UNIVERSIDADE DO EXTREMO SUL CATARINENSE - UNESC CURSO DE FISIOTERAPIA ANDRÉ MILANEZ BAGIO AVALIAÇÃO DO POTENCIAL CICATRICIAL DO GEL EXTRATO TINTURA DE MIKANIA LAEVIGATA ASSOCIADO OU NÃO AO ULTRASSOM TERAPÊUTICO CRICIÚMA, JUNHO DE 2009 2 ANDRÉ MILANEZ BAGIO AVALIAÇÃO DO POTENCIAL CICATRICIAL DO GEL EXTRATO TINTURA DE MIKANIA LAEVIGATA ASSOCIADO OU NÃO AO ULTRASSOM TERAPÊUTICO Trabalho de Conclusão do Curso, apresentado para obtenção do grau de Fisioterapeuta no Curso de Fisioterapia da Universidade do Extremo Sul Catarinense, UNESC. Orientador: Prof. M.S.c Tiago Petrucci de Freitas Co-orientador: Prof. Dr. Emilio L. Streck CRICIÚMA, JUNHO DE 2009 3 4 Dedico este trabalho aos meus pais Cleir e Augustinho, e a minha namorada Daniela, que estiveram presentes do início ao fim desta etapa da minha vida. 5 AGRADECIMENTOS Agradeço a DEUS por ter me dado saúde para realizar os meus objetivos. Aos meus pais pela educação que me deram e por me motivarem na minha escolha. A minha namorada Daniela pelo companheirismo e incentivo nesses 5 anos de faculdade. Agradeço pela ajuda e amizade do meu orientador Prof. Tiago Freitas. As amizades que fiz dentro da faculdade. Amizades verdadeiras que vão durar para sempre. Ao Paulo Silveira pela ajuda em algumas partes do trabalho. As pessoas dos laboratórios FISIOPAT e LAFIBE que me ajudaram de alguma forma na pesquisa, especialmente ao Prof. Dr. Emílio Streck que nos cedeu o espaço e alguns materiais. E a banca examinadora. Enfim, a todos que participaram de forma direta ou indiretamente na execução deste trabalho. Obrigado. 6 RESUMO A lesão epitelial é caracterizada pela interrupção da continuidade de um tecido do corpo, causada por qualquer tipo de trauma, seja físico, químico, mecânico ou desencadeada por uma afecção clínica. O processo de cicatrização ocorre para restaurar a integridade anatômica e funcional do tecido lesado. Há evidências de que o reparo tecidual pode ser estimulado por agentes físicos, entre eles o ultrassom. O presente estudo analisa o processo de evolução cicatricial epitelial com o uso do ultra-som terapêutico associado ao gel extrato tintura de Mikania laevigata. Tendo, também, como objetivos específicos caracterizar a evolução da cicatriz epitelial por medida de ferida, medidas de (TBARS), grupos carbonil e grupos sulfidrila. Materiais e métodos: Na pesquisa foram utilizados 15 ratos Wistar submetidos à lesão epitelial localizada no dorso e divididos em 3 grupos. Grupo carbopol sem Ultrassom terapêutico, grupo extrato tintura sem Ultrassom terapêutico e grupo extrato tintura associado ao Ultrassom terapêutico. Depois de efetuada a lesão foram realizadas 10 (dez) aplicações em 10 (dez) dias seguidos, sendo que logo após a última aplicação de cada grupo os animais foram decapitados e o tecido irradiado em redor da ferida foi removido cirurgicamente para posteriores análises bioquímicas. Também foi mensurado imediatamente após a incisão cirúrgica, no quinto e décimo dia o diâmetro da ferida através de um paquímetro. Resultados: Nos animais tratados com Ultra-som terapêutico associado ao gel extrato tintura de Mikania laevigata houve diminuição na média do tamanho das feridas em relação aos outros grupos no quinto e décimo dia, entretanto não foi considerado um resultado significativo. Em relação à sulfidrila não houve resultado significativo em comparação aos outros grupos. Quanto aos níveis de ácido tiobarbitúrico TBARS e carbonil os resultados foram considerados significativos. Conclusão: Concluí-se que, mesmo não sendo significativa na evolução do tamanho da ferida e em relação à sulfidrila, a técnica ideal para acelerar o processo cicatricial do tecido epitelial é a utilização do Ultrassom terapêutico associado ao gel extrato tintura de Mikania laevigata. Palavras chave: Processo de cicatrização. Ultrassom terapêutico. Gel Extrato tintura de Mikania laevigata. 7 ABSTRACT The epithelial lesion is characterized by the interruption of the continuity of a tissue of the body, caused by any type of injury, whether physical, chemical, mechanical or triggered by a medical condition. The healing process occurs to restore anatomical and functional integrity of the damaged tissue. There are evidences that the tissue reparation can be stimulated by physical agents, including ultrasound. This study examines the evolution process of epithelial healing with the use of therapeutic ultrasound combined with tincture extract of Mikania laevigata. Having also, specific objectives to characterize the evolution of the epithelial scar by the size of the wound, (TBARS) measures, carbonyl groups and sulfhydryl groups. Materials and methods: In the research were used 15 Wistar rats underwent located epithelial lesion in the back and divided into 3 groups. Carbopol group without therapeutic ultrasound, dyeing extract group without therapeutic ultrasound group and extract dye associated with therapeutic ultrasound. After making the lesion were done 10 (ten) applications in 10 (ten) days straight, and as soon after the last application of each group the animals were sacrificed by decapitation and the irradiated tissue around the wound was surgically removed for further biochemical analysis. It was also measured immediately after the surgical incision in the fifth and tenth days, the diameter of the wound using a caliper. Results: In animals treated with ultrasound therapy combined with tincture extract of Mikania laevigata there was a decrease in the average size of wounds in relation to other groups in the fifth and tenth day, however there was not considered a significant results. Related to sulfhydryl, there were not significant results comparing to other groups. However, the levels of thiobarbituric acid carbonyl and TBARS results were considered significant. Conclusions: We conclude that, although there were not significant evolution in the size of the wound and related to sulfhydryl, the ideal technique to accelerate the healing process of epithelial tissue is the use of therapeutic ultrasound combined with tincture extract of Mikania laevigata . Keywords: Healing process. Therapeutic ultrasound. Tincture extract of Mikania laevigata. 8 LISTA DE ILUSTRAÇÕES Figura 1. Anatomia da Pele........................................................................................17 Figura 2. Folhas de Mikania laevigata........................................................................29 Figura 3. Estresse oxidativo.......................................................................................30 Figura 4. Modelo de lesão epitelial.............................................................................33 Figura 5. Tamanho da Ferida (cm).............................................................................38 Figura 6. Efeitos do ultrassom e do gel extrato tintura de Mikania laevigata sobre as espécies reativas de ácido tiobarbitúrico....................................................................40 Figura 7. Efeitos do ultrassom e do extrato tintura de Mikania laevigata sobre o carbonil.......................................................................................................................41 Figura 8. Efeitos do ultrassom e do extrato tintura de Mikania laevigata em relação a sulfidrila......................................................................................................................42 9 LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS DNA – Ácido desoxirribonucleico MHz - Mega Hertz FISIOPAT - Laboratório de Fisiopatologia. SPSS - Statistical Package for the Social Sciences TBARS – espécies reativas de ácido tiobarbitúrico UNESC – Universidade do Extremo Sul Catarinense UV – Ultra-violeta. 