UNIVERSIDADE CRUZEIRO DO SUL PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO DOUTORADO EM ODONTOLOGIA AVALIAÇÃO DA CÁRIE DENTÁRIA, ESTADO NUTRICIONAL E HÁBITOS ALIMENTARES EM CRIANÇAS DE 5 ANOS DE IDADE DO MUNICÍPIO DE PATOS/PB LUCIANA ELLEN DANTAS COSTA Orientadora: Profa. Dra. Eliete Rodrigues de Almeida Tese apresentada ao Doutorado em Odontologia, da Universidade Cruzeiro do Sul, como parte dos requisitos para a obtenção do título de Doutora em Odontologia. SÃO PAULO 2014 AUTORIZO A REPRODUÇÃO E DIVULGAÇÃO TOTAL OU PARCIAL DESTE TRABALHO, POR QUALQUER MEIO CONVENCIONAL OU ELETRÔNICO, PARA FINS DE ESTUDO E PESQUISA, DESDE QUE CITADA A FONTE. FICHA CATALOGRÁFICA ELABORADA PELA BIBLIOTECA CENTRAL DA UNIVERSIDADE CRUZEIRO DO SUL C873a Costa, Luciana Ellen Dantas. Avaliação da cárie dentária, estado nutricional e hábitos alimentares em crianças de 5 anos de idade do município de Patos/PB / Luciana Ellen Dantas Costa. -- São Paulo; SP: [s.n], 2014. 110 p. : il. ; 30 cm. Orientadora: Eliete Rodrigues de Almeida. Tese (doutorado) - Programa de Pós-Graduação em Odontologia, Universidade Cruzeiro do Sul. 1. Cárie dentária - Pré-escolar 2. Hábito alimentar - Criança 3. Saúde bucal - Criança 4. Saúde pública – Patos (PB). I. Almeida, Eliete Rodrigues de. II. Universidade Cruzeiro do Sul. Programa de Pós-Graduação em Odontologia. III. Título. CDU: 616.314-002-053.4(043.2) UNIVERSIDADE CRUZEIRO DO SUL PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO Avaliação da cárie dentária, estado nutricional e hábitos alimentares em crianças de 5 anos de idade no Município de Patos/PB. Luciana Ellen Dantas Costa Tese de doutorado defendida e aprovada pela Banca Examinadora em 25/10/2014. BANCA EXAMINADORA: Profa. Dra. Eliete Rodrigues de Almeida Universidade Cruzeiro do Sul Presidente Profa. Dra. Adriana Furtado de Macedo Universidade Cruzeiro do Sul Profa. Dra. Giselle Rodrigues de Sant’Anna Universidade Cruzeiro do Sul Profa. Dra. Mariane Emi Sanabe Universidade Camilo Castelo Branco Prof. Dr. José Eduardo Pelizon Pelino Faculdades Metropolitanas Unidas DEDICATÓRIA À DEUS e NOSSA SENHORA, pelas infinitas graças concedidas, pelo conforto, amparo e proteção, sempre presentes em minha vida, À minha amada filha Lara, quanto amor e felicidade você trouxe para minha vida... Foi para você e por você que fiz e faria tudo novamente....Você é a minha vida, te amo minha filha, Aos meus queridos pais, Agenor e Edna, pela oportunidade da vida, dos estudos – maior presente, meus grandes mestres na vida, pelo amor, carinho, e atenção em todas as horas da minha vida, Às minhas queridas irmãs, Liliane e Larissa, que estavam prontas para me ajudar em todos os momentos desta trajetória, Aos meus amados sobrinhos Ana Beatriz, Abraão Filho e Alice, faltam palavras...., meus filhos..... nos momentos mais difíceis foram o meu refúgio, com o sorriso e alegria no rosto me fortaleceram, ajudando-me na realização deste sonho, Ao meu amado esposo, Waguinho, pela compreensão e aceitação das minhas ausências, sempre ao meu lado, me fortalecendo, obrigada pelo incentivo e amor... Com carinho e a compreensão de vocês cumpro mais esta etapa em minha vida.... Amo Vocês !!! AGRADECIMENTO AOS PROFESSORES A Profa. Dra. Eliete Rodrigues de Almeida, pela orientação, acompanhamento e auxílio durante a realização desta pesquisa e pela confiança em mim depositada; Aos Professores Dra. Giselle Rodrigues e Dr. Eduardo Pelino, pela valiosa colaboração com sugestões que enriqueceram meu trabalho; Aos professores do programa de Pós-Graduação em Odontologia, em especial aos Professores Dr. Danilo Duarte e Dra. Michele, pelos ensinamentos e pela confiança depositada, sempre buscando a ascensão do programa, trabalhando em prol deste; Aos estatísticos, Edmilsom Mazza e Rômulo auxílio na elaboração da fase estatística deste trabalho, sempre atencioso e solícito; À todos os professores e funcionários que direta ou indiretamente me ajudaram na realização deste trabalho, alguns que, mesmo por e-mail, foram extremamente prestativos e solícitos sempre que precisei; Aos mestres, o meu mais sincero e fraterno muito obrigado... AGRADECIMENTOS ESPECIAIS “Costumo dizer por onde passo que Deus com sua bondade infinita, colocou pessoas maravilhosas em minha vida, talvez para tornar meu caminho mais suave, feliz ou para que com elas, eu pudesse dar mais valor a tudo que conquistei, agradeço à ELE por tudo, e acima de tudo, pela presença constante em minha vida, por me conduzir até aqui, pela sabedoria, e dedicação que desprendi na minha trajetória, por jamais me deixar desistir e pela confiança em saber que tudo posso, agradeço à Deus, Nossa Mãe Maria e a Jesus, pela dádiva da vida.” À Universidade Cruzeiro do Sul – Unicsul e Coesp – Centro de Especialidades Odontológicas, pela oportunidade concedida para a realização do curso de doutorado. À UFCG – Universidade Federal de Campina Grande, em especial aos alunos pela compreensão e ajuda em todos os momentos desta jornada, As minhas queridas colegas do doutorado, em especial a Faldryene de Sousa Queiroz, minha grande amiga.... pelo companheirismo, dias e dias de coleta de dados, enfrentando sol e chuva, obrigada pela ajuda e apoio em todos os momentos, pelas palavras de estímulo e compreensão. À todos os pais e crianças que participaram deste estudo, meu muito obrigada, sem vocês este estudo não seria possível, À secretaria de educação de Patos-PB, aos diretores, professores, monitores e merendeiras das creches públicas e privadas que permitiram a realização deste estudo, sempre prestativos e solícitos, Aos secretários da Pós-Graduação e todos os funcionários pela atenção, respeito e consideração. A toda minha família, pelo apoio, dedicação, confiança em mim depositada... À Edila e Larissa por estarem presentes neste momento, meu muito obrigada, À todos que direta ou indiretamente me ajudaram na realização deste trabalho. “Posso, tudo posso, naquele que me fortalece, nada e ninguém no mundo vai me fazer desistir... vou cantando minha história profetizando, Que eu posso, tudo posso.... ....EM JESUS”. (Pe. Fábio de Melo) Costa LED. Avaliação da cárie dentária, estado nutricional e hábitos alimentares em crianças de 5 anos de idade do município de Patos/PB [tese]. São Paulo: Universidade Cruzeiro do Sul; 2014. RESUMO O presente trabalho tem como objetivo investigar a associação entre a presença de cárie dentária, fatores demográficos, estado nutricional e hábitos alimentares em crianças de 5 anos no município de Patos/PB. O estudo do tipo transversal analítico foi realizado com 216 crianças, de ambos os sexos, regularmente matriculadas em creches públicas e privadas. Para a coleta dos dados foi adotado o índice ceo-d para diagnóstico da cárie dentária e obtidas medições antropométricas de peso e estatura, para avaliação do estado nutricional. Aos pais/responsáveis foram aplicados questionários sobre fatores demográficos, hábitos alimentares e cuidados com a saúde bucal dos pré-escolares. Para avaliação da frequência total de consumo de açúcar pelas crianças, um diário alimentar institucionalizado complementado com um diário individual de três dias foi utilizado. A coleta de dados foi realizada por um único examinador e um anotador previamente calibrados (Teste Kappa inter e intra-examinadores 0,81-0,91, 0,83-0,90, respectivamente). Os dados foram processados por meio dos softwares SPSS (v.21.0) e STATA, e a análise estatística envolveu procedimentos descritivos, análises univariadas (ou razão de prevalência bruta) e multivariadas no modelo de Regressão de Poisson. A prevalência de cárie na amostra foi de 67,6% e o índice ceo-d médio foi de 3,74 (dp = 4,031), cujo componente “cariado” correspondeu a 93,9%. Houve associação significativa entre a cárie e a renda mensal familiar (p= 0,045), o tipo de instituição de ensino (p=0,001). Crianças de baixo peso apresentaram significativamente maior prevalência de cárie (p=0,003) quando comparada às eutroficas. Após inserção no modelo multivariado, a prevalência de cárie foi maior em crianças que estudam em creche pública (p=0,01), que apresentaram consumo de açúcar superior a 3 vezes ao dia (p=0,045) e alta ingestão diária de açúcar na dieta (p<0,001). O impacto das condições demográficas e da dieta na condição de saúde bucal das crianças em idade pré-escolar podem nortear novas práticas em saúde bucal. Palavras-chave: Cárie dentária, Estado nutricional, Hábitos alimentares. Costa LED. Assessment of dental caries, nutritional status and food habits in children 5 years of age in the municipality of Patos / PB [tese]. São Paulo: Universidade Cruzeiro do Sul; 2014. ABSTRACT This study aims to investigate the association between dental caries, demographic factors, dietary habits and nutritional status in children 5 years in the city of Patos / PB. The cross-sectional study was conducted with 216 children of both sexes, regularly enrolled in public and private kindergartens. To collect the data of the children was adopted DMFT for diagnosis of dental caries and obtained anthropometric measurements of weight and height for assessment of nutritional status. Parents / guardians questionnaires about demographic factors, dietary habits and oral health care of preschoolers were applied. To assess the overall frequency of sugar consumption by children, institutionalized food diary complemented with an individual diary three days was used. Data collection was performed by a single examiner and recorder calibrated (Kappa test inter-and intra-examiner 0.81-0.91, 0.83-0.90, respectively). The study was approved by the Ethics Committee in Research of Unicsul (protocol n ° 027/2014). The data were processed by means of SPSS software (v.21.0) and STATA, and statistical analysis involved descriptive procedures, univariate analyzes (or ratio of gross prevalence) and in the multivariate Poisson regression model. Caries prevalence in the sample was 67.6% and the mean DMFT was 3.74 (SD 4.031), whose component "decayed" accounted for 93.9% of the index value. After inclusion in the multivariate model, caries prevalence was higher in children who attend day-care (p = 0.01), have higher consumption of added sugar to three times per day (p = 0.045) and have high daily intake sugar in the diet (p <0.001). The impact of demographic conditions and diet on oral health status of children of preschool age can guide new practices in order to reduce oral health inequalities in the distribution of dental caries in the population. Keywords: Dental caries, Nutritional status, Food habits. LISTA DE ILUSTRAÇÕES Figura 1 Posicionamento para aferição do peso da criança. ............................ 50 Figura 2 Posicionamento para aferição da estatura da criança. ....................... 51 Figura 3 Tela inicial do software AnthroPlus, v. 1.0.4. Fonte: Who, 2007. ....... 52 Figura 4 Calculadora antropométrica para preenchimento dos dados e obtenção dos resultados em percentis e z-escores, segundo os indicadores peso para idade, estatura para idade e IMC para idade . 46 Figura 5 Distribuição do número de dentes cariados, com extração indicada e obturados por creches públicas e privadas. Patos, 2014. .................. 59 Quadro 1 Relação de instituições por número de alunos sorteados para o estudo. Patos, 2014. ............................................................................... 43 Quadro 2 Avaliação do estado nutricional de crianças segundo os indicadores peso para idade, estatura para idade e IMC por idade. Fonte: Who, 2007. ........................................................................................................ 53 Quadro 3 Relação das variáveis independentes com categorização. ................ 55 LISTA DE TABELAS Tabela 1 Caracterização amostral, Patos-PB, 2014 ............................................ 60 Tabela 2 Distribuição dos dados referentes aos hábitos alimentares e de higiene bucal por instituição de ensino, Patos-PB, 2014 ................... 62 Tabela 3 Prevalência de cárie em função de fatores demográficos e estado nutricional, Patos, 2014 ......................................................................... 64 Tabela 4 Prevalência de cárie em função dos hábitos alimentares, Patos, 2014 . ................................................................................................................. 66 Tabela 5 Prevalência de cárie em função dos hábitos de higiene bucal. Patos, 2014 ......................................................................................................... 67 Tabela 6 Modelo multivariado das razões de prevalência de cárie, Patos, 2014 . ................................................................................................................. 69 SUMÁRIO 1 INTRODUÇÃO ............................................................................................. 15 2 REVISÃO DE LITERATURA........................................................................ 17 2.1 Perfil Epidemiológico Da Cárie Dentária No Brasil.................................. 17 2.2 Fatores Associados à Doença Cárie ......................................................... 20 2.2.1 Fatores Demográficos ................................................................................ 20 2.2.2 Hábitos alimentares.................................................................................... 25 2.2.3 Estado Nutricional ...................................................................................... 29 2.2.3.1 Desnutrição ................................................................................................. 30 2.2.3.2 Obesidade ................................................................................................... 33 2.2.4 Higiene bucal .............................................................................................. 37 3 OBJETIVOS ................................................................................................. 40 3.1 Objetivo Geral ............................................................................................. 40 3.2 Objetivos Específicos ................................................................................ 40 4 SUJEITOS, MATERIAL E MÉTODOS ......................................................... 41 4.1 Aspectos Éticos .......................................................................................... 41 4.2 Tipo de Estudo ............................................................................................ 41 4.3 População e Amostra ................................................................................. 41 4.3.1 Critérios de inclusão .................................................................................. 44 4.3.2 Critérios de exclusão ................................................................................. 44 4.4 Delineamento do Estudo ............................................................................ 44 4.4.1 Fluxograma ................................................................................................. 44 4.4.2 Processo de calibração.............................................................................. 45 4.4.3 Aplicação do questionário e diários alimentares .................................... 47 4.4.4 Exame clínico e avaliação da cárie dentária ............................................ 48 4.4.5 Medidas antropométricas e avaliação do estado nutricional ................. 49 4.4.5.1 Peso ............................................................................................................. 49 4.4.5.2 Estatura ....................................................................................................... 50 4.4.5.3 Padrão de referência .................................................................................. 51 4.4.5 Avaliação dos hábitos alimentares ........................................................... 53 4.5 Estudo-Piloto .............................................................................................. 54 4.6 Encaminhamentos dos Pré-Escolares...................................................... 55 4.7 Elenco de Variáveis .................................................................................... 55 4.8 Análise e Interpretação dos Dados ........................................................... 56 5 RESULTADOS ............................................................................................. 58 5.1 Caracterização da Amostra ....................................................................... 58 5.3 Análise Bivariada ........................................................................................ 63 5.4 Análise Multivariada ................................................................................... 68 6 DISCUSSÃO ................................................................................................ 70 6.1 Perfil Epidemiológico da Cárie Dentária ................................................... 70 6.2 Fatores Associados à Doença Cárie ......................................................... 72 6.2.1 Fatores Demográficos ................................................................................ 72 6.2.2 Hábitos alimentares.................................................................................... 75 6.2.3 Estado nutricional ...................................................................................... 78 6.2.4 Higiene bucal .............................................................................................. 81 7 CONCLUSÕES ............................................................................................ 84 REFERÊNCIAS ......................................................................................................... 85 APÊNDICE ................................................................................................................ 94 APENDICE A ............................................................................................................ 94 APENDICE B ............................................................................................................ 98 APENDICE C .......................................................................................................... 100 APENDICE D .......................................................................................................... 101 ANEXOS ................................................................................................................. 103 ANEXO A ................................................................................................................ 103 ANEXO B ................................................................................................................ 104 ANEXO C ................................................................................................................ 105 ANEXO D ................................................................................................................ 106 ANEXO E ................................................................................................................ 107 15 1 INTRODUÇÃO A cárie dentária é considerada uma doença infecciosa, de etiologia multifatorial, biofilme-dependente, resultante de um desequilíbrio entre os processos des-remineralização (SEOW et al., 2009; THYLSTRUP; FEJERSKOV, 2001). Na etiologia da cárie podem estar inter-relacionados fatores demográficos e socioeconômicos, fatores dietéticos, comportamentais e psicológicos (KIDD; FEJERSKOV, 2011). Estudos tem revelado expressiva redução dos índices de cárie dentária na população brasileira. No entanto a doença ainda é considerada um problema de saúde pública, por apresentar alta prevalência na população infantil, como apresentado no levantamento epidemiológico nacional. Aos 5 anos de idade uma criança brasileira possui em média 2,43 dentes com experiência de cárie, com predomínio de mais de 80% do componente cariado (BRASIL, 2010). Desigualdades em saúde bucal têm emergido como um importante problema de saúde pública. Estudos tem mostrado que as condições socioeconômicas da população influenciam diretamente na prevalência de cárie (CDC, 2013). Grupos sociais com baixa renda e escolaridade apresentaram elevados índices de cárie, enquanto que nos países desenvolvidos, tem-se observado diminuição nos valores de prevalência e severidade da doença, devido principalmente ao aumento da exposição ao flúor, a modificações no padrão alimentar, maior acesso ao serviço odontológico e educação em saúde (LEVIN; CURRIE, 2010). Outro fator que tem sido considerado relevante nos estudos epidemiológicos da cárie dentária é o estado nutricional do indivíduo (MACEK; MITOLA, 2006, PINTO et al., 2007; WILLERHAUSEN et al., 2009). A possível associação do estado nutricional com a cárie dentária tem sido investigada, devido a esta doença afetar o crescimento da criança, especificamente o peso e a altura de maneira adversa (THOMAS; PRIMOSCH, 2002). No entanto, não há um consenso na literatura sobre essa associação, sobretudo em crianças, mais estudos são necessários na tentativa de melhor elucidar essa relação (ALKAMIRI et al., 2014; FOSCHINI; CAMPOS, 2012). 