; YU; 1989). Os AHAS são um grupo de substâncias que ocorrem naturalmente em frutas, cana-de-açúcar e iogurte e incluem o ácido glicólico, o ácido láctico e o ácido málico. Existem outros AHAS como ácido ascórbico e ácido mandélico. (HERMITTE, 1992). Os AHAS foram introduzidos na dermatologia há mais de vinte anos, quando foram considerados benéficos para o tratamento tópico de dermatoses. O uso dos AHAS foi ampliado e hoje são indicados para rugas, lesões actinicas, acne, fotoenvelhecimento, queratoses, verrugas, xerose, seborreia, rosácea e prevenção do envelhecimento intrínseco e extrínseco da pele. Sendo indicado principalmente para acne e envelhecimento. (BARQUET; FUNCK; KOESTER; 2006). A acne é uma das as afecções dermatológicas comuns que mais atinge a pele, atuando nas glândulas sebáceas e folículos pilosos gerando inflamação crônica (GARTNER, 2007). Afeta 85 a 100% da população em algum momento da vida (SILVA; COSTA; MOREIRA, 2014). A não procura de um tratamento estético para acne pode levar ao desenvolvimento de cicatrizes a nível cutâneo, que mesmo não comprometendo a saúde geral do paciente, leva a um prejuízo do bem estar do mesmo (CUNHA et al., 2014). Diante do exposto, o objetivo desta pesquisa foi verificar a ação do peeling com os AHAS: ácido glicólico e ácido mandélico, no tratamento de acne em adolescentes. 2 Acne O período da adolescência é conturbado pelas várias modificações corporais e psicológicas. Muitas vezes o aparecimento da acne favorece quadros de depressão e fobia social. Geralmente, o diagnóstico de acne não é difícil, o quadro clínico é típico, com lesões e sintomas locais característicos e inexistência de manifestações sistêmicas (BRENNER, et al, 2006) A acne é uma doença extremamente comum na puberdade. Atinge ambos os sexos sendo geralmente mais grave nos homens, porém mais persistente nas mulheres. Apresenta uma menor incidência em asiáticos e negros. Por ser considerada um processo normal do desenvolvimento, há um atraso na procura de ajuda médica que pode levar ao desenvolvimento de cicatrizes a nível cutâneo. As lesões inflamatórias são dolorosas e os episódios de complicações da acne podem provocar uma baixa autoestima, perda de autoconfiança, isolamento social e mesmo depressão. Por estas razões é muito importante a aplicação de um tratamento adequado e precoce, que reduza a frequência e gravidade das complicações, bem como o número de cicatrizes. (VAZ, 2003). Na hipersecreção as glândulas sebáceas os androgênios são reduzidos, a nível dos receptores na glândula sebácea, pela 5 α-redutase tipo I, em dihidrotestosterona (DHT), que é a substância responsável pelas alterações sebáceas, nas áreas ditas seborreicas, sobretudo face e tronco; implicando maior produção sebácea, hiperqueratose folicular, com formação de microcomedões e posteriormente lesões inflamatórias (FIGUEIREDO, et al, 2011). A hipersecreção das glândulas sebáceas e o distúrbio de queratinização folicular são os principais fatores responsáveis pela formação de lesões retencionais – comedões abertos ou fechados (FIGUEIREDO, et al, 20101) No distúrbio da queratinização folicular a comedogênese se dá pela descamação anormal de corneócitos que se acumulam nos folículos sebáceos o que dá sequência a formação do microcomedão. Com o passar do tempo, estes folículos acumulam lipídios, bactérias e fragmentos celulares, aumentando de tamanho e originando o comedão que pode ou não ter processo inflamatório (PANTOJA, 2013). O Propionibacterium acnes (P. acnes), bactéria anaeróbica, residente normalmente no folículo sebáceo, produzindo ácidos graxos livres que irritam a parede folicular, induzem à queratinização e tem propriedade pró inflamatórias (VAZ; 3 2003). A lesão inflamatória se inicia com a formação da pápula, estando o microcomedão previamente presente em grande parte dessas lesões. Ocorre invasão do folículo por linfócitos e também por neutrófilos, e a ruptura do ducto implica extravasamento de lipídios, corneócitos e bactérias na derme. Há liberação de citocinas e mediadores neuro-inflamatórios, já