10 SUMÁRIO 1 INTRODUÇÃO........................................................................................................11 2 REFERENCIAL TEÓRICO ....................................................................................16 2.1 Pele.....................................................................................................................16 2.2 Lesão epitelial..................................................................................................177 2.3 Processos da cicatrização..............................................................................188 2.3.1 Fase inflamatória ..........................................................................................199 2.3.2 Fase proliferativa..........................................................................................199 2.3.3 Fase de maturação e remodelamento...........................................................20 2.4 Ultrassom............................................................................................................21 2.4.1 Propriedades do ultrassom ...........................................................................22 2.4.2 Efeitos do ultrassom ....................................................................................244 2.4.3 Ultrassom no reparo das lesões .................................................................266 2.5 Fonoforese.......................................................................................................277 2.5.1 Mikania laevigata ..........................................................................................288 2.6 Estresse oxidativo...........................................................................................299 3 MATERIAIS E MÉTODOS......................................................................................32 3.1 Caracterização da pesquisa .............................................................................32 3.2 Caracterização das amostras...........................................................................32 3.3 Instrumentos.....................................................................................................32 3.4 Procedimentos para coleta de dados...............................................................33 3.4.1 Preparação do Gel Extrato Tintura de Mikania laevigata............................34 3.4.2 Descrição da técnica de maceração..............................................................35 3.5 Procedimentos para análise.............................................................................36 4 APRESENTAÇÃO E ANÁLISE DE DADOS .........................................................37 5 CONCLUSÃO ........................................................................................................43 6 PERSPECTIVAS.....................................................................................................44 REFERENCIAS.........................................................................................................45 11 1 INTRODUÇÃO O tecido epitelial é um conjunto de estruturas elásticas, ásperas e, em condições normais, auto-regeneradora, sendo constituído por folhetos celulares contínuos conhecidos como epitélios que recobrem a superfície externa do corpo e quase todas as superfícies internas, juntamente com as glândulas que se desenvolvem a partir deles (COMARCK, 1996. CORREA et al., 2003. CARVALHO, 2003). Tem, como principais funções, a de proteção de raios ultravioletas, regulação da temperatura corpórea e sensorial, e é constituída por duas camadas principais: derme e epiderme (CORREA et al., 2003). A derme é uma espessa camada de tecido conjuntivo onde se situam muitas fibras colágenas e algumas fibras reticulares e elásticas, sendo suprida por vasos linfáticos, vasos sanguíneos e nervos. A epiderme é a camada do tecido epitelial avascular, constituída essencialmente por um epitélio estratificado pavimentoso queratinizado. As células epiteliais, para manter o seu número, se proliferam a partir da porção mais profunda da epiderme (GUIRRO e GUIRRO, 2002). Quando ocorrem as lesões epiteliais, estas são caracterizadas pela destruição da continuidade do tecido epitelial. A úlcera de pressão é um exemplo de lesão epitelial que é secundária ao comprometimento do suprimento sanguíneo, trombose capilar e anóxia tecidual que ocorre na sua maioria em pacientes acamados devido às forças de compressão por um tempo prolongado (DINI et al., 2006). À partir da lesão epitelial ocorre uma série de eventos que objetivam reestabelecer a estrutura anatômica e a funcionalidade da região afetada. De acordo com MANDELBAUM et al., (2003), e CARVALHO (2003), a repavimentação e a reconstituição do tecido ocorrem por uma perfeita e coordenada cascata de eventos celulares e moleculares promovendo a cicatrização da ferida. Esses eventos podem ser classificados em diferentes fases: a fase inflamatória, a fase de proliferação e a fase de remodelagem. A fase inflamatória é definida como uma reação do tecido vascularizado vivo às agressões. Durante o processo inflamatório vão existir quatro componentes principais que vão compor a ferida: as proteínas plasmáticas, que migram para o local da inflamação; os fibroblastos, leucócitos, mastócitos e plaquetas, que chegam 12 ao local da lesão pela corrente sanguínea; e as proteínas, lipídios, ácidos e aminas vasoativas que são os mediadores da lesão (KISNER e COLBY, 2005). Na fase de proliferação ocorre a ativação de macrófagos, e consequentemente a matriz extracelular pode começar a ser substituída por um tecido conjuntivo mais elástico e mais resistente. O tecido conjuntivo maduro é constituído de colágeno, o componente mais importante da cicatriz (KISNER e COLBY, 2005). Durante a fase de remodelagem a ferida adquire a sua máxima resistência, que é atribuída pela deposição de colágeno e pela remodelagem das fibrilas de colágeno. A fase de remodelagem é considerada a fase final de cura de uma ferida (ROBBINS et al., 1996). Ao longo do estágio inflamatório a terapia por ultrassom influência nas atividades das células, mastócitos, macrófagos, plaquetas e neutrófilos, acelerando o processo de cicatrização (KITCHEN e BAZIN, 2001; LOW e REED, 2003). Na fase de proliferação a terapia com ultrassom está relacionada ao aumento de velocidade de angiogênese e aumento na secreção de colágeno (MENETREY et al., 1999; LOW e REED, 2003). Já no estágio de remodelamento a aplicação do ultrassom fornece uma melhor elasticidade do colágeno maduro e uma melhor resistência tênsil, quando o tratamento é realizado em todas as fases do processo de reparo tecidual (KITCHEN e BAZIN, 2001; LOW e REED, 2003). O ultrassom terapêutico é uma modalidade usada em fisioterapia no tratamento de várias situações, incluindo distúrbios circulatórios, estimulação de reparação de tecidos e, principalmente, processos inflamatórios de lesão tecidual. Medicamentos antiinflamatórios não hormonais também são frequentemente utilizados nessas condições, e tradicionalmente são ingeridos oralmente na forma de cápsulas ou comprimidos, predispondo à danos no sistema gastro-intestinais. Por esse fator pesquisadores estudam outras maneiras de aplicações desses medicamentos. Em razão disso a fonoforese, técnica de inserir um antiinflamatório através do ultrassom terapêutico tem sido estudada por profissionais da área da saúde (YANG et al., 2005). A energia do ultrassom pode ser utilizada para a liberação de substâncias medicamentosas na corrente sanguínea, fazendo penetrar mais profundamente no tecido o fármaco utilizado. Como principais fármacos destacam-se os corticoesteróides, salicilatos e anestésicos. Estes fármacos devem possuir a 13 configuração de gel, independente da carga elétrica da medicação (STARKEY, 2002; YANG et al., 2005). Devido às propriedades antiinflamatórias, analgésicas e antimicrobianas da espécie de guaco (Mikania laevigata), a mesma já era utilizada na medicina popular para o tratamento de diversas enfermidades (FERRO, 1991). Com a possibilidade de formar gel de Mikania laevigata, a aplicação através de fonoforese é disponível e promissora para tratamento de lesões epiteliais. A espécie Mikania laevigata possui um subarbusto de hábito trepador, volúvel, com o caule lenhoso e cilíndrico, de coloração castanho-acizentada e verde claro nas pontas, suas folhas são opostas de contorno oval e oblongo-lanceoladas, de base obtusa e ápice acuminado de até 15 cm de comprimento e 7 cm de largura, com 3 nervuras bem evidentes, pecioladas, carnoso-coriáceas, verde brilhantes na face superior, mas pálida na interior (OLIVEIRA et al., 1984). As defesas antioxidantes, enzimáticas e não-enzimáticas, atuam contra a toxicidade dos radicais livres, que são formados no metabolismo celular. Em condições extremas ocorre o aumento da produção de radicais livres favorecendo o aumento do estresse oxidativo (BONDY e LE BEL, 1993; CADENAS e DAVIES, 2000). De acordo com TOUMI E BEST (2006) o estresse oxidativo altera o metabolismo das células, o que pode provocar perda da função celular. Tendo em vista o pressuposto teórico definiu-se a seguinte questão problema: O ultrassom terapêutico associado ou não ao extrato tintura de Mikania Laevigata acelera o processo cicatricial em lesão induzida por dano epitelial em ratos? Baseando-se na questão problema, definiram-se as seguintes questões a investigar: 1) O uso do ultrassom com o antiinflamatório, gel extrato tintura de Mikania Laevigata acelera o processo da cicatrização epitelial? Hipótese: A fonoforese, que é um método onde se aumenta a permeação cutânea de fármacos sob influência do ultrassom terapêutico, com o poder 14 antiinflamatório da espécie Mikania laevigata, o resultado esperado com essa união é que acelera o processo cicatricial. 