morfossintaxe e morfofonologia das

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MORFOSSINTAXE E MORFOFONOLOGIA DAS
FORMAS NOMINAIS EM -NTE DO PORTUGUÊS DO BRASIL1
Alessandro Boechat de Medeiros, USP
Introdução
No português, além dos adjetivos -nte derivados de verbos, como comovente ou confiante, há
formas em -nte, também aparentemente derivadas de verbos, que se distribuem em contextos
tipicamente nominais (por exemplo, co-ocorrem com determinantes sem a presença de [outro] nome e
podem ser argumento de verbo). Arrolo alguns exemplos em (1):
(1) Absorvente, adoçante, alvejante, amante, aniversariante, assaltante, calmante, concorrente,
comandante, descendente, desinfetante, dirigente, estudante, fertilizante, ficante, fumante, governante,
militante, navegante, oponente, pisante, presidente, regente, repelente, representante, servente,
vigilante, visitante, etc.
Chamarei os itens da lista (1) de nominais -nte. Neles, duas características, consideradas
conflitantes pela tradição gerativa, saltam aos olhos. A primeira é: diferentemente de formas nominais
com outras terminações (como destruição, varrida, desenvolvimento – nominalizações de verbo que
denotam eventualidades), todos os exemplos de (1) referem-se a entidades (animadas ou não) que são,
assim como o são os sintagmas nominais modificados pelos adjetivos com a mesma terminação,
interpretadas como sujeitos de seus verbos de base. Por exemplo, o acompanhante é alguém que
acompanha, não o evento de acompanhar ou quem é acompanhado; o desinfetante é algo que
desinfeta, mata os germes. A segunda característica é: os contextos de uso das palavras listadas acima
indicam que, para muitas delas, os referentes podem ser bem mais específicos que o que sugerem as
paráfrases2. Por exemplo, o absorvente, sem informações extras, é algo que absorve fluidos ou
excreções do corpo, não qualquer coisa; o pisante, pelo menos para mim, é um calçado fechado (nunca
sandália), e não simplesmente algo ou alguém que pisa.
O quadro acima expõe uma tensão: ao passo que algumas propriedades dos nominais -nte são
essencialmente sintáticas e regulares, como o fato de designarem sempre entidades interpretadas como
os sujeitos dos verbos de base, eles apresentam certas idiossincrasias de uso – freqüentemente
designam entes muito especiais –, característica normalmente atribuída ao que é puramente lexical.
Como lidar com isso?
Resposta: adotando um modelo de gramática que elimina a dicotomia sintático-lexical; um
modelo no qual a sintaxe “invade” o “léxico”; uma teoria gramatical como a Morfologia Distribuída
(Halle & Marantz 1993, Marantz 1997; doravante MD). Os pressupostos dessa teoria permitem
formular as quatro perguntas a seguir que, se respondidas, não só nos ajudarão a lidar com o impasse
colocado acima, mas também nos trarão um conhecimento muito mais profundo e detalhado das
formas estudadas neste artigo.
1) Quais são os morfemas (feixes de traços sintático-semânticos e morfológicos) envolvidos
nelas?
2) Que tipos de verbos estas formas não podem tomar como base e por quê?
3) O que explica a especificidade de referentes para alguns nominais -nte?
1
2
Gostaria de agradecer a Ana Paula Scher, aos membros do GREMD e a Miriam Lemle por comentários e
idéias. Gostaria de agradecer também à FAPESP pela bolsa de pós-doutorado (2008/00426-0) que possibilita
esta pesquisa.
Isso me parece ser mais uma indicação de que os itens da lista (1) são, de fato, nomes, não adjetivos.
Observe-se que a palavra absorvente, por exemplo, pode modificar nomes variados: uma idéia absorvente,
um trabalho absorvente, etc. Já o mesmo não ocorre com o absorvente ou um absorvente. Aqui, a referência
é bem específica – é um objeto, um instrumento, não uma pessoa, um evento, uma atividade ou um estado
mental... Se tratássemos o absorvente de (1) como adjetivo (assumindo alguma categoria vazia modificada
por ele), não saberia como explicar isso.
139
4) Que especificações deve ter a peça vocabular /nt/ para ocorrer onde ocorre: em nominais e
adjetivos -nte?
Este texto tem como objetivo responder (1) a (4) acima. E tem a seguinte organização. Na
seção 2 apresento algumas abordagens para formas semelhantes em línguas como o inglês, o esloveno
e o grego; duas delas orientadas pela MD, outra assumindo uma sintaxe lexical (Hale & Keyser 1993).
Na seção 3, desenvolvo minhas propostas e respondo as questões formuladas acima. A seção 4 conclui
o artigo.
