Livrinho - O Marketing Religioso 21-07-2011

Propaganda
Marketing
Religioso
Giovanni Salera Júnior
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Direitos reservados ao autor
Dados Internacionais de Catalogação-na-Publicação (CIP)
Salera Júnior, Giovanni.
Marketing Religioso / Giovanni Salera Júnior. Gurupi
(TO). 2011. 45 páginas; 21,5 x 29,5 cm.
1. Marketing 2. Cristianismo 3. Evangelização I. Titulo.
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Ao amigo Leandro Ramos Barros,
pelo incentivo para realizar esse trabalho
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Apresentação
Desde o surgimento da Igreja de Cristo o trabalho de disseminação da
mensagem do Evangelho tem variado bastante por meio de inúmeras
estratégias e conhecimentos.
No mundo da literatura cristã a distribuição de folhetos evangelísticos
contendo trechos das escrituras sagradas com intuito de promover a
mensagem divina tem sido uma prática secular.
Esse trabalho é realizado como uma tarefa própria daqueles que
acreditam no mandamento de fazer discípulos. Assim, é certo dizer que o
marketing religioso é um dos fundamentos da Igreja e sua prática está
fortemente presente na programação eclesial da maioria delas, que tem
alocado cada vez mais recursos humanos e financeiros em prol dessa
atividade.
É possível ver também que esse trabalho de evangelização faz parte da
prática diária de muitos fiéis que sempre têm a mão um panfleto para
oportunamente usarem no trabalho ou nas demais atividades cotidianas. Há
ainda aqueles que ao viajarem levam folhetos para distribuir nos ônibus,
aeroportos, postos, restaurantes e hotéis.
Sei que muitas pessoas nem se preocupam em reter tais folhetos para
lê-los posteriormente, de modo que na primeira oportunidade que tem
simplesmente dobram, amassam e descartam rapidamente esses pequenos
pedaços de papel.
Assim, pode parecer algo inusitado e até mesmo estranho o esforço
que empreendi com tamanho afinco ao longo de tantos anos guardando tão
extenso material. Contudo, o que posso dizer é que tudo isso foi feito em
respeito à Palavra que tais folhetos contêm.
Acredito no poder transformador que a mensagem do Evangelho traz
para a vida daqueles que dedicam alguns instantes para meditar nos seus
ensinamentos.
Espero que o empenho que tive em preservar todo esse material por
tanto tempo possa servir realmente para gerar frutos, pois da mesma forma
que tive benefícios na meditação de tais mensagens, acredito que as
colocando nas mãos dos leitores estou cumprindo uma missão sagrada de
propagar a mensagem de Cristo.
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Marketing Religioso
A tendência do mundo moderno é nos levar cada vez mais para uma
vida estressante, para uma correria constante entre o trabalho e os diversos
outros afazeres cotidianos. Assim, vivemos em ambientes urbanos caóticos,
indo de um lado para o outro em busca de metas financeiras e à procura de
produtos que queremos consumir.
Nisso, ficamos presos nesse sistema capitalista selvagem que nos leva
a crer que valemos o quanto nosso cartão de crédito nos possibilita possuir.
Toda essa correria muita vezes nos deixa um espaço vazio no peito, uma
carência afetiva, uma ausência de significado na vida. Assim, de forma
paradoxal ao materialismo, ao consumismo frenético da vida urbana e ao
cientificismo dos tempos modernos muitas pessoas têm buscado refúgio nas
religiões.
Uma parcela da população tem demonstrado um anseio crescente
pelas crenças e pelo espiritualismo, buscando encontrar paz e alívio para as
angústias da vida. Por isso, elas partem numa tentativa de encontrar a
natureza divina, uma “energia cósmica”, um Deus indefinido e sobrenatural –
quase sempre desejando viver experiências “espetaculares” para fugir do
cotidiano sofrível.
É nesse contexto que surge entre os diversos segmentos religiosos um
acirramento da concorrência que tem utilizado as ferramentas de “Marketing”
para alcançar cada vez maior número de fiéis.
De modo geral, podemos dizer que todas as Igrejas surgem para atingir
o propósito de cuidar das necessidades espirituais de sua comunidade e, à
medida que crescem, a organização eclesiástica torna-se mais complexa,
pois precisa servir bem não apenas ao número original de fiéis, mas aos
vários grupos de interesse que se formam em torno dela. E, todas as “Igrejas
Cristãs” têm como meta atingir a totalidade da população humana com seus
ensinamentos, sendo que parte delas está se valendo dos conhecimentos
científicos do “Marketing” e da “Comunicação” com esse intuito.
