Manual Therapy, Posturology & Rehabilitation Journal This Provisional PDF corresponds to the article as it appeared upon acceptance. Fully formatted PDF english version will be made available soon. Influência do sistema nervoso autônomo na atividade muscular de indivíduo com sequelas após acidente vascular encefálico. MTP&RehabJournal 2014, 12:421-438 Meiriélly Furmann Juliana Aparecida Wosch Pires Andersom Ricardo Fréz Ivo Ilvan Kerppers Afonso Shiguemi Inoue Salgado Cristian Fernando Shiraishi Larissa Gulogurski Ribeiro Patricia Tyski Suckow ISSN 2236-5435 Article type Case Study Submission date 7 March 2014 Acceptance date 6 June 2014 Publication date 11 June 2014 Article URL http://www.submission-mtprehabjournal.com http://www.mtprehabjournal.com Like all articles in Manual Therapy, Posturology & Rehabilitation Journal, this peer-reviewed article can be downloaded, printed and distributed freely for any purposes (see copyright notice below). For information about publishing your research in Manual Therapy, Posturology & Rehabilitation Journal, go to http://www.mtprehabjournal.com 422 Influência do SNA em caso de AVC Influência do sistema nervoso autônomo na atividade muscular de indivíduo com sequelas após acidente vascular encefálico. Influence of autonomic nervous system in muscle activity of individual with sequelae after stroke. Universidade Estadual do Centro-Oeste (UNICENTRO), Guarapuava (PR), Brasil. Meiriélly Furmann(1), Juliana Aparecida Wosch Pires(1), Andersom Ricardo Fréz(2), Ivo Ilvan Kerppers(3), Afonso Shiguemi Inoue Salgado(4), Cristian Fernando Shiraishi(4), Larissa Gulogurski Ribeiro(5), Patricia Tyski Suckow(2). 1 Discente e bolsista PAIC/FA, Laboratório de Neuroanatomia e Neurofisiologia, Universidade Estadual do Centro-Oeste (UNICENTRO), Guarapuava (PR), Brasil. 2 Fisioterapeuta, docente na Universidade Estadual do Centro-Oeste (UNICENTRO), Guarapuava (PR), Brasil. 3 Fisioterapeuta, docente e pesquisador no Laboratório de Neuroanatomia e Neurofisiologia, Universidade Estadual do Centro-Oeste (UNICENTRO), Guarapuava (PR), Brasil. 4 Fisioterapeuta, coordenador na Escola de Terapia Manual e Postural, Londrina (PR), Brasil. 5 Discente e bolsista CNPQ, Laboratório de Neuroanatomia e Neurofisiologia, Universidade Estadual do Centro-Oeste (UNICENTRO), Guarapuava (PR), Brasil. Autor Correspondente: Larissa Gulogurski Ribeiro Laboratório de Neuroanatomia e Neurofisiologia Rua Simeão Camargo Varela de Sá, nº 03, 85040-080, VilaCarli, Guarapuava (PR), Brasil Tel: 042 88108178 - E-mail: [email protected] MTP&RehabJournal 2014, 12:421-438 423 Meiriélly Furmann, Juliana AW Pires, Andersom R Fréz, Ivo I Kerppers, Afonso SI Salgado, Cristian F Shiraishi, et al. RESUMO Introdução: O acidente vascular encefálico é uma lesão do sistema nervoso central que tem como principal consequência a espasticidade, causada por lesão do neurônio motor superior. A presença da espasticidade limita o paciente na realização dos ajustes necessários para execução dos movimentos funcionais necessários, causando limitações nas atividades de vida diária, interferindo na qualidade de vida do paciente. Objetivo: Analisar a influencia do sistema nervoso autônomo em pacientes espásticos consequentes de acidente vascular encefálico e diminuir a espasticidade por meio de Mobilização do sistema nervoso autônomo. Método: Trata-se de um estudo de caso, onde a espasticidade foi analisada através de Eletromiografia (RMS), Escala de Ashowrth Modificada e goniometria. A intervenção consistiu em 10 atendimentos realizando as Manobras Parassimpáticas Laringe-Faringe, Arco Plantar e Inibição dos Gastrocnêmicos. Resultados: O sistema nervoso autônomo tem influência sobre a atividade muscular, visto que houve uma diminuição da espasticidade com a diminuição dos valores de RMS, aumento da amplitude de movimento em graus e por meio da Escala de Ashworth Modificada. Conclusão: Portanto, a mobilização do sistema nervoso autônomo por meio de manobras parassimpáticas é eficaz na diminuição da