EXPOSIÇÃO OCUPACIONAL A MATERIAL BIOLÓGICO EM

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EXPOSIÇÃO OCUPACIONAL A MATERIAL BIOLÓGICO EM SERVIÇOS DE
SAÚDE: Uma Revisão
Patrícia Santana Ribeiro∗
Cristiane Dias∗∗
RESUMO: A ocorrência de acidentes de trabalho na área de saúde pode ser
explicada por fatores predisponentes devido às peculiaridades das atividades
desempenhadas na área de saúde, como os fatores biológicos, físicos, químicos e
psicossociais, sendo o risco biológico o principal gerador de insalubridade a esses
profissionais. A exposição a material biológico está atrelada à possibilidade de
contato no ambiente de trabalho com sangue e outros fluidos orgânicos, a exemplo
de secreções naso-faringeas, exsudato de lesões de pele, líquido cefalorraquidiano,
respingo em mucosas, entre outros, os quais poderão estar contaminados com
diversos patógenos. Trata-se de uma revisão de literatura sendo a coleta realizada
no período de Abril de 2011 à Fevereiro de 2012, na qual houve a busca de artigos
científicos nos bancos de dados da SciELO (“Scientific Electronic Library Online”),
através da fonte LILACS (Literatura Latino-Americana e do Caribe em Ciências da
Saúde). Um total de 28 artigos correlacionava os critérios de inclusão, objetivando
identificar na literatura informações sobre os riscos ocupacionais relacionados a
material biológico a que estão expostos os trabalhadores da área de saúde. Concluise que todos os trabalhadores da área de saúde principalmente os profissionais da
área de enfermagem, em especial os auxiliaries e técnicos, estão diante de uma alta
exposição ocupacional e, portanto, vulneráveis a adquirir doenças como a AIDS,
hepatite B e C devido a manipulação diária com objetos perfurocortantes
contaminados e a exposição aos pacientes.
Palavras-chave: “acidentes de trabalho”. “exposições ocupacionais”. “material
biológico”.
∗
Bacharel em Enfermagem, Pós-graduanda em Enfermagem do Trabalho - ATUALIZA
E-mail: [email protected]
∗∗
Mestre em Medicina e Saúde Humana - EBMSP
Professora de Metodologia da Pesquisa - ATUALIZA
1 INTRODUÇÃO
A ocorrência de acidentes de trabalho pode ser explicada por fatores
predisponentes devido às peculiaridades das atividades desempenhadas na área de
saúde, como os fatores biológicos, físicos, químicos e psicossociais, sendo o risco
biológico o principal gerador de insalubridade a esses profissionais.
1
A exposição a
material biológico está atrelada à possibilidade de contato no ambiente de trabalho
com sangue e outros fluidos orgânicos, a exemplo de secreções naso-faringeas,
exsudato de lesões de pele, líquido cefalorraquidiano, respingo em mucosas, entre
outros, os quais poderão estar contaminados com diversos patógenos. 2
Marziale (2007) representa os agentes biológicos por bactérias, fungos,
bacilos, parasitas, protozoários e vírus que podem penetrar no organismo do
hospedeiro por meio das vias cutâneas, respiratória, e digestiva, mas que para
originar uma infecção ainda dependem dos seguintes fatores: número suficiente de
microorganismos; virulência desses microrganismos; e hospedeiro susceptível. 3
Os acidentes envolvendo materiais biológicos potencialmente contaminados
são um sério risco aos trabalhadores em seu ambiente de trabalho. Pesquisas
realizadas nesta área revelam que acidentes envolvendo sangue e outros fluidos
orgânicos correspondem às exposições mais freqüentemente referidas. As lesões
com material perfurocortantes são muito perigosas por serem capazes de transmitir
mais de 20 tipos de patógenos, sendo o vírus da Imunodeficiência Humana (HIV), o
