Resumos de ICE O tempo e o lugar das Ciências da Educação Qual

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Resumos de ICE
O tempo e o lugar das Ciências da Educação
Qual o tempo, qual o lugar das Ciências da Educação em Portugal? O fenómeno poderá, no
entanto, ter várias explicações, a desorganização do sistema educativo, operada a partir de
1974, a sobrepor-se a todas as outras – sistema anquilosado, esse nosso, sem possibilidades de
reconversão. Daí, as mudanças, as reformas surgiram nos dez, nos quinze anos que se seguiram.
E foi nesse contexto que apareceram as ciências da educação, trazidas pela mão dos que tinham
obtido graus e experiencia, em países europeus ou norte-americanos. A sua acção passou a
exercer-se a níveis diversificados, com incidência no ensino universitário e, logo a seguir, no
politécnico. Esse foi o lugar privilegiado, em finais dos anos 70 e a década de 80, em ruptura
com o conceito de Pedagogia, publicando, tanto em revistas nacionais como nas de outros
países.
Mas, além das dificuldades já referidas, várias outras têm impedido uma acção profícua das
Ciências da Educação, nomeadamente as que dizem respeito a dois sectores, a saber: o da
formação de professores e o da organização e gestão do sistema educativo. No que se refere à
formação, a dificuldade maior resulta do facto de os cursos de formação serem geridos, nas
universidades por parceiros vários, quantas vezes envolvidos em lutas de poder pessoa e de
supremacia departamental. Lutas em que os pólos de oposição se situam nos saberes ditos
científicos e nos de cariz educacional. Ainda no campo da formação de professores e de
educadores, mas agora no âmbito dos cursos das Escolas Superiores de Educação, convirá dizer
que, se dificuldades existem, elas são de outra ordem, pois resultam não só da carência de
sabres científicos específicos, como da ausência de uma investigação educacional minimamente
institucionalizada.
Estrangulamentos vários têm também vindo a travar a acção da Ciências da Educação, no âmbito
da organização, gestão e do desenvolvimento do sistema educativo, áreas que, sendo do foro
da decisão política, não deveriam prescindir, no entanto, de estudos de base, que dessem
elementos a uma tomada de decisão mais esclarecida. O controlo que o Ministério da Educação
tem exercido nos últimos vinte ano é tão premente e tão asfixiante que não tem dado margem
à intervenção das Ciências da Educação neste sector.
O recurso a especialistas em desenvolvimento curricular ou à elaboração de estudos científicos
na matéria foi algo com que ninguém se preocupou. E esta situação não é inédita, pois a ausência
do recurso aos nossos saberes científicos continua a verificar-se, nos tempos actuais: o sistema
de educação está por avaliar, tanto na sua globalidade, como nos segmentos que o constituem;
as alterações e as microrreformas em curso continuam a ser implantadas sem estudos credíveis,
que as justifiquem.
Educação informal e não formal
1.Distinções preliminares
Educação informal
A educação informal, realizada na família, como primeiro e priveligiado espaço de transmissão
de cultura, também se estende no convívio com os amigos, nas actividades de trabalho e de
lazer, nos veículos de informação e entretenimento, como rádio, TV, jornais, revistas, livros,
internet. Como se vê, muitos desses veículos constituem o que chamamos meios de
comunicação de massa, ou simplesmente, os média.
Em boa parte desse processo informal de aprendizagem não se percebe claramente o que
estamos “aprendendo”. Por exemplo, antes de começar a falar, a criança é capaz e emitir toda
a gama de sons existentes nas diferentes línguas humanas. Ao assimilar a língua materna,
seleciona aqueles sons que serão mais usados e, posteriormente, terá dificuldade em emitir
aqueles que entraram em desuso.
Variam também os modos de transmissão dos comportamentos. Além da imitação, às vezes os
modelos são impostos por meio de sanções familiares ou pela legislação; podem resultar da
pressão psicológica, como a exercida pela religião, pela moral ou até pela moda; são ainda
veiculados pelos meios de comunicação. Essas influências podem ser eventualmente
deliberadas, mas com frequência são acidentais. Deliberadas quando transparece a intenção de
modelar determinado tipo de comportamento, por ex. quando um pai ensina o filho a respeitar
as pessoas; acidentais quando a aprendizagem não resulta do intuito explicito do agente
educador. Aliás este procedimento é comum na sociedade, onde são vivenciadas
hipocritamente inúmeras contradições: prega-se a solidariedade, ao mesmo tempo que se
ensina, pelo comportamento, que só sobrevive quem aceita a competição sem escrúpulos.
Por isso, a educação informal caracteriza-se por não ser intencional ou organizada, mas casual
e empírica, exercida a partir das vivências, de modo espontâneo.
Educação não formal
Na educação não formal os modelos de aprendizagem não se confundem com a educação
formal, que é oficial e deve cumprir exigências legais, mas dela se aproximam pela intenção
explícita de educar, muitas vezes usando recursos metodológicos para a sua realização.