16 Os fatores dietéticos variam consideravelmente entre diferentes culturas, religiões e grupos étnicos. Pode-se considerar uma evidência científica a associação positiva entre frequência do consumo de açúcar, especialmente a sacarose, e aumento do ataque de cárie (FREIRE et al., 2012; SHEIHAN; 2001; MEURMAN; PIENIHAKKINEN, 2010). Esse aspecto pode se tornar ainda mais preocupante se uma população exposta a uma dieta com alta concentração de sacarose, por exemplo, for prejudicada pela ausência de acesso ao fluoreto (FREIRE et al., 2012). Há certa concordância em que o estado nutricional, alta frequência e consumo de açúcar e a condição de saúde bucal estão inter-relacionadas (SHEIHAM et al., 2001). Não se pode excluir a possibilidade de um estado nutricional inadequado causar um deficiência de fatores protetores contra a cárie dentária e, assim sendo, a ação de carboidratos da dieta poderia ter um papel mais deletério (BATISTA; MOREIRA; CORSO, 2007). A relação entre alimentação, estado nutricional e a condição de saúde bucal não esta bem estabelecida, necessitando de um melhor acompanhamento e análise (VALENTE; HECKTHEUER; BRASIL, 2010; CAMPOS et al., 2011). Conhecer as condições de saúde de grupos populacionais específicos e os fatores associados é uma fase indispensável no planejamento da oferta de serviços e da avaliação do impacto das ações de saúde. Os problemas bucais podem desencadear não só repercussões fisiológicas, mas também comportamentais no indivíduo, afetando sua vida social, alimentação, exercício de atividades diárias e bem-estar . Diante do contexto, busca-se avaliar a condição de saúde bucal dos pré-escolares do município de Patos/PB, município este que não conta com fluoretação das águas de abastecimento público, assim como se os fatores demográficos, os hábitos alimentares e de higiene bucal das crianças influenciam na sua condição de saúde bucal. A escassez de respostas com adequada validade científica para esta população motivou a realização deste estudo, cujo objetivo foi de investigar a relação entre a experiência de cárie, fatores demográficos, o estado nutricional e hábitos alimentares em pré-escolares da rede pública e privada de ensino do Município de Patos/PB. 17 2 REVISÃO DE LITERATURA Neste capítulo serão abordados estudos sobre a cárie dentária e a sua prevalência entre pré-escolares de 5 anos, considerando o panorama nacional. Serão revisados, os determinantes sociais envolvidos no processo saúde-doença e relacionados com a cárie dentária e estudos que investigaram a associação entre cárie dentária, estado nutricional, hábitos alimentares e cuidados em saúde bucal. 2.1 Perfil Epidemiológico da Cárie Dentária no Brasil A cárie dentária é uma doença crônica, infecciosa e transmissível, que resulta da perda localizada e progressiva de tecido mineralizado dos dentes afetados. É causada pela ação de ácidos produzidos pela fermentação microbiana de carboidratos da dieta (NEWBRUN, 1982). Conforme a explicação biológica para a etiologia da cárie, os fatores que contribuem para o desenvolvimento da doença são a composição do biofilme bacteriano, composição e taxa de fluxo salivar, presença de carboidratos fermentáveis e as concentrações de flúor, cálcio e fosfato nos fluídos bucais. (FEJERSKOV; KIDD, 2005). No que diz respeito aos carboidratos, o açúcar particularmente a sacarose - é a mais importante causa de cárie (SHEIHAM, 2001). Além desses fatores, Holst et al. (2001) emprega um modelo de estrutura causal de cárie em populações, considerando a estrutura e contexto sociais (cultura política, políticas de saúde, condições econômicas), passando pelo nível individual (reações psicológicas, comportamento relacionado à saúde, fatores materiais) até chegar ao nível biológico (cérebro, ecologia bucal, cárie). Contudo, ressaltam que para compreender a etiologia da cárie nas populações, os aspectos individuais e coletivos dentro do modelo proposto devem ser analisados de forma combinada. O processo saúde-doença cárie tem inicio com a desmineralização submicroscópica do esmalte podendo chegar à perda de substância dentária com formação de cavidade até a destruição total do dente (MALTZ et al., 2002). 18 Pode-se observar que, as crianças que apresentam lesões significativas de cárie na infância tornam-se adultos mais propensos à ocorrência de problemas odontológicos. Além disso, a saúde bucal compromete substancialmente, o crescimento e o desenvolvimento cognitivo da criança, interferindo na concentração e aprendizado das atividades escolares, por resultar em dor, capacidade reduzida de sono, constrangimentos social, baixa autoestima, diminuição da capacidade de comer determinados tipos de alimentos, infecção sistêmica e abscessos (GUSSY et al., 2006; PAHEL; ROZIER; SLADE, 2007). Cada vez mais, a cárie quando não tratada é reconhecida como parte do fenômeno de negligência infantil, uma vez que psicossocialmente a ausência de saúde bucal além de afetar a fala, a comunicação e a auto-estima, compromete também o funcionamento perfeito do indivíduo (SIMRATVIR et al., 2009), levando a diminuição da qualidade de vida de crianças e suas famílias (NCCDPHP, 2006). Nas últimas décadas, o fenômeno de polarização da doença cárie tem ocorrido com o declínio da experiência de cárie nos países desenvolvidos, proporcionando uma elevada prevalência de doença em algumas minorias. As desigualdades observadas relacionam-se à experiência e distribuição da cárie entre os diferentes grupos populacionais (WHO, 2003a; ANTUNES; NARVAI; NUGENT, 2004). Em crianças em idade pré-escolar, há um padrão pré-definido da doença - a cárie precoce de infância – que devido a sua elevada prevalência na maioria em população socioeconomicamente desfavorecida, é reconhecida como um significativo problema de saúde publica. Segundo Bonecker, Marcenes e Sheinam (2002) há um aumento do número de crianças totalmente livres de cárie, e declínio da experiência de cárie provavelmente como consequência da efetividade das estratégias populacionais para o controle doença e melhorias na qualidade de vida. No Brasil, desde a década de 1980, levantamentos epidemiológicos têm sido realizados em âmbito nacional buscando avaliar as condições de saúde bucal da população. O mais recente levantamento epidemiológico realizado no Brasil, o SBBrasil (2010), no qual foram investigados os mais completos diagnósticos de saúde bucal dos brasileiros, avaliou 7.217 crianças de cinco anos de idade e 19 apontou uma prevalência de cárie não tratada de 48,2% e um ceo-d de 2,41 para crianças de 5 anos de idade, menor que no ano de 2003, que havia sido de 2,8. O componente “cariado” do ceo-d correspondeu a 84,3% do valor total do índice, ou seja, a cada 100 dentes com sinais de experiência atual ou pregressa da doença, cerca de 85 não estão restaurados (BRASIL, 2010). Bonanato et al. (2010) avaliaram as doenças bucais e a condição social em 551 pré-escolares de 5 anos em Belo Horizonte-MG, e verificaram a prevalência de cárie de 36,1%, com média de ceo-d de 1,56, sem associação significativa entre sexo e ceo-d (p>0,05). Para os autores esses resultados são importantes para definir políticas publicas de saúde, principalmente à saúde bucal infantil. Em um estudo transversal com 455 crianças de um a cinco anos de idade na cidade Santa Maria-RS, Piovesan et al. (2010) avaliaram a distribuição da cárie e as desigualdades socioeconômicas. Verificaram que a prevalência de cárie foi de 23,4%, mais entre crianças do sexo masculino (24,1%, p=0,85). Melo et al. (2011) avaliaram a doença cárie e seus fatores associados em um estudo do tipo caso-controle em 1.690 crianças de 18-36 meses e cinco anos na cidade de Recife-PB. A prevalência de cárie dentária aos 5 anos foi de 62,84%, sendo as do sexo masculino mais acometidas pela doença, e foi verificado que pertencer a faixa etária mais elevada corresponde a um fator de risco (p=0,003) para o desenvolvimento da cárie. Com o objetivo de verificar a associação da cárie dentária com o estado nutricional, Foshini e Campos (2012) avaliaram 602 pré-escolares da rede pública de ensino do município de Araraquara/SP, com idade média de 5 anos e verificaram o ceo-d médio de 1,22±2,23, com valores variando de 0 a 14. Pelo índice de Knutson observaram que 222 (36,88%) pré-escolares apresentaram algum sinal atual ou passado de ataque pela cárie até o momento do exame. Berti et al. (2013) realizaram um levantamento epidemiológico de cárie dentária em 699 escolares de 5 anos de idade do município de Cascavel, PR, utilizando-se para tal o índice ceo-d. Os componentes “cariado” e “restaurado” representaram respectivamente 9,92% (1.346 dentes) e 2,43% (330 dentes) 20 enquanto que os hígidos somaram 87,65% (11.830) do total de dentes examinados. O valor do ceo-d médio para esta população foi de 2,42. 2.2 Fatores Associados à Doença Cárie 2.2.1 Fatores Demográficos As desigualdades sociais e demográficas e seu impacto nas condições de saúde da população estão sendo bastante discutidos na literatura científica. A relação existente entre as condições sociais e econômicas e os diferenciais de risco para muitas doenças, bem como de acesso a serviços de saúde, coloca em foco conceito de Determinantes Sociais de Saúde (DSS) para que seja possível identificar e eliminar os fatores prejudiciais à saúde da população (CSDH, 2010). A OMS adota uma breve definição sobre os DSS, sendo a relação direta das condições sociais com o modo de viver e trabalhar (CSDH, 2010). Os estudos sobre as relações entre os determinantes sociais em saúde apresentam alguns desafios, como relacionar hierarquicamente os fatores mais gerais associados à saúde (sociais, econômicos, políticos) e as mediações de como tais fatores influenciam a situação de saúde de pessoas ou grupos, já que essa relação não se constitui, diretamente, como causa-efeito (BUSS; PELLEGRINI FILHO, 2007). Os fatores que influenciam a saúde em âmbito individual não são os mesmos a influenciar coletivamente, na medida em que para a epidemiologia social, as causas de adoecimento da sociedade devem ser priorizadas em relação às individuais (ABREU; MODENA; PORDEUS, 2004). A condição social tem sido, nos últimos tempos, enfatizada como importante na determinação da situação de saúde bucal. O estudo das condições sociais como produtora das doenças bucais vem crescendo intensamente nas duas últimas décadas (LANDIN et al., 2013). Diversos estudos acerca da doença cárie investigam a sua distribuição de acordo com o sexo dos indivíduos. Desta maneira, tem-se observado frequentemente que crianças do sexo masculino mostram-se mais acometidas pela doença, como verificado nos estudos de: Oliveira, Sheiham e Bönecker (2008), 21 Feldens et al. (2010), Piovesan et al. (2010), D’Mello et al. (2011) e Piovesan et al. (2011). Outros estudos porém, apresentam o sexo feminino como mais acometidos, como o de Heredia e Alva (2005) e Bonanato et al. (2010). Apesar dessa divergência de resultados, ainda não se sabe a verdadeira influencia do sexo na ocorrência da cárie dentária. Para análise dos fatores sóciodemográficos associados à doença cárie deve ser considerada etiologia das desigualdades sociais, como a má distribuição de renda, a ausência de participação da riqueza nacional, o desemprego, o atraso tecnológico em alguns setores e os elevados índices de analfabetismo, além das dificuldades de acesso aos serviços odontológicos, onde a população com diferenças marcantes de renda estão em desvantagem quanto à ocorrência de problemas de saúde bucal (BALDANI; NARVAI; ANTUNES, 2002). Para Bastos et al. (2008) crianças de famílias de baixa condição socioeconômica no inicio da vida podem ter acesso restrito e, consequentemente, menor utilização dos serviços odontológicos, estando mais propensas a desenvolver problemas de saúde bucal, como a cárie dentária. Desigualdades na saúde bucal têm sido observadas tanto na experiência de cárie quanto na distribuição entre os grupos populacionais, tal fenômeno de polarização da doença esta associado à exposição intensa aos fatores de riscos sociais (SHEIHAM et al., 2011). Crianças submetidas a contextos de privação social e sanitária apresentam concentrações mais elevadas de cárie dentária, afirmando a importância dos determinantes sociais no processo saúde-doença. Ressalta-se em alguns estudos que a prevalência de cárie diminui na medida em que o nível socioeconômico aumenta, mesmo em áreas sem a adição de flúor na água de abastecimento público (BALDANI; NARVAI; ANTUNES, 2002). O nível de escolaridade dos pais também revela grande importância no processo de ocorrência da doença cárie. Para Scavuzzi et al. (2003) o nível educacional mais elevado dos pais significaria o menor consumo de alimentos ricos em açúcar, maior frequência de escovação dentária e visitas ao cirurgião-dentista, adicionada a uma maior capacidade de executar os conhecimentos adquiridos sobre saúde bucal. 22 A constituição familiar com elevado número de pessoas pode também atuar como uma característica predisponente à ocorrência de cárie dentária pelo fato de que a existência de arranjos familiares numerosos representa obstáculos aos cuidados da saúde bucal das crianças, sendo negligenciados, a partir dos primeiros anos de vida (MELO et al., 2011). A localização espacial da moradia apresenta um efeito independente sobre a saúde da população, superior ao que os efeitos socioeconômicos individuais exercem (PICKETT; PEARL, 2001). Para Maserejian et al. (2008), áreas rurais tanto em países desenvolvidos quanto em desenvolvimento, apresentam menor número de cirurgiões-dentistas em exercício e mais pobreza, afetando o acesso aos serviços odontológicos para as crianças que vivem nesta área. Outras variáveis relacionadas a condição de habitação como a situação da moradia, infra-estrutura, condição de posse e de propriedade parecem estar relacionadas a saúde da população. A associação entre fatores socioeconômicos e a prevalência de cárie dentária em crianças pré-escolares tem sido constantemente demonstrada (PIOVESAN et al., 2010). No entanto, a maioria dos estudos utilizam dados socioeconômicos individuais como renda, profissão do chefe de família, crianças estudando em creches públicas ou privadas, ou mesmo morando em cidades ou zona rural, não havendo uma padronização de classificação das pessoas em classes sociais, e não considerando que a classificação dos indivíduos em diferentes condições sociais exige a não fixação de um único critério para sua categorização e sim da utilização simultânea de um conjunto de indicadores expressivos (MENEGHIM et al., 2007). No fenômeno de polarização da cárie, se verifica maior prevalência da doença entre os grupos populacionais menos favorecidos socioeconomicamente, fortalecendo as preocupações no controle e prevenção da cárie em comunidades carentes, bem como nas repercussões da cárie na vida do paciente infantil (FEITOSA; COLARES, 2004). Oliveira, Sheiham e Bönecker em 2008 exploraram a associação entre a cárie dentária, fatores sociais e o estado nutricional de 1018 crianças pré-escolares brasileiras com idade entre 12 – 59 meses. Para investigar a condição de saúde bucal das crianças foi utilizado o índice ceo-d e coletadas informações acerca da 23 condição socioeconômica e demográfica das famílias. Cárie estava presente em 23,4% da amostra. Crianças cujas mães tinham menos de 8 anos de estudo e eram de famílias de baixa renda apresentaram um maior risco de desenvolver cárie dentária. Houve uma associação significativa entre a cárie dentária e os fatores sócio-econômicos, como renda mensal familiar (p<0,009) e escolaridade materna (p<0,0018) e paterna (p<0,005), onde crianças com condições socioeconômicas desfavoráveis foram mais propensos a ter cárie. Em 2010, Bonanato et al. observaram a relação entre cárie e condição socioeconômica. Salientou-se que embora o componente cariado do índice ceo-d apresentou-se elevado em todas as classes sociais, a ocorrência de perda dentária por cárie, as lesões com envolvimento pulpar e os dentes com destruição cariosa extensa foram mais frequentes nas classes sociais mais baixas. Verificou-se ainda associação estatística entre as doenças bucais e a classe social (p<0,001), entretanto apenas os dentes obturados não apresentaram esta associação (p>0,05). Para os autores as doenças bucais na dentição decídua e o acesso a tratamento odontológico são afetados por fatores sociais e culturais. Em estudo de coorte, com 340 crianças em São Leopoldo, Brasil, Feldens et al. (2010) investigaram a relação entre as práticas alimentares no primeiro ano de vida(aos 6 e 12 meses) e re-examinadas aos 4 anos de idade, buscando verificar a ocorrência de cárie na infância idade. O modelo multivariado mostrou um risco ajustado de cárie dentária para as seguintes práticas alimentares aos 12 meses: a amamentação várias vezes por dia, alta quantidade de açúcar, uso de mamadeira no caso de leite com líquidos. Escolaridade da mãe com < 8 anos de estudo também foi associada com o resultado (p<0,05), entretanto em relação a renda mensal familiar esta associação foi observada apenas na análise bivariada (p< 0,05). Julgando dever ser, as ações sociais, voltadas para essa população menos beneficiada socioeconomicamente, a fim de minimizar a ocorrência das doenças bucais na infância. Piovesan et al. (2010) avaliaram as desigualdades socioeconômicas na distribuição da cárie dentária em pré-escolares brasileiros, assim como a associação entre os indicadores socioeconômicos e a cárie dentária. Por meio de um estudo transversal, com uma amostra de 455 crianças de 1 a 5 anos de idade, na cidade de 24 Santa Maria-RS. Os dados foram analisados por meio da análise de regressão de Poisson. A prevalência de cárie foi de 23,5%. Analisando isoladamente as variáveis com a cárie dentária observou-se associação com idade (p<0,0010, raça (p=0,02) e nível de escolaridade do pai (p=0,02) e da mãe (p<0,01). Nenhuma associação foi encontrada em relação ao sexo, renda familiar e nível ocupacional do pai e da mãe. A escolaridade paterna (p=0,02), perdeu força na análise multivariada. Crianças mais velhas, não brancas, com mães com baixo nível de escolaridade apresentaram maior prevalência de cárie. Para os autores os fatores socioeconômicos são fortes preditores para a distribuição desigual da cárie dentaria entre pré-escolares do Brasil. Os resultados observados no SBBrasil (2010) mostraram que a renda familiar mostrou associação significativa com a prevalência de cárie dentária (ceo-d ≥1) e também com a prevalência de cárie não-tratada (c ≥ 1). Na análise multivariável, também se observou gradiente de prevalência de cárie segundo a renda familiar, com crianças mais pobres (renda familiar até R$ 500,00) apresentando prevalência de cárie não tratada 2,45 (IC 95%, 2,07;2,93) vezes mais elevada que as crianças mais ricas (renda familiar acima de R$ 2.500,00) (BRASIL, 2010). Para Ardenghi, Piovesan e Antunes (2013) os resultados do SBBrasil 2010 reforçam a premissa de que desigualdades de ordem contextual continuam influenciando a prevalência de cárie em crianças pré-escolares no Brasil, e ainda que a redução das desigualdades em saúde bucal deve ser considerada como meta no planejamento de programas preventivo que visem promover, concomitantemente, a saúde e a justiça social. Ainda estudando a cárie dentária e os aspectos demográficos, agora na cidade de Catalão-MG, Piovesan et al. (2011) avaliaram o tipo de escola como indicador de condição socioeconômica em estudos de cárie dentária. Por meio de um estudo transversal com 411 crianças de 1 a 5 anos, os autores verificaram associação entre a doença e o tipo de escola – pública ou privada (p=0,008), sendo esta associação significativa quando se analisou isoladamente a variável, uma vez incluída outras variáveis da condição socioeconômica essa variável perdeu a significância. Concluíram ainda que crianças de escolas públicas apresentaram significativamente maior prevalência de cárie dentária do que as das escolas 25 privadas. Assim, o tipo de escola usado como um indicador alternativo para o nível socioeconômico é um preditor viável para a experiência de cárie em estudos epidemiológicos de cárie dentária envolvendo crianças pré-escolares no contexto brasileiro. Mantonanaki et al. (2013) estudaram a prevalência de cárie dentária em 605 crianças com 5 anos de idade, de escolas públicas na Grécia, avaliando a influencia de alguns fatores socioeconômicos, comportamentais e condições de vida. A prevalência de cárie foi de 16,5%. As crianças com maior nível socioeconômico estavam relacionadas a menor valor de ceo-d. A idade da mãe (35-39 anos) e a alta classe social estavam relacionados com níveis mais elevados de utilização de serviços odontológicos. Os autores sugerem que existem diferenças na experiência de cárie dentária e utilização de serviços odontológicos entre crianças pré-escolares, que estão relacionados a fatores socioeconômicos, demográficos e condições de vida. Políticas públicas em saúde bucal devem se concentrar em grupos com características específicas, a fim de melhorar os níveis de saúde oral das populações suscetíveis a doenças. 