Revista de Enfermagem da UFSM- REUFSM Nº de protocolo: 14612 PREZADO AUTOR Informamos que durante o checklist inicial do artigo “ACIDENTES OCUPACIONAIS COM MATERIAIS PERFUROCORTANTES EM TRABALHADORES DO SERVIÇO DE LIMPEZA DE HOSPITAL DE ENSINO”, verificamos a necessidade de normalizar alguns itens pendentes, conforme segue assinalados no quadro. AGUARDAREMOS O REENVIO DO DOCUMENTO, COM ATENDIMENTO DE TODAS AS PENDÊNCIAS LISTADAS, EM UM PRAZO DE ATÉ 07 DIAS. Informamos ainda que se for respeitado o prazo do reenvio o artigo permanecerá com o mesmo número de protocolo. Após os 07 dias será considerada nova submissão, o que implicará em novo protocolo. Favor atender aos itens assinalados, salvar novo documento de word. Entrar na revista como autor, selecionar o título do artigo e anexar na SUBMISSÃO, Versão para Avaliação atualizada. CHECKLIST DE SUBMISSÃO À REUFSM Documentação Cópia do Parecer do Comitê de Ética em Pesquisa (CEP), registrado na CONEP, com nº de protocolo Categoria dos artigos e formatação Categoria Artigo original - limite de 20 páginas Artigos de Revisão- limite de 15 páginas Relato de experiência - limite de 15 páginas Reflexão- limite de 15 páginas Resenhas - limite de 3 páginas Nota prévia - limite de 3 páginas Editorial - limite de 2 páginas Cartas ao editor - limite de 1 página Biografia - limite de 10 páginas Formatação geral A identificação de autoria do trabalho foi removida do arquivo e da opção Propriedades no Word, garantindo desta forma o critério de sigilo da revista, caso submetido para avaliação por pares conforme instruções disponíveis em Assegurando a Avaliação Cega por Pares. A autoria é composta de,no máximo, 6 autores Os arquivos para submissão em formato Microsoft Word digitado em doc (desde que não ultrapassem 2MB) Tamanho A4, com 2,5cm nas quatro margens Redigido na ortografia oficial, fonte Trebuchet MS de 12-pontos, com espaçamento duplo em todo o corpo do manuscrito Rever Adequado X X X X x X X Em parterever Itálico para palavras de idioma diferente do manuscrito Resultados e discussão estão apresentados Estrutura do manuscrito Título Inédito que identifica o conteúdo do artigo, com no máximo 15 palavras, digitado em caixa alta, negrito, centralizado, espaço duplo e no idioma em que o manuscrito O título equivalente em inglês, em maiúsculas, negrito e itálico O título equivalente em espanhol em maiúsculas, negrito e itálico Retirar os números dos títulos e subtítulos das seções Título de seção secundária somente a primeira letra em maiúscula, demais em minúsculas e negritas. Resumo Limite máximo de 150 palavras, abaixo da apresentação do título nos três idiomas com espaçamento duplo. Evitar sigla em resumo. Se necessário, apresentar primeiro a “nomenclatura por extenso”, seguida da sigla entre parênteses (ver também abstract e resumen). Deve ser estruturado separado nos itens: objetivo, método, resultados e considerações finais ou conclusões (em negrito). Deverão ser destacados os novos e mais importantes aspectos do estudo. Letra minúscula após os itens do resumo, abstract e resumen Abstract Limite máximo de 150 palavras em itálico Resumen Limite máximo de 150 palavras em itálico Descritores Apresentados imediatamente abaixo do resumo, abstract eresumen, no mesmo idioma destes Mínimo de 3 e máximo de 5 tal como aparecem no DeCS/MeSH (http://decs.bvs.br), que traz a equivalência nos 3 idiomas. Separados por ponto e vírgula, a primeira letra de cada descritor em caixa alta e o último seguido de ponto final Introdução Deve ser breve, apresentar a questão norteadora, justificativa, revisão da literatura (pertinente e relevante) e objetivos coerentes com a proposta do estudo. Método Indicar os métodos empregados, a população estudada, a fonte de dados e os critérios de x x X x X x x X X X x X x X x x x x seleção, os quais devem ser descritos de forma objetiva e completa. Inserir o número do protocolo e data de aprovação do