Resultam, por exemplo, da iniciativa de grupos que se empenham na alfabetização de adultos,
de empresas que oferecem cursos de aperfeiçoamento de habilidades de habilidades para s seus
empregados, iniciativas de sindicatos, partidos políticos, etc.
“Um dos supostos básicos da educação não formal é o que a aprendizagem se dá por meio da
prática social. É a experiencia das pessoas em trabalhos coletivos que gera um aprendizado. É a
experiencia das pessoas em trabalhos coletivos que gera um aprendizado. A produção de
conhecimento é gerado por meio da vivência de certas situações-problema. As acções
interativas entre os indivíduos são fundamentais para a aquisição de novos saberes, e essas
acções ocorrem fundamentalmente no plano da comunicação verbal, oral, carregadas de todo
o conjunto de representações e tradições culturais que as expressões orais contêm. A maior
importância da educação não formal está na possibilidade de criação de novos conhecimentos,
ou seja, a criatividade humana passa pela educação não formal. O agir comunicativos dos
indivíduos, voltado para o entendimento dos factos e fenómenos sociais quotidianos, baseia-se
em convicções práticas, muitas delas advindas da moral, elaboradas a partir das experiencias
anteriores, segundo as tradições culturais e as condições histórico-sociais de determinado
tempo e lugar.
Educação, um tesouro a descobrir – os quatro princípios da educação
À educação cabe fornecer, dalgum modo, a cartografia dum mundo complexo e constantemente
agitado e, ao mesmo tempo, a bússola que permita navegar através dele.”
Segundo Delors, já não é possível acumular informação e conhecimento que possa servir para
um tempo de vida, é necessário uma constante actualização e aprofundamento desses
conhecimentos e a aquisição de novos, desde pequenos até ao fim da vida, pois hoje, a
velocidade da produção de conhecimento é superior àquela a que conseguimos aprender.
É então no Relatório para a Unesco da Comissão Internacional sobre a Educação para o século
XXI, que Delors conclui que pelo menos quatro fundamentos devem nortear a educação, sendo
esses quatro fundamentos ou pilares, os que irão influenciar e guiar todos os indivíduos:
aprender a conhecer, aprender a fazer, aprender a viver juntos e aprender a ser.
É de notar, que actualmente, no contexto de ensino formal, as práticas utilizadas estão
praticamente orientadas para o aprender a conhecer e também um pouco para o aprender a
fazer, sendo que os outros dois pilares são como que deixados de lado. Segundo a Comissão,
todos os quatro pilares devem ser igualmente aprofundados no contexto de ensino, pois
também é essencial educar o individuo enquanto membro da sociedade e não apenas
transmitir-lhe os instrumentos de compreensão.
Começando pelo pilar do Aprender a conhecer, este tipo de aprendizagem procura que o
individuo consiga dominar os próprios instrumentos do conhecimento que o levam ao
conhecimento em si, com o objectivo de que cada um consiga aprender a compreender a
realidade, desenvolvendo competências profissionais e de comunicação. Com o acumular de
conhecimentos, também o seu sentido crítico e curiosidade intelectual despertam e
desenvolvem-se. Nunca devemos esquecer que o processo de aprendizagem é contínuo e não
efémero, cada experiência vivida é enriquecimento.
Passando para o segundo pilar, o do Aprender a fazer, este encontra-se estreitamente ligado à
questão da formação profissional. A rápida evolução pela qual as profissões atravessam hoje,
exigem dos indivíduos uma grande adaptação a novas situações de emprego e a trabalhar em
equipa, e por isso também uma grande capacidade de fazer escolhas, pensar de modo crítico e
não ter de depender em “modelos pré-feitos”. Aprender a fazer tem de deixar de ser apenas o
preparar-se para alguma tarefa em concreto e deve evoluir para algo mais do que a transmissão
de práticas. A relação que existe entre a matéria e a técnica tem de ser completada com aptidões
para as relações interpessoais, os empregadores querem pessoas com qualificações, mas isso só
não chega, exigem também qualificações à base de comportamentos, por vezes até mais dos
que à base de aptidões intelectuais.
O terceiro pilar trata o Aprender a viver juntos, aprender a viver com os outros, a aprendizagem
deste pilar é apresentado como um dos maiores desafios da educação, pois envolve a
compreensão do outro. Como seres humanos, todos temos a tendência de considerar que o
grupo no qual estamos inseridos possui mais qualidades do que os outros grupos, isto gera
preconceitos em relação aos outros, falta de respeito, intolerância, etc. A educação é então
essencial na redução e diminuição dos conflitos e redução de riscos, tem como objectivo dar a
conhecer as diferenças entre culturas, países, religiões, mostrar e ajudar a criança/adolescente,
através da escola ou através da comunidade ou pela família, a colocar-se no lugar do outro, a
compreender melhor o outro e a conseguir descobrir-se também a si mesmo. Sem este pilar,
seria impossível a existência de comunidades, nem seria possível que o desenvolvimento
existisse.
