será feita rapidamente, dispensando-se medidas de assepsia, sendo no entanto obrigatória a intubação adequada. A abertura do tórax feita sem atender a este último requisito estará fadada ao insucesso. PARADA corações maiores, cuja resistência é maior, haverá necessidade de maior voltagem. A resistência será avaliada grosseiramente, sabendo-se que a resistência do coração humano normal varia em tomo de 40 ohms. Nos menores, a resistência será menor ao passo que nos corações hipertrofiados esta resistência ultrapassa 100 ohms. Aspecto colateral a ser considerado é o que se refere à possibilidade de ocorrerem queimaduras no miocárdio; isto se deve não só à superfície dos eletrodos aplicados sobre o coração (os eletrodos maiores desprendem menos calor) como também à duração do choque empregado. Será útil, portanto, recobrir os eletrodos com gaze molhada em solução salina e não prolongar o choque além de 0,20 de segundo. CARDÍACA E FIBRll-AÇÃO VENTRICULAR o diagnóstico do tipo de parada circulatória, se por assistolia ou por fibrilação, só será possível através do eletrocardiograma, quando o tórax estiver fechado, ou pela visão direta, quando o coração estiver ao alcance do cirurgião. Embora a feitura do diagnóstico diferencial seja indispensável para a conduta terapêutica definitiva, a massagem cardíaca e a ventilação pulmonar realizadas precocemente permitirão que estas providências diagnósticas sejam tomadas oportunamente e sem maior dano para o paciente. a) Parada cardíaca - Se a parada circulatória for devida a uma parada cardíaca, a massagem e a ventilação serão continuadas até voltarem os batimentos cardíacos, utilizando-se outras medidas complementares nos casos em que a recuperação não ocorre em tempo curto. b) Fibrilação ventricular - Por outro lado, se a parada circulatória for devida à fibrilação ventricular, pouca oportunidade existe para que se dê a recuperação espontânea, indicando-se neste caso a desfibrilação elétrica do coração. O paciente deverá ser mantido à custa da massagem e de ventilação adequada até que se providenciem a aparelhagem e os recursos necessários para a desfibrilação. O encurtamento do período refratário da fibra miocárdica aumenta a excitabilidade cardíaca, que, associando-se a distúrbios da condução, cria condições para contrações desordenadas de grupos musculares; estes, contraindo assincronicamente, impedem a manutenção do débito cardíaco. Para se conseguir a desfibrilação, utiliza-se a corrente elétrica, que tanto poderá ser contínua como alternada, isto na dependência do aparelho utilizado. O estímulo elétrico criado pelo choque leva a uma contração abrupta de todas as fibras cardíacas, permitindo daí a conversão a ritmo mais adequado ao funcionamento do coração. A desfibrilação externa, única possível quando o tórax se encontra fechado, exige instrumental adequado. Os eletrodos são colocados na face anterior do precórdio, utilizando-se corrente contínua. A desfibrilação direta deverá ser feita após abertura do tórax, recorrendo-se à aparelhagem menos dispendiosa, acessível e obrigatória em todo hospital. Nestes casos, usase uma intensidade de corrente fixada mais ou menos de maneira empírica em 2 a 7 ampêres, estando a voltagem na dependência do tamanho do coração a ser desfibrilado. Em INTERAÇÕES Alvaro N. Atallah TRATAMENTO COMPLEMENTAR Em casos tanto de parada como de fibrilação ventricular em que se consegue o objetivo prontamente, existe a necessidade da utilização de medidas complementares representadas fundamentalmente pelo uso de drogas, sendo as principais, do ponto de vista prático, o cloreto de cálcio, a adrenalina e o bicarbonato de sódio. . O cloreto de cálcio na concentração de 2,5%, injetado na cavidade ventricular no volume de 5 a 10 ml, melhora a contratibilidade e o tônus miocárdico. A adrenalina, na solução de I:10.000 injetada da mesma forma no volume de 5 miou mais, melhora as propriedades da fibra cardíaca, à custa de melhor circulação coronária. Em casos de parada cardíaca, por vezes o simples estímulo criado pela agulha no miocárdio é suficiente para recuperação dos batimentos