O conceito contemporâneo de “Marketing” engloba a construção de um
satisfatório relacionamento em longo prazo do tipo “ganha-ganha” no qual
indivíduos e grupos obtêm aquilo que desejam e necessitam. O “Marketing”
se originou para atender as necessidades de mercado, mas não está limitado
aos bens de consumo. É também amplamente usado para "vender" ideias e
programas sociais. Atualmente as técnicas de “Marketing” são aplicadas em
todos os sistemas políticos e em muitos aspectos da vida.
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Em poucas palavras, posso dizer que o “Marketing Religioso” é
desenvolvido pelas “Igrejas Cristãs” e demais segmentos religiosos com
intuito de despertar nas pessoas suas necessidades reprimidas e demonstrar
como supri-las através de produtos e/ou serviços.
As ações em busca de novos fiéis são realizadas de forma diferente por
cada “Igreja” e levam em conta a cultura religiosa da denominação, seguindo
experiências anteriores, geralmente alicerçadas nos fundamentos teóricos
primordiais e nas tradições daquela instituição. Ademais, esse trabalho
depende muitas vezes das habilidades dos recursos humanos disponíveis e
da capacidade financeira da entidade religiosa.
É certo que existem muitas divergências teóricas e práticas entre os
vários ramos do “Cristianismo”, mas há também algumas partes comuns
entre as diversas denominações, como por exemplo, a ideia central de que a
razão de ser da “Igreja Cristã” é a reconciliação da criação com o Criador,
devendo, portanto, que a Igreja envide esforços para que a “criação humana”
seja reconciliada definitivamente com Deus-Criador. Isso é feito,
primariamente pelo trabalho de “Evangelização”, que pode ser definida como
a ação direcionada para conversão dos fiéis. Em outras palavras,
“Evangelizar” é o ato de fazer discípulos para que estes obedeçam todos os
ensinamentos deixados pelo Senhor Jesus Cristo (Mateus 28: 19,20).
Dessa maneira, nesse trabalho, criei um “Ranking das Igrejas Cristãs
de Gurupi”, sul do Estado do Tocantins, segundo alguns aspectos do
“Marketing Religioso”, trazendo informações sobre a diversidade cultural e
religiosa dessa cidade.
Antes de ir diretamente ao “Ranking”, considero importante lembrar
primeiramente que a “Comunicação Humana” se desenvolve em diversos
campos de diferentes naturezas, dos quais podemos destacar 02 (dois)
pontos distintos: (1) Comunicação em Pequena Escala, e (2) Comunicação
em Larga Escala ou Comunicação de Massa. Assim, dentro da
“Comunicação Religiosa em Pequena Escala” enquadro a “Evangelização”,
que é a prática de visitação e abordagem de pessoas com a distribuição de
folhetos evangelísticos, Bíblias, entre outros materiais. E, para “Comunicação
Religiosa de Massa” enquadro o uso dos jornais impressos, os programas de
rádio e TV, divulgação de eventos por meio de cartazes e emprego de faixas
e placas, propaganda em carros de som, eventos em espaços públicos
(cultos em praças, shows gospel, passeatas etc.) e uso da internet. Reforço
então que foi justamente baseando nesses 02 (dois) aspectos que estabeleci
esse “Ranking das Igrejas Cristãs da Capital da Amizade”.
Dessa forma cheguei a 03 (três) grupos distintos de instituições
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religiosas, em escala crescente. O primeiro grupo engloba as “Igrejas
Cristãs” que empregam de forma restrita as ferramentas de “Marketing” e
“Comunicação”. O segundo grupo posiciona-se numa situação intermediária,
pois reúne as instituições que usam moderadamente os recursos de
“Comunicação na Evangelização”. Por fim, o terceiro e último grupo, que
engloba as Instituições que investem fortemente em “Comunicação de
Massa”.
A seguir, apresento o “Ranking das Igrejas Cristãs de Gurupi”, segundo
o uso das ferramentas de “Marketing” e “Comunicação na Evangelização”,
com breve justificativa que embasaram tal gradação.
1º GRUPO
A Congregação Crista no Brasil (CCB) é a “Igreja Cristã” que menos faz
uso dos “Meios de Comunicação” na conquista de novos membros. Essa
denominação religiosa não pratica a “Evangelização extensiva” em espaços
públicos (ruas e demais logradouros). Além disso, não faz uso de divulgação
de seus trabalhos em nenhum veiculo de comunicação (jornais impressos,
rádios, TV etc.). Os membros da CCB não fazem uso de carros de som, nem
realizam eventos fora das “Congregações”. É consenso entre os teólogos e
religiosos da cidade que a CCB é a instituição religiosa mais discreta.