2.2.2 Hábitos Alimentares A cárie dentária pode ser um dos sinais clínicos que caracterizam a presença de hábitos alimentares inadequados, podendo participar, no contexto do aconselhamento dietético que contribuirá, não somente para a prevenção de lesões de cárie, mas de outras doenças como a obesidade e anemia (MOYNIHAN; AUAD, 2006; MOBLEY, 2003). A dieta pode exercer influência local e direta sobre os dentes, e diz respeito à escolha dos alimentos a serem consumidos, independente de seu valor nutricional, enquanto que a nutrição, implica, na ingestão e absorção de nutrientes e seus efeitos sobre os processos metabólicos do organismo (MOBLEY, 2003; TOUGER; VAN, 2003) . Assim, a nutrição e a dieta, podem afetar a dentição de três formas: por sua influência na estrutura do dente, na erosão dental e no processo cariogênico. 26 A alimentação pode ser analisada sob várias perspectivas, ao mesmo tempo, independentes e complementares: a perspectiva econômica (relação entre a oferta e a demanda, o abastecimento, os preços dos alimentos e a renda das famílias); nutricional (com enfoque nos alimentos, indispensáveis à saúde e ao bem-estar do indivíduo, como proteínas, lipídeos, carboidratos, vitaminas, minerais e fibra, e nas carências e nas relações entre dieta e doença); social (voltada para as associações entre a alimentação e a organização social do trabalho, a diferenciação social do consumo, os ritmos e estilos de vida); e cultural (interessada nos gostos, hábitos, tradições culinárias, representações, práticas, preferências, repulsões, ritos e tabus, isto é, no aspecto simbólico da alimentação). Estas perspectivas, reunidas, revelam a importância na determinação do tipo de consumo alimentar da população (HORNICK, 2002; MOBLEY, 2003). Briefel e Jhonson (2004) relataram a existência de um padrão diferente de alimentação nos EUAs, dependente da renda familiar: indivíduos com renda inferior à linha de pobreza consomem mais frequentemente batata frita, salgadinhos, leite integral, sucos de frutas, enquanto que aqueles que apresentam renda superior consomem mais salgadinhos de grãos, frutas, leite desnatado, refrigerantes, café e chá. E que mudanças nos padrões dietéticos tem contribuído com o crescimento de doenças endêmica como o diabetes tipo 2, obesidade e cárie dentária. Na população infantil, cerca de um terço do valor calórico consumido pelas crianças diariamente é proveniente de alimentos pouco nutritivos, comprados e consumidos fora de casa. Existe um marketing agressivo para doces, lanches, cereais açucarados e fast food, voltados para crianças e adolescentes (MOBLEY et al., 2003). Atualmente, as crianças permanecem grande parte do dia, nas escolas, onde fazem as suas principais refeições, portanto sua alimentação deve ser elaborada, utilizando alimentos saudáveis como carnes, verduras, legumes, cereais e frutas. A disponibilidade de frutas e verduras em programas de merenda escolar tem sido correlacionada com o aumento do consumo desses alimentos pelos escolares (GLANZ et al., 2005). 27 Segundo estudo realizado pela Faculdade de Saúde Pública da USP, os brasileiros consumiam em 2004, quase duas vezes mais açúcar do que deveriam. Os achocolatados, as bebidas açucaradas, as bebidas ácidas, os salgadinhos, as bolachas, os alimentos pastosos, as balas entre outros tantos, que entram na alimentação diária, podem causar distúrbios à saúde bucal. Outro fator importante, observado por alguns pesquisadores, o “mastigar bem e devagar, é o começo de uma boa digestão”; mas, para isto ocorrer, é necessário que a dentição esteja completa e em condições plenas de saúde. Outro aspecto a se considerar, é que o indivíduo com dor de dente não consegue se alimentar adequadamente, prejudicando a sua saúde sistêmica. A OMS indica a orientação dietética como um dos grandes desafios para a redução da obesidade e de outras patologias, como doenças coronarianas, derrames, diabetes, câncer e cárie dentária (WHO, 2000). A educação e a reeducação alimentar, são fatores importantes para a odontologia, na manutenção da saúde e na prevenção de doenças bucais uma vez que, inúmeras pesquisas apontam que a dieta e os hábitos alimentares incorretos, prejudicam de maneira significativa, a saúde bucal. A fim de averiguar a associação entre o aleitamento materno e a presença de cárie precoce na infância Iida et al. (2007) desenvolveram um estudo com 1576 crianças americanas de 2 a 5 anos de idade. Para tal utilizaram os dados do levantamento epidemiológico (National Health and Nutrition Examination Survey – NHANES) de 1999-2002. Os autores puderam observar que aproximadamente 60% das crianças já tinham sido amamentadas e que estas apresentavam menores taxas de cárie precoce na infância, quando comparada com aquelas que nunca foram amamentadas. As crianças que receberam aleitamento materno por período superior a um ano se mostraram mais propensas a desenvolver a doença, quando comparadas com aquelas que mamaram até um ano de idade (p=0,01). Entretanto, após análise multivariada o fato de nunca ter sido amamentado não apresentou significância estatística (p=0,89) com a presença de cárie. Os autores conjecturaram que não houve nenhuma evidência que sugerissem que a amamentação e sua duração são fatores de risco para a ocorrência da cárie dentária na dentição decídua. Entretanto, corroboram que crianças que vivem em situação de pobreza estão em maior risco de ter má saúde bucal. 28 No estudo de Palmer et al. (2010), acerca dos hábitos alimentares, observouse que quando o consumo de alimentos é igual ou superior a seis vezes/dia o número de crianças com cárie dentária supera o de crianças livres da doença (p=0,002). Deduziram ainda que para o tratamento e prevenção da cárie dentária deve-se incluir atenção para a frequência alimentar, cariogenicidade dos alimentos e supressão de bactérias cariogênicas. Dando continuidade às investigações sobre esta temática, Feldens et al. (2010) em estudo em São Leopoldo, SP observaram, em relação às práticas alimentares, associação estatisticamente significativa entre a prevalência de cárie e as seguintes variáveis: duração do aleitamento materno (p=0,001); consumo elevado de açúcar em 12 meses (p=0,010). Entretanto não foi constatado significância estatística entre prevalência de cárie e número de refeições e lanches no período estudado (p=0,175). Em conclusão, os autores afirmaram que programas de promoção de saúde dirigidos às crianças devem enfatizar a necessidade de evitar/reduzir o consumo de alimentos com elevada quantidade de açúcar e manter o intervalo entre as refeições. Slabsinskiene et al. (2010) em estudo desenvolvido na Lituânia constataram que 25% das crianças com cárie severa foram amamentadas por um período superior a 1 ano de idade de modo que, esta prevalência entre as crianças livres de cárie foi de apenas 2,5%. Os autores atentaram que hábitos alimentares impróprios com a mamadeira atuam fortemente no desenvolvimento da cárie dentária. Em 2011, Melo et al. investigaram a cárie dentária e os hábitos alimentares em crianças na cidade do Recife-PE, e observaram que a ingestão diária de doces entre as refeições esteve associada à presença da cárie dentária, de maneira que houve associação estatística entre estas variáveis (aos cinco anos, p<0,0001), reafirmando a hipótese de que o consumo diário de alimentos ricos em sacarose apresenta associação com o desenvolvimento da doença cárie. Buscando verificar a associação entre fatores sócio-demográficos e hábitos alimentares com cárie precoce da infância, Sankeshwari et al. (2013) realizaram um estudo com 1.250 crianças de 3-5 anos de idade, por meio de questionário sóciodemográfico, diário alimentar de três dias e exame clínico ceo-d. A taxa de 29 prevalência da ECC foi 63,17 %. Associações significativas foram obtidas entre cárie e idade da criança, número de irmãos na família, escolaridade materna, exposição à sacarose entre as refeições, exposição à sacarose nas refeições, frequência total de exposição à sacarose, e pontuação doce total. Para os autores, seria adequado planejar estratégias de educação em saúde para pais e cuidadores incluindo fatores sócio-demográficos, com ênfase na redução da ingestão de sacarose. Examinando a prevalência e gravidade da cárie dentaria em 158 crianças com idade média de 5,3 anos na República Democrática do Congo, e verificando possíveis associações com fatores comportamentais, Songo et al. (2013) observaram uma prevalência de cárie dentária de 50,6% estando associada ao sexo, a frequência das refeições, consumo de bebidas durante as refeições e o consumo de bebidas contendo açúcar; o tipo de alimentação infantil e adição de açúcar na última refeição da noite. Lanches e bebidas entre as refeições foi relatada por 78% e 65%; 35% tinham bebidas contendo açúcar. A maior parte (81%) escovava uma vez /dia, no turno da manhã (82 %). Para os autores, estes resultados confirmam a importância de intervenções preventivas nos hábitos alimentares das crianças nos países em desenvolvimento. Com o objetivo de explorar a relação entre as práticas parentais, interação pais e filhos e cárie dentária, Jong-Lenters et al. (2014) realizaram um estudo casocontrole utilizando uma amostra de crianças holandesas de cinco a oito anos de idade. Avaliaram 28 crianças com 4 ou mais dentes cariados, perdidos e/ou obturados (caso) e 26 crianças livres de cárie (controle). Houve associação estatisticamente significativa após ajuste para o nível de escolaridade materno (p<0,001), a frequência de escovação (p=0,07) e a frequência de consumo de alimentos (p<0,001) e bebidas açucarados (p=0,03). Para os autores houve uma significância entre as práticas parentais e a cárie dentária, sendo um fator importante a considerar nos programas de prevenção à carie na infância. 2.2.3 Estado Nutricional Desde a segunda metade do século XX o mundo vem passando por mudanças socioeconômicas, ambientais, na saúde e alimentação. Na saúde, uma menor incidência de doenças infecciosas e mortalidade infantil estão associadas a 30 um aumento na prevalência das doenças crônicas e maior expectativa de vida ao nascer (OMRAN, 1996). A transformação que tem ocorrido nos padrões dietéticos e nutricionais das populações vem sendo analisadas como parte de um processo designado de transição nutricional. No Brasil, esse processo de transição se caracteriza por redução nas prevalências de desnutrição e aumento nas taxas de sobrepeso e obesidade. O estado nutricional de uma população é resultante da disponibilidade dos alimentos no domicilio, das condições ambientais e econômicas, podendo sofrer influencia da qualidade de assistência á saúde e de políticas compensatórias (MONTEIRO; CONDE, 2000). Nos países em desenvolvimento, a maioria dos problemas de saúde e nutrição na população infantil está relacionada ao inadequado consumo alimentar e quadros de infecções, estando intimamente associadas ao padrão de vida, a alimentação, moradia e assistência à saúde (SIGULEM; DEVINCENZI; LESSA, 2000). Na literatura odontológica achados sobre a prevalência de cárie na dentição decídua foram associados com indicadores relacionados ao estado nutricional de crianças, tais como altura e proporções corporais. Dessa forma, a avaliação de crescimento infantil é também uma medida indireta de qualidade de vida da população. 2.2.3.1 Desnutrição A desnutrição caracteriza-se pelo desequilíbrio celular entre o fornecimento de nutrientes e de energia e demanda do corpo por eles para garantir o crescimento, a manutenção e funções específicas (EHIZELE; OJEHANON; AKHIONBARE, 2009). É uma condição que se desenvolve quando o corpo não recebe a quantidade certa de vitaminas, minerais e outros nutrientes que ele precisa para manter os tecidos saudáveis e funções do órgão (SHEETAL et al., 2013). 31 Na infância, a desnutrição é um problema de saúde pública, principalmente no que concerne ao papel desempenhado pelos nutrientes no crescimento, desenvolvimento e sobrevivência das crianças. De acordo com a UNICEF em 2006, 5,6 milhões de crianças menores de 5 anos, contribuem para a taxa de mortalidade infantil dos países em desenvolvimento, por causa da alta prevalência de desnutrição, isso ocorre em cada 10 crianças/minuto (SHEETAL et al., 2013). Segundo Ramachandran e Golapan (2009) a desnutrição está associada com a função imunitária e consequente aumento da suscetibilidade às infecções, que por outro lado agravam o estado nutricional deficitário, gerando um círculo vicioso, complexo que pode levar ao óbito da criança. Os autores enfatizaram ainda que, as crianças em fase pré-escolar estão nutricionalmente vulneráveis e mais susceptíveis a morbidade, devido a infecções. O Brasil apresentou nas ultimas décadas uma das quedas mais evidentes no cenário de desnutrição infantil em relação aos países em desenvolvimento, as formas mais graves de desnutrição foram praticamente eliminadas de todo país, inclusive da região Nordeste que apresentava maiores índices (MONTEIRO, 2009). Uma pesquisa realizada pelo IBGE e Ministério da Saúde/MS em 2009, mostrou que o déficit de altura (importante indicador de desnutrição) caiu de 29,3% (1974-75) para 7,2% (2008-09) entre os meninos e de 26,7% para 6,3% entre as meninas, nos primeiros anos de vida (MONTEIRO, 2009). Alguns estudos sugerem que a desnutrição na infância pode predispor a criança a desenvolver problemas de saúde bucal como, cárie dentária, defeitos de desenvolvimento de esmalte, hipoplasia e periodontopatias (SHEETAL et al., 2013), ainda lesões em tecidos moles e malformação dentária (GORDON, 2007). A nutrição e dieta podem promover efeitos pré e pós-eruptivo, por meio de um efeito local direto podendo resultar em: defeitos na estrutura dentária, erosão dentária e cárie dentária (FREIRE, 2004). A desnutrição durante o período de desenvolvimento dos dentes pode induzir ao aumento da susceptibilidade à cárie por três prováveis mecanismos: defeitos na formação dentária (odontogênese); retardo na erupção e esfoliação dos dentes e alterações nas glândulas salivares (BATISTA; MOREIRA; CORSO, 2007). 32 Poucos são os estudos que se propõem a verificar a associação entre desnutrição infantil e cárie dentária, mesmo com a extrema importância sobre o tema e a sua influencia na saúde bucal das crianças. De acordo com a revisão realizada por Psoter, Katz e Reid (2005), um déficit nutricional na infância tem influencia na ocorrência de cárie dentária em dentes decíduos. Heredia e Alva (2005) estudando a relação entre cárie dentária e desnutrição crônica em crianças peruanas de 5 a 12 anos de idade observaram que a prevalência de cárie dentária entre as crianças de 5 anos de idade com desnutrição crônica foi de 80,0% enquanto que entre aquelas com estado nutricional normal foi de 85,76%. A prevalência de déficit nutricional entre as crianças da amostra foi de 11,6%, não observando, no entanto, relação estatisticamente significativa entre o estado nutricional e a presença de cárie (p>0,05). No Brasil, um estudo realizado em Diadema-SP por Oliveira, Sheiham e Bonecker (2008), verificou uma associação significativa entre o estado nutricional e a experiência de cárie, com o aumento do risco de desenvolver a doença na presença de baixos indicadores de IMC/idade (50,0% nas crianças com escore Z< 2, p =0,01), peso/altura (55,6%, com escore Z< - 2) e peso/idade (46,7% nas crianças com escore Z< - 2), assim, as crianças de baixo peso/idade tiveram maior probabilidade de desenvolver cárie precoce de infância (33,3%), tendo mais chances de desenvolver a doença. Sheetal et al. (2013) após extensa revisão de literatura afirmaram que a desnutrição afeta a saúde bucal e uma saúde bucal deficiente, por sua vez, pode levar à desnutrição. Considera uma como uma relação de interdependência, onde uma boa saúde nutricional, promove uma boa saúde bucal e vice-versa. Para os autores, a má nutrição pode alterar a homeostase, o que pode levar à progressão da doença na cavidade oral, reduzir a resistência do biofilme microbiano e reduzir a capacidade de cicatrização do tecido. Estudos têm sugerido que a hipoplasia do esmalte, hipofunção das glândulas salivares e mudanças na composição salivar podem ser os mecanismos através dos quais a desnutrição está associada à cárie dentária. 33 Alkamiri et al. (2014) realizaram um estudo transversal relacionando à carie dentária a medidas antropométricas, em 417 escolares da Arábia Saudita de 6-8 anos de idade, que apresentavam alta prevalência de cárie dentária. A antropometria foi avaliada por meio de escores z para altura/idade (HAZ), peso/idade (WAZ) e IMC/idade (BAZ), com padrão de referência da OMS. O índice ceo-d médio das crianças foi de 5,7 ± 4,2. Os autores observaram que houve uma relação linear inversa entre a cárie e as medidas HAZ infantil, WAZ e BAZ e resultados significantes nas medidas antropométricos menores para as crianças em cada grupo consecutivo, com níveis mais elevados de cárie. As associações permaneceram significativas após ajuste para as variáveis dentárias, sociais e demográficas. A associação linear inversa entre cárie dentária e todos os resultados antropométricos sugerem que níveis mais elevados de cárie não tratada estão associados significativamente com menor peso e estatura do que aqueles com níveis mais baixos de cárie. Para os autores, estudos longitudinais podem ajudar a determinar se existe uma relação entre causa e efeito entre os níveis de cárie e o crescimento deficiente em escolares sauditas. 