1. Algumas Considerações sobre Outras Abordagens
1.1 van Hout & Roepper 1998
Neste artigo, van Hout e Roepper analisam as nominalizações em -er do inglês em dois
contextos distintos, exemplificados abaixo em (2):
(2) a. The mower of the lawn just walked in (o cortador da grama acabou de entrar).
b. The lawn-mower just walked in (o cortador de grama acabou de entrar).
Segundo os autores, em (2a) há implicação de um evento, e mower tem somente leitura agentiva; já
em (2b) e o composto lawn-mower tem leitura de instrumento ou de agente e não há um evento
envolvido.
Na proposta dos autores, alinhada com a noção de sintaxe lexical desenvolvida em Hale &
Keyser 1993, mower de (2a) envolve um VP, um Voz-P, um Asp-P e um TP; o composto lawn-mower
em (2b), por outro lado, envolve somente um VP, sem os outros núcleos do sistema flexional. Os
esquemas a seguir ilustram a idéia:
(3) a.
NP
wi
N
wy
Vj + Nk
mow+er
TP
3
N
-Ø
T
Asp-P
3
DP
3
4
Asp
the lawn
Voz-P
3
tk
Voz'
3
Voz
VP
3
Spec
ti
b.
N'
N'
3
N
-er
V'
g
V
tj
3
VP
3
Spec
3
V
mow

wy
N
VP
2
V'
Ni + Vj
lawn-mow
-er
N
lawn
N Spec
2
V'
Vj
Ni
Na estrutura (3a), o nó Voz tem a função de introduzir uma variável de evento, licenciar um
140
complemento e criar uma posição para a introdução de um agente, que será ocupada pelo núcleo
nominal -er. O -er nesta posição se cliticiza ao verbo, que passa por sucessivos movimentos de núcleo
até cliticizar-se ao N vazio, na posição mais alta. O complemento move-se para especificador de Asp-P
onde checa telicidade (observe-se que, no exemplo (2a), o complemento é um tema incremental e é
quantificado, e por isso a interpretação télica). O núcleo T é necessário para fechar a variável de
evento introduzida por Voz, provavelmente contribuindo com um quantificador existencial para o
evento. A presença deste núcleo explica porque na interpretação de (2a) um evento é implicado: para
lawn-mower, onde não há núcleo T (ver (3b) acima), não necessariamente houve, em algum momento,
um evento de cortar a grama; já o mower of the lawn cortou a grama alguma vez na sua vida. A leitura
de entidade que é um agente do evento interno à forma nominal é possível porque o N -er parte de
uma posição em que é interpretado como agente do evento – o especificador de Voz-P. Em casos como
o da nominalização destruction, por exemplo, teríamos também Voz, Asp, T; mas, como não há um N
que parte da posição de especificador de Voz, a interpretação não é a de agente de um evento, mas a de
evento com certas propriedades (é o nome de um evento, não de uma entidade).
A interpretação de (4b) não tem implicação de evento, como esperado, uma vez que não tem
Voz que introduz variável de evento nem T que fecha essa variável. Ali, o nome lawn se move da
posição de clítico (irmão de V) para a de especificador de VP, ficando numa posição de escopo em
relação ao verbo e restringindo seu significado (trata-se de cortar grama, não de cortar qualquer
coisa). Nessa posição, ele vira um clítico do verbo. O complexo verbal, com o nome lawn cliticizado,
se cliticiza ao nome onde a terminação -er é gerada, tendo como resultado o composto lawn-mower.
Apesar de tratar de formas nominais que guardam certas semelhanças com as listadas em (1),
os nominais em -er do inglês estudados por van Hout e Roepper têm algumas propriedades que os
tornam inconciliáveis com os nominais -nte do português. Por exemplo, a estrutura de (3a) fornece
uma leitura episódica para o evento mais encaixado (ver nota 8), coisa que nunca ocorre nos nominais
-nte. De fato, a estrutura (3a) seria mais adequada para explicar uma das leituras das formas nominais
em -dor (matador) do português3. Já a outra estrutura é para compostos, sem muita utilidade para o
nosso caso.
1.2 Alexiadou 2001
Seguindo o arcabouço teórico da MD, Alexiadou propõe que formas nominais como dancer do
inglês ou katharistis (limpador) do grego tenham estruturas com as seguintes características: (1)
presença de um verbalizador com traços de agentividade; (2) ausência, em sua estrutura
morfossintática, de núcleo com traços aspectuais.
