Tema 02 Ética profissional e compromisso social

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Tema II. Ética profissional e compromisso social
 Ética Profissional e Relações Sociais
 Ética Profissional e Atividade Voluntária
 Virtudes Profissionais
Introdução
A reflexão que aqui pretendemos propor como conjugação da tríade “ética, política e
sociedade” parte de uma verificação simples: vivemos em sociedades que têm na sua base
a representação, explícita ou implícita, de uma superioridade moral incontestável das suas
instituições políticas sobre todas as outras, passadas e contemporâneas; mas vivemos
também em sociedades cujos membros cada vez mais se afastam destas mesmas
instituições, se demitem de nelas participarem, encontrando nelas uma corrupção moral
com que não estão dispostos a pactuar nem transigir.
Ética Profissional É Compromisso Social
Conceituação: O que é Ética Profissional?
É extremamente importante saber diferenciar a Ética da Moral e do Direito. Estas três
áreas de conhecimento se distinguem, porém têm grandes vínculos e até mesmo
sobreposições.
Tanto a Moral como o Direito baseiam-se em regras que visam estabelecer uma certa
previsibilidade para as ações humanas. Ambas, porém, se diferenciam.
A Moral estabelece regras que são assumidas pela pessoa, como uma forma de garantir o
seu bem-viver. A Moral independe das fronteiras geográficas e garante uma identidade
entre pessoas que sequer se conhecem, mas utilizam este mesmo referencial moral
comum.
O Direito busca estabelecer o regramento de uma sociedade delimitada pelas fronteiras
do Estado. As leis têm uma base territorial, elas valem apenas para aquela área geográfica
onde uma determinada população ou seus delegados vivem. Alguns autores afirmam que
o Direito é um subconjunto da Moral. Esta perspetiva pode gerar a conclusão de que toda
a lei é moralmente aceitável. Inúmeras situações demonstram a existência de conflitos
entre a Moral e o Direito. A desobediência civil ocorre quando argumentos morais
impedem que uma pessoa acate uma determinada lei. Este é um exemplo de que a Moral
e o Direito, apesar de referirem-se a uma mesma sociedade, podem ter perspetivas
discordantes.
A Ética é o estudo geral do que é bom ou mau, correto ou incorreto, justo ou injusto,
adequado ou inadequado. Um dos objetivos da Ética é a busca de justificativas para as
regras propostas pela Moral e pelo Direito. Ela é diferente de ambos - Moral e Direito pois não estabelece regras. Esta reflexão sobre a ação humana é que caracteriza a Ética.
Ética Profissional E Relações Sociais
O varredor de rua que se preocupa em limpar o canal de escoamento de água da chuva, o
auxiliar de almoxarifado que verifica se não há umidade no local destinado para colocar
caixas de alimentos, o médico-cirurgião que confere as suturas nos tecidos internos antes
de completar a cirurgia, a atendedora do asilo que se preocupa com a limpeza de uma
senhora idosa após ir ao banheiro, o contador que impede uma fraude ou desfalque, ou
que não maquia o balanço de uma empresa, o engenheiro que utiliza o material mais
indicado para a construção de uma ponte, todos estão agindo de forma eticamente correta
em suas profissões, ao fazerem o que não é visto, ao fazerem aquilo que, alguém
descobrindo, não saberá quem fez, mas que estão preocupados, mais do que com os
deveres profissionais, com as PESSOAS.
As leis de cada profissão são elaboradas com o objetivo de proteger os profissionais, a
categoria como um todo e as pessoas que dependem daquele profissional, mas há muitos
aspetos não previstos especificamente e que fazem parte do comprometimento do
profissional em ser eticamente correto, aquele que, independente de receber elogios, faz
A COISA CERTA.
Ética Do Cuidado
Aqui está, uma base radicada sobre algo fundamental: o afeto profundo que se revela na
dimensão humana do cuidado. O cuidado é uma atitude amorosa para com a vida, protege
a vida, quer expandir a vida. E toda vida precisa de cuidado. Se não cuidarmos da vida de
uma criança que nasce, ela acaba morrendo. Por que o cuidado? Porque, o cuidado é o
orientador antecipado de todos os atos. Vem antes do pensamento, antes da criatividade,
antes da liberdade. Tudo o que o ser humano faz tem de fazer com cuidado, senão pode
ser desastroso, destrutivo.
