Texto de apoio ao curso de Especialização Atividade Física Adaptada e Saúde Prof. Dr. Luzimar Teixeira DIABETES Introdução Geralmente, as pessoas descobrem estar diabéticas quando observam que, apesar de comer bem, estão emagrecendo ou perdendo peso mais do que habitualmente; ou notam que urinam em maior quantidade e demasiadas vezes; ou, ainda, que têm muita sede. Além disso, com freqüência, podem também sentir desânimo, sonolência, dificuldades visuais, dormência, cãibras, cansaço e sensação de pernas pesadas e doloridas, sem razão para tanto. SINAIS DO DIABETES · Estar emagrecendo, apesar de comer bem · Urinar bem mais que o habitual · Ter muita sede, desânimo, sonolência, dificuldades visuais, cãibras, cansaço e sensação de pernas pesadas e doloridas Diabetes: o que é? O pâncreas, órgão localizado no abdome, produz um hormônio chamado insulina, que, lançado no sangue, tem por função favorecer a entrada da glicose nas células do corpo – a qual gerará a energia de que precisamos para nos manter vivos e ativos. No diabético, porém, esse mecanismo não funciona de modo apropriado: seu pâncreas não produz insulina na quantidade adequada, ou, se o produz, esse hormônio não age como deveria. Como resultado, surgem os sintomas do diabetes. Quem pode ter diabetes? Para que alguém torne-se diabético há necessidade de uma predisposição genética ou tendência familiar. No entanto, alguns fatores podem precipitar o aparecimento dessa doença nos indivíduos a ela predispostos – ou agravar o diabetes, provocando o reaparecimento dos sintomas de 1 descompensação mesmo naquelas pessoas que estão sob tratamento e controlam bem a doença. Nas crianças e jovens diabéticos esses fenômenos ocorrem de forma mais aguda, e às vezes a doença só é descoberta quando o paciente perde a consciência. Nas pessoas de meia idade e nas mais idosas o aparecimento dos sintomas passa normalmente despercebido, já que, em geral, aa`a`aqtam-se de forma mais bra da. _m _u)tos casos, elas só descobrem estar com diabetes quando do surgimento de complicações como problemas visuais e arteriais, infecções na pele e ou nas vias urinárias. Em qualquer circunstância, é absolutamente import!nte que o diabetes seja identificado o mais cedo possível, para início imediato de tratamento – o que propiciará a redução de várias complicações que podem trazer sérios riscos à saúde, bem como dificultar a vida do paciente. FATORES QUE PODEM PRECIPITAR OU AGRAVAR O DIABETES · obesidade · vida sedentária · infecção · trauma emocional · determinados medicamentos · cirurgia · algumas viroses Dois tipos de diabetes, dois tipos de conduta · Diabetes tipo 1 Por um mecanismo ainda não muito conhecido, a produção de insulina pode tornar-se mínima como resultado de um dano nas células do pâncreas. Conseqüentemente, os alimentos ingeridos não são bem aproveitados, pois a quantidade de glicose em que se transformaram ao invés de entrar nas células é repassada para o sangue em circulação – e o organismo não consegue utilizá-la. Se não corrigido este defeito, o teor de açúcar no sangue aumentará cada vez mais, ocasionando uma hiperglicemia. As células, famintas, vêem-se obrigadas a obter energia a partir de outras substâncias do corpo, principalmente das gorduras – cuja "queima" provocará fadiga, fraqueza e 2 perda de peso; em muitos casos, há aumento de apetite, uma reação intuitiva de fornecer mais alimentos e, portanto, mais energia ao organismo. Quando os níveis de glicose no sangue atingem determinado valor acima do normal, o açúcar passa a surgir também na urina, modo pelo qual o organismo tenta eliminar o excesso de açúcar. Entretanto, junto com a urina, há também perda de grande volume de água, o que pode originar uma desidratação. Como reação natural, o corpo tenta repor a água eliminada, fazendo com que o indivíduo sinta sede