Aula 7 LÓGICA: CIÊNCIA DE DESCOBRIR (SCIENTIA INVENIENDI) FORMAS DE ARGUMENTOS E DE JULGAR (SCIENTIA DIJUDICANDI) SUA VALIDADE (2) META A partir de elementos combinatórios, levar os alunos a criar formas de argumento e confirmar sua validade. OBJETIVOS Ao final desta aula, o aluno deverá: Leitura cuidadosa das observações apresentadas e atenção aos pontos que certamente demandam conhecimento histórico e prático, neste último caso com relação às técnicas de criação de argumentos e avaliação de sua validade. PRÉ-REQUISITOS Os pré-requisitos são a PACIÊNCIA para ler todo o texto, a ATENÇÃO para considerar seus conteúdos e pontos mais importantes, a capacidade de PENSAR sobre qual raciocínio está envolvido na criação, formalização ou esquematização enunciada e a HABILIDADE para refazer os raciocínios envolvidos. William de Siqueira Piauí Lógica I INTRODUÇÃO Olá alunos e alunas da disciplina Lógica I, teremos mais algumas conversas sobre conceitos, expressões, princípios, temas, problemas, obras etc. que dizem respeito ao que chamamos de Filosofia e História da Lógica, continuaremos a esboçar o conteúdo da unidade 2. Como já o dissemos, o que faremos a seguir pode ser dividido em três grandes partes: primeiro, falamos já um pouco dos aspectos combinatórios das relações entre proposições ou dos conectivos lógicos dispostos em uma tabela de verdade; depois, falaremos sobre as regras de conversão dos silogismos de tipo aristotélico em modos da primeira figura discutindo, por fim, os aspectos também combinatórios dos silogismos de tipo aristotélico e as demonstrações de sua validade. DESENVOLVIMENTO Na aula de número 05, chegamos a avaliar combinatoriamente o número dos possíveis silogismos de tipo aristotélico, que podia, tendo em vista modo e figura, chegar a 256, também mencionamos o fato que existiam duas interpretações possíveis para estabelecer qual era o número dos para estabelecer qual era o número dos válidos, na interpretação tradicional, que se válidos, na interpretação tradicional, que se comprometia com a existência comprometia com a existência do que certas proposições categóricas afirmavam, aquele do que certas proposições categóricas afirmavam, aquele número podia númeroa podia chegar a mais ou menos 26. pois, quais podem ser tais chegar mais ou menos 26. Vejamos, pois,Vejamos, quais podem ser tais silogismos. silogismos. Figura 1 - 6 A Todo M é P A Todo Sé M A Todo S é P A Todo M é P A Todo S é M I Algum S é P A Todo M é P I Algum S é M I Algum S é P E Nenhum M é P A Todo S é M E Nenhum S é P E Nenhum M é P A Todo S é M O Algum S não é P E Nenhum M é P I Algum S é M O Algum S não é P Figura 2 - 6 A Todo P é M E Nenhum S é M E Nenhum S é P A Todo P é M E Nenhum S é M O Algum S não é P A Todo P é M O Algum S não é M O Algum S não é P E Nenhum P é M A Todo S é M E Nenhum S é P E Nenhum P é M A Todo S é M O Algum S não é P E Nenhum P é M I Algum S é M O Algum S não é P Figura 3 - 6 A Todo M é P A Todo M é S I Algum S é P A Todo M é P I Algum M é S I Algum S é P E Nenhum M é P A Todo M é S O Algum S não é P E Nenhum M é P I Algum M é S O Algum S não é P I Algum M é P A Todo M é S I Algum S é P O Algum M não é P A Todo M é S O Algum S não é P Figura 4 - 8 A Todo P é M A Todo M é S I Algum S é P A Todo P é M E Nenhum M é S E Nenhum S não é P A Todo P é M E Nenhum M é S O Algum S não é P E Nenhum P é M A Todo M é S O Algum S não é P E Nenhum P é M I Algum M é S O Algum S não é P I Algum P é M A Todo M é S I Algum S é P O Algum P não é M A Todo M é S O Algum S não é P I Algum P é M A Todo M é S O Algum S não é P Também lembramos que a primeira consoante indica a qual modo da primeira figura cada silogismo das outras figuras pode ser convertido; os exemplos que demos foram os silogismos de tipo bArOcO, bOcArdO e bAmAlIp que podem ser convertidos 84 no modo bArbArA, assim como cEsArE, cAmEstrEs e cAmEnEs que podem ser convertidos no modo cElArEnt; tendo em vista que na primeira figura temos as opções b, c, d e f serão essas as quatro inicias de todos os silogismo das outras figuras. Também Lógica: ciência