da Hepatite B e o da Hepatite C, os agentes infecciosos mais freqüentes. 4
O risco de contrair a hepatite B (HBV), na população em geral é de 5%, nos
profissionais da saúde essa taxa eleva-se para 15% a 20%, enquanto que naqueles
que mantém contato freqüente com sangue, o risco de adquirir essa doença, tornase duas a quatro vezes maior. 5
Em serviços de saúde, as situações mais frequentes nas exposições
percutâneas são descarte indevido de material, realização de punção venosa e
reencape de agulhas; sendo os profissionais de enfermagem muito vulneráveis ao
risco de acidentes decorrente do contato direto com os clientes 6
Nos EUA, anualmente acontecem cerca de 385.000 acidentes envolvendo
material biológico abrangendo funcionários da área de saúde que trabalham em
hospitais, atendimento laboratorial, serviços de atendimento domiciliar, consultórios
particulares, serviços de emergência e instituições de longa permanência para
idosos3. Enquanto que no Brasil, embora os Acidentes do Trabalho com exposição a
material biológico sejam freqüentes, não existe ainda um real diagnóstico do número
de trabalhadores acidentados e das conseqüências causadas por essas injúrias, o
que tem dificultado o planejamento e a adoção de medidas preventivas. 3
Levando em consideração que o objetivo do trabalho dos funcionários da área
de saúde é exatamente promover o bem estar do cliente, deve-se levar em conta
que um comprometimento no estado de saúde desse trabalhador pode interferir
diretamente no cuidado ao paciente, gerando absenteísmo, que poderá também
gerar uma sobrecarga aos colegas de setor que terão que trabalhar a mais para
suprir a falta deste empregado
4,6
. Sendo assim, torna-se imprescindível uma
atenção maior á saúde desses laboriosos e justifica-se a realização de uma revisão
sobre acidentes do trabalho com material biológico em serviços de saúde
objetivando identificar na literatura informações sobre os riscos ocupacionais a que
estão expostos os funcionários da área de saúde decorrentes de acidentes com
material biológico.
2. METODOLOGIA
Trata-se de uma revisão de literatura sendo a coleta realizada no período de
Abril de 2011 à Fevereiro de 2012, na qual houve a busca de artigos científicos nos
bancos de dados da SciELO (“Scientific Electronic Library Online”), através da fonte
LILACS (Literatura Latino-Americana e do Caribe em Ciências da Saúde). As
palavras-chave utilizadas na busca foram: “acidentes de trabalho”, “exposições
ocupacionais”, e “material biológico”.
Os critérios de inclusão foram a abordagem nos artigos de acidentes
ocupacionais entre trabalhadores de saúde com material biológico e com
perfurocortantes contaminados com os mesmos. Foram excluídos 102 estudos que
abordavam outros acidentes de trabalho na área da saúde causados por fatores
físicos, químicos e psicossociais. Um total de 28 artigos correlacionava os critérios
de inclusão, objetivando identificar na literatura informações sobre os riscos
ocupacionais relacionados a material biológico a que estão expostos os
trabalhadores da área de saúde.
Quadro 01. Artigos incluídos na pesquisa
AUTORES
ANO
TÍTULOS
Silva V.E.
1988
Estudo sobre acidentes de
trabalho ocorridos com os
trabalhadores de enfermagem de
um hospital de ensino.
BREVIDELLI, M.M.
1997
Exposição ocupacional ao vírus
da AIDS e da hepatite B: análise
da influência das crenças em
saúde sobre a prática de
reencapar agulhas.
GIR, E; COSTA, F.P.P; SILVA,
A.M.
1998
A enfermagem frente a acidentes
de trabalho com material
potencialmente contaminado na
era do HIV.
SOUZA, M.
1999
MINISTÉRIO DA SAÚDE
1999
CANINE, S.R.M.S. et al. 2002.