2) O uso do antiinflamatório, gel extrato de tintura de Mikania Laevigata, associado ao Ultrassom tem maior poder de resolução, quando comparado apenas ao uso direto do extrato? Hipótese: Estudos demonstraram que o ultrassom terapêutico acelera o metabolismo celular, consequentemente acelera o processo cicatricial. E principalmente tem o poder de reorganizar a proliferação celular e a síntese de colágeno presente na fase de remodelagem do processo de cicatrização, evitando a hipertrofia da cicatriz, mas relatos de associação do gel extrato de tintura e do extrato com Ultrassom não estão presentes na literatura científica. 3) O uso do Ultrassom terapêutico com gel extrato tintura de Mikania laevigata, diminui o estresse oxidativo? Hipótese: Vários estudos comprovaram a eficiência do uso do ultrassom terapêutico na cicatrização tecidual, mas não se tem um estudo com o uso da fonoforese associando o ultrassom com o gel de guaco. Acredita-se que o efeito antiinflamatório do guaco unido às propriedades do ultrassom pode diminuir o estresse oxidativo. Este estudo tem como objetivo geral analisar o processo de evolução cicatricial epitelial com o uso do ultrassom terapêutico associado ao extrato tintura de Mikania Laevigata. Tendo, também, como objetivos específicos caracterizar a evolução da cicatriz epitelial por medida de ferida; avaliar a medida de substâncias reativas ao ácido tiobarbitúrico (TBARS), um marcador de lipoperoxidação; determinar a técnica ideal para o reparo do tecido epitelial; analisar a medida de grupos carbonil, medida de dano oxidativo em proteínas; e analisar a medida de grupos sulfidrila, marcadores de oxidação de proteínas. Sabe-se que a úlcera de decúbito é uma realidade hospitalar, pois para cada milhão de pacientes internados 75.000 desenvolvem essa enfermidade, e como agravante, as úlceras de pressão constituem uma via de entrada para infecções, e que alguns pacientes evoluem para óbito, determinando uma problemática de saúde pública. É de fundamental importância que a equipe de saúde conheça com clareza as condutas a serem tomadas no diagnóstico, 15 tratamento, prognóstico e principalmente a cargo da fisioterapia, a prevenção dessa enfermidade (GOMES, 2007). Em tempos atuais Fisioterapeutas, médicos, farmacêuticos e cientistas estão em uma constante procura de um melhor agente cicatrizador. E uma das formas de tratamento de lesões epiteliais é a utilização do ultrassom, recurso próprio dos Fisioterapeutas, que visa melhorar a qualidade de vida dos pacientes e diminuir o tempo de reparação das lesões. Os principais motivos para se querer reduzir o tempo da cicatrização epitelial seriam a redução de custo e tempo de tratamento ao paciente, e a intervenção precoce em casos de lesões associadas que dependem de uma cicatrização completa da lesão epitelial para serem iniciadas. Uma outra razão a ser considerada é a utilização de ratos como modelos de pesquisa, onde a o custo é baixo e processo de cicatrização epitelial muito semelhante aos humanos. Também foi utilizado gel de Mikania laevigata, popular “guaco”, produto com propriedades antiinflamatórias que podem auxiliar na cicatrização da pele, que tem um baixo custo comercial, e que tem a possibilidade de ser transformada em gel, considerado o meio que melhor transmita a onda ultra-sônica, sendo, portanto, o agente de acoplamento de Ultrassom terapêutico mais indicado (HAAR, 2007). O presente estudo encontra-se dividido em cinco capítulos, sendo o primeiro a introdução; capítulo II, referencial teórico; capítulo III, materiais e métodos; capítulo IV análise e discussão dos dados; capitulo V, conclusão; capítulo VI perspectivas; seguido das referencias, apêndices e anexos. 16 2 REFERENCIAL TEÓRICO 2.1 Pele A pele constitui o mais extenso órgão sensorial do corpo, responsável pela recepção de estímulos táteis, térmicos e dolorosos. Tem importantes funções para o organismo, por exemplo, a de barreira protetora contra agentes agressores e reguladora da temperatura corpórea, sendo assim um componente importante para o sistema imunológico (CARVALHO, 2003). Ela representa 12% do peso seco total do corpo com peso de aproximadamente 4,5 quilos (GUIRRO e GUIRRO, 2002). Segundo COMARCK (1996), o tecido epitelial é constituído de folhetos celulares contínuos e com glândulas que se desenvolvem a partir deles, revestindo toda a superfície externa do corpo. Geralmente, as células epiteliais aderem firmemente uma às outras, formando camadas celulares contínuas que revestem a superfície externa e as cavidades do corpo. Quanto ao número de camadas, dividem os epitélios em epitélio simples (escamoso), onde a membrana epitelial é formada por uma única camada de células; epitélio estratificado (pavimentoso ou cilíndrico), formado por duas ou mais camadas de células e epitélio pseudo-estratificado. Essas camadas de células epiteliais constituem dois extratos que se superpõem: a epiderme, e a derme (CARVALHO, 2003; GUIRRO e GUIRRO, 2002; JUNQUEIRA e CARNEIRO, 1995). A epiderme é a camada mais superficial, avascular, e é composta de 5 camadas: córnea , lúcida, granulosa , espinhosa e germinativa. As várias camadas de queratinócitos interligados uns aos outros fornecem uma barreira contra a penetração de microorganismos e água. A camada córnea, mais superficial, proporciona proteção contra traumas físicos e químicos, pois é constituída por células escamosas, cheias de queratina. A camada mais profunda, que faz limite com a derme, é a camada germinativa (GUIRRO e GUIRRO, 2002). A derme é a segunda camada do tegumento, nesta camada situam-se os anexos da pele, muitos vasos sangüíneos, vasos linfáticos e nervos, e representa aproximadamente 90% da espessura total da pele, formando uma base firme para a epiderme (JUNQUEIRA e CARNEIRO, 1995). 17 Figura 1 - Anatomia da Pele Fonte: www.nursingcenter.com. 2.2 Lesão epitelial Uma lesão epitelial é caracterizada pela interrupção da continuidade da pele, em maior ou em menor extensão, causada por qualquer tipo de trauma físico, químico, mecânico ou desencadeada por uma afecção clínica (CESARETTI, 1998). As lesões epiteliais são classificadas, de acordo com o tempo, em agudas e crônicas. As feridas agudas são causadas por traumas ou cirurgias, e sua cicatrização ocorre sem complicações. As feridas crônicas são aquelas que não são reparadas no tempo esperado, apresentando complicações (SANTOS, 2000). As úlceras de decúbito são exemplos de lesões epiteliais, que devido à pressão prolongada exercida sobre alguma parte do corpo, vai ocasionar o comprometimento do suprimento sangüíneo, trombose capilar e anóxia tecidual do local, caracterizando a destruição da continuidade do tecido epitelial (DINI et al, 2006). Um fator relevante na lesão epitelial é a profundidade da ferida, classificada como ferida superficial (envolvendo somente a epiderme), ferida com perda parcial (envolvendo a epiderme e porção superior da derme), e a perda total - 18 destruição da epiderme, derme, tecido subcutâneo, podendo invadir músculos, tendões e osso (SANTOS, 2000). 