de descobrir (scientia inveniendi)... Aula 7 Também lembramos que a primeira consoante indica a qual modo da primeira figura cada silogismo das outras figuras pode ser convertido; os exemplos que demos foram os silogismos de tipo bArOcO, bOcArdO e bAmAlIp que podem ser convertidos no modo bArbArA, assim como cEsArE, cAmEstrEs e cAmEnEs que podem ser convertidos no modo cElArEnt; tendo em vista que na primeira figura temos as opções b, c, d e f serão essas as quatro inicias de todos os silogismo das outras figuras. Também mencionamos o fato que as outras consoantes se referem aos tipos de conversão que devem ser utilizadas; se isso for verdade, tendo em vista as figuras que enumeramos, temos as seguintes regras de conversão: segunda figura, m, r e s, referentes a cAmEstrEs, cAmEstrOs, bArOcO, cEsArE, cEsArO e fEstInO; terceira figura, r, t, l, s, c, referentes a dArAptI, dAtIsI, fElAptOn, fErIsOn, dIsAmIs e bOcArdO; quarta figura, m, r, p, l, s, t, referentes a bAmAlIp ou bArAlIp, cAmEnEs, fApEsmO, cElAntO ou fEsApO, frEsIsOn ou frEsIsmO, dImAtIs ou dItAbIs, cOlAntO e frIsEsmO; notem que a opção de nomes para os modos altera a regra de conversão utilizada. Com isso teríamos as seguintes regras de conversão: c, l, m, n, p, r, s, t. Mas quais delas de fato são abreviações de regras e o que elas estabelecem? Na aula anterior discutimos a regra m, permuta das premissas, a menor pela maior, o que também já havíamos enunciado na aula 04; vale lembrar: “figura 1 figura 2 figura 3 figura 4 M P [ou S M] P M [ou S M] M P [ou M S] P M [ou M S] S M [ou M P] S M [ou P M] M S [ou M P] M S [ou P M] S P S P S P S P” A partir do quadro acima, podemos dar como exemplo a conversão do modo e figura cAmEstrEs, ou seja, “(A) Todo P é M, (E) Nenhum S é M, Logo, (E) Nenhum S é P”; primeiramente, a partir da regra m, trocar a premissa maior (A) de lugar com a menor (E), daí a conversão em “(E) Nenhum S é M, (A) Todo P é M, Logo, (E) Nenhum S é P”; depois, a partir de duas aplicações da regra s, trocar os termos da menor e os da conclusão, daí a conversão em “(E) Nenhum M é S, (A) Todo P é M, Logo, (E) Nenhum P é S”, que é o silogismo cElArEnt desde que compreendamos que o sujeito e predicado da conclusão trocaram de função. O mesmo pode ser feito com relação ao silogismo cAmEnEs, ou seja, “(A) Todo P é M, (E) Nenhum M é S, Logo, (E) Nenhum S é P”; primeiramente, a partir da regra m, trocar a premissa maior (A) de lugar com a menor (E), daí a conversão em “(E) Nenhum M é S, (A) Todo P é M, Logo, (E) Nenhum S é P”; depois, a partir de uma aplicação da regra s, trocar os termos da conclusão, daí a conversão em “(E) Nenhum M é S, (A) Todo P é M, Logo, (E) Nenhum P é S”, que é o silogismo cElArEnt desde que compreendamos novamente que o sujeito e predicado da conclusão trocaram de função. 85 Lógica I Temos também o uso da regra p que pode ser depreendida do caso fEsApO; também a partir do quadro mais acima temos a conversão de “(E) Nenhum P é M, (A) Todo M é S, logo, (O) Algum S não é P”, primeiramente, a partir da regra s, em “(E) Nenhum M é P, (A) Todo M é S, logo, (O) Algum S não é P”, depois, a partir da regra p, em “(E) Nenhum M é P, (I) Algum S é M, logo, (O) Algum S não é P”, que é justamente o silogismo fErIO. Tais regras permitem o seguinte quadro explicativo: Quantidade Assumida Aplicação da regra s Aplicação da regra p AS não é Todo S Algum é P P não Todo O Algum P é S P é S - Algum P é S E Nenhum S é P Nenhum P é S Algum P não é S Além das regras e p, temos a regra de I m, s Algum S é P também Algum P é Sc, que é uma espécie Algum S nãopara é P silogismos Algum P não é S aristotélico;- podemos demonstração por ou O redução ao absurdo de tipo lembrar o exemplo Além dadodas porregras BLANCHÉ, 1985,também p. 152,a regra ou seja, do m, s e p, temos c, quea éconversão uma espécie de demonstração por ou redução ao absurdo para silogismos de tipo arissilogismo bArOcO. totélico; podemos lembrar o exemplo dado por BLANCHÉ, 1985, p. 152, Primeiramente, do quadro mais acima temos que o silogismo é do tipo ou seja,aa partir conversão