ESTRUTURAS FOLIARES DE Vernonia polyanthes Less.

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Estruturas foliares de Vernonia polyanthes Less. (Asteraceae) relacionadas com a...
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ESTRUTURAS FOLIARES DE Vernonia polyanthes Less. (Asteraceae) RELACIONADAS
COM A PROSPECÇÃO DE SUBSTÂNCIAS COM POTENCIAL MEDICINAL
STRUCTURES OF LEAF Vernonia polyanthes Less. (Asteraceae) RELATED TO PROSPECTION OF MEDICAL
POTENTIAL SUBSTANCES
Marcielly Lima de Morais1
Thácilla Caroline Cordeiro Caracas1
Priscila Maria Andrade de Prince2
Darlê Martins Barros Ramos2
Guilherme Araújo Lacerda2,3
RESUMO
Este trabalho apresenta como tema central o uso de uma planta medicinal nativa do cerrado mineiro
a fim de relacionar a sua estrutura foliar a possíveis propriedades farmacológicas e ampliar o
universo de pesquisas com extratos vegetais desse bioma. Utilizando o nosso objeto de estudo o
Assa-peixe (Vernonia polyanthes Less.) realizamos pesquisas farmacobotânicas e testes de
sensibilidade contra as cepas de Staphylococcus aureus, Escherichia coli e Pseudomonas
aeruginosa. Valorizando assim, o nosso berço de espécies vegetais ricos em propriedades
terapêuticas, criando oportunidades de expandir o conhecimento sobre a finalidade de cada planta
para o desenvolvimento de medicamentos, podendo aumentar os recursos e diminuir os custos.
Palavras Chave: Estruturas Vegetais. Cerrado. Plantas Medicinais. Viabilidade Microbiana.
Extratos Vegetais.
ABSTRACT
This work has as its central theme the use of a medicinal plant native to the mountains of Minas
Gerais, in order to relate their leaf structure to possible pharmacological properties and expand the
universe of research on plant extracts of this biome. Using our object of study the Assa-peixe
(Vernonia polyanthes Less.) will carry out research pharmacobotany and sensitivity tests against
Staphylococcus aureus, Escherichia coli and Pseudomonas aeruginosa. Valuing so our crib plant
species rich in therapeutic properties, creating opportunities to expand knowledge about the purpose
of each plant for the development of drugs, which could increase the capabilities and reduce costs.
Keywords: Plant Structures. Cerrado. Medicinal Plants. Microbial Viability. Plant Extracts.
INTRODUÇÃO
As plantas medicinais são um valioso recurso terapêutico desde os tempos remotos até os
dias de hoje. Devido a sua importância tem-se a necessidade de avaliar diferentes espécies vegetais,
em função de suas propriedades medicinais. Através de comprovações científicas é que se garante a
eficácia da planta sendo necessário conhecer as informações sobre elas utilizadas na medicina
1
Graduandas do Curso de Farmácia das Faculdades Integradas do Norte de Minas – FUNORTE.
Professores do Curso de Farmácia das Faculdades Integradas do Norte de Minas - FUNORTE, Montes Claros, MG,
Brasil.
3
E-mail: [email protected]
2
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tradicional. Atualmente observa-se um aumento da utilização de plantas medicinais e medicamentos
a base de plantas fitoterápicas.
Deste modo, plantas são usadas como o único recurso terapêutico de uma parcela da
população brasileira e de mais de 2/3 da população do planeta. Os principais fatores que
influenciam na manutenção desta prática são o baixo nível de vida da população e o alto custo dos
medicamentos. Dessa forma, usuários de plantas de todo mundo, mantém em voga a prática do
consumo de fitoterápicos, tornando válidas algumas informações terapêuticas que foram
acumuladas durante séculos (NEWALL et al., 2002).
A microbiota humana constitui um dos mecanismos de defesa contra a patogênese
bacteriana, mas ainda que a maioria dos componentes da microbiota normal seja inofensiva a
indivíduos sadios, esta pode constituir um reservatório de bactérias potencialmente patogênicas.
Muitas bactérias da microbiota normal podem agir como oportunistas. Nestas condições a
microbiota residente pode ser incapaz de suprimir patógenos transitórios, ou mesmo, alguns
membros da microbiota podem invadir os tecidos do hospedeiro causando doenças muitas vezes
graves (TRABULSI; ALTERTHUM, 1999).
Staphylococcus aureus é um importante patógeno devido à sua virulência, resistência aos
antimicrobianos e associação a várias doenças, incluindo enfermidades sistêmicas potencialmente
fatais, infecções cutâneas, infecções oportunistas e intoxicação alimentar Lowy (1998). Esta
bactéria habita com frequência a nasofaringe do ser humano, a partir da qual pode facilmente
contaminar as mãos do homem e penetrar no alimento, causando a intoxicação alimentar
estafilocócica Murray et al. (2000).
