SUMÁRIO 1. INTRODUÇÃO.......................................................................................... 1.1. OBJETIVOS GERAIS.......................................................................... 1.2. OBJETIVO ESPECÍFICOS.................................................................. 1.3. SITUAÇÃO DA SAÚDE BUCAL NO MUNICÍPIO DE MANAUS... 1.3.1. CÁRIE DENTÁRIA ..................................................................... 1.3.2. CONDIÇÃO PERIODONTAL ................................................ 1.3.3. TRAUMATISMO DENTÁRIO ................................................ 1.3.4.OCLUSÃO DENTÁRIA ........................................................... 1.3.5. FLUOROSE DENTÁRIA ............................................................ 1.3.6.USO E NECESSIDADE DE PRÓTESE DENTÁRIA ................. 1.3.7. CONDIÇÃO SÓCIO­ECONÔMICA, UTILIZAÇÃO DE SERVIÇOS ODONTOLÓGICOS E AUTO­PERCEPÇÃO DE SAÚDE BUCAL ................................................................... 2. NÍVEIS DE ATENÇÃO À SAÚDE.......... ................................................ 3. OS INDICADORES PACTUADOS NA ATENÇÃO BÁSICA.................... 3.1. INDICADORES ALTERADOS NAS ORIENTAÇÕES ACERCA DOS INDICADORES DA PACTUAÇÃO DE DIRETRIZES, OBJETIVOS E METAS EM 21/06/2012............................. 3.2.INDICADORES DE SAÚDE BUCAL PACTUADOS PARA O MUNICÍPIO DE MANAUS NO ANO DE 2013­2015 ............... 3.3. INDICADORES PRIORITÁRIOS EM SAÚDE BUCAL PARA O MUNICÍPIO DE MANAUS ................................................. 3.3.1. COBERTURA DE PRIMEIRA CONSULTA ODONTOLÓGICA PROGRAMÁTICA ................................. 3.3.2. MÉDIA DA AÇÃO COLETIVA DE ESCOVAÇÃO DENTAL SUPERVISIONADA ...................................... 3.4. PROGRAMA DE MELHORIA DO ACESSO E DA QUALIDADE NA ATENÇÃO BÁSICA – PMAQ ...................................... 3.5.PROGRAMA DE MELHORIA DO ACESSO E DA QUALIDADE DOS CENTROS DE ESPECIALIDADES ODONTOLÓGICAS – PMAQ CEO ...................................... 4. PROMOÇÃO DA SAÚDE E PREVENÇÃO DE DOENÇAS E AGRAVOS. 4.1. PILARES DA PROMOÇÃO DE SAÚDE.............................................. 4.2. DETERMINANTES SOCIAIS DA SAÚDE............................................ 4.3. ESTRATÉGIAS DE AÇÃO................................................................... 4.3.1. ALIMENTAÇÀO SAUDÁVEL...................................................... 4.3.2. PRÁTICA CORPORAL............................................................... 4.3.3. PREVENÇÃO À VIOLÊNCIA...................................................... 4.3.4. PREVENÇÃO E CONTROLE DO TABAGISMO, USO DO ÁLCOOL E OUTRAS DROGAS.................................................... 4.3.5. PROMOÇÃO DA SAÚDE EM ESPAÇOS SOCIAIS.................. 4.3.5.1. PROMOÇÃO DA SAÚDE EM ESCOLAS........................ 4.3.5.2. PROMOÇÃO DA SAÚDE EM ÁREA RURAL.................. 4.3.5.3. PROMOÇÃO DA SAÚDE NA UMO................................. 5. OS PROFISSIONAIS DE SAÚDE E O PROCESSO DE TRABALHO NA ATENÇÃO PRIMÁRIA................................................................................ 5.1. OS PROFISSIONAIS DE SAÚDE BUCAL........................................... 5.2. AS COMPETÊNCIAS DOS PROFISSIONAIS DA EQUIPE DE SAÚDE BUCAL NA ATENÇÃO PRIMÁRIA......................................... 5.3.O PROCESSO DE TRABALHO....................................................... 5.3.1. ATIVIDADES ............................................................................. 5.3.1.1.CLÍNICAS ........................................................................ 5.3.1.2. NÃO CLÍNICAS ............................................................... 5.3.1.3. ESTRATIFICAÇÃO DE RISCO ........................................ 5.3.2. PARÂMETROS.......................................................................... 5.3.2.1. PROFISSIONAIS......................................................................... 5.3.2.2. ATIVIDADES.............................................................................. 5.3.3. ATENDIMENTO DAS CONDIÇÕES......................................... 5.3.3.1. AGUDAS......................................................................... 5.3.3.2. CRÔNICAS...................................................................... 5.4. AS CONDIÇÕES DE TRABALHO E OS FATORES DE RISCO PRESENTES NAS ATIVIDADES DOS PROFISSIONAIS DA ODONTOLOGIA................................. ................................................. 5.5. A ERGONOMIA ODONTOLÓGICA........................................................ 5.6. A BIOSSEGURANÇA EM ODONTOLOGIA......................................... 6. ATENÇÃO EM SAÚDE BUCAL POR LINHAS DE CUIDADO.................. 6.1. LINHA DE CUIDADO PARA DOENÇA CÁRIE............................... 6.2. LINHA DE CUIDADO PARA DOENÇA PERIODONTAL............... 6.3. LINHA DE CUIDADO PARA O CÂNCER BUCAL................. 6.4. LINHA DE CUIDADO PARA O TRAUMA DENTÁRIO.............. 6.5. LINHA DE CUIDADO MATERNO­INFANTIL.................. 6.6. LINHA DE CUIDADO DA PESSOA COM DEFICIÊNCIA.................... 7. CONDIÇÕES SISTÊMICAS..................................................... CUIDADOS BÁSICOS PARA PESSOAS COM CONDIÇÃO SISTÊMICA COMPROMETIDA 7.1. ENDOCARDITES INFECCIOSAS......................................... 7.2. ENDOCRINOPATIAS.............................................................. 7.2.1. DIABETES MELITOS........................................ 7.2.2. HIPOTIREOIDISMO ................................................ 7.2.3. HIPERTIREOIDISMO.................................... 7.3.CARDIOPATIAS .......................................... 7.3.1. HIPERTENSÃO ARTERIAL SISTÊMICA...................... 7.3.2. ANGINAS............................................................. 7.3.3. ARRITMIAS....................................................... 7.3.4. INFARTOS DO MIOCÁRDIO.............................. 7.4. PACIENTES COM TRATAMENTO QUIMIOTERÁPICO/RADIOTERÁPICO OSTEOPOROSES............... ................................................ 7.5. HANSENÍASES............................................................... 7.6. TUBERCULOSE.................................................................................. 7.7. COAGULOPATIAS E ANEMIAS............................................ 7.8. HEPATOPATIAS................................................................ 7.9. PACIENTES VIVENDO COM HIV/AIDS .................................. 7.10. RENAL CRÔNICO...................................................................... 7.11. DOENÇAS AUTO­IMUNES........................................................ 8. ROTEIRO PARA VISITA DOMICILIAR............................................ 9. AÇÕES COLETIVAS .............................................................. 10. ATENÇÃO EM SAÚDE BUCAL PARA PESSOAS PRIVADAS DE LIBERDADE E MORADORES DE RUA..................... ...................................................... 11. ATENÇÃO SECUNDÁRIA E TERCIÁRIA..................................... 11.1. ORGANIZAÇÃO DO PROCESSO DE TRABALHO .......... 11.1.1. PREPARO DO USUARIO........................................... 11.1.2. ENCAMINHAMENTO E RELATÓRIO DE ALTA............. 11.1.3. GERENCIAMENTO DOS ENCAMINHAMENTOS PARA AS ESPECIALIDADES............... ........................................................... 11.2. FLUXOS DE ENCAMINHAMENTO............................ 11.2.1. FLUXOGRAMA ENDODONTIA.................................. 11.2.1.1. INDICAÇÕES E CONTRA INDICAÇÕES PARA A REFERÊNCIA........ 11.2.2. SITUAÇÕES E AGRAVOS MAIS COMUNS EM ENDODONTIA 11.2.3. FLUXOGRAMA PERIODONTIA............................. 11.2.3.1. INDICAÇÕES E CONTRA INDICAÇÕES PARA A REFERÊNCIA...... ................................................... 11.2.3.2. SITUAÇÕES E AGRAVOS MAIS COMUNS EM PERIODONTIA........ ................................................ 11.2.4. RECOMENDAÇÃO DE TRATAMENTOS CLÍNICOS 11.2.5. FLUXOGRAMA CIRURGIA ORAL MENOR E ESTOMATOLOGIA...... .................................................. 11.2.5.1. INDICAÇÕES E CONTRA INDICAÇÕES PARA A REFERÊNCIA........ ................................................. 11.2.6. FLUXOGRAMA ODONTOPEDIATRIA................... 11.2.6.1. INDICAÇÕES PARA REFERÊNCIA.................... 11.2.6.2.TÉCNICAS DE CONDICIONAMENTO PSICOLÓGICO EM ODONTOPEDIATRIA.............................. 11.2.7. FLUXOGRAMA DE PRÓTESE........................... 11.2.7.1. INDICAÇÕES E CONTRA INDICAÇÕES PARA A REFERÊNCIA...... ................................................... 11.2.8. FLUXOGRAMA PESSOAS COM DEFICIÊNCIA............ 11.2.8.1. CRITÉRIOS PARA INCLUSÃO................... 11.2.8.2. FLUXOGRAMA DE ORTODONTIA.................... 11.2.8.3. INDICAÇÕES PARA REFERÊNCIA................ 11.2.8.4. MÁS­OCLUSÕES ................................. 12. SISTEMAS DE APOIO .............................................. 12.1. SISTEMA DE APOIO TERAPÊUTICO.................. 12.2. SISTEMA DE APOIO DE INFORMAÇÃO................ 13. VIGILÂNCIA EM SAÚDE ....................................... 13.1. VIGILÂNCIA DO FLÚOR ................................................ 13.2. VIGILÂNCIA DO TRAUMA.................................... 14. BIBLIOGRAFIA CONSULTADA.................................. 15. ANEXOS............................................................................................ 14.1 REFERÊNCIAS PARA ENCAMINHAMENTO.................. 1. INTRODUÇÃO 1.1 Objetivos Gerais • Organizar a atenção em Saúde Bucal no município de Manaus, através do reordenamento das ações, garantindo ao usuário a integralidade no cuidado e a ampliação do acesso aos pontos de atenção, tendo como ordenadora do cuidado em saúde, a Atenção Primária. 1.2 Objetivos Específicos • Assegurar informações para a tomada de decisão da equipe de saúde bucal e das pessoas usuárias, a partir de padrões clínicos ótimos para a população e, consequentemente, melhoria da qualidade das práticas clínicas, atribuídas à equipe de saúde • Normalizar o processo de atenção à população, obedecendo a ação coordenadora da Atenção Primária à Saúde (APS). • Exercer especialmente função gerencial, educacional e comunicacional na organização da rede de atenção à saúde bucal. 1.3 Situação da saúde bucal no município de Manaus Em 2004, o Ministério da Saúde lança a Política Nacional de Saúde Bucal – Brasil Sorridente, que teve como embasamento epidemiológico o Projeto SB Brasil 2003. Sete anos após o lançamento do Brasil Sorridente, o Ministério da Saúde conclui o quarto levantamento epidemiológico de âmbito nacional na área de saúde bucal, o SB Brasil 2010. Esta pesquisa, realizada nas 26 capitais estaduais, no Distrito Federal e em 150 municípios do interior de diferentes portes populacionais, analisou a situação da saúde bucal da população brasileira, contribuindo para as estratégias de avaliação e planejamento dos serviços. Juntamente aos dados produzidos pelo SB­Brasil 2010, pode­se contar também com as evidências científicas para nos dar um quadro mais fidedigno da situação da saúde bucal no município de Manaus, AM. 1.3.1 Cárie Dentária No SB­Brasil 2010 foram utilizados os índices preconizados pela OMS, o ceo­d para dentição decídua e CPO­D para dentição permanente. A proporção de indivíduos livres de cárie (ceo/CPO = 0) diminui em função da idade. Aos cinco anos de idade, 43,3 % das crianças estão livres de cárie na dentição decídua, segundo o inquérito nacional SB­Brasil 2010, contrastando com o percentual de apenas 25% no estudo com 120 crianças de 0 a 60 meses de idade, de ambos os sexos e de diversos grupos étnicos, inscritas, de abril a junho de 2006, no Programa Saúde da Família, da cidade de Manaus, no Amazonas. Este estudo apresentou também a maior prevalência de cárie na faixa etária de 49 a 60 meses (60,9%), correspondendo quase ao dobro da presença de cárie na faixa etária de 37 a 48 meses (37%) e ao triplo da faixa etária de 25 a 36 meses (21,7%). A faixa etária de 0 a 12 meses não apresentou cárie. O índice de ceo­d, segundo as faixas etárias estudadas de 0 a 12 meses, 13 a 24 meses, 25 a 36 meses, 37 a 48 meses e 49 a 60 meses, foi 0,00; 0,40; 1,08; 1,17; 3,10, respectivamente. Segundo o SB­Brasil 2010, 33,8% dos indivíduos com 12 anos de idade apresentam­se livres de cárie na dentição permanente. Na idade de 15 a 19 anos, este percentual cai para 16,2%. No estudo realizado em Manaus, AM, em 2006, com essa faixa etária, foi verificado um CPO­D médio de 5,16 e uma média de dentes cariados de 4,41, evidenciando a necessidade de implantação de estratégias de atenção à saúde bucal, considerando a realidade desta população em desvantagem socioeconômica (FONSECA et al, 2009). Adotando a mesma metodologia para investigar a prevalência de cárie em jovens alistandos do sexo masculino, pode­se observar o mesmo CPO­D médio do estudo anterior. Diferenças estatisticamente significantes foram encontradas nas médias dos componentes Cariado, Perdido e Obturado do índice CPO­D, sendo os piores indicadores verificados nos grupos de menor escolaridade, menor renda e procedentes de escola pública, demonstrando maior necessidade de medidas preventivas e assistenciais para estes grupos. Felizmente, um estudo mais recente (2012) com essa mesma faixa etária, mostrou uma queda no CPO­D médio para 4,65, mas ainda expressivo. Vale salientar que a necessidade de tratamento dos dentes posteriores foi maior que a dos dentes anteriores, reforçando a importância do cirurgião­dentista em oferecer orientações precisas para higiene oral destes dentes ao paciente adolescente. Além dessa observação, fatores como a escolaridade materna e a auto percepção de tratamento dentário estavam significativamente (p<0,05) associados com a necessidade de tratamento, ressaltando a importância de uma visão ampliada da saúde e de políticas públicas integradas. Na idade adulta, todos os indivíduos já foram acometidos pela cárie dentária. Um estudo seccional de base domiciliar foi conduzido em indivíduos na faixa etária de 65 a 74 anos na área urbana de Manaus, AM, no período de abril a junho de 2007. A média de CPO­D foi de 29,1 ± 4,3, sendo que 95,5% do índice foi composto pelo componente perdido. As idosas apresentaram médias estatisticamente maiores para CPO­D e para o componente perdido em relação aos idosos (p < 0,001). A média de dentes presentes e de dentes hígidos foi de 4,1 ± 5,7 e 2,8 ± 4,1, respectivamente, e foram estatisticamente maiores nas idosas. A prevalência de edentulismo foi 52,9% (IC95%: 49,1 ­ 56,7%), e 3% dos indivíduos apresentaram 20 ou mais dentes presentes. A proporção de idosos edêntulos foi estatisticamente menor quando comparados com as idosas. Historicamente são escassas as informações sobre o quadro epidemiológico dos idosos que possam subsidiar a formulação de estratégias e políticas em saúde bucal. De acordo com as condições bucais encontradas, o edentulismo foi o principal agravo dos idosos residentes em Manaus. Na comparação dos resultados deste estudo com as metas propostas pela Federação Mundial de Odontologia para o ano 2000, observa­se que a saúde bucal do idoso de Manaus está muito aquém da meta de 50%, com 20 ou mais dentes presentes na boca. Apesar dos dados do presente estudo terem sido coletados em 2007, apenas 3% dos idosos de Manaus possuíam 20 ou mais dentes, resultado pior do que o observado para o país, que foi de 8,6%. Desta forma, os dados deste estudo nos permitem indicar que a meta proposta pela Federação Mundial de Odontologia para o ano de 2010, 96% das pessoas com pelo menos 20 dentes funcionais, não foi atingida em Manaus. Em suma, até a adolescência, o maior componente do CPO­D é o componente cariado, que corresponde a 46,6% do índice, na idade de 19 anos. Na dentição decídua, este componente chega a 79,9% do índice. Na idade adulta, destaca­se o componente perdido, que chega a representar 93,6% do índice, na faixa de 65 a 74 anos. (SB­Brasil 2010) Crianças de 12 anos e adolescentes de 15 a 19 anos apresentam, em média, respectivamente 2,34 e 4,85 dentes com experiência de cárie dentária, um pouco acima da média nacional que corresponde a 2,07 e 4,25 para estas faixas etárias. (SB­ Brasil 2010) Observa­se, portanto, que o principal problema em crianças e adolescentes é a doença cárie não tratada, enquanto que, nos adultos e idosos, a perda dentária por cárie é o problema mais prevalente. Além disso, nota­se a expressiva diminuição da proporção de indivíduos livres de cárie aos 12 anos, para a encontrada nos indivíduos de 15 a 19 anos. (SB­Brasil 2010) 1.3.2 Condição Periodontal Ainda no SB­Brasil 2010, a prevalência da doença periodontal foi medida pelo CPI (Índice Periodontal Comunitário), complementado pelo PIP (Perda de Inserção Periodontal) na população adulta e idosa. O exame foi realizado em indivíduos nas seguintes faixas etárias: 12 anos, de 15 a 19 anos, de 35 a 44 anos, e de 65 a74 anos. Analisando­se a prevalência de cada condição isoladamente, foi observado que o sangramento gengival aumenta dos 12 anos à vida adulta, decrescendo nos idosos. Cerca de um quarto dos adolescentes de 12 anos de idade, um terço dos adolescentes de 15 a 19 anos, aproximadamente a metade dos adultos de 35 a 44 anos de idade e menos de um quinto dos idosos apresentaram sangramento gengival. A presença de cálculo dentário também aumenta com a idade, atingindo a maior prevalência entre adultos. Bolsas periodontais rasas acometem aproximadamente 10% dos jovens entre 15 a 19 anos, ¼ dos adultos entre 35 a 44 anos e 14% dos idosos. Bolsas profundas são ainda mais raras, atingem menos de 1% dos jovens de 15 a 19 anos, menos de 7% dos adultos e aproximadamente 3% dos idosos. No relatório final do projeto Saúde Bucal Brasil 2010 não há dados sobre a prevalência de doença periodontal na cidade de Manaus. Os resultados apresentados referem­se à Região Norte. Analisando os dados dessa região, pôde­se perceber que a ocorrência de doença periodontal aumentou conforme o avanço da idade, pois 41,6% das crianças aos 12 anos apresentou condição periodontal hígida, número que foi diminuindo para 30,8% entre 15 e 19 anos, 8,3% entre 35 e 44 anos, e apenas 0,2% nos idosos. As condições periodontais nas regiões Norte e Nordeste foram piores em todas as idades e grupos etários, quando comparadas com as demais regiões. A gravidade da doença periodontal também foi aumentando conforme a idade. Dentre os indivíduos que apresentaram alguma alteração periodontal, a prevalência foi a seguinte: nos indivíduos de 12 anos, 40,1% tinha sangramento e 44,2 % cálculo. Entre 15 e 19 anos, 51% apresentou sangramento, 57,2% cálculo, 21,4% bolsa rasa e 1,9% bolsa profunda. Na faixa etária de 35 a 44 anos, 52,4% tinha sangramento, 70,2% cálculo, 33,5% bolsa rasa e 5,1% bolsa profunda. Nos idosos, a prevalência da doença periodontal apresentou­se reduzida em decorrência do baixo número de dentes presentes na boca, apresentando o percentual de 95% de exclusão. Em 2007, na cidade de Manaus, foi realizado um levantamento epidemiológico em rapazes, com faixa etária entre 17 e 19 anos, alistandos das Forças Armadas. Os resultados foram os seguintes: 85,47% apresentaram sangramento à sondagem, 59,69% cálculo gengival, 11,94% com bolsas rasas e 0,69% com bolsas profundas (VIANA, 2008). No mesmo ano, outro estudo foi realizado em pessoas atendidas no Hospital Adriano Jorge em Manaus. A amostra foi de 140 pacientes entre 19 e 69 anos, sendo 52,1% do gênero masculino, e 47,9% do feminino. Eles foram divididos em dois grupos: grupo­caso (pessoas com doença pulmonar) e grupo­controle. O grupo­ controle obteve um percentual de 21,4% para gengivite, 12,9% para periodontite inicial, 38,6% em periodontite moderada/avançada, enquanto que o grupo­caso obteve o percentual de12,9% para gengivite, 8,6% para periodontite leve, 45,7% com periodontite moderada/avançada (MACEDO et al., 2010). 