Por fim, o quarto pilar, o Aprender a ser, é o desenvolvimento pessoal do indivíduo, é o ser capaz
de ter autonomia, de pensar por si, de agir responsavelmente, é o ser social, imaginativo, é ser
um todo. A aprendizagem precisa ser integral, sem nunca negligenciar nenhuma das
potencialidades do indivíduo.
Teoria da educação
Polissemia do conceito “educação”
Fazendo uma abordagem ao conceito de educação, A. Sanvisens constata que começamos por
tropeçar numa serie de dificuldades pelo facto de este termo expressão significados muito
variados, sendo os principais: a educação como facto, como realidade (que ocorre em todas as
sociedades humanas), a educação como actividade e como processo (pois consiste numa
construção), a educação como efeito ou resultado (designando as consequências daquela
actividade), a educação como relação (por realizar uma ponte transmissiva) e a educação como
tecnologia (conjunto de métodos e técnicas que intervêm no processo educativo).
Com efeito, o termo educação é como um poliedro de muitas faces. Chamamos educação, de
facto, a coisas tao variadas como: a actuação do educador relativamente ao seu educando, a
qualidade de uma pessoa que foi educada, o sistema escolar de um país, o comportamento
segundo as normas de urbanidade, o nível de instrução de uma população, o “capital humano”
(ou a formação da força de trabalho), o desenvolvimento pessoa quando orientado, a
transmissão cultural no seio de uma sociedade, etc. Podemos dizer que a educação tem uma
dimensão pessoa, social, relacional, cultural, política, artística, existencial, económica,
psicológica, jurídica, racional, aditiva, institucional, histórica, labora, ética e comercial.
Todos os diferentes sentidos de “educação” têm algo em comum, um certo significado que os
une e que justifica que a todos eles se lhes aplique a mesma palavra. As diversas aceções de
“educação” designam e não designam o mesmo. O mais seguro será descartarmo-nos das várias
significações do termo e centrarmo-nos apenas numa delas; então sim, poderemos precisar o
seu sentido. No entanto, e apesar de abordarmos a educação a partir de uma só perspectiva (a
que interessa à Pedagogia), ela aparecer-nos-á ainda tão envolta em dificuldades de
compreensão que nos será difícil explicar satisfatoriamente a sua natureza. O conceito de
educação continuará a ser enigma, pois, “saber com profundidade e exatidão o que é educação,
implicaria não apelas defini-la segundo certos princípios essenciais, como também ver de que
modo se realiza e é condicionada historicamente e como influencia a historia num contexto
sociocultural concreto.
A educação como “acção de educar”
Por educação como “acção” entendemos o acto ou a actividade de educar, regulado por uma
tecnologia pedagógica e tendente a produzir nas pessoas efeitos educacionais. Por educação
como “efeito” entendemos as consequências ou resultados do educar, se o primeiro era um
“fazer”, o segundo é um “facto”, isto é, um fenómeno pertencente à realidade objectiva, ao
mundo das coisas existentes.
Enquanto as Ciências da Educação estudam a educação como factum, a Pedagogia estuda-a
como actus. Em terminologia clássica, dizemos que as CE são ciências teóricas, enquanto que a
Pedagogia é uma ciência prática.
As definições de educação
Numa primeira aproximação, poderíamos devidir todas as definições de educação em dois
grupos: as que chamaremos de definições formais e as definições materiais ou reais. Por
definições formais entendemos as que aludem ao processo esquemático da educação, à sua
estrutura genérica, mas sem especificar no que consiste, a actividade concreta de educar.
Chamamos definições reais às que cumprem com o requisito de indicar o que pela educação se
está a fazer com a pessoa e em que sentido se pretende orientá-la.
As definições “formais” de educação
Muitas definições de educação são formais. Castané concebe a educação como
“desenvolvimento intencional de aperfeiçoamento”. Para A. Pacios, “a educação é o conjunto
de hábitos operativos que aperfeiçoam o Homem nas suas faculdades”. Garcia Hoz vê a
educação como “aperfeiçoamento intencional das potencialidades especificamente humanas”.
Tratam-se de definições formalmente exatas mas que, para expressar o seu verdadeiro
significado, deveriam indicar-nos o que entendem por perfeição humana, de que modo esta se
pode atingir e como ocorre no individuo o desenvolvimento da mesma. Para W. Fliter a
educação é o “processo de crescimento e maturação dos jovens dentro de certas etapas nas
quais os adultos protegem e fomentam o processo mencionado”. Para Jonas Cohn “a educação
é a acção de um Homem completo sobre um Homem total”, “é a ação consciente e continuada
sobre a plasticidade humana, que se dirige à formação do Homem”. “Educação é a acção
intencional e planificada sobre o Homem e individual enquanto tal, na sua primeira juventude,
com vista a proporcionar-lhe, de acordo com a planificação, uma forma determinada e
permanente”. “Educar é dar à alma e ao corpo toda a beleza e perfeição de que são
susceptiveis”; “A educação é o desenvolvimento natural, progressivo e sistemático de todas as
faculdades”; “a educação consiste em favorecer um desenvolvimento tão completo quanto
possível das aptidões de cada pessoa, quer enquanto individuo, quer como membro de uma
sociedade regida pela solidariedade. A educação é inseparável da evolução social, constituindo
uma das forças que a determinam”.