A Escherichia coli está entre os patógenos bacterianos de seres humanos mais frequente e
mais importante, provocando mais de 90% de todas as infecções do trato urinário. Após caracterizar
a epidemiologia, a patogenia e as manifestações clínicas deste microorganismo e cultivá-los,
conclui-se que a Escherichia coli é o germe que ocorre com maior frequência na infecção do trato
urinário (CORRÊA et al., 2003).
Pseudomonas aeruginosa é uma bactéria Gram-negativa extremamente versátil, que pode
ser encontrada em diversos ambientes, principalmente solo e água, ou ainda associada a plantas e
animais, onde pode causar infecções oportunistas (BORGES, 2005).
Estudos que analisam as propriedades antimicrobianas de espécies vegetais utilizadas na
medicina popular revelam excelentes oportunidades para o desenvolvimento de novos produtos
medicinais Simões et al. (2001). O vegetal Vernonia polyanthes possui fins medicinais
(BRASILEIRO et al., 2006; COSTA et al., 1998). O fato de estas espécies serem utilizadas
popularmente como fitoterápicas justifica esta caracterização microscópica, como importante
subsídio à identificação de cada espécie. Dessa forma o presente trabalho visou identificar suas
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características foliares e avaliar a possibilidade de atividade antibacteriana dos extratos da planta
para futuras pesquisas.
MATERIAIS E MÉTODOS
O espécime de Assa-peixe Vernonia polyanthes Less. foi coletado na região da comunidade
rural de Moradeiras da cidade de Januária, MG. As partes botânicas da espécie como folhas, caule e
a raíz coletadas foram separadas e secas a sombra em temperatura ambiente durante 01 semana.
Após a secagem, as folhas foram trituradas, acondicionadas em sacos de papel. A identificação
botânica foi realizada pelo Prof. Dr. Guilherme Araújo Lacerda e as exsicatas depositadas no
Herbário da Universidade Estadual de Montes Claros - UNIMONTES com respectivos registros,
Voucher 3753.
Foram realizados cortes a mão livre no Laboratório de Botânica da Faculdade de Saúde
Ibituruna – FASI utilizando folhas frescas do material botânico evitando-se aquelas doentes ou
atacadas por insetos (FOSTER, 1949). Secções transversais e paradérmicas foram realizadas à mão
livre. Os cortes foram então submetidos a coloração com fucsina básica (ROESER, 1972). Testes
histoquímicos também foram realizados, empregando-se as soluções de lugol para amido
(BERLYN e MIKSCHE, 1976) e de Sudan IV (SASS, 1951) para lipídeos.
Existem diversas metodologias descritas para a preparação de extratos vegetais, visando o
isolamento de seus constituintes químicos. Um dos métodos considerados o mais adequado para a
análise química farmacológica é a preparação de um extrato hidroalcóolico - etanol/água Yunes et
al. (2001). Onde foram utilizados 500 mL de etanol-água (70/30 v/v) com 50g do pó da folha,
ambos misturados em um béquer durante 1 hora. Posteriormente, foi feita a filtração e repetiu-se a
operação para garantir a qualidade do extrato. Em seguida, distribuiu-se o extrato líquido em placas
de Petri e secou-se na estufa durante 4 dias a temperatura de 80º C sendo resfriada 1 dia a
temperatura ambiente.
Após a secagem o extrato foi preparado para ter uma concentração de 100.000µg/mL, onde
foi pesado 0,03g do extrato seco bruto da folha e diluído em 300µL de Dimetilsulfóxido (DMSO)
sendo armazenado em microtubo estéril. Essa solução estoque foi diluída 100x para a obtenção da
solução de uso com concentração igual a 1000µg/mL.
Para a realização da técnica REMA (Resazurin Microtiter Assay), foram utilizadas
microplacas estéreis de 96 orifícios de fundo plano, caldo BHI, tetraciclina como droga de
referência, Dimetilsulfóxido (DMSO) como diluente dos extratos, resazurina como substância
reveladora e os micro-organismos Staphylococcus aureus (ATCC25923), Escherichia coli
(ATCC25922) e Pseudomonas aeruginosa (ATCC27853).
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Foi utilizada uma solução estoque de tetraciclina (TET – Sigma) de concentração igual a
10.000μg/mL. A solução estoque foi diluída 78x para a obtenção da solução de uso para S. aureus
(CIM 0,25-1) e E. coli (CIM 1-4) com concentração final de 128μg/mL. Para P. aeruginosa (CIM
8-32) a solução estoque foi diluída 39x para a obtenção da solução de uso com concentração final
de 256μg/mL. Foram preparadas soluções bacterianas compatíveis com a escala 0,5 de MacFarland,
resultando em uma suspensão de 1-2 x 108 UFC/mL. Da escala 0,5 de MacFarland, foi realizada
uma diluição de 1:100 em caldo BHI. Não houve a determinação da Concentração Inibitória
Mínima (CIM) dos extratos vegetais utilizando a técnica do rema (Resazurin Microtiter Assay).
