A EFETIVIDADE DE HEDGE DO MERCADO FUTURO DE AÇÚCAR NA BOLSA DE NOVA YORK, BOLSA DE LONDRES E BM&F João Paulo Raabe Jefferson Andronio Ramundo Staduto RESUMO - O Brasil é o maior produtor e exportador de açúcar de cana do mundo. É uma commodity que se destaca na geração de emprego e renda. A inexistência de mecanismos formais para administração de riscos relacionados a variações inesperadas de preços para os produtos finais do setor sucroalcooleiro tornou oportuno o lançamento de Contrato Futuro Cambial de Açúcar pela BM&F. Dessa forma, o mercado futuro torna-se um mecanismo importante na negociação da commodity açúcar, e é um instrumento de administração dos riscos de preço, bem como possibilitar uma previsão dos preços que serão praticados no período da comercialização. Para que essas funções do mercado futuro sejam exercidas, é necessário verificar se os preços do mercado futuro de açúcar acompanham os preços do açúcar no mercado físico, e para isso, foi utilizada a análise de efetividade de hedge, baseando-se em dados do açúcar cotado em dólar pela BM&F, Bolsa de Londres, Bolsa de Nova York e pelos preços do mercado físico, índice CEPEA/ESALQ no período de janeiro de 2000 à setembro de 2003. Foi verificado uma relativa efetividade de hedge no mercado futuro de açúcar cotado em dólar na BM&F, não sendo significativa nas demais Bolsas. Palavras-chave: mercado futuro, hedge, açúcar 1 INTRODUÇÃO O objetivo central deste trabalho é analisar o comportamento do mercado de açúcar das Bolsas de Mercadoria e Futuro de Nova York, Londres e BM&F em relação ao mercado físico brasileiro, para tanto estimou-se a efetividade de hedge nos respectivos mercados. A complexidade do mercado de açúcar que movimenta vários setores da economia, gerando emprego e renda, minimizando, de certa forma, alguns problemas sociais decorrentes da crescente população urbana. Em algumas regiões há uma dependência gerada pela produção agrícola, agregando valores nos segmentos inter-relacionados ao produto. É ainda um dos maiores complexos agroindustriais responsáveis pelo emprego da mão-de-obra no setor rural brasileiro. Conforme Burnquist & Calderon (2001), tem-se verificado, no mercado do açúcar, uma tendência ao aumento na volatilidade relativa dos preços ao longo do período pósdesregulamentação, o que pode ser interpretado como um fator de estímulo à utilização dos mercados futuros. Os fatores que favorecem esta volatilidade são a crescente competitividade no mercado doméstico do açúcar e a possibilidade de arbitragem entre o mercado interno e internacional. A agroindústria processadora de cana-de-açúcar, deve munir-se de todas as informações disponíveis para ter condições de mensurar seu ganho ou possíveis perdas, e assim cobrar melhores preços para o seu produto e obter o retorno esperado na comercialização, bem como o conhecimento de alternativas de negociação para o seu produto. A medida que a produção de açúcar é bem comercializada tem condições de beneficiar toda a cadeia. A justificativa para o estudo da efetividade do mercado de futuros agropecuários e agroindustriais na negociação do açúcar se dá pela importância de se utilizar um instrumento de administração de risco de preços para o agronegócio do açúcar, aperfeiçoando o sistema de informações da negociação do açúcar, agilizando uma interação entre os preços praticados no mercado físico e os preços dos contratos futuros. 1 2 EVOLUÇÃO DO MERCADO DE AÇÚCAR O açúcar é uma commodity agrícola consumida e comercializada tanto no mercado interno como externo. Embora o Brasil consuma, em média, aproximadamente 73% do açúcar produzido internamente, enquanto as exportações correspondem, em média, aproximadamente 27% da produção nacional, o País tem se posicionado entre os maiores produtores e exportadores de açúcar no mundo (SHIKIDA & BACHA, 1999). O açúcar comumente não oferece grandes oportunidades de exploração de marcas. As estratégias mais comuns de comercialização são a qualidade do produto e garantia de fornecimento (PESSANHA et al., 2000). Segundo Bacchi et al. (2002), é importante ressaltar dois momentos vividos pelo setor sucroalcooleiro na década de 90. O primeiro relacionado à extinção do Instituto do Açúcar e do Álcool (IAA), em março de 1990, que alterou a dinâmica do mercado do açúcar, o que levou os produtores a atuarem em ambiente competitivo, sendo forçados a empregar mecanismos de mercado nunca antes utilizados devido à regulamentação vigente na época do IAA. O segundo momento está relacionado à mudança da política cambial brasileira, ocorrida em janeiro de 1999, onde foi extinto o chamado “regime de bandas cambiais”, que determinava os limites de flutuações do preço da moeda