A idéia de que essas formas nominais trazem verbalizadores – ou, por outros termos, uma
posição de evento – se justifica por certos paralelos que existem entre nominais eventivos com -er e
nominalizações de processo como destruction. Segundo a autora, as formas nominais em -er
verdadeiramente eventivas tomam sempre complementos, assim como o fazem os nominais de
processo (ver Grimshaw 1990 para uma extensa discussão sobre nominais de processo e de resultado);
isso fica demonstrado pelo fato de serem modificados por adjetivos como fequent somente na presença
dos argumentos internos. Quando o nominal é não-eventivo (ou seja, quando o complemento não é
obrigatório), a modificação aspectual com tal adjetivo não é permitida. Os exemplos abaixo (tirados de
Alexiadou 2001: 128, 129), ilustram tais propriedades:
(4)
a. the defender *(of human rights).
b. frequent consumer *(of tobacco).
c. this machine continues to be our only (*frequent) transmitter.
d. this machine continues to be our only transmitter (*to headquarters).
Entretanto, há difrerenças importantes entre as formas nominais em -er e os típicos nominais
de processo. Ao contrário destes, segundo a autora, os nominais em -er não permitem modificação
3
Por exemplo, para o DP o matador do Chico Mendes a interpretação envolve um evento único de “matar
alguém”. Note-se aqui que não necessariamente o matador é um profissional que faz isso habitualmente.
Nominais -nte não aceitam essa leitura. Ver seção 3.2 abaixo.
141
com advérbios de modo; tampouco aceitam modificação aspectual, diferentemente de formas nominais
como destruction. Vejam-se os exemplos a seguir do grego (Alexiadou 2001: 129):
(5) a. *o katharistis tu ktiriu prosektika
o limpador o-GEN prédio cuidadosamente
b. *o katharistis tu ktiriu epi ena mina telika apolithike
o limpador o-GEN prédio por um mês finalmente pegou fogo.
Segundo a autora, tais contrastes sugerem que as formas nominais em -er tenham um caráter verbal
“diminuído”, mesmo em sua leitura agentiva.
Uma vez que as formas nominais em -er tomam complementos e são indiscutivelmente
agentivas, postular a presença de um verbalizador é inescapável. Essa característica é parcialmente
partilhada pelos nominais de processo. E digo parcialmente porque nos nominais de processo do tipo
destruction, diferentemente dos nominais do tipo discutido nesta seção, o verbalizador (cuja presença
seria inegável por conta de sua interpretação de processo, não de resultado) não traz traços de
agentividade: é, ao contrário, um verbalizador ergativo. Já o fato de as formas nominais em -er não
aceitarem modificadores aspectuais (ver exemplo (4d)) leva a autora a dizer o contrário sobre núcleos
aspectuais: esses devem estar ausentes. Nesse ponto, os nominais em -er divergem radicalmente dos
nominais de processo, que trazem, sempre, nas propostas de Alexiadou, núcleos aspectuais em sua
estrutura funcional.
Segundo a autora, como resultado da estrutura proposta, as formas nominais em -er não
denotam eventos específicos, mas agentes de um evento – ou seja, indivíduos ou classes de indivíduos.
A ausência de nós de aspecto parece coerente com tal interpretação, uma vez que aspecto é uma noção
relevante para eventos, não para indivíduos.
As propostas apresentadas em Alexiadou 2001 parecem ainda estar num estágio inicial ou
preliminar, e, portanto, carecem de explicações completas. Por exemplo, não está claro para mim,
apesar de a formulação tratar a questão como se fosse trivial, como a estrutura funcional proposta leva
à intepretação de indivíduo ou classe de indivíduos, e indivíduos que são agentes dos eventos
veiculados pela combinação, mais encaixada, de raiz com verbalizador agentivo. Talvez, o que a
autora queira dizer seja o seguinte: os nominais de processo, pelas suas propriedades (ver Alexiadou
2001, capítulo 3), trazem sempre um v com traços de ergatividade; portanto, nominais que tragam
traços de agentividade de alguma forma codificados em sua estrutura funcional, pedindo por um
argumento externo, não são nominais de processo. De fato, o vezinho com traços de agentividade deve
abrir uma posição para, ou introduzir uma variável de, indivíduo – e indivíduo que é, portanto, agente
do evento mais encaixado – que tem que ser fechada de alguma forma, possivelmente com uma
quantificação existencial veiculada pelo núcleo funcional (número ou determinante) que de fato
nominalizará a estrutura.