2.2.3.2 Obesidade Estudos da Organização Mundial de Saúde mostraram que nas três ultimas décadas, a prevalência de obesidade infantil apresentou alarmante aumento, sendo caracterizada como uma verdadeira epidemia mundial. A estimativa mundial da International Obesity Task Force (IOTF, 2005) é de que haja, atualmente, 155 milhões de escolares com excesso de peso (sobrepeso/obesidade). A prevalência é maior nos países industrializados e em desenvolvimento, chegando a 40% na maioria dos países europeus. No Brasil, de acordo com dados da Pesquisa de Orçamentos Familiares (POF 2008-2009), realizada pelo IBGE/MS, os índices de prevalência de sobrepeso e obesidade chegaram a 34,8% e 16,6%, respectivamente, em crianças de cinco a nove anos de idade e, denotando relevância deste problema para a saúde pública brasileira. Sendo considerada uma doença crônica, a obesidade é caracterizada pelo excesso de gordura corporal relacionada a massa magra, e o sobrepeso por uma 34 proporção relativa de peso maior que a desejável para a altura (MARGAREY et al., 2001). A multicausalidade desta doença reflete uma complexa interação entre fatores genéticos, metabólicos, culturais, ambientais, socioeconômicos e comportamental (MALIK; SCHULZE; HU, 2006). A obesidade infantil é um fator de risco bastante conhecido para as condições de saúde, devido a sua associação com alterações metabólicas e doenças cardiovasculares, e tende a perpetuar sua ocorrência na idade adulta (WILLERSHAUSEN et al., 2009). As mudanças dos hábitos de vida, como o aumento do sedentarismo, proporcionado pelo uso de computares, videogames e tablets e as mudanças nos hábitos alimentares, com a substituição do aleitamento materno pelos formulados infantis; e de alimentos ricos em fibras e nutrientes por alimentos industrializados ricos em gorduras, açúcares e outros carboidratos de maior densidade energética, são fatores que colaboram para o crescimento da obesidade na infância (ESCOBAR; VALENTE, 2007) A cárie dentária e a obesidade compartilham fatores de risco comuns, como hábitos alimentares e condições socioeconômicas. Hábitos alimentares inadequados colaboram para a progressão mais rápida da obesidade do que da cárie dentária, sendo considerado um preditor para o desenvolvimento e progressão desta doença (OLIVEIRA; SHEIHAM; BONECKER, 2008). A importância do tema despertou o interesse de Oliveira, Sheiham, e Bönecker em 2008, a exploraram a associação da cárie dentária com o estado nutricional de 1018 crianças brasileira urbanas de 12 a 59 meses de idade. A prevalência e o ataque de cárie foram medidos utilizando o índice ceo-d e para avaliar o estado nutricional os valores padrões de referencia da OMS, apresentados em z-escores. A cárie dentária estava presente em 23,4% das crianças, com maior prevalência de cárie no grupo de 48-59 meses de idade. As crianças com escore z< - 2, nos índices (IMC/idade) e Peso/altura tiveram um risco aumentado de ter cárie (OR=3.2 e OR=4.06, respectivamente). Houve uma associação significativa entre o estado nutricional e experiência de cárie, onde crianças com baixo peso e aqueles 35 com condições sócio-econômicas adversas eram mais propensos a ter experiência de cárie. Em outro estudo sobre cárie dentária e obesidade em 2010, Vázquez-Nava et al. verificaram em seu trabalho uma média de IMC de 17,1, e uma prevalência de 53,7% de crianças eutróficas, 14,2% com risco de sobrepeso e 32,1% com sobrepeso. Após análise multivariada, os autores constataram associação significativa entre crianças com situação de risco de sobrepeso (OR=1,94) e crianças com sobrepeso (OR=1,95) e cárie dentária (p<0,01). Alertaram para o fato da obesidade parecer estar associada à ocorrência de cárie dentária, havendo a necessidade de desenvolver programas de saúde para identificar e limitar os fatores de risco associados a estas condições. Em 2011, Trikalionts et al. estudaram a associação entre cárie dentária e o índice de massa corporal (IMC) por categorias, em 361 crianças gregas de três a cinco anos e meio de idade. Os autores observaram que 20,2% da amostra apresentou ceo-d ≥ 1,0, e as demais livre de cárie. Analisando a prevalência das categorias de IMC e o ceo-d médio das crianças, 77,8% amostra estava com peso normal e ceo-d médio de 0,74, 12,2% com baixo peso e ceo-d 1,02, 7,2% com sobrepeso e ceo-d 1,88, e 2,8% obesas com ceo-d 0,8. Observou-se associação significativa entre as categorias de IMC e cárie dentária (P<0,001), onde crianças com sobrepeso apresentaram ceo-d maior significativamente quando comparada às eutróficas (p<0,01) e àquelas com baixo peso (p=0,015). Não foi significativa a diferença entre obesas e cárie. Os autores concluíram que as crianças pré-escolares com sobrepeso na Grécia tem maior risco de cárie dentária. D´Melo et al. (2011) nesta mesma linha de pesquisa, investigou a cárie dentária e a obesidade em 200 crianças de três a oito anos de idade atendidas na Universidade de Otago e verificaram que a prevalência de crianças com o ceo-d igual ou superior a oito foi de 35,4% entre as eutróficas, 37,5% entre as com sobrepeso e 24% entre as crianças obesas. Os autores observaram ainda que não houve correlação significativa entre carie dentária e IMC (p=0,41) e peso (p=0,87) na infância e que a cárie dentária e obesidade têm fatores de risco comuns que persistem até a idade adulta, sendo necessárias intervenções que busquem reduzir a incidência dessas doenças na população. Ressaltam ainda que intervenções 36 destinadas à melhoria da saúde bucal (como aconselhamento dietético) também podem alterar os fatores de risco para sobrepeso e obesidade. Verificando a associação da cárie dentária com o estado nutricional em préescolares de 5 anos do município de Araraquara/SP, Foshini e Campos (2012) relataram que em relação à distribuição do estado nutricional dos pré-escolares segundo os indicadores antropométricos, expressos em escores z, observaram uma prevalência de 8,64% de déficit de peso/altura (ZPA), 1,66% de baixo peso (ZPI), 1,00% de déficit de altura para idade (ZAI), independente do grau de acometimento, e pelo IMC, uma alta prevalência de escolares obesos (15,78%). Porém, ao analisar estatisticamente, os autores observaram que não houve diferença significativa no índice ceo-d segundo o estado nutricional das crianças e a probabilidade do préescolar apresentar acometimento pela cárie dentária independe do seu estado nutricional. Um estudo recente de Chiu, Dimarco e Prokop (2013) buscou determinar a relação entre o IMC e a cárie dentária em crianças que vivem abaixo do nível da pobreza. Os autores realizaram um estudo com 157 crianças de rua de 2 a 17 anos de idade, recrutados a partir de um abrigo na cidade de Midwest nos Estados Unidos. Observou-se 50,3% das crianças tinham cárie dentária e mais da metade estavam com sobrepeso (19,7%) ou obesas (30,6%). A maior prevalência de cárie se deu entre os 6-12 anos de idade (66,7%), assim como a obesidade (33,3%). O coeficiente de correção de Pearson foi utilizado para explorar a relação entre idade, IMC e cárie. Foi observada relação significativa entre idade e cárie (p=0,003), idade e IMC (p=0,03), e não significativa entre cárie e obesidade (p=0,08), apesar de se ter observado correlação positiva. Uma conclusão definitiva entre a relação obesidade e cárie dentária não pôde ser tirada com os resultados deste estudo. Silva et al. (2013) analisaram por meio de um estudo de revisão sistemática as evidências da associação entre obesidade e cárie dentária, por meio de artigos indexados nas bases de dados Medline/PubMed, Web of Sciences e LILACS, no período entre 2005 e janeiro de 2012. Foram selecionados 27 artigos para leitura completa. Destes, dez avaliaram dentição decídua e/ou permanente e observaram uma associação positiva entre obesidade e cárie dentária, sendo que um estudo encontrou uma associação inversa. Segundo a classificação de Downs & Black, 37 treze artigos foram considerados com boa evidência científica. Para os autores a presente revisão não encontrou evidências suficientes quanto à associação entre obesidade e cárie, assim como não esclareceu o possível papel da dieta e de outros possíveis modificadores de efeito nessa associação. 2.2.4 Higiene bucal A principal preocupação do sistema de saúde no Brasil é evitar o estabelecimento da doença ou detectá-la o mais cedo possível, de forma que o problema possa ser resolvido em níveis de cuidados primários, e que apenas uma proporção pequena de casos precise ser encaminhada para o nível de atenção secundária (MALTZ; JARDIM; ALVES, 2010). No Brasil, o Ministério da Saúde vem implantando políticas públicas de saúde bucal , centradas no cuidado integral à saúde para todas as idades. A Estratégia de Saúde da Família (ESF) em processo de expansão continua desde 2001, busca a promoção da equidade em saúde e a melhora da qualidade de vida da população. As Equipes de Saúde bucal vem trabalhando as ações de promoção, prevenção e recuperação da saúde bucal na atenção básica. Entretanto, as dificuldades em adotar uma atenção à saúde bucal ampla e efetivamente universal ainda são verificadas no cenário nacional (ANTUNES; NARVAI, 2010). A Academia Americana de Odontologia Pediátrica (AAPD) recomenda que as crianças devam ir ao dentista no primeiro ano de idade (ou quando da erupção do primeiro dente) e que uma relação entre o pais/responsáveis pela criança e o dentista deve ser estabelecida o mais cedo possível. Essa relação deve ser contínua, e incluir todos os aspectos de atenção à saúde bucal, incluindo uma acessibilidade planejada e centrada na família (AAPD, 2010). Dessa forma, é importante que as crianças façam visitas regulares ao cirurgião-dentista, que incluem a avaliação do risco de cárie, estratégias de prevenção individualizadas e orientação antecipada, sendo a periodicidade necessária para cada criança dependente do risco individual desta de desenvolver a doença cárie (AAPD, 2010). Uma avaliação de risco individualizada da criança ajuda tanto os profissionais de saúde quanto os pais/cuidadores a identificar e entender os fatores associados à 38 doença, e desta maneira possibilita que um planejamento de cuidado preventivo e educativo possa ser desenvolvido. A informação especifica, adquirida com uma avaliação sistemática do risco de cárie, orienta o cirurgião-dentista na tomada de decisões acerca do estabelecimento de protocolos de prevenção e/ou de um plano de tratamento, para as crianças com doenças bucais (RAMOS-GOMEZ et al., 2010). Como estratégia de prevenção da cárie dentária, o controle mecânico do biofilme dentário deve ser implementado, podendo ser realizado pelo próprio indivíduo, através da escovação e uso do fio dental; cujas medidas são bastante eficazes, simples e amplamente utilizadas. Entretanto essa técnica apresenta eficácia reduzida no grupo etário infantil, devido às limitações psicomotoras próprias da idade, que dificultam o aprendizado e a realização adequada da técnica. Ainda assim, para crianças pequenas a prática da escovação supervisionada por um profissional revela-se bastante útil para demonstrar a técnica adequada de escovação para os pais/cuidadores (HUEBNER; RIEDY, 2010). Tem sido reconhecido que a família pode influenciar a saúde das crianças de forma direta ou indiretamente. Por um lado, as crianças são dependentes da responsabilidade dos pais em adquirir comportamentos positivos sobre saúde oral e ter acesso a cuidados odontológicos regulares. Por outro lado, o ambiente social pode ou não apoiar as famílias a ter acesso aos cuidados e às estratégias de promoção de saúde bucal. Além disso, os pais de baixa renda, baixa escolaridade, diferentes origens socioculturais, bem como aqueles que vivem em áreas rurais podem apresentar saúde bucal precária e maus hábitos de higiene, podendo refletir essa condição na saúde oral dos filhos (WIGEN; WANG, 2010). Ao estudar a ocorrência da cárie dentária e os seus fatores associados, González-Martínez, Sánchez-Pedraza e Carmona-Arango (2009) observaram, em relação aos cuidados odontológicos, ausência de associação entre cárie e a frequência de visita ao dentista superior a 1 vez/ano, e em relação a frequência de escovação dentária de 1 vez/dia, entretanto verificaram que a doença mostrou resultados estatisticamente significativos quando analisados em relação à exposição ao flúor (p=0,03). Foi possível concluir que a utilização de fluoretos contribui de maneira significativa na prevenção da doença cárie. 39 Pesquisando acerca da cárie dentária e sua associação com fatores relacionados à saúde bucal, Simratvir et al. (2009) em entrevista com os pais/responsáveis de crianças de 3-6 anos na Índia, verificaram que 36,2% das crianças sofriam de dor de dente, entretanto apenas 11,4% (12/105) dos préescolares já haviam ido ao dentista. De acordo com os autores os pais devem ser encorajados a perceber que desempenham papel dominante como modelo de comportamento para seus filhos e ressaltam a importância de se enfatizar essa característica em programas de saúde bucal e geral. Seguindo esta mesma linha de estudo, Slabsinskiene et al. (2010) puderam verificar como resultado do trabalho desenvolvido que 52,5% dos pais de crianças com cárie severa não escovavam os dentes do seu filho. Os autores elucidaram que a ausência de escovação dentária constitui como um determinante significativo para o desenvolvimento da doença. Entretanto, por a cárie ser uma doença multifatorial ela pode ser prevenida a partir de programas de prevenção bem organizados. Em seu estudo caso-controle Jong-Lenters et al. (2014), as práticas parentais e a interação entre pais-filhos foram observados, e posteriormente classificadas em sete dimensões: envolvimento positivo, o incentivo, a resolução de problemas, disciplina, vigilância, coerção e atmosfera interpessoal. As crianças do grupo controle tiveram escores significativamente mais elevados nas dimensões de envolvimento positivo, incentivo, resolução de problemas e atmosfera interpessoal, em comparação com os casos. Os pais de controles também foram menos propensos a mostrar comportamentos coercivos. Não houve diferença significativa na disciplina entre os casos e controles. Para os autores houve uma significância entre as práticas parentais, a qualidade da interação pais-filhos e a cárie dentária, sendo um fator importante a considerar nos programas e prevenção à carie na infância. Sugerem ainda que outros estudos sejam realizados com o objetivo de verificar se programas que incorporam componentes para melhorar as práticas parentais são eficazes na prevenção da cárie dentária em crianças. 40 3 OBJETIVOS 3.1 Objetivo Geral Investigar a relação entre a presença de cárie dentária, fatores demográficos, estado nutricional e hábitos alimentares em crianças de 5 anos no município de Patos/PB. 3.2 Objetivos Específicos Caracterizar o grupo alvo segundo as variáveis sexo, peso, estatura, fatores demográficos, hábitos alimentares e de higiene bucal; Avaliar a prevalência de cárie dentária na amostra; Determinar a relação entre cárie dentária e hábitos de higiene bucal na amostra; Verificar o estado nutricional dos escolares, segundo os indicadores peso para idade, estatura para idade e IMC para idade; 41 4 SUJEITOS, MATERIAL E MÉTODOS 4.1 Aspectos Éticos De acordo com a resolução do Conselho Nacional de Saúde (CNS), de 10 de outubro de 1996, o projeto de pesquisa foi submetido à análise e aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa com Seres Humanos da Universidade Cruzeiro do Sul (UNICSUL), sob o protocolo CE/UCS número 027/2014 (ANEXO A). O Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE) – (APÊNDICE A) foi entregue aos pais/responsáveis pelas crianças, previamente selecionadas, para compor a amostra do estudo. Somente participaram da pesquisa aqueles cujos termos apresentaram assinados. A Secretaria de Educação do município de PatosPB autorizou a realização da pesquisa nas instituições de ensino, segundo ofício assinado pela secretária do município (ANEXO B). 4.2 Tipo de Estudo O estudo classifica-se como transversal analítico, cujo objetivo é descrever a condição de saúde bucal de uma população, em determinado tempo e local, sendo possível também testar algumas associações (ESTRELA, 2005). 4.3 População e Amostra O presente estudo foi realizado no município de Patos-PB, com população estimada 102.527 habitantes (IBGE, 2013). A população de crianças de 5 anos de idade, regularmente matriculadas nas creches do município era de aproximadamente 950 crianças, no ano de 2013. O Município não tem fluoretação das águas de abastecimento público. O tamanho da amostra do estudo foi obtido por meio do processo de amostragem para população finita segundo Cochran (1977). A margem de erro fixada e valor admitido para média e desvio-padrão foram os mesmos adotados pelo Projeto Saúde Bucal Brasil (BRASIL, 2003) para a região Nordeste, para crianças de 42 5 anos de idade, em população maior de 100 mil habitantes. Cabe esclarecer que o projeto SB é referência para estudos de saúde bucal no país. O nível de significância adotado foi de 5%. Tomando a idade de 5 anos na região Nordeste, cujos dados de média e desvio-padrão são respectivamente x= 3,11 e δ=3,26, aplicando-se a fórmula de Pessoa e Silva, 1998, chegou-se ao tamanho da amostra: Onde, z=1,96; δ=3,26; x=3,1; ɛ = 0,2; deff= 2; taxa de não-resposta= 20% Aplicando-se a fórmula, temos: N=z² .s²/ (x.ɛ)² . deff + taxa de não-resposta N= (1,96)². (3,26)²/ (3,1.0,2)² N= (3,84 .10,63 )/(0,3844) N= 106,2 x 2 N= 212,4 +20% N= 254 pré-escolares Nestas condições o tamanho amostral ficou estimado em 212 sujeitos. Admitindo-se um absenteísmo da ordem de 20%, o tamanho final da amostra foi de 254 crianças. A população alvo deste estudo foi composta por pré-escolares de ambos os sexos, com 5 anos de idade, assim como, por seus respectivos pais/responsáveis. De acordo com projeto SB Brasil, os locais de coleta de dados e as unidades de amostragem variam de acordo com o porte do município e o grupo etário, assim, para o município de Patos, com mais de 50 mil habitantes, as crianças de 5 anos foram avaliadas nas creches públicas e privadas da cidade de Patos-PB. O município de Patos-PB conta com 11 (onze) creches públicas e 9 (nove) privadas, totalizando 20 instituições de ensino. Nos municípios onde funcionam até 43 20 estabelecimentos de ensino, não há necessidade de sorteio e todas as instituições devem participar da amostra (BRASIL, 2003). Para seleção amostral, após autorização da Secretaria de Educação do Município, realizou-se um prévio contato com os diretores das creches, de modo a informar sobre a pesquisa e solicitar uma listagem com os nomes das crianças de 5 anos matriculadas nas instituições de ensino. De posse da lista única com os nomes dos pré-escolares, os elementos amostrais foram identificados aplicando-se a técnica da amostragem sistemática. Para isso, as crianças da relação única foram numeradas sequencialmente, até ser obtido o número total de alunos. O intervalo amostral (K) foi de 3,7, K=950/254. Sorteou-se a primeira criança, entre os números 1 e 3, a segunda foi o número da ordem da primeira criança mais três, e assim sucessivamente. Após o sorteio dos elementos amostrais a relação das instituições por número de alunos sorteados pode ser visualizado no quadro 1. Quadro 1 - Relação de instituições por número de alunos sorteados para o estudo. Patos, 2014. INSTITUIÇÕES DE ENSINO REDE Colégio Geo Patos Privada 11 Creche Manoel Quinídio Pública 10 Colégio e Curso Evolução Privada 04 Creche Igor Mota Pública 14 Instituto Educacional Maria do Socorro Privada 15 Creche Tia Lucy Pública 13 Creche Inácio Fernandes Pública 12 Instituto Educacional Branca de Neve Privada 18 Creche Maria Eunice Fernandes Pública 06 Creche Mariana Medeiros Pública 16 Colégio Cristo Rei Privada 06 Creche Sebastião Francisco Pública Fernandes Nº DE PARTICIPANTES 14 Instituto Branca de neve Privada 19 Creche Santina de Gelo Pública 10 Creche Glauce Burity Pública 13 44 Creche Proinfância Cremilde Pública Wanderley 11 Instituto Educacional Moranguinho Privada 05 Creche Maria Gomes Pública 57 Foi encaminhado aos respectivos pais/responsáveis, um convite à participação em uma reunião na escola, onde foi apresentada toda a pesquisa, obtida a autorização por meio da assinatura do termo de consentimento livre e esclarecido e aplicado o questionário e diário alimentar. 4.3.1 Critérios de inclusão Foram considerados como critério de inclusão para participação no estudo: Crianças de cinco anos de idade regularmente matriculadas em creches da rede pública ou privada de Patos/PB; O retorno do termo de consentimento livre e esclarecido, dos questionários e do diário alimentar devidamente preenchidos e assinados pelos responsáveis. 4.3.2 Critérios de exclusão Foram considerados como critérios de exclusão para participação no estudo: Crianças que apresentaram deficiências neuropsicomotoras, ou seja, desvios de normalidade de ordem mental, física, sensorial e comportamental; Crianças que não permitiram a realização do exame clínico ou forem vetados pelos pais/responsáveis. 4.4 Delineamento do Estudo O presente estudo foi composto pelas etapas que seguem: 4.4.1 Fluxograma 45 Contato com a Secretaria de Educação do município e diretores das instituições públicas e privadas. Listagem das escolas e número de alunos Procedimento Amostral (N= 254) Calibração do examinador e anotador Estudo Piloto (N= 26) Agendamento e reunião pais/escola para a obtenção do termo de consentimento livre e esclarecido e aplicação dos questionários e diário alimentar Instituições Públicas (n= 11) Instituições Privadas (n=7) Exame clínico e medição antropométrica nas crianças Análise da dieta Análise estatística Divulgação dos Resultados 4.4.2 Processo de calibração A calibração foi realizada para a coleta dos índices ceo-d e da avaliação antropométrica, por metodologia proposta por Antunes, Peres e Frazão (2006). 