projeto de pesquisa no Comitê de Ética em Pesquisa. Deve também referir que a pesquisa foi conduzida de acordo com os padrões éticos exigidos. Resultados e discussão Os resultados devem ser descritos em sequência lógica. Quando apresentar tabelas e ilustrações, o texto deve complementar e não repetir o que está descrito nestas. A discussão, que pode ser redigida junto com os resultados, deve conter comparação dos resultados com a literatura e a interpretação dos autores. Figuras Poderão ser incluídas até cinco (gráficos, quadros e tabelas), em preto e branco ou colorido As figuras devem ser elaboradas no programa Word ou Excel e não serem convertidas em figura do tipo JPEG, BMP, GIF, etc. Tabela Indicados no corpo do texto, com a primeira letra maiúscula Apresentadas em tamanho máximo de 14 x 21 cm (padrão da revista) e comprimento não deve exceder 55 linhas, incluindo título Não usar linhas horizontais ou verticais internas. Empregar em cada coluna um título curto ou abreviado. Conteúdo em fonte 12 com a primeira letra em maiúscula Titulo da tabela apresentado acima do mesmo Ex: Tabela 1- título... Títulos de cada coluna curtos (se abreviados, constam na legenda imediatamente abaixo do quadro ou tabela) Colocar material explicativo em notas abaixo da tabela, não no título. Explicar em notas todas as abreviaturas não padronizadas usadas em cada tabela. Em caso de usar dados de outra fonte, publicada ou não, obter permissão e indicar a fonte por completo. Quadro Com a primeira letra da legenda em maiúscula descrita na parte inferior e sem grifo, numeradas consecutivamente com algarismos arábicos na ordem em que foram citadas no texto; Conteúdo em fonte 12 com a primeira letra em maiúscula Titulo do quadro apresentado abaixo do mesmo Ex: Quadro 1- título... Símbolos, abreviaturas e siglas x x x x x x x x Usar somente abreviaturas padronizadas. A não ser no caso das unidades de medida padrão, todos os termos abreviados devem ser escritos por extenso, seguidos de sua abreviatura entre parênteses, na primeira vez que aparecem no texto, mesmo que já tenha sido informado no resumo. Citações Utilizar sistema numérico para identificar as obras citadas Representá-las no texto com os números correspondentes sem parênteses e sobrescritos, após o ponto, sem mencionar o nome dos autores Citação seqüencial, separar os números por hífen Citações intercaladas devem ser separadas por vírgula Transcrição de palavras, frases ou parágrafo com palavras do autor (citação direta), devem ser utilizadas aspas na sequência do texto, até três linhas (sem itálico) e referência correspondente com mais de três linhas, usar o recuo de 4 cm, letra tamanho 12 e espaço duplo entre linhas (sem aspas e sem itálico), seguindo a indicação do número correspondente ao autor e à página Supressões devem ser indicadas pelo uso das reticências entre colchetes Depoimentos Nas transliteração de comentários ou de respostas, seguir as mesmas regras das citações (usar o recuo de 4 cm, letra tamanho 12 e espaço duplo entre linhas), porém em itálico, com o código que representar cada depoente entre parênteses. As intervenções dos autores ao que foi dito pelos participantes do estudo devem ser apresentadas entre colchetes, sem itálico. Identificação do sujeito codificada, entre parênteses, sem itálico, separada do depoimento por ponto. Conclusões ou considerações finais: As conclusões ou considerações finais devem destacar os achados mais importantes comentar as limitações e implicações para novas pesquisas. Referências Observar o Estilo Vancouver, conforme Normas para Publicação da Revista. Na lista de referências, as referências devem ser numeradas consecutivamente, conforme a ordem que forem mencionadas pela primeira vez no texto. Referencia-se o(s) autor(e)s pelo sobrenome, apenas a letra inicial é em maiúscula, seguida do(s) nome(s) abreviado(s) e sem o ponto Complementar os seis primeiros nomes dos autores