normais. Naqueles casos em que a parada ocorre por tempo maior, mais de 10 minutos, impõe-se a correção da acidose que certamente estará presente, injetando na veia 50 ml de solução de bicarbonato de sódio a 10% e repetindo a dose a cada 10 minutos desde que a parada persista. Quando a recuperação do coração se der rapidamente, poucos serão os cuidados a serem tomados, além da óbvia vigilância devida aos doentes. Nos casos em que a parada foi longa haverá necessidade de se manter o paciente em sala de recuperação, atendendo às possíveis complicações que ocorrerem. Dentre estas, as mais freqüentes são representadas por alterações do sistema nervoso devidas ao edema cerebral conseqüente à anoxia; alterações na função renal com insuficiência renal aguda; distúrbios hidreletrolíticos e, finalmente, complicações pulmonares decorrentes de processo infeccioso. Para o tratamento destas complicações deverão ser consultados os capítulos correspondentes. MEDICAMENTOSAS E IATROGENIA Orsine Valente POR DROGAS Duilio Ramos Sustovich dos pacientes", o médico que não estiver ciente sobre a farmacodinâmica, as interações e possíveis efeitos colaterais das drogas poderá incorrer na possibilidade de estar aumentando os riscos de seu paciente a níveis, possivel- À medida que a medicina progride, descobrem-se drogas cada vez mais eficazes, que ao mesmo tempo aumentam o potencial de efeitos tóxicos. Desta maneira, se entendermos a medicina como "a arte de diminuir os riscos 1223 Antiinflamatórios não-hormonais têm também sua absorção digestiva diminuída pelos antiácidos. A aspirina aumenta o risco de sangramento em pacientes em uso de anticoagulantes orais. A cimetidina também aumenta a ação destas drogas. mente, maiores do que aqueles inerentes à própria doença tratada. Para que seja avaliado o risco da terapêutica com relação ao da doença em si, é necessário que se tenha à disposição informações sobre as vias de administração, absorção, metabolização e excreção dos medicamentos e ainda sobre as possíveis interações entre duas ou mais drogas prescritas. Isto se toma mais importante quando se verifica que os pacientes internados, em geral, estão recebendo mais de seis medicamentos simultaneamente e nos consultórios, o número médio de drogas prescritas é de três. Neste capítulo não temos a pretensão de citar as interações medicamentosas de todas as drogas, nem que o leitor decore todas aquelas aqui apresentadas. Pretendemos apenas chamar a atenção para a existência destas possibilidades e orientar como obter as informações quando necessárias. Além de estabelecermos alguns princípios gerais, daremos ênfase a aspectos farmacocinéticos e interações entre os medicamentos mais comumente utilizados na prática diária. As interações medicamentosas podem ocorrer tanto aumentando quanto diminuindo os efeitos desejados das drogas em questão. Estas interações portanto podem ser administradas pelo médico no sentido de aumento de efeitos benéficos ou de prevenção das interações maléficas das prescrições simultâneas. As interações podem ocorrer de diversas maneiras, podendo já se iniciarem antes mesmo da administração como no caso das soluções glicosadas, cujo pH, por ser ácido, inativa as penicilinas e cefalosporinas, ou no caso das inativações das penicilinas, tetraciclinas e aminoglicosídeos por solutos cálcicos (quelação). A interação pode ocorrer ainda: I) A nível da absorção digestiva. Ex.: antiácidos diminuem absorção de prednisona e digitálicos. 2) Por competição nos locais de fixação de proteínas. 3) Por competição a nível de receptores, podendo ocorrer potencialização, antagonismo ou aumento da toxicidade. 