do silogismo bArOcO. Primeiramente, a partir quadro mais acima temos queseoprestarmos silogismo “(A) Todo P é M, (O) Algum S não é M, do logo, (O) Algum S não é P”; é do tipo “(A) Todo P é M, (O) Algum S não é M, logo, (O) Algum S não atenção à conclusão, em vista o que depreendemos dovista quadrado aristotélico é P”; setendo prestarmos atenção à conclusão, tendo em o que depreendemos 04 do equadrado aristotélico aprendido nas aulas 04tipo e 05,“(A) sabemos aprendido nas aulas 05, sabemos que sua contraditória é do Todoque S sua é P” contraditória é do tipo “(A) Todo S é P” (passo [1]), mas se a proposição (passo [1]), mas“Todo se a proposição “Todo S eé também P” é verdadeira a “Todo P é M” S é P” é verdadeira a “Todo ePtambém é M” (passo [2]), somos obrigados a rejeitar a premissa menor, ou seja, a “Algum S nãoSénão M”,éque (passo [2]), somos obrigados a rejeitar a premissa menor, ou seja, a “Algum M”, é o mesmo que assumir a verdade de “Todo S é M”; chegamos, portanto que é o mesmo que assumir a verdade de “Todo S é M”; chegamos, portanto (passo (passo [3]), a “(A) Todo P é M, (A) Todo S é P, logo (A) Todo S é M”, um(A) silogismo figura modo bArbArA, que oda [3]), a “(A) Todoque P éé M, Todo Sdaé P, logoe (A) Todo S é M”,compreendendo que é um silogismo predicado e o termo médio trocaram de função. É o que Blanché explicita figura e modo bArbArA, compreendendo que o predicado e o termo médio trocaram de com o seguinte quadro: função. É o que Blanché explicita com o seguinte quadro: Todo o X é M Algum Y não é M Logo algum Y não é X Todo X é M [2] [1] Todo Y é X [3] Logo, todo o Y é M Obs.: notem que acrescentamos as acrescentamos determinações passos “[1]”, “[2]” “[1]”, e “[3]”. Obs.: notem que as dos determinações dos passos “[2]” e “[3]”. Atividade (I): dizendo as regras utilizadas em cada passo dado, converta os seguintes silogismos: bAmAlIp, bArAlIp, cAmEstrOs, cEsArE, cEsArO, dArAptI, dAtIsI dIsAmIs, dImAtIs, fApEsmO, fElAptOn, fEstInO e frEsIsmO. Interprete as seguintes 86 afirmações: (a) “A demonstração per impossibile difere da demonstração ostensiva no fato de postular aquilo que pretende refutar reduzindo-a a uma falsidade admitida, Lógica: ciência de descobrir (scientia inveniendi)... Aula 7 ATIVIDADES Dizendo as regras utilizadas em cada passo dado, converta os seguintes silogismos: bAmAlIp, bArAlIp, cAmEstrOs, cEsArE, cEsArO, dArAptI, dAtIsI dIsAmIs, dImAtIs, fApEsmO, fElAptOn, fEstInO e frEsIsmO. Interprete as seguintes afirmações: (a) “A demonstração per impossibile difere da demonstração ostensiva no fato de postular aquilo que pretende refutar reduzindo-a a uma falsidade admitida, enquanto a demonstração ostensiva procede de posições admitidas. Ambas, com efeito, supõem duas premissas que são admitidas; porém, enquanto a segunda supõe aquelas das quais procede o silogismo, a primeira supõe uma delas, a que é o contraditório da conclusão; ademais, na segunda a conclusão não precisa ser conhecida nem, tampouco, é necessário que se a pressuponha como sendo verdadeira ou não. Entretanto, na primeira é mister que seja pressuposta como não verdadeira”. (ARISTÓTELES, 2010 [An. ant. 62b 35], p. 226). (b) “Acreditais porventura que isto é nada, e não reconheceis que reduzir uma pro[posição] ao absurdo é demonstrar a sua contraditória? Acredito realmente que não instruiremos uma pessoa ao dizer-lhe que ela não deve [negar e] afirmar a mesma coisa ao mesmo tempo, porém a instruiremos ao mostrar-lhe pela força das consequências que ela faz pensar. É difícil, a meu juízo, dispensar sempre essas demonstrações apagógicas - isto é, que reduzem ao absurdo - e demonstrar tudo pelas proposições ostensivas, como são denominadas; os geômetras, que são muito curiosos neste ponto, o experienciam suficientemente. (LEIBNIZ, 1984 [Novos ensaios, IV, VIII], p. 346). Qual a diferença entre prova por absurdo e prova por impossível (cf. KENEALE, 1991, p. 11)? COMENTÁRIOS SOBRE AS ATIVIDADES As conversões podem ser feitas utilizando os exemplos dados anteriormente. A interpretação de textos pode ser feita a partir de muitas técnicas, estruturar a argumentação e fazer perguntas para o texto são algumas delas (neste caso não convém fazer tabela de verdade!). Comecem, pois, fazendo isso, estruturem a primeira afirmação e perguntem, dentre outras, do que se trata e qual procedimento sugerido; façam o mesmo com a segunda. Claro que pode ajudar muito procurar saber, em fontes externas ao texto, do que tratavam seus autores; nesse sentido, sugeriríamos a leitura dos verbetes em questão no dicionário de Abbagnano; mas quais verbetes são mais fundamentais nestes casos? 