46 Para a realização desta pesquisa 1 (um) examinador e 1 (um) anotador foram calibrados. O processo de calibração foi conduzido por um examinador padrão, experiente em levantamentos epidemiológicos, sendo composto por quatro etapas que seguem: Na 1ª etapa foi realizada uma revisão teórica do procedimento com a finalidade de proporcionar uma padronização inicial quanto aos códigos, critérios e condutas adotadas para o uso do formulário da OMS; Na 2ª etapa foi aplicado um exercício clínico-epidemiológico que permitiu maior fixação dos critérios de diagnóstico, posicionamento do examinador e anotador, organização do material, fichas e questionários, seguidos de exames de treinamento e discussão clínica para familiarização dos procedimentos. O exercício foi realizado no pátio de uma das creches, sob iluminação natural; algumas crianças foram examinadas pelos examinadores, em caso de discordância no diagnóstico, as dúvidas eram discutidas e um novo exame era realizado; Na 3ª etapa foram realizados novos exames em 10 crianças pelos examinadores, que não se comunicaram sobre os diagnósticos, e as crianças eram examinadas duas vezes por cada examinador. O examinador realizou o exame, contando com o apoio do anotador. Os resultados foram montados em matrizes e puderam medir o grau de concordância intra e interexaminadores por meio do teste de Kappa de Cohen (COHEN, 1960). Na 4ª etapa foram discutidos os resultados. A consistência dos diagnósticos foi medida através do coeficiente Cohens´s kappa (COHEN, 1960) para a obtenção dos valores de concordância a partir da seguinte fórmula: Po - Pe K = 100 - Pe Onde: 47 Po - porcentagem de dentes nos quais houve concordância diagnóstica. Pe - porcentagem de concordância esperada. Os resultados numericamente obtidos representam (BULMAN; OSBORN, 1989): k igual a zero: denota baixíssima confiabilidade. k maior que 0 e menor que 0,40: denota baixa confiabilidade. k entre 0,41 e 0,60: denota moderada confiabilidade. k entre 0,61 e 0,80: denota substancial confiabilidade. k acima de 0,81: denota boa confiabilidade. Assim, diante da metodologia exposta os dados obtidos pelo teste de Kappa na calibração inter-examinadores variou de 0,81- 0,91 e na calibração intraexaminadores de 0,83-0,90, representando boa confiabilidade. A verificação da concordância intra-examinador foi realizada antes e durante a coleta dos dados, no sentido de aferir se a consistência obtida no treinamento foi mantida em campo. Durante a coleta de dados, a concordância foi feita a partir da prática do exame em duplicata, ou seja, o examinador reexaminou em torno de 10% da amostra (repetiu um indivíduo a cada grupo de 10), não identificando o paciente que estava sendo reexaminado. O fato de o examinador saber que o indivíduo foi examinado previamente pode influenciar o grau de atenção e, consequentemente, as observações. O anotador, marcou os indivíduos sorteados (1 a cada 10) para o reexame durante toda a coleta de dados. 4.4.3 Aplicação do questionário e diários alimentares Em reunião pais/escola, foram aplicados os questionários direcionados aos pais/responsáveis (APÊNDICE B) contendo perguntas acerca dos fatores demográficos, hábitos alimentares e cuidados em saúde bucal das crianças, assim como, foram entregues os diários alimentares aos pais/responsáveis e solicitado o seu preenchimento (APÊNDICE C e D). Os pais/responsáveis que não 48 compareceram à reunião pais/escola, foram interrogados no momento que deixavam ou pegavam a criança na creche. Para a avaliação dos fatores demográficos do núcleo familiar, foram questionados o nível de escolaridade do chefe da família (FELDENS et al., 2010, RODRIGUES; SHEIHAM, 2000), renda mensal familiar (RODRIGUES; SHEIHAM, 2000; OLIVEIRA; SHEIHAM; BÖNECKER, 2008), número de membros da família que participam e/ou dependem da referida situação econômica (MELO et al., 2011), tipo de instituição (PIOVESAN et al., 2011), situação de habitação (OLIVEIRA; SHEIHAM; BÖNECKER, 2008) e zona de domicílio (MASSEREJIAN et al., 2008). 4.4.4 Exame clínico e avaliação da cárie dentária Os exames clínicos foram realizados por um examinador e anotador previamente calibrados. Os pré-escolares foram examinados nas dependências das creches em local sob iluminação natural, ventilado e próximo de uma fonte de água, estando examinador e criança sentados em cadeiras. Para os exames clínicos da cavidade oral, previamente foi realizada escovação dentária supervisionada nas crianças, e utilizados gazes para secagem das superfícies dentárias, espelhos bucais e sonda periodontal da OMS (sonda CPI- remoção de debris) para levantamentos epidemiológicos (WHO, 1997). Os diferentes espaços dentários foram abordados de um para o outro, sistematicamente, por quadrante, iniciando do segundo molar até o incisivo central superior direito (55 ao 51), seguindo em sentido horário até concluir com o hemiarco inferior direito (81 ao 85). Realizou-se 20 exames clínicos por dia (BRASIL, 2003). Para avaliação da condição de saúde bucal dos pré-escolares foi utilizado o índice ceo-d para cárie dentária, segundo os códigos e critérios recomendados pela Organização Mundial da Saúde (OMS), na publicação Oral health surveys: basic methods, quarta edição (1997) adaptados pelo projeto SB Brasil 2003 (Anexo D). Os dados obtidos foram anotados em fichas próprias (Anexo C) pra facilitar a tabulação dos dados (WHO, 1997). Para o cálculo do índice ceo-d e seus componentes todos os dentes examinados receberam um código de acordo com o anexo D. O total do ceod de 49 uma criança se deu pela somatória dos componentes cariados (c), extração indicada por cárie (e) e obturados (o). A média para um grupo de indivíduos foi obtida dividindo-se a soma pelo número de pessoas examinadas. Para a pesquisa em dentição decidua são considerados apenas os dentes perdidos por ataque de cárie, sendo excluído os que esfoliam naturalmente. 4.4.5 Medidas antropométricas e avaliação do estado nutricional A antropometria é vastamente utilizada para avaliar a condição nutricional de indivíduos e grupos populacionais. Neste estudo, a avaliação antropométrica incluiu a medição do peso e estatura (WHO, 2007). Em crianças em idade superior a 5 anos, 3 indicadores são usualmente utilizados: peso para idade, estatura para idade e o IMC para idade. Esses indicadores foram obtidos por meio das informações de peso, estatura, idade e sexo das crianças, resultando em valores de classificação em percentil e z-escore, que foram comparados as curvas de crescimento de referência, de acordo com Who (2007). 4.4.5.1 Peso Para a medida do peso corporal foi utilizada uma balança digital portátil (Marca® Tanita, São Paulo, Brasil) de precisão com capacidade para 150kg, divisão de 100g, nivelada e calibrada, na qual foi colocada em superfície lisa, sem qualquer tapete ou carpete, para evitar oscilações nas medidas. As crianças foram pesadas em pé, permanecendo imóveis e no meio da balança, descalços e com os pés ligeiramente afastados. Foi solicitado a criança que retirasse o sapato e a roupa externa (WHO, 2008). Antes da criança subir na balança o mostrador deveria revelar “0,0” quilo. Foi observado também se a criança não estava segurando algo para apoiá-lo, no momento da aferição. 50 Figura 1- Posicionamento para aferição do peso da criança. Fonte: Arquivo pessoal, 2014. 4.4.5.2 Estatura As medidas da altura foram obtidas por meio de um estandiômetro fixo (Marca Macrosul), com escala de 0 a 200 cm e resolução em milimetros, previamente fixado na parede, montado em um ângulo reto entre o piso (nível do solo) e a superficie reta vertical de uma parede ou coluna. As crianças foram orientadas a retirar os sapatos, meias e enfeites de cabelo e a ficarem com as costas voltadas para a escala de estatura, devendo encostar-se à parede o calcanhar, a panturrilha, nádegas, escápula e a parte de trás da cabeça, com os pés ligeiramente afastados entre si. Nas crianças obesas, pelo menos um ponto foi tocado na parede vertical. A cabeça em plano de Frankfurt e olhos em linha paralela ao solo (WHO, 2008). As medições foram efetuadas pelo mesmo investigador (Figura 2). 51 Figura 2 - Posicionamento para aferição da estatura da criança. Fontes: Gordon; Chumlea; Roche,1988 e arquivo pessoal, 2014. 4.4.5.3 Padrão de referência Para a análise dos dados antropométricos da população de estudo foi utilizado o software WHO ANTHROPLUS v. 1.0.4, o qual é considerado um aplicativo de uso mundial, sendo indicado pela OMS desde 2007 para monitorar o crescimento de crianças e adolescentes (OLIVEIRA; SHEIHAM; BÖNECKER, 2008, WHO, 2008) (Figura 3). Para cada indicador, há tabelas e gráficos separados para meninos e meninas, o usuário pode escolher um z-escore e um sistema de classificação percentil para interpretar os resultados. Após serem informados os dados de sexo, peso, estatura, data da avaliação e data de nascimento do examinado, o programa fornece a idade em meses, o valor do IMC, os resultados da análise em classificação percentil e z-escore (Figura 4). São gerados gráficos de avaliação de crescimento baseado na referência da Who de 2007, determinando o estado nutricional das crianças sob os indicadores peso para idade, estatura para idade e IMC para idade (Anexo E). 52 Figura 3 - Tela inicial do software AnthroPlus, v. 1.0.4. Fonte: Who, 2007. Figura 4 - Calculadora antropométrica para preenchimento dos dados e obtenção dos resultados em percentis e z-escores, segundo os indicadores peso para idade, estatura para idade e IMC para idade. Fonte: Who, 2007. Para classificação do diagnóstico nutricional segundo os indicadores peso para idade, estatura para idade e IMC para idade utilizou-se os seguintes pontos de corte, visualizados no quadro 2. 53 Quadro 2- Avaliação do estado nutricional de crianças segundo os indicadores peso para idade, estatura para idade e IMC por idade. Indicador peso para idade Pontos de corte Diagnóstico nutricional Percentil z-escores < 0,1 < -3 Muito baixo peso para idade Peso baixo para idade > 0,1 a < 3 ≥ -3 e < -2 Peso adequado ou eutrófico ≥ 3 e < 97 ≥ -2 e ≤ +2 Peso elevado para idade ≥ 97 > +2 Indicador estatura para idade Pontos de corte Diagnóstico nutricional Percentil z-escores < 0,1 < -3 Muito baixa estatura para idade Baixa estatura para idade > 0,1 a < 3 ≥ -3 e < -2 Estatura adequada para idade ≥3 ≥ -2 Indicador IMC para idade Pontos de corte Percentil z-escores < 0,1 < -3 > 0,1 a < 3 ≥ -3 e < -2 ≥ 3 e < 85 ≥ -2 e ≤ + 1 ≥ 85 e < 97 >+1e≤+2 ≥ 97 e < 99,9 > +2 e ≤ + 3 ≥ 99,9 >+3 Diagnóstico nutricional Magreza acentuada Magreza Peso adequado ou eutrófico Sobrepeso Obesidade Obesidade grave Fonte: Who, 2007. 4.4.5 Avaliação dos hábitos alimentares A avaliação da cariogenicidade é fundamental para a aplicação de medidas terapêuticas e preventivas relacionadas com a cárie e deve estar fundamentada em informações obtidas sobre os hábitos alimentares. Essa avaliação auxilia na estimativa do desafio cariogênico e pode determinar o valor nutritivo da dieta. Com esse propósito, utilizou-se como instrumentos para avaliar os hábitos alimentares dos pré-escolares, o diário alimentar individual e o institucionalizado, assim como um formulário contendo questionamentos sobre a amamentação natural e artificial (BEZERRA; TOLEDO, 2003). O diário alimentar constitui um instrumento que permite se conhecer os alimentos, suas características e frequência de consumo, ao longo do dia. Geralmente é utilizado na atenção individual à saúde, porém, por se tratar de 54 crianças institucionalizadas, onde é oferecido um único cardápio, é possível uma adequação em um levantamento de caráter coletivo. Neste estudo foi utilizado o diário alimentar de três dias, devido à dificuldade apontada pelas mães com relação ao preenchimento por um período maior. Para as instituições que funcionam em tempo integral, foi solicitado que as cozinheiras das respectivas instituições pesquisadas registrassem no diário alimentar instituicional, a alimentação semanal das crianças pesquisadas, e aos pais/responsáveis que complementassem no diário alimentar o que a criança consumiu em casa nos três dias, excluindo os finais de semana, visto que, geralmente nestes dias a alimentação normalmente é modificada. (ALMEIDA; GUEDES-PINTO, 2012). O método utilizado para avaliação da frequência da ingestão de açúcar na dieta baseou-se no estudo de Rodrigues e Sheiham (2000) e Scalioni et al. (2012). A análise dos hábitos alimentares foi feita para cada criança individualmente. O consumo de dieta cariogênica foi calculado por meio da análise da frequência de ingestão de sacarose, registrado no diário alimentar de três dias e no diário institucional. Para cada criança, foi avaliado o consumo médio de ingestão de açúcar, nos três dias, e classificado em frequência baixa ( ingestão de 0 a quatro vezes por dia) e alta ( ingestão de cinco ou mais vezes por dia). 4.5 Estudo-Piloto O estudo piloto foi realizado com a finalidade de avaliar os instrumentos de pesquisa e a dinâmica de coleta dos dados, verificando as dificuldades observadas durante a realização do estudo, no preenchimento dos questionários, exame clínico e medição antropométrica das crianças, o que possibilitou realizar os devidos ajustes. Para a realização do estudo-piloto foram sorteadas duas creches (uma pública e uma privada), e em cada creche, sorteados 13 alunos, totalizando 26 crianças, o que corresponderam a 10% da amostra do estudo. 55 4.6 Encaminhamentos dos Pré-Escolares Nos casos detectados com necessidade de tratamento dentário e/ou alterações nutricionais, os pais/responsáveis foram informados, e as crianças encaminhadas para a Unidade Básica de Saúde correspondente a área da abrangência do domicílio e/ou consultórios particulares, ou para a clínica escola de Odontologia da Universidade Federal de Campina Grande (UFCG). 4.7 Elenco de Variáveis As variáveis independentes associadas à presença de cárie dentária (variável dependente) estão categorizadas no quadro 3. Quadro 3 - Relação das variáveis independentes com categorização. Variáveis Independentes Sexo Tipo de instituição (PIOVESAN et al., 2011). Renda mensal familiar (OLIVEIRA; SHEIHAM; BÖNECKER, 2008) Escolaridade do chefe de família (VALENTE, HECKTHEUER, BRASIL, 2010) Número de moradores por domicílio (MELO et al., 2011) Situação de habitação (OLIVEIRA; SHEIHAM; BÖNECKER, 2008) Zona do domicílio (MASSEREJIAN et al, 2008) Estado Nutricional – Peso para idade (WHO, 2007; RODRIGUES; SHEIHAM, 2000) Estado Nutricional – Estatura para idade (WHO, 2007) Estado Nutricional – Peso_idade (WHO, 2007) Categorização 0. Feminino 1. Masculino 0. Pública 1. Particular 0. < 1 Salário mínimo 1. 1-2 Salários mínimos. 2. ≥ 3 Salários mínimos . 0. Analfabeto 1. Ensino Fundamental incompleto 2. Ensino Fundamental completo 3. Ensino médio completo 4. Ensino Superior completo 0. Menos que seis pessoas. 1. Seis ou mais pessoas. 0. Própria/financiada 1. Alugada 2. Cedida 0. Urbana 1. Rural 0. Muito baixo peso/baixo peso 1. Peso adequado/Eutrófico 2. Peso elevado 0. Muito baixa estatura /Baixa estatura 1. Estatura adequada 0. Magreza acentuada/Magreza 1. Peso adequado/Eutrófico 2. Sobrepeso/ Obesidade/ Obesidade 56 grave. Aleitamento materno (MOHEBBI et al., 2008) 0. Sim 1. Não Duração do hábito de aleitamento materno (SLABSINKIENE et al., 2010) 0. ≤ 1 ano de idade 1. > 1 ano de idade Uso de mamadeira (MOHEBBI et al., 2008) 0. Sim 1. Não Uso atual da mamadeira 0. Sim 1. Não Duração do hábito de uso de mamadeira (SLABSINKIENE et al., 2010) 0. ≤ 1 ano de idade 1. > 1 ano de idade Introdução de açúcar na dieta 0. Antes de 1 ano de idade 1. Após 1 ano de idade Adição de açúcar na dieta relatada pelos pais/responsáveis 0. ≤ 2 vezes ao dia 1. ≥ 3 vezes ao dia Frequência de ingestão de açúcar em casa (RODRIGUES; SHEIHAM, 2000, SCALIONI et al., 2012) Frequência de ingestão de açúcar na instituição de ensino. (RODRIGUES; SHEIHAM, 2000, SCALIONI et al., 2012) Frequência total diária de ingestão de açúcar (RODRIGUES; SHEIHAM, 2000, SCALIONI et al., 2012) Frequência de escovação dentária (CRUVINEL et al., 2010) Análise do diário alimentar de três dias 0. Baixa (< 5 vezes/dia) 1. Alta (≥ 5 vezes/dia) Análise do diário alimentar institucional 0. Baixa (< 5 vezes/dia) 1. Alta (≥ 5 vezes/dia) Análise da frequência total 0. Baixa (< 5 vezes/dia) 1. Alta (≥ 5 vezes/dia) 0. < 2x/dia. 1. 3 x/ dia. Escovação dentária (SLABSINKIENE et al., 2010) 0 .Com Supervisão do adulto 1 .Sem supervisão do adulto Visita ao dentista no último ano (OLIVEIRA; CHAVES; ROSENBLATT, 2006). 0. Sim 1. Não 4.8 Análise e Interpretação dos Dados Na análise dos dados foram utilizados os procedimentos descritivos: frequências, frequências percentuais e as medidas: médias, desvio padrão, mediana e amplitude. Para determinar possíveis fatores que podem influenciar na prevalência de crianças com cárie foram determinadas as tabelas de contingência bivariadas entre a ocorrência de cárie com as variáveis independentes e valores de p e da razão de prevalência com respectivos intervalos de confiança obtidos através de regressões de Poisson univariadas (ou Razões de prevalências brutas). 57 As variáveis com significância menor ou igual a 0,2 (p ≤ 0,20) foram incluídas num modelo de regressão de Poisson multivariada inicial e através do processo de seleção com p < 0,20 com o procedimento passo para trás foi obtido o modelo final. No modelo foram obtidas os valores de significância, as RP ajustadas com respectivos intervalos de confiança (95%). Os dados foram digitados na planilha EXCEL e os softwares utilizados para a obtenção dos cálculos estatísticos foram o SPSS (Statistical Package for the Social Sciences) na versão 21.0 e o STATA (Statistics/Data Analysis) v. 11. 58 5 RESULTADOS 5.1 Caracterização da Amostra Participaram do estudo 216 pares crianças e pais/responsáveis, correspondendo a 85,01% do número amostral com taxa de não resposta de 20 %. O valor de n admitido mediante cálculo foi de 212 crianças. A perda de 38 foi devido à ausência da criança na creche no dia de coleta dos dados, recusa dos pais/responsáveis ou não participação nas reuniões pais/escola, não preenchimento ou devolução do diário alimentar e a recusa da criança na realização dos exames. Avaliando o perfil epidemiológico da cárie dentária, observou-se prevalência da doença em 67,6% da amostra, ou seja, 146 crianças já foram acometidas pela doença, totalizando 752 dentes cariados, 38 com extração indicada e 17 obturados. A distribuição do número de dentes cariados, com extração indicada e obturados por creches públicas e privadas pode ser observada na figura 5. A prevalência de cárie não tratada foi de 67,6%, sugerindo que mais da metade das crianças da amostra apresentou lesão de cárie. O índice ceo-d variou de 0 a 17, com média foi de 3,74 (± 4,031) e mediana= 2,0). O componente “c” do ceo-d correspondeu a 93,9% do valor total do índice, esse valor indica que de cada 100 dentes com sinais de experiência de cárie atual ou pregressa da doença, cerca de 94 não estão restaurados. Apenas 32,4% da amostra (70), não apresentaram nenhuma experiência anterior de cárie dentária, enquanto que 37,0% (80) apresentaram 1 a 5 dentes acometidos por tal lesão e 30,6% mais de 6 dentes. 