2.3 Processos da cicatrização O processo de cicatrização é caracterizado pelo preenchimento de determinado espaço e selado pela cicatriz. Entretanto, este quadro pode ser alterado. A evolução do fenômeno da cicatrização envolve uma série de eventos que representam uma tentativa de restabelecer a função normal do tecido lesado e a estrutura anatômica envolvida. Para que um ferimento tenha uma boa cicatrização esses eventos devem se suceder numa seqüência normal e apropriada. Durante este processo, vários fatores fisiológicos estão envolvidos e o desequilíbrio ou ausência de alguns elementos, principalmente a formação de colágeno, pode comprometer o resultado final, alterando o quadro de regeneração consequentemente influenciando na funcionalidade e/ou a estética da região (OLSSON et al., 2008). O processo da cicatrização acontece basicamente no tecido conjuntivo, no qual diversos fatores interferem na ordem geral ou local em sua constituição e função, como por exemplo, pela presença ou ausência de bactérias, grau de suprimento sanguíneo, se a ferida é de característica aberta ou fechada, o tipo de tecido lesado, a dieta e a idade do indivíduo (GUIRRO e GUIRRO, 2002). A regeneração das células parenquimais repara as lesões do organismo, seguida de uma cicatrização mais ou menos acentuada do tecido conjuntivo. A cicatriz consiste na substituição do tecido lesado por conjuntivo recém formado (GUIRRO e GUIRRO, 2002). Os principais componentes celulares do processo de reparo são: plaquetas, mastócitos, leucócitos polimorfonucleares, macrófagos, linfócitos T, fibroblastos, e células endoteliais. Estas células migram até o local lesionado através da corrente sanguínea, numa seqüência bem organizada, controlada por fatores solúveis da lesão (KITCHEN e BAZIN, 2001). 19 Os eventos celulares bioquímicos na cicatrização das feridas podem ser divididos em três fases conseqüentes: inflamação, fase de maturação e fase de remodelamento (KISNER e COLBY, 2005). 2.3.1 Fase inflamatória A inflamação é um pré-requisito para que o processo de reparo aconteça. Por isso, a inflamação inicia-se imediatamente após a lesão, sendo uma resposta natural do organismo ao trauma lesivo (JÓZSA e KANNUS, 1997). Segundo o mesmo autor o trauma lesivo provoca uma ruptura dos vasos sanguíneos ocorrendo extravasamento de sangue, plasma e fluidos teciduais para a área lesada. Os eventos iniciais no processo de cura são direcionados para a perda subseqüente de sangue, sendo que logo após o trauma lesivo ocorre uma vasoconstrição reflexa de 5 a 10 minutos propiciando o fechamento dos vasos sanguíneos lesados e que imediatamente promove a formação dos coágulos e a exsudação das células e dos solutos dos vasos sanguíneos ativando a cascata de coagulação. Nesse período, os neutrófilos, primeiras células sangüíneas a ingressar ao local da lesão, têm a função de neutralizar os irritantes químicos e de eliminar partículas estranhas. Os macrófagos ingressam logo em seguida aos neutrófilos, com a função de realizar a limpeza do tecido morto (fagocitose), e de produzir fatores da lesão, que orientam diretamente a formação do tecido de granulação (KISNER e COLBY, 2005). 2.3.2 Fase proliferativa A síntese e a deposição de colágeno promovem a reparação do tecido conjuntivo e do epitélio, caracterizando a fase proliferativa. Os estímulos nocivos são removidos pelos macrófagos e ocorre a formação de leitos capilares (angiogênese). 20 Há um aumento da atividade fibroblástica, da formação de colágeno e o desenvolvimento da cicatriz (KISNER e COLBY, 2005). Segundo MAXWELL (1992), o surgimento e o aumento da atividade dos fibroblastos ocorrem por volta do segundo e terceiro dia após o trauma, estes são liberados através das plaquetas e dos macrófagos, acompanhando a retração vascular no processo de reparo tecidual e são responsáveis pela síntese de colágeno e sua deposição na matriz extracelular. Essa fase pode ser definida como processo pelo qual ocorre uma redução do tamanho da ferida em decorrência da retração da cicatriz (GUIRRO e GUIRRO, 2002). Durante esse estágio, o tecido conjuntivo produzido é fino e desorganizado. O macrófago é uma das fontes mais importantes para que ocorram todos estes eventos na fase proliferativa (KISNER e COLBY, 2005). 2.3.3 Fase de maturação e remodelamento A maturação e a remodelagem representam a fase final da cura de uma ferida. É nesta fase que a cicatriz atinge a sua forma e adquire sua máxima resistência tênsil, mas é um processo demorado que pode levar muitos meses ou até anos para adquirir sua resistência final, mesmo assim a cicatriz cutânea totalmente matura tem apenas 70% da resistência de uma pele normal. O processo de remodelagem da cicatriz envolve a contínua produção, digestão, agregação e orientação das fibras de colágeno (KISNER e COLBY, 2005). Com a maturação e a remodelagem do tecido ocorrem a melhora da qualidade (orientação e força tensiva) do colágeno, redução do tamanho da ferida e o tecido de granulação é gradualmente substituído por uma cicatriz, que é um tecido relativamente acelular e avascular. A maturação e o remodelamento do tecido cicatricial ocorrem à medida que as fibras de colágeno se tornam mais espessas e se reorientam em resposta às sobrecargas colocadas sobre o tecido conjuntivo (KISNER e COLBY, 2005; BALBINO et al., 2005). Logo após ocorrer a síntese de colágeno (colágeno imaturo), elas podem ser facilmente remodeladas com um tratamento suave e persistente. Já, se a cicatriz não for tratada, em 14 semanas o tecido cicatricial não responde mais ao processo de remodelamento, consequentemente, uma cicatriz antiga não tratada tem uma resposta ruim ao alongamento (KISNER e COLBY, 2005; BALBINO et al., 2005). 21 2.4 Ultrassom Visando a aceleração do processo cicatricial em diversos tecidos lesados, buscam-se alternativas à terapia convencional que interajam com o processo reparativo criando um microambiente ideal para sua ocorrência. Dentre as inúmeras técnicas e benefícios aplicáveis à medicina regenerativa, o uso do ultrassom terapêutico é alternativa cada vez mais freqüente. As experiências de terapia sonora em animais têm propiciado informações relevantes para o tratamento de vários tipos de lesões; todavia, apesar de serem muito utilizados, ainda existem controvérsias em relação aos seus potenciais biológicos de acordo com a modalidade e a dosimetria utilizadas para cada tipo de lesão. Os efeitos biofísicos do ultrassom sobre o reparo tecidual são pouco compreendidos, sendo seu uso muitas vezes negligenciado na experiência prática, o que resulta em procedimentos imprecisos (OLSSON et al. 2008). O ultrassom é uma forma de energia mecânica não audível transmitida para os tecidos por ondas acústicas de alta freqüência em organismos biológicos. É um dos recursos mais utilizados na Fisioterapia e tem como objetivo o tratamento das mais diversas disfunções teciduais, circulatórias e neurais. As ondas ultrasônicas vão ocorrer no modo contínuo, onde não ocorre interrupção na propagação da energia, havendo uma acentuada produção de calor ou no modo pulsado, onde apresentam breves interrupções na propagação de energia evitando, assim, os efeitos térmicos, permitindo seu uso na fase aguda de uma lesão (GAM e JOHANNEN, 1995). Os efeitos do ultrassom no modo contínuo, onde há uma produção de calor, podem produzir um aumento na extensibilidade das estruturas ricas em colágeno, na deposição de colágeno e no fluxo sangüíneo. No modo pulsado, sob a ação de efeitos não-térmicos ou mecânicos, o ultrassom aumenta a permeabilidade vascular, reduz edema, auxilia na regeneração dos tecidos, e influencia nas atividades das células acelerando o processo de cicatrização (HAAR, 2007). A onda mecânica produzida pelo ultrassom é a energia transmitida por vibrações de moléculas do meio em que estão se propagando, fazendo-as oscilarem, quer o meio seja sólido, líquido ou gasoso. A quantidade de energia que incide em uma determinada superfície é chamada de potência, expressa em watts 22 (W). Essa energia é dependente de algumas características do ultrassom (freqüência, intensidade, amplitude, foco e uniformidade do feixe) e do tipo de tecido em que ocorre a propagação da onda (TER HARR, 1987). Para que as ondas ultra-sônicas sejam transmitidas para os tecidos é necessário um meio acoplador, que tem a função de excluir o ar da região entre o transdutor e o tecido (DOCKER, 1982; WILLIAMS, 1987). Com isso o transdutor, com o auxilio de uma pastilha de material piezoelétrico e do meio acoplador, vai gerar ondas ultra-sônicas que são propagadas através do tecido biológico. A piezoeletricidade é um fenômeno natural, encontrado em certos cristais, tais como o germânio e o quartzo, que têm a capacidade de transformar energia mecânica em elétrica e vice-versa (HOOGLAND, 1986; KANH, 1991). O ultrassom terapêutico vem sendo empregado há mais de 40 anos no tratamento de diversas patologias e uma quantidade considerável de trabalhos laboratoriais têm sido realizados com os objetivos de provar seus efeitos sobre os tecidos e de interagi-lo com outros materiais para potencializar esses efeitos (KITCHEN e PARTRIDGE, 1990). 