antes da expressão “et al”. Tal expressão deve ser usada para mais de seis autores. x x x x x x x x Os títulos dos periódicos estão abreviados de acordo com o Index Medicus; Para abreviatura dos títulos de periódicos nacionais e latino-americanos, consultar o site: http://portal.revistas.bvs.br eliminando os pontos da abreviatura, com exceção do último ponto para separar do ano. Incluir se possível uma referência da REUFSM Está em espaçamento duplo entre linha, fonte 12 Substituir Referências Bibliográficas por Referências Limite de 25 referências para artigo original, relato de experiência e reflexão. Normas da REUFSM para artigos disponíveis online x x x x x x x ACIDENTES OCUPACIONAIS COM MATERIAIS PERFUROCORTANTES EM TRABALHADORES DO SERVIÇO DE LIMPEZA DE HOSPITAL DE ENSINOOCCUPATIONAL ACCIDENTS INVOLVING PIERCING-CUTTING MATERIALS AMONG CLEANING WORKERS AT A TEACHING HOSPITAL ACCIDENTES DE TRABAJO CON MATERIALES PUNZANTES-CORTANTES EN TRABAJADORES DEL SERVICIO DE LIMPIEZA DE HOSPITAL DE ENSEÑANZA RESUMO: Objetivo: caracterizar os acidentes com materiais perfurocortantes ocorridos com trabalhadores do serviço de limpeza, de empresa terceirizada, de hospital de ensino do interior de São Paulo. Método: estudo retrospectivo em que utilizou-se para a coleta dos dados 377 fichas de Comunicação de Acidente de Trabalho, notificadas por trabalhadores terceirizados do serviço de limpeza de hospital universitário do interior de São Paulo, no período de janeiro de 2000 a dezembro de 2008. Resultados: foram registrados 190 acidentes, média de 1,70 por mês, predominantemente em mulheres (89,6%), na faixa etária de 21 a 39 anos (69%), principalmente nas enfermarias (39,7%), no período diurno (75,4%) e com agulhas (65,3%). Conclusão: esses achados reforçam não somente a necessidade de implementação de programas eficazes de prevenção de acidentes com materiais perfurocortantes, mas também mudança de cultura sobre riscos ocupacionais, a fim de assegurar práticas hospitalares mais seguras. Descritores: Saúde do Trabalhador; Acidentes de trabalho; Serviço hospitalar de limpeza; Risco ocupacional. ABSTRACT: Objective: to characterize accidents with piercing-cutting material involving cleaning workers from an outsourced company at a teaching hospital in the interior of São Paulo. Method: retrospective study in which 377 Occupational Accident reporting forms were used for the data collection, reported by outsourced cleaning workers at a teaching hospital in the interior of the State of São Paulo, between January 2000 and December 2008 Results: were recorded 190 accidents were reported, an average of 1.70 per month, predominantly involving women(89.6%), between 21 and 39 years of age (69%). The highest incidence was registered at the nursing wards (39.7%), during the day (75.4%) and mainly needles (65.3%). Conclusions: these findings underline not only the need to implement effective accident prevention programs involving piercing-cutting materials, but also a cultural change regarding occupational hazards, which would guarantee hospital services security. Descriptors: Occupational Health ; Accidents Occupational ; Housekeeping Hospital ; Occupational Risks. RESUMEN: Objetivo: caracterizar los accidentes con materiales punzantes-cortantes con trabajadores del servicio de limpieza, de empresa subcontratada, de hospital de enseñanza del interior de São Paulo. Método: estudio retrospectivo en que fueron utilizadas para recolectar los datos 377 fichas de comunicación de accidente de trabajo, notificadas por trabajadores tercerizados del servicio de limpieza de hospital universitario del interior de São Paulo entre enero del 2000 y diciembre del 2008. Resultados: fueron notificados 190 accidentes, promedia de 1,70 por mes, predominantemente en mujeres (89,6%), entre 21 y 39 años (69%), en las enfermarías (39,7%), en el período diurno (75,4%) y con conagujas (65,3%). Conclusiones: esos