2002
Acidentes ocupacionais e
situações de risco para equipe de
enfermagem: um estudo em
cinco hospitais do município de
São Paulo
Manual de condutas: exposição
ocupacional a material biológico:
hepatite e HIV.
Acidentes perfurocortantes entre
trabalhadores de enfermagem de
um Hospital Universitário do
Interior paulista.
Estresse no setor de emergência:
possibilidades e limites de novas
estratégias gerenciais.
Riscos de contaminação
ocasionados por acidentes de
trabalho com perfuro-cortante
entre trabalhadores de
enfermagem.
Acidente com material Biológico:
O que há em Prevenção.
Acidentes Ocupacionais com
material biológico: a percepção
do profissional de saúde.
Acidentes de trabalho
envolvendo os olhos: avaliação
de riscos ocupacionais com
trabalhadores de enfermagem.
Práctica segura Del uso de
guantes en la puncion venosa por
los trabajadores de enfermeria.
Saúde do Trabalhador Exposição a Materiais Biológicos.
Acidentes com material biológico:
risco para trabalhadores de
enfermagem em um hospital de
2003
BOLLER,E .
MARZIALE, M.H.P; NISHIMURA,
K.Y.N ; FERREIRA, M.M.
2004
SASSI, S.J.G; FEIJÓ, R.D
2004
DAMACENO, A. P.
2005
ALMEIDA, C.B; LEITE, A.L.A.S;
PAGLIUCA,L.M.F.
2005
ZAPPAROLI, A. S.; MARZIALE,
M. H. P.; ROBAZZI, M. L. C. C.
2006
MINISTÉRIO DA SAÚDE
2006
DALAROSA, M.G.
2007
Porto Alegre.
MARZIALE, M.H.P et al.
2007
ALMEIDA,C.A.F; BENATTI, Mariá,
C.C.
2007
RIBEIRO,E.J.G; SHIMIZU, H.E.
2007
PAULINO, D.C.R; LOPES, M.V.O;
ROLIM, I.L.T.P.
2008
OLIVEIRA, Z.G; CASTRO, P.
2009
6GOMES, A.C. et al.
2009
SILVA, F.J.C.P
-
NISHIDE, V.M; BENATTI, M.C.C.
-
RAPPARINI, Cristiane;
REINHARDT, Érica Lui.
-
MULATINHO, L.M
-
SILVA, G.A; SANTOS, C.R.S;
NASCIMENTO, P.C
--
CARVALHO, C.M.R.S. et al.
-
MAURO, M.Y.C. et al.
-
Acidentes com material biológico
em hospital da Rede de
Prevenção de Acidentes do
Trabalho – REPAT.
Exposições Ocupacionais por
fluídos corpóreos entre
trabalhadores da saúde e a sua
adesão à quimioprofilaxia.
Acidentes de trabalho com
trabalhadores de Enfermagem.
Biossegurança e acidentes de
trabalho com perfuro-cortantes
entre profissionais de
enfermagem de Hospital
Universitário de Fortaleza-Ceará.
Acidentes de trabalho com
perfurocortantes em atividades
de enfermagem - Uma revisão
bibliográfica.
Acidentes Ocupacionais com
Material Biológico e Equipe de
Enfermagem de um HospitalEscola.
Ambiente Hospitalar, acidentes
do trabalho e a contaminação
Riscos ocupacionais entre
trabalhadores de enfermagem de
uma unidade de terapia intensiva.
Programa de prevenção de
acidentes com materiais
perfurocortantes em serviços de
saúde.
Análise do sistema de gestão em
segurança e saúde no ambiente
de trabalho em uma instituição
hospitalar.
Riscos Ocupacionais a que estão
expostos os profissionais de
Enfermagem no ambiente
Hospitalar e fatores que
favorecem sua ocorrência.
Aspectos de biossegurança
relacionados ao uso do jaleco
pelos profissionais de saúde:
uma revisão da literatura
Riscos Ocupacionais em Saúde.