2.4.1 Propriedades do ultrassom Segundo KOEKE (2003), a propagação das ondas ultra-sônicas pode sofrer diferentes comportamentos ao entrar em contato com determinado meio. São eles: A redução de energia da onda ultra-sônica nos tecidos é denominada de atenuação (TER HARR, 1987; LOW e REED, 2003). Segundo FUIRINI e LONGO (1996), a amplitude e a intensidade diminuem à medida que as ondas de ultrassom, sobre sua forma de feixe, se propagam através de um meio. À medida que o feixe de ultrassom segue sua trajetória através dos tecidos ocorre a queda de intensidade, essa diminuição de energia é conhecido como queda exponencial (HAAR, 2007). Essa diminuição de intensidade é causada pela reflexão, pela refração nas interfaces, pela absorção do meio, e pela difusão do som em um meio heterogêneo (FUIRINI e LONGO, 1996). 23 A reflexão ocorre quando uma onda não consegue atravessar a próxima densidade, devido a uma diferença da impedância acústica dos meios. Essa reflexão pode ser parcial ou completa (STARKEY, 2002). Assim, quando a onda encontra uma interface, com propriedades acústicas diferentes, parte dela é refletida e parte é transmitida. A onda refletida na interface retorna através do meio incidente com a mesma velocidade com que se aproximou da mesma. Na terceira reflexão de uma onda ela recebe a denominação de onda estacionária (GUIRRO et al., 1996). A refração é um desvio da onda de som nas várias interfaces dos tecidos. A onda de som penetrará no tecido em certo ângulo, chamado de ângulo de incidência, e sai desse tecido em uma direção contrária ao trajeto inicial da onda, formando o ângulo de refração. A aplicação do ultrassom deverá ocorrer sempre perpendicularmente ao plano da superfície de tratamento, pois um desvio maior que 15º com a superfície provoca um ângulo de refração, ocasionando uma reflexão de uma parte da onda e o restante refratado em direção paralela a interface, tornando o tratamento improdutivo (FUIRINI e LONGO, 1996). O fenômeno de absorção é considerado como a capacidade do tecido em armazenar energia, quando a energia vibracional é transformada em energia molecular. As ondas ultra-sônicas são absorvidas pelos tecidos e transformadas em calor (MACHADO, 1991) A absorção das ondas produzidas pelo ultrassom depende da impedância acústica do tecido, densidade do tecido e suas interfaces, freqüência do ultrassom, quantidade de proteína do tecido, quantidade de água ou gordura, ângulo de incidência, viscosidade do fluido, reflexão, refração e ondas transversais. (MACHADO, 1991; FUIRINI e LONGO, 1996) Segundo FUIRINI E LONGO (1996), as ondas são melhores absorvidas por proteína em tecido nervoso, ligamentos, cápsulas intra-articulares, tendões com alta concentração de colágeno, proteína no músculo, hemoglobina, não obtendo uma boa absorção pela pele e gordura. 24 2.4.2 Efeitos do ultrassom Um grande número de variáveis, de natureza física e biológica, interfere nos efeitos do ultrassom. Por exemplo, o tempo de exposição, a estrutura espacial e temporal do campo ultra-sônico e estado fisiológico do objeto, e também a intensidade. Esses vários fatores complicam a compreensão exata do mecanismo de ação do ultrassom e da qualidade na interação com os tecidos biológicos (RICHARDSON, 1989; ROBERTSON, 2002; GANN, 2003). A interação do ultrassom com os tecidos biológicos provoca alterações fisiológicas que podem tanto ser benéficas ou maléficas (FERRARI, 1987; HAAR, 2007). Por exemplo, aumentar a intensidade pode elevar excessivamente a temperatura do tecido, e conseqüentemente ter efeitos indesejáveis, como desvitalização da região irradiada (PAULA, 1994). E o aumento da intensidade não pode compensar a diminuição do tempo de tratamento, porque o efeito produzido pelas duas variedades é diferente. Os mecanismos do ultrassom são geralmente classificados em térmico, não térmico ou mecânico (DYSON,1987). Com relação aos efeitos mecânicos, ao penetrarem no tecido, as ondas ultra-sônicas criam pressões positivas e negativas, obrigam as células a mover-se de forma alternada, provocando um efeito de micro-massagem que aumenta o fluxo sangüíneo, acelera a velocidade de difusão de íons através da membrana celular, acelerando o intercâmbio de fluidos, favorecendo o processo de difusão e melhorando o metabolismo celular e a conseqüente melhora do suprimento de oxigênio às mesmas. Regula o desequilíbrio, auxilia a liberação de aderências, pela separação das fibras colágenas (SILVA, 1987; MACHADO, 1991). Com o aumento das trocas e da vasodilatação, teremos mais anticorpos, leucócitos e eletrólitos na área, o que concorrerá para uma maior defesa, além de aumentar consideravelmente o retorno venoso e linfático, facilitando a absorção de edemas (MACHADO, 1991). Já os efeitos térmicos são decorrentes da absorção das ondas ultrasônicas pelo tecido que se transforma em calor (YOUNG, 1998). A vibração celular e de suas partículas provoca um atrito entre elas, produzindo assim o efeito térmico (DYSON,1987). 25 O efeito térmico só ocorre no ultrassom no modo contínuo, o que não ocorre com o feixe ultra-sônico pulsátil ou intermitente, promovendo ação analgésica, antiinflamatória ou antiespasmódica na zona tratada (SILVA, 1987; MACHADO, 1991; KITCHEN e BAZIN, 2001; LOW e REED, 2003). A estimulação do plexo terminal nervoso pelo ultrassom promove vasodilatação em extremidades, e com isso provoca uma vasodilatação reflexa aumentando o fluxo sanguíneo nos capilares e arteríolas (DYSON,1987; KITCHEN e BAZIN, 2001; LOW e REED, 2003). Quando uma onda ultra-sônica atravessa um tecido biológico, este é aquecido ao absorver a energia mecânica ultra-sônica (BASSOLI, 2001). O tipo de tecido e o fluxo sanguíneo que irriga o local (uma vez que o calor produzido pode ser dissipado por corrente sanguínea) alteram o aquecimento local produzido pelo ultrassom no modo contínuo. Tecidos com elevado conteúdo protéico absorvem mais rapidamente que os com maior conteúdo de gordura, e quanto maior a freqüência, maior o calor local (YOUNG, 1998). Se a temperatura local é elevada para algo entre 40 e 45°, ocorre hiperemia. Temperaturas acima de 45° são destrutivas (LOW e REED, 2003). Um outro efeito do ultrassom é o efeito químico, que acontece através dos fatores mecânicos e térmicos acelerando as reações e aumentando a condutibilidade das ações, como a liberação de substâncias vasodilatadoras, facilitando a dispersão dos líquidos e a desagregação de moléculas complexas (MACHADO, 1991). Também consideramos o efeito antiflogístico que o Ultrassom proporciona, onde com o aumento da vasodilatação e consequentemente da circulação sangüínea, teremos mais anticorpos, leucócitos e eletrólitos na área, o que ocasionará uma maior defesa e limpeza da ferida no estagio inicial da lesão, além de aumentar consideravelmente o retorno venoso e linfático, facilitando a absorção de edemas (MACHADO, 1991). 26 2.4.3 Ultrassom no reparo das lesões A escolha da melhor maneira de tratamento para as lesões epiteliais depende de uma inspeção acurada da lesão, identificando-se o estágio do processo cicatricial. Para auxiliar no processo reparativo, são utilizados alguns fármacos como forma de tratamento nesse tipo de lesão, mas nem sempre são eficazes e o custo desse tipo de tratamento os torna inviáveis. “Dentre os recursos disponíveis para o tratamento de lesões, a utilização de terapias alternativas não invasivas na cicatrização tecidual têm se mostrado de fundamental importância para o estímulo da preservação das funções fisiológicas, da estrutura celular e para a melhora na qualidade do tecido neoformado” (OLSSON et al. 2008). É fato conhecido que o ultrassom interage com os tecidos biológicos por meio de mecanismos térmicos e não térmicos ou mecânicos, que ocorrem simultaneamente prevalecendo de acordo com o modo de propagação da onda (contínua ou pulsada) (DYSON, 1987), mas é possível potencializar um ou outro efeito alterando o tipo de onda utilizada, o tempo e a técnica de aplicação (BAKER et al., 2001; DYSON, 1987). Têm-se atribuído ao ultrassom, durante as três fases da cicatrização, um aumento na síntese de colágeno, aumento da velocidade do processo de cicatrização, uma maior resistência da cicatriz, maior capacidade de absorção energia, na diminuição de células inflamatórias por aceleração do metabolismo celular, e na facilitação na proliferação de fibroblastos e a síntese de proteínas. Cada processo acontecendo em seu tempo de atuação, de acordo com as fases de inflamação, maturação e remodelamento (ENWEMEKA, 1989; JACKSON et al., 1991). Assim, o ultrassom terapêutico tem um papel terapêutico importante na reparação tecidual, sobretudo à baixa intensidade, o que minimiza inclusive o risco de lesões teciduais, que podem ocorrer com a superdosagem (FRENKEL et al., 1999; KITCHEN e PARTRIDGE, 1990). As evidências dos efeitos benéficos da irradiação ultrassônica sobre o tegumento cutâneo foram pesquisadas em algumas situações clínicas (KITCHEN e PARTRIDGE, 1990). 