revista o olho da historia |2016

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REVISTA O OLHO DA HISTORIA | 2016
ISSN 2236-0824
GABRIEL LOPES PONTES
Oriundo de uma tradicional família de artistas de Teatro
da Bahia, Gabriel Lopes Pontes cedo pisou nos palcos,
mais ou menos na mesma altura começando a tomar
aulas de pintura com a Profa. Anna Georgina. Ao chegar o
momento de decidir que faculdade cursar, preferiu a
Escola de Belas Artes onde, ligando-se a nomes como
Regina Costa, Michael Walker, Burity, Dílson Midlej,
Márcia Abreu, Edgard Oliva, Kau Mascarenhas, Clarissa
Carybé e Miguel Bittencourt, participou de diversas
exposições coletivas, que agitaram o cenário cultural da
Foto: Celi Santos / Divulgação
segunda metade da década de 80 e da primeira da
década de 90. Também realizou várias individuais e classificou-se em sete salões e bienais,
tendo sido premiado três vezes. Chegou mesmo a ter sido apontado como o melhor artista
plástico em atuação no Estado na década de 80 e um dos dez melhores do País.
O nefasto Plano Collor, porém, teve sobre o mercado de Arte baiano, em geral, e sobre os
esforços deste grupo, em particular, o efeito devastador de um tsunami. Com isto, Gabriel
voltou-se para o negócio da família, concentrando-se mais no Teatro, em detrimento das Artes
Plásticas. Nesta empreitada, trabalhou intensamente como autor, diretor, ator, cenógrafo,
figurinista e, sobretudo, professor de Teatro, recebendo cinco prêmios na Bahia e um em
Sergipe, este último o de melhor profissional em atuação na área no Estado no ano de 1997.
Acossado com o que chama de “um acúmulo de profundas decepções causadas, sem a menor
necessidade, por pessoas mesquinhas e medíocres”, decidiu encerrar de uma vez por todas
suas atividades artísticas, quer teatrais quer pictóricas, e dedicar-se a um sonho secreto, há
muito acalentado: estudar História. Valendo-se da sua condição de portador de diploma,
especializou-se em Potenciais da Imagem e logo começou a lecionar em instituições de ensino
superior, a proferir palestras, a publicar artigos e a ministrar cursos de extensão. Um de seus
artigos, sobre a relação História-em-Quadrinhos / História valeu-lhe um prêmio nacional em
2003. Outro, sobre o mesmo tema, foi apontado como “magnífico” na Venezuela, país onde goza
do prestigiado epíteto de “o grande ensaísta da Bahia”.
REVISTA O OLHO DA HISTORIA | 2016
ISSN 2236-0824
Justamente quando estava feliz e realizado com a História, sem nem lembrar que a Arte existia,
esta voltou à sua vida e o fez pela via do Cinema. Quase por acaso, firmou uma sólida parceria
com o cineasta independente santantoniense Tau Tourinho. A dupla virou trio com o ingresso
do mineiro Lucas Virgolino e o trio desencadeou o Movimento NOVOCINEMANOVO pela
Renovação do Documentário Nacional, cujos cinco curtas-metragens percorreram uma
interessante trajetória. Representaram a Bahia nos festivais de Brasília, Porto Velho, São Luís e
Pelotas (duas vezes), dentre outros. Do ArraialCineFest, de Arraial d’Ajuda, participaram três
vezes, na última destas recebendo a honra de uma mostra especial, o que se repetiu no Festival
Kino-Olho, de Rio Claro / SP e numa das edições da prestigiada Jornada Internacional de
Cinema da Bahia, do Prof. Guido Araújo. No exterior, foram um dos destaques do Festival
CAMERAMUNDO, de Rotterdam / Holanda, o que os gabaritou a representar o Brasil no
Festival do Cinema Latino-Americano da também holandesa Utrecht. E, honraria máxima, seu
carro chefe, “Incarcânu A Tiortina – Quando o Vício é a Liberdade” foi convidado a representar,
sozinho, o Cinema brasileiro durante as festividades pelo Sete de Setembro promovidas pela
nossa embaixada em Estocolmo. Atualmente, a proposta estética e os filmes do
NOVOCINEMANOVO são quesito de avaliações em universidades e objeto de estudo dos meios
acadêmicos. Com a inesperada e, para ele, traumática, dissolução do Movimento, Gabriel Lopes
Pontes passou dois anos entre Bahia e Lisboa para realizar seu primeiro trabalho solo, também
seu primeiro longa-metragem: “Fado: A Dor Quente & A Paixão Fria”, lançado com sucesso no
Museu do Fado da capital portuguesa e disponível no You Tube. Frequentemente, atua como
tradutor de textos e filmes em Espanhol, Inglês e Francês ou verte para estas línguas originais
em Português, além de prestar serviços de seleção, preparação e direção de elenco para
películas ficcionais.
Depois de ter estudado sax-tenor na adolescência, com o Prof. Sérgio Souto, mais tarde banjo,
com o Prof. Paulo Emílio Barros, hoje tenta aprender trompete, com isto dando muito trabalho
ao Prof. Juracybemol e torrando a paciência dos vizinhos.
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