4) Por aceleração ou inibição da metabolização. ANTICOAGULANTES ÁLCOOL Alguns medicamentos inibem a oxidação do metabólito do álcool, o acetaldeído, provocando efeito "Antabuse" (náuseas, vômitos, cefaléia etc.). São eles: metronidazol, sulfas antidiabéticas, principalmente a clorpropamida, a furazolidina e o cloranfenicol. O uso prolongado do álcool por indução enzimática acelera o metabolismo e reduz o efeito terapêutico das sulfas antidiabéticas, dos anticoagulantes orais, da difenil-hidantoína e da isoniazida. O uso ocasional pode potencializar o efeito depressivo sobre o sistema nervoso central dos benzodiazepínicos e barbitúricos, podendo ocasionar coma e parada respiratória. A aspirina aumenta o poder tóxico do álcool sobre a mucosa gástrica. ANTIBIÓTICOS As tetraciclinas têm sua absorção digestiva diminuída pela ação do sulfato ferroso (quelação) e dos antiácidos. A neomicina diminui a absorção digestiva da digitoxina. As penicilinas têm sua absorção digestiva diminuída pela metoclopramida, pela neomicina e pelos antiácidos. Os aminoglicosídeos têm seu efeito ototóxico potencializado pelo ácido etacrínico. Os diuréticos e as cefalosporinas aumentam o efeito nefrotóxico dos aminoglicosídeos. PENICILINAS Inibem o efeito anticoagulante da heparina, sendo necessário aumentar a dose de heparina quando do uso concomitante com a penicilina e diminuição da dosagem da heparina quando da retirada da penicilina. A rifampicina utilizada por longos períodos aumenta o metabolismo dos digitálicos e diminui o efeito dos anticoagulantes orais. O efeito da rifampicina é aumentado pela probenecida. A probenecida por competição ao nível tubular renal aumenta a vida média das penicilinas. Os aminoglicosídeos, a polimixina e colistina potencializam os curarizantes, podendo causar parada respiratória, complicação que pode ser controlada com uso de cálcio endovenoso e anticolinesterásicos. Quanto à penicilina, ainda é importante enfatizar os riscos de hiperpotassemia e morte, quando do uso de altas doses de penicilina cristalina potássica. Esse produto contém 1,7 mEq de potássio por milhão de unidades. De forma que tanto a administração rápida endovenosa de pequenas quantidades quanto a administração lenta de grandes quantidades podem acarretar hipercalemia e parada cardíaca. As penicilinas e cefalosporinas são inativadas em soluções glicosadas. A anfotericina B deve de preferência ser injetada isoladamente em solução glicosada. Precipita-se com anti-histamínicos, turva-se com gentamicina, inativa-se com penicilina G, com soro fisiológico e água. Existem tabelas que orientam quanto às compatibilidades das misturas de antibióticos em soluções com outras drogas. ORAIS Geralmente são utilizados por períodos longos, aumentando as probabilidades de associação inadvertida com drogas que podem aumentar seu efeito e causar hemorragias ou diminuir sua ação terapêutica. Os anticoagulantes orais, que são ácidos, têm por isso a sua absorção digestiva diminuída pelo uso dos antiácidos. Os barbitúricos aumentam a sua metabolização hepática reduzindo a ação. Desta forma, as doses devem ser reavaliadas com a prescrição de barbitúricos (aumentando-se) e, quando retirado o barbitúrico, o anticoagulante deve ser diminuído. Os salicilatos e os antiinflamatórios não-horrnonais aumentam seu efeito competindo e liberando-o das proteínas plasmáticas. Os antibióticos, por destruírem a flora intestinal e por conseqüência a absorção de vitamina K, potencializam os efeitos dos anticoagulantes orais. Os digitálicos podem diminuir o efeito dos anticoagulantes orais, enquanto a quinidina pode potencializar sua ação. Os corticóides, o ACTH e os anticoncepcionais orais têm ação inibitória dos anticoagulantes orais, requerendo reajustes das dosagens na presença destas drogas. Os anticoagulantes orais e as sulfamidas antidiabéticas se potencializam mutuamente requerendo doses menores de ambos quando associados. 1224 l DROGAS HIPOTENSORAS ação muito prolongada podendo causar graves hipoglicemias principalmente em pacientes idosos ou com disfunção renal. Existem muitas drogas que podem interagir com as sulfaniluréias aumentando o seu efeito hipoglicemiante pelos seguintes mecanismos: I) Drogas que deslocam os hipoglicemiantes da proteína Iigadora: c1ofibrato, fenilbutazona, salicilatos e sulfonamidas. 2) Drogas que reduzem o metabolismo hepático das sulfaniluréias: dicumarínicos, cloranfenicol, fenilbutazona, inibidores da MAO e sulfafenazol. 3) Drogas que diminuem a excreção renal das sulfaniluréias ou seus metabólitos: c1opurinol, probenecida, fenilbutazona, salicilatos e sulfonamidas. 