1.3.3 Traumatismo Dentário Mesmo que na aferição da condição dentária os dentes que apresentem lesões traumáticas sejam codificados (código “T” do CPO), há uma nítida perda de informação, particularmente por dois aspectos. Em primeiro lugar, nos casos em que há uma lesão de cárie associada, perde­se a informação do trauma, uma vez que prevalece a informação de cárie dentária. Em segundo lugar, a informação é demasiadamente simplificada, podendo uma pequena fratura ser codificada do mesmo modo que uma perda de estrutura dentária de maiores proporções. Além disso, não é possível saber quando o dente é perdido por trauma, pois o mesmo código é usado para perdas por outras razões. Sendo assim, julgou­se importante que o traumatismo dentário fosse avaliado como uma medida específica, em separado, na idade de 12 anos. Para isso foram utilizados os critérios que indicavam sinais de fratura coronária e avulsão dentária. Para este exame foram considerados os incisivos superiores e inferiores permanentes. Os resultados encontrados no SB 2010, para traumatismo dentário na faixa etária de 12 anos na região norte, foram os seguintes: Prevalência de 25,3% das crianças com pelo menos um dente incisivo apresentando lesão traumática. O tipo de lesão mais frequente foi a fratura de esmalte (21,8%). A fratura de esmalte e dentina foi identificada em 2,9,% da amostra, apenas 0,5% dos examinados apresentaram fratura de esmalte e dentina com exposição pulpar e a ausência dentária devido a traumatismo foi de 0,1%. Em relação à média de dentes afetados por traumatismo dentário, segundo o tipo de lesão, os resultados para a região norte identificaram uma média de 7,6 dentes com ausência de qualquer tipo de lesão traumática e 0,3 dentes apresentando fratura de esmalte. 1.3.4 Oclusão dentária As diversas pesquisas realizadas no Brasil têm realçado que a má oclusão representa um importante problema de saúde pública dada a sua grande incidência e ao período precoce de aparecimento. Dados estes, estudados em vários países, atingindo entre 17% a 79,3% da população, condicionaram a Organização Mundial de Saúde (OMS) a considerar a má oclusão o terceiro maior problema odontológico e de saúde pública mundial. Em Manaus essa situação não é diferente. De acordo com dados IBGE, Manaus possui uma população estimada em 2 milhões de habitantes. Diante disso, pesquisadores fizeram levantamentos epidemiológicos de má oclusão em nossa região e os dados encontrados nos 561 escolares entre 11 e 14 anos de idade examinados, 68,8% dos escolares foram classificados como Classe I, 14,3% como Classe II (Divisão 1), 6,8% como Classe II (Divisão 2) e 10,9% como Classe III (SOUSA, 2006). Em outra pesquisa realizada com 957 escolares na faixa etária de 7 a 11 anos de idade, 630 eram portadores de má oclusão, resultando numa prevalência de, aproximadamente, 66%, sendo que para portadores de oclusão normal, esta prevalência foi de 34% (ALMEIDA, 2007). No SB 2010, Pesquisa Nacional de Saúde Bucal, os resultados das condições oclusais nas idades de 5 e 12 anos e na faixa etária de 15 a 19 anos para o Brasil e regiões, mostraram que classes II e III de caninos foram observadas na região Norte 12,3%, a prevalência de sobressaliência aumentada foi de 15,6%, a Mordida cruzada anterior esteve presente em apenas cerca de 3,0% no Brasil, sem variação significativa entre as regiões. A presença de mordida aberta anterior apresentou prevalência 5,9%. No Brasil, assim como em todas as regiões, a prevalência de mordida cruzada posterior não variou de maneira significativa foi encontrada na região Norte 10,1%. Aos 12 anos de idade observou­se que a presença de oclusão considerada normal, segundo o Índice de Estética Denta (DAI), foi semelhante em todas as regiões, com prevalência de cerca de 60%. A região Norte apresentou prevalência 7,4% de oclusopatias. A oclusopatia severa aos 12 anos de idade foi de 7,1% e nenhuma variação significativa foi observada entre as regiões. As oclusopatias severas e muito severas dos 15 aos 19 anos de idade foram iguais a 6,6% e 10,3%, respectivamente, não sendo encontradas diferenças significativas entre as regiões. 1.3.5 Fluorose Dentária Fluorose dental é um distúrbio de desenvolvimento que afeta o esmalte durante sua formação, caracterizada por hipomineralização e maior porosidade da região imediatamente abaixo da superfície do esmalte dentário, é resultante da ingestão excessiva e prolongada de flúor. Suas manifestações são dependentes da quantidade de flúor ingerida, do tempo de exposição, da idade, do peso e estado nutricional do indivíduo. O declínio da cárie e o aumento da prevalência da fluorose nas formas mais leves têm sido observados em diferentes regiões do mundo, e mais recentemente no Brasil (FORTE et al, 2001; CANGUSSU et al, 2002; CIPRYANO et al, 2003). Há unanimidade em relação ao fortalecimento das medidas de vigilância à saúde, com ações no campo da epidemiologia, da vigilância sanitária, da prescrição e uso de produtos fluorados e da educação em saúde bucal (CURY; TABCHOURY, 2003; FRAZÃOet al, 2004). Segundo Cunha e Tomita (2006), há algum consenso, entre os diferentes estudos, quanto à baixa severidade da fluorose no Brasil e a sua associação com as variáveis independentes, idade e condição socioeconômica. Destaca­se a ausência de evidência empírica para a reavaliação dos teores de flúor nas águas de abastecimento público, ressaltando ser um método reconhecidamente necessário no contexto brasileiro para a melhoria dos indicadores epidemiológicos de cárie. Estudo sobre fluorose dentária no município de Manaus demonstrou uma baixa prevalência nas crianças examinadas (REGIS­ARANHA et al, 2014). O Inquérito de Saúde Bucal Brasil (2010) apresentou a prevalência de fluorose dentária em crianças de 12 anos de idade de 16,7%, sendo que 15,1% foram representados pelos níveis de severidade muito leve (10,8%) e leve (4,3%); fluorose moderada foi identificada em 1,5% das crianças eo percentual de examinados com fluorose grave pode ser considerado nulo. A maior prevalência de crianças com fluorose foi observado na região Sudeste (19,1%) e o menor valor, na região Norte (10,4%).A cidade de Manaus apresentou prevalência de 8,70%. A fluorose dental decorrente da exposição à água fluoretada e/ou creme dental é de grau muito leve a leve, a qual não compromete a qualidade de vida das pessoas acometidas. Porém, é responsabilidade do cirurgião dentista maximizar o efeito anticárie do fluoreto e minimizar o risco de fluorose. Assim é possível usar fluoreto para o controle de cárie sem preocupações com os efeitos da fluorose (CURY, 2012). 1.3.6 USO E NECESSIDADE DE PRÓTESE DENTÁRIA Com a identificação dos agravos em saúde bucal, por meio do levantamento epidemiológico SB 2003, o Ministério da Saúde definiu em 2004, as diretrizes para a organização da atenção à saúde bucal no âmbito do SUS, incluindo a reabilitação protética na atenção básica, possibilitando, juntamente com a implementação da Política Nacional de Saúde Bucal – Programa Brasil Sorridente, o aumento dos atendimentos na área de média e alta complexidade da saúde bucal, favorecendo os idosos desdentados com essa política de maior acessibilidade aos serviços Odontológicos. Em 2006, o Ministério da Saúde (MS) definiu a implantação dos Centros de Especialidades Odontológicas (CEO) e dos Laboratórios Regionais de Próteses Dentárias (LRPD). Estes laboratórios visam à confecção de próteses totais (PT) ou próteses parciais removíveis (PPR), podendo ser em unidades próprias do município ou unidades terceirizadas, credenciadas pelo próprio município. Através da avaliação do uso e necessidade de prótese dentária realizada no SB 2010, tornou­se possível entender um dos agravos em saúde bucal, o edentulismo. Essa avaliação objetivou estimar a gravidade do problema, bem como fornecer subsídios para o planejamento das ações através da análise dos dados de uso e necessidade de prótese. O levantamento nacional das condições de saúde bucal SB 2010, apontou para um grave quadro de agravos e necessidades de pessoas na faixa etária de 65 a 74 anos de idade, apontando a média de CPO­D em Manaus para esta população de 27,84%, sendo que o componente perdido representou cerca de 93,6%, dados que refletem diretamente no agravo em saúde bucal Edentulismo, mostrando que a maioria dos idosos necessitam ou fazem uso de próteses de qualquer tipo. Conforme análise dos dados abaixo: Para o uso e necessidades de prótese foram avaliadas as faixas etárias de 15 a 19; 35 a 44 e 65 a 74 anos. De acordo com a análise dos dados obtidos no SB 2010, é possível perceber que o uso de prótese dentária superior, independente do tipo de prótese aumenta com o avanço da idade, sendo que na faixa etária de 15 a 19 anos 98% dos avaliados não usam qualquer tipo de prótese, sendo o uso de ponte fixa mais prevalente nessa idade cerca de 1,5%. Na faixa etária de 65 a 74 anos apenas 26,3% não fazem uso de prótese e 64,5% dessa faixa etária faz uso de prótese total. Foi possível perceber que na faixa etária de 35 a 44 anos o uso de prótese parcial removível foi mais prevalente em torno de 22,7%, superando as faixas etárias de 15 a 19 e 65 a 74 anos. Para o uso de prótese dentária inferior pode­se notar que 99,3% dos avaliados na faixa etária de 15 a 19 anos não usam qualquer tipo de prótese inferior, e que essa porcentagem diminui com o avanço da idade, sendo que na faixa etária de 65 a 74 anos o percentual de idosos que utilizam prótese total inferior é de 33,6%. Na faixa etária de 35 a 44 anos o tipo de prótese inferior mais usada é a prótese parcial removível, atingindo um índice de 6,9%. Pode­se notar que com o avanço da idade, aumenta o uso de prótese total. Analisando os dados levantados para a região norte em relação à necessidade de prótese foi possível constatar que com o avanço da idade a necessidade aumenta, sendo que apenas 2,8% da população entre 65 a 74 anos não tem necessidade do uso de prótese. Na faixa etária de 35 a 44 anos 47,5% da população tem necessidade de pelo menos uma prótese parcial em um dos maxilares, e 17,6% da população entre 65 a 74 anos tem necessidade de prótese total nos dois maxilares, estes dados mostram que a meta da Organização Mundial de Saúde para os idosos no ano 2010, que era de até 5% de desdentados na mesma faixa etária, não foi alcançada na população da região Norte do Brasil. Segundo o SB Brasil 2010, em Manaus a faixa etária entre 65 a 74 anos apresenta em média 26,15 dentes perdidos e no Interior da Região Norte este númeroaumenta para 27,17 dentes perdidos. O número reduzido de CEO`s e LRPD`s, podem justificar o baixo número de próteses na Região Norte. No Amazonas o número existem apenas 12 CEO`s e 16 LRPD`s implantados e uma oferta de 2.500 próteses anual. (Sala de Apoio, MS 2014). Este número é considerado muito baixo para a demanda. No Amazonas existem 255 mil pessoas com 60 anos ou mais, segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Tabela 1: Indice CEO/CPO-D SB Brasil 2010 Faixa Etária CEO/CPO-D - 2010 05 anos 2,88 12 anos 2,34 15 a 19 anos 4,85 35 a 44 anos 19,34 65 a 74 anos 27,94 AMAZONAS MANAUS 1.3.7 Condição sócio-econômica, utilização de serviços odontológicos e autopercepção de saúde bucal Em relação à morbidade dentária auto­referida aos 12 anos (resposta à pergunta:”O Sr (a) acha que necessita de tratamento dentário atualmente?”), a região Norte obteve 69,4% de respostas afirmativas, o que posiciona a região Norte como a que mais possui pessoas que referem necessitar de tratamento dentário, estando acima da média nacional (60,8%). O mesmo acontece para a idade de 15 a 19 anos, em que a taxa para a região Norte é a mais alta (73,9%), bem acima da média nacional (65,1%). Na faixa etária de 35 a 44 anos, a situação na região (74,2%) já é melhor em relação à média nacional (75,2%). Por fim, na idade índice de 65 a 74 anos, o indicador na região Norte (46,1%) praticamente se igualou à média nacional (46,6%). Ações de saúde bucal programadas devem ser realizadas pela atenção básica no sentido de aumentar as primeiras consultas programáticas em saúde bucal, principalmente nas idades de 12 anos e 15 a 19 anos, pois as informações colhidas para essas idades representam uma demanda reprimida existente que deve ser assistida. Quanto à dor de dente aos 12 anos, responderam positivamente 26,6%, estando acima da média nacional e representando a segunda maior taxa, só sendo menor que a região Sul. De 15 a 19 anos, a taxa observada foi a maior em relação às outras regiões, uma vez que 29,2% responderam positivamente, frente à média nacional de 24,7%. Na faixa etária de 35 a 44 anos, a taxa encontrada foi a segunda menor dentre as regiões (23,4%). E, finalmente, para a faixa de 65 a 74 anos, foi a segunda menor (9,9%). Já em relação à gravidade da dor de dente, na faixa etária de 12 anos, os graus de maior severidade 4 e 5 (18,6% e 26,9%, respectivamente) foram maiores que a média nacional (14% e 21,6%, respectivamente), o mesmo acontecendo para a idade de 15 a 19 anos (13,9% e 36,4% no Norte e 12,2% e 30,6% no Brasil). Para a faixa de 35 a 44 anos, o grau 5 foi o menor dentre todas as regiões (23,2%) e para as idades de 65 a 74 anos, os graus 4 e 5 voltam a ser maiores que a média nacional. Esse dado representa uma demanda em relação às urgências em saúde bucal, principalmente para as idades­índice de 12 anos e 15 a 19 anos. Em relação à autopercepção de saúde bucal na região Norte, para as idades de 12 anos e 15 a 19 anos, a taxa de quem está muito insatisfeito em relação aos seus dentes e boca é a maior dentre todas as regiões do país, sendo sempre superior à média do Brasil. Quanto ao uso dos serviços odontológicos, a situação na região Norte em relação aos que nunca tiveram uma consulta ao dentista pelo menos uma vez na vida, apresenta taxas maiores que as outras regiões do país em todas as idades­índice, sendo de 26,8% para 12 anos, 16,6% para 15 a 19 anos, 14,5% para 35 a 44 anos e 28,5% para 65 a 74 anos. Nas respostas da região Norte em relação ao motivo da última consulta, responderam extração 26,1% das crianças com 12 anos de idade, sendo bem superior à média nacional de 9,6%, representando um tratamento mutilador nessa faixa etária. O mesmo acontece para as idades de 15 a 19 anos (21,3% e 8,5% no Brasil), 35 a 44 anos (25,1% e 15,3%), e 65 a 74 anos (46,2% e 26,9%). Ainda quanto à autopercepção de saúde bucal, a resposta “insatisfeito” em relação aos seus dentes e boca só não teve taxa superior às outras regiões do Brasil para a idade­índice de 35 a 44 anos. E quanto ao impacto das condições de saúde bucal sobre a vida diária (OIDP), um indicador que expressa qualidade de vida em saúde bucal, para a idade­índice de 15 a 19 anos, o OIDP total (43,3) foi maior em relação a todas as regiões do país e ficou acima da média nacional para a idade de 65 a 74 anos. Esses indicadores demonstram que na região Norte, os problemas de saúde bucal nos adolescentes de 15 a 19 anos têm um impacto na realização das atividades diárias (comer, escovar os dentes, estado emocional, contexto social, praticar esportes, falar, sorrir, estudar ou trabalhar e dormir) que é a maior dentre todas regiões do país. 2. NÍVEIS DE ATENÇÃO À SAÚDE BUCAL Como condições crônicas, a doença cárie e a doença periodontal podem ser controladas na Atenção Primária à Saúde, com ações de promoção de saúde, prevenção, diagnóstico precoce, limitação dos agravos. O diagnóstico precoce do câncer bucal, as alterações oclusais, a fase clínica da prótese e a situação de urgência odontológica também compõe o rol de competências da Atenção Primária à Saúde. Assim, as Unidades de Atenção Primária respondem por 80% da atenção em saúde bucal. Na falta desse controle, ocorrerá a evolução e/ou a agudização dessas condições crônicas, exigindo ações terapêuticas mais complexas, referenciadas para os Centros de Especialidades Odontológicas, com intervenções nas áreas de endodontia, periodontia, cirurgia e prótese. Outros procedimentos que exigem maior densidade tecnológica e capacitação, como o tratamento ortodôntico e a implantodontia, também são atribuições da Atenção Secundária. O atendimento a pessoas com deficiência deve merecer atenção especial nos Centros de Especialidades Odontológicas. Tais procedimentos respondem, estimativamente, por 17% das necessidades de atenção em saúde bucal. Na Atenção Terciária, cujas atividades serão realizadas em unidades hospitalares de referência, serão atendidas pessoas com deficiência, com dificuldade de adesão ao tratamento, sob anestesia geral. Esses pacientes serão referenciados pela atenção secundária. Os pacientes com emergências odontológicas, como traumas, hemorragias, abcessos comprometedores e pacientes debilitados, que necessitam de apoio de infraestrutura hospitalar, devem ser encaminhados diretamente do nível primário para o nível hospitalar. Os atendimentos cirúrgicos a pacientes portadores de câncer bucal e com problemas complexos nos maxilares também deverão ser realizados em âmbito hospitalar, que responde estimativamente por 3% das necessidades da atenção em saúde bucal (Figura 1). Figura 1. Unidade de Atendimento por nível de Atenção e Grau de Resolubilidade Atenção Primária à Saúde (Tabela 2) A Atenção Primária é a porta de entrada da rede e ordena o cuidado nos outros níveis de atenção. Nela, as ações deverão ser desenvolvidas nas Unidades de Atenção Primária mais próxima da residência do usuário, organizada ou não, por meio da Estratégia de Saúde da Família. A Atenção Primária à Saúde será responsável pelas ações de promoção à saúde, prevenção e controle das doenças bucais e reabilitação do paciente, encaminhando à atenção especializada os casos de maior complexidade. A estratificação do risco do paciente deverá ser realizada pela equipe de saúde bucal na primeira consulta, registrada em seu prontuário, e utilizada como fator de influência no plano de tratamento. Atenção Secundária à Saúde (Tabela 2) A Atenção Secundária à Saúde terá como pontos de atenção os Centros de Especialidades Odontológicas referenciada pelas equipes da Atenção Primária, como também pelos cursos de Odontologia da Universidade Federal do Amazonas (UFAM), da Universidade do Estado do Amazonas (UEA) e do Instituto Amazônia de Ensino Superior (IAES) acolhidos pelos seus respectivos cursos de pós­graduação conforme a demanda ofertada por cada instituição de ensino superior. Os Centros de Especialidades Odontológicas (CEO) funcionarão como um sistema de referência, completando as ações de saúde bucal realizadas pela atenção primária e respeitando o sistema de integralidade do atendimento. A Universidade Federal do Amazonas (UFAM), por meio da Faculdade de Odontologia (FAO) e Universidade do Estado do Amazonas (UEA) realizarão as seguintes atividades. Atendimento com sedação mínima utilizando Oxigênio/Óxido Nitroso no CEO da UEA de casos clínicos com nível de ansiedade elevada e sem resolução pelas técnicas de manejo psicológico e comportamental aplicadas pela equipe de saúde bucal, especialmente relacionado com a fobia do tratamento em saúde bucal; Os exames de diagnóstico por imagem serão realizados pela Policlínica da UEA, os quais são as Tomografias Computadorizadas, Radiografias Panorâmicas, Telerradiografias, Radiografias Oclusais, Periapicais e Interproximais. Atendimento de casos clínicos complexos, encaminhados pela atenção básica ou Centro de Especialidades Odontológicas nas áreas de diagnóstico e patologia bucal, endodontia, periodontia, cirurgia oral menor, odontopediatria, ortodontia, prótese, cirurgia bucomaxilofacial; Exames histopatológicos de lesões da cavidade bucal; • Educação permanente dos profissionais da Rede de Atenção à Saúde Bucal; Assessoria Técnica em Projetos que envolvem a Saúde Bucal; O Instituto Amazônia de Ensino Superior (IAES) será responsável também pela educação permanente dos profissionais de saúde bucal e assessoria técnica em projetos que envolvem a Saúde Bucal da REDE SEMSA. Ao final dos procedimentos especializados, o usuário deverá ser encaminhado à atenção primária, num sistema de contrarreferência organizado, no qual deve ser incluído o plano de cuidado para o acompanhamento dele. Atenção Terciária à Saúde (Tabela 2) A Atenção Terciária em Saúde Bucal será realizada em unidades hospitalares de referência, onde