59 9 8 OBTURADO 6 EXTRAÇÃO INDICADA 32 89 CARIADO 663 0 200 PRIVADA 400 600 800 PÚBLICA Figura 5 - Distribuição do número de dentes cariados, com extração indicada e obturados por creches públicas e privadas. Patos, 2014. Em relação às variáveis demográficas, verificou-se que das crianças participantes, a maioria pertencia ao sexo masculino (53,7%), e a creches públicas (72,2%). Os pré-escolares apresentaram idade média de 63,5 meses (± 3,55), variando de 60 a 71 meses. Observou-se uma maior prevalência das famílias com renda mensal entre 1 a 2 salários-mínimos (48,1%). Ainda, 89,9% dos chefes das famílias eram alfabetizados, com maior prevalência de escolaridade no ensino fundamental completo (38,0%). A quantidade de moradores residentes por domicilio apresentou percentuais variando de dois (3,2%) a 10 pessoas (0,5%), com média de 4,2 (± 1,29). De uma maneira geral, a maioria das famílias participantes deste estudo apresentou-se pequena, composta por menos de 5 pessoas (87,0%). Observou-se ainda a situação da habitação das famílias e a zona do domicílio, com maior frequência de residências próprias/financiadas (50,0)% e na zona urbana (75,5%). Os dados referentes a caracterização amostral estão descritos da Tabela 1. Foram avaliados também os aspectos biológicos das crianças: a altura média encontrada foi de 110,8 cm (± 6,3) e variabilidade de 96 a 128 cm; peso médio de 19,07 kg (± 3,64), variando de 13,2 a 33,7 kg; IMC médio de 15,45 ( ± 1,85), e valores mínimo e máximo de 12 e 21,8. Avaliando-se o estado nutricional, segundo os indicadores peso para idade e IMC para idade, a maior ocorrência foi de crianças 60 com peso normal (eutróficas), correspondendo a 88,4% e 76,9% respectivamente. Segundo o indicador estatura para idade, 94,0% das crianças apresentaram estatura adequada para idade (Tabela 1). Tabela 1 - Caracterização amostral, Patos-PB, 2014 Privada n (%) Pública n (%) Total de crianças n (%) Sexo Feminino Masculino 32 (53,3) 28 (46,7) 68 (43,6) 88 (56,4) 100 (46,3) 116 (53,7) Renda < 1 SM 1 e 2 SM ≥ 3 SM Não informado 9 (15,0) 30 (50,0) 20 (33,3) 1 (1,7) 76 (48,7) 74 (47,4) 3 (1,9) 3 (1,9) 85 (39,4) 104 (48,1) 23 (10,6) 4 (1,9) Escolaridade do chefe de família Analfabeto Ensino fundamental incompleto Ensino fundamental completo Ensino médio completo Ensino superior completo 1 (1,7) 5 (8,3) 11 (18,3) 26 (43,3) 17 (28,3) 20 (12,8) 47 (30,1) 71 (45,5) 18 (11,5) 0 (0,0) 21 (9,7) 52 (24,1) 82 (38,0) 44 (20,4) 17 (7,9) Número de moradores por domicílio < 6 pessoas > 6 pessoas 58 (96,7) 2 (3,3) 130 (83,3) 26 (16,7) 188 (87,0) 28 (13,0) Situação da habitação Própria/financiada Alugada Cedida Não informado 33 (55,0) 21 (35,0) 4 (6,7) 2 (3,3) 75 (48,1) 56 (35,9) 24 (15,4) 1 (0,6) 108 (50,0) 77 (35,6) 28 (13,0) 3 (1,4) Zona do domicílio Rural Urbana 4 (6,7) 56 (93,3) 49 (31,4) 107 (68,6) 53 (24,5) 163 (75,5) Estado nutricional (peso-idade) Baixo peso Eutrófico Peso elevado 0 (0,0) 50 (83,3) 10 (16,7) 11 (7,1) 141 (90,4) 4 (2,6) 11 (5,1) 191 (88,4) 14 (6,5) Estado nutricional (Estatura_ aidade) Baixa estatura Estatura adequada 0 (0,0) 60 (100,0) 13 (8,3) 143 (91,7) 13 (6,0) 203 (94,0 1 (1,7) 10 (6,4) 11 (5,1) Variáveis Estado nutricional (IMC_Idade) Magreza 61 Eutrófico Sobrepeso/ obesidade 41 (68,3) 18 (30,0) 125 (80,1) 21 (13,5) 166 (76,9) 39 (18,1) Em relação aos hábitos alimentares, 90,3% das crianças foram amamentadas no seio, por um período médio de 11,4 meses ( ± 12,14) compreendendo o intervalo de 1 a 70 meses. O uso da mamadeira se deu em 84,3% dos casos, com uso médio de 47,9 meses (± 19,7), variabilidade de 5 a 71 meses, com conteúdo desde leite adoçado e achocolatado (33,4%), a mingau (64,1%), suco (9,4%) e vitamina (1,9%). Salienta-se que 31,9% das crianças ainda faziam uso da mamadeira no momento da entrevista. As frequências da duração do hábito da amamentação e uso da mamadeira podem ser visualizados na tabela 2. A maioria das crianças da amostra teve o primeiro contato com alimentos açucarados, antes de um ano de idade (54,2%). No entanto, ao serem questionados sobre a adição de açúcar na dieta, a maioria dos pais/responsáveis relataram não ser superior a 2 vezes ao dia (59,7%). Por meio da análise dos diários alimentares preenchidos pelos pais/responsáveis observou-se que a frequência de ingestão de alimentos contendo açúcar em casa, foi baixa (99,1%), com frequência variando de 1 a 5 vezes ao dia (média de 2,75 e desvio padrão de 0,96). A frequência de ingestão na creche também foi baixa (100,0%), com frequência de 1 a 3 vezes ao dia (média de 1,5 e desvio padrão de 0,68). Avaliando frequência total de ingestão de açúcar/dia pelos pré-escolares individualmente, percebe-se uma baixa frequência no consumo de alimentos contendo açúcar (59,7%), com variabilidade de 2,0 a 6,6 (média de 4,26 e desvio padrão de 1,05) (Tabela 2). Avaliando os hábitos de higiene bucal das crianças, todos utilizam creme dental durante a escovação (100,0%), com quantidade que cobre metade das cerdas da escova (35,3%). Verificou-se ainda que a maioria das crianças realizavam até duas escovações ao dia (85,1%), e 63,4% delas recebiam aconselhamento e supervisão de um adulto durante a escovação dentária. Acerca da ida ao cirurgiãodentista no último ano, 58,3% dos pais/responsáveis levaram a crianças, relatando 62 motivo de tratamento dentário (51,2%), consulta de rotina (26,0%) e por dor/urgência (22,8%). A distribuição dos dados referentes aos hábitos alimentares e de higiene bucal por instituição de ensino podem ser visualizados na tabela 2. Tabela 2 - Distribuição dos dados referentes aos hábitos alimentares e de higiene bucal por instituição de ensino, Patos-PB, 2014 Privada Pública n (%) n (%) Total de crianças n (%) Hábito de aleitamento materno Sim Não Não informado 59 (98,3) 1 (1,7) 0 (0,0) 136 (87,2) 18 (11,5) 2 (1,3) 195 (90,3) 19 (8,8) 2 (0,9) Duração do hábito de aleitamento materno ≤ 1 ano > 1 ano Não informado 39 (66,1) 17 (28,8) 3 (5,1) 36 (26,5) 21 (15,4) 79 (58,1) 75 (38,5) 38 (19,5) 82 (42,1) Uso de mamadeira Sim Não Não informado 54 (90,0) 5 (8,3) 1 (1,7) 128 (82,1) 15 (9,6) 13 (8,3) 182 (84,3) 20 (9,3) 14 (6,5) Uso atual da mamadeira Sim Não Não informado 30 (50,0) 30 (50,0) 0 (0,0) 39 (25,0) 116 (74,4) 1 (0,6) 69 (31,9) 146 (67,6) 1 (0,5) Duração do hábito de uso da mamadeira ≤ 1 ano > 1 ano Não informado 2 (3,7) 50 (92,6) 2 (3,7) 1 (0,8) 68 (53,1) 59 (46,1) 3 (1,6) 118 (64,8) 61 (33,5) Introdução de açúcar na dieta Antes de 1 ano de idade Após 1 ano de idade Não informado 26 (43,3) 34 (56,7 0 (0,0) 91 (58,3) 62 (39,7) 3 (1,9) 117 (54,2) 96 (44,4) 3 (1,4) Variáveis 63 Adição de açúcar na dieta relatada pelos pais ≤ 2 vezes ao dia ≥ 3 vezes ao dia Não informado 35 (58,3) 24 (40,0) 1 (1,7) 94 (60,3) 62 (39,7) 0 (0,0) 129 (59,7) 86 (39,8) 1 (0,5) Frequência de ingestão de açúcar em casa Baixa Alta 59 (98,3) 1 (1,7) 155 (99,4) 1 (0,6) 214 (99,1) 2 (0,9) Frequência de ingestão de açúcar na creche Baixa Alta 60 (100,0) 0 (0,0) 156 (100,0) 0 (0,0) 216 (100,0) 0 (0,0) Frequência total diária de ingestão de açúcar Baixa Alta 40 (66,7) 20 (33,3) 89 (57,1) 67 (42,9) 129 (59,7) 87 (40,3) Frequência de escovação dentária ≤ 2 vezes ao dia ≥ 3 vezes ao dia 49 (83,1) 10 (16,9) 34 (85,9) 22 (14,1) 183 (85,1) 32 (14,9) Escovação dentária Com supervisão do adulto Sem supervisão do adulto Não informado 46 (76,7) 14 (23,3) 0 (0,0) 91 (58,3) 64 (41,0) 1 (0,6) 137 (63,4) 78 (36,1) 1 (0,5) Visita ao dentista no último ano Sim Não Não informado 26 (43,3) 32 (53,3) 2 (3,3) 100 (64,1) 54 (34,6) 2 (1,3) 126 (58,3) 86 (39,8) 4 (1,9) 5.3 Análise Bivariada Na tabela 3 analisa-se a prevalência de cárie em relação às variáveis demográficas e estado nutricional. As variáveis sexo, escolaridade do chefe de família, número de moradores por domicilio, situação de habitação e zona do domicílio apontaram ausência de associação em relação à presença da cárie dentária (p=0,454, p=0,074, p=0,974, p= 0,653, p=0,553, respectivamente). 64 Observou-se associação significativa para a variável renda mensal familiar, de modo que as crianças pertencentes a famílias que ganham mais de 3 salários mínimos apresentam significativamente menor prevalência de carie quando comparados aos que ganham menos de um salário mínimo (RPbruta=0,49; p=0,016; IC 95%, 0,280,88). Outra variável que se mostrou significante estatisticamente em relação à cárie dentária foi tipo de instituição frequentada pelas crianças da maneira que, crianças de creches públicas apresentaram significativamente maior prevalência cárie quando comparadas as crianças que estudam em creches particulares (p < 0,001, RPbruta=1,69; IC 95%, 1,26-2,27), Quanto as variáveis do estado nutricional a única que apresentou resultado significativo foi para o indicador peso para idade. As crianças eutróficas ou com peso adequado para idade apresentaram significativamente menor prevalência de cárie que as crianças de baixo peso (RPbruta=0,76; p =0,011, IC 95%, 0,62-0,94), assim como as crianças de peso elevado apresentaram menor prevalência de cárie que as de baixo peso (RPbruta=0,31; p =0,008 IC 95%, 0,13-0,74) (Ver tabela 3). Tabela 3 - Prevalência de cárie em função de fatores demográficos e estado nutricional, Patos, 2014 CÁRIE DENTÁRIA Variável Valor de p RPbruto (IC 95%) 0,454 1,07 (0,891,29) Presente Ausente Total n (%) n (%) n (%) Variáveis demográficas Sexo Feminino 65 (65,0) 35 (35,0) 100 (100,0) Masculino 81 (69,8) 35 (30,2) 116 (100,0) Escolaridade chefe família Analfabeto Fundamental incompleto 14 (66,7) 7 (33,3) 21 (100,0) 41 (78,8) 11 (21,2) 52 (100,0) 0,325 59 (72,0) 23 (28,0) 82 (100,0) 0,652 24 (54,5) 20 (45,5) 44 (100,0) 0,333 8 (47,1) 9 (52,9) 17 (100,0) 0,247 Fundamental completo Médio completo Superior Renda mensal familiar 0,074 0,045* 1,18 (0,851,65) 1,08 (0,771,50) 0,82 (0,541,23) 0,70 (0,391,27) 65 < 1 SM Entre 1 e 2 SM Acima de 3 SM Número de moradores por domicílio < 6 pessoas > 6 pessoas Tipo de instituição Privada Pública Variáveis demográficas Situação da habitação Própria Alugada Cedida Zona do domicílio Rural Urbana 60 (70,6) 25 (29,4) 85 (100,0) 75 (72,1) 29 (27,9) 104 (100,0) 0,818 8 (34,8) 15 (65,2) 23 (100,0) 0,016* 127 (67,6) 61 (32,4) 188 (100,0) 19 (67,9) 9 (32,1) 28 (100,0) 27 (45,0) 33 (55,0) 60 (100,0) 119 (76,3) 37 (23,7) 156 (100,0) 75 (69,4) 33 (30,6) 108 (100,0) 50 (64,9) 27 (35,1) 77 (100,0) 0,525 19 (67,9) 9 (32,1) 28 (100,0) 0,873 34 (64,2) 19 (35,8) 53 (100,0) 112 (68,7) 51 (31,3) 163 (100,0) 1 (9,1) 11 (100,0) 59 (30,9) 191 (100,0) 0,011* 4 (28,6) 10 (71,4) 14 (100,0) 0,008* 10 (76,9) 3 (23,1) 13 (100,0) 136 (67,0) 67 (33,0) 203 (100,0) 8 (72,7) 3 (27,3) 11 (100,0) 117 (70,5) 49 (29,5) 166 (100,0) 0,870 21 (53,8) 18 (46,2) 39 (100,0) 0,205 Variáveis – Estado nutricional Peso Idade Baixo Peso 10 (90,9) Eutrófico 132 (69,1) Peso Elevado Altura idade Baixa estatura Estatura adequada IMC_idade Magreza Eutrófico Sobrepeso/Obesidade 1,02 (0,851,23) 0,49 (0,280,88) 0,974 1,00 (0,761,32) <0,001* 1,69 (1,262,27) 0,553 0,93 (0,761,15) 0,98 (0,741,30) 1,07 (0,851,34) 0,003* 0,388 0,76 (0,620,94) 0,31 (0,130,74) 0,87 (0,641,19) 0,219 0,97 (0,661,41) 0,74 (0,461,18) (*): Significativa ao nível de 5% Na tabela 4 analisa-se a prevalência de cárie dentária em relação aos hábitos alimentares. Não foram observadas associações significativas entre a presença da doença, o hábito do uso de mamadeira e uso atual da mamadeira e a introdução de açúcar na dieta (p=0,167, p=0,643, p=0,792, respectivamente). Em relação ao 66 aleitamento materno, observou-se que as crianças que não foram amamentadas ao seio materno apresentaram maior prevalência de carie que aquelas que foram amamentadas (RPbruta=1,35; p <0,001 IC 95%, 1,12-1,63). Houve associação estatisticamente significativa também, entre a doença cárie e a adição de açúcar na dieta relatada pelos pais (p< 0,001), uma vez que crianças que estão expostas três ou mais vezes ao açúcar na dieta apresentaram 1,42 vezes maior prevalência que as crianças expostas à duas ou menos vezes (RPbruta=1,42; IC 95%; 1,19-1,69). Na análise da dieta consumida pelas crianças por meio dos diários alimentares, apenas a variável frequência diária total de ingestão de açúcar foi associada a presença de cárie, na qual mostrou-se estatisticamente significativa (p <0,001), de modo que as crianças classificadas com alta frequência diária de ingestão de açúcar apresentaram 1,75 maior prevalência de cárie que as de baixa ingestão (RPbruta=1,75; IC 95%, 1,46-2,09). Tabela 4 - Prevalência de cárie em função dos hábitos alimentares, Patos, 2014 CÁRIE DENTÁRIA Variável Valor de p RPbruto (IC 95%) 20 (100,0) 0,167 0,73 (0,461,14) 3 (100,0) 120 (100,0) 0,951 Presente Ausente Total n (%) n (%) n (%) Sim 125 (68,7) 57 (31,3) 182 (100,0) Não 10 (50,0) 10 (50,0) ≤ 1 ano 2 (66,7) 1 (33,1) > 1 ano 82 (68,3) 38 (31,7) Sim 48 (69,6) 21 (30,4) Não 97 (66,4) 49 (33,6) 69 (100,0) 146 (100,0) 129 (66,2) 66 (33,8) 195 (100,0) Uso de mamadeira Duração do hábito do uso da mamadeira 1.02 (0,851,23) Uso atual da mamadeira Aleitamento materno Sim 0,643 0,95 (0,791,16) 67 Não 17 (89,5) 2 (10,5) 19 (100,0) ≤ 1 ano 46 (61,3) 29 (38,7) 75 (100,0) > 1 ano 20 (52,6) 18 (47,4) 38 (100,0) Antes de 1 ano de idade 80 (68,4) 37 (31,6) 117 (100,0) Após 1 ano de idade 64 (66,7) 32 (33,3) 96 (100,0) < 3 vezes/dia 75 (58,1) 54 (41,9) 129 (100,0) ≥ 3 vezes/dia 71 (82,6) 15 (17,4) 86 (100,0) Baixa 67 (51,9) 62 (48,1) 129 (100,0) Alta 79 (90,8) 8 (9,2) 87 (100,0) 0,001* 1,35 (1,121,63) 0,392 0,85 (0,601,22) 0,792 0,97 (0,811,18) <0,001* 1,42 (1,191,69) <0,001* 1,75 (1,462,09) Duração do hábito de aleitamento materno Introdução de açúcar dieta Adição de açúcar na dieta relatado pelos pais Frequência diária total de ingestão de açúcar (*): Significativa ao nível de 5% Em relação aos hábitos de higiene bucal não foram observadas associações significativas entre a presença de cárie dentária nas crianças e os hábitos (Frequência de escovações diárias, visita ao dentista no último ano e escovação supervisionada) (Tabela 5). As crianças que visitaram o cirurgião-dentista no último ano apresentaram maior prevalência de cárie em comparação as que não visitaram (RPbruta=0,86; p <0,129). Tabela 5 - Prevalência de cárie em função dos hábitos de higiene bucal. Patos, 2014 CÁRIE DENTÁRIA Variável Presente Ausente Total n (%) n (%) n (%) ≤ 2 vezes 123 (67,2) 60 (32,8) 183 (100,0) > 3 vezes 23 (71,9) 9 (28,1) 32 (100,0) Valor de p RPbruto (IC 95%) Frequência de escovações diárias 0,584 1,07 (0,841,36) 68 Visita ao dentista no último ano Sim Não Escovação supervisionada Com supervisão Sem supervisão 92 (73,0) 34 (27,0) 126 (100,0) 54 (62,8) 32 (37,2) 86 (100,0) 91 (66,4) 46 (33,6) 137 (100,0) 54 (69,2) 24 (30,8) 78 (100,0) 0,129 0,86 (0,711,04) 0,670 1,04 (0,861,26) (*): Significativa ao nível de 5% 5.4 Análise Multivariada Na Tabela 6 apresenta-se os resultados do modelo de regressão de Poisson. No modelo inicial foram incluídas as variáveis que apresentaram significância na regressão univariada ao nível de 20% (p < 0,20): renda familiar, escolaridade do chefe da família, tipo de instituição, estado nutricional peso para idade, visita ao dentista no último ano, aleitamento materno, uso de mamadeira, adição de açúcar na dieta relatada pelos pais e frequência diária total de ingestão de açúcar. No modelo final foram selecionadas as variáveis: renda familiar, tipo de instituição, estado nutricional peso para idade, aleitamento materno, adição de açúcar na dieta relatada pelos pais e frequência diária total de ingestão de açúcar, e destas foram significativas a 5,0%: tipo de instituição, adição de açúcar na dieta relatada pelos pais e frequência diária total de ingestão de açúcar, e para as referidas variáveis se estima através das razões de prevalências que as crianças que estudam em creches públicas, se consome mais de 3 vezes açúcar por dia e se tem ingestão alta diária total de açúcar apresentaram maior prevalência de cárie. 69 Tabela 6 - Modelo multivariado das razões de prevalência de cárie, Patos, 2014 Variáveis Variáveis demográficas Renda mensal familiar < 1 SM Entre 1 e 2 SM Acima de 2 SM Estado nutricional Hábitos de aleitamento materno Consumo de açúcar p-valor RP ajustado 0,146 0,170 0,294 Tipo de instituição Privada Pública 0,010* Peso Idade Baixo peso Eutrófico Peso elevado 0,057 Aleitamento materno 0,814 0,021* Frequência diária total ingestão de açúcar Baixa Alta (*): Significativa ao nível de 5% 1,00 1,13 0,76 0,95-1,34 0,45-1,27 1,00 1,43 1,09-1,87 1,00 0,97 0,48 0,78-1,22 0,26-0,90 1,00 1,14 0,94-1,38 1,00 1,19 1,01-1,42 1,00 1,55 1,29-1,87 0,184 Sim Não Adição de açúcar na dieta relatada pelos pais < 3 vezes/dia ≥ 3 vezes/dia IC 95% 0,045* < 0,001* 70 6 DISCUSSÃO A realização deste estudo possibilitou conhecer as condições de saúde bucal da amostra de pré-escolares no município de Patos/PB, bem como avaliar os fatores que estão associados à prevalência da doença cárie dentária. O conhecimento destas variáveis pode contribuir para o controle da ocorrência da doença, e consequentemente melhorar a qualidade de vida das crianças. É importante salientar que não há evidências de estudos epidemiológicos sobre a cárie dentária em crianças de 5 anos de idade no referido município, e que esse tipo de estudo é indispensável para o planejamento e avaliação em saúde bucal coletiva. Os resultados apresentados pelo presente estudo somar-se-ão aos resultados obtidos e observados no SB Brasil (2010), constituindo em importante ferramenta de avaliação do impacto das ações de saúde bucal no município, auxiliando na implementação e no controle das ações e serviços de saúde nos pré-escolares, população esta, historicamente marginalizada das políticas de saúde bucal no Brasil (NARVAI et al., 2006). 6.1 Perfil Epidemiológico da Cárie Dentária Embora a tendência recente é de uma redução dos índices epidemiológicos da cárie dentária em todo o mundo, o nível da doença na população infantil ainda é bastante elevado em alguns países (HALLETT; O’ROURKE, 2006). No Brasil, a cárie dentária ainda consiste em uma das morbidades de maior relevância na saúde pública (CARVALHO et al., 2009), o que leva a necessidade de mais estudos para um melhor conhecimento desta doença. No presente estudo, os indicadores de prevalência de cárie dentária foram avaliados por meio do índice ceo-d (índice de dentes cariados, extraído por cárie ou obturados na dentição decídua), geralmente utilizado em diversos estudos epidemiológicos, incluindo levantamentos de ordem nacional (BRASIL, 2003; 2010). 71 O registro de uma elevada prevalência de cárie não tratada (67,6%) em crianças de cinco anos de idade no município de Patos/PB é consistente com dados do mais recente levantamento epidemiológico realizado no Brasil (BRASIL, 2010) que apontou que mais da metade (56,5%) das crianças com cinco anos de idade, em 2010, no Estado da Paraíba, apresentaram lesão de cárie não tratada, assim como, aos dados do estudo de Melo et al. (2010) em Recife- PE, os quais observaram 62,84% da amostra com a doença. Alguns trabalhos constataram a ocorrência da doença em menor proporção, como: prevalência 36,1% em Belo Horizonte/MG (BONANATO et al., 2010), de 23,4% em Santa Maria/RS (PIOVESAN et al., 2010), de 36,88% em Araraquara/SP (FOSHINI; CAMPOS, 2012), de 47,8% em Cascavel/PR ( BERTI et al., 2013). Observa-se com estes resultados que as desigualdades na prevalência de cárie e não tratada persistem, afetando as crianças com dentição decídua no Brasil. Os resultados do índice ceo-d no presente estudo mostram valor médio de 3,75 dentes afetados pela cárie, semelhante ao observado nas crianças da região Nordeste do Brasil (ceo-d médio de 3,99) e superior ao encontrado nas crianças do Brasil (ceo-d médio 2,41), mostrando que o perfil epidemiológico da cárie dentária é pior para crianças residentes nas regiões mais pobres do país (ARDENGHI; PIOVESAN; ANTUNES, 2013, BRASIL, 2010). Entretanto, o destaque deve ser dado a porcentagem de dentes não tratados, visto que 93,9% do índice ceo-d no presente estudo correspondeu ao componente cariado. Independente da condição socioeconômica, o que se viu tanto as crianças da escola pública quanto da privada, os valores de dentes cariados foram maiores que os obturados. Isto pode indicar um baixo acesso aos serviços de saúde bucal pela população estudada, devido ou pela negligência por parte dos pais/responsáveis em relação ao cuidado em saúde bucal, o que reflete a necessidade de maior conscientização por parte dos pais ou responsáveis com relação à importancia da manutenção da saúde bucal na dentição decídua, ou pelas dificuldades por parte do sistema de saúde no atendimento a população estudada. Deve-se salientar que na cidade de Patos-PB conta com 39 Equipes de Saúde Bucal implantadas, atendendo uma proporção média de 2.615 pessoas por equipe, cujo propósito é realizar ações de promoção, prevenção e recuperação de 72 saúde. Assim questiona-se se há dificuldade no acesso ou negligência dos cuidadores em buscarem o tratamento odontológico para seus filhos? Essas indagações podem ser parâmetros para novos estudos. Contudo, os resultados mostram a necessidade de propor ações não somente assistenciais em saúde bucal, mas ações de intervenções dentro de novas perspectivas, por exemplo; ações que estimulem a participação dos pais/responsáveis no processo saúde-doença, ações de promoção e prevenção da saúde bucal, e desenvolvimento de discussão do problema em comunidades, para que de fato a ação política agregue valor à saúde bucal das crianças. 