As definições “reais” de educação
Outras definições são reais, expressando no que consistirá efectivamente a educação e o modo
como a pessoa será influenciada por ela. Para Platão, “educação é a formação que desde a
infância exercita o Homem na virtude e lhe inspira o vivo desejo de chegar a ser um cidadão
perfeito capaz de governar e de ser governado de acordo com a recta justiça”. Para Kant “é
educação da personalidade, a educação de um ser que trabalha livremente, que se basta a si
próprio e que é um membro da sociedade. Estas definições reais estão feitas com base na
filosofia pessoa dos seus autores, que transparece nelas. Assim, por exemplo, “educar é fazer
com que a natureza se vá ajudando, suave e lentamente, a si mesma, limitando-se o individuo a
reconhecer que as circunstâncias ambientais apoiam o trabalho da natureza”; “educar é suscitar
as energias do Homem como ser progressivamente consciente, pensante e inteligente, ajudá-lo
a manifestar com toda a pureza e perfeição, com espontaneidade e consciência, a sua lei
interior, o divino que há nele; nisto consiste a educação do Homem”.
O Acto educativo
Contra o hábito dos nossos autores pedagógicos antigos e actuais, que empregam o adjectivo
“educativo” para se referirem à educação, nós costumamos utilizar a palavra “educacional”.
Também usamos “educativo”, mas não indiscriminadamente e apenas de acordo com alguns
casos. É que “educativo” e “educacional” não significam o mesmo, devendo usar-se um ou outro
segundo as circunstâncias: educativo quer dizer “que educa” e educacional indica “algo
referente à educação”.
O acto educativo é o exercício concreto da educação. É, por conseguinte, a confluência da
actuação do educador com a reacção do educando, tendo como consequência o acesso deste a
um nível de maior perfeição pessoal.
O conceito de educação deveria, naturalmente, pelo menos de um modo implícito, incluir a
indicação do modo como se define a educação de acordo com essas questões. É na formulação
desses princípios que reside todo o pavorosos enigma, pois cada um representa um problema.
Nisto assenta a problematicidade do conceito de educação, pois carecemos de dados científicos
e seguros para saber se, nela, há que tomar mais como norma a natureza ou a cultura ou se háde ser maior ou menor a iniciativa que se deve deixar ao aluno, ou se devemos reprimir algo
nele, ou se devemos abster-nos totalmente de o manipular ou até que ponto temos que ser
tolerantes com o seu egocentrismo.
Entendemos a Teoria da Educação como a teoria do acto educativo, pois neste convergem os
conflitos teóricos básicos que se colocam ao conceber a educação.
O parâmetro determinante do processo é a meta para que aponta o processo, são os fins da
educação, os quais, correspondendo a um estado ideal desejado, a alguns valores pretendidos,
se especificam em alguns objectivos da educação. Necessitamos, portanto, de um conhecimento
exacto do sujeito educando: a sai possibilidade e necessidade de ser educado, assim como a
facilidade ou a dificuldade de que a isso oferecerá e as limitações que apresentará.
O conhecimento do sujeito cabe em boa parte às ciências da educação, e constitui um problema
prévio, o primeiro de todos, que se inscreve na ontologia pedagógica. A determinação dos meios
educativos é um problema derivado, simples questão de tecnologia: uma vez conhecidos o
destino e o destinatário do processo, os métodos condutores e operativos estabelecem-se por
mera dedução.
A teoria da Educação centra as suas preocupações na clarificação da adequação do Sujeito aos
Fins da Educação, e na discussão desses fins tendo em conta a natureza do Sujeito. O conceito
de educação deve definir o esquema básico dessas relações.
A educação, realidade antinómica
A educação não é apenas problemática, mas, para além disso, é antinómica. A sua problemática
vem, sobretudo, das antinomias que encerra. Por antinomias entendemos problemas
estruturais-funcionais de um ser, sob a forma de contradições internas. Na realidade que se vive,
social e cultural, dão-se antinomias, e perante elas ficamos sem palavras, porque não se podem
entender, não se podem explicar. Mas há que aceitá-las, porque são parte da realidade.
Precisamente a educação é uma dessas realidades em que os pares de alternativas contrárias se
tornam mais evidentes. Daí que não haja forma de se clarificar nos temas básicos de educação.
Podemos assinalar na educação mais de uma dezena de antinomias dela presentes: as tensões
entre pontos de vista individual e social na educação, ou entre as funções da autoridade e da
liberdade, ou entre as exigências do racional e do afectivo, são uma boa amostra disso.