estrangeira, adotando-se um regime cambial flexível. GRÁFICO 1- Evolução das Exportações de Açúcar Brasileiro FONTE: MAPA (2004) A evolução das exportações do açúcar brasileiro apresenta um comportamento ascendente, configurado por aumento de participação no mercado internacional. O fator câmbio influenciou a receita dos exportador, gerando flutuações, mais não sendo suficiente para o desvio desta trajetória. Os preços no mercado internacional são declinantes, mas, esta tendência foi interrompida em 1999, devido a problemas climáticos (seca) no Brasil que 2 provocou “quebra” na safra de cana-de-açúcar. Neste quadro aparentemente desfavorável para os exportadores, o aumento de receita está sendo amplamente compensado pelo aumento de eficiência em toda a cadeia do açúcar. GRÁFICO 2 – Evolução dos Preços no Açúcar Exportado pelo Brasil. FONTE: MAPA (2004). A exportação do produto representou na safra 1999/00, 4,02% do total de exportações do Brasil. É importante ressaltar a importância do percentual da participação do açúcar no total das exportações brasileiras, contribuindo para o equilíbrio da balança comercial, uma vez que o Brasil é o maior produtor de cana-de-açúcar do mundo (Tabela 1). TABELA 1 – Participação das Exportações do Açúcar no Total da Pauta de Exportações Brasileiras no Período 2001/2002 (US$ FOB) 2001 TOTAL 2002 Exportação Total Exportação Total Exportação Total Exportação Total (A) do Açúcar (B) (C) Açúcar (D) 58.222.641.895 2.279.058.288 60.361.785.544 2.093.636.374 2001 2002 B/A D/C (%) (%) 3,91 3.47 FONTE: SECEX/DECEX citado por MERCADO de açúcar (2003). A Rússia é o maior importador do açúcar brasileiro, chegando a 3.521.213 toneladas no ano de 2002, sendo o mesmo seguido da Nigéria (segundo maior importador), que no mesmo ano importou 1.118.100 toneladas. Em terceiro lugar, encontramos os Emirados Árabes, com um volume de importação de açúcar que chegou a 989.778 toneladas no ano de 2002. 3 PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS 3 De acordo com a teoria do portfólio, o hedger tenta minimizar o risco de suas posições à vista e futura, a partir de uma seleção e combinação de investimentos individuais que, quando tomados em conjunto, minimizam o risco total, de acordo com o retorno esperado. A teoria do portfólio admite que os mercados são formados por agentes que objetivam maximizar a riqueza, minimizando o risco ou maximizando a receita. O conceito de hedge de variância mínima é, em termos práticos, a proporção da posição à vista que deve ser assumida em posições opostas em mercados futuros, a fim de minimizar o risco do retorno esperado. A razão ótima de hedge pode ser estimada através de uma regressão de Mínimos Quadrados Ordinários do preço à vista contra o preço futuro no tempo. A regra do hedge ótimo está representada na equação (1): r= σpf σ 2f = bt − 1 qt − 1 (1) Onde: σpf = cov(pt, ft|Xt-1) é a covariância condicional entre os preços à vista e futuro, = var(ft|Xt-1) é a variância condicional do preço futuro, bt-1 é a venda de contratos futuros σ 2f (compra se for negativo) no momento t-1, e qt-1 é a posição à vista, cuja decisão foi tomada em t-1. Todos os momentos são condicionais às informações disponíveis no momento t-1. Myers & Thompson (1989) propõem um enfoque de estimação generalizada da razão ótima de hedge, e pressupõem que, no equilíbrio, os preços à vista e futuro comportam-se de acordo com os seguintes modelos1: pt = Xt-1α +ut ft = Xt-1 β + vt (2) (3) Onde: pt é o preço à vista no momento t, Xt-1 é uma matriz que contém as informações condicionais relevantes para a formação dos preços à vista e futuro, α e β são vetores de parâmetros não conhecidos, ft é o preço no momento t e ut e vt são termos de erro com média zero e não correlacionados serialmente, que apresentam uma matriz de covariância contemporânea Ω, de forma que a estimativa de δ na equação de regressão múltipla descrita a seguir por (4) é igual ao estimador da razão ótima de hedge apresentado em (1): pt = δft + Xt-1 α + εt (4 ) O enfoque generalizado proposto por MYERS & THOMPSON (1989) consiste em estimar a razão ótima de hedge (δ) na equação (4) por MQO é simplesmente um mecanismo para computar diretamente a estimativa geral da razão ótima de hedge. O procedimento de estimar a regressão simples do preço à vista contra o preço futuro, ambos em nível, assume que todos os parâmetros da matriz α são iguais a zero, exceto o termo constante. Entretanto, é prudente incluir as variáveis relevantes à estimação da razão ótima de hedge da matriz Xt-1. Talvez este seja o aspecto mais difícil dessa estimação: identificar as variáveis a serem incluídas na matriz Xt-1 e as defasagens apropriadas para as mesmas. 