NOÇÕES DE ÉTICA PROFISSIONAL AUTOR DESCONHECIDO

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NOÇÕES DE ÉTICA PROFISSIONAL
AUTOR DESCONHECIDO
Como professor da área de humanas, tenho respondido pelas aulas de Filosofia do Programa
Travessia, na Escola Professor Antônio Farias. Dentre alguns temas das tele aulas do projeto,
vivenciamos dois que causaram uma saturar discussão, onde todos nós saímos renovados.
Tratamos da questão da Ética e da Moral.
A principio os alunos ficaram confusos em entender o conceito de cada uma, embora tenham
conhecimento das palavras e as usem de forma cotidiana. À medida que formos norteando
separadamente os conceitos de cada uma e exemplificamos atitudes que clareiam as idéias,
Ética e Moral foram largamente debatidas.
Para facilitar o entendimento e para que eu avaliasse com mais precisão os conhecimentos
que cada um construiu sobre estes temas, solicitei que eles dessem exemplos próximos e
conhecidos de atitudes de pessoas que fugiam da Moral e da Ética.
E para minha surpresa, a maioria dos exemplos era dada com base na postura de políticos e
de professores. Vale considerar que a classe de políticos anda, entre o senso comum, de mal
a pior, sem Moral e sem Ética. Mas, a minha classe, que é formadora de opinião, que se
propõe a mudar o mundo através do conhecimento e da educação, não deveria está na lista
dos profissionais que se estigmatizados como não éticos e amorais.
Fiquei pensando nos exemplos dados pelos meus alunos... Fui pra casa e continuei
pensando... O que é Ética e o que é Moral, meu Deus? Eu estou sendo exemplo de Ética e de
Moral para meus alunos, para meus colegas e para meus familiares? O que é ser ético? O
que é ser um ser de moral?
Eu aprendi, junto com eles que a Moral é a regulação dos valores e comportamentos
considerados legítimos por uma determinada sociedade, um povo, uma religião, uma certa
tradição cultural. Aprendemos também que a Ética é um conjunto de princípios e disposições
voltados para a ação, historicamente produzidos, cujo objetivo é balizar as ações humanas.
Entre a moral e a ética há uma tensão permanente: a ação moral busca uma compreensão e
uma justificação crítica universal, e a ética, por sua vez, exerce uma permanente vigilância
crítica sobre a moral, para reforçá-la ou transformá-la.
A ética ilumina a consciência humana, sustenta e dirige as ações do homem, norteando a
conduta individual e social. É um produto histórico-cultural e, como tal, define o que é
virtude, o que é bom ou mal, certo ou errado, permitido ou proibido, para cada cultura e
sociedade.
Refletindo sobre tais conceitos, eu descobri que os meus alunos não estavam enganados,
não estavam exagerando, não estavam sendo injustos ao citar tantos professores como
exemplos de profissionais sem ética e sem moral. E isto porque não estavam todos os alunos
presentes no dia deste debate.
Todos nós sabemos que a "Declaração Universal dos Direitos Humanos", pela ONU (1948), é
uma demonstração de o quanto a ética é necessária e importante. Mas a ética não basta
como teoria, nem como princípios gerais acordados pelas nações, povos, religiões, classes ou
grupos.
É preciso que cada cidadão e cidadã incorporem esses princípios como uma atitude prática
diante da vida cotidiana, de modo a pautar por eles seu comportamento. Isso traz uma
conseqüência inevitável: freqüentemente o exercício pleno da cidadania (ética) entra em
colisão frontal com a moral vigente, que, aliás, está sujeita a constantes degenerações.
Eu tive que admitir para mim mesmo que os exemplos dados pelos alunos são pautados em
fatos que geram desigualdades crescentes, geram injustiças, rompem laços de solidariedade,
reduzem ou extinguem direitos, lançam populações inteiras a condições de vida cada vez
mais indignas, onde os primeiros atingidos somos nós mesmos.
Fica claro que não podemos falar de ética sem falar de convivências humanas. Eu não tenho
certeza de quantos somos que temos consciência de que o princípio fundamental que
constitui a ética é: o outro é um sujeito de direitos e sua vida deve ser digna tanto quanto a
minha deve ser.
As profissões (médicos, advogados, biólogos, engenheiros, professores, dentre outras)
seguem uma espécie de caráter normativo e até jurídico que regulamenta determinada
profissão a partir de estatutos e códigos específicos, os quais reconhecem os direitos e
deveres nas convivências humanas e profissionais. No entanto, mesmo com este rigor legal,
ainda sofremos com profissionais que insistem em colocar a sua conduta imoral acima da
ética profissional.