3 RESULTADOS E DISCUSSÕES
A análise dos textos apontou que, tem-se aumentado a preocupação com
acidentes causados por material biológico, devido ao risco do trabalhador contrair a
Síndrome da Imunodeficiência Adquirida (AIDS) e o vírus da Hepatite B e C, sendo
essas apontadas nas literaturas como as patologias de maior preocupação dos
acidentados.
7-9
. Estudos relataram que ocorrem de uma a quatro soroconversões
positivas por HIV (Vírus da Imunodeficiência Humana) a cada 1.000 punções
acidentais. A contaminação de trabalhadores da saúde por vírus da Hepatite B é,
porém, bastante alta, devido à sua alta capacidade infectante (risco médio de
infecção de cerca de 3%. 9. Por vírus da Hepatite C é um pouco mais baixa, estando
em cerca de 1,8%.11
Na pesquisa de Nishide e Benatti (2004) os trabalhadores da área da saúde
também apontaram a tuberculose como um motivo de grande preocupação entre os
trabalhadores de enfermagem expostos a infecções. 10
De acordo com dados registrados pelo Centers for Disease Control and
Prevention (CDC), 57 trabalhadores apresentaram soroconversão ao HIV após
exposição ocupacional e 139 foram considerados como casos suspeitos até
dezembro de 2001. O acidente percutâneo foi responsável por 48 casos, seguido da
mucocutânea, cinco casos. Em dois casos, houve associação dessas exposições e,
em dois casos, ela aconteceu com material desconhecido. Os fluidos envolvidos
foram sangue (49 casos), fluido com sangue visível (1 caso), fluido inespecífico (4
casos) e concentrado de vírus em laboratório (3 casos). Descrevem ainda que 27
trabalhadores desenvolveram AIDS. 12
Estima-se que nos países desenvolvidos o risco de contrair hepatite B, seja
de 3 a 6 vezes maior entre trabalhadores da saúde do que entre a população em
geral, sendo que nos países em desenvolvimento o risco é de 6 a 18 vezes maior.
Por causa da hepatite B, a cada ano entre 200 e 300 trabalhadores perdem seus
fígados. 13
Dentre os artigos analisados foi possível notar que os acidentes causados
pelo fator biológico além do risco do trabalhador contrair a Síndrome da
Imunodeficiência Adquirida (AIDS) e o vírus da Hepatite B e C, podem transmitir
mais de 20 tipos de patógenos diferentes ocasionado outras patologias, como a
Leptospira interrogans, arbovírus, Brucella sp., Tripanossoma cruzi.
14
Além disso,
alguns estudos demonstraram que o acidente envolvendo material biológico
potencialmente contaminado pode trazer também repercussões psicossociais ao
profissional acidentado, levando a mudanças nas relações sociais, familiares e de
trabalho. 1,3,15
Os riscos biológicos aos quais os profissionais de saúde mais estão expostos
são as bactérias, vírus, clamídia e fungos, devido ao contato que os profissionais
têm com o paciente infectado podendo ser através da conjuntiva ocular, mucosas da
boca e do nariz que estão ao alcance do ar expirado pelos pacientes e/ou pelo
contato com os respingos de sangue e outros fluidos corporais, em procedimentos
invasivos, vômitos, tosses, espirros, entre outros. 16
A análise dos textos mostrou que as categorias da Enfermagem mais
acometidas por essa ocorrência são, especialmente, os técnicos e os auxiliares,
uma vez que estão diretamente envolvidos na prestação de cuidados ou
procedimentos com o paciente. 1,3,7,8,9,13,15,17,18,19
Foi constatado em um estudo realizado com os trabalhadores de enfermagem
de um hospital de ensino, que os atendentes de enfermagem foram os que mais se
acidentaram (60,7%), seguidos pelos auxiliares de enfermagem (30,4%), e pelos
enfermeiros (8,9%). Para a autora o grau de qualificação profissional tem
influenciado na ocorrência de acidentes de trabalho, quanto menor o grau de
qualificação profissional, maior o risco de sofrer acidente de trabalho. 20
O trabalho realizado pela equipe de enfermagem no âmbito hospitalar é
caracterizado por exigências organizacionais múltiplas, sobrecarga de trabalho,
situações conflitantes, tensão constante e estresse tanto pessoal quanto situacional,
levando o profissional a um desgaste físico e mental acentuado, causando-lhe
muitas
vezes
alterações
emocionais,
físicas,
imunológicas
e
até
mesmo
psicossomáticas, além de propiciar a ocorrência de acidentes. Em relação às causas
dos acidentes têm-se o descuido, condições do paciente, não observação das
medidas de prevenção, excesso de auto-confiança, inadequação dos materiais,
equipamentos e estrutura, pressa, risco inerente à profissão e sobrecarga de
trabalho.1,9,10,21,22
Viu-se que as agulhas aparecem como o principal instrumento envolvido na
causa de acidentes, em geral utilizadas para injeção intramuscular ou subcutânea.