1 Esses procedimentos foram adotados por Rochelle (2000) e Silva (2001), no quais podem . 4 Uma simplificação é construir a matriz Xt-1 apenas com o termo constante e os preços à vista e futuros defasados, pressupondo que todas as informações relevantes para estimação da razão ótima de hedge estão refletidas nessas variáveis. Porém, na derivação da regra do hedge ótimo, considera-se que os mercados futuros são eficientes e, portanto, essa restrição precisa ser imposta ao modelo. A inclusão dessa pressuposição faz com que os preços à vista e futuro no equilíbrio sejam descritos pelas seguintes equações: pt = Xt-1α + ut ft = ft-1 + vt (5) (6) Sendo: ft-1 o preço futuro no momento t-1, ut e vt os componentes aleatórios dos processos que descrevem o comportamento dos preços à vista e futuro, respectivamente, os quais serão contemporaneamente correlacionados. Será estimado δ pelo método de MQO na equação (7) (MYERS & THOMPSON, 1989): pt = δ∆ft + Xt-1α + εt (7) Sendo: pt = preço à vista no momento t; δ = razão ótima de hedge; ∆ft = diferença entre o preço futuro nos momentos t e t-1; Xt-1 = matriz que inclui o termo constante e os preços à vista defasados; εt = ruído branco. Desse modo, a estimativa geral da razão ótima de hedge através da equação (7), é compatível com a restrição de mercado futuro eficiente utilizando-se o método de MQO. Até o momento, assumiu-se, para desenvolver a equação (7), que os modelos de equilíbrio (5) e (6) são conhecidos. Porém, esse não é o caso na prática. A especificação desses modelos é um ponto importante na estimação da razão ótima de hedge. Conforme sugere ROCHELLE (2000), apenas as variáveis defasadas do preço à vista serão incluídas na matriz Xt-1, de forma que se pressupõe, a priori, que essa variável é descrita por um processo autorregressivo (AR) e todas as demais variáveis explicativas do modelo serão refletidas no preço à vista defasado. Assim, faz-se necessário especificar a ordem do AR que descreve o preço à vista, ou seja, o número de defasagens dessa variável a ser incluído na matriz Xt-1, da equação (7). Quanto ao mercado futuro, é necessário verificar se o mesmo é eficiente, isto é, se a série de preços futuros a ser utilizada no presente estudo comporta-se segundo um processo autorregressivo de ordem um, sem os termos constantes e tendência determinística, conforme a equação descrita em (6). Caso os mercados futuros não sejam eficientes, a estimação da razão ótima de hedge é inconsistente, porque a eficiência do mercado futuro é uma condição para a derivação da regra do hedge ótimo. Utilizou-se o critério mais utilizado na literatura para determinação da ordem de processos autorregressivos, o Akaike Information Criterion (AIC) e o Schwarz Criterion (SC). Tais critérios são representados, respectivamente, pelas seguintes equações: 2 AIC = 1ns2 + (nº de parâmetros) T (8) 5 1nT SC = 1ns2 + (nº de parâmetros) T (9) Sendo s2 a soma de quadrados de resíduos da equação autorregressiva, nas defasagens sucessivas em relação à série original, representada pelas equações (5) e (6) e T o número de observações utilizado para estimá-la. A ordem do processo autorregressivo é a que resultar no menor valor desses critérios, considerando-se uma seqüência de ajustamentos, na qual o número de defasagens do modelo aumenta sucessivamente. Verificou-se a estacionariedade das séries de preço à vista e futuro, a fim de se utilizar o método de MQO. Caso a série de preços à vista seja não estacionária, a equação (7) deve ser especificada com o preço à vista na primeira diferença, em vez dessa variável em nível. No caso dos preços futuros, a série deve ser estacionária na primeira diferença, para que a equação (7) possa ser estimada por MQO. Para verificar se o mercado futuro é eficiente foram realizados testes da raiz unitária nas séries de preços futuros, conforme proposto por SABOYA & BACCHI (1999). Tal como salientam ROCHELLE (2000) e SILVA (2001), para estimar a razão ótima de hedge pressupõe que os custos envolvidos no hedging (taxa de corretagem e demais custos referentes à operação), bem como o custo de oportunidade de manter uma conta de margem, são nulos. Além disso, não são considerados os custos de obtenção das informações nos mercados à vista e futuro. Os testes de raiz unitária são utilizados para verificar se uma série temporal é estacionária em nível ou torna-se estacionária nas diferenças, isto é, se ela se desenvolve aleatoriamente no tempo, ao redor de uma média constante e com variância finita (a qual não varia ao longo do tempo), refletindo alguma forma de equilíbrio estável. No contexto de análise de regressão, pressupõe-se que as séries de dados são estacionárias. Existem