preferencialmente, serão atendidos sob anestesia geral: Na Fundação Hospital Adriano Jorge (FHAJ) e O Hospital Infantil Dr. Fajardo serão realizadas as seguintes atividades: Atendimento hospitalar, sob anestesia geral, de pessoas com necessidades especiais que não permitam o manejo clínico sem o uso de anestesia geral. Policlínica Gilberto Mestrinho: Garantir acolhimento, acessibilidade e cuidado humanizado aos pacientes com fissura labiopalatal; Realizar o tratamento cirúrgico do paciente com fissura labiopalatal; Fundação CECON Atendimento clínico e/ou cirúrgico de pacientes acometidos por câncer bucal. Esses pacientes serão referenciados pela Atenção Secundária; Hospital João Lúcio Deverão ser atendidos neste Hospital de Referência os pacientes com emergências odontológicas que necessitam de apoio da infraestrutura hospitalar; Oferecer atendimento ao trauma bucomaxilofacial; Tabela 2: Matriz de Competência dos Pontos de Atenção em Saúde Bucal no Município de Manaus PONTOS DE ATENÇÃO UBS COMPETÊNCIA DO PONTO DE ATENÇÃO Acolhimento Cadastramento Estratificação de risco Educação em saúde TERRITÓRIO SANITÁRIO Território de Abrangência Atendimento de urgência Procedimentos e cirúrgicos Centros de Especialidades Odontológicas clínicos Atendimento especializado em endodontia, periodontia, prótese, cirurgia, pessoas com deficiência, diagnóstico de lesões bucais, odontopediatria, ortodontia e prótese. Municipal Contrarreferência para as UBS. Instituições de Ensino Superior Atendimento clínico Aos pacientes especiais; com Municipal necessidades Exames histopatológico de lesões da cavidade bucal Atendimento especializado de casos clínicos complexos de cirurgia bucal, dentística restauradora, endodontia, periodontia, odontopediatria e ortodontia. Capacitação de profissionais de saúde bucal Hospitais de referência Atendimento especializado em endodontia, periodontia e prótese, cirurgia, pessoas com deficiências e portadoras de deformidades congênitas da face, diagnósticos de lesões bucais, odontopediatria, ortodontia e implantodontia; Atendimento clínico e/ou cirúrgico de pacientes Municipal acometidos por câncer bucal. Esses pacientes serão referenciados pela Atenção Secundária; 3. INDICADORES DE SAÚDE BUCAL NO PACTO DA ATENÇÃO BÁSICA O Ministério da Saúde, por meio do Pacto de Indicadores da Atenção Básica, redefiniu em 2006 para a área de saúde bucal dois indicadores principais: Cobertura de primeira consulta odontológica programática e cobertura da ação coletiva de escovação dental supervisionada e dois indicadores complementares: média de procedimentos odontológicos básicos individuais e proporção de procedimentos odontológicos especializados em relação às ações odontológicas individuais. Estes indicadores constituem instrumento nacional de monitoramento e avaliação das ações e serviços de saúde bucal referentes à atenção básica, e são descritos a seguir: 1.Cobertura de Primeira Consulta Odontológica Programática: é o percentual de pessoas que receberam uma primeira consulta odontológica programática, realizada com finalidade de diagnóstico e, necessariamente, elaboração de um plano preventivo­terapêutico (PPT), para atender as necessidades detectadas. Não se refere a atendimentos eventuais como os de urgência/emergência que não tem seguimento previsto; 2.Cobertura da Ação Coletiva Escovação Dental Supervisionada: É o percentual de pessoas que participaram da ação coletiva escovação dental supervisionada. Tal ação é dirigida, necessariamente, a um grupo de indivíduos, e não a ação individual em que atividades educativas são realizadas no âmbito clínico para uma única pessoa. Expressa o percentual de cobertura correspondente a média de pessoas que tiveram acesso à escovação dental com orientação/supervisão de um profissional treinado, considerando o mês ou meses em que se realizou a atividade, em determinado local e ano, visando à prevenção de doenças bucais, mais especificamente cárie dentária e doença periodontal. 3.Média de procedimentos odontológicos básicos individuais: Consiste no número médio de procedimentos odontológicos básicos, clínicos e/ou cirúrgicos, realizados por indivíduo, na população residente em determinado local e período. Possibilita análise comparativa com dados epidemiológicos, estimando­se assim, em que medida os serviços odontológicos básicos do SUS estão respondendo às necessidades de assistência odontológica básica de determinada população; 4. Proporção de Procedimentos Odontológicos Especializados em Relação às Ações Odontológicas Individuais: Consiste na proporção de procedimentos odontológicos especializados em relação às demais ações individuais odontológicas realizadas no âmbito do SUS. Possibilita a análise comparativa com dados epidemiológicos, estimando­se em que medida de serviços odontológicos do SUS está respondendo às necessidades da população aos serviços odontológicos especializados, o grau de atenção e a integralidade do cuidado. 3.1 INDICADORES ALTERADOS NAS ORIENTAÇÕES ACERCA DOS INDICADORES DA PACTUAÇÃO DE DIRETRIZES, OBJETIVOS E METAS EM 21/06/2012 A Resolução da Comissão Intergestores Tripartite (CIT) nº 5, de 19 junho de 2013, estabelece as Diretrizes, Objetivos, Metas e Indicadores para os anos de 2013 – 2015, com vistas ao fortalecimento do Planejamento do Sistema Único de Saúde (SUS) e a implementação do Contrato Organizativo da Ação Pública da Saúde (COAP). Neste sentido, foi definido um rol único de indicadores a ser utilizado nos instrumentos de planejamento do SUS (plano de saúde, programação anual de saúde e relatórios de gestão) e no COAP. O Ministério da Saúde disponibilizou um documento com as Orientações do Processo de Pactuação de Diretrizes, Objetivos, Metas e Indicadores de 2013 – 2015, objetivando auxiliar os entes federados na definição de metas. Este documento é produto da discussão conjunta dos Grupos Executivos do Planejamento do SUS e do Coap que integram o Comitê Gestor do Decreto nº 7.508/11, e do GT de Gestão da Câmara Técnica da CIT. As Diretrizes de saúde estabelecidas pelos conselhos de Saúde expressam as linhas de ação a serem seguidas e orientam a formulação de política que se concretizam nos objetivos. Os Objetivos expressam o que deve ser feito, refletindo as situações a serem alteradas pela implementação de estratégias e ações no território, permitindo a agregação de um conjunto de iniciativas gestoras de formulação coordenada. As Metas expressam um compromisso para alcançar objetivos. Ao estabelecer metas, alguns fatores devem ser considerados: I. Desempenhos anteriores (série histórica); II. Compreensão do estágio de referência inicial, ou seja, da linha de base; III. Factibilidade, levando­se em consideração a disponibilidade dos recursos necessários, das condicionantes políticas, econômicas e da capacidade organizacional. Os Indicadores são essenciais nos processos de monitoramento e avaliação, pois permitem acompanhar o alcance das metas e servem para: • Embasar a análise crítica dos resultados obtidos e auxiliar no processo de tomada de decisão; • Contribuir para a melhoria contínua dos processos organizacionais; • Analisar comparativamente o desempenho. Todos os indicadores pactuados serão apurados e avaliados anualmente e seus resultados comporão o Relatório Anual de Gestão, a ser enviado ao Conselho de Saúde até 30 de março do ano subsequente ao da execução financeira, conforme artigo 36, § 1º da Lei Complementar nº 141/2012. Esses resultados serão disponibilizados pelo Ministério da Saúde no Tabnet no site do DATASUS: <www.datasus.gov.br> e no Sistema de Pactuação dos Indicadores (Sispacto), de onde também migrarão para o Sistema de Apoio à Elaboração do Relatório Anual de Gestão (SargSUS). 3.2 INDICADORES DE SAÚDE BUCAL PACTUADOS PARA O MUNICÍPIO DE MANAUS NO ANO DE 2013-2015 (Tabelas 3,4,5,6 e 7) Tabela 3: PRIMEIRA CONSULTA ODONTOLÓGICA PROGRAMÁTICA INDICADOR Ano PRIMEIRA CONSULTA ODONTOLÓGICA PROGRAMÁTICA 2011 2012 2013 2014 2015 Resultado 4,67% 4,22% 5,32% 4,19% 5,74% FONTE: DATASUS Tabela 4: COBERTURA POPULACIONAL ESTIMADA PELAS EQUIPES BÁSICAS DE SAÚDE BUCAL COBERTURA POPULACIONAL ESTIMADA PELAS EQUIPES BÁSICAS DE SAÚDE BUCAL Resultado FONTE: DICAR/SEMSA/MANAUS Ano 2013 2014 2015 30,77% 33,25% 33,50% Tabela 5: Média da Ação Coletiva de Escovação Dental Supervisionada INDICADOR MÉDIA DA AÇÃO COLETIVA DE ESCOVAÇÃO DENTAL SUPERVISIONADA FÓRMULA DE CÁLCULO 2013 2014 2015 132.890 57.973 13.210 População no mesmo local e período 1.982.177 1.982.177 1.982.177 Resultado 0,64% 0,42% 0,67% 2013 2014 2015 31.974 7.946 24.461 735.848 173.692 600138 4,34% 4,05% 4,08% Nº de pessoas participantes na ação coletiva de escovação dental supervisionada realizada em determinado local em 12 meses ÷ por 12 Mult 100 FONTE: DATASUS Tabela 6: Proporção de exodontia em relação aos procedimentos INDICADOR PROPORÇÃO DE EXODONTIA EM RELAÇÃO AOS PROCEDIMENTOS FÓRMULA DE CÁLCULO Número total de extrações dentárias em determinado local e período Número total de procedimentos clínicos individuais preventivos e curativos selecionados no mesmo local e período Resultado FONTE: DATASUS Mult 100 Tabela 7: Cobertuta populacional estimada pelas equipes básicas de saúde bucal por distrito de saúde COBERTURA POPULACIONAL ESTIMADA PELAS EQUIPES BÁSICAS DE SAÚDE BUCAL POR DISTRITO DE SAÚDE Distrito Ano 2011 2012 2013 2014 2015 Norte 28,4% 39,5% 46,7% 53,9% 54,2% Sul 39,6% 41,6% 40,3% 38,7% 37,1% Leste 29,9% 30,7% 34,6% 44,1% 41,6% Oeste 32,6% 33,2% 41,7% 45,2% 41,9% Rural 104,8% 127,0% 178,9% 351,1% 402,1% Manaus 32,83% 36,87% 41,68% 47,30% 45,91% FONTE: DICAR/SEMSA/MANAUS 3.3 INDICADORES PRIORITÁRIOS EM SAÚDE BUCAL PARA O MUNICÍPIO DE MANAUS Uma importante análise a ser realizada é a perspectiva de melhoria dos indicadores de saúde bucal, particularmente os indicadores prioritários, a partir da implementação desse novo processo de trabalho em saúde bucal, utilizando­se um Plano de Metas de Produção adequado à realidade e à capacidade instalada das unidades de saúde da Rede Manauara de Saúde Bucal. No ano de 2015, a área técnica de saúde bucal, especificou dentre os diversos indicadores de saúde, dois indicadores prioritários: Cobertura de Primeira Consulta Odontológica Programática e Média de Ação de Escovação Dental Supervisionada. 3.3.1 Cobertura de Primeira Consulta Odontológica Programática Conceito: proporção da população cadastrada pela equipe de Atenção Básica com acesso a tratamento odontológico. Objetivo: Monitorar a ampliação do acesso da população ao atendimento odontológico na Atenção Básica Meta: Aumentar em pelo menos 15% (maior ou igual) o acesso da população aos serviços odontológicos na Atenção Básica Relevância do Indicador: Mede a ampliação do acesso à 1ª consulta odontológica pela população na Atenção Básica. Método de Cálculo: Número de primeiras consultas odontológicas programáticas, em determinado local e período x100 ________________________________________________________________ População cadastrada no mesmo local período Fonte: Sistema de Informações Ambulatoriais do SUS (SIA/SUS) (Qtde. Apresentada); IBGE – População; Critério de Seleção: Primeira Consulta Odontológica Programática (Código 03.01.01.0153). Aplicabilidade: Estabelecimentos Assistenciais de Saúde da APS que possuem Equipes de Saúde Bucal. Recomendações e observações: Este indicador reflete a proporção de pessoas que tiveram acesso ao tratamento odontológico do programa de saúde bucal desenvolvido pela equipe. Por meio dessa consulta odontológica programática o indivíduo ingressa no programa, a partir de uma avaliação / exame clínico odontológico realizado com a finalidade de diagnóstico e elaboração de um Plano Preventivo Terapêutico ­ PPT. Portanto, as primeiras consultas odontológicas só devem ser registradas quando o plano preventivo terapêutico for elaborado. Este indicador aponta a tendência de inserção das ações odontológicas nos programas de saúde como parte de cuidados integrais, a exemplo do que ocorre em vários programas de saúde: mental, mulher, trabalhador, adolescente, idoso, etc. Não devem ser considerados para cálculo desse indicador os atendimentos eventuais, como os de urgência/emergência, que não tem seguimento previsto. As atividades de monitoramento e avaliação do indicador nos três níveis de atuação compreendem: Nível central Capacitação/atualização dos profissionais da Atenção Básica para melhorar a qualidade dessas ações e a alimentação do sistema de informação da atenção básica; Garantia de disponibilidade suficiente de insumos e equipamentos necessários ao desenvolvimento dessa ação pelas equipes; Nível distrital Disponibilização dos Mapas de Atendimento Odontológico para os profissionais das Unidades Básicas de Saúde; Disponibilização da Ficha de Atendimento Odontológico Individual para os profissionais das Equipes de Estratégia Saúde da Família; Capacitação das equipes de saúde para a execução e operacionalização do Programa; Monitoramento e avaliação da qualidade e consistência dos dados informados pelas equipes, com vistas ao acompanhamento da evolução de resultados; Negociação/Contratualização de metas, definição de prioridades de apoio institucional e educação permanente, assim como assessoramento à gestão; Nível local Planejamento do processo de trabalho da equipe de saúde bucal de forma a garantir acesso amplo da demanda programada; Programação das ações de atendimento, considerando critérios para classificação de risco; Execução das ações planejadas; Os resultados do Indicador de Cobertura de Primeira Consulta Odontológica Programática para os anos de 2014 e 2015, com base na produção odontológica do município e na Rede SEMSA e na população do município de 2013 (1.982.177 hab. – Fonte: IBGE), podem ser observados na Figura 2. Observa­se que houve aumento do número de procedimentos referentes à contribuição da SEMSA para o indicador nos dois anos apresentados, representando um aumento de 20,9% do total de procedimento. Nesse sentido, a SEMSA tem contribuído com a maior parcela na constituição do indicador, sendo 93% do valor do indicador em 2014 e 81% do indicador em 2015 (Figura 2). Figura 2. Progressão do Total de Procedimentos de Primeira Consulta Odontológica Programática (PCOP), para Manaus e SEMSA, e respectivos resultados dos indicadores de Cobertura para os anos 2014 e 2015. De acordo com a implementação desse novo Processo de Trabalho e novo Plano de Metas de Produção é possível ampliar ainda mais o número de procedimentos, representando uma melhora no indicador de Cobertura de PCOP, como se observa no Quadro 23. Dessa forma, no contexto de recursos humanos apresentado, somente com a produção odontológica da SEMSA, o indicador do município para 2016, em estimativa, seria ampliado para 7,14%, ainda sem se observar a contribuição das demais esferas governamentais (Quadro 24). Esse resultado ainda fica aquém da meta do Plano Municipal de Saúde de Manaus (2014­2017), havendo necessidade de ampliação da cobertura de Equipes de Saúde Bucal na tentativa de se alcançar esse indicador. Por exemplo, considerando­se uma contribuição do município de 80% na constituição do indicador, para se atingir 14%, há necessidade de ampliação em saúde bucal para 305 cirurgiões dentistas de 20h e 205 cirurgiões dentistas de 40h, aumento respectivo de 99 e 83 Equipes de Saúde Bucal de UBS Tradicionais e Estratégia Saúde da Família (Tabela 9Tabela 8) Tabela 9: Planejamento de Produção de Primeira Consulta Odontológica Programática Tabela 8: Indicador de Primeira Consulta Odontológica Programática 3.3.2 Média da Ação Coletiva de Escovação Dental Supervisionada Conceito: cobertura média de pessoas participantes na ação coletiva de escovação dental supervisionada realizada em determinado local e período. Objetivo: Utilização de mecanismos que propiciem a ampliação do acesso à Atenção Básica. Meta: Aumentar o percentual de ação coletiva de escovação dental supervisionada. Relevância do Indicador: Reflete o acesso à orientação para prevenção de doenças bucais, mais especificamente cárie e doenças periodontais. Método de Cálculo: Número de pessoas participantes na ação coletiva de escovação dental supervisionada realizada em determinado local 12 meses / 12 x 100 População no mesmo local e período Fonte: Sistema de Informações Ambulatoriais do SUS (SIA/SUS) (Qtde. Apresentada); IBGE – População; Critério de Seleção: Ação coletiva de escovação dental supervisionada (Código:01.01.02.003­1); Aplicabilidade: Estabelecimentos Assistenciais de Saúde da APS que possuem Equipes de Saúde Bucal Recomendações e observações: Este indicador estima a proporção pessoas que poderiam ser beneficiadas pelas ações de escovação dental com orientação/supervisão de um profissional de saúde bucal, visando à prevenção de doenças bucais, mais especificamente cárie dentária e doença periodontal. Considerando que, na maioria dos locais, a escovação dental supervisionada será realizada com dentifrício fluoretado, este indicador também permite estimar o acesso ao flúor tópico, o meio mais eficaz de prevenção de doenças bucais, além da oportunidade de consolidar o hábito de escovação. Deve­se assinalar que o foco desse indicador está na expansão do acesso a essa ação e não na frequência com que ela é realizada. Por isso, situações em que a ação é desenvolvida de forma trimestral, igualam­se àquelas em que a frequência é menor. As atividades de monitoramento e avaliação do indicador os três níveis de atuação compreendem: Nível central Garantia de disponibilidade suficiente de insumos necessários ao desenvolvimento dessa ação pelas equipes; Capacitação/atualização dos profissionais da Atenção Básica para melhorar a qualidade dessas ações; Coordenação de eventos e ações visando à promoção de Saúde Bucal; Nível distrital Monitoramento e avaliação da qualidade e consistência dos dados informados pelas equipes, com vistas ao acompanhamento da evolução de resultados; Alimentação correta e oportuna do sistema de informação da atenção básica; Disponibilização do Mapa de Atendimento em grupo/Procedimentos Coletivos para os profissionais; Negociação/Contratualização de metas, definição de prioridades de apoio institucional e educação permanente, assim como assessoramento à gestão; Monitoramento e avaliação mensal do indicador; Capacitação das equipes de saúde para a execução e operacionalização do Programa; Nível local Planejamento do processo de trabalho da equipe de saúde bucal de forma a garantir acesso amplo da demanda programada; Articulação intersetorial para expansão do acesso a essas ações (escolas, centros comunitários, comunidades terapêuticas, etc); Execução das ações planejadas. Os resultados do Indicador de Média de Ação de Escovação para os anos de 2014 e 2015, com base na produção odontológica do município e na Rede SEMSA e na população do município de 2013 (1.982.177 hab – Fonte: IBGE), podem ser observados na Figura 3. Observa­se que houve diminuição do número de procedimentos referentes à contribuição da SEMSA para o indicador nos dois anos apresentados, representando uma redução de 11,7% do total de procedimento. Credita­se que a diminuição seja em decorrência principalmente da não migração do número de participantes das atividades de escovação supervisionada e sim do número de atividades realizadas, a partir da Plataforma e­SUS. Apesar disso, a SEMSA mesmo assim tem contribuído com a maior parcela na constituição do indicador, sendo 96% do valor do indicador em 2014 e 76% do indicador em 2015. Figura 3. Progressão do Total de Procedimentos de Primeira Consulta Odontológica Programática (PCOP), para Manaus e SEMSA, e respectivos resultados dos indicadores de Cobertura para os anos 2014 e 2015. De acordo com a implementação desse novo Processo de Trabalho e novo Plano de Metas de Produção é possível ampliar o número de procedimentos, representando substancial no indicador de Média de Ação de Escovação Dental Supervisionada, como se observa na Tabela 10 e 11 . Dessa forma, no contexto de recursos humanos apresentado, somente com a produção odontológica da SEMSA, o