1,3,7,9,13,14,15,17,18,23
. Diante dessa realidade estudos apontam que os acidentes
ocasionados por picadas de agulhas são responsáveis por 80% a 90% das
transmissões de doenças infecciosas entre trabalhadores de saúde e o risco de
transmissão de infecção de uma agulha contaminada é de um em três para a
Hepatite B, um em trinta para hepatite C e um em trezentos para o HIV.
23
Após um
acidente com agulha estima-se que o risco de contrair o vírus da hepatite B (HBV) é
de 6 a 30%, com o vírus da hepatite C (HCV) é de 0,5 a 2%, e com o vírus da AIDS
(HIV) é de 0,3 a 0,4%. 2,
Todos os casos comprovados em 21 estudos transversais e prospectivos de
trabalhadores de saúde que se contaminaram com o vírus do HIV após acidente
ocupacional, 89% ocorrem após exposições percutâneas e 8% após exposição
mucocutânea, sendo a maioria das exposições causadas por agulhas com lumem,
sendo descrito também como causas: lancetas, pinos ortopédicos, vidros quebrados
e laminas de bisturi. Desses casos, 90% ocorreram após exposição envolvendo
sangue. 21
Os acidentes com agulhas ocorrem, em geral, devido à prática de reencape
de agulhas antes do descarte, transporte de medicação a ser realizada sem
bandeja, luvas de procedimentos maiores que o tamanho das mãos, falta de
habilidade, agitação psicomotora do pacientes, entre outros.9. Gir, Costa e Silva
(1998), também destacam o reencape de agulha como o maior motivo de acidentes
entre auxiliares de enfermagem. Para muitos enfermeiros o motivo predominante
referido foi pressa, cansaço, excesso de serviço, descuido e negligência da equipe
médica.24 Para Dolarosa (2007) os acidentes oriundos do reencape manual de
agulhas podem ser prevenidos através da aquisição de tecnologia apropriada, como
por exemplo, agulhas com dispositivos de segurança.21
Ao ocorrer um acidente de trabalho e houver a possibilidade do risco de
contaminação
com
material
biológico,
logo
os
procedimentos
padrões
recomendados após exposição, incluem notificar imediatamente o ocorrido ao setor
responsável (registro conhecido por Comunicação de Acidente de Trabalho – CAT);
cuidar dos locais atingidos, lavando-os com água corrente e no caso de exposição
de mucosas, lavar com soro fisiológico, imunizar contra tétano, instalar medidas de
quimioprofilaxia antiviral e acompanhamento sorológico, ou seja, laboratorial,
principalmente, para os vírus do HIV e da hepatite B.15,23
Em estudo realizado sobre exposições ocupacionais por fluidos corpóreos
entre trabalhadores de saúde e sua adesão à quimioprofilaxia, verificou-se que
apesar de não ter sido observada nenhuma soroconversão a qualquer dos
patógenos estudados (HIV, HBV, HCV), os acidentes aconteceram em situações em
que as medidas preventivas nem sempre foram atendidas, tendo em vista que os
pacientes-fonte são desconhecidos em 44,9% dos acidentes.7
Estudos têm demonstrado que a prevenção de acidentes e a eliminação dos
perigos através de precauções padrão, tais como a lavagem das mãos e o uso dos