Ética da solidariedade
Junto com a ética do cuidado impõe-se uma ética da solidariedade. Solidariedade não é
apenas uma virtude que podemos ter ou não ter. A solidariedade e a cooperação é que
permitiram a sociabilidade, o surgimento da linguagem, e definem o ser humano como
sócio, como companheiro — filologicamente, aquele que comparte o pão.
Somos, portanto, seres de solidariedade. O que importa é transformar esse dado objetivo
da cooperação universal num projeto pessoal, num projeto político. Uma sociedade, uma
comunidade ou uma empresa só funcionarão se criarem laços de cooperação, de inclusão.
Só assim cada um se afinará com a lógica do Universo e se tornará benevolente e não
destrutivo.
Ética da responsabilidade
Responsabilidade é dar-se conta das consequências que advêm de nossos atos. Hoje
lidamos com a biotecnologia, com os mistérios supremos da natureza, modificamos a
base físico-química da natureza e não sabemos quais serão as consequências.
Impõe-se uma ética da responsabilidade, da justa medida, da cautela e da prevenção. Essa
ética diz o seguinte: “Aja de tal maneira que sua ação não seja destrutiva.
Aja de tal maneira que sua ação seja benevolente. Ajude a vida a se conservar, a se
expandir, a irradiar”. Em sua Ética da Terra, o grande ecólogo americano Aldo Leopold
estabelece que certo é tudo aquilo que defende e protege a vida, e errado, tudo o que a
ameaça, abrevia e mata.
Nós sabemos o que é bom e o que é mau para a vida. A ética da responsabilidade, centrada
na vida, é um imperativo.
Responsabilidade, cuidado e solidariedade poderão estabelecer um patamar mínimo para
que alcancemos um padrão de comportamento que seja humanitário. Como tratar
humanamente os seres humanos, como tratar bem a vida que vai além da nossa vida
pessoal? Essa é a questão de fundo.
Na resposta, temos de superar a visão antropocêntrica, a visão radicada somente no ser
humano. Temos de nos tornar ecocêntricos, vale dizer, centrados naquilo que está
presente na palavra “ecologia”: “a casa” (oikos), que pode ser a casa em que moramos, a
cidade na qual residimos, o Estado a que pertencemos e o país que é nossa pátria. Hoje, a
Terra é o grande desafio, a Terra como Gaia, como ser vivo. E nós, como seres humanos,
somos a própria Terra. Não sem razão, a palavra “homem” vem de humus, terra fértil; e
“Adão” (adam), o Adão bíblico, significa “filho da Terra”, e vem de adamah, “terra
fecunda”, “terra fértil”.
Ética Profissional E Atividade Voluntária
Outro conceito interessante de examinar é o de Profissional, como aquele que é
regularmente remunerado pelo trabalho que executa ou atividade que exerce, em oposição
a Amador. Nesta conceituação, se diria que aquele que exerce atividade voluntária não
seria profissional, e esta é uma conceituação polêmica.
Em realidade, Voluntário é aquele que se dispõe, por opção, a exercer a prática
Profissional não-remunerada, seja com fins assistenciais, ou prestação de serviços em
beneficência, por um período determinado ou não.
Aqui, é fundamental observar que só é eticamente adequado, o profissional que age, na
atividade voluntária, com todo o comprometimento que teria no mesmo exercício
profissional se este fosse remunerado.
Seja esta atividade voluntária na mesma profissão da atividade remunerada ou em outra
área. Por exemplo: Um engenheiro que faz a atividade voluntária de dar aulas de
matemática. Ele deve agir, ao dar estas aulas, como se esta fosse sua atividade mais
importante. É isto que aquelas crianças cheias de dúvidas em matemática esperam dele!
Se a atividade é voluntária, foi sua opção realizá-la. Então, é eticamente adequado que
você a realize da mesma forma como faz tudo que é importante em sua vida.
Virtude Como Substância Ética
Com relatividade, entende-se, deve se analisar a expressão isolada, de Aristóteles: “Aos
hábitos dignos de louvor camamos de Virtudes”. Nessa expressão, quis o genial pensador
ressaltar o efeito (Louvor) e não a virtude, em si, ou seja, de fato o que ela representa.