A proposta, entretanto, de não existência de um núcleo aspectual em nominais -er parece não
poder ser generalizada para qualquer língua (se de fato vale nos exemplos que ela dá). Veremos a
seguir que o esloveno tem nominais semelhantes em muitos aspectos aos estudado por Alexiadou, com
a mesma leitura de indivíduo agente (ou instrumento) para o evento denotado pelo verbo mais
encaixado, que aceitam modificação aspectual e podem ter uma leitura em que o evento denotado pelo
seu verbo de base está em progresso em determinado momento. Pode ser verdade que aspecto não seja
uma noção relevante para indivíduos, mas isso não impede que formas nominais com a leitura aqui
discutida aceitem modificação aspectual/temporal. Ademais, a idéia de que o vezinho dessas estruturas
traz necessariamente traços de agentividade seria problemática para casos como descendente,
aniversariante, ficante da lista (1) acima. São exemplos de nominais -nte que não denotam agentes dos
verbos de base, até porque os verbos de base não são agentivos.
1.3 Marvin 2002
Estudando as nominalizações de particípio do esloveno, Marvin trata do que ela chama de
Nominalizações de Particípio-L Agentivas. Essas nominalizações têm propriedades muito semelhantes
às dos nominais em -er do inglês e em -dor e -nte do português. Por exemplo, denotam o argumento
externo do evento denotado pela raiz verbal (ou pelo verbo mais encaixado). A interpretação deste
142
argumento externo é sempre a de agente ou de instrumento:
(6)
a. plavalec/ka = o/a agente do evento de nadar
b. morilec/ka = o/a agente do evento de assassinar
c. rezalo = a coisa que é o instrumento que realiza o evento de cortar
A autora propõe que a previsibilidade da interpretação de “argumento externo” é conseqüência da
estrutura na qual o nominalizador é inserido, como mostra o esquema a seguir:
(7)
3
T
-l
vP
3
n
-ec
v'
3
v
Ø
√P
5
plav-a
No esquema acima, o vezinho é um feixe de traços que reúne os traços [+Ext, +Ag]4: ou seja, ele
projeta uma posição de argumento externo e o que ocupa essa posição deve ser interpretado como
agente do vP. A postulação de um núcleo como o vezinho, que implica um evento, se justifica por
alguns testes semânticos apresentados pela autora. Por exemplo, modificação adverbial: segundo a
autora, as nominalizações aqui discutidas podem ser modificadas por advérbios de modo, tempo ou
lugar:
(8) a. Rezalo na tanke kose (cortador em pedaços finos) – Modo;
b. Iztrebljevalec v enem dnevu (exterminador em um dia) – Tempo;
c. Sprehajalec po parku (caminhante em parque) – Lugar.
As nominalizações de Particípio-L apresentam dois enquadres possíveis de tempo/aspecto para
o argumento externo que elas denotam. Podem ser agente/instrumento de um evento habitual ou
agente/instrumento de um evento em progresso. O tempo do evento denotado pelo verbo mais
encaixado pode ser presente, passado ou futuro. Por exemplo, a palavra plavalec (nadador) pode se
referir a alguém que é nadador por profissão (habitual) ou a alguém que está/estava/estará nadando em
um momento contextualmente determinado (em progresso). Na proposta de Marvin, o responsável por
tais leituras é o T em (7), que alberga traços temporais (S,R)5 e uma variável de evento E; o tempo real
do evento vai ser determinado contextualmente.
Uma outra propriedade dessas construções que, segundo a autora, corroboraria a presença de
um núcleo de tempo/aspecto com certas especificações semânticas é que elas são bem-formadas
somente com verbos imperfectivos do esloveno, aqueles sem prefixação perfectiva. Por exemplo,
plavalec (nadador) envolve o verbo plavati (nadar) imperfectivo; o acréscimo do prefixo perfectivo ao
verbo inviabilizaria a formação da forma nominal em questão: *preplavalec.
No que diz respeito aos itens de Vocabulário realizadores dos morfemas da estrutura acima, a
peça /ec/ seria especificada para realizar n na posição de especificador de vP; a peça /l/ seria uma peça
default (subespecificada) participial, que realiza qualquer núcleo T, de tempo ou aspecto. Entretanto,
em (7) acima a ordem de alguns itens está trocada. Se a estrutura fosse linearizada como está, o
resultado seria algo como *plavaecl, e não plavalec, o desejado. Como lidar com isso? Marvin propõe
4
5
Marvin segue propostas de Embick 2000, nas quais a tipologia dos vezinhos é definida por combinações dos
sinais dos traços de agentividade e argumento externo.
A vírgula entre S e R indica coincidência temporal entre o tempo da fala (S) e o tempo de referência (R).
Esses dois tempos, junto com o tempo do evento (E), formam a base do sistema tríplice de Reichenbach
1947. Este autor defende a idéia de que as interpretações dos tempos verbais das línguas do mundo podem
sair de combinações das relações de antecedência e coincidência entre as três entidades temporais
mencionadas.