indicador do município para 2016, em estimativa, seria ampliado de 0,51% para 3,79%, alcançando a meta do PAS 2016 que é de 3%, ainda sem se observar a contribuição das demais esferas governamentais . Acreditamos que a melhora do indicador, com vistas a alcançar a meta do PAS 2017, virá pela ampliação da rede e habilitação de mais Equipes de Saúde Bucal Modalidade II. Tabela 10: Planejamento de Produção de Escovação Dental Supervisionada ESCOVAÇÃO TIPO TOTAL SUPERVISIONADA DE EAS DE CD /MÊS/CD TOTAL ESCOVAÇÃO SUPERVISIONADA /MÊS TOTAL DE ESCOVAÇÃO SUPERVISIONADA /ANO UBS 206 100 20600 247200 ESF 122 350 42700 512400 TOTAL 328 450 63300 759600 (*excluindo­se um mês para férias) Tabela 11: Indicador de Média de Ação de Escovação Dental Supervisionada ANO indicador (%) FREQUÊNCIA MENSAL NECESSÁRIA ESTIMADA 2015 2 39644 475722 43247 2016 3 59465 713584 64871 2017 4 79287 951445 86495 PROPOSTA VIÁVEL 3,48 63300 759600 69054 Resultado 2015 - Total de Manaus 0,64 12686 152231 13839 POPULAÇÃO 2013: 1982177 PRODUÇÃO ANUAL MÉDIA MENSAL* * Considerando-se 1 mês de férias 3.4 Programa de Melhoria do Acesso e da Qualidade na Atenção Básica – PMAQ O Programa de Melhoria do Acesso e da Qualidade na Atenção Básica - PMAQ ­ AB tem como objetivo incentivar os gestores a melhorar a qualidade dos serviços de saúde oferecidos aos cidadãos nas Unidades Básicas de Saúde (UBS) por meio das equipes de Atenção Básica à Saúde (Tabela 12) . A meta é garantir um padrão de qualidade através de um conjunto de estratégias de qualificação, acompanhamento e avaliação do trabalho das equipes de saúde. O ‘programa eleva os recursos do incentivo federal para os municípios participantes, que atingirem melhora no padrão de qualidade no atendimento. O programa foi lançado em 2011 e em 2015 foi iniciado seu 3º ciclo com a participação de todas as equipes de saúde da Atenção Básica (Saúde da Família e Parametrizada), incluindo as equipes de Saúde Bucal, Núcleos de Apoio à Saúde da Família e Centros de Especialidades Odontológicas que se encontrem em conformidade com a PNAB. Para saber mais detalhes sobre o http://dab.saude.gov.br/portaldab/ape_pmaq.php PMAQ acesse o site: Tabela 12: Planilha de Contratualização da EAB PROGRAMA NACIONAL DE MELHORIA DO ACESSO E DA QUALIDADE DA ATENÇÃO BÁSICA (PMAQ) - 3º CICLO PLANILHA DE CONTRATUALIZAÇÃO DA EAB EIXO Nº INDICADOR MÉTODO DE CÁLCULO FONTE Número de atendimentos de Ficha de primeira consulta atendimento odontológica programática odontológico Cobertura de ACESSO E * 100 individual ­ primeira consulta CONTINUIDADE 1.6 (SISAB/MS). odontológica DO CUIDADO População residente programática Ficha de cadastro individual do SISAB/MS RESOLUTIVIDADE 3.2 Razão entre tratamentos concluídos e primeiras consultas odontológicas programáticas Número de tratamentos concluídos pelo cirurgião dentista Número de primeiras consultas odontológicas programáticas Quantitativo de serviços ofertados em Saúde Bucal na Atenção Básica * 100 ABRANGÊNCIA DA OFERTA DE SERVIÇOS Percentual de serviços ofertados 4.2 pela Equipe de Saúde Bucal Total de serviços em Saúde Bucal na Atenção Básica esperado Ficha de atendimento odontológico individual – (SISAB/MS). Ficha de atendimento odontológico individual – (SISAB/MS). Ficha de atendimento odontológico individual – (SISAB/MS). Definição dos serviços essenciais de saúde bucal na Atenção Básica – (SISAB/MS). 3.5 Programa de Melhoria do Acesso e da Qualidade dos Centros de Especialidades Odontológicas – PMAQ CEO O Programa de Melhoria do Acesso e da Qualidade dos Centros de Especialidades Odontológicas – PMAQ CEO é realizado dentro dos moldes do PMAQ­AB. O programa avalia o desempenho dos CEO e repassa mais recursos para os serviços que cumprirem os padrões de qualidade pactuados (Tabela 13). Tabela 13: Planilha de contratualização do CEO PROGRAMA NACIONAL DE MELHORIA DO ACESSO E DA QUALIDADE DA ATENÇÃO BÁSICA (PMAQ) - 3º CICLO PLANILHA DE CONTRATUALIZAÇÃO DO CEO Nº 1.1 1.2 CONCEITO MÉTODO DE CÁLCULO Total de procedimentos básicos Número de procedimentos realizados em pessoas básicos realizados em comnecessidades especiais no mês. pessoas com necessidades *Conforme a Portaria nº especiais 1.464/GM/MS, de 24/06/2011. Número de procedimentos Total de procedimentos realizados de periodontia deperiodontia no mês. especializada *Conforme a Portaria nº 1.464/GM/MS, de 24/06/2011. 1.3 Número de tratamentos endodônticos realizados 1.4 Número de procedimentos de cirurgia oral realizados 1.5 Número de procedimentos de endodontia em dentes permanentes com 3 ou mais raízes realizados 1.6 Número de procedimentos restauradores realizados em pessoas com necessidades especiais em Total de procedimentos de endodontia no mês. *Conforme a Portaria nº 1.464/GM/MS, de 24/06/2011 Total de procedimentos de cirurgia oral no mês. *Conforme a Portaria nº 1.464/GM/MS, de 24/06/2011. Total de procedimentos de endodontia em dentes permanentes com 3 ou mais raízes no mês. *Conforme a Portaria nº 1.464/GM/MS, de 24/06/2011. Total de procedimentos restauradores realizados em pessoas com necessidades especiais no mês. FONTE SIA/SUS­BPA­I SIA/SUS­BPA­C ou BPA­I SIA/SUS­BPA­C ou BPA­I SIA/SUS­BPA­C ou BPA­I SIA/SUS­BPA­C ou BPA­I SIA/SUS­BPA­I relação ao total de pessoas com necessidades especiais atendidas. *Conforme a Portaria nº 1.464/GM/MS, de 24/06/2011. 4. PROMOÇÃO DA SAÚDE E PREVENÇÃO DE DOENÇAS E AGRAVOS 4.1 PILARES DA PROMOÇÃO DE SAÚDE A promoção de saúde deve ser entendida como estratégia para a reformulação de práticas sanitárias, sendo um dos eixos centrais estabelecidos pelo Sistema Único de Saúde para a construção de uma abordagem integral do processo saúde­doença. (KUSMA et al., 2012). As ações de promoção de saúde devem abarcar políticas públicas saudáveis, de forma a expandir o conceito de saúde, promovendo a qualidade de vida e intervindo sobre os determinantes de saúde que colocam a população em risco. (BRASIL, 2004) A partir da definição de pilares e valores sugerida por Takeda & Harzheim (2006), pilares seriam os suportes para os valores definidos como esteios morais para as estratégias de promoção de saúde. Como pilares (Figura 4), temos: • Equidade: é princípio ético e conceitual, sendo base de práticas de promoção de saúde e requisito fundamental para a saúde e qualidade de vida. Na saúde bucal ainda prevalecem as iniquidades sociais e de saúde, que são as desigualdades evitáveis. Num contexto de deterioração das condições de vida da maioria da população, com o aumento de riscos para a saúde e diminuição dos recursos para enfrentá­los, a ideia central da equidade é que todos tenham a justa oportunidade de obter seu pleno potencial, sem desvantagem para ninguém. • Participação: diz respeito a diferentes grupos participarem na identificação das necessidades ou dos problemas de saúde, sendo co­responsáveis no planejamento e execução das ações. Negociação, informação, avaliação, monitoramento são palavras­chave para a participação, que, visando uma participação integrada, envolve diferentes atores sociais, desde entidades e associações até sujeitos e lideranças parlamentares expressivas. • Sustentabilidade: as ações devem ser ecologicamente corretas, socialmente justas, economicamente viáveis, culturalmente aceitas e psicologicamente saudáveis. Para a promoção de saúde, a sustentabilidade envolve soluções amplas e duradouras construídas de forma articulada com atores sociais de modo a construir novas institucionalidades. Já os valores da promoção de saúde, incluem: • Autonomia: a partir dos valores enunciados pela Carta de Otawa* (1986), o fortalecimento progressivo da autonomia para a tomada de decisão e transformação da realidade é componente fundamental para a promoção de saúde. Liberdade, protagonismo, proatividade social, redes de atenção, pluralidade, subjetividade são as palavras símbolo da autonomia. • Empoderamento: é o processo independente e dinâmico do desenvolvimento político de uma população que permite que pessoas tenham maior controle sobre as decisões e ações que afetam sua saúde. O empoderamento ajuda na transformação da realidade pelo respeito recíproco, participação solidária e cuidado em grupo. • Integralidade: é a concepção holística, abrangente de saúde, que enfatiza a determinação social, econômica e ambiental, considerando as especificidades e potencialidades individuais. A partir da integralidade, podem surgir novas experiências e incorporação de novas tecnologias assistenciais. (MOYSÉS et al., 2008) • Intersetorialidade: são articulações de saberes e experiências de modo compartilhado, baseadas em culturas, linguagem e lugares diferentes. A intersetorialidade visa a construção de soluções inovadoras e conjuntas a partir de conflitos de poderes e interesses, mas que permite a criação de vínculos de corresponsabilidade e cogestão entre os sujeitos e setores envolvidos. • Governança: através dela, indivíduos e instituições exercem poder e autoridade influenciando no planejamento, políticas públicas e estratégias de promoção de saúde. Figura 4. Pilares e valores das promoção da saúde * A Carta de Ottawa é um documento apresentado na Primeira Conferência Internacional sobre Promoção da Saúde, realizado em Ottawa, Canadá, em novembro de 1986. Trata-se de uma Carta de Intenções que busca contribuir com as políticas de saúde em todos os países, de forma equânime e universal. 4.2 DETERMINANTES SOCIAIS DA SAÚDE Em 2004, o Ministério da Saúde (MS) elaborou documento denominado Diretrizes da Política Nacional de Saúde Bucal (PNSB). Essas diretrizes apontam para uma reorganização da atenção em saúde bucal em todos os níveis de atenção e para o desenvolvimento de ações intersetoriais, tendo o conceito de cuidado como eixo de reorientação do modelo, respondendo a uma concepção de saúde não centrada somente na assistência aos doentes, mas, sobretudo, na promoção da boa qualidade de vida e na intervenção dos “fatores que a colocam em risco”, incorporando ações programáticas de uma forma mais abrangente (BRASIL, 2004). A incorporação de critérios de risco no diagnóstico e no tratamento das necessidades é fundamental para agilizar e otimizar recursos, assim como a avaliação do risco individual para doenças bucais é instrumento valioso na organização dos serviços (BRASIL, 2004). Contudo, a promoção da saúde não deve ser entendida apenas como um conjunto de procedimentos destinados a reduzir riscos de doenças (prevenção), pois a focalização nos fatores de risco impede o olhar sobre os determinantes sociais da saúde (DSS); quando se dá mais atenção à doença do que ao sujeito que vive a doença, é que as ações programáticas podem impedir o cuidado integral, equânime, resolutivo, humanizado e dialógico. Não basta, portanto, que os gestores e os profissionais se fixem nas mudanças de comportamentos individuais (SILVA, 2008). Diante desse entendimento, as diversas definições de determinantes sociais da saúde (DSS) expressam, com maior ou menor nível de detalhe, o conceito atualmente bastante generalizado de que as condições de vida e trabalho dos indivíduos e de grupos da população estão relacionadas com sua situação de saúde. São fatores sociais, econômicos, culturais, étnico­raciais, psicológicos e comportamentais que influenciam a ocorrência de problemas de saúde e seus fatores de risco na população (BUSS; PELLEGRINI FILHO, 2007). A Atenção Primária em Saúde (APS) é uma estratégia fundamental do setor saúde orientado pelo enfoque dos DSS, pois ela coloca a equidade como valor central do setor saúde, juntamente com a cobertura universal, a ação intersetorial e a participação social. Sua fortaleza reside em buscar responder às necessidades de indivíduos, famílias e populações, logrando um impacto na sociedade que vai além da saúde, reduzindo a iniquidade social (VAN WEEL; MAESENEER, 2010). Na tentativa de estabelecer de um modo simples, de fácil compreensão e de clara visualização gráfica como os determinantes sociais influenciam na saúde, a Comissão Nacional sobre Determinantes da Saúde escolheu o modelo de Dahlgren e Whitehead (1991) para tal finalidade (Figura 1). Figura 5. Modelo de determinação Dahlgren&Whiteheald, 1991 social da saúde. FONTE: Nesse modelo, os determinantes sociais da saúde proximais, oriundos de comportamentos e estilos de vida, são considerados fatores de risco, os quais são potenciados pelos determinantes sociais intermediários e distais. Os fatores de risco são definidos como características ou atributos cuja presença aumenta a possibilidade de apresentar uma condição de saúde (WHO, 2005; BRASIL, 2008). Levando esse entendimento para o campo da saúde bucal, Frias e Fratucci (2008) descreveram critérios de risco e fatores associados para cárie dentária, tais como determinantes biológicos, contexto familiar e, determinantes socioeconômicos e culturais envolvidos no processo saúde­doença (Figura 6). – Figura 6. Descrição dos critérios de risco e fatores associados em Saúde Bucal para cárie dentária . FONTE: FRIAS; FRATUCCI, 2008. Boing et al (2005) ressaltaram que as variáveis mais frequentemente utilizadas para estratificar a população quanto à cárie e à doença periodontal são: ocupação, escolaridade e renda. Observaram também uma grande participação de estudos brasileiros sobre diferenciais socioeconômicos na distribuição de cárie e doença periodontal. Fernandes e Peres (2005) orientaram quanto às condições socioeconômicas das localidades e a relevância em avaliar a associação das mesmas com as condições de saúde bucal, favorecendo desta forma à formulação de políticas de saúde direcionadas a reduzir desigualdades em saúde, principalmente no acesso e utilização dos recursos. É diante dessa perspectiva que a atenção em saúde bucal, no âmbito de tentar resolver os problemas de saúde­doença bucal instalados, deve interferir diretamente nos seus fatores determinantes (SILVEIRA FILHO, 2008). 4.3. ESTRATÉGIAS DE AÇÃO 4.3.1. ALIMENTAÇÀO SAUDÁVEL A alimentação e nutrição constituem requisitos básicos para a promoção e a proteção da saúde, possibilitando a afirmação plena do potencial de crescimento e desenvolvimento humano, com qualidade de vida e cidadania. A Política Nacional de Alimentação e Nutrição (PNAN), aprovada no ano de 1999, foi revisada e teve sua nova edição publicada em 2011. A PNAN tem o propósito de melhorar as condições de alimentação, nutrição e saúde da população brasileira, através da promoção de práticas alimentares adequadas e saudáveis, a vigilância alimentar e nutricional, a prevenção e o cuidado integral dos agravos relacionados à alimentação e nutrição. Para tanto, está organizada em diretrizes que abrangem o escopo da atenção nutricional no SUS, com foco na vigilância, promoção, prevenção e cuidado integral de agravos relacionados à alimentação e nutrição; atividades essas, integradas às demais ações de saúde nas redes de atenção, tendo a atenção primária como ordenadora das ações. A promoção de práticas de alimentação saudável se inicia com o incentivo ao aleitamento materno. A recomendação do Ministério da Saúde do Brasil é que a mãe amamente por dois anos ou mais, sendo exclusivo nos primeiros seis meses de vida (BRASIL, 2009). A partir deste período, deve­se iniciar a alimentação complementar evitando o uso de açúcares (NASCIMENTO; ISSLEY, 2003). A amamentação natural traz benefícios tanto para a mãe quanto para o bebê. Para a mãe, diminui a ocorrência de câncer de mama e auxilia na involução uterina. Para o lactante, diminui as chances de ocorrência de problemas alérgicos, respiratórios, gastrintestinais, melhora os índices de desenvolvimento cognitivo e motor e favorece o desenvolvimento correto das estruturas da face. Além disso, a amamentação supre a necessidade de sucção do bebê, evitando o uso de chupeta e da sucção do dedo (NASCIMENTO; ISSLEY, 2003). Há controvérsias sobre a cariogenicidade do leite materno, mas foi constatado que não existem evidências científicas que demonstrem relação clara entre o aleitamento materno e a cárie precoce da infância, já que a cárie é uma doença multifatorial e a introdução precoce de sacarose na dieta do lactente e o início tardio de hábitos de higiene oral são fatores que contribuem significativamente com a ocorrência de cárie. A cárie é uma doença que está relacionada com os hábitos dietéticos do indivíduo, pois para que ela ocorra é necessário a presença de açúcar, sendo a sacarose refinada, proveniente da cana­de­açúcar e da beterraba, o açúcar mais cariogênico. É importante ressaltar que outros açúcares também apresentam potencial cariogênico, como a frutose presente nas frutas e os monossacarídeos, dissacarídeos e polissacarídeos, presentes em carboidratos. Além disso, deve­se considerar a frequência de consumo do açúcar, pois quanto maior a frequência do consumo de bebidas e alimentos contendo açúcar, maior o risco de desenvolver a cárie, já que acarreta um desequilíbrio no processo de desmineralização e remineralização que ocorre nos dentes. Outro fator a ser observado é se a pessoa tem diminuição do fluxo salivar (hipossalivação), pois esta também apresenta maior propensão à formação de cáries, devendo­se assim indicar gomas de mascar sem açúcar para estimular o fluxo salivar. A saúde bucal é parte integrante da saúde geral, estando ambas relacionadas. A doença periodontal, por exemplo, tem sido frequentemente associada com distúrbios cardiovasculares e diabetes. Problemas no estado de saúde oral podem causar dor e sofrimento, alterar a capacidade de fala, de alimentação e a qualidade de vida e bem­ estar . Ações recomendadas: ­ Educação em saúde sobre alimentação saudável e nutritiva, incentivando o consumo de alimentos regionais com alto valor nutricional; ­ Estimular o aleitamento materno, enfatizando sua importância e os benefícios; ­ Incentivar a diminuição da frequência diária de consumo de alimentos e bebidas ricos em açúcar; ­ Orientar a população sobre os tipos de açúcares, alimentos com maior potencial cariogênico, uso de adoçantes e alimentos diet; ­ Estimular ações de empoderamento do consumidor para o entendimento da rotulagem geral e nutricional dos alimentos; ­ Apoiar a legislação sobre Cantina Saudável na Escola para que se estenda às escolas privadas; ­ Divulgar o Programa de Regionalização da Merenda Escolar (PREME), que já conta com mais de 50 itens, mostrando sua importância na melhoria da alimentação dos alunos da rede pública, no incentivo à produção de alimentos no Amazonas, além de fortalecer a cultura local; ­ Multiplicar as informações, treinando outras pessoas da equipe de saúde sobre o tema, a fim de que possam também disseminar as orientações às famílias. 4.3.2. PRÁTICA CORPORAL Estudos demonstram uma expressiva correlação entre estilo de vida ativo, menor possibilidade de morte e melhor qualidade de vida. A prática de atividade física também melhora a autoestima e a inclusão social. Em 2004, a Organização Mundial de Saúde (OMS) lançou a Estratégia Global para Alimentação, Atividade Física e Saúde, como um instrumento de promoção geral da saúde para populações e indivíduos e de prevenção do crescimento das doenças crônicas não transmissíveis em todo o mundo. O Ministério da Saúde brasileiro divulgou em 2006, uma Política Nacional de Promoção da Saúde com o intuito de organizar, facilitar o planejamento, realização, análise e avaliação do trabalho em saúde. Em relação à prática de atividade física, essa política sugere que sejam implantadas ações na rede básica de saúde e na comunidade; ações de aconselhamento/divulgação; ações de intersetorialidade e mobilização de parceiros e ações de monitoramento e avaliação. Esportes de impacto, quedas, certas brincadeiras, têm relação com o traumatismo dentário, aumentando o risco em casos de protrusão dental. O trauma ocorre também em situações de violência, acidentes, alterações psíquicas, etc. É importante que o cirurgião­dentista e a equipe de saúde orientem sobre as medidas a serem tomadas na ocorrência de trauma dental. Ações recomendadas: ­ Mapear e apoiar as ações de práticas corporais/atividades físicas existentes nos serviços de Atenção Básica de Saúde da Família, e inserir naqueles onde não há ações; ­ Fazer um levantamento das academias, praças, quadras, centros desportivos e de convivência existentes nas proximidades da Unidade Básica de Saúde para orientar os profissionais destes locais sobre os primeiros procedimentos em caso de ocorrer um trauma dental; ­ Capacitar todos os integrantes da equipe de saúde para que se tornem agentes multiplicadores das informações sobre a importância da prática regular de atividade física, bem como sobre os procedimentos iniciais necessários na ocorrência de trauma dentário; ­ Incentivar a prática de exercício físico rotineira em todos os ciclos de vida; ­ Estimular a inclusão de pessoas com deficiências em projetos de práticas corporais/atividades físicas; ­ Estimular os cuidados com o corpo e motivar o individuo à corresponsabilidade por sua saúde; ­ Estabelecer parcerias com os NASFs (Núcleo de Apoio à Saúde da Familia) e outros órgãos a fim de fornecer assistência integral ao indivíduo através da interdisciplinariedade; ­ Incentivar articulações setoriais para a melhoria das condições dos espaços públicos para a realização de práticas corporais (urbanização, criação de ciclovias e pistas de caminhada, segurança, etc). 