excessiva. Na maioria das vezes, esse tipo de diabetes aparece em pessoas jovens (com menos de 35 anos), que apresentam deficiência total ou quase total de produção de insulina. Para evitar complicações, o paciente com diabetes tipo 1 deve fazer uso regular e diário de insulina Diabetes tipo 2 Ocorre mais freqüentemente a partir de 40 anos, em pessoas obesas ou com excesso de peso. Nessas, o pâncreas produz certa quantidade de insulina, porém não suficientemente ativa em nível celular. Como resultado, os pacientes apresentam, além do excesso de glicose no sangue (hiperglicemia), também excesso de insulina (hiperinsulinemia), tornando geralmente desnecessário o uso habitual da mesma - como é recomendado para o outro tipo de diabetes. Para o adequado controle, os pacientes deverão realizar dieta e exercícios físicos. O paciente de diabetes tipo 2 não precisa fazer uso de insulina exógena, pois o seu pâncreas é capaz de fabricá-la.Deve, entretanto, reduzir seu peso realizando dieta e exercícios físicos. Entretanto, há casos em que a dieta e os exercícios não são suficientes para corrigir a hiperglicemia, e o paciente deve usar insulina ou tomar medicamentos. O controle do diabetes Como demonstramos, o diabetes é usualmente controlado através de medidas de fácil manejo, mas que envolvem, muitas vezes, mudança de hábitos de vida. A conscientização do problema dará ao paciente a força de vontade para manter as necessárias modificações que serão introduzidas em seu cotidiano – que envolvem a dieta e a prática de exercícios físicos apropriados. A dieta do diabético 3 Como o diabético, em função da falta de insulina, não consegue obter os elementos naturalmente fornecidos pela alimentação normal, é importante que conheça quais são aqueles que deve utilizar, e suas respectivas quantidades. O efetivo controle da doença prevenirá as doenças do coração e dos vasos sangüíneos, permitindo-lhe melhor qualidade de vida. OBJETIVOS PRINCIPAIS DA DIETA · ajudar a manter o nível normal de glicose no sangue · o depode r como resultado de um dano naso isto ocorra,rádtdet A dieta deverá atender todas as necessidades nutricionais do diabético. Cenç o diabetes é hereditário, é possível que algum familiar corra igual risco de apresentar sintomas. Por isso, é vantajoso que a família mantenha uma alimentação correta e parecida com a do paciente, o que beneficiará a todos, pois a alimentação inadequada é importante fator desencadeante (ou agravante) do diabetes. CUIDADOS A SEREM ADOTADOS PELO DIABÉTICO · Evitar os excessos alimentares e os alimentos inadequados, para prevenir o excesso de peso, que agrava o diabetes · Não utilizar açúcar, doces, balas e refrigerantes não-dietéticos · Evitar as gorduras dos alimentos de origem animal · Não abusar do sal de cozinha · Manter horários específicos para as refeições · Adotar uma dieta balanceada, variada e saudável · Saber usar os produtos dietéticos O exercício físico para diabéticos A caminhada diária em horário e tempo apropriados – antes das 10 da manhã ou à tardinha, em passo contínuo e por aproximadamente 50 minutos – melhora a circulação sangüínea, evita o inchaço dos pés e pernas e ainda fortalece os músculos, sendo o exercício físico recomendado tanto para diabéticos como para qualquer pessoa. No entanto, antes de iniciar este exercício o diabético deve consultar seu médico ou um profissional de saúde treinado, para obter orientação. BENEFÍCIOS DA CAMINHADA 4 · Melhora a ação da insulina · Ajuda a diminuição da glicose no sangue · Combate a obesidade, ao "queimar" as gorduras em excessa_Ppapa`e o aparecimento de prob emas va_c!lares no coração e nas pernas · Proporciona bem-estar físico e psíquico Conclusão A dieta apropriada e a caminhada diária são as medidas de controle mais importantes. A administração diária e periódica da insulina, na dosagem