A Igreja Católica Apostólica Romana engloba a maior fatia da
população religiosa de nossa cidade, mas pelas suas características próprias
pode ser considerado um grupo religioso que investe pouco em “Marketing
Religioso”, o que justifica de certa forma a perda constante de fiéis para
outras denominações cristãs. A perda de fiéis e a necessidade de
investimento em ações para manutenção do rebanho é tema constante nos
bastidores das paróquias locais da Igreja Católica, assim como ocorre
também em outras localidades de nosso país e do mundo.
A Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias, conhecida
popularmente como Igreja dos Mórmons, faz pouco uso das ferramentas de
Comunicação para divulgar sua doutrina. O trabalho de Evangelização da
Igreja dos Mórmons é feito quase que exclusivamente pelos missionários,
trajados de roupa social e crachá preto, que visitam rotineiramente os lares
da cidade.
A Igreja Luterana do Brasil e a Igreja Metodista Wesleyana são
instituições cristãs bastante discretas e pouco expressivas no que se refere a
“Evangelização”.
A Igreja Cristã Maranata é com certeza uma das denominações
religiosas mais pacatas no que se diz à prática de busca de fiéis por meio da
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"Evangelização". Essa "Igreja Cristã" possui uma organização diferenciada e
uma liturgia que a torna muito diversa da maioria das denominações
evangélicas.
As “Testemunhas de Jeová” fazem parte de um segmento religioso
bastante conhecido, mas que se difere enormemente dos demais grupos
cristãos presentes em nossa cidade. O processo comunicativo das
Testemunhas de Jeová é elaborado sob padrões diferenciados daqueles da
comunicação no mundo atual. Muitos segmentos religiosos têm apoiado o
uso da internet, mas, entre as “Testemunhas de Jeová” não há o incentivo
para o uso da internet na Evangelização. Tal postura justifica-se em face aos
perigos que o meio virtual possibilita, como pornografia, pedofilia e apostasia,
principais preocupações e motivos pelos quais as “Testemunhas de Jeová”
desaconselham o uso indiscriminado da web. Em geral, as religiões utilizam
diferentes meios de comunicação para a prática do “proselitismo”, ao passo
que as “Testemunhas de Jeová” seguem o caminho oposto, preferindo o
trabalho de casa em casa, com a distribuição de panfletos e Bíblias.
Tradicionalmente, as “Testemunhas de Jeová” realizam poucos cultos fora
dos “Templos”. Há a festa em “Comemoração a Morte de Jesus Cristo”, que
ocorre geralmente em abril e é um dos poucos eventos em locais públicos.
A Igreja Pentecostal Deus é Amor (IPDA) não faz uso de propaganda
em programas de TV, e é contrária ao uso da internet na Evangelização. Por
outro lado, a IPDA emprega de forma maciça recursos humanos e
financeiros na divulgação de seus ensinamentos por meio do rádio.
A "Igreja em Gurupi" tem uma estratégia diferente de "Evangelização",
pois ela faz isso por meio da distribuição e venda de material exclusivo da
instituição que é publicado pela Editora Árvore da Vida.
2º GRUPO
Esse segundo grupo reúne as “Igrejas Cristãs” que utilizam ferramentas
de Marketing de forma moderada. Elas fazem uso de Evangelização
extensiva com visitação em casas, promovem eventos diversos, e de modo
geral não possuem restrições doutrinárias quanto ao uso de nenhum meio de
comunicação na divulgação de seus trabalhos e na busca de novos fiéis.
Ainda assim fazem parte desse grupo por não dedicar grandes esforços em
termos de recursos humanos e financeiros na “Evangelização de Massa”.
