- Quadril Recife

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O que é Impacto Fêmoro-acetabular
PUBLICADO POR QUADRIL RECIFE
Autores:
Dr. Henrique Berwanger Cabrita

Doutor em Ortopedia pela Universidade de São Paulo

Assistente do Grupo de Quadril do Instituto de Ortopedia e Traumatologia do Hospital das
Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo

Membro das Sociedades Brasileiras de Ortopedia e Traumatologia, Quadril, Artroscopia e
Medicina Esportiva

Membro do Instituto Vita
Prof. Dr. Luiz Sérgio Marcelino Gomes

Mestre e Doutor em Ortopedia pela Universidade de São Paulo (Faculdade de Medicina
de Ribeirão Preto)

Chefe do Grupo de Quadril do Hospital e Maternidade Celso Pierro - PUC (Campinas)

Chefe do Serviço de Cirurgia e Reabilitação Ortopédico-Traumatológica de Batatais
(SECROT)

Membro Fundador da Sociedade Brasileira de Quadril (SBQ)

Fellow do Hennepin County Medical Center e Orthopaedic Biomechanics Laboratory,
Midwest Orthopaedic Research Foundation, Minneapolis Medical Research Foundation
and University of Minnesota, MN, USA.
Dr. Marco Antonio Pedroni

Mestre em Cirurgia - PUCPR

Especialista em Ortopedista e Traumatologista, Quadril e Artroscopia

Professor da PUCPR e Universidade Positivo

Presidente Sociedade Brasileira de Quadril Regional Paraná
O que é o “quadril”?
O quadril é a articulação (junta) que une os ossos da bacia e do fêmur. Ele é chamado
também de articulação coxo-femoral.
O quadril pode sofrer várias doenças, sendo que a mais comum é o seu desgaste, ou
artrose. Das condições que podem levar ao desgaste do quadril, a mais comum é o
impacto femoroacetabular.
O que é Impacto femoroacetabular?
O impacto femoroacetabular (IFA) é uma situação mecânica que ocorre quando a
articulação do quadril apresenta uma incongruência nos extremos de suas amplitudes de
movimento, especialmente quando ele é dobrado ou rodado para dentro.
Esta incongruência pode ser devida a deformidades do osso da bacia, especialmente em
sua borda, o acetábulo, ou a deformidades da cabeça do fêmur. Na maioria das vezes, há
osso a mais tanto na cabeça quanto na bacia.
Quais são os tipos de Impacto Femoroacetabular?
Came
O impacto tipo came resulta do contato entre uma cabeça do fêmur anormal e o acetábulo
(borda da bacia).
É mais comum em indivíduos do sexo masculino, praticantes de atividades esportivas e na
terceira ou quarta década de vida;
‘Came’ é definido pelo dicionário Michaelis como “dispositivo de máquina, destinado a
converter um movimento rotativo regular em movimento rotativo irregular, rápido ou lento,
intermitente ou alternativo; ressalto do came, arrasto”. É este tipo de comportamento que a
cabeça do fêmur tem com relação ao acetábulo, devido ao seu formato elíptico.
Impacto fêmoro-acetabular tipo came: durante a flexão do quadril, a porção anesférica da
cabeça femoral (protuberância ou bossa da transição colo e cabeça femoral) colide contra
o teto da bacia (acetábulo). A cartilagem é descolada progressivamente pelo cisalhamento,
o que leva ao rompimento do labrum.
A avulsão condral leva ao destacamento secundário do lábio fibro-cartilaginoso ou labrum.
Na região de contato ósseo há a formação de cistos subcondrais, identificados à
ressonância magnética e tomografia computadorizada e, em casos mais avançados, nas
radiografias simples.
Pinçamento ou torquês
O impacto tipo pinçamento (“Pincer”) ou torquês é resultado do contato de uma borda
acetabular anormal com o colo (pescoço) do fêmur normal.
O pinçamento é mais comum em mulheres de meia idade praticantes ou não de atividades
esportivas.
Impacto femoroacetabular tipo pinçamento: devido ao excesso de cobertura acetabular, o
lábio é danificado diretamente pela junção colo-cabeça femoral. A lesão da cartilagem
acetabular, em sua porção ântero-lateral, é menos extensa que a do IFA tipo came. A
cartilagem acetabular posterior é lesada por mecanismo de contra-golpe da cabeça
femoral.
Misto
Os impactos tipos came ou pinçamento raramente ocorrem como mecanismos isolados.
Setenta por cento dos pacientes com impacto tem problemas no fêmur e na bacia.
Por que tratar o impacto femoroacetabular é
importante?
A colisão entre as estruturas anormais no impacto leva ao destacamento da cartilagem
que recobre o acetábulo e à lesão de sua borda fibro-cartilaginosa, que é o labrum ou lábio
acetabular.
O destacamento da cartilagem parece com o de um carpete solto, e é irreversível ou seja,
uma vez que a cartilagem está danificada, não há como repará-la. Por isto o tratamento
precoce do IFA é muito importante.
Lembre-se: O impacto fêmoro-acetabular é uma das causas de desgaste do quadril.
Com o desenvolvimento do diagnóstico e do tratamento do Impacto fêmoro-acetabular os
ortopedistas hoje podem alcançar sucesso na conduta de uma patologia desconhecida até
uma década atrás e que ainda é pouco diagnosticada.
Quem pode ter IFA? Como é a dor?
A maioria dos pacientes com impacto femoroacetabular encontra-se entre a terceira e a
quinta década de vida. A queixa é de dor inguinal (raiz da coxa) irradiada para a região de
dentro da coxa ou joelho, o que pode retardar o diagnóstico porque é muito parecida com
lesões musculares (distensões da coxa ou da virilha).
A dor evolui no seguinte roteiro:

Dor residual após atividades físicas que envolvem sobrecarga do quadril;

Dor durante a prática das atividades físicas;

Diminuição gradativa da mobilidade do quadril;

Progressão da dor para atividades do dia-a-dia como se sentar ou levantar-se de cadeiras
baixas, permanecer sentado muito tempo, entrar e sair do carro e subir escadas;

Em casos avançados, dor ao mudar de posição na cama ou mesmo em repouso, com
limitação de toda amplitude de movimento do quadril.
Quais os esportes mais comuns para o desenvolvimento dos sintomas de IFA?

Futebol;

Tênis;

Squash;

Rúgbi;
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Hóquei;

Natação (nado clássico ou de peito);
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Surfe e Wakeboard;
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Yoga;

Ciclismo de estrada

Remo;

Automobilismo (em carros baixos).
Quais exames o seu médico irá pedir?
O ortopedista, além de examinar o paciente, especialmente testar a movimentação do
quadril dobrando e rodando a perna e avaliando a força muscular, irá pedir alguns exames
para o diagnóstico.
Os exames mais comuns são as radiografias simples, para investigar os ossos e a
ressonância nuclear magnética, para investigar a cartilagem, o labrum e as lesões dos
músculos.
Eventualmente podem ser pedidas tomografias computadorizadas que, se reconstruídas
em três dimensões dão uma imagem precisa das deformidades ósseas.
Uma artrorressonância magnética, exame em que é injetado contraste dentro do quadril é
mais sensível que a ressonância comum e pode ser pedido em casos de dúvida.
Como é o tratamento do impacto femoroacetabular?
O tratamento desta lesão pode ser tentado com fisioterapia, orientação das atividades
esportivae do dia-a-dia e, de acordo com a sugestão de seu ortopedista, com reforço
muscular e uso de protetores de cartilagem.
Lembre-se:
A fisioterapia visando aumento de amplitude articular e alongamentos é contra-produtiva,
pois exacerba o impacto fêmoro-acetabular e pode acelerar o desgaste da cartilagem.
Infelizmente, esta doença é geralmente progressiva e, com a manutenção dos sintomas, é
preconizado o tratamento com cirurgia.
Como é a cirurgia para o tratamento do IFA?
Existem dois tipos de cirurgia: a luxação cirúrgica do quadril e a artroscopia do quadril.
Em ambas as técnicas o paciente vai embora para casa no mesmo dia da cirurgia ou no
dia seguinte, por segurança.
Até hoje a luxação cirúrgica, que é uma incisão (corte para mostrar as estruturas
danificadas e corrigir os defeitos) tem os melhores resultados.
É uma cirurgia realizada com bastante segurança por ortopedistas acostumados a realizála, com baixos riscos de complicações.
A artroscopia consiste numa técnica de olhar a articulação através de cânulas especiais,
com uso de fibras óticas, e possibilita o manuseio de tecidos com instrumentos flexíveis,
podendo-se retirar os contornos ósseos a mais, colocarem-se âncoras (aparelhos que
fixam o lábio cartilaginoso ao osso), tudo com menos agressão aos músculos e tendões.
Entretanto é uma técnica relativamente nova que deve ser realizada apenas por cirurgiões
experientes.
Como é a recuperação após uma cirurgia de impacto
fêmoro-acetabular?
Tanto na cirurgia aberta quanto na artroscopia, o paciente deve movimentar logo o quadril
e pode andar de imediato, embora deva pisar de leve por três a seis semanas, usando
muletas.
A fisioterapia é iniciada logo no hospital e é crucial para a boa evolução.
Todo o tratamento depois da cirurgia depende das lesões da cartilagem encontradas na
cirurgia. Em geral, quanto pior o estado da cartilagem, mãos lenta a recuperação e,
infelizmente, pior o resultado final da cirurgia.
O tempo de recuperação total após a cirurgia varia de três a seis meses.
Lembre-se:

O impacto femoroacetabular é considerado a principal causa de lesões labiais e pode
levar à artrose precoce do quadril.

O principal sintoma é a dor na região da virilha ao andar, sentar ou levantar-se da posição
sentada.

A correção do IFA através de cirurgia aberta ou artroscópica abre novos horizontes no
tratamento de pacientes que antes não tinham como serem abordados adequadamente.

O ortopedista geral deve saber reconhecer esta patologia e indicar adequadamente seu
tratamento.

O ortopedista especialista em quadril tem treinamento específico para realizar cirurgias de
IFA e adequadamente conduzir seu pós-operatório.
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