diversos testes para verificar a existência de raiz unitária em séries temporais. No presente estudo, foram utilizados os testes de Dickey e Fuller (DF) e Dickey e Fuller Aumentado (DFA) para verificar a existência de raiz unitária nas séries utilizadas nas análises (RIBEIRO,2003). O teste de Dickey e Fuller (DF) para verificar a presença de raiz unitária numa série Yt, consiste em estimar a equação (10) pelo método de Mínimos Quadrados Ordinários: ∆Yt = (ρ - 1)Yt-1 + ut Sendo: ∆Yt = série Yt na primeira diferença; Yt-1 = série Yt defasada de um período; ut = ruído branco. E testar a hipótese: Ho: ρ - 1 = 0 Ha: ρ - 1 < 0 (10) (11) [ρ - 1] ∈ (- 2,0) Utilizando-se o valor de t relativo à essa hipótese e comparando-o com o valor crítico dado pela distribuição de DF relativo à estatística τ. A não rejeição da hipótese nula indica que o processo tem raiz unitária e, portanto a série é não estacionária. Nesse caso, é necessária uma diferença para torná-la estacionária. O teste de DF envolve a pressuposição de que o processo gerador dos dados é autorregressivo de ordem um [AR(1)] e ut é uma série ruído branco. Assim, para realização do mesmo, é preciso determinar o processo gerador dos dados e especificar o modelo a ser 6 testado quanto aos componentes determinísticos tendência e constante. Uma vez que não se conhece esse processo na prática, faz-se necessário partir de uma especificação mais geral, incluindo-se tais componentes no modelo de regressão usado para o teste, conforme escrito em (10’): ∆Yt = µb + ηYt-1 + γcT + ut (10’) Sendo: µb = termo constante; η = (ρ - 1) T = tendência determinística. Para cada modelo considerado quanto à presença dos termos constante e/ou tendência determinística, existe uma estatística correspondente para testar a presença de raiz unitária na série. O valor de t calculado relativo à hipótese nula deve ser comparado com o valor crítico da estatística correspondente ao tipo de modelo especificado (quanto à inclusão dos componentes determinísticos), ao nível escolhido de probabilidade. No presente estudo, foi adotado o procedimento sugerido por Enders (1995), para identificar o processo gerador dos dados e os testes de raiz unitária. Segundo Harris (1995), citado em Rochelle (2000), o teste DF envolve a pressuposição de que o processo gerador dos dados é um AR (1). Se um modelo AR (1) for usado quando, de fato, a variável Yt segue um processo autorregressivo de ordem p>1 [AR(p)], os erros apresentarão autocorrelação para compensar a falha na especificação da estrutura dinâmica de Yt. A autocorrelação dos erros invalida o uso da distribuição DF. Então, considerando-se uma série descrita por um processo autorregressivo de ordem p>1 [AR(p)], conforme apresentado em (12): Yt = ρ1 Yt-1 + ... + ρ p Y t-p + ut (12) O teste apropriado para verificar a existência de raiz unitária é o de Dickey e Fuller Aumentado (DFA), o qual consiste em testar a hipótese (13): Ho: θ = 0 Ha: θ < 0 (13) Na equação (13) estimada por Mínimos Quadrados Ordinários: ∆Yt = µb + θ Y t-1 + p −1 ∑ ωI ∆Yt-i + γcT + ut (14) i =1 Sendo: p θ= ∑ ρi – 1 i =1 ωi = - p ∑ ρj j =i +1 7 Da mesma forma que no teste de DF, o valor de t calculado relativo à hipótese nula deve ser comparado com o valor crítico da estatística correspondente ao tipo de modelo especificado (quanto à inclusão dos componentes determinísticos), ao nível escolhido de probabilidade. Se a hipótese nula não for rejeitada, o processo é não estacionário e deve-se repetir o teste descrito em (14), considerando-se uma diferença a mais, a fim de verificar se a série Yt é estacionária na primeira diferença. Se a hipótese nula não for rejeitada novamente, deve-se aumentar o número de diferenças até que o teste apresente-se significativo, ou seja, para cada raiz unitária, tem-se a necessidade de uma diferença a mais (ROCHELLE, 2000). O teste de DFA também pressupõe resíduos não correlacionados, portanto, o valor de (p) deve ser tal que torne ut uma série ruída branco. Então, o teste de DFA é comparável ao DF, mas envolve a inclusão de um número não conhecido de defasagens da variável dependente na primeira diferença, para captar a autocorrelação das variáveis omitidas que, caso contrário, estariam refletidas no termo de erro (HARRIS, 1995). Portanto, é importante a correta determinação do número de defasagens a ser incluído no modelo para fins do teste de DFA. Poucas defasagens podem levar a rejeitar a hipótese nula quando ela é verdadeira, enquanto a inclusão de muitas defasagens pode reduzir o poder do teste (ENDERS, 1995). A ordem do processo AR(p) para fins dos testes de DF ou DFA pode ser determinada através de diversos critérios. No presente estudo, serão utilizados