espasticidade decorrente de acidente vascular encefálico. Palavras-chave: Acidente vascular encefálico, espasticidade, Sistema Nervoso Autônomo. MTP&RehabJournal 2014, 12:421-438 424 Influência do SNA em caso de AVC ABSTRACT Introduction: The stroke is a lesion of the Central Nervous System inducing spasticity, caused by a lesion of the upper motor neuron. The presence of spasticity limits the patient in achieving the necessary adjustments for the execution of required functional movements, causing limitations in daily life activities, interfering in our quality of life. Objective: To analyze the influence of the Autonomic Nervous System (ANS) in spastic patient consequential of stroke and decrease spasticity resulting of stimulus in the ANS. Method: It is a case study, where the spasticity was analyzed by means of Electromyography record (RMS), Ashowrth Scale modified and goniometry. The intervention consisted in 10 visits by performing Parasympathetic Laringe-Faringe Maneuvers, Plantar Arch and inhibition of Gastrocnemius. Results: The ANS has influence on the muscular activity, seen that there was a reduction of spasticity with decrease of the RMS values, increase in the amplitude of movement quantified by degrees and by means of the Modified Ashworth Scale. Conclusion: However, the mobilization of the autonomic nervous system through parasympathetic maneuvers are effective in decreasing spasticity due to stroke. Keywords: Stroke, Spasticity, Autonomic Nervous System. MTP&RehabJournal 2014, 12:421-438 425 Meiriélly Furmann, Juliana AW Pires, Andersom R Fréz, Ivo I Kerppers, Afonso SI Salgado, Cristian F Shiraishi, et al. INTRODUÇÃO O acidente vascular encefálico (AVE) tem como definição ser um distúrbio neurológico (transitório ou definitivo) que ocorre em uma área do sistema nervoso central, consequente de uma lesão vascular motivada por isquemia ou hemorragia.(1) O AVE tem como consequência sequelas funcionais com déficits neurológicos primários que, normalmente, ocasionam um padrão de vida com diversas limitações para a realização das mais simples atividades do dia a dia. A principal incapacidade que ocorre é a hemiplegia, ou seja, o acometimento motor e sensorial, com ou sem o acometimento de funções cognitivas.(2) Desse modo, há casos que podem manifestar graus diferentes de fraqueza e em um ou mais membros associada à espasticidade, que pode surgir no hemiplégico, como sequela do AVE.(3) Caracterizando-se a espasticidade pela dificuldade de realizar movimentos de maneira passiva em uma articulação, devido à intensa contração dos músculos que normalmente a mobilizam, e também pela tendência à volta imediata à posição original quando a força imposta é contida.(4) A espasticidade é causada por lesão do neurônio motor superior envolvendo a via cortico-retículo-bulbo-medular.(4,5) Esta lesão no Sistema Nervoso traz dor, contrações e deformidades, o que dificulta o processo de reabilitação do paciente. A alteração nervosa característica na espasticidade leva os músculos agonistas a agirem concomitantemente e com a mesma intensidade que os antagonistas, provocando um bloqueio do movimento.(6) O tônus é um estado não só da musculatura, mas de todo aparelho neuromuscular e se relaciona diretamente com a coordenação para a realização do movimento. A presença da espasticidade limita o paciente na realização dos ajustes necessários para execução dos movimentos, onde gera um bloqueio do movimento que acaba impedindo os ganhos funcionais necessários, limitando a mobilização passiva dos membros, e ainda causando limitações nas atividades de vida diária, interferindo na qualidade de vida do paciente. A espasticidade pode ocasionar uma diminuição da ADM, MTP&RehabJournal 2014, 12:421-438 426 Influência do SNA em caso de AVC que comprometida, será prejudicial para o desempenho das habilidades funcionais.