Há uma antinomia educacional que reúne todas estas características em alto grau, e é por ela
que iremos começar. É a que nos coloca a questão de saber se ao educar temos de salvaguardar
as características “naturais” do educando ou se, pelo contrário, as temos de corrigir ou superar
submetendo-nos a valores e normais “ideais”. A resposta dependerá do juízo que façamos sobre
o valor que atribuímos à natureza no que pensamos ser a pessoa.
Educação: um tesouro a descobrir – Roberto Carneiro
Velhos problemas, novas soluções
Reflectir sobre a educação e o seu papel na sociedade é, pelo menos, tão antigo como a própria
historia humana. De facto, são inúmeros os registos de situações em que a filosofia e a educação
estão aliadas na mesma iniciativa.
Os seus objectivos gerais há muito os temos considerado: promover a diversidade e a unidade;
comunicar aptidões específicas, graças à formação e à livre inovação; desenvolver a ambição
individual e a capacidade de viver harmoniosamente com os outros; garantir a continuidade e a
herança ao lançar fundamentos para a inovação societal. Mais recentemente, à medida que a
educação universal foi sendo considerada como um direito, empenhámo-nos em levar a cabo o
equilíbrio da equidade com a qualidade, do acesso com a realização pessoal e social.
Os quatros pilares
Aprender a ser. Este conceito mantém-se absolutamente central para os actuais desafios da
educação. No entanto, o reconhecimento de que está em curso uma profunda mudança
abrangendo todos os níveis da sociedade e todo o interesse humano, obrigou a uma atenção
mais cuidada em torno dos princípios domínios que motivam as políticas e estratégias na
educação.
Mesmo as mais recentes medidas de competitividade evidenciam como a educação pode actuar
não apenas como um contributo para a função de produção económica, mas também como uma
poderosa alavanca de confiança social e de valores partilhados.
Aprender a Ser surge como uma prioridade intemporal.
Aprender a Conhecer aparece plenamente inserido na área do progresso científico e do avanço
tecnológico. Este princípio apela à necessidade urgente de responder a novas fontes de
informação, à diversidade nos conteúdos multimédia, a novos meios de aprender numa
sociedade e rede e à crescente importância dos trabalhadores do conhecimento. Por outras
palavras, aprender a aprender faz o pleno de um confronto plurissectorial, que promove o gosto
de aprender em todas as épocas da vida.
Aprender a Fazer cria terreno para estabelecer um elo entre conhecimento e aptidões,
aprendizagem e competências, conhecimento inerte e activo, conhecimento codificado e tácito,
psicologia e sociologia da aprendizagem. Aprender a fazer e faze a aprender acaba por ser a
chave para aquilo que mais se tem buscado, ou seja, a solução do problema das aptidões
exigidas para enfrentar a incerteza e a natureza mutante do trabalho.
Aprender a viver juntos resume um desafio extraordinário da nossa época. Este pilar focaliza a
edificação dos limiares da coesão, cuja ausência as comunidades não são viáveis, nem o
desenvolvimento se realiza.
Estes quatro pilares são conceptualizados como uma rede de direitos e de responsabilidades
implícitos em todo o esforço educativo, visando a preparação para uma vida de liberdades e
interdependências.
Aprender ao longo da via
A simples enunciação de princípios fundamentais à volta de um conjunto de quatro pilares foi
considerada um passo necessário, mas não suficiente. Aprender ao longo da vida foi a
proposição estratégica escolhida como o fim de aliar tradição e contemporaneidade. O modo
como o sistema idealiza a transição de uma fase para outra ou gere os elos de uma corrente
para a seguinte diz-nos muito sobre a filosofia do sistema.
Depois, aprender ao longo da vida é tanto uma forma de organizar a educação como filosofia da
educação; não é uma preparação para a vida, mas é a própria vida. Aprender ao longo da vida
deve, então, ser compreendido como oferecendo:
- diversidade de itinerários no tempo, no conteúdo e nos estilos de aprendizagem;
- oportunidades continuas para aprender;
- participação da comunidade, descentralização, diversificação de fontes de financiamento e de
oferta, consultas democráticas sobre os fins e práticas de educação;
- antídotos para “desaprendizagem” e para a perda de aptidões em vastos sectores das nossas
sociedades;
- novas dimensões sociais para a produção de conhecimento e para a aquisição de
competências;
- acção e medidas destinadas não só à prevenção, mas também à diminuição da desigual
distribuição da inteligência as nossas sociedades.
Sob este amplo conceito, a aprendizagem ao longo da vida é um olhar novo lançado sobre as
formas de responder às crescentes necessidades do progresso humano. Estas exigências cabem
numa de três categorias primordiais:
1. Desenvolvimento pessoa e cultural;
2. Desenvolvimento social e comunitário;
3. Desenvolvimento profissional e empregabilidade sustentável.
´
Educação: uma solução no interior da sociedade
A Educação pode ajudar-nos a compreender o que a humanidade aprendeu acerca de si mesma,
pode ajudar-nos a contextualizar a nossa existência, pode ajudar a prepararmo-nos para a
mudança ou para decidir sobre o nosso próprio futuro.