equipamentos de proteção individual - EPI’s (luvas, máscaras, gorros, óculos,
aventais e botas, por exemplo), reduzem significativamente o risco de acidentes com
perfurocortantes contaminados com material biológico durante realização de
procedimentos em serviços de saúde. 2,4,9,10,15,25
No entanto, muitas vezes os trabalhadores de saúde desconhecem essas
informações e acreditam que o uso do EPI não diminui a inoculação de sangue, o
que tem sido uma barreira para a adequada utilização de luvas principalmente na
administração de medicações por via endovenosa.26
Mauro et al (2004) afirmam que os profissionais da saúde ainda não estão
mobilizados suficientemente para aplicar as medidas em favor de sua própria saúde
e segurança, da produtividade do serviço, do seu melhor desempenho e satisfação
no trabalho.27
É possível promover a redução do número de acidentes no ambiente de
trabalho quando o treinamento e educação continuada são itens constantes no
calendário da instituição de saúde. O uso correto dos materiais e equipamentos, o
desenvolvimento das técnicas conforme padronizado diminui as chances de algo dar
errado, pondo em risco a integridade e manutenção da saúde dos profissionais. 7,9,28
4 CONCLUSÃO
Esse estudo evidenciou que existem diversos microorganismos patogênicos
que podem ser transmitidos através do acidente de trabalho por material biológico
para o profissional de saúde, sendo as principais doenças infecto-contagiosas a
hepatite B, hepatite C e AIDS. O acidente também pode gerar repercussões
psicossociais ao profissional acidentado, levando a mudanças nas relações sociais,
familiares e no trabalho.
A forma de exposição a esses bioagentes de maior prevalência são através
de acidentes com perfurocortantes, sendo as agulhas os principais instrumentos
relatados como transmissores de doenças infecciosas entre trabalhadores de saúde.
A análise do texto demonstrou que os acidentes com agulhas ocorrem, em geral,
devido à prática de reencape de agulhas.
A equipe de enfermagem foi constatada por diversos autores como a mais
vulnerável a esses acidentes de trabalho devido a manipulação diária com objetos
contendo material biológico, especialmente os de nível médio, que são os que mais
prestam assistência direta ao cliente. Dentre as causas dessa realidade, aponta-se o
desgaste mental e físico desses profissionais diante das exigências organizacionais
múltiplas, sobrecarga de trabalho, tensão constante, estresse e alterações
emocionais, físicas e imunológicas que esses profissionais de saúde estão expostos.
Diante da realidade é necessário que ocorra a prevenção do desenvolvimento
de problemas de saúde ocupacional desencadeados por exposição a agentes
biológicos através de medidas que tragam conhecimento aos profissionais de saúde
sobre os riscos que estão expostos no ambiente do trabalho. O uso correto dos
materiais e equipamentos de proteção individual e coletivo, o desenvolvimento das
técnicas, treinamentos e educação continuada devem ser freqüentes na prática dos
profissionais de saúde.