87 Lógica I Com isso tudo já estamos em plenas condições de compreender o que Abelardo considerava serem as principais partes da Lógica, Tradicional neste caso, a saber: Ora, há duas [partes], de acordo com [Marco Túlio] Cícero e [Severino] Boécio, que compõem a lógica, a saber, a ciência de descobrir (scientia inveniendi) os argumentos e a de julgá-los ([scientia] dijudicandi), isto é, de confirmar e comprovar os argumentos descobertos. Com efeito, duas coisas são necessárias ao argumentante: primeiro, que descubra os argumentos pelos quais arguir, depois, que saiba confirmá-los se alguém os atacar como viciosos ou não suficientemente firmes. (ABELARDO, 2005 [Lógica para principiantes] pp. 42-3). É assim que são enunciadas suas duas partes: a ciência de descobrir ou inventar os argumentos e a ciência de julgar ou avaliar se os argumentos podem ser confirmados e comprovados. Argumentar, então, significa obedecer à forma lógica adequada; e a capacidade criativa do argumentante, sua capacidade de descobrir ou inventar, deve se submeter à forma lógica. Não nos esqueçamos que argumentar, filosofar ou fazer ciência aqui significam o mesmo; lembrando inclusive que a busca pelas causas já havia sido caracterizada por Aristóteles como a busca pelo termo médio. Se trouxermos tal caracterização para mais próximo do que dissemos, podemos imaginar a seguinte situação. Sabemos que em termos de combinatória temos 64 possibilidades de silogismos que serão distribuídos em quatro figuras possíveis; portanto, descobrir ou inventar 256 tipos de silogismos diferentes corresponderia à nossa capacidade máxima de criação em termos de variação da forma dos argumentos, falta saber como julgar se os argumentos que criamos podem ser confirmados ou comprovados. Tendo em vista que fizemos várias conversões a determinados modos de primeira figura, restava saber se estes eram válidos, sem esquecer, é claro, que na Lógica Tradicional temos a interpretação existencial. Assim, tomando aquelas conversões como explicitação de validade de determinados modos de segunda, terceira e quarta figuras, faltava um método para avaliar a validade dos seguintes modos de primeira figura: Barbara, Darii, Celarent, Ferio, Barbari, Celaro. Dito de outro modo, se colocássemos tais possibilidades da primeira figura em um plano cartesiano tridimensional teríamos como resultado as seguintes possíveis combinações: 88 primeira figura: Barbara, Darii, Celarent, Ferio, Barbari, Celaro. Dito de outro modo, se colocássemos tais possibilidades da primeira figura em Lógica: ciência de descobrir (scientia inveniendi)... um plano cartesiano tridimensional teríamos como resultado as seguintes possíveis Aula 7 combinações: 1 4 AO A 3 AI A 2 AE A 1 AA A 2 EO A EI A EE A EA A 3 IO A II A IE A IA A 4 OO A OI A OE A OA A 5 AO E AI E AE E AA E 6 EO E EI E EE E EA E 7 IO E II E IE E IA E 8 OO E OI E OE E OA E 9 AO I AI I AE A AA I 10 EO I EI I EE E EA I 11 IO I II I IE A IA I 12 OO I OI I OE O OA I 13 AO O AI O AE O AA O 14 EO O EI O EE O EA O 15 IO O II O IE O IA O 16 OO O OI O OE O OO O Obs.: valoresde dex,x,yyee zz variando variandodede11a a4,4,com, com,por por exemplo, 1)=AAA. Obs.:pense pense em em (x, (x, y, y, z), z), com com os os valores exemplo, (1,(1, 1, 1, 1)=AAA. Agora sim! Por que apenas aqueles seis modos da primeira figura são válidos? Agora sim! Por que apenas aqueles seis modos da primeira figura são Por que são inválidos os outros 58 modos da primeira figura? da primeira figura? válidos? Por que são inválidos os