O modo como pomos o nosso conhecimento a operar e a desenvolver aptidões para a resolução
de problemas depende das nossas próprias características: a nossa capacidade de empatia, de
cooperação, bem como a nossa iniciativa e autonomia; a nossa capacidade de avaliar o risco de
o assumir, a nossa capacidade de actuar em cada contexto, a curto e a longo prazo.
A educação é um direito e a aprendizagem transforma-se numa obrigação moral. A ética
individual, social e empresarial, compreende cada vez códigos de conduta. Entre os conceitos
básicos da ética moderna, a aprendizagem ocupa um lugar central. Aprende-se sempre, em
todos os tempos e em todos os lugares, e é um dever fundamenta de todos os interessados.
A educação está no coração da sociedade. Porque constitui a mais poderosa alavanca para
libertar os seres humanos da servidão e os povos do sub-desenvolvimento. Porque a
aprendizagem e a experiencia refletida são as fontes do capital intangível que pode aumentar a
competitividade e o sucesso económico. Mas a educação, no interior da sociedade, tem mais
valor do que a contida numa razão meramente utilitária.
A educação é, em ultima análise, motor de beleza. Nenhuma sociedade sem um forte impulso
educativo, poderá aspirar à justiça e à equidade. Estes constituem os máximos valores para
qualquer comunidade em progresso. A educação origina a justiça e cria uma medida para a
beleza. Portanto, a educação é a nossa medida comum da esperança.
Experiências Educativas e Situações de Aprendizagem – Rui Trindade
Introdução
A obra de Coménio, que expressa a valorização do acto de ensinar, identifica-se com os
pressupostos dos projectos de educação tradicional, enquanto o trabalho de Cousinet expressa
uma proposta que valoriza a dimensão doa acto de aprender como uma das dimensões, ou até
a dimensão, a partir da qual se identificam os projectos pedagógicos de caracter mais inovador.
A psicologia contribui através da afirmação dos pressupostos que subjazem às abordagens de
carácter comportamentalista, particularmente quando estas tendem a conceber o
comportamento dos indivíduos como o produto de um processo resultante da qualidade da
gestão externa de estímulos e recursos. O acto de ensinar, segundo esta perspectiva, adquire,
então, importância e centralidade relativamente ao acto de aprender, como um produto
resultante daquele. A psicologia confirmou que os indivíduos devem ser entendidos como
alguém que responde directamente aos estímulos do meio, tal como pretendia o
comportamentalismo, mas como seres que processam esses estímulos. A afirmação dos
processos de mediação cognitiva como factor explicativo do comportamento humano abriu,
assim, as portas à valorização da aprendizagem como finalidade educativa primordial e à
centralidade do sujeito que aprende no âmbito deste processo.
O seguinte quadro foi construído a partir da ambiguidade etimológica que sustenta a palavra
educar, tenta-se, através desse quadro, confrontar o modo como as concepções de
conhecimento se articulam com as concepções de ensinar e aprender, o que permite que se
compreenda que o confronte entre o acto de ensinar e o acto de aprender não corresponde à
expressão de uma antinomia nem de um dilema. Corresponde aos termos de uma relação que
se constrói, de múltiplos modos, em função de pressupostos teóricos e dos compromissos
culturais que a explicam.
O que é conhecimento?
EDUCARE (Alimentar)
- Identificar-se o
conhecimento com
informação pré-organizada,
hétero produzida, completa
e acabada;
- O conhecimento é um
produto que se adquire;
- O conhecimento é
entendido como um corpo
EDUCERE (Conduzir)
- O conhecimento resulta da
interacção entre o individuo,
a informação que lhe é
exterior e o significado que
este lhe atribui;
- O conhecimento é o
resultado de um processo de
construção que implica o
sujeito que o constrói como o
O que é ensinar?
O que é aprender?
inquestionável de saberes
preexistentes
- É difundir um
conhecimento pré-fabricado
e impor normas e
convenções exteriores aos
sujeitos que aprendem.
- É um processo através do
qual se acede a um saber
exterior ao sujeito.
principal protagonista desse
processo;
- É apoiar os alunos a
confrontar-se com
informação relevante no
âmbito da relação que estes
estabelecem com uma dada
realidade, capacitando-os
para (re)construir os
significados atribuídos a essa
realidade e a essa relação.
- É um processo que se inicia
a partir do confronto entre a
realidade objectivável e o
conjunto de significados que
cada um constrói acerca da
mesma; entre as
experiencias individuais e a
estrutura das regras sociais
preexistentes.
A valorização do acto de aprender expressa assim, uma opção que confere uma maior
centralidade ao aluno no âmbito do processo de ensino-aprendizagem e a atribuição de um
outro papel aos professores neste nível, porque se concebe os termos da relação entre o ensino
e a aprendizagem em função de outros pressupostos.