médica prescrita, é o tratamento de escolha para o diabetes tipo 1 (pessoas cujo pâncreas não fabrica a insulina) e para alguns casos do diabetes tipo 2 (pessoas que têm insulina mas não a utilizam bem). As complicações decorrentes do uso da insulina são raras e em geral corrigidas com fáceis cuidados. SUGESTÃO DE ATIVIDADES O coordenador das atividades (professor, educador ou agente de saúde) deverá programar uma sessão do vídeo sobre diabetes para grupos de crianças, jovens e adultos da comunidade. Após a sessão, deve, com os grupos, realizar as seguintes atividades: Atividade 1 – Produzindo o cardápio do "Restaurante da Boa Saúde" Objetivo: sensibilizar as pessoas para a adoção de bons hábitos alimentares · Montar três grupos, cada qual com seis integrantes - um dos quais terá a função de relator, devendo anotar todas as idéias surgidas no grupo. Cada participante deve fazer um pequeno comentário sobre o aspecto do vídeo que achou mais interessante. A seguir, cada membro propõe uma composição de alimentos saudáveis e gostosos, que podem fazer parte de um almoço ou jantar. Assim, cada grupo produzirá seis cardápios. Todas as sugestões devem ser também adequadas para pacientes diabéticos. · A seguir, o coordenador divide o quadro em seis colunas e anota as sugestões apresentadas. Os participantes devem fazer comentários, excluindo, obviamente, as sugestões repetidas. Se for o caso, devem criar novas combinações. Ao final, a turma monta um cardápio, cuja cópia os integrantes devem levar para suas casas – para mostrar a seus familiares e conversar sobre a atividade realizada. Atividade 2 – O coordenador, após debater com os participantes o exposto no vídeo, deve: · Solicitar ao grupo sugestões para conscientizar os amigos e as famílias sobre o diabetes, bem como as formas de preveni-la e controlá-la. 5 · Organizar uma visita do grupo a um Posto de Saúde, para verificar quais são as condutas praticadas com os diabéticos. Caso o Posto não possua nenhum serviço com atividades específicas para diabéticos, podem ser apresentadas as sugestões elaboradas pelo grupo, como ponto de partida para sua criação. DIABETES E GRAVIDEZ A gestação de uma nova vida representa uma grande alegria e realização para a mulher. Neste período, o corpo feminino apresenta uma série de mudanças que garantem o desenvolvimento do feto e preparam o seu nascimento. Estas mudanças, em alguns casos, podem agravar problemas de saúde existentes antes da concepção e, também, propiciar o surgimento de incômodos e mesmo de doenças, comprometendo a segurança do parto e a saúde do recém-nascido. Nesses nove meses, a mãe necessita estar informada sobre as transformações por que passam seu próprio corpo e seu bebê, bem como ser amparada contra qualquer eventual risco que comprometa a segurança de ambos. Todas as mulheres grávidas, em primeira gestação ou não, devem procurar os serviços de saúde desde os primeiros meses, pois o acompanhamento pré-natal é o instrumento mais eficiente com que podemos contar na prevenção e tratamento de eventuais problemas na gravidez e parto. No grupo de doenças que podem ser facilmente controladas durante a gestação pelo acompanhamento pré-natal figura a diabetes; inversamente, a falta deste acompanhamento representa um grande risco para a mãe e para a criança. O pré-natal ganha ainda maior importância se levarmos em consideração que existem formas de diabetes que se manifestam apenas durante a gestação, colocando em risco mulheres que nunca apresentaram sintomas da doença fora deste período. O diagnóstico destas formas, chamadas de diabetes gestacional, feito no início da gravidez, permite o seu controle e garante um parto seguro e sem sofrimento para o bebê e mãe. O que está em discussão A glicose é um tipo de açúcar presente em quase todos os alimentos que consumimos e uma importante