143
duas coisas para resolver o problema: (a) que o núcleo T traz um traço EPP que força o movimento do
n na posição de sujeito do vP para a posição de especificador do TP; (b) que, concatenado ao TP em
(7), haja um núcleo (Num) com traços de número, com o qual, posteriormente, se concatena um
núcleo determinante D. O núcleo Num tem a função de nominalizar a estrutura, que em (7) é de fato
(ainda) verbal. Os movimentos são os seguintes, na ordem: (1) movimento sintático do n de [spec, vP]
para [spec, TP]; (2) movimento morfológico da raiz para v; (3) movimento morfológico do complexo
raiz+v para T; (4) movimento morfológico do complexo raiz+v+T para n em [spec, TP]. O esquema
abaixo ilustra o resultado das operações, evidenciando a ordem correta dos itens. Ao final das
operações, temos as relações entre os itens de Vocabulário que permitirão seu correto seqüenciamento.
(9)
3
D
Num-P
3
Num
TP
3
n
2
T
2 -ec
v
2
-l
√plav-a v
T
5
n
..... t .....
T
Entretanto, olhando para o esquema (7), me pergunto se podemos realmente afirmar que essa
estrutura denota entidades, e não nomes de eventos com agentes. Quero dizer: o núcleo Num, irmão de
TP, não faz com que a leitura principal seja a de nome de um evento com agente, e não a de agente de
um determinado evento? Se esse núcleo trouxer o traço [plural], por exemplo, de que plural estamos
falando: do plural de uma entidade que é sujeito do verbo de base, ou do plural de um evento com um
bizarro n agente? O fato de haver um nominalizador na posição de especificador de um vP mais
encaixado é suficiente para se obter a leitura de entidade (e não de evento) ao final de tudo?
2. Analisando os Nominais -nte do Português
No que segue, apontarei algumas propriedades dessas construções, que as distinguem dos
nominais em -er do inglês e das formas nominais do esloveno discutidas acima. A estrutura
morfossintática proposta em (15) explicará tais propriedades e responderá à questão (1) da introdução.
As questões em (2) e (3) serão respondidas na subseção 3.4 e a questão (4) na subseção 3.5. Apesar
das críticas apresentadas acima, a abordagem proposta aqui é, em certa medida, devedora das
discutidas nas seções anteriores. Por exemplo, ela, como em van Hout & Roepper 1998 e Marvin
2002, aposta numa abordagem “configuracional”, com o nominalizador ocupando um certa posição
em relação ao vP, para explicar a leitura de entidade (não de evento) dos nominais -nte.
2.1 Há um núcleo verbalizador (um vezinho) em tais formas nominais?
Existem evidências morfológicas para a postulação de vezinhos nas estruturas dos nominais nte. Por exemplo, em fertilizante, alvejante e adoçante encontramos morfemas verbalizadores (ou que
co-ocorrem com verbalizadores) reconhecidos até mesmo pelas gramáticas tradicionais: o -izcausativo (normalmente deadjetival), o -ej- iterativo e o prefixo a-, presente em diversos verbos
derivados de nomes (como aterrar ou apedrejar). Em uma teoria realizacional como a MD, essas
peças indicam inescapavelmente a presença de morfemas verbalizadores abstratos na estrutura, pois
são realizações fonológicas dos mesmos. Ora, assumindo que a análise para os exemplos discutidos
neste parágrafo se estenderá a todos os casos, pois todos compartilham as mesmas propriedades, então
a conclusão é que os nominais -nte em geral têm, em sua estrutura, vezinhos.
2.2 Há núcleo aspectual na estrutura dos nominais -nte?
144
Olhando com bastante atenção os nominais -nte do português, descobrimos neles uma
característica bem sutil e importante: quando o verbo de base seleciona um tema incremental, seu
complemento preposicional é preferencialmente plural e/ou partitivo, não quantificado. Quando, junto
ao nominal -nte, há um PP com um DP quantificado, a interpretação do nominal mais o PP não aceita
leitura télica. Observem-se os exemplos em (9).
(9) a. O/um alvejante de roupa, o/um alvejante de roupas, o/um alvejante da camisa do Pedro;
b. O/um fertilizante de solo, o/um fertilizante de solos, o/um fertilizante do terreno da fazenda do
meu tio.
Em o alvejante da camisa do Pedro ou o fertilizante do terreno da fazenda do meu tio, as
interpretações são a de alvejante (normalmente) usado na camisa do Pedro ou de fertilizante
(normalmente) usado no terreno da fazenda do meu tio. O uso do alvejante não implica que a camisa
de Pedro ficou alvejada ou alva nem o uso do fertilizante implica que o terreno da fazenda do meu tio
ficou fertilizado ou fértil. Comparemos, entretanto, (9b) com o fertilizador do terreno da fazenda do
meu tio, nas paráfrases a seguir.