4) Drogas que têm atividade hipoglicêmica: insulina, álcool, antagonistas beta-adrenérgicos, salicilatos, inibidores da MAO, guanetidina. Inúmeras são as interações entre as drogas utilizadas no tratamento da hipertensão arterial e outras drogas. Gostaríamos de ressaltar as seguintes: 1) Os beta-bloqueadores, particularmente o propranolol, diminuem a secreção de insulina pela célula beta do pâncreas. Não raramente estão associados a diuréticos, que têm efeito semelhante, de tal maneira que podem desencadear o diabetes tipo II e precipitar o coma hiperosmolar ou, ainda, piorar o diabetes. Por bloquearem as respostas simpáticas e a glicogenólise, prolongam as hipoglicemias e mascaram seus sintomas. Os beta-bloqueadores potencializam ainda os anestésicos gerais e os depressores do sistema nervoso central. Têm o efeito braquicardizante potencializado pelos digitálicos. O efeito hipotensor do propranolol é antagonizado pela indometacina. 2) O captopril, bloqueador da enzima conversora da angiotensina I para angiotensina 11, diminui os níveis plasmáticos de aldosterona e portanto pode aumentar o potássio, plasmático. O risco é muito maior, se for associado com diuréticos retentores de potássio como o triantereno, o amiloride ou a espironolactona. CIMETIDINA Interage com muitos medicamentos. Entre eles, tem sua absorção diminuída pela ação dos antiácidos, diminui o metabolismo hepático e aumenta a vida média da aminofilina e dos antidepressivos tricíclicos. Interage também com os anticoagulantes orais diminuindo seu metabolismo e potencializando a ação anticoagulante. AMIODARONA É um antiarrítmico muito usado na prática clínica que interage com muitas outras drogas aumentando as suas concentrações plasmáticas. Os mais importantes são: digoxina, fenantoína, procainamida, quinidina e o wafarin. O exato mecanismo responsável por esta interação é desconhecido. Em pacientes que fazem uso de digoxina e iniciam terapêutica com amiodarona, a dose de digoxina terá que ser diminuída e monitorizada principalmente até que se alcance a dose de manutenção de amiodarona. Isto ocorre provavelmente por diminuição do "clearance" renal e nãorenal da digoxina na presença de amiodarona. O efeito anticoagulante de wafarin é potencializado quando o paciente faz uso de amiodarona. Fortes evidências mostram que isto ocorre por bloqueio direto dos fatores de coagulação dependentes de vitamina K. ANTICONCEPCIONAIS CONSIDERAÇÕES FINAIS Há diversas maneiras práticas de se obter informações sobre o uso seguro de drogas. M. Neuman em seu "Guia das Interações Medicamentosas" apresenta o disco farmacêutico que mostra de maneira simples as possíveis interações entre di versas drogas. Programas de computadores já disponíveis, como o P.D.R., Physicians Desk Reference mostram a farmacodinâmica, os efeitos colaterais e as possíveis interações entre as drogas, e, no nosso entender, devem entrar em uso rotineiro nos consultórios e nas enfermarias. Consideramos também altamente recomendável o uso do livro AMA Drug Evaluations, editado pela American Medical Association - Chicago - lIIinois. As sulfaniluréias são medicamentos muito usados para controlar as alterações glicêmicas em pacientes portadores de diabetes do tipo Il, fundamentalmente aumentando a liberação de insulina pelo pâncreas. Uma das sulfaniluréias mais usadas é a c1orpropamida, que tem uma duração de José Carlos Fernandes ORAIS Têm seu efeito reduzido por ampicilina, barbitúricos, carbamazepina, rifampicina e tetraciclina. Drogas estas que por indução enzimática aumentam o metabolismo dos estrógenos, reduzindo a eficácia dos anticoncepcionais orais, com risco de gravidez não-planejada. SULFANILURÉIAS AVALIAÇÃO (TAGAMET) CLÍNICA E TRATAMENTO DA DEPENDÊNCIA DE DROGAS E. A. Carlini Galduróz no campo da dependência por drogas, somando-se, aqui, uma quarta vertente - a droga em si - e todas as suas peculiaridades farmacológicas. O homem considerado em sua totalidade constitui um ser biopsicossocial. Talvez em nenhum outro campo da medicina estes três fatores interajam tão fortemente como 1225