Os alunos, ao serem receptores de um saber em cuja construção não participam acabam por ser
alvos de um processo de modelagem social, que visa promover a aceitação inquestionável da
autoridade e das relações sociais que fundamentam a ordem vigente. Assim, pode
compreender-se melhor até que ponto é que o projecto tradicional de educação escolar
constitui de facto, um veículo de promoção da conformidade, a partir do qual a Escola se
assumiu como um poderoso instrumento de regulação social, facto que explica em larga media,
a sua emergência, consolidação e importância nas sociedades modernas.
Actualmente a educação escolar não se pode limitar a prescrever normas de pensar, sentir e
agir, ignorando as vicissitudes e a singularidade das experiencias individuais, bem como “ o papel
activo dos sujeitos nas construção pessoal da realidade”. “É preciso não só apoiar os jovens na
construção de novas soluções como ainda capacitá-los para a permanente tarefa de construção
e de reconstrução das mesmas”. Ou seja, é fundamental que a escola se defina em função de
um projecto educativo que, mais do que promover o treino de habilidades especificas, a
assunção de comportamentos ou o encorajamento de perspectivas e concepções individuais, a
exploração de outros tipos de compreensão da realidade envolvente ou a abertura e o confronto
com outros pontos de vista.
Aprendizagem ou aprendizagens?
O que é que significa aprender? Aprender significa que qualquer individuo estabelece relações
epistemológicas diferenciadas com o saber, as quais deverão se compreendidas, no entanto, em
função das relações sociais e identitárias que aquela mesma relação supõe e suscita.
Todos os tipos de aprendizagem pressupõem um aluno envolvido em actividades que visam
estimular um aluno envolvido em actividades que visam estimular a sua relação com o mundo,
com os outros e consigo mesmo.
Em suma, embora seja mais adequado falar-se de aprendizagens do que de aprendizagem, isso
não significa que não se possa configurar um conjunto de eixos invariantes capazes de contribuir
para definir a natureza desses actos e permitir, então, que se discutam as condições e as
características das experiencias educativas que poderão propiciar aprendizagens.
Pode-se afirmar que o sujeito, a sua actividade e a consciência que aquele possa desenvolver
relativamente à mesma e a partir da mesma, constituem os três vértices de um triângulo, que
importa, num primeiro momento, explicitar quer quanto ao seu significado teórico quer quanto
às suas implicações concretas relativamente à reflexão sobre o conceito de aprendizagem para,
num segundo momento, se abordar a configuração desse triângulo em função dos diversos tipos
de situações de aprendizagem que possam mobilizar os indivíduos.
Alunos e actividade
O que se propõe afinal, é que haja uma deslocação de um ensino tipo sistemático para um ensino
mais ocasional. A questão central, não é a da aprendizagem mas a do ensino e, dada a sua
centralidade pedagógica, não pode haver, por isso, ensino ocasional. Neste caso, pode afirmarse que a problemática, para os que se situam neste campo, não é da actividade mas a da
recetividade dos alunos. Não é de estranhar que aqueles que aí se acolhem tendam a
estigmatizar a actividade autónoma dos alunos identificando-a de algum modo, como uma
proposta de laissez-faire.
Para os promotores do projecto Escola Activa o protagonismo dos alunos como actores visava
reconhecer, apenas, a necessidade de ampliar a sua margem de iniciativa, oferecendo-lhes,
assim, a possibilidade e a ocasião de assumir opções, bem como o direito a um itinerário de
aprendizagem próprio. Em última análise, o que pretendia era, sobretudo, contribuir para a
educação do carácter e da vontade.
O que se pode afirmar é que o acto de ensinar e a função docente deixam de ser entendidos
como actividades que se sobrepõem. Se a actividade do professor não se circunscreve, apenas,
ao ensino, o ensino não é, exclusivamente, uma tarefa do professor, nem tao pouco o acto de
aprender depende, exclusivamente, do acto de ensinar. Assim, o que nas perspectivas mais
inovadoras se propõe, a propósito da necessidade do aluno ocupar um lugar central no contexto
do processo de ensino-aprendizagem, é, antes, uma reconceptualização do que se entende por
ensinar e por ser professor, no pressuposto de que também se propõem novos sentidos para o
próprio acto de aprender.
Filosofia da Educação- Maria Aranha
O acto de educar
A educação não é a simples transmissão da herança dos antepassados para as novas gerações,
mas o processo pelo qual também se torna possível a gestação do novo e a ruptura com o velho.
“Educar é conduzir de um estado a outro, é modificar numa certa direcção o que é suscpetivel
de educação. O acto pedagógico pode, então, ser definido como uma actividade sistemática de
interacção entre seres sociais, tanto no nível do intrapessoal como no nível da influência do
meio, interacção essa que se configura numa acção exercida sobre sujeitos ou grupos de sujeitos
visando provocar neles mudanças tao eficazes que os tornem elementos activos desta própria
ação exercida. A interligação no acto pedagógico têm três componentes: um agente, uma
mensagem transmitida e um educando.
Como instância mediadora, a acção pedagógica estabelece a relação de reciprocidade entre o
individuo e sociedade. Conclui-se que a educação não pode ser compreendida fora de um
contexto histórico-social concreto e, portanto, a prática social é o ponto de partida e o ponto de
chegada da acção pedagógica.