(10) a. O fertilizante do terreno do meu tio = algo (habitualmente) usado no terreno do meu tio, para
fertilizar.
b. O fertilizador do terreno do meu tio = algo (habitualmente) usado no terreno do meu tio, para
fertilizar / alguém ou algo que, habitualmente, fertiliza o terreno do meu tio / alguém ou algo que
alguma vez fertilizou o terreno do meu tio.
Vemos que em (10b) uma das leituras possíveis (em itálico) envolve um evento culminado,
tendo como resultado terreno fertilizado ou fértil. A palavra fertilizante, ao contrário, nunca implica
eventos culminados de fertilizar – no máximo, uma espécie de evento genérico de fertilizar –, mesmo
com um DP quantificado funcionando como seu complemento (aparentemente, pelo menos). Como
explicar isso?
Lembremo-nos de que as paráfrases para os nominais -nte envolvem, sempre, o verbo no
presente do indicativo. Uma estratégia interessante talvez seja buscar por propriedades compartilhadas
entre esse tempo verbal e as formas aqui estudadas. Vejamos os exemplos a seguir, que envolvem um
verbo de consumação (o contrário de um verbo de criação):
(11) a. João fuma cigarro/cigarros (não charuto/charutos).
b. #João fuma um cigarro/o cigarro6.
c. João tem fumado cigarro/cigarros.
d. João tem fumado um cigarro *(que é fabricado na Índia).
Em (11a, c e d), vê-se que a interpretação habitual é compatível somente com complementos
não-quantificados; se o complemento for quantificado, ele tem que ser interpretado como um tipo, não
como uma entidade particular (por exemplo, (11d), que precisa da oração relativa para ser gramatical).
Os exemplos em (12) mostram uma simetria interessante entre o verbo no presente e o nominal -nte
derivado:
(12) a. Um/o fumante de cigarro/cigarros (não de charuto/charutos).
b. Um/o fumante de ?um cigarro/do cigarro *(Marlboro).
c. ?O fumante do único cigarro que estava no bolso do Pedro foi o João.
Assim como o presente do indicativo (habitual) do verbo fumar, a palavra fumante tem baixa
6
Aqui, o complemento quantificado força uma leitura progressiva, e não habitual, do presente do indicativo.
Esta leitura, entretanto, é bastante marginal, talvez por haver no sistema da língua uma forma composta com
o gerúndio do verbo expressando mais tipicamente a progressividade: João está fumando um cigarro.
145
tolerância a complementos quantificados, a não ser quando estes denotam tipos, não entidades
particulares (ver (12b))7. Tampouco aceita uma leitura em que um evento particular de fumar culminou
(ver (12c)).
A literatura reconhece uma forte relação entre habitualidade e uma leitura
característica/genérica (Carlson 1977) ou caracterizadora (Krifka, Pelletier et al. 1995) do
evento/predicado que se lhe associa. Para que se entenda: predicados caracterizadores expressam
propriedades dos referentes de seus sujeitos (Krifka, Pelletier et al. 1995)8. Tomemos (11a) como
ilustração. Além de um hábito de João, fumar cigarros é uma espécie de propriedade dele: sabemos
que ele pertence a um grupo pessoas que fuma cigarros, mas talvez não charutos ou cachimbos, e às
quais são reservados setores especiais em restaurantes, por exemplo. A mesma percepção pode ser
estendida à palavra fumante em (12): fumar (cigarro) seria uma propriedade e um hábito de seu
referente.
Com o nosso primeiro exemplo em (9b), fertilizante, a coisa não é diferente. Seu referente tem
a propriedade de fertilizar e, talvez, um “hábito potencial” associado. Como vimos antes, palavras
como fertilizador têm uma pequena diferença semântica em relação a palavras como fertilizante: há
uma leitura em que seu referente é o realizador de uma fertilização particular, de um evento singular,
sem qualquer propriedade fertilizadora ou hábito associado. A palavra fertilizador permite, portanto,
uma leitura episódica do evento denotado pelo verbo de base (ver (10) acima e nota 8 abaixo); já a
palavra fertilizante (ou fumante) veicula, sempre, uma leitura genérica ou caracterizadora do evento.