que o sebo manifesta os neuropeptídios, como a substância-P, que, por sua vez, pode intervir tanto no tamanho da glândula sebácea, quanto em sua produção, assim contribui para o distúrbio na diferenciação e proliferação, além da síntese lipídica (MONTAGNER; COSTA, 2010). Segundo Vaz (2003), a acne pode ser rotulada em inflamatória e nãoinflamatória, de acordo com o tipo de lesão predominante, podendo ser classificada de I a V, conforme a seriedade do caso, como mostra a figura no quadro 01: Quadro 01: Classificação da acne Acne grau I Comedoniana, apresenta predomínio de comedões. Não-inflamatória Acne grau II Dominância de lesões pápulo-pustulosas além dos comedões. Inflamatória Acne grau III Presença de nódulos e cistos. Inflamatória Acne grau IV Forma severa da doença com múltiplos nódulos inflamatórios, formação Conglobata de abscessos e fístulas. Acne grau V Forma rara e grave de instalação abrupta, acompanhada de Fulminante manifestações sistêmicas (febre, leucocitose e poliartralgia). Fonte: (BRENNER, et al, 2006) Alfa-hidroxiácidos (AHAS) Os AHAS são ácidos carboxílicos de cadeia curta, gerados a partir de aminoácidos (BARQUET; FUNCK; KOESTER; 2006 apud YU; VAN, 2004). São substâncias tradicionalmente utilizadas na cosmiatria e dermatologia, realizando ações benéficas na pele e produzindo efeitos específicos sobre o estrato córneo, a epiderme, a papila dérmica e folículos sebáceos (BARQUET; FUNCK; KOESTER, 2006). Ocorrem naturalmente em frutas e alimentos como cana-de-açúcar, maçã, leite azedo ou sintetizado em laboratório. Incluem o ácido glicólico, o ácido láctico, o 4 ácido málico, o ácido tartárico e o ácido cítrico. Existem outros AHAS como ácido glicérico (ácido di-hidróxi-propiônico), ácido tartrônico (ácido hidróxi-propanodióico), ácido ascórbico, ácido glucônico, ácido mandélico e ácido benzílico (HERMITTE, 1992). Não é conhecido totalmente o mecanismo de ação dos AHAS (DRAELOS, 2005). Postula-se que os AHAS atuariam interferindo a ligação iônica intercelular, já que as moléculas que apresentam o grupamento hidroxila tendem a formar pontes de hidrogênio ou pela suposição de que a redução do pH da pele, pelo uso de AHAS, pode romper estruturas que mantêm as células epidérmicas unidas. Também se aponta a possibilidade de inibição enzimática, induzida pelos AHAS, de reações do sulfato transferase, fosfo-transferase e quinases, levando poucos grupamentos fosfato e sulfato os eletronegativos para a camada externa dos queratinócitos, resultando na diminuição das forças de coesão (BERARDESCA, 2001). Os AHAS favorecem a descamação da pele, no qual ocasiona um aumento da síntese e do metabolismo do DNA basal, diminuindo a espessura do estrato córneo, já que ocorre um desprendimento dos corneócitos nas camadas inferiores e em formação no estrato córneo, acima do estrato granuloso (NARDIN; GUTERRES, 1999). Os AHAS em concentrações elevadas, também podem aumentar a síntese de colágeno, elastina e glicosaminoglicana, aumentar a retenção de água no estrato córneo e elevando a flexibilidade e a plasticidade do estrato córneo (MICILO, 2013). Os AHAS podem ser utilizados com qualquer veículo, exceto gel à base de Carbopol. É importante levar em consideração à existência de alguns componentes de veículos que interferem nos efeitos dos AHAS como a glicerina, que não penetra no estrato córneo e afeta consequentemente o efeito dos AHAS (BARQUET; FUNCK; KOESTER, 2006 apud YU; VAN, 1996). O ácido glicólico (AG) é um AHAS derivado da cana de açúcar, apresenta dois carbonos, sendo assim tem o menor peso molecular e um pKa de 3,83. O AG, quando em contato com a pele intacta, causa um desprendimento do acumulo do estrato córneo, causando uma descamação da epiderme, assim as células jovens passam a ficar na superfície. Esse processo seguido, estimula que as células se renovem com mais rapidez, impedindo a hiperqueratose e a obstrução do folículo sebáceo, o que esclarece a diminuição da comedogênese. Como a hiperqueratose é 5 impedida, a saída do sebo é facilitada diminuindo as chances de obstrução do folículo