OCCUPATIONAL EXPOSURE TO BIOLOGICAL MATERIAL IN HEALTH
SERVICES: A Review
ABSTRACT: The occurrence of occupational accidents in healthcare can be
explained by predisposing factors due to the peculiarities of the activities performed
in the health area, such as the biological factors, psychosocial and physical,
chemical, and biological hazard the main generator of unsanitary to these
professionals. Exposure to biological material is tied to the possibility of contact in the
workplace with blood and other body fluids, secretions, naso-faringeas example,
exudate from skin lesions, cerebrospinal fluid, splash in mucous membranes, among
others, which may be contaminated with various pathogens. This is a review of the
literature and the collection held in the period April 2011 to February 2012, in which
there was the search for scientific articles in databases of SciELO (Scientific
Electronic Library Online "), via the LILACS (Latin American and Caribbean Health
Sciences). Um total 28articlescorrelacionava the criteria of inclusion,aimingidentifyin
the literature about the occupational hazards related to biological material to which
they are exposed healthcare workers. It is concluded that all healthcare workers
mainly nursing professionals, in particular technical and auxiliaries, are facing a high
occupational exposure and, therefore, vulnerable to acquire diseases like AIDS,
hepatitis B and C due to daily handling with objects contaminated sharps and
exposure to patients.
Keywords: “occupational accidents”. "occupational exposures". "biological material".
REFERÊNCIAS
1 DAMACENO, A. P. Acidentes Ocupacionais com material biológico: a
percepção do profissional de saúde. 2005. 123 f. Dissertação (mestrado em
Enfermagem) – Universidade Federal de Goiás, Goiânia. 2005.
2 BREVIDELLI, M.M. Exposição ocupacional ao vírus da AIDS e da hepatite B:
análise da influência das crenças em saúde sobre a prática de reencapar agulhas.
São Paulo, 1997. 157p. Dissertação (Mestrado) - Escola de Enfermagem,
Universidade de São Paulo.
3 MARZIALE, Maria Helena Palucci et al. Acidentes com material biológico em
hospital da Rede de Prevenção de Acidentes do Trabalho – REPAT. Revista
Brasileira de Saúde Ocupacional, São Paulo, v.32, n115, p.109-119, 2007.
4 BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Departamento de
Ações Programáticas Estratégicas. Saúde do Trabalhador. – Exposição a Materiais
Biológicos. 1ª ed. Brasília, Ministério da Saúde, 2006. 76p. (Norma Técnica).
5 SILVA, Flávia Janólio Costacurta Pinto Da. Ambiente Hospitalar, acidentes do
trabalho e a cintaminação. Disponível em:
<http://www.unit.br/mestrado/saudeambiente/D_defendidas/AMBIENTE_HOSPITAL
AR_ACIDENTES_OCUPACIONAIS_E_A_CONTAMINA%C3%87%C3%83O_POR_
HEPATITE_B.pdf>. Acesso em: 22 jan. 2011.
6 GOMES, A.C. et al. Acidentes Ocupacionais com Material Biológico e Equipe de
Enfermagem de um Hospital-Escola. Revista de Enfermagem – UERJ, Rio de
Janeiro, v.17, n.2, p.220-3, 2009.
7 ALMEIDA, Clara Alice Franco de; BENATTI, Mariá Cecília Cardoso. Exposições
Ocupacionais por fluídos corpóreos entre trabalhadores da saúde e a sua adesão à
quimioprofilaxia. Revista da Escola de Enfermagem da USP. São Paulo, v.41, n.1,
p.120-126. Março 2007.
8 SOUZA, M. Acidentes ocupacionais e situações de risco para equipe de
enfermagem: um estudo em cinco hospitais do município de São Paulo. São Paulo:
Escola de Enfermagem de Ribeirão Preto/USP, 1999.
9 RIBEIRO, Emilio José Gonçalves; SHIMIZU, Helena Eri. Acidentes de trabalho
com trabalhadores de Enfermagem. Revista Brasileira de Enfermagem REBEN,
Rio de janeiro, v.60, n.5, p.535-540, set/out 2007.
10 NISHIDE, Vera Médice; BENATTI, Maria Cecília Cardoso. Riscos ocupacionais
entre trabalhadores de enfermagem de uma unidade de terapia intensiva.