Para explicar tudo isso, proponho a existência de um núcleo/morfema aspectual tanto no
presente do indicativo9 quanto nos nominais e adjetivos –nte, cuja função seja, no mais das vezes,
fazer com que os eventos tenham uma leitura habitual/genérica. Assim, o predicado verbal mais
encaixado será, tipicamente, um predicado caracterizador (de propriedades) de seu sujeito. A resposta
para a pergunta-título desta seção é, portanto: sim, há um núcleo aspectual na estrutura dos nominais nte. Observe-se que uma abordagem sintática como essa explica sem embaraços o fato de um tempo
verbal (o presente do indicativo), que envolve núcleos sintáticos, e um nominal (-nte), cuja formação é
tradicionalmente tratada como derivação dentro do léxico (ver, por exemplo, Anderson 1992),
compartilharem tantas propriedades.
Para fechar esta seção, gostaria de dar mais uma justificativa para chamar o núcleo de que vim
falando até o momento de aspectual: quando os adjetivos terminados em -nte derivam de verbos
inacusativos/incoativos, a leitura do evento deixa de ser habitual/genérica e passa a ser outra
(semanticamente relacionada à leitura habitual, ver Comrie 1976), a de progressividade ou
continuidade temporal do evento. Os exemplos a seguir, tirados de Medeiros 2008, o mostram10.
(13) a. #Aquele bêbado cambaleante não está cambaleando agora.
b. Aquele filme emocionante não está emocionando agora.
Ou seja, o português moderno, se as propostas aqui desenvolvidas estiverem no caminho certo,
não carece de um particípio presente.
2.3 E a leitura de argumento externo do verbo encaixado, como se explica?
Seguindo Kratzer 1996, assumirei que (a) argumentos externos são licenciados na estrutura
pela presença de um núcleo Voz separado do verbalizador ou da raiz verbal (ver também Chomsky
1995, Pylkkänen 2002 e Marantz 1984 para propostas relacionadas) e (b) o núcleo Voz faz parte do
sistema flexional, podendo ter traços aspectuais. Partindo destes dois pressupostos, proporei que o
núcleo de aspecto envolvido nas formas -nte – cuja função, entre outras coisas, como já dissemos na
7
8
9
10
Os complementos quantificados em (9) para alvejar e fertilizar são permitidos porque seus referentes não
deixam de existir ao final do processo; o contrário do que ocorre com cigarro em (12b).
Para esses autores, os predicados verbais se dividem em duas classes: os episódicos e os caracterizadores. Os
episódicos referem-se a um evento específico, já os caracterizadores se referem a propriedades do referente
do sujeito, não a um evento específico.
Talvez também no pretérito perfeito composto, ver exemplos (11c e d).
Ver também Duffiled 2003 para exemplos do inglês.
146
seção anterior, é produzir a interpretação de evento habitual/genérico – traz traços de Voz (ativa),
pedindo, pois, por um argumento externo. Dados os traços albergados pelo núcleo aspectual, o que
quer que venha a concatenar-se com a estrutura dominada por este núcleo vai ser interpretado, no mais
das vezes, como entidade dotada de propriedades associadas ao processo descrito pelo verbo mais
encaixado, que funciona como um predicado caracterizador.
Suponhamos que um núcleo nominalizador n é concatenado diretamente com a estrutura a
seguir, conforme o esquema (14). Este núcleo funcionará como argumento do núcleo Voz e receberá o
papel correspondente – será interpretado como dotado de propriedades iniciadoras ou causadoras de
determinada eventualidade, referida pelo verbo de base.
(14) n

Asp/Voz'
(merge)
3
Asp/Voz
vP
3
v
√P
Entretanto, gostaria de propor, tentativamente, que, ao contrário do que acontecia em Marvin 2002 por
exemplo, esse núcleo não vai simplesmente ocupar a posição de especificador do sintagma Asp/Voz-P,
mas vai projetar sua categoria, como mostra a estrutura a seguir.
(15)
nP
3
n
Asp/Voz-P
3
Asp/Voz
vP
3
v
√P
A idéia (que ainda precisa ser testada) é a seguinte: numa situação em que um núcleo categorizador
(como o n) é diretamente combinado com um nível X' qualquer, é o núcleo que projeta, e o que era X'
se fecha como um XP irmão desse núcleo; caso seja outra categoria máxima a combinar-se com X',
como um DP ou um nP, é o X que continua projetando. Como vemos na estrutura (15), n tem, ali, a
dupla função de atribuir a categoria final à estrutura e de ser argumento do núcleo Asp/Voz. Com (15)
respondo a questão (1) da introdução. A estrutura (16) a seguir mostra o resultado de todas as
operações, inclusive a inserção das peças vocabulares.
(16)
nP
3
n
-e
Asp/Voz-P
3
Asp/Voz
vP
-nt3
v
-iz(a)-
√P
fertil-
O fato de o núcleo n projetar a categoria que domina a estrutura evita o que julgo ser problemático na
proposta de Marvin (ver seção 2.3 acima).