Entre tais “Igrejas Cristãs” cito: (1) Igreja Assembleia de Deus,
vinculada ao Ministério de Anápolis; (2) Igreja Assembleia de Deus, vinculada
a Convenção Internacional das Assembleias de Deus/ Serviço de
Evangelização Tocantins-Araguaia (CIAD/SETA); (3) Igreja Assembleia de
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Deus “Missão”; (4) “Igreja Assembleia de Deus Missão do Brasil”, conhecida
popularmente como “Igreja do Alto Falante”, por causa das pregações que
são transmitidas através de um alto falante no alvorecer do dia pelo Pastor
Sebastião Paulino de Sá; (5) Igreja Batista Tradicional, vinculada à
Convenção Batista Brasileira (CBB); (6) Igreja Presbiteriana Tradicional; (7)
Igreja Presbiteriana Renovada, que faz a divulgação de seus trabalhos por
meio do “Jornal O Evangélico”, e é uma das Igrejas Cristãs responsáveis
pelo sucesso da Aliança de Ministros Evangélicos de Gurupi (AMEG); (8)
Igreja Tabernáculo Evangélico de Jesus (ITEJ), mais conhecida como “Casa
da Benção”; (9) Igreja Cristã Evangélica; (10) Comunidade Sara Nossa Terra;
(11) Comunidade Fonte da Vida; (12) Comunidade Evangélica, Ministério
Comunidade Adoração; (13) Igreja de Cristo, vinculada ao Ministério Nova
Terra; (14) Igreja Tabernáculo da Fé; (15) Igreja de Deus no Brasil; (16) Igreja
Videira; (17) Igreja Evangélica Avivamento Bíblico; (18) Igrejas Batistas
Renovadas, vinculadas a Convenção Batista Nacional (CBN) que são três:
Igreja Batista Sião, Igreja Batista Filadélfia e Igreja Batista Ebenézer; (19)
Igreja da Tenda do Pastor Sérgio; (20) Igreja Pentecostal Restauração de
Filadélfia; e (21) Igreja Internacional do Poder de Deus.
A Igreja Apostólica, vinculada ao Ministério Sagrado da Santa Vó Rosa
faz pouco uso das estratégias modernas do “Marketing Religioso”.
3º GRUPO
O terceiro grupo reúne Igrejas que utilizam fortemente o “Marketing
Religioso”, com emprego expressivo de recursos humanos e financeiros na
“Evangelização de Massa”.
Entre tais denominações podemos citar: (1) Igreja Adventista do Sétimo
Dia realiza passeatas e conta com apoio de Canal de TV local; (2) Igreja do
Evangelho Quadrangular é atuante na “Evangelização extensiva” e realiza
tradicionalmente o “Sermão da Montanha”, que já faz parte do calendário
religioso local, reunindo milhares de fiéis em cada edição; (3) Igreja
Evangélica Assembleia de Deus (IEAD), do Ministério Madureira, que foi a
primeira denominação protestante a chegar à cidade, em 1956. Hoje ela
conta com site na internet, programa de rádio e de TV, jornal impresso e uma
gama de atividades para levar adiante sua missão de evangelismo.
Não poderia deixar de mencionar o trabalho da Igreja Universal do
Reino de Deus (IURD), liderada mundialmente pelo Bispo Edir Macedo, e a
Igreja Internacional da Graça de Deus (IIGD), do Missionário R.R. Soares,
que são conhecidíssimas pelo emprego de ampla programação televisiva.
Recentemente a Igreja Mundial do Poder de Deus, dirigida pelo
Apóstolo Valdemiro Santiago, é a que mais se tem destacado apresentando
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um crescimento extraordinário. Ela é uma “Igreja Neopentecostal” e faz uso
enorme dos “Veículos de Comunicação” para alcançar o maior número de
seguidores. Destaco ainda que o trabalho de “Evangelização de Massa” com
uso de programas de televisão e rádio da Igreja Mundial do Poder de Deus
ainda é feito somente em programação nacional, mas mesmo assim têm
surtido efeitos estrondosos em níveis local e estadual.
Observo que as “Igrejas Cristãs” que mais tem crescido, especialmente
nos últimos anos, são aquelas que usam de forma mais arrojada as
estratégias de “Marketing” e “Comunicação de Massa” na busca de novos
fiéis.
Pode-se ver em pesquisas já realizadas em outras localidades e em
consulta aos dados disponíveis na internet que, assim como tenho visto a
olho nu em nossa cidade, em diversas partes do Brasil e do mundo as
“Igrejas Cristãs” que mais crescem são, sem dúvida alguma, aquelas que
empregam de forma adequada as ferramentas de “Marketing” e de
“Comunicação de Massa”.
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O autor é natural de Itaúna, município do Centro-Oeste Mineiro, e
reside atualmente no Estado do Tocantins. É graduado em Matemática e
Biologia, Mestre em Ciências do Ambiente e Especialista em Direito
Ambiental. Tem ampla experiência profissional na área de Ciências
Ambientais, com ênfase em Conservação das Espécies Animais e
Etnoconhecimento, atuando principalmente nos seguintes temas: ecologia,
tartarugas, jacarés, educação ambiental, índios Karajá/Javaé, índios KrahôKanela, terras indígenas, unidades de conservação, direito ambiental e
políticas públicas de meio ambiente. Já publicou inúmeros artigos científicos
e dezenas de textos com temática ambiental em diversos jornais, revistas e
sites dos Estados do Tocantins, Goiás e Pará.
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