4.3.3 PREVENÇÃO À VIOLÊNCIA No campo das políticas de saúde destaca­se a Portaria Nº 737 do Ministério da Saúde de 16 de maio de 2001 que estabeleceu a Política Nacional de Redução da Morbimortalidade por Acidentes e Violências que é dividida em diretrizes. A primeira diretriz da política é a promoção da adoção de comportamentos e de ambientes seguros e saudáveis; a segunda diretriz trata do monitoramento dos acidentes e violências incluindo a capacitação e a mobilização dos profissionais de saúde que atuam em todos os níveis de atendimento do Sistema Único de Saúde (SUS); a terceira diretriz trata da sistematização, ampliação e consolidação do atendimento pré­hospitalar de forma a reduzir a mortalidade dos eventos violentos, através da estímulo a organização e à implantação de serviços de atenção pré­ hospitalar; a quarta diretriz, diz respeito à assistência interdisciplinar e intersetorial às vítimas de acidentes e de violências através da estruturação e organização da rede de serviços do SUS. Ações propostas: Visitas domiciliares para o conhecimento da realidade da família atendida, aproximando a equipe de saúde às situações concretas, a fim de acompanhar a evolução dos indivíduos; Orientação e treinamento dos pais durante a gravidez e primeira infância. Notificação de casos suspeitos ou confirmados de violência contra crianças e adolescentes; mulher e pessoa idosa; Orientar sobre as unidades onde existe serviço de Profilaxia contra abuso sexual, DST/AIDS, anti­gravidez. (ZONA OESTE – Maternidade Moura Tapajóz; ZONA NORTE – Hospital Francisca Mendes; ZONA LESTE – Policlínica Comte Telles; ZONA SUL – Policlínica Antônio Reis). Parceria com os conselhos tutelares; Parceria com os distritos integrados de polícia. Atenção! A notificação é obrigatória nos casos suspeitos ou confirmados de violência contra: Crianças e Adolescentes: de acordo com o Art. 13 da Lei nº 8.069/1990 – Estatuto da Criança e do Adolescente, uma cópia da ficha de notificação deve ser encaminhada aos Conselhos Tutelares e/ou autoridades competentes (Juizado da Infância e Juventude e/ou Ministério Público da localidade). Mulher: de acordo com o Decreto­Lei nº 5.099 de 03/06/2004 e Lei nº 10.778/2003. Pessoa Idosa: de acordo com o Art. 19 da Lei nº 10.741/2003 (Estatuto do Idoso). DISQUE-DENÚNCIA: 0800 92 1407 DISQUE NACIONAL: 100 4.3.4 PREVENÇÃO E CONTROLE DO TABAGISMO, USO DO ÁLCOOL E OUTRAS DROGAS Atualmente, o tabagismo é amplamente reconhecido como uma doença resultante da dependência da nicotina. Essa dependência faz com que os fumantes se exponham continuamente a cerca de 4.720 substâncias tóxicas, fazendo com que o tabagismo seja fator causal a aproximadamente 50 doenças diferentes, destacando­se as doenças respiratórias cardiovasculares, o câncer e as doenças respiratórias obstrutivas crônicas. Devido à sua toxidade, segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS) o tabagismo causa: 5 milhões de mortes no MUNDO ao ano. 200 mil mortes no BRASIL ao ano. O fumo é responsável por 90% dos casos de câncer de pulmão. Dos seis tipos de câncer com maior índice de mortalidade no Brasil, metade (pulmão, colo de útero e esôfago) tem o cigarro como um de seus fatores de risco. Homens acima de 40 anos de idade, fumantes e portadores de próteses mal adaptadas são a população com maior risco para a ocorrência do câncer de boca. Devem ser realizados exames periódicos nos grupos de risco, orientação quanto à realização de autoexame da boca e estímulo à responsabilidade individual pela manutenção da saúde bucal. Os fumantes apresentam maior velocidade de progressão da doença periodontal e maior risco de perda dentária. Portanto, deve­se enfatizar a importância da redução do fumo para manutenção da saúde geral e bucal. As ações do Programa Municipal de Controle do Tabagismo objetivam a promoção da saúde e redução da morbimortalidade por doenças associadas ao tabagismo, oferecendo aos usuários que desejam parar de fumar, métodos eficazes para tratamento da dependência da nicotina, e ações de sensibilização para prevenção, principalmente na adolescência, quando ocorre iniciação ao tabagismo. Tratamento para cessação de fumar O município de Manaus conta com 21 Ambulatórios de Tratamento ao Fumante, 19 instalados em UBSs. Cada ambulatório oferece tratamento e acompanhamento multiprofissional com médico, psicólogo, fisioterapeuta, enfermeiro, nutricionista, odontólogo e assistente social, entre outros profissionais. O tratamento é feito em grupo, por meio de terapia cognitivo­comportamental. Dependendo do quadro clínico, o paciente recebe inclusive medicação de suporte. Estabelecimentos capacitados para a implantação dos Ambulatórios de Tratamento de Fumantes: Zona Norte 1 – UBS Frei Valério – rua Bom Jesus, s/nº – Novo Israel; 2 – UBS Sálvio Belota – rua das Samambaias, nº 786 – Santa Etelvina; 3 – UBS Armando Mendes – rua 05, S/N, Manôa; 4 – UBS Dr. Áugias Gadelha – rua A, nº 15 – Cidade Nova I; 5 – Policlínica Dr. José Antônio da Silva – rua Arueiras, nº 55 – Monte das Oliveiras; 6 – Policlínica Anna Barreto – av. Grande Circular, S/N – Monte Sião; Zona Sul 7 – Policlínica Castelo Branco – rua do Comércio, s/n, Parque 10; 8 – Policlínica Antônio Reis – rua São Luiz, s/n, São Lázaro; Zona Leste 9 – Policlínica Ivone Lima dos Santos – rua 08, s/n Coroado III; 10 – Policlínica Comte Telles – rua J, s/n, Etapa B do bairro São José III; 11 – UBS Dr. Alfredo Campos – rua André Araújo, s/n, Zumbi II; 12­ UBS Amazonas Palhano – rua Antonio Matias, s/n, São José II; Zona Oeste 13 – Módulo de Saúde da Família Vila da Prata – rua Ademar de Barros, s/n, Vila da Prata; 14 – Policlínica Franco de Sá – rua V, nº 150, no bairro Nova Esperança I; 15 – Policlínica Djalma Batista – rua 23 de Dezembro, s/n, Compensa II; 16 – UBS Deodato de Miranda Leão – rua Presidente Dutra, s/n, Glória; 17 – UBS Dom Milton – rua Tiradentes, s/n, Santo Agostinho; 18 – Centro de Internação Provisória Dagmar Feitosa – rua Vivaldo Lima, no 371 – Alvorada; Distrito Rural 19 – Posto de Saúde Rural São Pedro, localizado no Km 35 da rodovia AM­010; 20 – Posto de Saúde Rural Pau Rosa, Km 21 da BR 174, ramal do Pau Rosa; 21 – Centro de Reabilitação em Dependência Química Ismael Abdel Aziz – Km 53, AM­010. As pessoas que desejam participar do programa devem ligar para o Disque – Saúde 0800 280 8 280, para obter informações sobre a unidade de saúde que devem procurar a fim de receber o atendimento especializado. No tratamento para cessação de fumar oferecido pelo Ministério da Saúde, que consiste em oferecer aconselhamento telefônico para deixar de fumar (Disque pare de fumar) é considerado reativo quando os beneficiários procuram o serviço, e ativo/reativo quando as operadoras buscam os indivíduos, conforme as ações listadas a seguir. Serviço: Ouvidoria geral do SUS ­ Número: 136 (gratuito para todo o Brasil) Funcionamento: De segunda a sexta, das 7 às 22h (de Brasília). Sábados e domingos, das 8 às 18h. Orientações para parar de fumar: opção 5 CONSUMO DE ÁLCOOL E OUTRAS DROGAS O consumo excessivo de álcool é um importante fator de risco para morbimortalidade no nosso país, além de ser um fator de risco para acidente vascular cerebral, fibrilação atrial e insuficiência cardíaca, doenças neurológicas, transtornos mentais, cirrose, pancreatite e certos tipos de câncer, como o câncer bucal. O diagnóstico e tratamento precoces da dependência ao álcool têm papel fundamental no prognóstico desse transtorno, o que se amplia em uma perspectiva global de prevenção e promoção da saúde, e se agrava ao constatarmos o despreparo significativo e a desinformação das pessoas que lidam diretamente com o problema, sejam elas usuários, familiares ou profissionais de saúde. Nesse sentido, educar a população é fundamental e as atividades preventivas devem ser orientadas ao fornecimento de informações e discussão dos problemas provocados pelo consumo do álcool, tendo como fundamento uma visão compreensiva do consumo do álcool como fenômeno social, e ao mesmo tempo individual. Na rede municipal, os transtornos oriundos do uso abusivo de álcool e outras drogas são tratados no Centro de Atenção Psicossocial Álcool e outras Drogas Dr. Afrânio Soares (CAPS ad III), localizado na Av. Efigênio Sales, 5, conjunto Jardim Espanha – Aleixo, zona sul, e atende adultos com transtornos e problemas decorrentes do uso abusivo de álcool e outras drogas. O atendimento é feito por meio de demanda espontânea ou de encaminhamento pela rede ampliada de assistência, incluindo os serviços de saúde, de serviço social ou de justiça. O quadro de profissionais inclui médico, assistente social, psicólogo, nutricionista, terapeuta ocupacional, enfermeiro, educador físico e farmacêutico. Uma vez acolhido, o usuário passará pela triagem com a equipe multiprofissional (anamnese). O atendimento pode ser individual ou em grupos, com oficinas terapêuticas, visitas domiciliares, acompanhamento das famílias e atividades comunitárias. 4.3.5. PROMOÇÃO DE SAÚDE EM ESPAÇOS SOCIAIS 4.3.5.1 PROMOÇÃO DE SAÚDE EM ESCOLAS O processo educativo é usado em Odontologia visando a mudanças de comportamento necessárias à manutenção, recuperação e promoção de saúde. As ações tanto educativas, quanto curativas, visam propiciar aos grupos populacionais humanos o mais alto grau de saúde, bem como permitir melhor qualidade de vida. No contexto situacional do espaço escolar, encontram­se diferentes sujeitos, com histórias e papéis sociais distintos – professores, alunos, merendeiras, porteiros, pais, mães, avós, avôs, voluntários, entre outros –, que produzem modos de refletir e agir sobre si e sobre o mundo, e que devem ser compreendidos pelas equipes de Saúde da Família em suas estratégias de cuidado. O Caderno 24, da série CADERNOS DE SAÚDE, do Ministério da Saúde, descreve o Programa Saúde na Escola – PSE que foi instituído pelo Presidente da República, por meio do Decreto nº 6.286, de 5 de dezembro de 2007 (BRASIL, 2007), no âmbito dos Ministérios da Educação e da Saúde, com a finalidade de contribuir para a formação integral dos estudantes da rede pública de Educação Básica por meio de ações de prevenção, promoção e atenção à saúde (BRASIL, 2008). Os principais objetivos deste Programa são: I – Promover a saúde e a cultura de paz, reforçando a prevenção de agravos à saúde; II – Articular as ações da rede pública de saúde com as ações da rede pública de Educação Básica, de forma a ampliar o alcance e o impacto de suas ações relativas aos estudantes e suas famílias, otimizando a utilização dos espaços, equipamentos e recursos disponíveis; III – Contribuir para a constituição de condições para a formação integral de educandos; IV – Contribuir para a construção de sistema de atenção social, com foco na promoção da cidadania e nos direitos humanos; V – Fortalecer o enfrentamento das vulnerabilidades, no campo da saúde, que possam comprometer o pleno desenvolvimento escolar; VI – Promover a comunicação entre escolas e unidades de saúde, assegurando a troca de informações sobre as condições de saúde dos estudantes; VII – Fortalecer a participação comunitária nas políticas de Educação Básica e saúde, nos três níveis de governo. No seu artigo 3º, o PSE aponta, especificamente, as equipes de Saúde da Família para constituir, junto com a Educação Básica, uma estratégia para a integração e a articulação permanente entre as políticas e ações de educação e de saúde, com a participação da comunidade escolar. No artigo 4º, estão citadas as ações de saúde previstas no âmbito do PSE e que devem considerar atividades de promoção, prevenção e assistência em saúde. Em Manaus, as ações dividem­se em: CRECHE/PRÉ-ESCOLA/ EF / EM COMPONENTEI COMPONENTE I – Avaliação das Condições de Saúde OBRIGATÓRIAS PROCEDIMENTOS Avaliação Antropométrica Medição do peso e altura das crianças para avaliação do estado nutricional Promoção e Aval. de Saúde Bucal Avaliação da saúde bucal das crianças, escovação dental supervisionada com creme dental e com flúor Avaliação Oftalmológica Teste do olhinho – 0 a 5 anos Teste de acuidade visual – a partir dos 05 anos (tabela de Snellen). Identificação de sinais de alerta que podem indicar agravos à saúde ocular Verificação de situação vacinal Verificação e atualização da caderneta de vacina Identificação de possíveis sinais de agravos de saúde negligenciados e doenças em eliminação Exame clínico nas crianças para identificação de sinais e ou sintomas de doenças como geohelmintíase, hanseníase, tuberculose, etc. COMPONENTE II – Promoção da Saúde ESSENCIAIS PROCEDIMENTOS COMP. II-CRECHE/PRÉ- ESCOLA ENSINOFUNDAMENTALEMÉDIO/ EJA Promoção da Segurança Alimentar e promoção da alimentação saudável Saúde e Prevenção nas Escolas (SPE): direito sexual e reprodutivo e prevenção das Ações de promoção da saúde: palestras educativas, feiras de ciências, participação em campanhas, etc. DST/AIDS Saúde e Prevenção nas Escolas (SPE): prevenção ao uso de álcool, tabaco, crack e outras drogas Promoção da Cultura da Paz e Direitos Humanos OBS: Ação de prevenção de violências e acidentes (optativa) Promoção da Saúde Mental no território escolar: Criação de grupos intersetoriais de discussão de ações de saúde mental no contexto escolar, em articulação com GTI-M Fortificação da alimentação infantil com micronutrientes (vitaminas e minerais) em pó COMPONENTE III – Formação (Capacitação dos Profissionais de Saúde e da Educação ) OBRIGATÓRIAS COMP. III - FORMAÇÃO Capacitar os profissionais da saúde em Vigilância Alimentar e Nutricional. Capacitar profissionais para trabalhar com as temáticas: Promoção da Alimentação Saudável Formação de profissionais da saúde e educação sobre a importância e uso da fortificação da alimentação infantil com micronutrientes (estratégia NutriSUS) nas Creches Capacitar os profissionais para trabalhar com as temáticas: prevenção ao uso de álcool, tabaco, crack e outras drogas. Capacitar os profissionais para trabalharem com direitos sexuais e direitos reprodutivos e prevenção das DST/AIDS Formação de profissionais para prevenção das violências O parágrafo único do artigo 4º diz textualmente que [...]as equipes de Saúde da Família realizarão visitas periódicas e permanentes às escolas participantes do PSE para avaliar as condições de saúde dos educandos, bem como para proporcionar o atendimento à saúde ao longo do ano letivo, de acordo com as necessidades locais de saúde identificadas. (BRASIL, 2007). Essas diretrizes estão em conformidade com a Política Nacional de Atenção Básica (BRASIL, 2006) em relação às atribuições das equipes de Saúde da Família, na qual se destaca: Médico, enfermeiro e odontólogo: participar ativamente do planejamento e execução do processo de avaliação nutricional nas escolas e das atividades educativas; realizar ações de promoção de saúde alimentar e trabalhos com grupos no ambiente escolar, dirigidos aos alunos, professores, funcionários e pais dos alunos; estudar, elaborar e/ou divulgar material educativo sobre obesidade, diabetes, sedentarismo, prática de atividade física, hábitos alimentares e estilos de vida, mudanças de comportamento, entre outros; aferir dados antropométricos de peso e altura, avaliar o IMC dos escolares. Nesse processo, identificar casos de maior risco à saúde e realizar consulta clínica em ambulatório e/ou domicílios e, quando for necessário, com o apoio de outros profissionais; participar e coordenar atividades de educação permanente no âmbito da saúde e nutrição, sob a forma da coparticipação, acompanhamento supervisionado, discussão de caso e demais metodologias da aprendizagem em serviço, participar das reuniões de equipe de planejamento e avaliação. Cirurgião-Dentista - Identificar as necessidades dos escolares em saúde bucal, bem como o tratamento e monitoramento das condições que exijam intervenção; exercer as atribuições que lhes são conferidas na Política Nacional de Atenção Básica. Auxiliar em Saúde Bucal (ASB) e Técnico em Saúde Bucal (TSB): Identificar as necessidades dos escolares em saúde bucal, bem como o tratamento e monitoramento das condições que exijam intervenção, sob supervisão do cirurgião­ dentista; exercer as atribuições que lhes são conferidas na Política Nacional de Atenção Básica. Auxiliar de enfermagem: estimular a participação comunitária para ações que visem à melhoria da qualidade de vida da comunidade; participar da realização das ações de promoção de saúde nas escolas; aferir os dados antropométricos de peso e altura; identificar com os agentes comunitários de saúde (ACS) famílias dos alunos em risco nutricional; participar das atividades de educação permanente no âmbito da saúde e nutrição, sob a forma da coparticipação, acompanhamento supervisionado, discussão de caso e demais metodologias da aprendizagem em serviço; e participar das reuniões de equipe de planejamento e avaliação. Agente comunitário de saúde: estimular a participação e sensibilizar a comunidade para as ações de saúde escolar; participar das ações de promoção de saúde, orientação de alimentação saudável e prevenção do excesso de peso, em conjunto com os demais profissionais da equipe; identificar, com os auxiliares de enfermagem (ACS), famílias dos alunos em risco nutricional; contribuir para a identificação de estratégias para melhoria do estado nutricional nas escolas e nas famílias dos alunos; participar das atividades de educação permanente no âmbito da saúde e nutrição, sob a forma da coparticipação, acompanhamento supervisionado, discussão de caso e demais metodologias da aprendizagem em serviço; e participar das reuniões de equipe de planejamento e avaliação. Equipe do NASF: estimular e oferecer apoio para o desenvolvimento das ações de saúde escolar, de acordo com as necessidades evidenciadas pelas equipes básicas; e participar da construção de planos e abordagens terapêuticas em comum com os profissionais das equipes de Saúde da Família. O QUE FAZER, COMO FAZER E QUEM VAI FAZER? O QUE FAZER COMO FAZER QUEM VAI FAZER Contato com os dirigentes da escola, para Cirurgião­dentista, agendamento dos exames com apoio do ACS Levantamento das condições de saúde bucal de acordo com os índices e critérios propostos pela OMS : Levantamento das necessidades de saúde bucal Tratamento e monitoramento das necessidades • Anormalidades dentofaciais (índice de má­oclusão); • Índice de estética dental (análise da dentição, espaço e oclusão); • Fluorose dentária; • Cárie dentária e necessidade de tratamento; • Doença periodontal: índice periodontal comunitário (para escolares acima de 12 anos). Cirurgião­dentista, com apoio do TSB, do ASB e do ACS Agendamento para a realização das Cirurgião­dentista, intervenções necessárias, de acordo com com apoio do TSB capacidade clínica instalada da rede de de saúde bucal identificadas serviços de saúde bucal Higiene bucal