6.2 Fatores Associados à Doença Cárie 6.2.1 Fatores Demográficos Na presente pesquisa, foi avaliada a ocorrência de cárie dentária em relação aos indicadores demográficos sexo, escolaridade do chefe de família, renda mensal familiar, número de moradores por domicilio, tipo de instituição de ensino, situação da habitação e zona do domicilio. Diversos trabalhos de investigação da cárie dentária têm sido desenvolvidos, e associação entre a doença e o sexo das crianças acometidas tem sido relatada. No presente estudo a maioria das crianças da amostra pertenceram ao sexo masculino. Verificou-se uma prevalência da cárie de forma semelhante entre as crianças do sexo masculino (69,8%) e feminino (65,0%), não sendo verificada associação significativa entre as variáveis mediante a análise bivariada, corroborando os resultados de Bonanato et al. (2010), Oliveira, Sheiham e Bonecker (2008), Power et al. (2013), Feldens et al. (2010), Piovessan et al. (2010). Entretanto estes resultados estão em desacordo aos de Heredia e Alva (2005) e Diaz-Cardenas e González-Martinez (2010), que verificaram maior prevalência da doença no sexo feminino. A maior experiência de cárie entre as crianças do sexo feminino parece estar relacionada ao fato da erupção dentária ser mais precoce nas mulheres, possibilitando exposição dos dentes ao meio bucal por um maior período, 73 aumentando assim, o risco de desenvolver a doença (HEREDIA; ALVA, 2005) Para Bonanato et al. (2010) pode haver diferenças culturais para explicar os diferentes resultados em diferentes países, embora os hábitos alimentares e de higiene oral parecem ser semelhantes entre os sexos na infância. A associação entre a cárie dentária e os indicadores demográficos é reforçada por um grande número de estudos, ao salientarem que os aspectos socioeconômicos influenciam o comportamento em saúde e os resultados na infância (BONANATO et al., 2010; SCAVUZZI et al., 2003; PIOVESAN et al., 2010). Não se observou associação significativa entre a escolaridade do chefe de família e a cárie dentária, embora a prevalência da doença tenha sido menor nas crianças cujo chefe de família possui o ensino superior comparada às crianças de pais analfabetos (RPbruto=0,70). Oliveira, Sheiham e Bönecker (2008) observaram que as crianças cujos pais apresentavam mais de 8 anos de estudo tinha 0,64 vezes menor prevalência de cárie quando comparados às que possuíam pais com menos de 8 anos de estudo, encontrando significância entre a prevalência de cárie e escolaridade materna (p=0,001) tanto na análise bivariada quanto na multivariada, e escolaridade paterna (p=0,005), apenas na bivariada. Piovesan et al. (2010) e Sankeshwari et al. (2013) também observaram associação entre cárie e o nível de escolaridade materna, onde as crianças cujos pais apresentaram menos de 8 anos de estudo, tiveram maior prevalência de cárie. Para Scavuzzi et al. (2003) essa relação existe pois pressupõe que o nível educacional mais elevado dos pais significaria menor consumo de alimentos ricos em açúcar, maior frequência de escovação e visitas ao cirurgião-dentista e maior capacidade de executar os conhecimentos adquiridos sobre saúde bucal. Verificou-se que as crianças pertencentes a famílias com renda mensal superior a três salários-mínimos apresentaram significativamente menor prevalência de cárie quando comparadas às com renda menor que um salário-mínimo (p=0,016), sendo que esta associação estatística não persistiu após a análise multivariada de regressão de Poisson (p=0,146). Resultados semelhantes foram observados por Feldens et al. (2010) e Oliveira, Sheiham, Bönecker (2008) ao relatarem associação apenas na análise bivariada. Diferindo dos resultados do SB Brasil (2010) apenas 74 para análise multivariada. Piovesan et al. (2010) não encontrou associação significativa entre as variáveis. Para Celeste et al. (2009) e Bastos et al. (2008) o incremento da doença com a diminuição da renda familiar é explicado pelo fato de que famílias economicamente desfavorecidas possuem piores condições de acesso aos cuidados odontológicos, de alimentação e de uso de fluoretos, propiciando o estabelecimento de fatores de risco primordiais para o desenvolvimento da doença. No estudo de Rodrigues e Sheiham (2000) a renda familiar foi a única variável socioeconômica que teve um impacto sobre a cárie dentária. Os autores afirmaram que no Brasil, a renda familiar é o indicador mais sensível do estado de saúde em grupo menos desfavorecidos. A ocorrência de cárie dentária e o número de residentes por domicílio não apresentou significância uma vez que, a prevalência de cárie dentária em crianças cujas famílias são compostas por até 6 ou mais de 6 pessoas foi semelhante (67,6% e 67,9%, respectivamente). Em oposição a este resultado, Melo et al. (2011) constaram que a criança pertencer a famílias numerosas com mais de 6 moradores associa-se a ocorrência da doença. Acredita-se que famílias numerosas constituem obstáculos aos cuidados com a saúde bucal das crianças a partir dos primeiros anos de vida. O que se viu no presente estudo foi que apenas 28 (13%) crianças da amostra pertenciam a famílias numerosas, onde 19 delas possuíam lesão de cárie. Sob o tipo de instituição de ensino, uma associação significativa em relação a prevalência de cárie também foi observada no presente estudo (p<0,001). As crianças que estudam em creches públicas apresentaram uma prevalência de cárie 1,69 vezes maior que as de creches privadas, sendo esta associação persistente mesmo após a análise multivariada (p < 0,01). Piovesan et al. (2010) também encontraram associação significativa entre as variáveis (p=0,008) porém, uma vez incluída no modelo multivariado, esta perdeu significância. A justificativa para tal associação parece estar relacionada ao processo de polarização da doença na cidade de Patos/PB, onde determinados grupos populacionais estão mais expostos à fatores de riscos sociais, haja vista que nas instituições públicas pesquisadas há uma maior concentração de crianças de famílias com renda inferior a um salário- 75 mínimo e com baixa escolaridade do chefe de família. Para Piovesan et al. (2010) o tipo de instituição pode ser usado como um indicador alternativo para o nível socioeconômico, sendo viável para estudos epidemiológicos em crianças. Para Bonanato et al. (2010), as doenças bucais na dentição decídua são afetados por fatores sociais e culturais, onde contextos de privação social e sanitária determinam concentrações mais elevadas de cárie. Ainda estudando os fatores demográficos, no presente estudo não foi observada associação entre a situação de habitação e a cárie dentária, com prevalência semelhante de cárie nas crianças que moravam em casas próprias (64,9%), cedidas (67,9%) ou alugadas (64,9%). Resultado semelhante ao descrito por Oliveira, Sheiham e Bönecker (2000), cuja prevalência de cárie em crianças que moram em casas próprias ou alugadas foram semelhantes, 23,6% e 22,4%, respectivamente, e não significantes para a presença de cárie. Não foi possível afirmar que a zona do domicílio favoreça de alguma maneira a ocorrência da doença em questão, por não ter havido uma associação significativa (p=0,052) entre as variáveis, uma vez que a prevalência da cárie foi semelhante tanto para crianças que moram na zona rural quanto na urbana. A prerrogativa de Maserejian et al. (2008) de que as áreas rurais, tanto em países desenvolvidos quanto em desenvolvimento apresentam menor número de cirurgiões-dentistas em exercício e mais pobreza, afetando o acesso ao serviço odontológico, não cabe neste estudo. 6.2.2 Hábitos Alimentares A investigação sobre a associação entre hábitos alimentares e carie dentária foi avaliada no presente estudo por meio das variáveis aleitamento materno e uso de mamadeira e respectivos tempos de uso, introdução de açúcar na dieta, adição de açúcar na dieta em casa e a frequência diária de ingestão de açúcar em casa, na creche e o total obtido pelo somatório (casa e creche) de cada criança. Neste contexto, a presença do hábito do aleitamento materno no presente estudo, esteve associado a cárie dentária (p=0,001), não permanecendo após inclusão no modelo multivariado. As crianças que não amamentaram ao seio 76 apresentaram uma prevalência de cárie 1,35 vezes maior que as crianças que amamentaram. Na mesma linha de resultado Iida et al. (2007) observou que as crianças que já tinham sido amamentadas, apresentavam menores taxas de cárie precoce na infância, quando comparada com aquelas que nunca foram amamentadas. No presente estudo, o resultado não significativo para a duração do hábito pode ser atribuído a taxa de não respostas para esta variável (42,1%) no presente estudo. As crianças amamentadas por um período superior a um ano possuem maiores chances de desenvolveram a doença cárie (SLABSINSKIENE et al., 2010). Para Feldens et al. (2010) a amamentação prolongada por si só não e um fator de risco, se ocorrer uma a duas vezes por dia, mais sim, várias vezes ao dia. O contato prolongado do leite humano, pode resultar em condições acidogênicas, uma vez que o equilíbrio des-remineralização é deslocado para a desmineralização, associado ao tempo de disponibilidade na cavidade bucal, e a outros hábitos alimentares. Quanto ao hábito e tempo de uso de mamadeira, não se observou associação significativa, no presente estudo, corroborando aos achados de Feldens et al. (2010). Entretanto, há discordância dos resultados deste estudo com a hipótese de Fraiz (2010), de que o hábito prolongado de uso de mamadeira pode representar um fator de risco para a ocorrência da doença em estudo. Observou-se frequentemente durante a avaliação dos diários alimentares das crianças deste estudo, que alguns apresentaram distorções de informações, onde os pais/responsáveis informaram que a criança não fazia uso de mamadeira e no diário escreveram uma a duas mamadeiras contendo leite ou mingau durante o dia. Possivelmente, isso ocorre devido ao fato de que os respondentes do questionário, ao se depararem com profissionais da área da saúde, tendem a oferecer respostas de acordo com o que eles acreditam que sejam os comportamentos ideais do ponto de vista da saúde bucal. A investigação do diário alimentar foi importante para se avaliar esta limitação neste resultado. Na presente pesquisa, a prevalência de cárie das crianças que tiveram a primeira exposição ao açúcar antes e após ano foi semelhante, não apresentando significância estatística, corroborando aos achados de Feldens et al. (2010). Possivelmente para este resultado, assim como explicado no parágrafo anterior, os 77 respondentes ofereceram respostas convenientes ao que acham correto, principalmente por depender da memória. Ao questionar aos pais/responsáveis acerca da adição de açúcar na dieta das crianças, observou-se maior frequência da adição inferior a três vezes ao dia (60,0%). No entanto a prevalência de cárie nas crianças que consumiam açúcar adicionado a dieta por mais de três vezes ao dia, apresentou-se significativamente 1,42 vezes maior quando comparado as de consumo inferior a três vezes ao dia. Esta relação permaneceu significativa após inclusão no modelo multivariada. O mesmo resultado foi observado por Feldens et al. (2010). É provável que perguntar aos pais quantas vezes a criança consome açúcar ou alimentos contendo açúcar durante o dia, não será suficiente para determinar uma alta ou baixa frequência de ingestão de alimentos. Pensando nisso, optou-se também por aplicar o diário alimentar nas crianças da amostra, de modo que foram anotados toda a alimentação consumida pela criança na creche, por meio do diário institucional, e em casa, com diário alimentar de três dias, o qual parece ser mais recomendável na prática odontológica, por ser independente da memória, sendo assim considerado de maior validade para medir a ingestão alimentar (SCALIONI et al., 2012). Avaliando o diário alimentar de cada criança em conjunto (casa e creche) observou-se que 90,8% das crianças com cárie apresentou uma alta frequência diária de ingestão de açúcar, com significância estatística nas análises bi e multivariada. A razão de prevalência entre o consumo alta e baixo pelas crianças com cárie foi de 1,75. Sheiham e Rodrigues (2000) em seu estudo longitudinal observaram também maior prevalência de cárie nas crianças que apresentaram alta frequência diária de ingestão de açúcar. Scalioni et al. (2012) não observaram associação significativa entre a ingestão média de açúcar e a cárie dentária, afirmando ser provavelmente devido ao tamanho pequeno da amostra (69 crianças). Feldens et al. (2010) observaram que uma alta quantidade de açúcar consumida aos 12 meses é um fator de risco para a cárie dentária e que a quantidade e a frequência de consumo de açúcar, tem sido tem sido significativamente relacionada a cárie dentária na infância. Portanto, além dos benefícios para a saúde geral, pelo 78 risco da obesidade e diabetes tipo 2, a redução no consumo de açúcar nos primeiros anos de vida é uma medida preventiva também em saúde bucal. É importante salientar que as crianças que frequentavam as creches públicas em período integral faziam uso de uma dieta balanceada, elaborada por nutricionistas, com baixa frequência e adição de açúcar (média 1,5 ± 0,68 vezes ao dia). No entanto, a frequência de consumo em casa, embora considerada baixa, apresentou maior média de consumo (2,75 ± 0,9 vezes ao dia), comparado ao consumo nas instituições de ensino. Os resultados obtidos sugerem a necessidade de implementação de uma proposta de aconselhamento de dieta, onde o uso racional de açúcar deve ser considerado como o objetivo central de uma política de prevenção da cárie dentária. Do ponto de vista individual, o aconselhamento dietético é altamente recomendável para crianças com alto risco/atividade, tanto em casa quanto nas creches, onde o consumo entre as refeições principais, de alimentos que são lentamente ingeridos e removidos da cavidade bucal deveria ser desestimulado (TINANOFF, 2005; ZERO, 2004). Sugere-se, ainda, o estímulo à prática frequente de higiene bucal, de modo a promover a desorganização do biofilme e expor os dentes os efeitos benéficos dos dentifrícios fluoretados para a prevenção na cárie dentária na infância (SCALIONI et al., 2012). 6.2.3 Estado Nutricional Diante da importância do assunto, o estado nutricional tem sido alvo de estudo por diversos pesquisadores, inclusive na área odontológica. A possível associação do estado nutricional com a cárie dentária tem sido investigada, devido a esta doença afetar o crescimento da criança, especificamente o peso e a altura de maneira adversa (THOMAS; PRIMOSCH, 2002). No presente estudo utilizou-se o programa AnthroPlus para avaliar por meio das curvas de crescimento, o estado nutricional da criança. O sistema de classificação padrão utilizado para apresentar o estado nutricional da criança, de acordo com a WHO (2007) é o de escores z. Porém o sistema de percentil também é utilizado na prática clínica, por permitir maior sensibilidade aos resultados. No 79 presente estudo, a avaliação das curvas de crescimento da criança se deu tanto por z-escores quanto por percentil. Logo, comparando os resultados da análise em ambos os sistemas de classificação, observou-se equivalência entre os achados, optando-se por apresentar nos resultados do presente estudo a avaliação em zescores, por ser recomendado pela OMS pela sua capacidade de descrever o estado nutricional, incluindo os extremos na distribuição, e permitir a derivação de resultados estatísticos (OMS, 1995; WHO, 2007). Os indicadores utilizados na presente pesquisa para avaliação do estado nutricional em crianças com idade superior a 5 anos, foram peso para idade, altura para idade e IMC para idade. Estes são referência da WHO (2007), sendo também utilizado em outros estudos científicos (OLIVEIRA; SHEIHAN; BÖNECKER, 2000; ALKAMIRI et al., 2014; FOSHINI; CAMPOS, 2012). Para o indicador peso para idade a maior parcela da amostra estudada foi de crianças eutróficas (88,4%) e a maior prevalência da cárie dentária se mostrou em crianças com baixo peso (90,9%). Observou-se ainda que crianças eutróficas apresentaram significativamente menor prevalência de cárie que as de baixo peso (p=0,011), assim como nas crianças de peso elevado em relação às de baixo peso (p=0,008). Esta variável após inclusão no modelo multivariado perdeu a significância (p=0,057). Este resultado apoia o estudo de Oliveira, Sheiham e Bönecker (2008) que encontraram tal relação, sob avaliação do mesmo indicador, onde as crianças de baixo peso foram significativamente 2,83 vezes mais propensas a ter cárie que as crianças eutróficas. Esta descoberta corrobora também aos resultados de outros estudos por verificar a associação entre baixo peso e a presença de cárie na dentição decídua (THOMAS; PRIMOSCH, 2002). A associação entre a cárie dentária e o baixo peso sob o indicador IMC para idade apresentou significância no estudo de Oliveira, Sheiham e Bönecker (2008), não sendo para o presente estudo, embora ambos tenham relatado maior prevalência de cárie em crianças desnutridas. Heredia e Alva (2005) não observaram associação estatística entre a cárie dentária e a desnutrição, entretanto afirmaram que a desnutrição crônica promove um atraso de esfoliação dentária tornando os dentes mais susceptíveis a cárie. Para 80 Batista, Moreira e Corso (2007) a desnutrição durante o período de desenvolvimento dos dentes pode induzir a uma maior susceptibilidade à cárie por três prováveis mecanismos: defeitos na formação dentária (odontogênese), retardo na erupção e esfoliação dos dentes e alterações nas glândulas salivares. Sob o indicador estatura para idade, não se observou associação com a cárie dentária no presente estudo, embora as crianças com baixa estatuta tenham apresentado maior prevalência de cárie, corroborando aos resultados de Rodrigues e Sheiham (2000). Estudos em populações com alto nível de deficiência nutricional observaram que crianças com baixa estatura para idade tiveram mais experiência de cárie (HEREDIA; ALVA, 2005; ALKAMIRI et al., 2014). A cárie precoce na infância tem sido identificada como um marcador de risco para a desnutrição (CLARKE et al., 2006). Duas teorias podem explicar essa relação: a primeira teoria refere-se ao efeito direto das lesões de cáries não tratadas, onde a dor e inflamação podem afetar a ingestão dos alimentos, resultando em desnutrição e crescimento insuficiente. A segunda teoria inclui os efeitos indiretos de cárie não tratada e as diferentes respostas do organismo à infecção dental crônica. Três mecanismos são sugeridos: o primeiro diz respeito respostas imunes, onde a polpa infectada pode afetar a imunidade e eritropoiese, e resultar em anemia, influência da remodelação óssea, padrões de sono, e ingestão alimentar; o segundo mecanismo é a relacionada a resposta endócrina, onde a interrupção do sono devido a episódios de dor e infecção pode levar à diminuição da secreção dos hormônios de crescimento; e o terceiro mecanismo está ligada a respostas metabólicas, onde infecções e inflamação pode resultar em desnutrição de micronutrientes, através do aumento de energia e demandas metabólicas e absorção deficientes (SHEIHAM, 2006; OLIVEIRA; SHEIHAM; BÖNECKER, 2008, ALKAMIRI et al., 2014). É importante salientar que nenhuma relação de causa-efeito pode ser deduzida a partir de estudo de desenho transversal, como este. Estudos longitudinais iriam aumentar o conhecimento sobre os determinantes da cárie dentária, a fim de melhor elucidar essa relação. Associação entre o sobrepeso e a cárie dentária não foi observada no presente estudo discordando dos resultados encontrados no estudo de VázquezNava et al. (2010), onde as crianças com sobrepeso e com risco de sobrepeso 81 tiveram significativamente mais chances de desenvolver a doença, assim como no estudo de Trikalionts et al. (2011) e Kantovitz et al. (2006), que observaram associação direta entre obesidade e cárie. No presente estudo não foi possível confirmar a obesidade, devido a não avaliação da gordura visível, por meio da medição das dobras cutâneas (WHO, 2009), identificando apenas o excesso de peso, ou seja, o sobrepeso/obesidade. Neste estudo todas as crianças da amostra com baixo peso e baixa estatura para idade estudavam em creches públicas, confirmando a afirmativa de Oliveira, Sheiham e Bönecker (2008) que observaram que as crianças de baixo peso são mais propensas a ser encontradas entre as famílias mais pobres, com menor escolaridade, enquanto que crianças de famílias de renda mais alta, apresentam melhores condições sociais, tendo mais oportunidade para desenvolver uma boa saúde bucal, melhores comportamentos, fazerem escolhas alimentares saudáveis e, portanto, apresentar nutrição adequada. Por outro lado, crianças de famílias mais pobres estão mais propensos a ter doenças na infância, apresentar baixo estado nutricional e não ter acesso a higiene oral. 6.2.4 Higiene Bucal Por ser considerada uma doença de etiologia multifatorial, buscou-se no presente estudo verificar possível associação entre a cárie e os cuidados com relação à saúde bucal das crianças. Avaliou-se a frequência de escovação dentária, a supervisão da escovação por um responsável, assim como visita ao dentista no último ano. Escovar os dentes é fundamental para prevenir a cárie por desorganizar a placa cariogênica, impedindo o processo de desmineralização, além de expor o flúor do dentifrício ao meio bucal, que em baixa concentração e alta frequência atua no processo de remineralização do esmalte. A frequência de escovação dentária inferior a duas vezes ao dia tem sido identificada por Harris et al. (2004) como um potencial fator comportamental que explica a ocorrência da cárie dentária em crianças. Neste estudo observou-se que a maioria das crianças da amostra escovavam os dentes menos de duas vezes ao dia (85,1%). Entretanto, não se observou associação significativa entre a presença de cárie e a frequência de 82 escovação. Jong-Lenters et al. (2014) e Leake, Jozzy e Uswak (2008) relataram tal associação como significativa. Um dado a ser levado em consideração é apresentado no