2.4 Respondendo as questões (2) e (3) da introdução
l
Questão 2: Ao que parece, os verbos que não são licenciados nessas construções são os
inacusativos/estritamente incoativos. A explicação para isso é: o núcleo aspectual envolvido
em sua estrutura vem com traços de Voz ativa, que não co-ocorrem com tais verbos, por razões
óbvias. Verbos que tenham argumento externo, de um modo geral, podem lhes servir de base;
147
e isso inclui, ainda que com uma raridade que não sei explicar, alguns estativos.
l
Questão 3: Uma coisa é muito clara nos itens em (1): todos denotam objetos ou pessoas, nunca
estados, eventos, atividades ou algo cujo estatuto de entidade seja um tanto duvidoso (como
idéias, por exemplo). Observe-se que estados, eventos ou atividades poderiam ter, sem
problemas, propriedades causadoras das eventualidades descritas pelos verbos de base (um
trabalho absorvente, atitudes concorrentes, idéias repelentes, etc.); no entanto, os nominais nte nunca os tomam como referentes. Acredito que a explicação para isso seja a seguinte: o
núcleo n em (16), por si, não consegue introduzir evento, estado ou atividade; logo, o nominal
-nte vai ter sempre a leitura de sujeito típico do verbo mais encaixado, leitura de entidade. Ou
seja, não é qualquer referente que pode ser tomado porque a estrutura interna do nominal não
permite. Essa restrição no universo de referentes responde, em parte, a questão 3. A outra parte
da explicação é o uso. O uso ligou a palavra absorvente, por exemplo, a um item de higiene do
corpo, mas um item cuja função principal é absorver alguma coisa. Raciocínio semelhante
pode ser aplicado a comandante (que, em princípio, só comanda gente dentro das forças
armadas), fertilizante (que, se não houver mais informação no contexto, fertiliza o solo para o
plantio, não outra coisa), entre muitos outros.
2.5 Que especificação tem o item /nt/ em (15)?
A proposta é que esse item tenha como especificação os traços aspectuais responsáveis pela
leitura habitual/genérica do evento ou pela leitura progressiva dele (caso dos adjetivos derivados de
verbos inacusativos ou incoativos). Há ainda uma especificação de contexto, que o liga à realização de
um núcleo aspectual em adjetivos ou nomes. Acredito que essa especificação deva ter em conta traços
Φ que claramente ocorrem em adjetivos e nomes, inseridos na estrutura por um núcleo (o enezinho em
(15), por exemplo) ou copiados de um nome ou DP (no caso dos adjetivos) num núcleo morfológico
de concordância11, inserido sob Asp/Voz. Esses traços seriam [gênero] e [número], não [pessoa], pois
a concordância adjetiva não leva em conta esse traço. A regra abaixo ilustra a idéia. Por falta de um
nome melhor, vou chamar o feixe de traços aspectuais responsável pelas interpretações discutidas aqui
(habitual/genérica e progressiva) de [durativo]. O mesmo feixe de traços aspectuais pode ser realizado
por outro item de Vocabulário, desde que o contexto sintático seja diferente. Com (17) respondo a
questão (4).
(17) a. /nt/ ↔ [durativo]/ ____ [gênero, número]
b. /nd/ ↔ [durativo] nas outras situações12.
Conclusão
Nas subseções de (3) acima, as quatro questões formuladas na introdução foram respondidas.
E, com isso, acredito ter mostrado que o impasse levantado na introdução não tinha razão de ser.
Melhor: a abordagem que propusemos mostrou propriedades que não seriam vistas se simplesmente
jogássemos a formação dos nominais -nte no tradicional armazém de idiossincrasias, o léxico.
O que agora falta verificar é se a proposta de 3.3, onde n projeta sua categoria a despeito de
ser um argumento do núcleo Asp/Voz, se sustenta. Isso ficará para trabalhos futuros ou para o leitor
interessado.
Referências
11
12
A inserção do núcleo de concordância seria condicionada pelo contexto sintático: uma estrutura com cópula
(predicação) ou com adjunção de um objeto como (14) (mas sem o n e, talvez, com um PRO especificador de
Asp/Voz) a um nome deflagraria a regra inserção do núcleo de concordância na Estrutura Morfológica (Halle
& Marantz 1994). Nesse núcleo copiam-se os traços Φ relevantes do DP associado.
Regra para a inserção do item realizador do gerúndio no português. Claro que há outros itens associados à
interpretação durativa, como /i/ (corria) e /v/ (cantava) do pretérito imperfeito ou Ø do presente do indicativo,
mas essas marcas seriam mais específicas, ligadas também a traços de tempo.
148
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