piloso. A pele se torna uma textura mais lisa e com menos relevos, o que torna a pele um lugar menos propicio para o desenvolvimento de microorganismos como o P.acnes, que se aloja em relevos contendo sebo, queratina, umidade e temperatura adequada com a pele (WIPPEL, 2009 apud PEYREFITTE, 1998). O efeito colateral mais comum analisado em indivíduos que aplicam o AG é o eritema que muitas vezes pode ser duradouro, dependendo da sensibilidade da pele, da concentração, pH e número de aplicações. Além de seu baixo poder de sensibilização, a capacidade pequena de desencadear alergias é uma de suas propriedades. Quanto maior a concentração e menor pH, maior será o poder de penetração e mais irritante será a aplicação (HOFMEISTER, 1996). O ácido mandélico (AM) é obtido através da hidrolise das amêndoas amargas. É um dos AHAS de maior peso molecular, favorecendo um efeito uniforme, o que também minimiza os transtornos comuns da aplicação de AHAS sobre a pele. Apresenta semelhança química com ácido salicílico com sua ação antisséptica somada as atividades dos AHAS (SUDO; FILHO, 2014 apud JAHARA, 2006). Peelings químicos feitos à base do AM ocasionam uma menor descamação, na qual acelera o tempo de recuperação da pele, geralmente os procedimentos são feitos semanalmente. Ele é um ácido seguro para peles de todos os tipos, em especial a fototipo III e IV, ele comparado aos outros ácidos causa menor irritação, seus resultados são muito rápidos e podem durar longos períodos. (PIMENTEL, 2008). O peeling é um método eficiente onde as aplicações de substâncias na pele provocam a esfoliação química que resulta na renovação da epiderme e/ou derme, promove uma inflamação local acelerando assim, o processo natural de renovação celular e consequentemente a formação de uma nova epiderme e tecidos epidérmicos (MICILO, 2013). O peeling promove alterações na pele devido a estimulação do crescimento epidérmico, induzido pela remoção do estrato córneo; destruição de camadas específicas da pele danificada, cuja reparação produz um novo tecido e, por fim, por indução de reação inflamatória tecidual profunda, quando os agentes utilizados produzem necrose. A ativação dos mediadores inflamatórios é capaz de estimular a produção de colágeno. Age removendo algumas camadas da pele, e ao mesmo 6 tempo, promovendo a regeneração celular através da ativação da membrana basal. (CUNHA, 2014; apud CUCÉ, 2001). Podem ser classificados de acordo com sua concentração em: Peeling superficial que é geralmente epidérmico e não apresenta riscos de complicações ao paciente e pode ser utilizado em todos os tipos de pele. Também em Peeling médio e Peeling profundo, ambos proibidos na estética. (OKUBO, 2004) 2.MATERIAIS E MÉTODOS Essa pesquisa foi baseada no estudo de artigos, livros e teses utilizando dados já trabalhados por outros estudiosos no período de 1996 a 2015. A pesquisa trata-se da aplicação do peeling químico formado pela solução hidroalcoólica de ácido glicólico a 10% e ácido mandélico a 10%. Para a aplicação do protocolo foram selecionados quatro adolescentes do sexo masculino, faixa etária de quinze a dezoito anos, fototipo II e III, que apresentam acne grau I, II e III, pele lipídica, mista ou alípica e sem nenhum outro tipo de tratamento para acne. No processo de coleta de dados foi aplicada a ficha de anamnese (anexo 1) e avaliação. Na ficha foram levantados dados relacionados a identificação, idade, hábitos de vida, uso de medicamento, cosméticos, protetor solar, cor de pele, fototipo (classificação de Fitzpatrick) e graus de acne. Os pacientes foram fotografados prévia e posteriormente aos procedimentos com câmera digital Kodak, Pixpro AZ501, 16MP. Para os pacientes foi passado algumas recomendações, nas quais pediam o uso de filtro solar de três em três horas ao longo do dia e se possível que evitassem exposição ao sol, devido a capacidade fotossensibilizante dos ácidos. O protocolo de tratamento consistiu em sete sessões, com intervalo de uma semana cada sessão. Na primeira semana foi realizada uma limpeza de pele nos pacientes. A segunda semana em diante, era realizado o seguinte procedimento: higienização da pele com sabonete líquido; esfoliação; desengorduramento da pele com álcool 70% e água; aplicação do peeling acrescido de ácido glicólico 10% e ácido mandélico 10%, deixando sobre a pele 25 minutos; enxágue com água abundante e finaliza-se com filtro solar. 