Disponível em: <http://www.scielo.br/pdf/reeusp/v38n4/06.pdf>. Acesso em: 26 jan.
2011.
11 Ministério da Saúde. Secretaria de Políticas de Saúde. Coordenação Nacional de
DST e AIDS. Manual de condutas: exposição ocupacional a material biológico:
hepatite e HIV. Brasília; 1999.
12 Centers for Disease Control and Prevention. Disponível em:
<http://www.cdc.gov/hai/>. Acesso em: 24 jan. 2011.
13 PAULINO, D.C.R; LOPES, M.V.O; ROLIM, I.L.T.P. Biossegurança e acidentes
de trabalho com perfuro-cortantes entre profissionais de enfermagem de
Hospital Universitário de Fortaleza-Ceará. Fortaleza: Cogitare Enfermagem, 2008.
Disponível em: <
http://ojs.c3sl.ufpr.br/ojs2/index.php/cogitare/article/view/13109/8867>. Acesso em:
10 de novembro de 2011.
14 RAPPARINI, Cristiane; REINHARDT, Érica Lui. Programa de prevenção de
acidentes com materiais perfurocortantes em serviços de saúde. Disponível em:
<http://www.fundacentro.gov.br/ARQUIVOS/PUBLICACAO/l/perfurocortantes.pdf>.
Acesso em: 24 jan. 2012.
15 OLIVEIRA, Z.G; CASTRO, P. Acidentes de trabalho com perfurocortantes em
atividades de enfermagem - Uma revisão bibliográfica. 2009. 12 f. (trabalho
monográfico) – Universidade católica de Goiás, Goiás. 2009. Disponível em:
http://www.cpgls.ucg.br/ArquivosUpload/1/File/CPGLS/IV%20MOSTRA/SADE/SAUD
E/Acidentes%20de%20Trabalho%20com%20Perfurocortantes%20em%20Atividade
%20de%20Enfermagem%20-%20uma%20Reviso%20Bibliogrfica..pdf. Acesso em:
20. Out. 2011.
16 MULATINHO, Letícia Moura. Análise do sistema de gestão em segurança e
saúde no ambiente de trabalho em uma instituição hospitalar. Disponível em:
<http://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/Dissertacao_Mestrado_leticia.pdf>.
Acesso em: 05 fev. 2011.
17 CANINE, S.R.M.S. et al. Acidentes perfurocortantes entre trabalhadores de
enfermagem de um Hospital Universitário do Interior paulista. Revista LatinoAmericana de Enfermagem, São Paulo, v.10, n.2, p. 172-8, 2002.
18 SILVA, Geisa Assis da; SANTOS, Carla Ribeiro da Silva; NASCIMENTO, Patrícia
Chaves do. Riscos Ocupacionais a que estão expostos os profissionais de
Enfermagem no ambiente Hospitalar e fatores que favorecem sua ocorrência.
Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L8213cons.htm>. Acesso
em: 25 jan. 2011.
19 ALMEIDA, Cristiana Brasil de; LEITE, Ana Lourdes Almeida e silva; PAGLIUCA,
Lorita Marlena Freitag. Acidentes de trabalho envolvendo os olhos: avaliação de
riscos ocupacionais com trabalhadores de enfermagem. Revista Latino Americana
de Enfermagem. São Paulo, v.13, n.5, p.708-716, set/out. 2005.
20 Silva V.E. Estudo sobre acidentes de trabalho ocorridos com os
trabalhadores de enfermagem de um hospital de ensino. São Paulo (SP) :
Escola de Enfermagem da USP; 1988.
21 DALAROSA, M.G. Acidentes com material biológico: risco para
trabalhadores de enfermagem em um hospital de Porto Alegre.
Dissertação(Mestrado em Enfermagem). Universidade Federal do Rio Grande do
Sul. Porto Alegre, 2007.
22 BOLLER,E. Estresse no setor de emergência: possibilidades e limites de novas
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