hallazgos refuerzan no sólo la necesidad de implementación de programas eficaces de prevención de accidentes con materiales punzantescortantes, pero también de cambio de cultura sobre riesgos ocupacionales, lo que garantizaría la seguridad de los servicios hospitalarios. Descriptores: Salud laboral; Accidentes de trabajo; Servicio de Limpieza en Hospital ; Riesgos Laborales. INTRODUÇÃO As instituições de saúde são locais considerados tipicamente insalubres, na medida em que expõem os profissionais, que prestam serviço nestes ambientes a inúmeros riscos ocupacionais.1 Dentre estes, destacam-se os acidentes de trabalho com material biológico, que podem ocorrer por via percutânea e, de forma direta, por mucosas ocular, nasal e pele não íntegra.2 O contato diário com estes materiais aumenta o risco de acidentes dessa natureza, muitas vezes provocados por deficiência técnica, não adesão às normas de biossegurança, déficit de informação, sobrecarga de trabalho e condições laborais inadequadas.3-4 Outro fator que contribui para esse tipo de acidente são as atitudes inadequadas dos profissionais de saúde, que podem atingir outros profissionais, atuantes em atividades de apoio no âmbito hospitalar, como é o caso dos trabalhadores do serviço de limpeza.5 Embora estes não desempenhem atividades assistenciais, podem se tornar vítimas e serem acometidos direta ou indiretamente por lesão corporal e doenças que podem causar morte, perda ou redução da capacidade de trabalho. Na vigência de um acidente de trabalho, também há preocupação com a transmissão de determinadas doenças virais, como hepatite B e C, que só passou a ser considerada após o surgimento da infecção pelo HIV (Vírus da Imunodeficiência Humana) na década de 80. No entanto, ainda há profissionais que menosprezam ou desconhecem os agravos causados pela contaminação destes vírus.6 Estima-se que a possibilidade de infecção de uma pessoa, quando se expõe ao HIV ao se acidentar com uma agulha contaminada, é de aproximadamente 1 em 250 casos; por outro lado, quando se expõe dessa mesma forma ao vírus da Hepatite B, a probabilidade é mais alta: de 1 em 7 casos.7 Neste contexto, as medidas preventivas têm papel fundamental, destacando as normas de biossegurança, vacinação contra hepatite B, tétano e difteria, entre outras contempladas na Norma Regulamentadora (NR) 32.8 Face aos riscos a que os trabalhadores do serviço de limpeza hospitalar estão expostos considerou-se relevante a realização dessa pesquisa, no intuito de conhecer a magnitude dos acidentes ocorridos nesta instituição e, também fornecer subsídios para implementação de protocolos de biossegurança, com intuito de minimizar acidentes ocupacionais com material perfurocortante. Este estudo teve como objetivo caracterizar acidentes com materiais perfurocortantes ocorridos com trabalhadores do serviço de limpeza, de empresa terceirizada, de hospital universitário do interior de São Paulo. MÉTODOS Estudo retrospectivo, descritivo, exploratório e com abordagem quantitativa. Os dados foram coletados no período de janeiro de 2000 a dezembro de 2008, mediante levantamento das fichas de Comunicação de Acidente de Trabalho (CAT), notificadas por trabalhadores terceirizados do serviço de limpeza de hospital universitário do interior de São Paulo. Foram incluídas somente as fichas referentes aos acidentes com materiais perfurocortantes. As notificações que não possuem informações complementares sobre a ocorrência foram excluídas da pesquisa. Os dados foram armazenados em banco de dados Microsoft Excel e processados no programa SPSS 15.0 for Windows; na sequência, foram analisados descritivamente e apresentados em frequências absolutas e relativas. Estudo aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa da instituição, sob número 3234/2009. A confidencialidade dos dados foi respeitada em conformidade com a Resolução 466/12 do Conselho Nacional de Saúde do Ministério