UNIVERSIDADE FEDERAL DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO – UNIRIO CENTRO DE CIÊNCIAS HUMANAS E SOCIAIS (CCH) DEPARTAMENTO DE FILOSOFIA (DEFIL) FACULDADE DE FILOSOFIA LISTA 05-A DE EXERCÍCIOS DE LÓGICA Rodolfo Petrônio A) Identifique as premissas e conclusões nos seguintes argumentos, colocando-os sob a forma de um silogismo típico, indicando a figura, o modo, e sua validade. Este exercício procura mesclar a identificação de argumentos com sua elaboração e teste de validade silogística. a. João não foi trabalhar esta manhã, porque vestia uma bermuda, e ele nunca veste uma bermuda para trabalhar. b. Deve haver uma greve no banco, pois há um piquete na porta, e os piquetes só estão presentes durante as greves. c. Este silogismo é válido, pois todos os silogismos inválidos cometem um processo ilícito e este silogismo não comete um processo ilícito. d. Nenhum dos presentes está sem trabalho. Nenhum associado está ausente. Portanto, todos os associados estão empregados. e. Parece que a misericórdia não pode ser atribuída a Deus. Pois a misericórdia é uma espécie de compaixão, como diz Damasceno. Mas não existe compaixão em Deus; e, portanto, não há misericórdia em Deus (TOMÁS DE AQUINO. Suma Teológica). f. Portanto, como a moral tem influência nas ações e afeições, segue-se que ela não se origina da razão; e isso porque a razão, por si só, como já demonstramos, nunca pode ter tal influência (DAVID HUME, Tratado da Natureza Humana). B) Identifique as premissas e conclusões nos seguintes argumentos (podem conter mais de um argumento). Não é necessário apresentá-los sob a forma silogística. a. É ilógico raciocinar assim: “Sou mais rico do que tu, portanto, sou superior a ti”. “Sou mais eloqüente do que tu, portanto, sou superior a ti”. É mais lógico raciocinar: “Sou mais rico do que tu, portanto, minha propriedade é superior à tua”. “Sou mais eloqüente do que tu, portanto, meu discurso é superior ao teu”. As pessoas são algo mais do que propriedade ou fala (EPITETO, Discursos). b. Ainda que exista um embusteiro, sumamente poderoso, sumamente ardiloso, que empregue todos os seus esforços para manter-me perpetuamente ludibriado, não pode subsistir dúvida alguma de que existo, uma vez que ele me ludibria; e por mais que me engane a seu bel-prazer, jamais conseguirá que eu não exista, enquanto eu continuar pensando que sou alguma coisa. Então, uma vez ponderados escrupulosamente todos os argumentos, tenho de concluir que, sempre que digo ou concebo em meu espírito Eu sou, logo existo, esta proposição tem que ser necessariamente verdadeira (DESCARTES, Meditações Metafísicas). Agosto de 2015.