Sabe-se inclusive que os virtuosos não são dignos nos lugares onde o vício prevalece, o
que não invalida o teor da virtude.
A virtude não é apenas o que se pode louvar, pois, isto, dependeria de parâmetros
variáveis e incertos; por exemplo: para um grupo de assassinos pode ser louvável um
atirador impiedoso e veloz, mas para os homens de conduta humana correta, tal
comportamento seria reprovável.
Conceito Genérico E Essencial Da Virtude Ética
A virtude ética é uma capacidade atada as origens transcendentais, em sua expressão
conceptual genérica; ligada as propriedades de espirito, é essencial e se manifesta
envolvida pelo amor, pela sabedoria, pela ação competente em exercer o respeito ao ser
e a pratica do bem, pela reflexão que mantem a energia humana em convívio com outras
esferas mais abrangentes.
Na conduta ética, a virtude e condição basilar, ou seja, não se pode conceber o ético sem
o virtuoso como princípio, nem deixar de apreciar tal capacidade em relação a terceiros.
Efeitos E Responsabilidade Na Prática Da Virtude
Escreveu Vauvenargues que “A utilidade da virtude é tão manifesta que os maus a
praticam por interesse”.
Sem dúvida que a conduta virtuosa tende a consagrar os profissionais, especialmente,
pois, a confiança de utentes, em seus trabalhos, diretamente se liga a tais condições. Isso
trás inequívocos benefícios de ordem material e social. Esta razão pela qual, nem mesmo
sem pendores para tal, alguns praticam a ação virtuosa para que não caiam no descredito,
ou ainda, buscam vantagens em ser virtuosos, não porque lhes dite a consciência, mas
porque lhes obriga a conveniência.
Dever Perante A Ética
A consciência ética impõem o sentimento de cumprimento da mesma. A isto, se pode
denominar “ Dever Ético”, ou dever moral, como também o denominam outros
estudiosos. Cumprir o que se faz útil e necessária a sobrevivência harmónica, própria e
do grupo, dos semelhantes, da sociedade, é um deve ou obrigação perante as regras de
convivência. Quer aceitando-se que isso seja uma disposição de vontade (como Kant
admitiu), quer como os sociólogos admitem, quer sob um ângulo idealista, quer
materialista, quer compulsório, o dever situa-se como uma disposição especial a exigir
seu cumprimento como condição de respeito, conveniência e êxito da conduta humana
perante terceiros.
Génese E Natureza Íntima Do Dever
Há uma logica natural do dever que, partindo do nosso espirito, do nosso cérebro, nos
estimula a cumprir os modelos mentais e educacionais, estes que recebemos e aqueles os
que adquirimos por conveniência.
Parece inquestionável que exista, reconditamente, uma cobrança em nós mesmos que nos
impele ao correto; a questão, observada sob este ângulo muito se aproxima do que Kant
denominou “Boa Vontade”, como indução ao sentimento de dever, como atuação de uma
sensibilidade ética.
Se uma pessoa mantem sigilo sobre o que outra a ela revelou, segue tal conduta quase por
um instinto natural de vontade, mas, se não o faz, recebe intimamente repreensões de sua
consciência, sentindo certo peso que não pode explicar, mas que pode perceber (a menos
que seja malformado, e, nesse caso, situado entre as exceções), além da condenação de
quem foi prejudicado e de terceiros que possam observar nesse ato uma desqualificação
para quem o pratica.
Virtudes Profissionais
A virtude, no seu mais alto grau, seria um conjunto de todas as qualidades essenciais que
constituem um homem de bem. Segundo Aristóteles, é uma disposição de fazer o bem, e
ela se aperfeiçoa com o hábito. As virtudes intelectuais são aquelas relacionadas com a
inteligência e consiste na capacidade de aprender com o diálogo e a reflexão em busca do
verdadeiro conhecimento. Por sua vez a virtude moral é a Acão ou comportamento moral
e um hábito considerado bom de acordo com a ética (Castagnoli e Padovani, 1993).
A virtude é concebido como um ato racional, se a virtude é, fundamentalmente, uma
atividade segundo a razão, mais precisamente ela é um hábito segundo a razão.