27 DYSON (1987) e MAXWELL (1992), e concluíram que o ultrassom causa o aumento do fluxo sanguíneo para a ferida, a liberação dos mediadores da inflamação, a migração de leucócitos, a angiogênese, a síntese de colágeno e a formação do tecido cicatricial. Evidenciando um aumento significativo no número de células em proliferação na epiderme e neoformação vascular. 2.5 Fonoforese Durante as últimas décadas, muitos trabalhos têm sido realizados no sentido de esclarecer a permeabilidade cutânea a diferentes substâncias ativas. Esse tem sido um assunto de profundo interesse para as áreas de Fisioterapia, farmacologia e dermatologia. Uma variedade de pesquisas tem sugerido que, para aumentar a permeabilidade da pele acelerando o transporte das drogas, podem-se utilizar, entre outros recursos, as correntes elétricas e a aplicação de ultrassom (MITRAGOTRI et al., 1995), pois a ação de uma força física externa melhora a permeabilidade da pele (UEDA, 1996). Para isso estão sendo usados métodos como a fonoforese, na tentativa de aumentar a permeação cutânea de fármacos (MACHET et al., 1998). Segundo LOW E REED (2001) Algumas drogas aplicadas diretamente na pele são absorvidas muito lentamente, onde a vibração sonora de alta freqüência pode acelerar esse processo. De acordo com GUIRRO E GUIRRO (2002), “existem várias vantagens na utilização dessa modalidade de tratamento, entre elas a ação localizada da droga, com conseqüente ausência de efeitos colaterais decorrente de ações sistêmicas, caso a droga não tenha esse tipo de ação.” Os efeitos não-térmicos do ultrassom terapêutico que influenciam na penetração dos fármacos incluem cavitação e microfluxo acústico. A cavitação resulta na formação de microbolhas gasosas na camada externa da pele, que podem romper-se violentamente, e possivelmente permitir a passagem da droga. O microfluxo acústico é um movimento unidirecional do fluido em um campo de pressão ultrassônica. A microagitação permite o movimento das partículas pelas membranas das células, provocando o aumento da permeabilidade celular (LOW e REED, 2001). 28 Poucos produtos apresentam as características apropriadas para a fonoforese, sendo o gel o tipo mais apropriado de formulação para essa terapia (GUIRRO e GUIRRO 2002). 2.5.1 Mikania Laevigata No Brasil, além da cultivação das tradições indígenas, os conhecimentos trazidos pelos escravos e imigrantes representam uma atuação relevante para o surgimento de uma medicina natural rica e original, utilizando as plantas medicinais para tratamento de várias enfermidades, como diabetes, doenças do coração, desordens psiquiátricas, entre outros (FREITAS, 2006). Em várias partes do mundo essas plantas medicinais são utilizadas para curar várias doenças, e são usadas sob diversas formas, tais como infusões, emplastos ou extratos (FERRO, 1991). Um exemplo de planta medicinal é a Mikania laevigata, conhecida popularmente como guaco, cultivada principalmente no sul do Brasil, e que pode ser encontrada entre São Paulo e o Rio Grande do Sul, onde é mais cultivada (FREITAS, 2006). Devido às suas propriedades antiinflamatórias, analgésicas e antimicrobianas, a mesma já era utilizada na medicina popular para o tratamento de diversas enfermidades como asma, bronquite, tosse entre outros sintomas relacionados a gripe e resfriados (FERRO, 1991). 29 Figura 2 - folhas de Mikania laevigata Fonte: SILVA JÚNIOR (2006). A espécie Mikania Laevigata possui um subarbusto de hábito trepador, volúvel, com o caule lenhoso e cilíndrico, de coloração castanho-acizentada e verde claro nas pontas, suas folhas são opostas de contorno oval e oblongo-lanceoladas, de base obtusa e ápice acuminado de até 15 cm de comprimento e 7 cm de largura, com 3 nervuras bem evidentes, pecioladas, carnoso-coriáceas, verde brilhantes na face superior, mas pálida na interior (OLIVEIRA et al., 1984). Suas flores são hermafroditas, reunidas em número de quatro, iguais entre si, de papus branco e corola tubulosa, de cor branco-creme. Possui frutos do tipo aquênio. (SIMÕES et al., 1998). Com relação à ação antiinflamatória, analgésicas e antimicrobianas da Mikania laevigata, segundo FREITAS, 2006, concluiu que a administração do extrato hidroalcoólico de Mikania laevigata mostrou-se efetiva na prevenção do dano oxidativo pulmonar causado pelo carvão. 2.6 Estresse oxidativo “Um radical livre é definido como qualquer átomo, grupo de átomos ou molécula com um elétron não-pareado ocupando uma órbita externa. O ânion superóxido (O²-), o radical hidroxila (OH) e o óxido nítrico (NO) são exemplos de radicais livres” (VANCINI et al., 2005). 30 Os radicais livres são produzidos no metabolismo celular e participam da fagocitose, na síntese e regulação de algumas proteínas e nos processos de sinalização celular, tendo uma grande importância nas funções do organismo (HALLIWELL e GUTTERIDGE, 1999). Essa produção de radicais livres é um processo fisiológico normal do organismo, o problema é quando os níveis totais de espécie radioativa de oxigênio forem maiores que a capacidade de defesa, podendo ocorrer o aumento do stress oxidativo e consequentemente danos celulares (MATSUO e KANEKO, 2001). Hábitos de vida inadequados, como o consumo de fumo, álcool e dieta descontrolada; poluição; temperatura elevada e alta umidade relativa do ar; exposição a radiações não ionizantes UV e ondas curtas; o estresse emocional e o exercício realizado de forma extrema estão relacionados à quantidade de produção de radicais livres (VANCINI et al., 2005). Deste modo, particularmente quando as espécies radioativas de oxigênio presentes em elevadas concentrações, eles podem induzir alterações severas na estrutura de moléculas fundamentais para a manutenção da homeostasia celular, resultando numa possível perda de funcionalidade ou até mesmo na perda de viabilidade da célula (CADENAS e DAVIES, 2000). Figura 3 - Estresse oxidativo Fonte: (Adaptado de Marks et al., 1996). 31 Para ocorrer o equilíbrio entre a produção e a eliminação de radicais livres, o organismo humano sofre a ação das defesas antioxidantes, enzimáticas e não-enzimáticas (BONDY e LE BEL, 1993; CADENAS e DAVIES, 2000). Quando não há homeostase entre a produção e eliminação de radicais livres, ocorre o estresse oxidativo, que pode provocar perda da função celular (HALLIWELL e GUTTERIDGE, 1999). 32 3 MATERIAIS E MÉTODOS 3.1 Caracterização da pesquisa O presente estudo é caracterizado como sendo de natureza aplicada, qualitativo, quantitativo e experimental (Vieira & Hossne, 2001). Tendo como objetivo analisar o processo de cicatrização epitelial em ratos Wistar, e seus possíveis danos oxidativos, através da utilização do ultrassom terapêutico e do gel extrato tintura de Mikania laevigata. 3.2 Caracterização das amostras O estudo foi realizado no Laboratório de Fisiopatologia – FISIOPAT, localizado na UNESC e vinculado ao programa de Pós-Graduação em Ciências da Saúde desta instituição. Preliminarmente, o projeto foi aceito junto ao Comitê de Ética, com o protocolo número 620/07. Amostra: foram utilizados 15 ratos Wistar (200-250g). Os animais foram agrupados em gaiolas específicas, temperatura ambiente controlada em 22oC, ciclo claro-escuro 12:12h e com livre acesso à água e à comida. 