o Akaike Information Criterion (AIC) e o Schwarz Criterion (SC), representados, respectivamente, pelas equações (8) e (9) descritas na seção anterior. Para analisar a possibilidade de utilizar o mercado futuro de açúcar como instrumento minimizador de riscos para os produtores de cana-de-açúcar, de modo que possam atuar como hedgers no mercado, torna-se necessário a observação do comportamento dos mercados físico e futuro, para que uma análise comparativa entre os preços seja efetuada, e, neste sentido, demonstrar as possibilidades de comercialização e a efetividade do mercado futuro. O procedimento econométrico baseado em Rochelle (2000), no qual os dados são tabulados a partir de séries temporais diárias, organizadas em médias semanais. As séries de preços históricos do açúcar negociado pela BM&F, Bolsa de Londres e Bolsa de Nova York, bem como as séries de preços históricos do índice CEPEA/ESALQ utilizadas no presente estudo foram fornecidas pela Sala de Agronegócios instalada junto ao Banco do Brasil no município de Toledo – Paraná. As séries de preços representam o período de janeiro de 2000 a Setembro de 2003, disponibilizadas em médias semanais, tornando possível a análise do mercado futuro de açúcar, cotado em dólar por saca de 50 kg, período no qual o país se encontrava em um regime cambial relativamente flutuante, ou seja, flutuação “suja”. 4 MERCADO FUTURO DE AÇÚCAR O Índice de Açúcar Cristal CEPEA/ESALQ, antes chamado de indicador ESALQ/BM&F, começou a ser divulgado em novembro de 1995, como resultado de um convênio firmado entre o CEPEA e a BM&F. Em abril de 1997, houve uma mudança metodológica no seu cômputo, resultando na atual apresentação deste Indicador. O Indicador de Preços de Açúcar CEPEA/ESALQ tem sido utilizado como base para a realização de negócios no mercado à vista do estado de São Paulo, e é referência para o cálculo do valor da tonelada de Açúcar Total Recuperável (ATR), segundo procedimento Consecana - SP, além de subsidiar a realização de estudos e pesquisas relativos a esse importante segmento da agroindústria brasileira. 8 Ao contrário de outras commodities, o açúcar pode utilizar-se de vários padrões de comercialização, dependendo do país em questão. Nas tabelas 2 e 3, podemos observar algumas diferenças existentes nos meses de vencimentos além da qualidade do açúcar comercializado: TABELA 2 – Meses de Vencimentos dos Contratos de Açúcar na BM&F, Bolsa de Londres e Bolsa de Nova York BM&F Bolsa de Londres 1º Vencimento Fevereiro Março 2º Vencimento Abril Maio 3º Vencimento Julho Agosto 4º Vencimento Setembro Outubro 5º Vencimento Novembro Dezembro FONTE: Sala de Agronegócios Banco. Brasil - Toledo (2004) Bolsa de Nova York Janeiro Março Maio Julho Outubro TABELA 3 – Especificidade do Açúcar Negociados em Contratos Futuro da BM&F, Bolsa de Londres e Bolsa de Nova York BM&F Bolsa de Londres Cana ou Beterraba Tipo Açúcar Cristal Especial Refinada Polarização 99,7º 99,8º Tamanho Contrato 270 sc 50 toneladas Cotação US$/Sc 50 Kg US$/ton Cor 150 ICUMSA 45 LSUMSA FONTE: Sala de Agronegócios Banco. Brasil - Toledo (2004). Bolsa de Nova York Cana Demerara 96º 112 libras/peso Centavos US$/libra - O padrão do produto utilizado pelo indicador CEPEA/ESALQ, cujos preços são levantados, corresponde ao de um açúcar cristal negociado em maior volume no mercado à vista do Estado de São Paulo. Trata-se de açúcar acondicionado em sacas de 50 kg, com mínimo de polarização de 99,7 graus, máximo de 0,10% de umidade, cor ICUMSA mais freqüente 130 - 180, máximo de 0,07% de cinzas, ensacado em sacas novas de polipropileno, destinado ao mercado interno, o que nos mostra uma considerável semelhança ao padrão do açúcar negociado na BM&F. Observando a Tabela 3 pode-se notar as diferenças de padrões de contratos adotados pelas respectivas Bolsas. Diferenças estas que podem ser consideradas como aspecto relevante que dificultaria a utilização do hedge nas Bolsas de Nova York e Londres, uma vez que o padrão adotado pelo índice CEPEA/ESALQ aproxima-se mais ao padrão da BM&F. Outro fator que deve ser ressaltado é os meses vencimentos adotados pelas Bolsas, os quais não possuem nenhum padrão internacional (Tabela 2). Os Gráficos 3, 4 e 5 representam o comportamento dos preços do açúcar no período de janeiro/2000 a setembro/2003, analisando em particular BM&F e o indicador CEPEA/ESALQ, e a BM&F, Bolsa de Londres, Bolsa de Nova York e o indicador CEPEA/ESALQ, respectivamente, disponibilizadas em séries de médias semanais. 