supervisionada semanal (fio TSB, com apoio do dental + escovação) ASB Evidenciação de placa bacteriana TSB, com apoio do ASB Inserção de ações Participação nas reuniões de de Promoção da saúde no projeto planejamento escolar para pactuar realização de atividades de saúde bucal político­ pedagógico das escolas Incorporação de temas relevantes à saúde bucal como parte dos projetos pedagógicos de modo a garantir a realização, durante o ano letivo, de atividades pedagógicas previstas no plano de trabalho da escola, sobre temas referentes à saúde, envolvendo a comunidade escolar (pais, famílias, Cirurgião­dentista e TSB a Elaboração e produção de material Médico, enfermeiro didático­pedagógico abordando temas de e Cirurgião­Dentista saúde, contemplando os seguintes temas de saúde bucal: A boca e os dentes: • Noções gerais sobre a anatomia da boca • Os dentes: funções, partes,diferenças morfológicas, dentição decídua e dentição permanente Medidas preventivas: • Importância da prevenção manutenção da saúde bucal • Técnica de higiene bucal: escovação e uso do fio dental • Flúor: importância como método preventivo e os riscos de fluorose Placa bacteriana, cárie e para a doença professores) periodontal: • Conceito de placa bacteriana, cárie e doença periodontal • Evolução das lesões de cárie • Caracterização da cárie como doença • Relacionar saúde geral e saúde bucal a Hábitos saudáveis: • Importância da alimentação saudável para a manutenção da saúde geral e da saúde bucal • Controle da ingestão de alimentos cariogênicos • Controle do uso de tabaco, álcool e outras drogas Capacitação dos professores para Cirurgião­dentista trabalharem os temas de saúde bucal com com apoio do TSB os escolares Planejamento e desenvolvimento das Cirurgião­dentista, atividades de educação em saúde bucal, TSB, ASB, ACS e abordando os temas propostos professores anteriormente, por meio de: debates, oficinas de saúde, vídeos, teatro, conversas em grupo, cartazes, folhetos e outros meios. Capacitação de líderes estudantis para Cirurgião­dentista serem multiplicadores dos temas de saúde com apoio do TSB bucal Desenvolvimento Assegurar a oferta de alimentos saudáveis Médico, Enfermeiro, nas cantinas escolares Cirurgião­Dentista, de política de ambiente saudável nas escolas Técnicos de Propor política de restrição ao uso de Enfermagem e de tabaco, álcool e outras drogas no ambiente Saúde Bucal; escolar Auxiliar de Enfermagem; ACS CONTEXTUALIZANDO O PSE NO MUNICIPIO DE MANAUS 1ª Adesão do município de Manaus ao PSE: Dezembro/2008 Aprovação do Projeto de Implantação do PSE no Conselho Municipal de Saúde: Fevereiro/2009. Início das estratégias de implementação do PSE: 1º semestre/2009 ABRANGÊNCIA DO PSE NA SAÚDE E EDUCAÇÃO DESDE SUA IMPLANTAÇÃO NO MUNICÍPIO DE MANAUS ANO EDUCAÇÃO SAÚDE 2009 15 Escolas (13 EM e 02 EE) 15 ESF – 07 ESB + 01 UBS 2010 22 Escolas (16 EM e 06 EE) 36 ESF – 18 ESB + 13 UBS´S 2011 63 Escolas (40 EM e 23 EE) 62 ESF – 27 ESB 2012 86 Escolas (58 EM e 28 EE) 81 ESF – 37 ESB 2013 128 Escolas (88 EM e 40 EE) 116 ESF + 12 UBS 2014 147 Escolas (99 EM e 48 EE) 134 ESF + 11 UBS 2015 147 Escolas (99 EM e 48 EE) 134 ESF + 11 UBS GESTÃO E MONITORAMENTO DO PSE EM MANAUS: Grupo de Trabalho Intersetorial­ GTI­M, composto por técnicos da SEMSA, SEMED, SEDUC e SUSAM; Setor do Programa Saúde na Escola/GAP/DAP Núcleos de Monitoramentos Distritais – NMD (Norte, Sul, Leste, Oeste e Rural), compostos por técnicos dos distritos de saúde e educação (SEMED e SEDUC) NASF – NÚCLEO DE APOIO À SAÚDE DA FAMÍLIA Segundo a Política Nacional de Atenção Básica (PNAB), os Núcleos de Apoio à Saúde da Família são equipes multiprofissionais, constituídas por diversas especialidades, que devem atuar de modo integrado e no apoio aos profissionais das equipes de Saúde da Família (SF) e das equipes de Atenção Básica (AB) para populações específicas (Consultórios na Rua, equipes ribeirinhas e fluviais). Ao compartilhar práticas e saberes em saúde com as equipes apoiadas, auxiliam no manejo ou resolução de problemas clínicos e sanitários, agregando práticas que ampliem o seu escopo de ofertas (BRASIL, 2011). O NASF constitui­se retaguarda especializada às equipes de AB/SF, atuando “in loco”. Desenvolve trabalho compartilhado e colaborativo em no mínimo duas dimensões: clínico­assistencial e técnico­pedagógica. A primeira incide na ação clínica direta com os usuários; e a segunda em ações de apoio educativo com e para as equipes. O apoio e a atuação do NASF também podem ocorrer por meio de ações envolvendo coletivos, tais como ações sobre os riscos e vulnerabilidades populacionais ou mesmo em relação ao processo de trabalho coletivo de uma equipe (Ministério da Saúde, Brasília, 2014). Em Manaus, o NASF encontra­se estruturado da seguinte forma: 1. Localização dos NASF Implantados: Distrito de Saúde Leste (DISAL) • • • UBS Ivone Lima – em funcionamento desde setembro/2013 UBS Josephina de Melo – em funcionamento desde fevereiro/2014 UBS Silas Santos ­ em funcionamento desde fevereiro/2014 2. Equipes apoiadas e efetivamente vinculadas aos respectivos NASF: EQUIPE NASF CNES EQUIPES ESF VINCULADAS TERRITÓRIO/BAIRRO IVONE LIMA 3027163 UBS Ivone Lima (ESF 117, 128, 135, 148) e ESF 127 OURO VERDE JOSEPHINA MELLO 5882664 UBS Josephina Mello (ESF 139, 141), UBSF 102, 103, 104 e 105 JORGE TEIXEIRA SILAS SANTOS 5613094 UBS Silas Santos (ESF 138) e L­11 (137), L­06, L­25 (143) e L­46 SÃO JOSÉ OPERÁRIO Obs.: de fato as equipes vinculadas ao NASF são as supracitadas, mas no sistema de informação (CNES) constam outras, devido algumas estarem inativas por falta de profissionais, inviabilizando a vinculação. 3. Composição das Equipes NASF CATEGORIA NASF IVONE LIMA NASF NASF JOSEPHINA TURNO MELLO SILAS TURNO SANTOS TURNO FISIOTERAPEUTA 01 M 01 T 01 M ASSIST. SOCIAL 01 M 02 M 01 T NUTRICIONISTA 02 M - M 01 T FARMAC. CLÍNICO 01 PEDIATRA 01 T M 01 - M ­ 01 - M ­ T. OCUPACIONAL 01 EDUCADOR FÍSICO 01 PSICÓLOGO - M M - 01 01 01 M M T 01 01 M/T M - Fonte: CNESweb, 18.06.2016 4.3.5.2 PROMOÇÃO DE SAÚDE EM ÁREA RURAL O município de Manaus tem por limites os municípios de Rio Preto da Eva; Itacoatiara; Careiro da Várzea; Iranduba; Novo Airão e Presidente Figueiredo (lei orgânica municipal). O isolamento geográfico de algumas comunidades torna difícil o acesso a alguns serviços públicos e consolida­se como desafio diário a ser vencido principalmente no âmbito da saúde. Tais limitações, tem implicações na qualidade de vida, de trabalho, de nutrição e influenciam no agravo da saúde das pessoas. Torna­se necessário uma constante intervenção sanitária no ambiente, além de medidas sociais adequadas à integração comunitária. Uma abordagem focada no desenvolvimento social, nas condições de vida e saúde, permitindo chegar em estratégias de prevenção tendo como objeto central a tríade doença­cuidado­saúde (RIBEIRO, 2011) Existem unidades rurais terrestres no entorno de Manaus que se localizam na comunidade São Pedro e Ephigênio Sales (AM 010), Pau Rosa (BR 174); unidades rurais fluviais instaladas nas comunidades Livramento, Fátima e Auxiliadora às margens do rio; e ainda a Unidade Básica de Saúde Fluvial (UBSF), que consiste em um barco devidamente adaptado aos serviços de saúde que cobrem o restante das comunidades na calha do rio Negro e Amazonas. As unidades terrestres funcionam com a mesma sistemática que outras UBS. Nas fluviais a rotina de atendimento varia de 3 a 4 vezes na semana dependendo da distancia e das condições do rio, tendo em vista a segurança da equipe que segue de barco ate o posto de saúde na comunidade ribeirinha. - A Unidade Básica de Saúde Fluvial (UBSF), utiliza embarcação adaptada para o uso ambulatorial – Barco Catuiara, contendo consultórios, salas de procedimento e de vacina, farmácia e laboratório. A UBSF conta com uma equipe multidisciplinar composta de médicos, enfermeiros, cirurgiões dentistas, bioquímico, assistente social, técnicos de enfermagem e auxiliares de saúde bucal. Existem duas equipes odontológicas que atuam na UBSF que revezam o atendimento entre os rios Negro e Amazonas. Cada viagem dura em média de 7 a 10 dias. Conta, ainda, com o apoio de Agentes Comunitários de Saúde (ACS) presentes nas comunidades atendidas. Com o desenvolvimento das atividades da UBSF, podemos destacar a implantação e a consolidação de ações na área de saúde da mulher (prevenção do câncer de colo de útero e mama, planejamento familiar e pré­natal), saúde da criança, saúde bucal, controle da hipertensão arterial e diabetes, erradicação da hanseníase e controle da tuberculose, nas comunidades ribeirinhas de Manaus. Destacamos também, a continuidade e a integralidade das ações, sendo implantado um sistema de regulação das referências. Entre as estratégias adotadas, as UBSFs tem demonstrado bons resultados, possibilitando o acesso à saúde de populações geograficamente isoladas e resolvendo, mesmo que parcialmente, o problema da fixação de profissionais nessas áreas. A continuidade das ações é outro ponto positivo, permitindo a construção e o acompanhamento de indicadores relacionados à saúde na área rural ribeirinha do Amazonas. O desenvolvimento das ações através do uso de unidade básica de saúde fluvial, com uma equipe multidisciplinar, tem por objetivos: ampliar o acesso aos serviços de saúde para as populações ribeirinhas dos Rios Negro e Amazonas; desenvolver ações de prevenção de doença das populações ribeirinhas dos Rios Negro e Amazonas; desenvolver ações de promoção, assistência e reabilitação da saúde das populações ribeirinhas dos Rios Negros e Amazonas; construir indicadores para o acompanhamento das ações desenvolvidas nas áreas ribeirinhas dos Rios Negro e Amazonas; possibilitar a continuidade das ações de saúde desenvolvidas nas comunidades ribeirinhas dos Rios Negros e Amazonas; possibilitar a fixação de profissionais de saúde para o desenvolvimento das ações de saúde nas comunidades ribeirinhas dos Rios Negro e Amazonas. 4.3.5.3 PROMOÇÃO DE ODONTOLÓGICA – UMO SAÚDE NA UNIDADE MÓVEL DE SAÚDE O Ministério da Saúde, objetivando ofertar serviços odontológicos para as populações de locais que apresentam maior dificuldade de acesso aos serviços de saúde, localizados predominantemente nas áreas rurais e vazios assistenciais, implantou o Componente Móvel da Atenção à Saúde Bucal – Unidade Móvel de Saúde Odontológica (UMO). A Portaria nº 2.371/GM/MS, de 07 de outubro de 2009, instituiu, no âmbito da Política Nacional de Atenção Básica, o Componente Móvel da Atenção à Saúde Bucal. Essas Unidades Odontológicas Móveis (UOM) são consultórios odontológicos estruturados em veículos devidamente adaptados e equipados para o desenvolvimento de ações de atenção à saúde. São compostos por: I) Veículo devidamente adaptado para a finalidade de atenção à saúde bucal e equipado com: Cadeira odontológica completa, kit de peça de mão contendo caneta de alta e baixa rotação, compressor odontológico, aparelho amalgamador, aparelho fotopolimerizador, equipamento de profilaxia e autoclave; II) Instrumentais e materiais permanentes odontológicos; III) Equipes de Saúde Bucal modalidade I ou II. Os profissionais das modalidades I ou II podem desenvolver parte de suas atividades em Unidade Odontológica Móvel (UOM), conforme prevê a portaria GM/MS nº 3.012 de 26.12.2012). Em Manaus existem 5 (cinco) containers que atuam nos grandes vazios existenciais da cidade, objetivando aproximar os serviços de saúde à população, principalmente em áreas onde as pessoas tem mais dificuldade de acesso ao atendimento. Atuam também como apoio em comunidades rurais na AM­010 e BR 179, eventualmente realizam a cobertura no abrigo de menores infratores Centro Sócio­Educativo Dagmar Feitoza e abrigos de criança e adolescente em situação de risco como, por exemplo, o Abrigo Monte Salem, atuando também na cobertura do Programa Saúde na Escola – PSE, além de atuar em datas específicas do calendário da saúde. As Unidades móveis participam na execução do Programa Saúde Manaus Itinerante ­ PSMI que amplia os serviços em diversos bairros da capital amazonense. (fonte: semsa.manaus.am.gov.br) Os containers atuam nos cinco distritos de saúde, utilizam a rede elétrica e abastecimento de água pública. Contam com dois consultórios odontológicos. Caso haja interrupção da rede elétrica contam com gerador próprio. Os containers são terceirizados por empresa privada via licitação. Os instrumentais e materiais permanentes são adquiridos e instalados pelo Gestor Municipal do SUS, que também é o responsável pelos recursos humanos que compõe as equipes. As Equipes de Saúde Bucal atenderão nas UMOs, seguindo os princípios e diretrizes definidos pela Política Nacional de Saúde Bucal, atuando para garantir as ações de promoção, prevenção, recuperação e manutenção da saúde bucal das populações. 5. OS PROFISSIONAIS DE SAÚDE BUCAL E O PROCESSO DE TRABALHO NA ATENÇÃO PRIMÁRIA 5.1 OS PROFISSIONAIS DE SAÚDE BUCAL Cirurgião­Dentista – CD Deve possuir graduação em odontologia, com diploma reconhecido pelo Ministério da Educação, e estar devidamente inscrito no Conselho Regional de Odontologia do Amazonas (CRO­AM). Carga­horária semanal: 20h e 40h (Estratégia Saúde da Família ­ ESF) Auxiliar em Saúde Bucal – ASB Deve ter concluído o ensino fundamental e o curso de formação em ASB com carga­horária mínima de 300h de aula e ser inscrito no CRO­AM. Carga­horária semanal: 30h e 40h (Estratégia Saúde da Família ­ ESF) Técnico em Prótese Dentária – TPD Deve possuir diploma ou certificado de conclusão de curso de Prótese Dentária e inscrição no CRO­AM. Este cargo foi criado pela Secretaria Municipal de Saúde em 2015. Carga­horária semanal: 30h Técnico em Saúde Bucal –TSB Deve ter concluído o ensino médio e o curso de formação técnica em saúde bucal, com duração de 1.200 h, ainda, estar inscrito no CRO­AM. Carga­horária semanal: 30h e 40h (Estratégia Saúde da Família ­ ESF) 5.2 AS COMPETÊNCIAS DOS PROFISSIONAIS DA EQUIPE DE SAÚDE BUCAL NA ATENÇÃO PRIMÁRIA. De acordo com a Consolidação das Normas para Procedimentos nos Conselhos de Odontologia (2012), as competências dos profissionais de Odontologia, são: Compete ao cirurgião­dentista: a) praticar todos os atos pertinentes à Odontologia decorrentes de conhecimentos adquiridos em curso regular ou em cursos de pós­graduação; b) prescrever e aplicar especialidades farmacêuticas de uso interno e externo, indicadas em Odontologia; c) atestar, no setor de sua atividade profissional, estados mórbidos e outros, inclusive para justificação de falta ao emprego; d) proceder à perícia odontolegal em foro civil, criminal, trabalhista e em sede administrativa; e) aplicar anestesia local e troncular; f) empregar a analgesia e a hipnose, desde que comprovadamente habilitado, quando constituírem meios eficazes para o tratamento; g) manter, anexo ao consultório, laboratório de prótese, aparelhagem e instalação adequadas para pesquisas e análises clínicas, relacionadas com os casos específicos de sua especialidade, bem como aparelhos de Raios X, para diagnóstico, e aparelhagem de fisioterapia; h) prescrever e aplicar medicação de urgência no caso de acidentes graves que comprometam a vida e a saúde do paciente; i) utilizar, no exercício da função de perito­odontológico, em casos de necropsia, as vias de acesso do pescoço e da cabeça. Compete ao auxiliar em saúde bucal, sempre sob a supervisão do cirurgião­ dentista ou o técnico em saúde bucal: a) organizar e executar atividades de higiene bucal; b) processar filme radiográfico; c) preparar o paciente para o atendimento; d) auxiliar e instrumentar os profissionais nas intervenções clínicas, inclusive em ambientes hospitalares; e) manipular materiais de uso odontológico; f) selecionar moldeiras; g) preparar modelos em gesso; h) registrar dados e participar da análise das informações relacionadas ao controle administrativo em saúde bucal; i) executar limpeza, assepsia, desinfecção e esterilização do instrumental, equipamentos odontológicos e do ambiente de trabalho; j) realizar o acolhimento do paciente nos serviços de saúde bucal; k) aplicar medidas de biossegurança no armazenamento, transporte, manuseio e descarte de produtos e resíduos odontológicos; l) desenvolver ações de promoção da saúde e prevenção de riscos ambientais e sanitários; m) realizar em equipe levantamento de necessidades em saúde bucal; e, n) adotar medidas de biossegurança visando ao controle de infecção. Compete ao técnico em saúde bucal, sempre sob supervisão com a presença física do cirurgião­dentista, na proporção máxima de 1 (um) CD para 5 (cinco) TSBs, além das de auxiliar em saúde bucal, as seguintes atividades: a) participar do treinamento e capacitação de auxiliar em saúde bucal e de agentes multiplicadores das ações de promoção à saúde; b) participar das ações educativas atuando na promoção da saúde e na prevenção das doenças bucais; c) participar na realização de levantamentos e estudos epidemiológicos, exceto na categoria de examinador; d) ensinar técnicas de higiene bucal e realizar a prevenção das doenças bucais por meio da aplicação tópica do flúor, conforme orientação do cirurgião­dentista; e) fazer a remoção do biofilme, de acordo com a indicação técnica definida pelo cirurgião­dentista; f) supervisionar, sob delegação do cirurgião­dentista, o trabalho dos auxiliares de saúde bucal; g) realizar fotografias e tomadas de uso odontológicos exclusivamente em consultórios ou clínicas odontológicas; h) inserir e distribuir no preparo cavitário materiais odontológicos na restauração dentária direta, vedado o uso de materiais e instrumentos não indicados pelo cirurgião­dentista; i) proceder à limpeza e à antissepsia do campo operatório, antes e após atos cirúrgicos, inclusive em ambientes hospitalares; j) remover suturas; k) aplicar medidas de biossegurança no armazenamento, manuseio e descarte de produtos e resíduos odontológicos; l) realizar isolamento do campo operatório; e, m) exercer todas as competências no âmbito hospitalar, bem como instrumentar o cirurgião­dentista em ambientes clínicos e hospitalares. Com base na PORTARIA MS/GM Nº 2.488, de 21 de outubro de 2011, as atribuições dos membros das equipes de saúde bucal na Atenção Básica, são: 1 –Atribuições comuns a todos os profissionais I – participar do processo de territorialização e mapeamento da área de atuação da equipe, identificando grupos, famílias e indivíduos expostos a riscos e vulnerabilidades; II – manter atualizado o cadastramento das famílias e dos indivíduos no sistema de informação indicado pelo gestor municipal e utilizar, de forma sistemática, os dados para a análise da situação de saúde considerando as características sociais, econômicas, culturais, demográficas e epidemiológicas do território, priorizando as situações a serem acompanhadas no planejamento local; III – realizar o cuidado da saúde da população adscrita, prioritariamente no âmbito da unidade de saúde, e quando necessário no domicílio e nos demais espaços comunitários (escolas, associações, entre outros); IV – realizar ações de atenção a saúde conforme a necessidade de saúde da população local, bem como as previstas nas prioridades e protocolos da gestão local; V – garantir da atenção a saúde buscando a integralidade por meio da realização de ações de promoção, proteção e recuperação da saúde e prevenção de agravos; e da garantia de atendimento da demanda espontânea, da realização das ações programáticas, coletivas e de vigilância à saúde; VI – participar do acolhimento dos usuários realizando a escuta qualificada das necessidades de saúde, procedendo a primeira avaliação (classificação de risco, avaliação de vulnerabilidade, coleta de informações e sinais clínicos) e identificação das necessidades de intervenções de cuidado, proporcionando atendimento humanizado, se responsabilizando pela continuidade da atenção e viabilizando o estabelecimento do vínculo; VII – realizar busca ativa e notificar doenças e agravos de notificação compulsória e de outros agravos e situações de importância local; VIII – responsabilizar­se pela população adscrita, mantendo a coordenação do cuidado mesmo quando esta necessita de atenção em outros pontos de atenção do sistema de saúde; IX – praticar cuidado familiar e dirigido a coletividades e grupos sociais que visa propor intervenções que influenciem os processos de saúde doença dos indivíduos, das famílias, coletividades e da própria comunidade; X – realizar reuniões de equipes a fim de discutir em conjunto o planejamento e avaliação das ações da equipe, a partir da utilização dos dados disponíveis; XI – acompanhar e avaliar sistematicamente as ações implementadas, visando à readequação do processo de trabalho; XII – garantir a qualidade do registro das atividades nos sistemas de informação na Atenção Básica; XIII – realizar trabalho interdisciplinar e em equipe, integrando áreas técnicas e profissionais de diferentes formações; XIV – realizar ações de educação em saúde à população adstrita, conforme planejamento da equipe; XV – participar das atividades de educação permanente; XVI – promover a mobilização e a participação da comunidade, buscando efetivar o controle social; XVII – identificar parceiros e recursos na comunidade que possam potencializar ações intersetoriais; e XVIII – realizar outras ações e atividades a serem definidas de acordo com as prioridades locais. 