da Saúde, que regulamente a pesquisa com seres humanos no país. RESULTADOS Durante o período estudado foram registradas 377 fichas de Comunicação de Acidente de Trabalho (CAT). Destas, foram selecionadas 190 referentes à acidentes com materiais perfurocortantes e, excluídas seis que não atendiam os critérios de inclusão. Foram computados 184 (48,8%) acidentes com materiais perfurocortantes, envolvendo trabalhadores do serviço de limpeza hospitalar, média de 1,70 por mês, predominantemente em mulheres (89,6%), na faixa etária de 21 a 39 anos (69%), Tabela 1. Outro dado relevante observado refere-se ao fato da maioria dos registros terem ocorrido entre 2002 e 2005, anteriores à implantação da NR32. Tabela 1 - Número de acidentes com materiais perfurocortantes, de acordo com sexo e faixa etária. Botucatu, SP, 2000-2008. Variáveis n (184) % Feminino 165 89,6 Masculino 19 10,3 ≤ 20 1 0,54 21├ 39 127 69 40├ 59 55 29,9 60 + 1 0,54 Sexo Faixa etária Nota-se que os acidentes foram mais prevalentes nas enfermarias (39,7%), especialmente de clinica médica e gastroenterologia, além do pronto socorro (13%). Não foram encontrados registros dos locais de ocorrência em 24 (13%) notificações. Maior freqüência de acidentes foi verificada no período diurno (75,4%), Tabela 2. Tabela 2 - Unidades e período em que ocorreram os acidentes com materiais perfurocortantes. Botucatu, SP, 2000-2008. Unidades /Período n (184) % Enfermarias 73 39,7 Pronto Socorro 24 13,0 Não especificado 24 13,0 Unidade de Terapia 15 8,1 Laboratórios 13 7,0 Centro Cirúrgico/ 12 6,5 Unidade de Hemodiálise 10 5,4 Ambulatórios 6 3,3 Hemocentro 4 2,2 Unidades de diagnóstico 3 1,6 Matutino 84 45,6 Vespertino 55 29,9 Noturno 45 24,5 Intensiva unidades Obstétrico Período Os acidentes com material perfurante (66,9%,) foram os mais prevalentes, principalmente com agulhas (65,3%). Embora em menor proporção também foram registradas ocorrências com vidros (17,9%) e lâminas (4,7%). As mãos foram os locais mais acometidos (83,7%), situação que contribuiu para o afastamento de nove trabalhadores (4,9%) - Tabela 3. Tabela 3 - Agente causal e local anatômico dos acidentes com materiais perfurocortantes. Botucatu, SP, 2000-2008. Agente causal/local anatômico Agente causal Cortante n (184) % Vidro 33 17,9 Lâmina de 4 2,1 Lâmina de vidro 3 1,6 Lâmina de bisturi 2 1,0 Agulha 120 65,3 Pinça 3 1,6 Não especificados 19 10,3 Mãos 154 83,7 Pernas 28 15,2 Pés 2 1,1 barbear Perfurante Locais Anatômicos DISCUSSÃO O ambiente de um hospital pode ser considerado complexo à medida que propiciam a exposição dos profissionais, de diversas categorias, a inúmeros fatores de riscos ocupacionais. Sabe-se que um terço dos acidentes são produzidos por materiais perfurocortantes contaminados, envolvendo profissionais dos serviços de apoio, principalmente os de limpeza, durante o trabalho de coleta de lixo hospitalar.9 Em estudo retrospectivo realizado nos serviços de referência da micro região de Votuporanga- SP, no período de 2001 a 2005, foram identificados 273 acidentes com perfurocortantes, sendo que destes 8,1% ocorreram com servidores da limpeza.10 Dado corroborado em outro estudo realizado na região centro-oeste do país em que do total de acidentes com perfurocortantes 12,3% ocorreram em profissionais do grupo de apoio, sendo este o terceiro grupo mais prevalente.11 A elevada incidência de acidentes, com trabalhadores do serviço de limpeza, tem sido cada vez mais discutida, por pesquisadores e profissionais da saúde, em virtude de diversos fatores, que estão relacionados ao desconhecimento ou imprudência dos profissionais de saúde em relação à medidas de segurança, falta de adesão às normas de biosegurança, de capacitação ou de condições adequadas de trabalho, além de treinamento admissional, entre outros.3,12 Embora estes acidentes sejam passíveis de ocorrência em qualquer unidade hospitalar a maioria acontece em unidades de internação (27%), terapia intensiva (13%) e centro cirúrgico (25%), como mostra a literatura.13 Em nosso estudo, além das duas primeiras unidades descritas, prevaleceram também os acidentes no pronto socorro, fato que pode ser justificado pela diversidade de procedimentos e atividades assistenciais realizadas neste local, aliada a complexidade da assistência e dinâmica de trabalho, principalmente em hospitais terciários e de referência regional. Neste estudo, constatou-se que os acidentes foram mais prevalentes em mulheres jovens, dado corroborado em pesquisas que abordam essa temática.10-11,14 O maior contingente de mulheres exercendo essas atividades pode estar condicionado à mão de obra não especializada, que as obriga a submeter-se a trabalho semelhante ao doméstico. Além disso, estas profissionais estão propensas ao desgaste físico e mental, uma vez que seu trabalho é acrescido das atividades do lar e cuidado com os filhos, expondo-as ao maior risco de acidentes ocupacionais.1,5,15 Todavia as pessoas que já sofreram acidentes com material perfurocortante atribuem a ocorrência a três condições predisponentes: naturalidade ou fatalidade, culpa e organização do serviço.1 Dado que remete à necessidade de investimento institucional em intervenções preventivas e de conscientização de riscos para uma prática segura. Na hierarquia da prevenção de acidentes com perfurocortantes, a primeira prioridade é eliminar e reduzir o uso de agulhas e outros perfurocortantes, onde for possível. A seguir, as ações devem ser direcionadas para isolar o perigo por meio de um controle de engenharia no ambiente ou no próprio perfurocortante, impedindo dessa forma que o elemento perfurante ou cortante fique exposto em qualquer lugar do ambiente de trabalho.13 Somente quando essas estratégias não estão disponíveis ou não fornecem proteção completa ou adequada é que o foco da intervenção deve ser na implementação de mudanças na prática de trabalho e no uso de equipamentos de proteção individual.13 No Brasil, a NR 32 publicada em 2008, em consonância com estas medidas preconiza a obrigatoriedade do uso de materiais perfurocortantes, com dispositivo de segurança nas instituições hospitalares.8 Porem, cabe salientar que, nenhum dispositivo de segurança ou estratégia é igualmente efetiva em todos os serviços de saúde.8,13 Apesar do esforço para minimizar os riscos de acidentes com materiais perfuro cortantes entre profissionais das diversas áreas e acadêmicos ainda há que negligenciam esse fato e, realizam também ações inadequadas, que podem atingir pessoas que desempenham, nesse espaço, outras atividades não relacionadas à assistência direta ao paciente. Condutas, frequêntemente, atribuídas a fatores de ordem pessoal, profissional e institucional. Subterfúgios não justificáveis frente aos danos graves e reais causador por um acidente com material biológico, e com custos diretos e indiretos relacionados ao evento. Os custos diretos estão associados com as profilaxias iniciais e com o acompanhamento dos trabalhadores expostos, e estima-se entre 70 a 5.000 dólares por pessoa.16 Outros custos, mais difíceis de serem quantificados, incluem o emocional, o social, e a preocupação sobre as possíveis consequências de uma exposição, além da toxicidade dos medicamentos e absenteísmo.13 Nesta pesquisa, apenas nove servidores foram afastados de suas atividades profissionais. O afastamento prolongado tem implicações salariais, além do risco de perder emprego em empresas de iniciativa privada.17 A subnotificação também pode advir da falta de esclarecimento sobre o registro, como forma de garantir direitos trabalhistas, além de servir de instrumento para reivindicações de melhores condições para segurança no trabalho. Em estudo que analisou a incidência de acidentes ocupacionais entre profissionais de saúde atuantes em centro cirúrgico a subnotificação foi atribuída à irrelevância do acidente, desconhecimento do protocolo