3.3 Instrumentos Para realização das feridas foi utilizada uma tesoura cirúrgica esterilizada, um molde de papel para padronização das incisões cirúrgicas; - Máquina para tricotomia da marca General Eletric; - Espectrofotômetro para analise das amostras bioquímicas; - O processo evolutivo da cicatrização foi documentado através de fotos com máquina fotográfica marca SONY, 7.2 Mega Pixels, Optical 3x; - As feridas foram medidas com o auxilio de um paquímetro da marca Cardiomed no 1º, 5º e 10º dias de tratamento; - O tratamento foi efetuado por Ultrassom terapêutico da marca Medicir; - Freezer a –80 graus para acondicionamento das amostras; - Homogenizador para preparação das amostras Bioquímicas; 33 - Kits Bioquímicos para análise Biotest; e tubos de ensaio. 3.4 Procedimentos para coleta de dados Laceração epitelial: todos os animais foram anestesiados com Cetamina (80mg/kg peso corporal, i.p.) após a sedação foi feita uma única incisão circular, com bisturi cirúrgico, medindo aproximadamente 2 cm na porção medial do dorso de cada animal, conforme modelo proposto por (PESSOA et al, 2004). Figura 4 - Modelo de lesão epitelial Fonte: adaptado de PESSOA et al, 2004. Após o procedimento cirúrgico os animais foram divididos randomicamente em 3 grupos: Grupo 1 (n=5): controle 10 dias: tratados com gel carbopol, com movimentos circulares por três minutos durante 10 dias. Grupo 2 (n=5): tratados com extrato tintura de Mikania laevigata, com movimentos circulares por três minutos durante 10 dias. Grupo 3 (n=5): tratados com ultrassom pulsado terapêutico e extrato tintura de Mikania Laevigata : 10 aplicações com dose de 0,8 w/cm 2 consecutivas. Foi mensurado imediatamente após a incisão cirúrgica e no quinto e décimo dia o diâmetro da ferida através de um paquímetro. 34 No presente experimento, o grupo 3, tratados com ultrassom terapêutico na forma pulsada e extrato tintura de Mikania Laevigata, o ultrassom terapêutico foi aplicado diretamente sobre a ferida e o extrato foi usado como meio acoplador entre o cabeçote e uma película de filme plástico e, também, diretamente sobre a ferida. O aparelho de ultrassom terapêutico foi calibrado e submetido à dosimetria antes do início do tratamento, para evitar erros de dosagem, e o cabeçote do próprio aparelho foi adaptado para pequenas áreas (YOUNG, 1998). A densidade de energia aplicada de 0,8 w/cm² utilizada no presente estudo foi determinada de acordo com GOMES, (2007) que concluiu que a dose ideal de Ultrassom terapêutico para a regeneração do tecido cicatricial foi de 0,8 w/cm², sendo a mesma mais satisfatória quando comparadas a demais dosagens. A freqüência utilizada foi de 1 MHz. (GUIRRO et al., 1996; YOUNG, 1998). Nos grupos que não houve uso do ultrassom terapêutico foi realizada a aplicação do gel carbopol ou gel extrato tintura de Mikania laevigata com contato manual do pesquisador, diretamente na lesão, de forma circular, durante 3 minutos para cada aplicação. Toda a ferida epitelial foi previamente limpa com água destilada, para que pudéssemos retirar possíveis restos de palha das caixas de acondicionamento dos animais ali contidas. Observação: Antes do processo de irradiação os animais foram anestesiados com Cetamina (80mg/kg de peso corporal, i.p.). Logo após a última aplicação de cada grupo os animais foram decapitados e o tecido irradiado em redor da ferida foi removido cirurgicamente. Parte do tecido foi imediatamente congelado a –80o C para posteriores análises bioquímicas. Ensaios Bioquímicos: Espécies Reativas ao Ácido Tiobarbitúrico (TBARS): Como índice de peroxidação de lipídeos foi verificado a formação de substâncias reativas ao aquecimento do Ácido Tiobarbitúrico medido espectrofotometricamente (532nm), conforme descrito por DRAPER e HADLEY (1990). Os danos oxidativos em proteínas foram mensurados pela determinação de grupos carbonil baseados na reação com dinitrofenilhidrazina como previamente descrito por Levine et al. (1990). O conteúdo de carbonil foi determinado espectrofotometricamente em 370nm usando um coeficiente 22.0000 Molar. 35 Medida de grupos sulfidrila: o ensaio é baseado na redução de 5,5'-dithiobis (2-nitrobenzoic acid) pelos tióis, que se tornam por sua vez oxidados, gerando um derivado amarelo cuja absorção é medida por espectrofotômetro em 412 mm (AKSENOV e MARKESBERY, 2001). Determinação da Proteína: a quantidade de proteína nos ensaios bioquímicos foi mensurada usando a técnica de LOWRY et al (1951). 3.4.1 Preparação do Gel Extrato Tintura de Mikania laevigata Gel Extrato Tintura de Mikania laevigata: Para o preparo do 100ml extrato tintura foi utilizado como solvente álcool 60% e 20g de farmacógeno seco (partes aéreas), na proporção de 1:5, a técnica de extração utilizada foi maceração por um período de 21 dias. O rendimento em teor de extrativos (sólidos totais = extrativos sólidos) deste extrato foi de 1,98% 3.4.2 Descrição da técnica de maceração: - Macerar em recipiente fechado o farmacógeno seco, na proporção indicada (farmacógeno previamente pesado e verter sobre o farmacógeno o solvente indicado) - Em temperatura ambiente - Durante 7 a 10 dias - Coe, espremendo fortemente. - Filtre, se necessário complete o volume conforme a proporção indicada. Após a finalização do extrato o mesmo foi incorporado em um base (gel carbobol) na concentração de 6%, (6ml de tintura mais 94g de gel carbopol) sendo que agora, em 100g de gel temos um teor de extrativos sólidos de 0,1188g e conseqüentemente cada grama de gel terá 0,00188g de teor de extrativos 36 3.5 Procedimentos para análise Tratamento Estatístico: Os dados foram expressos em média e erro padrão médio e analisados estatisticamente pela análise de variância (ANOVA) twoway, seguido pelo teste post hoc Tukey. O nível de significância estabelecido para o teste estatístico foi de p<0,05. Foi utilizado o SPSS (Statistical Package for the Social Sciences) versão 12.0 como pacote estatístico. 37 4 APRESENTAÇÃO E ANÁLISE DOS DADOS O ultrassom é um recurso terapêutico de utilização universal usado, principalmente, onde há necessidade de reparação tecidual, seja em uma reabilitação pós-traumática ou pós-operatória do aparelho locomotor (DYSON, 1987). Na literatura atual tem-se algumas evidências sobre a ação do Ultrassom terapêutico no reparo do tecido epitelial, pois a terapia atua na interação com os tecidos biológicos provocando alterações fisiológicas com o recrutamento de células proliferativas, plaquetas, mastócitos, macrófagos, neutrófilos e síntese de proteínas que auxiliam no remodelamento da cicatriz epitelial, acelerando a migração de fribloblastos para o local da lesão; uma importante célula para no processo de reparo tecidual (GOMES, 2007). DYSON (1987) observou a regeneração tecidual em feridas experimentais de coelhos, demonstrando que o uso de ultrassom pulsado aumentou o processo de regeneração em 30% quando comparado ao controle não estimulado. Em estudos que investigaram a ação do Ultrassom terapêutico na forma pulsada em úlceras varicosas, foi verificada uma redução significativa das ulcerações quando comparadas ao controle o que permitiu concluir que o Ultrassom terapêutico pode estimular o processo de reparação tecidual. Na fisioterapia já é comum a utilização do ultrassom terapêutico associado à antiinflatórios tópicos na forma de gel em determinadas situações clínicas, com o objetivo e a justificativa de que o ultrassom terapêutico favorece a penetração transcutânea do antiinflamatório tópico. Esta prática terapêutica ficou conhecida como fonoforese (KOEKE, 2003). Segundo KOEKE (2003) o ultrassom terapêutico na modalidade pulsada a 100 Hz e regime de pulsação de 20%, e associada à hidrocortisona promove um efeito positivo no processo de reparação do tendão, pois há indícios de que o ultrassom terapêutico induz a penetração transcutânea da hidrocortisona. Segundo BYL et al., (1993), de acordo com uma revisão bibliográfica, aproximadamente 75% dos estudos de fonoforese relatam um efeito positivo da fonoforese, enquanto que outros obtiveram resultados negativos. 