(7) A escala Modificada de Ashworth juntamente com a Goniometria são métodos de avaliação muito utilizados para verificar essas alterações de amplitude correlacionadas ao grau de espasticidade. O Sistema Nervoso Autônomo (SNA) é responsável pelo controle de algumas funções no organismo, baseado no controle de vasos sanguíneos, vísceras e glândulas, e pode ser visto como uma parte integrante do sistema motor. Porém, no lugar de músculos esqueléticos, os efetores do sistema nervoso autônomo são a musculatura lisa, o músculo cardíaco e as glândulas, visando a manutenção da homeostase corporal.(8) A eletromiografia (EMG) é uma representação gráfica da atividade elétrica do muscular, bastante utilizada principalmente por ser um método não invasivo, para verificar o comportamento neuromuscular em algumas doenças ou lesões que afetam esse sistema,(9) os efeito do desuso no nível de ativação muscular e ainda os efeitos e especificidades do exercício/treinamento físico na função neuromuscular. A EMG é de extrema importância na compreensão da atividade muscular facilitando a compreensão do envolvimento neuromuscular em resposta ao exercício e também podendo ser compreendida como a quantificação dos sinais elétricos da musculatura esquelética.(10) Dessa forma, a presente pesquisa busca analisar a influencia do SNA em paciente espásticos consequentes de AVE, através de eletromiografia, goniometria e Escala Modificada de Ashworth, possibilitando assim um melhor entendimento fisiológico da patologia e suas sequelas, visando melhorar o padrão de vida dos pacientes envolvidos. MÉTODOS Amostra A amostra foi recrutada de maneira aleatória levando em consideração apenas a presença de espasticidade. Tratando-se de um estudo de caso, recrutou-se um paciente,do sexo masculino, 46 anos de idade com 2 anos de lesão. MTP&RehabJournal 2014, 12:421-438 427 Meiriélly Furmann, Juliana AW Pires, Andersom R Fréz, Ivo I Kerppers, Afonso SI Salgado, Cristian F Shiraishi, et al. Protocolo de ensaio clínico A intervenção constitui em 10 atendimentos, uma vez por semana. Foram realizadas as seguintes manobras: 1) Mobilização do SNA laringe faringe: O paciente em decúbito dorsal, ponto fixo na mandíbula e ponto móvel na região anterior do pescoço (cartilagem cricóide), manobra executada no tempo de 3 séries de 2 minutos, liberando as fáscias cervicais profundas. A mobilização dá-se por movimentos latero-laterais e cefalo-caudais da cartilagem cricóide, na qual se estimula diretamente o nervo glossofaríngeo e partes o nervo vago, aumentando o tônus parassimpático. 2) Manobra de liberação arco plantar e inibição dos gastrocnêmios: o arco plantar deve ser posicionado corretamente, e com movimentos leves, aumentando o arco e tornando o pé plano repetidas em 3 séries de 2 minutos. A inibição dos gastroecnêmios é gerada com um estimulo tátil rápido, de distal para proximal em 3 repetições. 3) Goniometria da articulação do cotovelo e tornozelo do lado comprometido: A avaliação da amplitude do movimento foi realizada por meio da goniometria, onde o paciente permanecia em decúbito dorsal, e após realizado o estiramento rápido da articulação do cotovelo em extensão, com o goniômetro media-se o grau de flexão existente. No tornozelo, da mesma maneira, através do goniômetro verificava-se o grau de dorsiflexão após o mesmo movimento resistido. Testes realizados antes e após cada atendimento. 4) Avaliação do grau de Espasticidade através da Escala de Ashworth Modificada: realizada por meio do estiramento rápido da articulação do cotovelo e tornozelo do lado comprometido. A avaliação se dá pelo ponto em que há rigidez durante o movimento causando certa limitação. Os graus variam de 0 a 4, onde 0 significa tônus normal, 1 é o aumento do tônus no inicio ou final do movimento, 1+ corresponde ao aumento do tônus em menos da metade do arco do movimento, manifestado por tensão abrupta e seguido por resistência mínima, 2 é o aumento do tônus em mais da metade do arco do movimento, 3 indica partes em flexão ou extensão e movidos com dificuldades, e 4 partes rígidas em flexão ou extensão. MTP&RehabJournal 2014, 12:421-438 428 Influência do SNA em caso de AVC Coleta pelo