Morfoanatomia e ontogênese do fruto e semente de Vernonia brevifolia LESS. e Vernonia herbacea (Vell.) Rusby (Asteraceae). Marco Antonio Garcia Martins Instituto de Biociências UNESP/Botucatu Orientadora Denise Maria Trombert de Oliveira Instituto de Biociências UNESP/Botucatu Palavras Chave: anatomia, desenvolvimento, morfologia, pericarpo, tegumento Publicado em: 10/06/2007 Resumo A flora do cerrado é muito diversificada e estimativas recentes indicam que o bioma possui cerca de 10 mil espécies de plantas vasculares, das quais cerca de 50% são espécies endêmicas. A família Asteraceae é a segunda mais bem representada no cerrado, onde são registrados 106 gêneros e 557 espécies. Muitas espécies de Asteraceae têm importância econômica e os estudos morfoanatômicos são indispensáveis para oferecer subsídios a pesquisas posteriores, que poderão resultar na melhor utilização de seus benefícios ou em meios para combater mais eficientemente as espécies invasoras. Dentre as tribos da família Asteraceae, Vernonieae (subfamília Cichorioideae) é a mais representativa em áreas de cerrado. Esta tribo representa 35% do total de espécies da família encontradas no bioma. O gênero Vernonia é o mais numeroso da tribo, apresentando aproximadamente 1.000 espécies; no cerrado, são registradas 92 espécies de Vernonia. Neste trabalho, comparam-se a morfologia, anatomia e o desenvolvimento http://www.biotaneotropica.org.br do fruto e semente de Vernonia brevifolia Less. e V. herbacea (Vell.) Rusby, espécies pertencentes à tribo Vernonieae (Asteraceae) que são freqüentemente encontradas em áreas residuais de cerrado no Estado de São Paulo, especialmente na região de Botucatu. O material botânico consistiu de ovários e óvulos de botões florais e flores em antese, frutos e sementes em diversas fases do desenvolvimento, de ambas as espécies, fixados em FAA 50 e conservados em etanol a 70%. Foram feitas observações morfológicas e preparadas lâminas permanentes e semi-permanentes, de acordo com as técnicas apropriadas, aplicando-se também os testes histoquímicos usuais. O fruto e a semente de V. brevifolia e V. herbacea são muito similares entre si, tanto morfológica quanto anatomicamente. O fruto é uma cipsela típica, com pápus duplo em ambas as espécies. Observa-se que o exocarpo é constituído por epiderme unisseriada, onde se destacam tricomas tectores e glandulares. No mesocarpo, subepidermicamente, ocorre grande quantidade de cristais prismáticos formados em fibras, que constituem apenas uma camada em V. brevifolia e de uma a três camadas em V. herbacea. Internamente, observa-se um parênquima laxo que, na maturidade, apresenta-se colapsado; imersos no mesocarpo, encontram-se feixes vasculares colaterais. O endocarpo é unisseriado e também se mostra colapsado na maturidade. No ápice do fruto, predomina um disco central de fibras com orientação e número de camadas variáveis; perifericamente, prevalecem células parenquimáticas alongadas, em variável número de camadas, formando uma protuberância onde se insere o pápus. Na base do fruto, encontra-se o carpopódio que, em V. herbacea, é mais proeminente do que em V. brevifolia e apresenta cristais drusas e estilóides. Os óvulos são anátropos, unitegumentados, tenuinucelados e com placentação basal. Na semente muito jovem, o tegumento exibe três regiões: camadas periféricas de células de paredes delgadas, alongadas longitudinalmente; camadas de células de formatos variáveis, com paredes espessadas irregularmente, impregnadas por substâncias pécticas; o endotélio, que possui células levemente alongadas no sentido anticlinal, com paredes delgadas, citoplasma muito denso e núcleo evidente. A vascularização é realizada por um feixe vascular anficrival que irriga toda a rafe, calaza e emite uma extensão pós-calazal. http://www.biotaneotropica.org.br O endosperma é celular e prolifera pouco durante o desenvolvimento, enquanto o embrião se diferencia. Paralelamente, ocorre reabsorção das camadas pécticas do tegumento, estendendo-se também a algumas das camadas mais periféricas e, parcialmente, ao endotélio. A semente madura é também anátropa e unitegumentada, recoberta por tegumento colapsado. O endosperma é residual, restringindo-se a uma camada celular, mais evidente em V. brevifolia. O embrião possui eixo embrionário curto e cotilédones bem distintos. Nestes, o mesofilo apresenta tendência paliçádica e arranjo isobilateral. Todas as células do embrião acumulam lipídios e amido. Com base nestas observações, concluise que o pericarpo das duas espécies pode ser distinto pelo número de camadas de fibras no mesocarpo externo (unisseriada em V. brevifolia e até trisseriada em V. herbacea), pelo tamanho do carpopódio (maior em V. herbacea) e pela presença de cristais na base da cipsela, restrita a V. herbacea. Quanto à semente, não é possível distinguir as duas espécies estudadas utilizando-se somente aspectos anatômicos. Martins, Marco Antonio Garcia. Morfoanatomia e ontogênese do fruto e semente de Vernonia brevifolia Less. e V. herbacea (Vell.) Rusby (Asteraceae) / Marco Antonio Garcia Martins. – 2006. Dissertação (mestrado) – Universidade Estadual Paulista, Instituto de Biociências de Botucatu, 2006. Orientadora: Denise Maria Trombert de Oliveira Assunto CAPES: 20302002 1. Morfologia vegetal 2. Botânica 3. Anatomia vegetal CDD 582 Palavras-chave: Anatomia; Desenvolvimento; Morfologia; Pericarpo; Tegumento http://www.biotaneotropica.org.br