outros 58 modos Umamaneira maneira mais mais próxima da da atual de avaliar a validade de silogismos é a que Uma próxima atual de avaliar a validade de silogismos ésea utiliza que sedos utiliza dos diagramas de Venn, como arepresentaríamos diagramas de Venn, vejamos como vejamos representaríamos validade daqueles aseis validade seis modos. Primeiramente diagramas, (mesmo depois aque inmodos.daqueles Primeiramente os diagramas, depois aosinterpretação terpretação (mesmo que existencial): existencial): BARBARA Barbara 1 S 1 6 S 4 7 P 2 5 2 M 4 P3 7 6 5 M 1 Passo3 - PBarbara S S S P M P S 7 P M 1 Passo - “Todo M é P” 2 Passo - “Todo S é M” “Todo M é P” “Todo 2M Passo “Todo S édepreendida M” 3 Passo - perguntar se a proposição S é -P” pode ser da análise dos M Passo -6“Todo é P” premissa) 2 Passo - “Todo S é M” diagramas. Como as 1regiões (pela M primeira e 4 (pela segunda premissa) 3 Passo perguntar se a proposição “Todo S é P” pode ser depreendida 3 Passo perguntar se a proposição “Todo S é P” pode ser depreendida dos ficarão vazias, de fato, tudo que é S é M, e tudo que é M é P, ou seja, tudoda queanálise é S ficará da análise dos diagramas. Como as regiões 6 (pela primeira premissa) e 4 diagramas. Como as regiões 6 (pela primeira premissa) e 4 (pela segunda premissa) na região 7 que pertence a P, daí que seja válidode o silogismo. (pela segunda premissa) ficarão vazias, fato, tudo que é S é M, e tudo ficarão vazias, de fato, tudo que é S é M, e tudo que M é P, 7 ouque seja,pertence tudo que éaSP, ficará que é M é P, ou seja, tudo que é S ficará na éregião daí na que pertence a P, daí que seja Darii válido o silogismo. queregião seja 7válido o silogismo. 1 S 1 6 S 6 4 7 2 P S 52 M 4 P3 7 5 M 3 S PDarii S DARII M P x S x 1 Passo - “Todo M é P” P x x P M 2 Passo - “Algum S é M”. 3 Passo - perguntar se “Algum S é P”Mpode ser depreendidaMda análise dos diagramas. 1 PassoM- “Todo M 2é Passo P” 2 Passo - “Algum S é M”. é P”premissa) - “Algum é M”. Como1 aPasso região- 6“Todo (pela primeira ficará vazia, deSfato, aquele elemento de S 3 Passo - perguntar se “Algum S é P” pode ser depreendida da análise dos diagramas. que estaria na região 6 ou 7, só pode estar na 7 que pertence a P, daí que é válido o 3 aPasso se “Algum é P” pode depreendida da análise Como região- 6perguntar (pela primeira premissa)S ficará vazia, ser de fato, aquele elemento de S silogismo. dos diagramas. Como a região 6 (pela primeira premissa) ficará vazia, de fato, aquele elemento de S que estaria na região 6 ou 7, só pode estar na 7 silogismo. que pertence a P, daí que é válidoCelarent o silogismo. que estaria na região 6 ou 7, só pode estar na 7 que pertence a P, daí que é válido o 1 S 1 6 S 6 4 7 P 2 5 2 M 4 P3 7 5 M 3 P S Celarent S S M P S 1 Passo - “Nenhum M é P” P P M 2 Passo - “Todo S é M”. M pode ser depreendida M 3 Passo - perguntar se “Nenhum S é P” da análise dos diagramas. 89 Como a região 6 (pela primeira premissa) ficará vazia, de fato, aquele elemento de S que estaria na região 6 ou 7, só pode estar na 7 que pertence a P, daí que é válido o Lógica I silogismo. CELARENT Celarent 1 S 6 4 7 P 2 S 5 M 3 P S P M M 1 Passo - “Nenhum M é P” 1 Passo - “Nenhum M é P” 2 Passo - “Todo S é M”. 2 Passo - “Todo S é M”. 3 Passo - perguntar se “Nenhum S é P” pode ser depreendida da análise dos diagramas. Como3 as regiões 4 (pela segunda premissa), 5S eé7P” (pela primeira premissa), ficarão Passo - perguntar se “Nenhum pode ser depreendida da vazias, fato,diagramas. tudo que é SComo é M, e tudo que é M 4não é P, ou seja, tudo que é S ficará análisededos as regiões (pela segunda premissa), 5 ena7 (pela primeira premissa), tudoo silogismo. que é S é região 6 que pertence a M e nãoficarão pertencevazias, a P, daíde quefato, é válido M, e tudo que é M não é P, ou seja, tudo que é S ficará na região 6 que pertence a M 8 e não pertence a P, daí que é válido o silogismo. FERIO Ferio 1 S 1 6 S 6 4 7 4 M 7 P 2 5 2 3P S P S P Ferio S x S M 5 x x x P P M M 3 1 Passo - “Nenhum P” 2 -Passo - “Algum S é M”. 