Elemiográfo (EMG) Os procedimentos de avaliação da atividade muscular foram realizados com o paciente sentado em repouso, no membro superior comprometido, com dois eletrodos no músculo bíceps braquial, com a distancia de 2 centimetros do ponto motor. O tempo de coleta da atividade eletromiográfica foi de 1 minuto em cada coleta, antes e após a aplicação das manobras. Para a aquisição do sinal eletromiográfico foi utilizado um eletromiógrafo (EMG System Brasil Ltda.) de 8 canais e eletrodos de superfície do tipo ativo, bipolares e diferenciais, ligado ao Software de aquisição de sinais Windaq, sendo o sinal passado por um filtro passa banda de 20-500 Hz, amplificado em 1.000 vezes e convertido por placa A/D com freqüência de amostragem de 2000 Hz para cada canal e com uma variação de entrada de 5 mV. Análise Estatística Os dados foram analisados através de programa Excell e a estatística descritiva e inferencial foi realizada através de programa estatístico Origin 8.0 e GraphPad 5.0, pelo teste t de Student, e D’Agostino e Shapiro-Wilk. Adotando valor de p≤0.05. RESULTADOS Os gráficos a seguir mostram a variação do RMS (média quadrática) de acordo com a velocidade do sinal elétrico nas contrações do músculo bíceps braquial, sendo consideradas as unidades motoras e a taxa de disparo dos sinais elétricos e sua duração. Na figura 1 está representada a média geral do RMS antes e depois da realização das mobilizações do SNA, com média de 3.456±2.862 antes da realização dos atendimentos e média de 1.759±1.817 depois. Observou-se diminuição significativa na espasticidade após os atendimentos apresentando valor de p=0.0551. MTP&RehabJournal 2014, 12:421-438 429 Meiriélly Furmann, Juliana AW Pires, Andersom R Fréz, Ivo I Kerppers, Afonso SI Salgado, Cristian F Shiraishi, et al. Figura 1 – Média geral do RMS antes e depois da realização das manobras. A figura 2 apresenta os resultados de todos os atendimentos. No 1º dia não houve mudanças, mantendo os 100% da contração. No 2º, e 3º dias houve uma diminuição de 50% dos valores de contração, mostrando a efetividade das manobras, assim como nos 6º e 7º dias. Nos dias 4 e 5 houve uma queda nos valores, e acredita-se que tal fato pode estar relacionado ao início de um tratamento concomitante (exercícios de treino de marcha na água). Tal fato também pode ter refletido nos resultados dos 3 últimos atendimentos, pois a média do RMS após o atendimento foi maior que a inicial. Apresentando de maneira exemplificada média de 7.845±0.2051antes e 4.000 ±1.160, porém não obteve valor de p significativo. Figura 2 – Média de cada atendimento. MTP&RehabJournal 2014, 12:421-438 430 Influência do SNA em caso de AVC As figuras a seguir representam os valores da goniometria das articulações do cotovelo em flexão, e do tornozelo em dorsiflexão, unilateralmente do lado comprometido. Na figura 3, que representa a goniometria do cotovelo encontram-se os valores médios antes e depois da aplicação das manobras, podendo-se observar uma diferença nestes valores, uma vez que após a realização das técnicas de Mobilização do SNA, houve um aumento no grau de amplitude da articulação avaliada. Onde antes tem-se como média 31.80±10.27, e depois a média 44.00±12.61 com valor de p=0.0002. Figura 3 – Média da Goniometria de cotovelo A Figura 4 apresenta os valores da Goniometria do cotovelo de cada atendimento, onde nos primeiros atendimentos não houve grande alteração, e a partir do terceiro atendimento ocorreu um aumento nos gruas de amplitude, e assim como nos valores de RMS, apresentou uma alteração nos últimos 3 atendimentos, justificando-se pelo tratamento concomitante já citado. Porém, ainda tendo um resultado positivo à intervenção. Obteve-se média de 52.50±10.61 antes da realização da mobilização e 55.00 ±7.071 depois. O valor de p não apresentou significância estatística. MTP&RehabJournal 2014, 12:421-438 431 Meiriélly Furmann, Juliana AW Pires, Andersom R Fréz, Ivo I Kerppers, Afonso SI Salgado, Cristian F Shiraishi, et al. Figura 4 – Goniometria de cada atendimento A figura 5 contém os dados da Goniometria da articulação do tornozelo em dorsiflexão, com os valores médios de antes e depois das intervenções, apresentando média 3.700±1.494 antes e 6.000 ±1.491 depois, com valor de p=0.0001. Sendo assim, pode-se considerar um resultado significativo, pois o aumento da amplitude implica em uma diminuição da espasticidade, já que a mesma está relacionada a atividade muscular. Figura 5 – Média da goniometria de Tornozelo MTP&RehabJournal 2014, 12:421-438 432 Influência do SNA em caso de AVC A figura 6 apresenta a amplitude de movimento da articulação do tornozelo em cada atendimento, tendo nos primeiros dias uma manutenção nos valores, e uma evolução a partir do 3º e 4º atendimentos onde houve um aumento mais perceptível dos graus por meio da goniometria. Assim como nos demais resultados os valores dos 3 últimos dias sofreram interferência de uma outra intervenção, todovia não tão extrema nesta articulação, que apresentou menor diferença nos valores em todos os atendimentos, acredita-se que seja porque o membro inferior já apresenta uma maior tonicidade muscular. A média dos valores antes e depois dos atendimentos foi de 5.500±0.7071 o que justifica uma menos diferença entre os valores. Figura 6 – Goniometria cada atendimento Na tabela 1 estão dispostos os valores em graus da escala de Ashworth Modificada para a avaliação do grau de espasticidade na articulação do cotovelo e do tornozelo no estudo de caso proposto, nota-se que após o sexto dia de atendimento, tanto na articulação do cotovelo quanto na do joelho houve uma diminuição dos valores da escala, apesar de no 8º, 9º e 10º dia os valores se manterem iguais, e no 7º haver um aumento na proporção comparando-se aos demais dias, o que pode ser justificado novamente pelo novo tratamento iniciado pelo paciente fora da pesquisa. Entretanto, de uma maneira geral a diferença dos valores da escala antes e pós os atendimentos e ainda em média geral temos como resultado a diminuição da espasticidade de acordo com os valores obtidos. MTP&RehabJournal 2014, 12:421-438 433 Meiriélly Furmann, Juliana AW Pires, Andersom R Fréz, Ivo I Kerppers, Afonso SI Salgado, Cristian F Shiraishi, et al. Avaliação do grau da espasticidade na articulação do cotovelo e tornozelo Primeiro Segundo Terceiro Quarto Quinto Sexto Sétimo Oitavo Nono Décimo ACA 1+ 2 2 2 2 1+ 1+ 1 1 1 ACD 1 1+ 1+ 1+ 1+ 1 1 1 1 1 ATA 3 3 3 3 3 2 3 2 2 2 ATD 2 2 2 2 2 1+ 2 1+ 1+ 1+ Tabela 1: Valores da Escala de Ashworth Modificada. DISCUSSÃO O acidente vascular encefálico é uma lesão importante do Sistema Nervoso Central e envolve um rápido desenvolvimento de sinais clínicos como conseqüência de distúrbios locais ou globais da função da área comprometida, sendo de maior relevância a espasticidade, caracterizada pela rigidez articular e muscular que dificulta as atividades de vida diária, diminuindo assim as condições básicas para a qualidade de vida,(11) a diminuição da espasticidade melhora a condição de vida do paciente, pois facilita as atividades de vida diária. O sistema nervoso autônomo por sua vez, tem seu papel na manutenção da qualidade de vida, como a regulação do ritmo cardíaco, sistema emocional, e hormonal.(12) Este controle é essencial para a manutenção do grau de contração muscular, por exemplo, que quando alterado de maneira patológica é denominado espasticidade. No fuso muscular encontram-se dois tipos de receptores importantes, os muscarínicos responsáveis pela manutenção do tônus muscular normal, e os nicotínicos, reguladores do aumento do tônus. Ambos são simpaticotônicos e atuam sob estímulo da acetilcolina (ACh), um neurotransmissor do sistema colinérgico amplamente distribuído no sistema nervoso autônomo. Quando ocorre uma lesão do SNC, como o AVE os receptores muscarínicos são bloqueados, perdendo o controle do tônus normal, os nicotínicos então são estimulados, o que causa um aumento em excesso do tônus MTP&RehabJournal 2014, 12:421-438 434 Influência do SNA em caso de AVC muscular, a espasticidade.