O Paradoxo do Ateu Virtuoso e o Espinosismo de Diderot Henrique

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O Paradoxo do Ateu Virtuoso e o Espinosismo de Diderot
Henrique Fernandes Xavier Torres
Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas, USP, SP
Objetivos
Trata-se em primeiro lugar, de verificar em que
medida a virtude parece indissociável tanto do
conceito de liberdade tradicional, isto é, o poder
da vontade de livre escolha entre opções
possíveis, como também da existência de um
Deus transcendente, que estabelece valores e
julga os homens de acordo com a obediência a
estes valores. Em segundo lugar, busca-se
aqui explorar a via aberta por Diderot para
repensar o conceito de virtude de modo que ele
não mais se associe ao livre arbítrio e aos
preceitos divinos, mas que se aproxime do
significado original da palavra, quer dizer,
virtude entendida como força, potência ou
energia.
Métodos/Procedimentos
Para alcançar tais objetivos, centramo-nos em
analisar os escritos de Diderot, Espinosa, e
alguns outros autores que se expressaram
sobre o tema.
sobre o que significa ser virtuoso, marcando a
distancia que existe entre a concepção
tradicional e a visão espinosista do
enciclopedista.
Conclusões
Verificamos que, no que concerne ao conceito
de livre arbítrio e de virtude, Diderot e Espinosa
possuem fortes semelhanças. No primeiro
caso, tanto o escritor da Ética, quanto o
philosophe francês negaram o conceito de
liberdade tal como concebido pela tradição. Por
outro lado, ambos fundaram a virtude nos
desejos primordiais da natureza humana, que
no caso de Espinosa é o Conatus, ou seja, o
desejo de perseverar na existência, enquanto
para Diderot a essência do humano é o impulso
pela felicidade. Os preceitos para a virtude
constituem-se para Diderot nos meios de
alcançar tal felicidade e de realizar mais
plenamente a natureza humana.
.
Referências Bibliográficas
[1] Diderot e d’Alembert, Encyclopédie ou
Resultados
Com tais análises, observamos que apesar do
contrassenso que representa a figura do ateu
virtuoso para o imaginário da época, Diderot
estabelece novos paradigmas sobre a virtude,
buscando em Espinosa ideias que fomentaram
suas reflexões sobre a relação entre virtude,
liberdade e religião. Desta forma, verificamos
não apenas que a figura do ateu virtuoso não
representa para ele uma inconsequência, mas
ao contrário, pode-se supor que segundo sua
filosofia, um ateu seja frequentemente mais
virtuoso que um religioso praticante. Assim, o
que visamos aqui foi por um lado, a negação
da liberdade (entendida como livre arbítrio) e
da existência de Deus como fundamentos para
a virtude, enquanto por outro lado buscamos
reconstruir as visões de Diderot e Espinosa
Dictionnaire Raisonée des Sciences, des Arts
et des Métiers.
[2] Diderot, D. Obras I. Trad. J. Guinsburg. São
Paulo, Perspectiva, 2000.
[3] Diderot, D. Correspondence. Éd. Laurent
Versini. Paris, Robert Laffont, Bouquins, T. V,
1997
[4] Espinosa. B. Ética. Trad. Tomaz Tadeu.
Belo Horizonte, Autêntica, 2007.
[5] Souza, M. G. “Moral e Espécie: Diderot e o
Paradoxo do Homem Virtuoso”. In: Discurso, n.
19, 1992.
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