1 Passo - “Nenhum M é P” M 2é Passo “Algum SMé M”. M 3 Passo - perguntar se “Algum S não é P” pode ser depreendida da análise dos 1 Passo - “Nenhum M é P” 2 Passo - “Algum S é M”. 3 Passo - perguntar não é P” pode ser depreendida da o diagramas. Como a região 7se(a“Algum partir daSprimeira premissa) ficará vazia, de fato, 3análise Passo dos - perguntar se “Algum S não é P” pode ser depreendida da análise diagramas. Como a região 7 (a partir da primeira premissa)dos elemento de S está também em M e não em P, daí que é válido o silogismo. diagramas. Como a região 7 (a partir primeira premissa) ficará vazia, ficará vazia, de fato, o elemento dedaS está também em M e não em de P, fato, daí o que é válido o silogismo. elemento de S está também em M e não em P, daí que é válido o silogismo. Barbari 1 S 1 6 S 6 4 7 4 M 7 M P 2 5 2 3P 5 3 S BARBARI Barbari S P S P P S P M M 1 Passo - “Todo M é P” M 2 Passo - “Todo S é M”. M 3 Passo - perguntar se “Algum S é P” pode ser depreendida da análise dos diagramas. 1 Passo - “Todo M é P” 2 Passo - “Todo S é M”. Passo 7- (a “Todo P” 2premissa) Passo - pode “Todo é M”. por algum elemento Como a1 região partir M da ésegunda serSocupada 3 Passo - perguntar se “Algum S é P” pode ser depreendida da análise dos diagramas. de S ou de M, o silogismo será válido SE EXISTIR AO MENOS UM S. Trata-se, sesegunda “Algumpremissa) S é P” pode depreendida da análise Como3 aPasso região- 7perguntar (a partir da pode ser ocupada por algum elemento portanto, de interpretação existencial, de silogismo que só é válido na Lógica dosS diagramas. a região 7 (a partir da segunda premissa) ser de ou de M, o Como silogismo será válido SE EXISTIR AO MENOS UMpode S. Trata-se, tradicional. Vejamos o último silogismo primeira figura. será válido SE ocupada por algum elemento de Sválido ou dedeM, o silogismo portanto, de interpretação existencial, de silogismo que só é válido na Lógica EXISTIR AO MENOS UM S. Trata-se, portanto, de interpretação existeno último silogismo válido de primeira figura. tradicional. Vejamosque o último válido de primeira figura. cial, de silogismo só é silogismo válido naCelaro Lógica tradicional. Vejamos 1 90 S 1 6 S 6 4 7 4 M 7 M P 2 5 2 3P 5 3 S P Celaro S P S P P S M 1 Passo - “Nenhum M é P” M 2 Passo - “Todo S é M”. de S ou de M, o silogismo será válido SE EXISTIR AO MENOS UM S. Trata-se, portanto, de interpretação existencial, de silogismo que só é válido na Lógica Lógica: ciência de descobrir (scientia inveniendi)... tradicional. Vejamos o último silogismo válido de primeira figura. Aula 7 CELARO Celaro 1 S 6 4 7 M P 2 S 5 3 P S M P M 1 Passo - M “Nenhum P” 2-Passo - “Todo S é M”. 1 Passo - “Nenhum é P” M2éPasso “Todo S é M”. 3 Passo - perguntar se “Algum S não é P” pode ser depreendida da análise dos 3 Passo - perguntar se “Algum S não é P” pode ser depreendida da análise dos diagramas. Como apenas a região 6 (a partir das premissas) pode elemento de S, o silogismo será válido SE EXISTIR AO MENOS UM S. Trata-se, ser ocupada por algum elemento de S, o silogismo será válido SE EXISTIR AO MENOS UM S. Trata-se, portanto, de interpretação existencial, também de silogismo que só é válido na Lógica tradicional. 9 Paradefinalizar, façamos um dos exercícios da aulaque anterior. Dado o siportanto, interpretação existencial, também de silogismo só é válido na Lógica logismo “Todos os incultos são pobres de espírito, nenhum santo é pobre tradicional. de espírito, logo, alguns santos não são incultos” (HEGENBERG, 1975, Para finalizar, façamos um dos exercícios da aula anterior. Dado o silogismo p. 158), temos: diagramas. Como apenas a região 6 (a partir das premissas) pode ser ocupada por algum “Todos os incultos são pobres de espírito, nenhum santo é pobre de espírito, logo, algunsTodo santos são incultos” (HEGENBERG, 1975, p.S158), temos: P não (inculto) é M (pobre de espírito), nenhum (santo) é M, logo, algum S não éPP.(inculto) é M (pobre de espírito), nenhum S (santo) é M, logo, algum S não é P. Todo 1 S 6 4 7 M P 5 3 2 S P M S P M 1 Passo - (A) - (E) “Nenhum é M”. 1 Passo - (A) “Todo P é“Todo M” P é2M” Passo2 -Passo (E) “Nenhum S éSM”. 