RESULTADOS E DISCUSSÃO
Foram testados diferentes corantes como lugol (afinidade por carboidratos), fucsina
(afinidade por peptídeoglicanos) e sudan IV (afinidade por lipídeos). No corte paradérmico da face
abaxial da folha notamos estômatos do tipo anomocíticos ou ranunculáceo (ausência de células
subsidiárias) utilizando a coloração com lugol (Figuras 1-8).
Figuras 1-8: Estruturas foliares de Vernonia polyanthes (Asteraceae). 1. Secção transversal,
tricomas glândulares, Fucsina, aumento 100x. 2. Secção transversal, glândulas produtoras, Fucsina,
aumento 100x. 3. Secção paradérmica, face adaxial, glândulas, Lugol, aumento 40x zoom 2.2. 4.
Secção paradérmica, face abaxial, estômatos anomocíticos, Lugol, aumento 100x. 5. Secção
transversal, tricoma tector multiseriado, Fucsina, aumento 40x zoom 3.0. 6. Secção paradérmica,
face abaxial, estômatos anomocíticos, Fucsina, aumento 100x. 7. Secção paradérmica, face abaxial,
tricoma glândular, Lugol, aumento 100x zoom 3.5. 8. Secção paradérmica, face abaxial, estômatos
anomocíticos, Sudan IV, aumento 100x zoom 3.5.
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Fonte: Dados da pesquisa.
No corte transversal foi perceptível notar a abundância de glândulas produtoras de essências
presentes em ambas faces (adaxial e abaxial) como também nos tricomas glandulares, identificados
com a utilização da fucsina. Com este mesmo corante tricomas tectores multisseriados foram
observados em abundância em ambas as faces. O sudan IV não se demonstrou um bom corante,
pois evidenciou o conteúdo denso nas estruturas. Já o lugol e a fucsina demonstraram conteúdos
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monofásicos de coloração amarelada e rósea, respectivamente. Os detalhes das plantas matrizes
podem ser observados (Figuras 9 e 10).
Estes resultados são corroborados por vários autores como Alves e Neves (2003), Lolis e
Milaneze-Gutierre (2003) e principalmente por Mauro et al. (2006) que dizem que três espécies:
Vernonia polyanthes, V. scorpioides, e V. condensata apresentam limbo com mesofilo dorsiventral,
com tricomas tectores unisseriados pluricelulares, menos abundantes em V. condensata, muito
conspícuos nos 2 assa-peixes, sendo que em V. scorpioides estes tricomas apresentam uma dilatação
basal. As 3 espécies exibem tricomas glandulares sésseis e pedicelados, sendo mais abundantes os
pedicelados. Os pecíolos apresentam feixes vasculares dispostos de forma simétrica. Os estômatos
anomocíticos estão situados principalmente na face dorsal do limbo. Há drusas, em idioblastos, no
caule dos dois assa-peixes analisados por estes autores.
Figuras 9-10: 9. Vernonia polyanthes, arbusto onde foi retirado a suas partes botânicas, na região
da comunidade rural de Moradeiras na cidade de Januária, MG. 10. Detalhes das folhas e caule do
Assa-peixe.
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Fonte: Dados da pesquisa.
Na técnica do REMA, o extrato da folha do vegetal mostrou não ter atividade
antimicrobiana, pois houve crescimento bacteriano e todas as microdiluições testadas. Resultados
diferentes foram obtidos por Jorgetto et al. (2011) que demonstrou atividades antibacterianas e
antiprotozoárias no extrato etanol-água (70/30 v/v) foliar de V. polyanthes com 15 dias de
maceração e método antibacteriano de disco (qualitativo). Benfatti et al. (2006) identificaram uma
série de substâncias bioativas no extrato clorofórmico de folhas de Assa-peixe. Pereira e Castro
(2010) encontraram substâncias fenólicas no mel desta planta indicando o potencial antioxidante do
mesmo.
Estes dados indicam a valorosa aplicação do Assa-peixe como planta medicinal que muitas
vezes perde seu espaço natural e ainda aquele colonizador pioneiro no ambiente devido a ser
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considerado indesejável nas áreas de pastagem pelos pecuaristas (RASSINI e COELHO, 1994;
SOUZA-FILHO et al., 1996; FONSECA et al., 2012).
CONCLUSÃO
Identificou-se as principais características foliares motivando-se a possibilidade de atividade
antimicrobiana dos extratos da planta para futuras pesquisas.
AGRADECIMENTOS
Às instituições FUNORTE-FASI e UNIMONTES pelo suporte e apoio técnico.
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