7 3.RESULTADOS E DISCUSSÃO. 1. Paciente 01 Paciente com fototipo III, pele lipídica e apresentava acne grau II por toda a face. Durante o tratamento o paciente não apresentou complicações adversas como, hiperpigmentação, infecção ou prurido. Após as seis sessões, houve melhora na aparência da pele e notável melhora na acne, conforme pode ser observado na figura 01. Figura 01: Aparência da pele do paciente 01 antes e após o tratamento Após a primeira sessão Após a sexta sessão 2. Paciente 02 Paciente com fototipo III, pele lipídica e apresentava acne grau III por toda a face. Durante o tratamento, paciente apresentou melhora significativa na aparência da acne, após a quarta sessão, notou-se que houve uma regressão no tratamento, desconhecendo-se a causa. Por fim, houve melhora na região frontal e nasal, e diminuição da acne no zigomático, como pode ser observado na figura 02 8 Figura 02: Aparência da pele do paciente 02 antes e após o tratamento Após a primeira sessão Após a sexta sessão 3. Paciente 03 Paciente com fototipo III, pele espessa e mista, apresentava hiperpigmentação pós-inflamatória na região frontal e zigomático e acne grau II na região frontal, zigomático e mentoniana. Durante o tratamento o paciente não apresentou complicações adversas como, hiperpigmentação, infecção ou prurido. Após as seis sessões, não houve melhora significativa na hiperpigmentação, porém houve uma relativa melhora na acne, conforme pode ser observado na figura 03. Figura 03: Aparência da pele do paciente 03 antes e após o tratamento Após a primeira sessão Após a sexta sessão 9 4. Paciente 04 Paciente com fototipo II, pele alípica, acne grau II na região frontal e mentoniana. Durante o tratamento o paciente não apresentou complicações adversas como, hiperpigmentação, infecção ou prurido. Após as seis sessões, houve melhora na aparência da pele e notável melhora na acne, conforme pode ser observado na figura 04 Figura 04: Aparência da pele do paciente 04 antes e após o tratamento Após a primeira sessão Após a sexta sessão 10 Através do estudo de caso, foi observado e documentado o aspecto das faces afetadas pela acne tratadas por seis semanas com o peeling de AHAS, sendo os utilizados o ácido glicólico e ácido mandélico. Foi escolhida a combinação do ácido glicólico e ácido mandélico para obtenção de resultados mais perceptíveis em menor tempo, visando a eficácia dos mesmos na acne. Aproveitam-se os melhores efeitos de cada substância, resultando em ação mais eficiente. Também devido ao fato de não encontrar-se estudos utilizando a combinação dos dois ácidos. A acne é uma dermatose de alta prevalência, especialmente em adolescentes e adultos jovens. Quanto a sua fisiopatologia, quatro são os principais pilares da patogênese da acne: hipersecreção da glândula sebácea, alteração no processo de queratinização, colonização P. acnes e liberação dos mediadores inflamatórios da pele (ROSAS, et al, 2006). Os AHAS são utilizados no tratamento da acne, devido a capacidade dos mesmos em diminuir a coesão dos corneócitos, acelerando o processo de descamação natural em baixas concentrações e provocar separação dos queratinócitos e epidermolise, em concentrações mais elevadas (NARDIN; GUTERRES, 1999). Segundo Silva e Silva (2011), o ácido glicólico e mandélico (Quadro 02) são os AHAS comumente utilizados em tratamento de acne, visto que, o ácido glicólico atua diretamente diminuindo a população do P. acnes que produz a inflamação da acne. Já o ácido mandélico age no processo infeccioso da doença acelerando o processo de cicatrização promovendo efeito uniforme na pele, e por se tratar de um ácido universal, pode ser utilizado em todos os fototipos. Quadro 02: Quadro comparativo entre os ácidos