9 GRÁFICO 3 – Preço do Primeiro Vencimento na BM&F para o Açúcar Cotado em US$/sc e Indicador CEPEA/ESALQ 16,00 14,00 12,00 10,00 US $ BMF 8,00 esalq 6,00 4,00 2,00 0,00 1 7 13 19 25 31 37 43 49 55 61 67 73 79 85 91 97 103 109 115 121 127 133 139 145 151 157 163 169 175 181 187 193 semanas FONTE: Resultados da Pesquisa (2004). GRÁFICO 4 – Preço do Primeiro Vencimento na Bolsa de Londres para o Açúcar Cotado em US$/sc e indicador CEPEA/ESALQ Erro! 16,00 14,00 12,00 10,00 US$ londres 8,00 esalq 6,00 4,00 2,00 0,00 1 7 13 19 25 31 37 43 49 55 61 67 73 79 85 91 97 103 109 115 121 127 133 139 145 151 157 163 169 175 181 187 193 Semanas FONTE: Resultados da Pesquisa (2004). 10 GRÁFICO 5 – Preço do Primeiro Vencimento na Bolsa de Nova York para o Açúcar Cotado em US$/sc e Indicador CEPEA/ESALQ 16,00 14,00 12,00 US$ 10,00 NY 8,00 esalq 6,00 4,00 2,00 0,00 1 7 13 19 25 31 37 43 49 55 61 67 73 79 85 91 97 103 109 115 121 127 133 139 145 151 157 163 169 175 181 187 193 Semanas FONTE: Resultados da Pesquisa (2004). Observando-se os Gráficos 3, 4 e 5, pode-se verificar que os contratos de açúcar, cotados em dólares por saca de 50 kg acompanham os preços do mercado físico de forma irregular nas Bolsas de Londres e Nova York, e em muitos períodos são divergentes. As cotações da BM&F apresentam mais aderência em relação ao Índice de Preços do CEPEA/ESALQ se aproximando mais da realidade quando falamos da BM&F, ou seja, mostra muito mais compatibilidade entre o mercado futuro e o físico. Os cruzamentos dos preços entre o mercado disponível e o futuro no gráficos correspondem ao início do período de entrega do produto, mostrando que o mercado futuro deve estar cumprindo sua função de fornecer hedge eficiente. Mas, esta situação não existe na Bolsa de Nova York e alguns período na Bolsa de Londres, já na BM&F este cruzamento das curvas de preços é muito freqüente. 5 EFETIVIDADE DE HEDGE Os resultados do Akaike Information Criterion (AIC) e Schwarz Criterion (SC) indicaram que a série de preços futuros do açúcar da BM&F, Bolsa de Londres, bem como a Bolsa de Nova York são descritas por um processo autorregressivo de ordem um, AR(1), enquanto a série de preços do índice CEPEA/ESALQ é descrita por um processo autorregressivo de ordem dois AR(2). TABELA 4– Resultados do AIC e SC, das Séries de Preços da Estimação da Razão Ótima de Hedge para o Contrato Futuro da BM&F Série de preços futuros BM&F Critério Número de defasagens 1 2 3 AIC 754,67 755,06 755,22 SC 761,10 764,71 768,08 11 4 5 FONTE: Resultados da Pesquisa (2003). 756,46 757,69 772,54 776,98 TABELA 5 – Resultados dos Testes AIC e SC, das Séries de Preços da Estimação da Razão ótima de Hedge para o Contrato Futuro da Bolsa de Londres Série de preços futuros Bolsa de Londres Critério Número de defasagens 1 2 3 4 5 FONTE: Resultados da Pesquisa (2003). AIC 523,70 509,33 511,10 512,76 514,50 SC 530,13 518,98 523,96 528,83 533,79 TABELA 6 – Resultados do AIC e SC, das Séries de Preços da Estimação da Razão Ótima de Hedge para o Contrato Futuro da Bolsa de Nova York Número de defasagens 1 2 3 4 5 FONTE: Resultados da Pesquisa (2003). Série de preços futuros Bolsa de Nova York Critério AIC SC 515,61 522,04 503,36 513,01 505,28 518,14 505,56 521,64 506,31 525,60 TABELA 7 – Resultados do AIC e SC, das Séries de Preços da Estimação da Razão Ótima de Hedge para o Contrato Futuro do Índice CEPEA/ESALQ Número de defasagens 1 2 3 4 5 Série do índice CEPEA / ESALQ para estimação da razão ótima de hedge Critério AIC SC 1228,81 1235,24 1213,25 1222,89 1223,54 1210,68 1211,07 1227,14 1212,61 1231,90 FONTE: Resultados da Pesquisa (2003). As Tabelas 4,5, 6 e 7 mostram os resultados do AIC e SC, na identificação da ordem dos processos autorregressivos das séries de preços à vista e futuro a serem utilizadas na estimação ótima de hedge para o contrato futuro da BM&F, Bolsa de Londres e Bolsa de Nova York. Os menores valores encontrados com o AIC e o SC para as séries de preços à vista e futuro indicam defasagem do processo autorregressivo. Após a identificação da ordem dos processos autorregressivos das séries de preços, passou-se à realização do teste Dickey e Fuller Aumentado (DFA). Foi utilizado o procedimento seqüencial descrito em ENDERS (1995), para verificar a significância dos componentes determinísticos e identificar a presença de raiz unitária nas séries. O resultado do teste DFA para as séries de preço à vista (índice CEPEA/ESALQ) e futuros (BM&F, Bolsa de Londres e Bolsa de Nova York), em nível, são apresentados na 12 Tabela 8. Os valores não significativos das estatísticas ττ, τβτ, , τµ e ταµ apresentados na referida Tabela indicam que, para as duas séries, os elementos determinísticos tendência e constante não devem ser incluídos no modelo para testar a presença de raiz unitária. TABELA 8 – Resultados na Identificação dos Elementos Determinísticos e Testes de Raiz Unitária