3 Passo - perguntar se (O) “Algum S não é P” pode ser depreendida da análise dos 3 Passo - perguntar se (O) “Algum S não é P” pode ser depreendida da análise dos diagramas. Trata-se de silogismo de segunda figura e modo AEO sabemos ser válido em uma interpretação existencial. Como apenas a região 1 (a partir ou Camestros, o qual sabemos ser válido em uma interpretação existencial. das premissas) pode ser ocupada algum de S,pode o silogismo será válido Como apenas a região 1 (a por partir daselemento premissas) ser ocupada porSE algum elemento de S,UM o silogismo seráDEválido SE EXISTIR MENOS EXISTIR AO MENOS ELEMENTO S. Trata-se, portanto,AO de interpretação UM ELEMENTO DE S. Trata-se, portanto, de interpretação existencial, existencial, mais uma vez de silogismo que só é válido na Lógica Tradicional. mais uma vez de silogismo que só é válido na Lógica Tradicional. diagramas. Trata-se de silogismo de segunda figura e modo AEO ou Camestros, o qual Atividade (II): dizendo as regras utilizadas em cada passo dado e a existência de quais elementos depende a demonstração da validade converta os seguintes silogismos: de segunda figura, cAmEstrEs, cAmEstrOs, bArOcO, cEsArE, cEsArO e fEstInO, de terceira figura, dArAptI, dAtIsI, fElAptOn, fErIsOn, dIsAmIs e bOcArdO e, de quarta ATIVIDADE figura, bAmAlIp ou bArAlIp, cAmEnEs, fApEsmO, cElAntO ou fEsApO, frEsIsOn ou Dizendo as regras utilizadas em cadafrIsEsmO. passo dado a existência de quaisem frEsIsmO, dImAtIs ou dItAbIs, cOlAntO, As eregras de conversão elementos depende a demonstração da validade converta os seguintes silogismos: de segunda figura, cAmEstrEs, cAmEstrOs, bArOcO, cEsArE, quais seus e nomes? Quais consoantes l, m, p, r, s, t de fato correspondem a regras cEsArO fEstInO, dedas terceira figura,c,dArAptI, dAtIsI, fElAptOn, fErIsOn, silogismos de primeira figura geralmente tem nomes latinos, como a regra per accidens, e quais são elas? Quem foram e qual sua importância para a História da Lógica os filósofos Marco Túlio Cícero, Alexandre de Afrodisia, Porfírio, Ammonius, Severino Boécio, Pedro Hispano, Pedro Abelardo, Tomás de Aquino, Raimundo Lúlio, William de Ockham, Jean Buridan, John Poinsot, Francisco Suarez, Petrus Ramus, Antoine 91 Lógica I dIsAmIs e bOcArdO e, de quarta figura, bAmAlIp ou bArAlIp, cAmEnEs, fApEsmO, cElAntO ou fEsApO, frEsIsOn ou frEsIsmO, dImAtIs ou dItAbIs, cOlAntO, frIsEsmO. As regras de conversão em silogismos de primeira figura geralmente tem nomes latinos, como a regra per accidens, quais seus nomes? Quais das consoantes c, l, m, p, r, s, t de fato correspondem a regras e quais são elas? Quem foram e qual sua importância para a História da Lógica os filósofos Marco Túlio Cícero, Alexandre de Afrodisia, Porfírio, Ammonius, Severino Boécio, Pedro Hispano, Pedro Abelardo, Tomás de Aquino, Raimundo Lúlio, William de Ockham, Jean Buridan, John Poinsot, Francisco Suarez, Petrus Ramus, Antoine Arnauld e Pierre Nicole. Interprete todo o texto correspondente ao seguinte intervalo “Limitemo-nos aqui a mostrar a utilidade das idênticas nas demonstrações das consequências do raciocínio. (...) Isso faz ver que as proposições idênticas mais puras, e que parecem as mais inúteis, são de uma utilidade considerável no abstrato e geral, e isto pode ensinar-nos que não devemos desprezar verdade alguma”. (LEIBNIZ, 1984 [Novos ensaios, IV, II], pp. 291-3). COMENTÁRIO SOBRE A ATIVIDADE Basta seguir os procedimentos mencionados acima e a primeira parte da atividade seguirá tranquila. Como já dissemos, a interpretação de textos pode se utilizar de muitas técnicas, estruturar e fazer perguntas aos textos eram duas delas, no caso presente seria bom usar o que foi aprendido até o momento quanto às regras de conversão para ir das outras três figuras até a primeira e pensar no como e o que significa fazer o contrário do que fizemos, também pensem na desvalorização da lógica aristotélica por parte de Locke, como para quase todos os modernos, e a oposição de Leibniz a isso. As outras questões podem ser respondidas a partir de uma olhada no índice