presente estudo, onde as crianças que escovavam os dentes três vezes ao dia apresentaram 1,07 vezes maior prevalência de cárie que as que escovavam menos de duas vezes ao dia. Tal resultado pode ser justificado pelo fato da criança estar realizando na prática uma escovação sem supervisão de um adulto, pois segundo Slabsinskiene et al. (2010) crianças menores de 8 anos não são capazes de escovarem os dentes sozinhas, ou pelo fato dos respondentes oferecerem a resposta tendenciosa de “escovar os dentes três vezes ao dia”, já programada na memória dos cuidadores, não sendo utilizado na prática diária, uma vez que uma higiene bucal adequada associada a utilização de dentifrício fluoretado são os mecanismos mais eficazes na prevenção da cárie dentária, e o que se ver no presente estudo é uma alta prevalência de cárie não tratada. Foi questionado aos respondentes no presente estudo, se supervisionavam a escovação dentária das crianças, e foi constatado que em 63,7% os pais aconselhavam e supervisionavam a escovação dentária dos filhos. No entanto, esta variável não se mostrou associada à cárie dentária, corroborando aos achados de Rodrigues e Sheiham (2000) e Jong-Lenters et al. (2014) que não viram relação significativa entre a ajuda na escovação e a cárie dentária. Ainda, no presente estudo, verificou-se que as crianças que escovavam os dentes sozinhas apresentaram prevalência de cárie 1,04 vezes maior que as que recebiam supervisão. As crianças apresentam limitações psicomotoras próprias da idade, necessitando da ajuda e supervisão dos pais até que desenvolva seu controle motor, para escovar os dentes sozinhas e de maneira correta (HUEBNER; RIEDY, 2010, SLABSINSKIENE et al., 2010). Quanto à investigação acerca da ida ao cirurgião-dentista no último ano, no presente estudo, observou-se maior prevalência de cárie nas crianças que realizaram a consulta (59,4%), apresentando como principal motivo da ida ao dentista o tratamento odontológico (60,4%) e a dor/urgência (26,4%). No entanto, não foi observada associação estatística entre as variáveis. Estes resultados refletem que possivelmente, as visitas ao dentista, se deram por motivos 83 terapêuticos (geralmente quando o estágio da doença demonstra a maior quantidade de sinais e sintomas, como a presença de dor, por exemplo), e não preventivos, remetendo uma reflexão acerca da negligência quanto à visita ao cirurgião-dentista, possivelmente pelo aspecto cultural da não valorização da dentição decídua, pelo fato de ser substituída pela permanente (HARRIS et al., 2004). Ainda, Simratvir et al. (2009) verificaram que apenas 11,4% dos pais procuram o dentista para seus filhos, relatando a falta de consciência dos responsáveis frente a condição de saúde bucal dos filhos. González-Martinez, Sánchez-Pedraza e Carmona-Arango (2009) também não observaram associação significativa entre cárie e visita ao cirurgião-dentista. A primeira infância é o período ideal para que ações fundamentais à saúde sejam inseridas e executadas ao longo da vida. Os pais/cuidadores desempenham um papel fundamental na iniciação e manutenção deste comportamento, moldando as atitudes e comportamentos específicos relacionados à cárie na infância, incluindo higiene bucal e frequência de consumo de açúcar. Reforçando esta afirmação, JongLenters et al. (2014) apresentaram como resultados do estudo a associação entre a práticas parentais, a boa interação entre pais-filhos e a cárie dentária. No entanto, a cárie continua sendo um sério problema para indivíduos economicamente desfavorecidos em países em desenvolvimento, onde o consumo de açúcar está aumentando, a exposição ao uso de fluoretos se restringe ao uso de dentifrício fluoretado, como ocorre com as crianças do presente estudo, não expostas a fluoretação das águas de abastecimento, e o tratamento odontológico nem sempre está disponível (ZERO, 2004). 84 7 CONCLUSÕES A prevalência de cárie dentária foi elevada neste estudo; As crianças apresentaram-se em sua maioria eutróficas e com estatura adequada; Verificou-se que a prevalência de cárie aumenta se a mesma estuda em uma creche pública, consome açúcar mais de três 3 vezes ao dia, e tem alta frequência diária de ingestão de açúcar na dieta. 85 REFERÊNCIAS Abreu MHNG, Modena CM, Pordeus IA. Determinantes sociais na epidemiologia da cárie dentária. Rev Odonto Ciencias. 2004;46:360-6. Alkarimi HA, Watt RG, Pikhart H, Shieham A, Tsakos G. 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Caries Res. 2004;38(3): 277-85. 94 APÊNDICE APENDICE A - TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO Você está sendo convidado(a) como voluntário(a) a participar da pesquisa: AVALIAÇÃO DA CÁRIE DENTÁRIA, ESTADO NUTRICIONAL E HÁBITOS ALIMENTARES EM CRIANÇAS DE 5 ANOS DE IDADE NO MUNICÍPIO DE PATOS - PB, sob orientação da Profa. Dra. Eliete Rodrigues de Almeida, tendo como pesquisadora responsável a aluna de Doutorado Luciana Ellen Dantas Costa. 1. JUSTIFICATIVA, OBJETIVOS E PROCEDIMENTOS O motivo que nos leva a estudar a prevalência de cárie em pré-escolares da cidade de Patos - PB é a falta de estudos com a população pesquisada e a relevância de cárie dentária num contexto da saúde pública, partindo do pressuposto de que os problemas bucais podem desencadear não só repercussões fisiológicas, mas também comportamentais, afetando a vida social, a alimentação, o exercício de atividades diárias e o bem-estar do indivíduo. E verificar se estado nutricional e os hábitos alimentares das crianças tem influencia direta na condição de saúde bucal. Este estudo é uma importante ferramenta para orientar as ações de planejamento e de vigilância na cidade de Patos/PB, contribuindo para a elaboração de uma política municipal em saúde bucal mais direta e eficaz, baseando-se na necessidade de saúde da população assistida, dessa forma otimizando recursos, ações e serviços fundamentais no âmbito da saúde e educação. O objetivo desse projeto é investigar a associação entre a experiência de cárie dentária, estado nutricional e hábitos alimentares das crianças com anos de idade 5 institucionalizadas do município de Patos - PB. Os procedimentos de coleta de dados serão realizados da seguinte forma: A pesquisa contará com a realização de um exame clínico direto da cavidade bucal dos pré-escolares, para avaliação da presença de lesões de cárie dentária e condição de higiene oral, e pela aplicação de formulários específicos direcionados aos alunos e aos seus respectivos pais/responsáveis, que avaliam a prevalência de cárie dentária e a necessidade de tratamento, assim como verificar impacto das condições sociais, nutricional e dietética na cavidade bucal dessas crianças. O questionário é constituído por questões simples e diretas, formulados e adaptados a linguagem local, direcionado aos seus pais/responsáveis, sendo os mesmos aplicados no próprio ambiente escolar, tendo prévia autorização das instituições de 95 ensino. A avaliação das condições de saúde bucal, será por meio de um exame clínico. Os exames clínicos serão realizados por um examinador e anotador previamente calibrados. Os pré-escolares serão examinados nas dependências das escolas e creches em local sob iluminação natural, ventilado e próximo de uma fonte de água, estando examinador e criança sentados em cadeiras. Para os exames clínicos da cavidade bucal, previamente será realizada escovação supervisionadas nas crianças, e utilizados gazes para secagem das superfícies dentárias, espelhos bucais e sonda periodontal da OMS (sonda CPI) para levantamentos epidemiológicos (WHO, 1997), sendo esse um procedimento considerado não invasivo e portanto, indolor. Para avaliar o estado nutricional da criança, serão tomadas medidas de peso e altura. Para medida de peso, utilizar-se-á uma balança digital de precisão, as crianças serão pesadas em pé, permanecendo imóveis, descalças, das por meio de um estandiômetro portátil, onde as crianças serão orientadas a ficar com as costas voltadas para a escala e com os pés encostados ao suporte do aparelho, com a cabeça em plano de Frankfurt. Para avaliar os hábitos alimentares das crianças serão coletadas informações dos diários alimentares das instituições de ensino, a qual as crianças estão matriculadas, assim como um diário alimentar de três dias a serem preenchidos pelos pais/responsáveis. 2. DESCONFORTOS, RISCOS E BENEFÍCIOS Sendo o exame clinico um procedimento não-invasivo, assim como pesar e medir a criança, não há desconforto iminente durante a sua realização. Os riscos relativos à participação do aluno e seus pais nessa pesquisa são mínimos e irrelevantes e os benefícios que os mesmos terão, serão diretos, relativos ao desenvolvimento de motivação para bons hábitos e melhoria da saúde bucal e consequentemente melhorias no bem-estar, nos hábitos alimentares e na qualidade de vida. 3. FORMA DE ACOMPANHAMENTO E ASSISTÊNCIA As crianças detectadas com a presença de dentes cariados ou com necessidade de tratamento terão os pais e/ou responsáveis informados e receberão encaminhamento para a Unidade Básica de Saúde correspondente a área da abrangência do domicílio e/ou para a clínica escola de Odontologia da Universidade Federal de Campina Grande (UFCG), onde irão receber atendimento e acompanhamento odontológico para resolutividade do problema. 4. GARANTIA DE ESCLARECIMENTO, LIBERDADE DE RECUSA E SIGILO Você será esclarecido(a) sobre a pesquisa em qualquer aspecto que desejar. Você é livre para recusar-se a participar, retirar seu consentimento ou interromper a 96 participação a qualquer momento. A sua participação é voluntária e a recusa em participar não acarretará em qualquer penalidade, prejuízo ou perda de benefícios. O pesquisador tratará sua identidade com padrões profissionais de sigilo. Os resultado dessa pesquisa poderão ser enviados ao Sr(a). e permanecerão confidenciais, conforme sua solicitação. Seu nome ou o material que indique a sua participação não será liberado sem a sua permissão. Você não será identificado(a) em nenhuma publicação que possa resultar deste estudo, incluindo divulgação de imagens, se for o caso. Uma cópia deste consentimento informado será arquivada no Curso de Odontologia, Programa de pós-graduação, Doutorado em Odontopediatria da Universidade Cruzeiro do Sul e pelo Comitê de Ética da Universidade Cruzeiro do Sul. Outra cópia será fornecida a você após assinatura de todas as partes. 5. CUSTOS DA PARTICIPAÇÃO, RESSARCIMENTO E INDENIZAÇÃO POR EVENTUAIS DANOS A participação no estudo não acarretará custos para você e nenhum risco de dano a sua saúde ou a do menor e não será oferecida nenhuma compensação financeira adicional. 6. DECLARAÇÃO PARTICIPANTE: D(O)A PARTICIPANTE OU DO(A) RESPONSÁVEL PEL(O)A Eu, _______________________________________ fui informado(a) dos objetivos da pesquisa acima de maneira clara e detalhada e esclareci minhas dúvidas. Sei que em qualquer momento poderei solicitar novas informações e motivar minha decisão se assim o desejar. A professora orientadora Eliete Rodrigues de Almeida e a pesquisadora Luciana Ellen Dantas Costa certificaram-me de que todos os dados desta pesquisa serão confidenciais. Também fui informado que caso existam gastos adicionais, estes serão absorvidos pelo orçamento da pesquisa. Em caso de dúvidas poderei chamar o pesquisador responsável: Luciana Ellen Dantas Costa, telefone (83) 9981-6939, email [email protected]; ou o(a) professor(a) orientador(a): Eliete Rodrigues de Almeida, e-mail [email protected]. ou o Comitê de Ética da Universidade de São Paulo, sito à Av. Dr. Ussiel Cirilo 225, São Miguel Paulista, 08060-070, São Paulo, SP. Declaro que concordo em participar desse estudo. Recebi uma cópia deste termo de consentimento livre e esclarecido e me foi dada a oportunidade de ler e esclarecer as minhas dúvidas. 97 Nome Nome Nome Assinatura do Participante e representante legal do menor Assinatura do Pesquisador/estudante Assinatura do Professor/orientador Data Data Data 98 APENDICE B QUESTIONÁRIO DEMOGRÁFICO, CUIDADOS EM SAÚDE BUCAL E HABITOS ALIMENTARES. 1. Dados gerais Dados da criança: Nome:____________________________________________________________________ ___ Escola/Creche:_____________________________________________________________ ___ Sexo: ( )Feminino ( )Masculino Data de nascimento: ____/____/____ Peso da criança ao nascer:_______________________________________________________ Dados do responsável: Nome:____________________________________________Data de nascimento:___/___/___ Parentesco com a criança:________________________________________________________ Você é o chefe da família ? ( ) Sim ( ) Não, quem é ?______________________________ 2. Avaliação demográfica (Q. 01) O chefe da família é alfabetizado ? ( ) Sim ( ) Não Se sim, estudou até que série? (0) Somente a alfabetização (1) 1ª a 4ª série (2) 5ª a 8ª série (3) 2° grau incompleto (4) 2° grau completo (5) Superior incompleto (6) Superior completo (Q.02) Quantas pessoas moram na sua casa? ________ pessoas. (Q. 03) Renda mensal familiar ( ) acima de 08 salários mínimos ( ) entre 03 e 04 salários mínimos ( ) abaixo de 01 salário mínimo ( ) entre 05 e 08 salários mínimos ( ) entre 01 e 02 salários mínimos (Q.03) Situação de habitação: ( ) própria ( )financiada ( ) alugada ( )cedida ( )outros (Q.04) Zona (localização do domicílio): ( )rural ( ) urbana 3. Hábitos de higiene oral e alimentação da criança (Q. 5) É utilizado creme dental durante a escovação? (0) Sim (1) Não (Q. 6) Em relação à quantidade de creme dental utilizada na escova: (0) Cobre totalmente as cerdas da escova dental (1) Cobre metade das cerdas da escova dental 99 (2) Cobre menos da metade das cerdas da escova dental (9) Não usa (Q. 7) Com qual frequência a criança escova os dentes por dia? (0) Não limpa (1) Uma vez por dia (2) Duas vezes por dia (3) Três vezes por dia (4) Mais de três vezes por dia (Q. 8) Como seu filho realiza a escovação? (0) Com o aconselhamento e observação de um adulto (1) Somente com o aconselhamento SEM a observação de um adulto (2) Sozinho (Q. 9) Com que idade seu filho começou a consumir alimentos açucarados? (0) Nunca consumiu (1) Antes de 1 ano (2) Entre 1 e 2 anos (3) Depois de 2 anos (9) Não sei (Q. 10) Quantas vezes por dia é adicionado açúcar na alimentação da criança ? (0) Uma a duas vezes por dia (1) Três ou mais vezes por dia (9) Não sei. (Q. 11) Seu filho (a) foi amamentado ? ( ) Sim, por quanto tempo ?______________ ( ) Não (Q. 12) Seu filho (a) usou mamadeira ? ( ) Sim, qual conteúdo ?______________________ Por quanto tempo ?___________________ ( ) Não (Q.13) Seu filho(a) foi ao dentista nos últimos 12 meses? (0) Sim (1) Não Por qual motivo? (0) Dor/urgência (1) Tratamento (2) Revisão (9) Não sabe (Q.14) Qual tipo de serviço utilizado? (0) Convênio (1) Público (2) Privado (9) Não respondeu 100 APENDICE C - DIÁRIO ALIMENTAR – CRIANÇAS INSTITUCIONALIZADAS Nome da Creche:______________________________________________ Responsável pelo preenchimento:_________________________________ Data de preenchimento do diário:___/___/___ Sr.(a) responsável, solicitamos descrever a alimentação das crianças (da instituição) durante os dias abaixo relacionados. É importante descrever todos os itens da alimentação da criança, comida e bebida, que inclui café da manhã, lanche da manhã, almoço, lanche da tarde e jantar, assim com lanches eventuais. É importante descrever os horários e a composição dos pratos, se é adicionado açúcar e qual a quantidade. Segunda-feira ____ horas ____ horas ____ horas ____ horas ____ horas ____ horas ____ horas ____ horas - Quinta-feira ____ horas ____ horas ____ horas ____ horas ____ horas ____ horas ____ horas ____ horas - Terça-feira ____ horas ____ horas ____ horas ____ horas ____ horas ____ horas ____ horas ____ horas - Sexta-feira ____ horas ____ horas ____ horas ____ horas ____ horas ____ horas ____ horas ____ horas - Quarta-feira ____ horas ____ horas ____ horas ____ horas ____ horas ____ horas ____ horas ____ horas - Anotação extra – se necessário ____ horas ____ horas ____ horas ____ horas ____ horas ____ horas ____ horas ____ horas - 101 APENDICE D - DIÁRIO ALIMENTAR Nome da criança:____________________________ Sexo ( ) Masculino ( ) Feminino Data de nascimento da criança:________Data do preenchimento:_________________ Telefone de contato: _______Creche que a criança estuda:________________________ Mãe, este espaço que você irá preencher corresponde a alimentação do seu filho(a) durante 3 dias, ou seja, você deve anotar tudo que ele comeu e bebeu do momento que acordou até dormir. O preenchimento desta tabela se dá da seguinte forma, você deverá anotar tudo que a criança comer durante o dia, assim como os horários, o nome das bebidas e alimentos, o nome da refeição, também os ingredientes da preparação. Não esqueça de anotar o nome das marcas comerciais, as medidas e quantidades ingeridas. Se a criança faz uso de medicamento, escrever nome e horário do uso. Veja um exemplo de como deve ser preenchido, logo abaixo você deve começar a preencher o do seu filho (a). Horário Por exemplo: 07:00 hs 08:00 hs Nome da refeição Nome do alimento e quantidade consumida Nome da bebida e quantidade consumida Primeiro dia:_________________________ Café da manhã 1 pão doce com 1 colher de 1 copo de leite de vaca com margarina e 1 fatia de queijo chocolate em pó – Nescau de manteiga marca, mais 1 colher de sopa de açúcar. Lanche 1 bombom de menta 1 copo de agua Segundo dia:______________________ 102 Terceiro dia:__________________________ Nome do responsável pelo preenchimento:_________________________________ Outras informações que deseja acrescentar_________________________________ 103 ANEXOS ANEXO A 104 ANEXO B TERMO DE CONSENTIMENTO DA INSTITUIÇÃO Eu, Adalmira Marques da Silva Cajuaz, Secretária de Educação do município de Patos-PB, declaro que a professora Luciana Ellen Dantas Costa da UFCG/CSTR está autorizada a realizar nas creches do município de Patos - PB, o projeto de Pesquisa intitulado: Avaliação da cárie dentária, estado nutricional e hábitos alimentares em crianças de 5 anos de idade do município de Patos – PB, tendo como pesquisadora responsável a professora Luciana Ellen Dantas Costa e sob orientação da Profa. Dra. Eliete Rodrigues de Almeida, cujo objetivo geral é investigar a associação entre a experiência de cárie, estado nutricional e hábitos alimentares de pré-escolares do município de Patos - PB. Informa-se ainda que o projeto irá garantir aos envolvidos os referenciais básicos da bioética, isto é autonomia, beneficência, não-maleficência e justiça. Patos, 01 de dezembro de 2013. 105 ANEXO C FICHA CLÍNICA DE AVALIAÇÃO (OMS, 2006) CRECHE:______________________________________________________ CÓDIGO CRIANÇA:____________________________________________ GÊNERO:__________________________________DATA:____/____/_____ 106 ANEXO D CÓDIGOS E CRITERIOS ADOTADOS PARA INTERPRETAÇÃO DO INDICE CEOD - OMS, 1999. 107 ANEXO E REPRESENTAÇÃO GRÁFICA DE CURVAS DE CRESCIMENTO Curva padrão de crescimento de uma criança de 61 meses a 19 anos de idade sob o indicador peso para idade, classificação em percentil. O ponto no gráfico representa o diagnóstico nutricional de uma criança da amostra, apresentando peso adequado para idade ou eutrófico. Fonte: Who, 2007. 108 Curva padrão de crescimento de uma criança de 61 meses a 19 anos de idade sob o indicador peso para idade, classificação em z-escore. O ponto no gráfico representa o diagnóstico nutricional de uma criança da amostra, apresentando peso adequado para idade ou eutrófico. Fonte: Who, 2007. Curva padrão de crescimento de uma criança de 61 meses a 19 anos de idade sob o indicador estatura para idade, classificação em percentil. O ponto no gráfico representa o diagnóstico nutricional de uma criança da amostra, apresentando estatura adequada para idade. Fonte: Who, 2007. 109 Curva padrão de crescimento de uma criança de 61 meses a 19 anos de idade sob o indicador estatura para idade, classificação em z-escore. O ponto no gráfico representa o diagnóstico nutricional de uma criança da amostra, apresentando estatura adequada para idade. Fonte: Who, 2007. Curva padrão de crescimento de uma criança de 61 meses a 19 anos de idade sob o indicador estatura para idade, classificação em percentil. O ponto no gráfico representa o diagnóstico nutricional de uma criança da amostra, apresentando IMC adequado para idade ou eutrófico. Fonte: Who, 2007. 110 Curva padrão de crescimento de uma criança de 61 meses a 19 anos de idade sob o indicador estatura para idade, classificação em z-escore. O ponto no gráfico representa o diagnóstico nutricional de uma criança da amostra, apresentando IMC adequada para idade ou eutrófico. Fonte: Who, 2007.