E na minha profissão ainda há colegas que não absorveram a ética como instrumento que
ilumina a consciência humana, sustenta e dirige as ações do homem, norteando a conduta
individual e social. E quando se trata de Educação, essa consciência deveria ser muito mais
apurada entre os professores, porque lidamos com vidas em formação, porque lidamos com
seres humanos dependentes de nós, do nosso trabalho, porque proporcionamos a construção
cidadã em cada aluno.
E a cidadania é um processo que começou nos primórdios da humanidade, não é algo
pronto, acabado. A cidadania se efetiva num processo de conhecimento e conquista dos
direitos humanos, independente de cor, raça, credo, opção sexual ou nacionalidade.
É preciso que nós, professores, tenhamos claro que Ética, enquanto filosofia e consciência
moral, é essencial à vida em todos os seus aspectos, seja pessoais, familiares, sociais ou
profissionais, para que a sua prática pedagógica não amplie as fileiras da hipocrisia que
vemos mais explicitamente nos partidos políticos.
Eu sou a favor de uma lei, a nível nacional, que regulamentasse um código de Ética e Moral
entre os profissionais da Educação, fossem eles Serventes, Merendeiros, Professores,
Gestores, Coordenadores, Supervisores e, principalmente, Adjuntos e Secretários de
Educação.
Não obstante os deveres de um profissional da Educação, os quais são obrigatórios, devem
ser levadas em conta às qualidades pessoais que também concorrem para o enriquecimento
de sua atuação profissional, algumas delas facilitando o exercício da profissão.
No
meio
dos
nossos
debates
em
sala
de
aula,
uma
aluna
me
questionou:
- Professor, porque “fulano” que fala errado, que é mal caráter, que não tem ética nem
moral pra exercer a função, consegue se manter no cargo, enquanto o senhor, que pra mim
é um excelente profissional, fica aqui sem ser reconhecido?
Eu poderia respondê-la de diversas formas, com centenas de exemplos bem próximos. Mas
preferi não polemizar, contrariando um instinto pessoal. Apenas disse que infelizmente,
vivemos num país onde o “QI” não significa “Quociente de Inteligência”. O mar de lama que
vive mergulhado o mundo democrático nos permite viver essas coisas.
E as conseqüências na Educação, principalmente, todos nós sabemos. Desrespeito aos
direitos de cada cidadão, de cada profissional! Despreparo da maioria dos profissionais que
se vendem! Fraude em todos os setores públicos!
O consultor dinamarquês Clauss MOLLER fez uma associação entre as virtudes lealdade,
responsabilidade e iniciativa como fundamentais para a formação de recursos humanos.
Segundo
Clauss
Moller
o
futuro
de
uma
carreira
depende
dessas
virtudes:
“O senso de responsabilidade é o elemento fundamental da empregabilidade. Sem
responsabilidade a pessoa não pode demonstrar lealdade, nem espírito de iniciativa [...].
Uma pessoa que se sinta responsável pelos resultados da equipe terá maior probabilidade de
agir de maneira mais favorável aos interesses da equipe e de seus clientes, dentro e fora da
organização [...]. A consciência de que se possui uma influência real constitui uma
experiência pessoal muito importante”.
Moller ainda afirma que:
“É algo que fortalece a auto-estima de cada pessoa. Só pessoas que tenham auto-estima e
um sentimento de poder próprio são capazes de assumir responsabilidade. Elas sentem um
sentido na vida, alcançando metas sobre as quais concordam previamente e pelas quais
assumiram responsabilidade real, de maneira consciente. As pessoas que optam por não
assumir responsabilidades podem ter dificuldades em encontrar significado em suas vidas.
Seu comportamento é regido pelas recompensas e sanções de outras pessoas - chefes e
pares [...]. Pessoas desse tipo jamais serão boas integrantes de equipes”.
Infelizmente percebo que entre as três virtudes defendidas por Clauss Moller, uma delas está
cada vez mais distante da realidade profissional dos Educadores. Sem medo de está
generalizando, eu percebo que a Lealdade no sentido coletivo está longe de ser uma
qualidade presente na vida dos professores.