38 De acordo com GUIRRO E GUIRRO (2002), existem várias vantagens na utilização dessa modalidade de tratamento, entre elas a ação localizada da droga, com conseqüente ausência de efeitos colaterais decorrente de ações sistêmicas, caso a droga não tenha esse tipo de ação. Alguns estudos mencionados demonstram o poder reparador da fonoforese, mas nenhum estudo realizado utilizou, especificamente, como meio acoplador, gel extrato tintura de Mikania laevigata, o que motivou a realização da presente investigação, cujo objetivo principal foi analisar se o ultrassom terapêutico associado ou não ao extrato tintura de Mikania Laevigata acelera o processo cicatricial em lesão induzida por dano epitelial em ratos. De acordo com o método estipulado, o tamanho das feridas foi mensurado imediatamente após a incisão cirúrgica, no quinto e no décimo dia de aplicação e feito a média dos mesmos que pode ser observado no gráfico abaixo: Figura 5 - Tamanho da Ferida (cm) 3,5 3 cm 2,5 Carbopol s/US 2 Tintura s/US 1,5 Tintura c/ US 1 0,5 0 Lesão 5 Dias 10 dias A figura 5 demonstra a média das feridas cutâneas no primeiro, quinto e décimo dias, onde foram, conforme a legenda, os animais tratados com gel de carbopol sem a utilização de Ultrassom, uso tópico de extrato tintura de Mikania laevigata e extrato tintura de Mikania laevigata associado ao Ultrassom terapêutico. 39 Como podemos verificar não houve diferença significativa na evolução do tamanho das feridas entre as formas de tratamento, levando apenas uma forte tendência para a diminuição da ferida cirúrgica no grupo extrato tintura de Mikania laevigata com a adição de Ultrassom terapêutico, no quinto e décimo dia, porém, também é demonstrado que não houve tendência da diminuição entre o quinto e décimo dia. Estes resultados demonstram que o uso tópico de gel extrato de tintura de Mikania laevigata e gel carbopol não demonstram tendências efetivas para a redução da ferida, entretanto com a presença do Ultrassom terapêutico acredita-se que possa levar a uma diminuição significativa se a terapia for realizada por mais de dez dias. A Mikania laevigata, através de um estudo sobre a ação antiinflamatória realizado por SUYENAGA et al., 2002, demonstrou que a ação antiinflamatória sobre o edema em patas de ratos, diminui significativamente a migração dos leucócitos ao local da lesão. Com o incremento das ondas Utrassônicas pulsáteis, o efeito estará mais presente, segundo os relatos de AGNE, (2004) que relata que as forças geradas pelas correntes acústicas alteram a permeabilidade da membrana da plaqueta, levando à liberação de serotonina, incluindo a liberação de histamina dos mastócitos. Em que o ultrassom apresenta um potencial de aceleração da resolução normal da inflamação desde que o estímulo inflamatório seja removido. Causando um aumento do cálcio iônico que funcionam como um sinal intracelular para resposta metabólica apropriada. 40 Figura 6 - Efeitos do Ultrassom e do extrato tintura de Mikania Laevigata sobre as espécies reativas de ácido tiobarbitúrico. A figura 6 mostra o efeito do TBARs sobre as feridas cutâneas nos 3 grupos. Os animais foram tratados com gel de carbopol sem a utilização de Ultrassom, gel extrato tintura de Mikania laevigata sem a utilização de ultrassom e gel extrato tintura de Mikania laevigata associado ao ultrassom terapêutico. A figura demonstra que a produção de espécies reativas ao ácido tiobarbitúrico TBARS, um marcador de lipoperoxidação, demonstrou uma diferença significativa no grupo gel extrato tintura sem Ultrassom e no grupo gel extrato tintura com Ultrassom em relação ao grupo carbopol sem Ultrassom. Este resultado demonstra que o gel extrato tintura de Mikania laevigata em associação ou não com o Ultrassom terapêutico diminuem o tempo da fase inflamatória e por conseqüência o estresse oxidativo. Através da figura observa-se que o Ultrassom terapêutico associado ao gel extrato tintura de Mikania laevigata tem um efeito protetor muito semelhante quando utilizamos apenas o extrato tintura de Mikania laevigata. 41 Figura 7 - Efeitos do Ultrassom e do gel extrato tintura de Mikania laevigata sobre o carbonil. A Figura 7 mostra mostra a produção de grupos carbonil sobre as feridas cutâneas nos 3 grupos, onde foram, os animais tratados com gel de carbopol sem a utilização de Ultrassom, extrato tintura de Mikania laevigata sem a utilização de Ultrassom e extrato tintura de Mikania laevigata associado à utilização de Ultrassom. Como podemos observar na figura, a proteína carbonil, com a utilização do ultrassom terapêutico associado ao extrato tintura de Mikania laevigata demonstrou uma diferença significativa em relação ao grupo extrato tintura sem Ultrassom terapêutico e carbopol sem Ultrassom terapêutico. Através destes achados o Ultrassom terapêutico com a Mikania Laevigata diminui o acúmulo de formas oxidadas de proteína, como também inibiu a sua habilidade de degradar proteínas em sua forma oxidada, dados estes que vão de encontro com trabalhos realizados em nosso laboratório (GOMES, 2007; FREITAS et al.; 2006). 42 Figura 8 - Efeitos do Ultrassom e do gel extrato tintura de Mikania laevigata em relação à sulfidrila. A figura 8 demonstra a quantidade de grupos sulfidrila sobre as feridas cutâneas nos 3 grupos, onde os animais foram tratados com gel de carbopol sem a utilização de Ultrassom terapêutico, o uso tópico de gel extrato tintura de Mikania laevigata e gel extrato tintura de Mikania laevigata associado ao ultrassom terapêutico. A figura demonstra que em relação à sulfidrila, o gel extrato tintura de Mikania laevigata sem a utilização do ultrassom terapêutico apresentou uma diferença significativa em relação ao grupo carbopol sem Ultrassom. Com este resultado constatou-se que a utilização do Ultrassom terapêutico não protegeu de maneira efetiva o dano oxidativo no processo cicatricial. Também pode-se observar que o uso tópico do gel extrato tintura de Mikania laevigata protegeu efetivamente o dano oxidativo da ferida. 43 5 CONCLUSÃO A cicatrização de feridas é um evento complexo que ocorre espontaneamente, sem intervenções externas, mas que, quando tratada através de artifícios, tende a ocorrer de forma mais rápida e com melhores resultados funcionais e estéticos. O Ultrassom terapêutico é uma dessas técnicas que colaboram com esses resultados e a sua prática opcional é cada vez mais freqüente. Novas pesquisas sobre a utilização da fonoforese nos processos cicatriciais estão sendo realizadas, mas poucos estudos comparam o efeito do uso tópico e da fonoforese de um fármaco específico. O estudo de Koeke (2003) comparou a eficácia da fonoforese e da aplicação tópica de Hidrocortisona no reparo tecidual de tendão de rato, mas não foram encontrados os mesmos testes realizados em feridas epiteliais abertas. No presente estudo, foram encontrados resultados que demonstram que a fonoforese com a utilização do antiinflamatório Mikania Laevigata não acelerou de maneira significativa o processo de cicatrização epitelial, apenas foi constatado uma tendência ao aumento da cicatrização epitelial no quinto e décimo dias. O gel extrato tintura de Mikania laevigata associado ao ultrassom terapêutico não demonstrou de modo significativo à eficácia na resolução da ferida operatória conforme figuras 5 e 8. A utilização do extrato tintura diminuiu o estresse oxidativo quando associado ao Ultrassom terapêutico, mas tal dado não se refletiu quando analisados a sulfidrila, a qual indica a modificação estrutural da proteína e a perda de importantes propriedades biológicas, conforme figura 8. De acordo com os resultados, mesmo não sendo significativos na evolução do tamanho da ferida e em relação à sulfidrila, conclui-se que a técnica ideal para acelerar o processo cicatricial do tecido epitelial é a utilização do Ultrassom terapêutico associado ao gel extrato tintura de Mikania laevigata. O modelo animal é importante para as futuras investigações, particularmente porque através dele, várias patologias estão sendo estudadas e progressos têm sido alcançados para amenizar a enfermidade da população. 44 6 PERSPECTIVAS As perspectivas propostas estarão sendo realizadas, na especialização, com um modelo de estudo semelhante, no laboratório de Fisiopatologia Experimental da UNESC (FISIOPAT). • Teste cometa, marcador de dano ao DNA; • A atividade das enzimas antioxidantes superóxido dismutase, catalase e glutationa peroxidase; • A produção de superóxido mitocondrial; • A atividade dos complexos I, II, III e IV da cadeia respiratória mitocondrial; • A atividade da citrato sintase, isocitrato desidrogenase desidrogenase, enzimas reguladoras do ciclo de Krebs; • Medida de hidroxiprolina, para avaliar a quantidade de colágeno; e malato 45 REFERENCIAS AGNE JE. Eletrotermoterapia teoria e prática. Orium Editora & Comunicação ltda, Santa Maria, pp. 282-308. 2004. 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