As características fundamentais da razão são, segundo Ney P. Peres, 1996:
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Disposição firme e constante para o bem;
Prática da resistência voluntaria ao arrastamento do mal;
Sacrifício voluntário do interesse pessoal, renunciando pelo bem do próximo;
Prática de caridade desinteressada, empregada com discernimento para o proveito
real dos que dela necessitam;
Dedicação com sentimento de amor profundo e desprendimento;
Fazer o bem por impulso espontâneo, natural, e por habito, sem esforço ou
dificuldade.
Tipos de Virtudes
Segundo estudos desenvolvidos, existem vários tipos de pesquisas, entre eles se
destacando:
i.
Humildade
Virtude que nos da o sentimento da nossa fraqueza. Ser Humilde e ser despretensioso,
resignado, moderado, sóbrio, flexível, etc.
ii.
Resignação
A certeza de que somos aparados espiritualmente e que nada acontece por acaso. Aquele
que e resignado, jamais se revolta, pelo contrario, canaliza todas as suas forcas para
enfrentar da melhor maneira possível as vicissitudes da vida, motivo pelo qual transforma
a dor em oportunidades evolutivas.
iii.
Piedade
A sensibilidade perante o sofrimento alheio nos irmana ao próximo, podendo se refletir
com maior ou menor intensidade nos nossos sentimentos e emoções.
Muitos profissionais, em seus respetivos campos de atuação, realizam tarefas, mas não
olham ao redor vendo pessoas, não olham para desafios, não se provocam para superar o
individualismo, simplesmente o fazem. Ao transformar o local de trabalho em local de
execução de tarefas, na maioria das vezes, acabam promovendo e alimentado problemas,
tais como:
a) Desrespeito
b) Despreparo
c) Fraude, etc.
Na atual conjuntura, para uma permanência digna e duradoura em uma empresa, e não
obstante os deveres de um profissional, os quais são obrigatórios, devem ser levadas em
conta as qualidades pessoais que também concorrem para o enriquecimento da sua
atuação profissional, algumas delas facilitando o exercício da profissão. Muitas destas
qualidades poderão ser adquiridas com esforço e boa vontade, aumentando neste caso o
mérito do profissional que, no decorrer de sua atividade profissional, consegue incorporalas a sua personalidade, procurando vivenciá-las ao lado do dever profissional. Algumas
das virtudes profissionais citadas pelo consultor Dinamarquês CLAUSS MOLLER são:
a lealdade, a responsabilidade e a iniciativa, e segundo o mesmo o futuro de uma carreira
profissional depende dessas virtudes.
i.
Responsabilidade: O senso de responsabilidade e o elemento fundamental da
empregabilidade, sem a qual a pessoa não pode demonstrar lealdade, nem
espirito de iniciativa. Uma pessoa que se sente responsável pelos resultados
da equipa terá maior probabilidade de agir de maneira mais favorável aos
interesses da equipa e de seus clientes, dentro e fora da organização, a
consciência de que possui uma influência real constitui uma experiencia
pessoal muito importante.
ii.
Lealdade: A lealdade e o segundo dos três principais elementos que compõem
a empregabilidade. Um funcionário leal se alegra quando a organização ou o
seu departamento e bem-sucedido, defende a organização, tomando medidas
concretas quando ela e ameaçada, tem orgulho de fazer parte da organização,
fala positivamente e a defende contra as críticas. Lealdade não quer dizer
necessariamente fazer o que a pessoa ou organização a qual você quer ser fiel
quer que você faca, ou seja, lealdade não e sinonimo de obediência cega.
Lealdade significa fazer críticas construtivas, mas as manter dentro do âmbito
da organização. Significa agir com a convicção de que o seu comportamento
vai promover os legítimos interesses da organização.
iii.
Iniciativa: Tomar a iniciativa de fazer algo no interesse da organização
significa ao mesmo tempo, demonstrar lealdade pela organização. Em um
contexto de empregabilidade, tomar iniciativas não quer dizer apenas iniciar
um projeto no interesse da equipa ou organização, mas também assumir
responsabilidades sobre o mesmo por sua complementação e implementação.
Existem outras qualidades importantes a serem consideradas no exercício de uma
profissão, dentre elas podem ser mencionadas algumas a seguir: Honestidade, Sigilo,
Competência, Prudência, Coragem, Compreensão, Humildade, Imparcialidade, entre
outras.
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