de rotina, displicência e sobrecarga de trabalho.18 No que se refere ao agente causal evidenciou-se, neste estudo, que foi provocado predominantemente por material perfurante, sendo que as agulhas contribuíram com 65,3% dos casos, resultado corroborado em estudos envolvendo a mesma problemática em discussão.11,19 Acidentes envolvendo agulhas com lúmen, especialmente aquelas utilizadas para coleta de sangue e inserção de cateter intravascular, são particularmente preocupantes, pois estes contém sangue residual e estão associados com um risco elevado de transmissão do HIV hepatite B e C.6 Estudo caso-controle sobre hepatite C ocupacional mostrou que o risco de contaminação esteve relacionado com exposições envolvendo agulhas com lúmen e previamente utilizadas em veias ou artérias dos pacientes-fonte.20 Tais acidentes ocorrem em decorrência do descarte de agulhas em locais inapropriados, como em lixo comum, mesas de cabeceira, ou em recipientes erroneamente adaptados, perfurando, na maioria dos casos, as mãos, durante a limpeza do chão, de mobília e coleta do lixo. Outra possibilidade refere-se ao destino final da caixa coletora de material perfurocortante, que, com, frequência encontra-se preenchida além de sua capacidade. Saliente-se que, mesmo que o trabalhador do serviço de limpeza utilize o EPI, não se descarta a possibilidade de ocorrência do acidente. Neste contexto, destaca-se a importância do profissional de saúde e acadêmicos exercerem uma prática segura para si e para os outros.21 As medidas de segurança no ambiente hospitalar visando a integridade da pacientes, funcionários, visitantes e, também do patrimônio hospitalar está atrelada a criação de valores claros e bem definidos pela instituição. Os limites dos resultados do estudo referem-se ao delineamento retrospectivo da pesquisa, em que se utilizam informações previamente registradas sem possibilidade de intervenção. Foi escolhido para a pesquisa porque permitiu descrever as principais variáveis de interesse e sua distribuição, além de agregar conhecimentos inerentes à uma temática pouco abordada na literatura. CONSIDERAÇÕES FINAIS Este estudo possibilitou caracterizar os acidentes com material perfurocortante, ocorridos com trabalhadores do serviço de limpeza hospitalar, de empresa terceirizada, atuante em hospital publico, no interior de São Paulo. Constatou-se que agulha e vidro foram os principais materiais envolvidos nos acidentes, ocorridos na sua maioria em enfermarias e pronto socorro. Eventos que podem ser atribuídos às ações indevidas de profissionais de saúde e acadêmicos que, manipulam o material em suas atividades assistenciais e não realizam o descarte adequado, utilizam materiais impróprios e, não possuem, muitas vezes, a devida conscientização dos riscos envolvidos em suas práticas, para si e para os outros profissionais, que compartilham este espaço. Esses achados reforçam não somente a necessidade de implementação de programas eficazes de prevenção de acidentes com materiais perfurocortantes, que devem ser estar contemplados em programas de treinamento admissional para os profissionais, mas também em mudança de cultura sobre riscos ocupacionais. Infelizmente o desconhecimento acerca dos reais e graves danos a que são expostos contribui para a imprudência. Em hospitais de ensino é relevante também a responsabilidade dos docentes na formação de acadêmicos comprometidos com as normas de biossegurança e preparados para exercer suas atividades profissionais com ética, responsabilidade e valorização do trabalho interdisciplinar, na construção coletiva de saúde e segurança.22 Constatou-se, neste estudo, que apesar da gravidade deste tipo de ocorrência as informações registradas no Comunicado de Acidentes de Trabalho, nesta instituição, são insipientes e não refletem a magnitude do acidente, em todas as suas dimensões. REFERÊNCIAS 1. 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