onomástico de um bom livro de História da Lógica ou uma navegada na internet (cf. Referências bibliográficas). CONCLUSÃO Portanto, as duas aulas que se seguiram pretenderam chamar atenção para alguns dos aspectos combinatórios mais básicos da Lógica; justamente aqueles que nos permitem compreender seu caráter de formalização e demonstração da validade de argumentos; aquilo que fez Abelardo dividir a Lógica em duas partes: a ciência de descobrir ou inventar os argumentos e a ciência de julgar ou avaliar se os argumentos podem ser confirmados e comprovados. Neste sentido, argumentar cientifica ou filosoficamente significaria obedecer à forma lógica adequada; e a capacidade criativa do argumentante, sua capacidade de descobrir ou inventar, deveria estar submetida à forma lógica. 92 Lógica: ciência de descobrir (scientia inveniendi)... Aula 7 RESUMO Com as aulas Lógica: ciência de descobrir (scientia inveniendi) formas de argumentos e de julgar (scientia dijudicandi) sua validade (1) e (2) pretendemos chamar atenção para alguns conceitos, princípios, expressões, temas, regras, esquemas, problemas, obras etc que dizem respeito ao que chamamos de Filosofia ou História da Lógica. O que faremos nessas duas aulas pode ser dividido em três grandes partes: primeiro falaremos um pouco dos aspectos combinatórios das relações entre proposições ou dos conectivos lógicos dispostos em uma tabela de verdade; depois falaremos sobre as regras de conversão dos silogismos de tipo aristotélico em modos da primeira figura discutindo, por fim, os aspectos também combinatórios dos silogismos de tipo aristotélico e as demonstrações de sua validade. Com isso esperamos fazer compreender alguns dos aspectos combinatórios mais básicos da Lógica; justamente aqueles relacionados ao caráter de formalização e demonstração da validade de argumentos; aquilo que fez Abelardo dividir a Lógica em duas partes: a ciência de descobrir ou inventar argumentos e a ciência de julgar ou avaliar se tais argumentos podem ser confirmados e comprovados. Vale lembrar que, nesse sentido, argumentar cientifica ou filosoficamente significaria obedecer à forma lógica adequada; e a capacidade criativa do argumentante, sua capacidade de descobrir ou inventar, deveria estar submetida à forma lógica. AUTO AVALIAÇÃO Li e me informei suficientemente sobre o conteúdo da aula Lógica: ciência de descobrir (scientia inveniendi) formas de argumentos e de julgar (scientia dijudicandi) sua validade (1) e (2)? Fui capaz de praticar a confecção de tabelas de verdade e acompanhar, esquematizando, parte dos raciocínios combinatórios envolvidos? Compreendi a relação entre criação e possibilidades combinatórias e o que isso pode ter a ver com o aforismo 5.101 do Tractatus? Refleti o suficiente sobre os princípios e regras da Lógica Tradicional que regem as conversões e demonstrações dos silogismos de tipo aristotélico? Compreendi o que Abelardo queria dizer quando mencionou as duas partes da lógica? Compreendi a defesa que Leibniz fez da lógica aristotélica? Fui capaz de assimilar as bases da silogística aristotélica ou Lógica Tradicional? 93 Lógica I PRÓXIMA AULA Pretendemos tratar das bases da Lógica Estoica. REFERÊNCIAS ABBAGNANO, Nicola. Dicionário de Filosofia. Trad. Alfredo Bosi. São Paulo: Martins Fontes, 2003. ABELARDO, Pedro. Lógica para principiantes. Trad. Carlos Arthur Ribeiro do Nascimento. São Paulo: Ed. UNESP, 2005. ARISTÓTELES. Órganon. Trad. Edson Bini. Bauru: São Paulo: EDIPRO, 2010. BLANCHÉ, Robert. História da lógica de Aristóteles a Bertrand Russell. Trad. António J. Pinto Ribeiro. Lisboa: Edições 70, 1985. HEGENBERG, Leônidas. Lógica, simbolização e dedução. São Paulo: EDUSP, 1975. KNEALE, William e KNEALE, Martha. O desenvolvimento da lógica. Trad. M. S. Lourenço. Lisboa: Fundação Calouste Gulbenkian, 1991. LEIBNIZ, Gottfried Wilhelm. Novos ensaios sobre o entendimento humano. Trad. Luiz João Baraúna. São Paulo: Ed. Abril Cultural, 1984. WITTGENSTEIN, Ludwig. Tractatus logico-philosophicus. Trad. Luiz Henrique Lopes dos Santos. São Paulo: EDUSP, 1993. 94