fonte de energia. Para que a glicose possa ser metabolizada (absorvida pelas células do organismo) é necessária a presença da insulina – um hormônio produzido pelo pâncreas. O desequilíbrio da taxa de glicose no sangue pode ser por excesso (chamado de hiperglicemia) ou por falta (chamada de hipoglicemia). Os desequilíbrios da taxa de glicose, particularmente o 6 excesso, necessitam de tratamento específico e acompanhamento profissional rigoroso, por trazer diversos riscos e distúrbios orgânicos. Diz-se que uma pessoa é portadora de diabetes quando o pâncreas produz quantidades insuficientes de insulina ou, por qualquer motivo, o mecanismo de ação da insulina é prejudicado, aumentando a presença da glicose não absorvida no sangue. Muitas pessoas têm diabetes e não sabem. Daí a importância da orientação médica antes de a mulher engravidar e da realização de acompanhamento pré-natal durante a gestação, como formas de tornar a gravidez e o parto seguros para a mamãe e seu bebê. A gravidez da mulher que tem diabetes ou que apresente os fatores de risco da diabetes deve ser planejada muito cautelosamente, através de um acompanhamento correto da gestação, pois apresenta riscos, principalmente em relação à criança, como a tendência a ter bebês muito grandes, o que aumenta os riscos de traumatismos durante o parto, tornando o parto mais dificultoso, além do risco de o bebê sofrer de hipoglicemia. Existe um tipo de diabetes chamada diabetes gestacional, ou seja, a diabetes que a mulher desenvolve durante a gravidez. Isto acontece quando algumas das substâncias produzidas pela placenta atrapalham a ação da insulina. Esta situação costuma ser passageira e desaparece logo após o parto. Os riscos para a mamãe e o bebê são similares aos das mulheres que apresentaram diabetes antes de engravidar. Alguns sintomas indicam a possibilidade de a mulher estar com diabetes gestacional: maior desejo de urinar, sede intensa e ganho excessivo de peso. Além destes sintomas, devem ser considerados os chamados fatores de risco, que indicam a possibilidade de a mulher vir a desenvolver a diabetes gestacional. Estes fatores são: parentes próximos diabéticos; mulheres com mais de 25 anos; mulheres obesas; mulheres hipertensas; diabetes gestacional anterior; se a mulher teve bebês natimortos anteriores sem explicação; se teve bebês com má formação congênita; se teve bebês pesando mais de quatro quilos. Quando a gestante apresenta sintomas de diabetes ou riscos de diabetes gestacional, são necessários exames específicos para medir a taxa de glicose no sangue e o acompanhamento desta gestante deve ser feito por uma equipe multi-profissional. Em geral, a diabetes gestacional pode ser controlada com medidas simples, como dieta e exercícios aeróbicos leves – caminhada, natação e hidroginástica –, pois estes procedimentos reduzem a taxa de glicose no sangue e evitam a obesidade, um dos principais fatores de risco na 7 diabetes gestacional. Atividades pesadas, tais como musculação, corrida e ciclismo devem ser evitadas. Eventualmente, torna-se necessário o uso da insulina, medicamento auxiliar no controle da diabetes, e a gestante deve se alimentar corretamente e seguir rigorosamente as especificações das quantidades e horários para uso da insulina, segundo as instruções dos profissionais de saúde que acompanham sua gravidez. Muitas vezes, é recomendável a internação da mãe ao final da gravidez, para controlar melhor as taxas de glicose e garantir um parto mais seguro. A diabetes representa um fator de risco na gestação e no nascimento do bebê, mas o acompanhamento pré-natal nos serviços de saúde e o cumprimento de suas recomendações, por parte da mãe, garantem a redução destes riscos a níveis mínimos e possibilitam à mãe e à criança uma gravidez e um parto normais e o nascimento de uma criança sadia. 8