2­ Atribuições específicas do Cirurgião-Dentista (CD): I – realizar diagnóstico com a finalidade de obter o perfil epidemiológico para o planejamento e a programação em saúde bucal; II – realizar a atenção a saúde em saúde bucal (promoção e proteção da saúde, prevenção de agravos, diagnóstico, tratamento, acompanhamento, reabilitação e manutenção da saúde) individual e coletiva a todas as famílias, a indivíduos e a grupos específicos, de acordo com planejamento da equipe, com resolubilidade; III – realizar os procedimentos clínicos da Atenção Básica em saúde bucal, incluindo atendimento das urgências, pequenas cirurgias ambulatoriais e procedimentos relacionados com a fase clínica da instalação de próteses dentárias elementares; IV – realizar atividades programadas e de atenção à demanda espontânea; V – coordenar e participar de ações coletivas voltadas à promoção da saúde e à prevenção de doenças bucais; VI – acompanhar, apoiar e desenvolver atividades referentes à saúde bucal com os demais membros da equipe, buscando aproximar e integrar ações de saúde de forma multidisciplinar; VII – realizar supervisão técnica do Técnico em Saúde Bucal (TSB) e Auxiliar em Saúde Bucal (ASB); e VIII – participar do gerenciamento dos insumos necessários para o adequado funcionamento da UBS. 3­ Atribuições específicas do Auxiliar em Saúde Bucal (ASB): I – realizar ações de promoção e prevenção em saúde bucal para as famílias, grupos e indivíduos, mediante planejamento local e protocolos de atenção à saúde; II – realizar atividades programadas e de atenção à demanda espontânea; III – executar limpeza, assepsia, desinfecção e esterilização do instrumental, equipamentos odontológicos e do ambiente de trabalho; IV – auxiliar e instrumentar os profissionais nas intervenções clínicas; V – realizar o acolhimento do paciente nos serviços de saúde bucal; VI – acompanhar, apoiar e desenvolver atividades referentes à saúde bucal com os demais membros da equipe de saúde da família, buscando aproximar e integrar ações de saúde de forma multidisciplinar; VII – aplicar medidas de biossegurança no armazenamento, transporte, manuseio e descarte de produtos e resíduos odontológicos; VIII – processar filme radiográfico; IX – selecionar moldeiras; X – preparar modelos em gesso; XI – manipular materiais de uso odontológico; e X – participar na realização de levantamentos e estudos epidemiológicos, exceto na categoria de examinador. 4­ Atribuições específicas do Técnico em Saúde Bucal (TSB): I – realizar a atenção em saúde bucal individual e coletiva a todas as famílias, a indivíduos e a grupos específicos, segundo programação e de acordo com suas competências técnicas e legais; II – coordenar a manutenção e a conservação dos equipamentos odontológicos; III – acompanhar, apoiar e desenvolver atividades referentes à saúde bucal com os demais membros da equipe, buscando aproximar e integrar ações de saúde de forma multidisciplinar; IV – apoiar as atividades dos ASB e dos ACS nas ações de prevenção e promoção da saúde bucal; V – participar do gerenciamento dos insumos necessários para o adequado funcionamento da UBS; VI – participar do treinamento e capacitação de Auxiliar em Saúde Bucal e de agentes multiplicadores das ações de promoção à saúde; VII – participar das ações educativas atuando na promoção da saúde e na prevenção das doenças bucais; VIII – participar na realização de levantamentos e estudos epidemiológicos, exceto na categoria de examinador; IX – realizar atividades programadas e de atenção demanda espontânea; X – realizar o acolhimento do paciente nos serviços de saúde bucal; XI – fazer a remoção do biofilme, de acordo com a indicação técnica definida pelo cirurgião­dentista; XII – realizar fotografias e tomadas de uso odontológicos exclusivamente em consultórios ou clínicas odontológicas; XIII – inserir e distribuir no preparo cavitário materiais odontológicos na restauração dentária direta, vedado o uso de materiais e instrumentos não indicados pelo cirurgião­dentista; XIV – proceder à limpeza e à antissepsia do campo operatório, antes e após atos cirúrgicos, inclusive em ambientes hospitalares; e XV – aplicar medidas de biossegurança no armazenamento, manuseio e descarte de produtos e resíduos odontológicos. 5.3 5.3.1 O PROCESSO DE TRABALHO ORGANIZAÇÃO DO PROCESSO DE TRABALHO 5.3.1.1 ATIVIDADES CLÍNICAS Qualquer intervenção clínica na região bucal realizada pelo cirurgião dentista (CD), técnico em saúde bucal (TSB) e auxiliar em saúde bucal (ASB). São intervenções individuais. O TSB e ASB podem realizar procedimentos odontológicos, desde que indicados e supervisionados (de forma direta) pelo CD, de acordo com a legislação, atribuições profissionais regulamentadas e protocolos institucionais. O apoio clínico do TSB deve ser sempre considerado para aumentar o acesso com qualidade ao atendimento. O atendimento clínico pode ser realizado dentro da clínica odontológica ou outros ambientes. Exemplos: • Pacientes acamados atendidos nos próprios domicílios pelo CD (com ou sem a utilização do equipamento móvel); • Manutenção de pacientes acamados indicada pelo CD e realizada pelo TSB (sob supervisão indireta); • Adequação de meio bucal para crianças de CMEIS ou casas/ lares por meio da estratégia de ART (tratamento restaurador atraumático) 5.3.1.2 ATIVIDADES NÃO CLÍNICAS São atividades relacionadas ao diagnóstico do território (UBS ou microárea): Busca ativa de pessoas ou grupos; Planejamento local; Gestão de caso; Reuniões em geral: com a equipe de Saúde da Família, comunidade, outros técnicos, gerenciais; Visitas domiciliares; Atividades coletivas. 5.3.1.3 ESTRATIFICAÇÃO DE RISCO A estratificação de risco deve ser feita pelo cirurgião­dentista, sempre na primeira consulta individual agendada. O objetivo da estratificação de risco é o de permitir a priorização do atendimento aos que tem maior risco e atividade de doença e definir o planejamento terapêutico de cada usuário. Na estratificação de risco, o profissional deve levar em consideração os fatores determinantes de risco, não só biológicos e odontológicos, mas também os comportamentais, culturais e socioeconômicos. A determinação do risco individual deve ser anotada no prontuário do usuário, servindo de base para o plano de tratamento e o posterior monitoramento da saúde bucal dele. A Estratificação de Risco em Saúde Bucal O conceito de risco tem sido bastante enfatizado na literatura odontológica, com fortes evidências científicas e clínicas de sua utilização na prática clínica individual e na Saúde Coletiva. A determinação de fatores de risco para as doenças bucais, principalmente a doença cárie e a doença periodontal, tem merecido um grande número de estudos, visando estabelecer critérios para o diagnóstico precoce e o pronto­atendimento e principalmente para o monitoramento dos pacientes ao longo do tempo. Fortes evidências têm mostrado a relação de alguns fatores de risco ao desenvolvimento de doenças bucais. Alguns desses fatores de risco, em relação à doença cárie, como a experiência passada e presente de lesões cariosas, a frequência do consumo de açúcar, a presença de biofilme, a atividade da doença, a exposição ao flúor e a qualidade da saliva (fluxo salivar e capacidade tampão) jogam papel importante neste processo (MOYSÉS, 2009). Associados aos fatores biológicos, os fatores sociais, culturais e econômicos devem ser bastante considerados na composição da estratificação de risco da população. A estratificação de risco deve ser sempre considerada e realizada rotineiramente. É importante que o risco seja documentado na ficha do paciente e utilizado como fator de influência sobre o plano de tratamento. Na estratificação de risco, os pacientes serão considerados como de Baixo, Intermediário e Alto Risco, com base nos seguintes critérios, utilizando escores cuja somatória definirá o risco individual do paciente: CRITÉRIOS SOCIOECONÔMICOS E CULTURAL Escore Desemprego do usuário ou responsável pela família 2 Usuário, mãe ou cuidador analfabeto 2 Usuário sem acesso à água fluoretada 1 CRITÉRIOS BIOLÓGICOS Condições crônicas: diabetes, hipertensão 2 Pessoa com Deficiência Intelectual 3 Paciente acamado 3 Usuário de álcool, tabaco ou outras drogas 3 CRITÉRIOS ODONTOLÓGICOS O usuário teve dor de dente nos últimos 6 meses 2 O usuário apresenta mancha branca ativa 1 O usuário apresenta lesão ativa de cárie 2 O usuário está com ferida na boca há mais de 15 dias 3 O usuário está com sangramento na boca 1 O usuário está com algum dente permanente mole 2 O usuário precisa de prótese total 2 O usuário precisa de prótese parcial 1 O usuário come doce ou toma refrigerante diariamente 1 O usuário não tem o hábito de escovar os dentes diariamente 1 IMPORTANTE: A somatória dos escores dos critérios socioeconômicos e cultural, biológicos e odontológicos define a estratificação de risco do paciente. Pontos Riscos 0 a 6 pontos: Baixo Risco 7 a 12 pontos: Risco Intermediário 13 ou + pontos: Alto Risco PACIENTE DE BAIXO RISCO: o paciente considerado de baixo risco terá direito a duas consultas para a consecução do seu plano de tratamento e uma consulta anual para o seu plano de cuidado. Pacientes sem atividade de doenças, sem problemas estéticos e funcionais que precisam de um plano de cuidado de monitoramento de sua saúde bucal. ATITUDE CLÍNICA: • Monitoramento da saúde bucal, com o uso de índices de placa (IPV) e de doença gengival (ISG) • Estímulo à educação em saúde bucal • Controle do biofilme dental • Fluorterapia • Reconsulta anual de monitoramento PACIENTE DE RISCO INTERMEDIÁRIO: os pacientes estratificados como de risco intermediário podem apresentar gradientes (níveis) de risco diferenciado. A intensidade da atividade de doença e o grau de severidade das sequelas vão determinar o estrato em que se encontram: 1. Pacientes de risco intermediário GRAU 1: apresentam atividade de doença bucal e sequelas da doença cárie em ATÉ 4 elementos dentários e biofilme supragengival, requerendo 3 consultas para A CONSECUÇÃO DE SEU PLANO DE TRATAMENTO E DEVEM TER MONITORAMENTO SEMESTRAL. 2. Pacientes de risco intermediário GRAU 2: apresentam atividade de doença bucal e sequelas da doença cárie em até 7 elementos dentários e biofilme/ cálculo supragengival, requerendo 4 CONSULTAS para a consecução de seu plano de tratamento e devem ter monitoramento semestral. 3. Pacientes de risco intermediário GRAU 3: apresentam atividade de doença bucal e sequelas da doença cárie em mais de 8 elementos dentários e biofilme/cálculo supragengival, requerendo 5 CONSULTAS para a consecução de seu plano de tratamento e monitoramento semestral. São considerados pacientes de médio risco aqueles com atividade de doença presente e/ou com sequelas da doença cárie e da doença periodontal, necessidade de prótese e lesões de tecido mole, que necessitam de atenção clínica e acompanhamento ao longo do tempo, classificados em: A) Paciente com DOENÇA ATIVA, apresentando: • Cárie ativa caracterizada por lesão branca de aspecto opaco e rugoso e presença de cavidades com dentina amolecida • Gengiva com sangramento evidenciando processo inflamatório gengival • Presença de cálculo supragengival • Lesões de tecidos moles • Dentes com cavidades que necessitam de tratamento restaurador B) Paciente com SEQUELAS DE DOENÇA, apresentando: • Dentes com cavidades que necessitam de tratamento restaurador complexo • Dentes com cavidades que necessitam de tratamento endodôntico • Limitações funcionais e estéticas, prejudicando o relacionamento social e dificuldades de mastigação, deglutição e fala • Presença de cálculo subgengival • Necessidade de próteses ATITUDE CLÍNICA: • Atendimento a dor, se houver. • Controle da doença cárie, com detecção de lesões incipientes e selamento de cavidades ativas, em que o uso do ART deve ser considerado • Controle da doença periodontal, controle mecânico e químico do biofilme, instrução de higiene oral • Exame minucioso dos tecidos moles • Exame minucioso da oclusão • Fluorterapia • Encaminhamento, quando necessário, à referência especializada • Monitoramento semestral PACIENTE DE ALTO RISCO: o atendimento ao paciente de alto risco pouco difere daquele oferecido ao paciente de risco intermediário. A diferença está no número de consultas necessárias para a consecução do plano de tratamento (em média 7 consultas) e a frequência do monitoramento, que pode variar de mensal a trimestral e na adesão do paciente ao plano de cuidado terapêutico formulado pelo profissional. 5.3 ATENDIMENTO DAS CONDIÇÕES AGUDAS E CRÔNICAS: 5.3.2.1 AGUDAS Doenças e/ou agravos bucais que apresentam duração limitada, manifestação abrupta, de diagnóstico e prognóstico geralmente preciso, cuja intervenção é efetiva e frequentemente tendo a alta como desfecho. Recomendam­se as seguintes ferramentas: • PRONTO ­ ATENDIMENTO (PA) – Acolhimento e atenção clínica que visam dar resposta a uma necessidade percebida do usuário (fluxograma 1). O PA é realizado em dias e horários pré­estabelecidos definidos pela gestão local (Autoridade Sanitária Local), equipe de Saúde Bucal e Conselho Local de Saúde. O PA é organizado a partir da avaliação da queixa principal e atendimento na sequência dos casos. Destina­se a qualquer usuário. Observar: 1. Recomenda­se priorizar casos de dor, sofrimento ou restituição da estética/ função anterior em adultos (ver fluxograma 1), porém os usuários que não se enquadram nestes critérios devem ser acolhidos e encaminhados de forma humanizada para o seu atendimento (seja por agenda ou retorno no PA). Considerar o parâmetro mínimo de atendimento. Os critérios de priorização têm a função de organizar o PA e não afastar e excluir os usuários. 2. Não há nenhuma normativa em relação a restringir o número de pessoa da mesma família. Os critérios são biológicos e de vulnerabilidade. 3. Quando houver a presença de criança ou adolescente para atendimento clínico sem a presença de um responsável, recomenda­se avaliar a urgência do atendimento clínico, buscar contato com a família via telefone/ endereço no prontuário eletrônico, apoio da ACS e/ou visita domiciliar e verificar a possibilidade de realizar o atendimento. Não é recomendado dispensar o usuário menor de 18 anos sem antes realizar busca ativa dos responsáveis, principalmente em caso de dor ou sofrimento. Para todas estas situações registrar as ações da equipe no campo “observações” do prontuário. 5. Qualquer pessoa atendida no pronto atendimento pode ser encaminhada ao atendimento programado. Recomenda­se utilizar critérios de risco biológico ou vulnerabilidade social, interesse e disponibilidade. • ATENDIMENTO DE URGÊNCIA (AU) – No atendimento de urgência, a classificação de risco dos sinais de alerta deve ser priorizada, com o atendimento preferencial de pacientes com grau de sofrimento elevado. São sinais de alerta para a classificação de risco: • Dor • Hemorragia • Quadros infeccioso e inflamatório agudo • Lesões de tecidos moles • Traumatismo dentário • Reparo de peça protética ou recimentação de restauração • Restauração estética de urgência Para o atendimento de urgência, os usuários devem ser classificados em: • Vermelho: emergência odontológica, que deve ser encaminhada ao Hospital de Referência ou que necessite de um atendimento especializado a nível hospitalar (Figura 7). Consideram­se como prioridade máxima de atendimento Vermelho os casos de emergência odontológica caracterizados como quadros mais graves, e diferem do nível de prioridade Laranja por dois critérios: de gravidade e pela necessidade de avaliação/intervenção de profissional do nível secundário e/ou terciário de atenção. São consideradas emergências odontológicas a hemorragia intensa (contínua e não controlada pela aplicação de pressão direta local), infecções de origem bucodental graves com possibilidade de comprometimento sistêmico, tumefação extensa atingindo área dos olhos ou ocasionando dificuldade para engolir/respirar e os traumas maiores como os faciais, com suspeitas de fraturas ósseas e lacerações faciais extensas. • Laranja: usuário com dor moderada/intensa espontânea, hemorragia, abscessos agudos e traumatismos dentário ou de tecidos moles deve ter prioridade de atendimento. Pacientes institucionalizados/escoltados/internados. Usuários com mais de 60 anos, gestantes, deficientes físicos, com prioridade sobre os classificados como azul (Figura 7). Os casos de prioridade Laranja são atendidos pelos profissionais da atenção básica e incluem as hemorragias menores (controláveis por medidas locais), traumatismos dento­alveolares ocorridos em tempo inferior a duas horas, tumefação relacionada a infecções de tecido mole e dor de origem dentária espontânea e contínua. A descrição de incapacitação de funções seja mastigatória ou outra, em função da dor, também será considerada. A presença de usuários institucionalizados, que requerem escolta, trazem constrangimentos aos trabalhadores e aos demais usuários, assim como risco de complicações como uma eventual tentativa de fuga ou resgate. Por isso, devem retornar o mais rápido possível à instituição de origem, sendo também prioritários. • Amarelo: usuários com dor intermitente ou noturna (intensa mas com períodos de acalmia) e outras condições agudas, que devem ser atendidos por ordem de chegada. Para a prioridade Amarela, o descritor observado é também a dor, mas de aparecimento não espontâneo e intermitente e/ou incapacitante, identificada como moderada a intensa, passível de controle por analgésicos. São casos em que o usuário não poderá aguardar por atendimento programado, pois a dor é intensa, mesmo que em curtos períodos ou que não esteja com dor no momento (Figura 8). • Verde: usuário em situação não urgente, podendo o atendimento ser feito entre 2 até 3 horas, ou agendado para atendimento programado. Como prioridade Verde é incluída condições que ainda não sejam caracterizadas como urgências odontológicas, mas são do ponto de vista do usuário devido a uma percepção de desconforto subjetivo, sempre observando a necessidade de atenção diferenciada para alguma condição sistêmica alterada do paciente. O relato de doença crônica descompensada e infecção bucal, lesão bucal autorreferida e perda estética relevante com comprometimento psicossocial devem ser aqui consideradas (Figura 9). Ainda deve ser observado que o usuário será atendido por ordem de chegada, compreendendo todas as demais queixas odontológicas não urgentes, sendo que se destaca dor leve, sensibilidade dentinária, fraturas de restauração e exodontia de decíduos em processo de esfoliação. São usuários que têm necessidade de tratamento odontológico percebido como urgente, mas que não são reais e podem aguardar por atendimento ou ser agendado para o programado. Esta escala foi adaptada da Rede de Saúde Bucal do Paraná e vem ao encontro das escalas descritas na literatura (EVANS et al., 2001; SCOTTISH DENTAL CLINICAL EFFECTIVENESS PROGRAMME, 2007, MANCHESTER TRIAGE GROUP, 2008; PADILHA, 2012). Os usuários com idade superior a 60 anos e bebês de colo deverão ter prioridade, respeitando-se os níveis de classificação, assim como pacientes que por condição fisiológica ou patológica se encontrem em situação de vulnerabilidade, como pacientes com necessidades especiais e gestantes. Isso significa que, após a determinação da classificação, eles terão prioridade com relação aos pacientes do mesmo nível. Figura 7. Figura 8. Figura 9. Esta classificação deve ser realizada pelo Auxiliar de Saúde Bucal e/ou Técnico de Saúde Bucal. Esta classificação deve ser realizada pelo Auxiliar REDE DE URGÊNCIA ODONTOLÓGICA EM MANAUS: UNIDADES BÁSICAS DE SAÚDE E POLICLÍNICAS – A lista completa encontra­se no endereço eletrônico: www.semsa.manaus.am.gov.br SERVIÇOS DE PRONTO ATENDIMENTO – SPA (atendimentos de urgência): SPA DANILO CORREA ­ Av. Noel Nutels, S/N ­ Nova Cidade 69096­000 SPA ELIAMEME RODRIGUES MADY ­ Avenida Samaúma, s/n ­ Monte das Oliveiras, 69093­132 SPA ZONA SUL ­ Rua São José, 33 ­ Colônia Oliveira Machado 69070­650 SPA COROADO ­ Av Beira Mar, 156, Coroado SPA ANTÔNIO ALEIXO ­ Estrada do Aleixo, km 16, s/n ­ Colônia Antônio Aleixo SPA JOSE DE JESUS LINS DE ALBUQUERQUE ­ Rua Maracanã, s/n ­ Redenção SPA JOVENTINA DIAS ­ Rua T 6, 33 ­ Compensa III SPA ALVORADA ­ Rua Loris Cordovil, s/n ­ Alvorada I SPA SÃO RAIMUNDO ­ Praça Ismael Benigno, 155 ­ São Raimundo HOSPITAIS (Urgência e Emergência) H.P.S. Dr. João Lúcio Pereira Machado – TRAUMA ­ Av. Cosme Ferreira, s/n ­ Coroado H.P.S. Platão Araújo ­ Av. Autaz Mirim, s/n ­ Jorge Teixeira Funcionam todos os dias 24 horas. 