Para o pedagogo John Dewey, o processo educativo é o seu próprio fim (o fim não é prévio, nem
último, mas deve ser interior à ação). Se os fins não são exteriores à acção. Isso não quer dizer
que a acção se realize sem a clarificação dos fins, mas sim que estes constituem objectivos
colocados a partir da valoração por meio da qual o individuo se esforça para superar a situação
vivida. As necessidades humanas devem ser analisadas concretamente, e as prioridades serão
diferentes se nos propusermos a educar numa favela ou num bairro de elite. Os fins baseiam-se
conforme alcançamos os objectivos imediatos propostos e também enquanto muda a realidade
vivida.
A educação não pode ser compreendida à margem da história. Não há como separar educação
e poder: a educação não é um processo neutro, mas se acha compreendida com a economia e
a política do seu tempo. A educação não pode, portanto, se considerada apenas um simples
veículo transmissor de saberes e valores, mas também um instrumento de crítica dessa herança.
A educação deve abrir espaço para seja possível reflexão crítica da cultura.
Reflexão pedagógica
Qualquer actividade educacional que se queira intencional e eficaz tem claros os pressupostos
teóricos que orientam a acção. É comum observarmos o “espontaneísmo”, resultado da
indevida dicotomia entre teoria e prática, porque o professor não foi adequadamente informado
a respeito da teoria ou porque não sabe como integrá-la à prática efectiva.
Os procedimentos específicos usados em sala de aula adquirem sentido a partir do
esclarecimento dos pressupostos antropológicos, epistemológicos e axiológicos bem como da
sua coerência com o método e o conteúdo escolhidos.
A palavra pedagogia designava, na Grécia antiga, o escravo que conduzia a criança à escola. Essa
denominação concreta assumiu posteriormente conotações abstratas para indicar teorias sobre
a educação. Ao longo do tempo o conceito de pedagogia sofreu variações, do mesmo modo que
os princípios e os fins da educação nem sempre permaneceram os mesmos. Podemos distinguir
pelo menos três tendências mais marcantes, cada uma delas, por sua vez, produziu diversas
teorias ao longo do tempo: a) as pedagogias filosóficas, baseadas nos modelos ideais do ser
humano “universal”; b) as pedagogias positivistas, que buscam garantir a sua cientificidade; c)
as pedagogias dialéticas, que refletem cientificamente sobre a educação como também
propõem modos de uma ação emancipatória.
Princípios pedagógicos fundamentais da Teoria Edu cativa
Princípio da Individualização
O facto de compartilhar uma mesma condição humana não evita as profundas diferenças
individuais que perfilam a personalidade de cada um. A acção educativa terá que se centrar
numa atenção individualizada preocupada em adaptar objectivos, conteúdos, motivações,
recursos, métodos, actividades, etc., as características diferenciais de cada uma, à medida de
cada qual.
Princípio da Socialização
Não nos esquecemos que todo o desenvolvimento das potencialidades individuais do homem
se vai realizar em comunidade. Pois bem, trata-se de encontrar o equilíbrio entre ambas as
dimensões, procurando desenvolver os valores pessoais do individuo, fazendo-os compatível
com o serviço ao desenvolvimento e melhoria da sociedade.
Princípio da Personalidade
A educação personalizada – com os seus princípios de singularidade, autonomia e abertura –
vem a ser como uma síntese superadora dos movimentos individualizadores e socializadores,
dado que ambas dimensões – individual e social – são componentes de uma unidade superior à
pessoa.
Princípio da Autonomia
Ensinar a aceitar, eleger e decidir ou a ter iniciativa, com o fim de que o sujeito ganhe
independência recorrendo ao itinerário necessário desde a heteronomia à autonomia, é o
objecto fundamental de uma educação baseada na pessoa.
Princípio da Actividade
Com a actividade, seja esta mental ou física, o aluno aprende e retém mais do que só lendo, o
aluno escuta e vê. Esta é a base de aprender, fazendo.
Princípio da Intuição
Os sentidos são a origem das nossas aprendizagens, ainda que para a realização total dos
mesmos seja necessário poe em jogo as nossas faculdades intelectuais. Mais do que a intuição
sensível directa, mediante a qual captamos os objectos por aquilo que são, existe a intuição
sensível indirecta, que recorre a representações do objecto, estrutura ou função.
Princípio do Jogo
Mediante o jogo, não se trata apenas de libertar energias que sobram, mas sim exercitar as
distintas faculdades humanas. A importância do jogo é a de que, mediante o mesmo, o aluno
desencadeie toda a sua atividade criativa, revelando a sua própria vida interior.
Princípio da Criatividade
Criar seria produzir algo novo e valioso no sentido que seja distinto e superior ao que já exista.
Em educação trata-se de fomentar nos alunos aquilo que não seja meramente repetitivo, a
busca pelo novo, pelo distinto, divergente e que tenha um valor, um acento pessoal e positivo.
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