Muitas acreditam que ser Leal é ser puxa saco do ilustre fulano. Lealdade não quer dizer
necessariamente fazer o que a pessoa ou organização à qual você quer ser fiel quer que você
faça. Lealdade não é sinônimo de obediência cega. Lealdade significa fazer críticas
construtivas, mas as manter dentro do âmbito da organização. Significa agir com a convicção
de que seu comportamento vai promover os legítimos interesses da organização. Assim, ser
leal às vezes pode significar a recusa em fazer algo que você acha que poderá prejudicar a
organização, a equipe de funcionários.
No Reino Unido, por exemplo, essa idéia é expressa pelo termo "Oposição Leal a Sua
Majestade". Em outras palavras, é perfeitamente possível ser leal a Sua Majestade - e,
mesmo assim, fazer parte da oposição. Do mesmo modo, é possível ser leal a uma
organização ou a uma equipe mesmo que você discorde dos métodos usados para se
alcançar determinados objetivos. Na verdade, seria desleal deixar de expressar o sentimento
de que algo está errado, se é isso que você sente.
Sendo um tanto ousado, gostaria de acrescentar mais algumas virtudes, qualidades que
consideramos importantes no exercício de minha profissão, especialmente. São muitas as
qualidades de um bom profissional de qualquer área. Mas, sem quaisquer comentários, cito
as seguintes: Honestidade – Sigilo – Competência – Prudência – Coragem – Perseverança –
Compreensão – Humildade – Imparcialidade e o Otimismo.
Muitos são os deveres que um profissional possui em relação aos seus colegas. Dentre todos,
um dos que mais se torna importante, para o fortalecimento de uma comunidade, encontrase aquele dever ético da ajuda. O ajudar envolve um complexo de atitudes. Exclui, apenas, a
conivência no vicio, no erro, na fraude.
Isto não significa, todavia, que se deva abandonar ou condenar definitivamente um colega
porque ele cometeu enganos. Todos podemos cometer erros e é natural que os cometamos
em situações de inexperiência, falta de orientação, educação insuficiente, más companhias,
circunstâncias adversas, fortes desilusões, depressões mentais, problemas de saúde, em
suma muitos fatores adversos podem conduzir ao rompimento com a virtude.
Ninguém deve auto julgar-se absolutamente perfeito e todos estamos sujeitos a enganos
maiores ou menores. A ajuda, portanto, inclui essa especial assistência nossa ao colega para
que possa reconduzir-se ao caminho do bem, para que possa retornar a virtude ou até
absorver exemplos que em verdade não tinha ainda sido despertado para eles.
Tem ser tornado normal que o ser humano possa ser vítima, e de fato o é, da inveja, da
calúnia, da perseguição pertinaz, da traição, em suma de vícios de terceiros que nos atingem
e que para combatê-los outros venham a ser praticados, como o de igualar-se ao malfeitor.
Partindo do principio que o semelhante com o semelhante se cura (como é o caso de injetarse no corpo o veneno de ofídios, ou seja, as vacinas, quando a pessoa é por eles atingida)
muitos outros erros se acumulam quando se revida com a prática do mau.
O referido princípio que tão bem se aplica ao corpo deixa de aplicar-se aos domínios da ética,
no caso enfocado, pois, ninguém se ajuda sem ajudar o seu semelhante. E me parece que eu
tenho, de modo pessoal, viver ao lado de tantas pessoas que tendem a de defender, em
primeiro lugar, seus interesses próprios, que infelizmente são interesses de natureza pouco
recomendável.
Tais pessoas possuem um valor ético do esforço humano é variável em função de seu
alcance em face da comunidade. Se o trabalho executado é só para auferir renda ou status,
em geral, tem seu valor restrito.
Por outro lado, eu ainda acredito que temos muitos profissionais que realizam seus serviços
com amor, visando o benefício da coletividade, da classe e até de terceiros, dentro de um
vasto raio de ação, com consciência do bem comum, passa a existir a expressão social do
mesmo.
Tais professores sabem que a ética baseia-se em uma filosofia de valores compatíveis com a
natureza e o fim de todo ser humano, por isso, "o agir" da pessoa humana está condicionado
a duas premissas consideradas básicas pela Ética: "o que é" o homem e "para que vive" o
homem.
Quando descobrimos o que nós realmente somos, porque e para que vivemos neste mundo
da Educação, logo perceberemos que estamos em conexão com todos os princípios morais e
éticos essenciais para a prática social, educativa e política, além de vislumbramos uma
filosofia transcendente que nos leva a entender para onde nós vamos quando escolhemos a
Ética e a Moral como regentes de nossas vidas.
Sejamos éticos em tudo o que fizermos.
Sejamos Moralmente reconhecidos por tudo que acreditamos.
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