glicólico e mandélico Nome Peso molecular Fórmula molecular Ácido glicólico 76,05 g/mol C2H4O3 Ácido Mandélico 152,1473 g/mol C8H8O3 11 Mecanismo de ação Concentração pH Efeitos adversos Diminuição da secreção sebácea, descamação da epiderme, impede a hiperqueratose, diminuição da comedogênese, inibe o desenvolvimento do P. acnes. Tratamentos em estética: 10% Peeling: de 1,5 a 2,5; esfoliativo: de 3,0 a 4,0; hidratante: de 5,0 a 6,5 peeling permitido para estética: 3,5 hipersensibilidade, irritação, coceira e vermelhidão nas áreas aplicadas. Solubilidade Parcialmente solúvel em água, altamente solúvel em álcool etílico e isopropílico. Contra Não deve ser utilizado por indicações pacientes com sensibilidade ao ácido glicólico, gestantes e lactantes. Fonte: (PIMENTEL, 2011); (WIPPEL, A. P. 2009) Atua no processo infeccioso da acne, combate e previne a formação de novas bactérias, acelera o processo de cicatrização. Tratamentos em estética: 10 % Peeling: de 1,5 a 2,5; esfoliativo: de 3,0 a 4,0; hidratante: de 5,0 a 6,5 peeling permitido para estética: 3,5 Hipersensibilidade, irritação, coceira e vermelhidão nas áreas aplicadas. Solúvel em água, etanol, acetona, ácido acético e éter. Não deve ser utilizado por pacientes com sensibilidade ao ácido mandélico gestantes e lactantes. O mecanismo de ação do ácido glicólico ainda não é totalmente conhecido, porem há evidencias de que o uso tópico provoque uma diminuição da secreção sebácea. Também ocorre a epidermólise subcorneal, que promove o descamamento das pústulas e desprendimento dos queratinócitos. (ALMEIDA, 2007). O ácido mandélico atua no processo infeccioso da acne, combatendo e prevenindo a formação de novas bactérias e acelerando o processo de cicatrização, auxiliando na prevenção de novas lesões e cooperando para o tratamento de sequelas eventuais (PIMENTEL, 2011). Conforme observado nas figuras acima, os casos que apresentavam a acne grau II, os AHAS foram capazes de reduzir as áreas afetadas pela acne e a aparência da mesma, proporcionando uma melhora na acne, já nos casos de acne grau III, os AHAS foram capazes de reduzir um pouco menos as áreas afetadas pela acne. Lembrando que por se tratar de casos de acne grau III, o protocolo deve ser realizado com acompanhamento de um médico especialista para eventuais 12 problemas. Ao longo das semanas notou-se melhora na autoestima dos pacientes. Durante a aplicação do peeling os pacientes relatavam irritação e ardência na face, nos locais onde possuía mais acne a ardência era maior. Notava-se vermelhidão nas áreas aplicadas. Ao longo da semana, os pacientes relatam descamação na face. Após a descamação, uma melhora na textura e maciez da pele. De acordo com Sudo e Filho (2014) o ácido glicólico pode ser usado na acne comedogênica, pápulo pustulosa e nódulo cística, sendo que nos casos de mais severos é preciso um número maior de aplicações. Para os pacientes com o de acne grau III, mesmo com bons resultados, serão necessárias mais sessões para melhoria significativa da acne e para parâmetros melhores de comparação. Mesmo com o final das sessões recomenda-se cuidados diários com a pele, como higienização adequada e proteção solar. 4.CONSIDERAÇÕES FINAIS Com este trabalho foi possível demonstrar o efeito da aplicação de um peeling combinado contendo a associação de dois AHAS no tratamento da acne em adolescentes. No desenvolvimento deste estudo verificaram-se respostas satisfatórias no tratamento de acne em adolescentes, afirmando o que muitos autores citados já vêm informando sobre as propriedades dos AHAS. Os resultados deste estudo de caso demonstraram que o tratamento tópico das lesões acneicas, com peeling combinado de ácidos glicólico e mandélico, dentro das concentrações e pH possíveis de serem utilizados pelos profissionais de tecnologia em estética, é uma ferramenta segura e eficaz para se abordar o tratamento de pacientes com acne grau II, nos casos de grau III serão necessárias mais sessões para melhores resultados. 13 REFERÊNCIAS ALMEIDA, E. F. 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