nas Séries de Preços à Vista (Índice CEPEA/ESALQ) e Futuros da BM&F, Bolsa de Londres e Bolsa de Nova York em Nível Séries em Nível ττ CEPEA/ESALQ t= -3,47 BM&F t= -2,12 Bolsa de Londres t= -2,76 Bolsa de Nova York t= -2,41 FONTE: Resultados da Pesquisa (2003). τβτ t= -1,23 t= -1,11 t= -2,18 t= -1,99 Estatística τµ t= -3,25 t= -1,82 t= -2,21 t= -1,84 ταµ t= 3,15 t= 1,71 t= 2,22 t= 1,84 τ t= -0,81 t= -0,71 t= -0,10 t= -0,22 O resultado do teste DFA da Tabela 8, relativo à estatística τ mostram que os valores são não significativos estatisticamente, indicando a presença de raiz unitária em todas as séries em nível. Desta forma, o teste foi realizado novamente, utilizando-se as séries de preços nas primeiras diferenças, com uma defasagem a menos na especificação do modelo a ser testado. A Tabela 9 mostra o resultado do teste DFA para as séries de preços futuro e à vista na primeira diferença, respectivamente. As séries de preços à vista (CEPEA/ESALQ) e futuros (BM&F, Bolsa de Londres e Bolsa de Nova York), apresentaram-se estacionárias na primeira diferença, visto que, para todas elas, a hipótese de raiz unitária foi rejeitada ao nível de significância de 1%. TABELA 9 – Resultados dos Testes de Raiz Unitária para as Séries de Preços à Vista (Índice CEPEA/ESALQ) e Futuros da BM&F, Bolsa de Londres e Bolsa de Nova York na Primeira Diferença Estatística τ CEPEA/ESALQ t= -11,92 * Séries na primeira diferença BM&F Bolsa de Londres t= -10,54* t= -9,00* Bolsa de Nova York t= -8,83* FONTE: Resultados da Pesquisa (2003). Notas: os valores críticos para as estatísticas τ são apresentados em Fuller (1996); o tamanho da amostra utilizado para realização dos testes foi 193; *valor significativo a 1%. A estacionariedade das séries de preços na primeira diferença foi constatada, e o passo seguinte foi o de verificar a hipótese de mercado futuro eficiente para as séries de preços futuros da BM&F, a fim de estimar a razão ótima de hedge. Conforme sugerido por SABOYA & BACCHI (1999), deveria ser utilizado o modelo do teste de raiz unitária quando a série tivesse em um processo AR(1) para analisar a eficiência dos mercados futuros. A hipótese de mercado futuro eficiente pressupõe que os preços comportem-se como processos AR(1), através dos resultados do AIC e SC, as séries de preços futuros da BM&F, Bolsa de Londres e a Bolsa de Nova York deveriam ser descritas por processos AR(1). Na estimação por MQO de um modelo AR(1) dos preços futuros na primeira diferença, conforme aquele descrito na equação (15) a seguir, correspondentes ao DF, onde os coeficientes dos termos constante (a0) e tendência determinística (a1), bem como da variável preço futuro defasada de um período (b) devem ser estatisticamente não significativos para que o mercado futuro seja eficiente: 13 ∆FT = A0 + A1T + BFT-1 + UT (15) Onde ∆FT é o preço futuro na primeira diferença, FT-1 é o preço futuro no momento t1, t é a tendência determinística e ut é uma série ruído branco, assim, sob a hipótese nula deve-se ter a0 = a1 = b = 0, para que o mercado futuro seja eficiente. No entanto, não foi aplicada a fórmula (15), pois a série de dados para os mercados futuros da Bolsa de Londres e Bolsa de Nova York são AR(2). Para a BM&F os testes AIC e SC foram AR(1), mas esta apresenta raiz unitária apenas com AR(2). Os procedimentos para se obter a razão ótima de hedge foram seguidas mesmo não sendo estes mercados futuros eficientes, segundo a metodologia de SABOYA & BACCHI (1999). Os dados devem ser vistos e analisados com cautela, pois os mesmos nos fornecem por meio de cálculos a razão ótima de hedge, para um mercado não eficiente, no entanto, espera-se que a análise desenvolvida seja uma aproximação da efetividade de hedge nos mercados, e que tenham coerência com o comportamento dos gráficos 1, 2 e3. Depois de examinar a eficiência dos mercados futuros da BM&F, Bolsa de Londres e Bolsa de Nova York, estimou-se a razão ótima de hedge para os contratos futuros de açúcar. De acordo com o enfoque de Myers & Thompson (1989), as estimativas da razão ótima de hedge devem ser feitas utilizando-se as séries de preços nas primeiras diferenças, quando as mesmas tornam-se estacionárias. Além disso, deve-se incluir o preço à vista na primeira diferença, defasado de um, dois e três períodos, como variáveis explicativas nas regressões da razão ótima de hedge para os contratos futuros da BM&F, Bolsa de Londres e Bolsa de Nova York, pois as séries do índice CEPEA/ESALQ na primeira diferença são descritas, em ambos os casos, por processos AR (2). Assim, o modelo a ser estimado em cada caso é aquele representado pela equação (16): ∆pt = α + δ∆ft + β1∆pt-1 + β2∆pt-2 + β3∆pt-3 + ut (16) Sendo: ∆pt = preço à vista do açúcar na primeira diferença (índice CEPEA/ESALQ) no momento t; δ = razão ótima de hedge; ∆ft = preço futuro do açúcar na primeira diferença no momento t (BM&F, Bolsa de Londres e Bolsa de Nova York); ∆pt-1 = preço à vista do açúcar na primeira diferença (índice CEPEA/ESALQ) no momento t1; ∆pt-2 = preço à vista do açúcar na primeira diferença (índice CEPEA/ESALQ) no momento t2; ∆pt-3 = preço à vista do açúcar na primeira diferença (índice CEPEA/ESALQ) no momento t3; ut = ruído branco. Os resultados das estimativas das razões ótimas de hedge para os contratos futuros da BM&F, Bolsa de Londres e Bolsa de Nova York são apresentados na Tabela 10. Pode-se observar, através do teste F, que as regressões estimadas apresentaram significativas. Para o contrato futuro de açúcar da BM&F, o coeficiente que representa a razão ótima de hedge (δ) apresentou-se significativo. No entanto, para as Bolsas de Londres e Nova York não foram significativos. O valor obtido indica que a proporção da posição à vista a ser compensada com esses contratos, a fim de minimizar o risco das posições à vista e futura 52,15% para a BM&F. 14 TABELA 10 – Resultados das Estimativas das Razões Ótimas de Hedge para os Contratos Futuros de Açúcar Da BM&F, Bolsa de Londres e Bolsa de Nova York Bolsa de Londres Bolsa de Nova York BM&F Análise de Regressão F = 18,03* F = 18,03* F = 19,55* Variáveis Coeficientes -0,0323 (-0,22)ns -0,0294 (-0,06) ns -0,6127* (-8,47) -0,3383* (-4,15) -0,1586** (-2,19) Coeficientes -0,0323 (-0,22) ns -0,0534 (-0,11) ns -0,6128* (-8,48) -0,3386* (-4,16) -0,1588** (-2,19) Coeficientes -0,0245 (-0,17) ns 0,5215** (2,09) ns -0,6264* (-8,74) -0,3513* (-4,35) -0,1646* (-2,30) Constante δ∆ ∆pt-1 (β) ∆pt-2 (γ) ∆pt-3 (α) FONTE: Resultados da Pesquisa (2003). Notas: os valores da estatística t encontram-se entre parênteses. ns não significativo estatisticamente. *significativo a 1%. **significativo a 5%. TABELA 11 – Efetividade de Hedge para os Mercados Futuros da Bolsa de Nova York, Londres e BM&F. BOLSAS BM&F Bolsa de Londres Bolsa Nova York Fonte: Resultados Pesquisa (2004). Efetividade (%) 66,39 2,38 6,06 Um fator importante, que pode explicar tal diferença, seria as especificidades dos açúcares comercializados nas respectivas Bolsas com baixo índice de efetividade de hedge, ou seja, a BM&F comercializa açúcar cristal especial, a Bolsa de Londres pratica com o açúcar de cana ou beterraba refinado, enquanto que a Bolsa de Nova York comercializa açúcar de cana demerara. Devem-se relevar ainda os meses de vencimentos dos contratos, os quais também possuem uma pequena disparidade. A tabela 11 demonstra que a efetividade de hedge no mercado futuro da BM&F (66,39%) foi muito superior das Bolsas de Londres e Nova York, 2,38% e 6,06%, respectivamente. CONSIDERAÇÕES FINAIS O objetivo central deste trabalho é analisar o comportamento do mercado de açúcar das Bolsas de Mercadoria e Futuro de Nova York, Londres e BM&F em relação ao mercado físico brasileiro, para tanto, estimou-se a efetividade de hedge nos respectivos mercados Através do procedimento econométrico utilizado, foi possível demonstrar baixa efetividade de hedge no mercado futuro de açúcar para as Bolsas de Londres e Nova York. No entanto, a BM&F apresentou uma efetividade mais elevada para o mercado futuro operado em dólar por saca de 50kg (66,39%). Os preços praticados no mercado futuro no período analisado acompanhavam, de certa forma, os preços do mercado físico, Índice de Preços 15 CEPEA/ESALQ, se tornando, desta forma, uma base relativamente segura para os produtores preverem o preço futuro do seu produto. Este resultado deve ser visto com ressalva, pois o método econométrico utilizado é plenamente válido para mercados eficientes, e seguindo o método proposto por SABOYA & BACCHI (1999), estes três mercados não são considerados eficientes. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS BACCHI, M. R. P.; ALVES, L. R. A.; SILVEIRA, A. M. Exportações brasileiras de açúcar: um modelo de auto-regressão vetorial. In: CONGRESSO BRASILEIRO DE ECONOMIA E SOCIOLOGIA RURAL, 40. Passo Fundo, 2002. Anais. Brasília: Sociedade Brasileira de Economia e Sociologia Rural, 2002. DICKEY, W.; FULLER, W. A. Likelihood ratio statistics for autoregressive time series with a unit root. Econométrico. v. 49, n. 4, p. 1057-1072. 1981. ENDERS, W. Applied econometric time series. New York: Willey, 1995. 433p. FARINA, E. M. M. Q.; ZYLBERSZTAJN, D. A competitividade no agronegócio brasileiro: sistema agroindustrial da cana-de-açúcar e sistema agroindustrial da soja. São Paulo: PENSA/FIA/FEA/USP, 1998. MARQUES, V. P.; MELLO, C. P. 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