(13) Nestas condições a simpaticotonia encontra-se predominante, portanto a utilização de manobras parassimpáticas tem um valor importante na diminuição dos sinais que interferem no estado do tonus muscular, assim como em outros sistemas. A ativação eletromiográfica ocorre de maneira mais significativa em pacientes com AVE devido ao maior grau de contração muscular característica da espasticidade.(14) O RMS (média quadrática) utilizado para obtenção de informações sobre a velocidade do sinal e sua potência no intervalo de tempo analisado, pode analisar a quantidade de unidades motoras disparadas durante a contração muscular.(15) Estes valores demonstram a diminuição do grau de contração muscular, causado pela estimulação das manobras parassimpáticas, que agem diretamente nos receptores presentes no fuso muscular, demonstrado através da diferença entre os valores antes e após as intervenções, que causaram um relaxamento na musculatura em espasmo. A espasticidade, uma desordem motora caracterizada por aumento dos reflexos de estiramento tônicos (tônus muscular), impossibilita o indivíduo de realizar os ajustes necessários para execução dos movimentos. Uma vez que há a diminuição da amplitude de movimento devido a alteração nervosa ocasionada pela lesão ocorre uma alteração na atividade muscular de agonistas, diminuindo o arco de movimento e assim sua funcionalidade tanto de membros superiores quanto inferiores.(7) Assim que for diminuída a contração muscular, os agonistas e antagonistas normalizam sua ação, o que traz uma facilitação para a realização do movimento, e consequentemente um aumento na amplitude do movimento. A espasticidade portanto, é um dos principais problemas de saúde nos pacientes com lesões no SNC, pois limita a mobilidade e assim sua independência nas atividades de vida diária e trabalho. Normalmente causa dor, diminuição da amplitude de movimento, contraturas, distúrbios do sono e compromete a deambulação.(16) A mobilização articular estimula a movimentação do líquido sinovial, o que mantém a extensibilidade e força de tensão nos tecidos articulares e periarticulares. Para que haja amplitude de movimento, é necessário haver mobilidade e flexibilidade dos tecidos moles, que se dá pela MTP&RehabJournal 2014, 12:421-438 435 Meiriélly Furmann, Juliana AW Pires, Andersom R Fréz, Ivo I Kerppers, Afonso SI Salgado, Cristian F Shiraishi, et al. diminuição da espasticidade.(17) A escala modificada de ashworth pode demonstrar de maneira significante a mudança nos graus de amplitude, e a melhora na execução dos movimentos em diversas atividades de vida diária.(18) O aumento nos graus de amplitude de movimentos demonstram a eficácia das manobras uma vez que com a diminuição da espasticidade, há a facilitação na execução de movimentos bem como na maior amplitude funcional possível. Com a utilização de manobras Parassimpáticas, os receptores nicotínicos são inibidos e os muscarínicos novamente estimulados, obtendo-se assim um controle maior do tônus e por sua vez a diminuição do grau espástico, uma melhora na qualidade de vida tanto física quanto emocional. CONCLUSÃO A utilização de Manobras de Mobilização do Sistema Nervoso Autônomo reduziu a espasticidade decorrente de AVE, visto que os valores médios de RMS, a amplitude de movimento através da goniometria e avaliação do grau espastico propriamente dito por meio da Escala de Asworth Modificada tiveram um resultado positivo após os atendimentos, já que houve uma diminuição da espasticidade. REFERÊNCIAS 1. Radonivic M. Características do Atendimento de Pacientes com acidente Vascular Cerebral em Hospital Secundário. Arq. Neuropsiquiatr. 2000;58(1): 99-106. 2. Riberto M, Miyazaki MH, Jucá SSH, Lourenço C, Battistella LR. Independência funcional em pessoas com lesões encefálicas adquiridas sob reabilitação ambulatorial. Acta Fisiatr 2007; 14(2): 87-94. 3. Pirré GE, Rodini C, Ferreira LTD, Vasconcelos JPC, Moreira MCS. 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