5.3.2.2 CRÔNICAS Doenças e/ou agravos bucais que tem duração longa, manifestação gradual, de diagnósticos e prognósticos geralmente incertos, intervenção com algum grau de incerteza e tendo o cuidado continuado como resultado. Recomenda­se que o enfrentamento dessas condições seja realizado por: • BUSCA ATIVA A GRUPOS COM RISCO ESPECÍFICO – Estratégia da Atenção Primária que visa identificar e cuidar de indivíduos com risco específico. Consiste em avaliação bucal e atividades educativas, organizada da seguinte forma: 1. Busca ativa de pessoas com diabete cadastradas no Programa da UBS para realizar exame bucal e prevenir e tratar agravos bucais, principalmente à doença periodontal e focos infecciosos. 2. Realizar atividades educativas na comunidade visando informar a população e valorizar a relevância da detecção precoce do câncer bucal, principalmente para grupos de risco ao câncer bucal (homens com faixa etária acima de 40 anos, tabagistas e alcoolistas). 3. Busca ativa e realização de exame bucal para detecção de lesões bucais cancerizáveis em pessoas acima de 35 anos do território. Obs. Ao identificar tabagistas, oferecer e encaminhar os usuários para tratamento de combate ao tabagismo, conforme fluxos da UBS. • BUSCA ATIVA A GRUPOS PRIORITÁRIOS DA SAÚDE BUCAL – Estratégia da Atenção Primária que visa identificar indivíduos ou grupos prioritários. 1. Recomenda­se captar os seguintes usuários e/ou grupos do território: Pessoas com Deficiência (PcD) Hipertensos e Diabéticos Pessoas com necessidade de tratamento clínico identificadas pela equipe; Gestantes. Grupos de Adolescentes. Bebês de 0 a 36 meses. 2. É importante realizar avaliação bucal dos grupos prioritários, preferencialmente de forma coletiva. Deve­se agendar para a clínica apenas os usuários já identificados com necessidades de saúde bucal, visando desta forma, garantir maior número de atendimentos para que os tratamentos sejam concluídos. • ATENDIMENTO PROGRAMADO (AP) – Acolhimento e Atenção clínica que visam o tratamento concluído – TC. O atendimento programado é realizado em dias e horários preestabelecidos definidos pela gestão local. O AP é organizado por meio de pré­agendamento para os profissionais CD e/ou TSB. Destina­se a qualquer usuário com cadastro definitivo na UBS. Obs. UBS com Estratégia de Saúde da Família – o pré­agendamento deve ser feito para o CD ou TSB responsáveis pela microárea do usuário. UNIDADES DE ATENÇÃO ÀS CONDIÇÕES CRÔNICAS EM MANAUS UBSF’s POLICLÍNICAS ZENO LANZINI ­ Avenida Autaz Mirim, S/N ­ Tancredo Neves POLICLÍNICAS ANTÔNIO ALEIXO ­ Avenida Getúlio Vargas, 1586 ­ Colônia Antônio Aleixo POLICLÍNICAS JOÃO DOS SANTOS BRAGA ­ Avenida Margarita, s/n, Cidade Nova POLICLÍNICAS CODAJÁS ­ Avenida Codajás, 26 ­ Praça 14 de Janeiro POLICLÍNICAS GILBERTO MESTRINHO ­ Avenida Getúlio Vargas, 291 ­ Centro POLICLÍNICAS CARDOSO FONTES ­ Rua Lobo D'Almada, 222 – Centro POLICLÍNICAS DR. ANTÔNIO COMTE TELLES - RUA J, ETAPA B s/nº - São José II POLICLÍNICAS ENFª IVONE LIMA DOS SANTOS ­ Rua 8, s/n Laura Vicuña Coroado POLICLÍNICAS DR. JOSÉ ANTÔNIO DA SILVA ­ Rua Aroeira, 55 Monte Oliveiras POLICLÍNICAS ENFª ANNA BARRETO PEREIRA ­ Avenida Autaz Mirim, 1665, Cidade Nova POLICLÍNICAS DR. DJALMA BATISTA – Rua 23 de Dezembro s/n Compensa III POLICLÍNICAS DR. JOSÉ RAIMUNDO FRANCO DE SÁ ­ Rua Cinco de Setembro, 150, Nova Esperança POLICLÍNICAS CASTELO BRANCO ­ Rua do Comércio, 42 ­ Parque 10 de Novembro POLICLÍNICAS DR. ANTÔNIO REIS ­ Rua São Luiz, s/n São Lázaro CENTRO DE ESPECIALIDADES ODONTOLÓGICAS CEO NORTE – Rua Canamari, 21, Cidade Nova­ Contato: 3641­6730 CEO SUL – Rua S.Lázaro, s/n, São Lázaro­ Contato: 3214­3303 CEO OESTE – Rua Cmte. Paulo Lasmar, s/n, Cj Santos Dumont, Da Paz­ Contato: 3214­7712 CEO UEA ­ rua 4, nº 5, do Conjunto Celetramazon, no bairro Adrianópolis­ Contato: 3236­6728 CEO LESTE – RUA J, São José Operário, Quadra 64 Etapa B – Contato: 3644­9876 FUNDAÇÕES FUNDAÇÃO HOSPITAL ADRIANO JORGE – Cirurgias eletivas – TRAUMA ­ Av. Carvalho Leal, 1778 ­ Cachoeirinha FUNDAÇÃO CECON ­ Rua Francisco Orellana, 215 ­ Planalto 5.3 PROGRAMAÇÃO DA AGENDA ODONTOLÓGICA Considerando­se que em média, os meses do ano apresentam 20 dias úteis de efetivo exercício profissional, as atividades desempenhadas pelas equipes de saúde bucal (ESB) foram distribuídas ao longo de turnos de trabalho de 4 (quatro) horas, considerando a especificidade de cada regime de trabalho: A. ESB inserida em Unidade Básica de Saúde (UBS) Tradicional, cujo cirurgião­ dentista (CD) cumpre carga horária semanal de 20 horas em regime de 4 horas diárias; e B. ESB inserida em equipe de Estratégia Saúde da Família Modalidade I (ESF Mod I), na qual o CD possui jornada de trabalho de 40 horas semanais, em regime de 8 horas diárias, divididas em dois turnos de 4 horas. A ESB em UBS Tradicional atua com o CD e um único auxiliar, o qual pode ser Técnico de Saúde Bucal ­ TSB ou Auxiliar de Saúde Bucal – ASB, enquanto que a ESB inserida em ESF pode atuar em duas modalidades de trabalho, de acordo com a Portaria 2.488/2011, que regulamenta a Política Nacional da Atenção Básica, sendo em Modalidade I – CD e ASB ou TSB e Modalidade II – CD, TSB e TSB ou ASB. As ESB Modalidade II necessitam de uma segunda cadeira odontológica, na qual o TSB pode realizar procedimentos clínicos sob supervisão direta do CD, conforme prevê a Lei 11.889/2008, que regulamenta a profissão do TSB e do ASB. Dessa forma, o CD realiza procedimentos clínicos de maior complexidade, enquanto o TSB realiza procedimentos de menor complexidade, aumentando a resolutividade e possibilitando o menor número de retornos clínicos com o CD, além de aumentar o número de tratamentos concluídos em um mesmo período. Além disso, o CD pode se concentrar mais nas atividades clínicas, pois o TSB pode também estar desenvolvendo atividades extraclínicas, ainda que sob supervisão indireta do profissional, reforçando ainda mais a realização de ações de promoção à saúde e prevenção das doenças bucais, como apontam as Diretrizes da Política Nacional de Saúde Bucal (BRASIL, 2004). Com isso, há uma maior produção tanto dos procedimentos individuais quanto de procedimento coletivos, tanto dos procedimentos clínicos curativos, mas, principalmente, dos preventivos. Reforça­se, ainda, o fato que há previsão legal de repasse diferenciado de recursos provenientes do Governo Federal, a partir da implantação das equipes de saúde bucal modalidade II, a partir de incentivo com disponibilização dos equipamentos necessários para o atendimento a seis mãos e valor diferenciado do repasse de recursos mensais quando comparados às ESB Mod I. As Unidades Básicas de Saúde da Família (UBSF) de 132m2, presentes na Rede de Saúde Manauara, dispõem de estrutura considerada ideal para a habilitação das ESB Modalidade II. Por outro lado, as ESB de ESF Mod I, inseridas ou vinculadas a UBS Tradicionais ou mesmo presentes nas UBSF ampliadas (antigos Módulos), possibilitam maior acessibilidade em saúde bucal e, portanto, devem ainda ser consideradas. Com base no exposto, como forma de melhor visualizar a distribuição dos turnos de trabalho de 4 horas, de acordo com as atividades específicas realizadas pelas ESB, seguem exemplos da constituição das programações agendas odontológicas, conforme o tipo ESB em UBS Tradicional (Figura 10) e ESB em ESF Mod I (Figura 11) e seus respectivos esquemas demonstrativos de acolhimento à demanda espontânea e programada (Figuras 12 e 13). A parametrização da programação da agenda odontológica para ESB em ESF Mod II será construída em oficina posterior, após implantação deste processo de trabalho, em atividade conjunta com as equipes que foram habilitadas nessa modalidade. Figura 10. Exemplo da Programação da Agenda Odontológicas de uma ESB inserida em UBS Tradicional. Figura 11. Exemplo de Programação de Agenda Odontológica de uma ESB inserida em ESF Modalidade I. Como se observa na Figura 10, as ESB em UBS Tradicional dispõe de 17 turnos de 4 horas para realização de atendimento clínico (85% da carga horária mensal total, considerando­se 20 horas semanais em 4 semanas de trabalho, o que por si só alcança o parâmetro de atividades clínicas apresentado na PNAB 2004), 02 turnos de 4 horas para realização de atividade coletiva (ação de educação em saúde, ação coletiva de escovação supervisionada, ação coletiva de aplicação tópica de flúor ou ação coletiva de exame epidemiológico em saúde bucal) e 01 turno para atividade programada (manutenção preventiva dos equipamentos odontológicos, reunião administrativa, atividade de educação permanente, atividade de planejamento e avaliação das ações realizadas, pedido de insumos, controle de estoque, visita domiciliar, entre outras atividades pactuadas mensalmente com o Gestor da UBS). Na ausência de atividade programada, o turno deve ser utilizado para realização de atendimento clínico ou atividade coletiva. ESB em UBS Tradicional que possuem vinculação com o Programa Saúde na Escola (PSE) devem pactuar 02 turnos a mais de atividades coletivas em substituição a dois turnos de atendimento clínico. Cada cirurgião dentista deve apresentar mensalmente ao gestor de sua unidade, sua programação de agenda do mês subsequente, o qual encaminhará à área técnica de saúde bucal do DIATS e ao setor de monitoramento do Distrito de Saúde da qual faz parte para o acompanhamento das atividades. Na pendência de manutenção corretiva, devem ser pactuadas atividades coletivas ou atividades programadas, apresentando retificação da programação mensal, tão logo seja solucionada essa pendência. O acolhimento das demandas programada e espontânea das ESB em UBS Tradicionais (Figura 12) será realizado da seguinte forma, considerando­se turnos de atendimento clínico de 4 horas: Para a demanda programada, serão atendidos 08 pacientes por turno de atendimento clínico, agendados previamente, dos quais, 02 serão pacientes para realização da Primeira Consulta Odontológica Programática (PCOP) e 06 pacientes serão para retornos clínicos de pacientes que já realizaram a sua PCOP. Essa parametrização totalizará 34 PCOP e 102 horários de retorno clínico, gerando em média 1 PCOP + 3 retornos clínicos por paciente; Na ausência de pacientes para retorno clínico, as vagas ficam destinadas à PCOP e retornos clínicos conforme disponibilidade de horário. O objetivo é alcançar pelo menos 34 tratamentos concluídos/mês; Para a demanda espontânea, os pacientes serão acolhidos atendendo o previsto na PNAB (2011), na qual apresenta que “São características do processo de trabalho das equipes de atenção básica: IV ­ Realizar o acolhimento com escuta qualificada, classificação de risco, avaliação de necessidade de saúde e análise de vulnerabilidade, tendo em vista a responsabilidade da assistência resolutiva à demanda espontânea e o primeiro atendimento às urgências”. Dessa forma, até 02 pacientes com quadro clínico de urgência odontológica poderão ser atendidos, por turno clínico, no mesmo dia de sua procura, sendo incluídos na demanda programada, para realização posterior de sua PCOP. No surgimento de mais pacientes sob urgência, além da previsão de dois pacientes ao turno, pacientes agendados poderão ser reprogramados ou os pacientes com urgência deverão ser referenciados para unidades de atendimento especializado em urgência odontológica (com serviço de pronto­atendimento). O atendimento de urgência realizado pelo cirurgião dentista está previsto também na PNAB (2011), sendo sua atribuição: “III ­ Realizar os procedimentos clínicos da atenção básica em saúde bucal, incluindo atendimento das urgências, pequenas cirurgias ambulatoriais e procedimentos relacionados com a fase clínica da instalação de próteses dentárias elementares”. Dependendo do escuta realizada, considerando o seu grau de risco e vulnerabilidade, pacientes especiais, gestantes, idosos, por exemplo, poderão ter a realização de sua PCOP no mesmo dia, utilizando as vagas destinadas à demanda espontânea na ausência de urgências. Os demais pacientes acolhidos em demanda espontânea serão agendados para realização de sua PCOP, sendo, portanto, incluídos na demanda programada, a partir desse ponto. O total de atendimentos por turno clínico deverá contabilizar um mínimo de 20 procedimentos/turno de 4 horas, dentre o rol de procedimentos previstos no Plano de Metas de Produção (PMP), de forma que ao final do mês sejam contabilizados ao menos 340 procedimentos clínicos individuais. Figura 12. Esquema de Acolhimento das Demandas Programada e Espontânea no Turno de Atendimento Clínico de 04 horas de ESB inserida em UBS Tradicional As ESB em ESF Mod I, por sua vez, dispõe de 24 turnos de 4 horas para realização de atendimento clínico (60% da carga horária mensal total, considerando­ se 40 horas semanais em 4 semanas de trabalho), 08 turnos de 4 horas para realização de atividade coletiva (ação de educação em saúde, ação coletiva de escovação supervisionada, ação coletiva de aplicação tópica de flúor ou ação coletiva de exame epidemiológico em saúde bucal) e 08 turnos para atividade programada (manutenção preventiva dos equipamentos odontológicos, reunião administrativa, atividade de educação permanente, atividade de planejamento e avaliação das ações realizadas, pedido de insumos, controle de estoque, visita domiciliar, entre outras atividades pactuadas mensalmente com o apoiador institucional da UBSF e o restante da ESF). ESB em ESF Mod I que possuem PSE devem pactuar 04 turnos a mais para atividade coletiva, dentre as atividades programadas. Na ausência de atividade programada, o turno deve ser utilizado para realização de atendimento clínico, aumentando o percentual de procedimentos clínicos realizados, com vistas a alcançar o parâmetro previsto na PNAB 2004. Cada cirurgião dentista deve apresentar mensalmente ao apoiador institucional de sua unidade a sua programação de agenda para o mês subsequente, o qual encaminhará à área técnica de saúde bucal do DIATS e ao setor de monitoramento do Distrito de Saúde da qual faz parte para o acompanhamento das atividades. Figura 13. Esquema de Acolhimento das Demandas Programada e Espontânea no Turno de Atendimento Clínico de 04 horas de ESB inserida em ESF Modalidade I. O acolhimento das demandas programada e espontânea das ESB em ESF Mod I será realizado nos mesmos moldes da ESB em UBS Tradicional, como exposto anteriormente, considerando­se, da mesma forma, turnos de atendimento clínico de 4 horas. Essa parametrização totalizará 48 PCOP e 144 horários de retorno clínico, gerando em média 1 PCOP + 3 retornos clínicos por paciente, mesma média de retornos que ocorre em UBS; O objetivo é alcançar pelo menos 48 tratamentos concluídos/mês; O total de atendimentos por turno clínico deverá, igualmente, contabilizar um mínimo de 20 procedimentos/turno de 4 horas, dentre o rol de procedimentos previstos no Plano de Metas de Produção (PMP), alcançando ao final do mês o total mínimo de 480 procedimentos. PLANO DE METAS DE PRODUÇÃO (PMP) - VERSÃO 2016 Considerando os procedimentos odontológicos elencáveis para a Atenção Básica realizada pelas ESB, conforme o perfil de processo de trabalho dos Cirurgiões Dentistas em Regime de 20 horas (UBS Tradicionais) e 40 horas semanais (UBSF Mod I), o alcance dos indicadores prioritários, a acessibilidade, a resolutividade e a integralidade na atenção odontológica e, ainda, em observância às plataformas utilizadas para o registro da produção ambulatorial (Sistema de Gerenciamento Local – GIL – para ESB em UBS Tradicionais e e­SUS para ESB em UBSF Mod I), foram consolidados os respectivos PMPs apresentados nos quadros a seguir: METAS PACTUADAS PARA PROCEDIMENTOS ODONTOLÓGICOS POR EQUIPE DE SAÚDE BUCAL – VERSÃO 2016 ESB ESB COM ESB COM ESB COM COM C.D. 40H CÓDIGOS PROCEDIMENTO ASB/TSB. ASB/TSB. 40H C.D. -ESF 30H ESF MOD I 20H MOD I ATIVIDADES COLETIVAS ATIVIDADE EDUCATIVA / ORIENTAÇÃO EM 01.01.01.001­0 5 5 5 25 GRUPO NA ATENÇÃO BÁSICA ACAO COLET. DE 01.01.02.001­5 APLICACAO TOPICA DE 50 50 50 300 FLUOR­GEL ACAO COLET. DE 01.01.02.003­1 50 50 50 300 ESCOVAÇÃO DENTAL SUPERVISIONADA ACAO COLET. DE 01.01.02.004­ EXAME BUCAL COM 0 FINALIDADE EPIDEMIOLÓGICA ATENÇÃO DOMICILIAR VISITA DOMICILIAR POR 01.01.03.001­0 PROFISSIONAL DE NÍVEL MÉDIO VISITA DOMICILIAR POR 03.01.05.014­ PROFISSIONAL DE 7 NIVEL SUPERIOR CONSULTA/ 03.01.01.013­7 ATENDIMENTO DOMICILIAR TIPO DE CONSULTA AMBULATORIAL PRIMEIRA CONS. ODONTOLÓGICA 03.01.01.015­3 PROGRAMÁTICA (1X/ANO) CONS. DE 03.01.01.003­ PROFISSIONAIS DE 0 NIVEL SUPERIOR NA ATENÇÃO BÁSICA ATENDIMENTO DE 03.01.06.003­ URGÊNCIA EM 7 ATENÇÃO BÁSICA PROCEDIMENTOS INDIVIDUAIS ACESSO A POLPA 03.07.02.001­ DENTÁRIA E 0 MEDICAÇÃO (POR DENTE) ADAPTAÇÃO DE 03.07.04.014­ PRÓTESE DENTÁRIA 3 (item novo na PMP­ incluir) 03.07.04.015­ AJUSTE OCLUSAL (item 1 novo na PMP­incluir) 01.01.02.005­ APLICAÇÃO DE 8 CARIOSTÁTICO (POR 0 0 0 40 0 0 2 0 0 0 0 0 0 0 0 2 34 0 0 48 206 0 0 372 1 1 1 1 1 0 0 2 1 0 0 1 1 0 0 1 1 0 0 1 DENTE) 01.01.02.006­ APLICAÇÃO DE SELANTE 6 (POR DENTE ) APLICAÇÃO TÓPICA DE 01.01.02.007­ FLÚOR (INDIVIDUAL 4 POR SESSÃO) 03.07.01.001­ CAPEAMENTO PULPAR 5 CIMENTAÇÃO DE 03.07.04.013­ PRÓTESE DENTÁRIA 5 (item novo na PMP­ incluir) DRENAGEM DE 04.04.02.005­ ABCESSO DA BOCA E 4 ANEXOS P/ CD* 01.01.02.008­ EVIDENCIAÇÃO DE 2 PLACA BACTERIANA 04.14.02.012­ EXODONTIA DE DENTE 0 DECÍDUO 04.14.02.013­ EXODONTIA DE DENTE 8 PERMANENTE 03.07.02.007­ PULPOTOMIA 0 DENTÁRIA RADIOG. PERIAPICAL 02.04.01.018­ INTERPROXIMAL (BITE­ 7 WING) P/ C. DENTISTA* PROFILAXIA/REMOÇÃO DE PLACA BACTERIANA ­ PROCEDIMENTO 03.07.03.004­ NOVO­INCLUIR ­ 0 ALTERADO PELA NOTA TÉCNICA N° 05/2016 DE 25/04/2016 RASPAGEM ALISAMENTO E POLIMENTO 03.07.03.005­ SUPRAGENGIVAIS (POR 9 SEXTANTE) ­ ALTERADO PELA ­INCLUIR ­NOTA TÉCNICA N° 05/2016 DE 1 0 0 1 34 0 0 48 6 0 0 18 1 0 0 1 1 0 0 1 25 0 0 44 8 0 0 14 8 0 0 14 1 0 0 1 1 0 0 1 34 0 0 48 60 0 0 105 25/04/2016 03.07.03.002­ 4 RASP/ALISAM/ E POLIMENTO SUBGENGIVAIS (POR SEXTANTE) RESTAURAÇÃO DE DENTE DECÍDUO RESTAURAÇÃO DE DENTE PERMANENTE ANTERIOR RESTAURAÇÃO DE DENTE PERMANENTE POSTERIOR RETIRADA DE PONTOS DE CIRURGIAS BÁSICAS (POR PACIENTE) SELAMENTO PROVISÓRIO DE CAVIDADE DENTÁRIA TRATAMENTO CIRÚRGICO DE HEMORRAGIA BUCODENTAL TRATAMENTO DE ALVEOLITE 1 0 0 1 15 0 0 26 12 0 0 21 20 0 0 35 8 0 0 14 10 0 0 18 1 0 0 1 1 0 0 1 1 0 0 1 677 0 0 1632 105 60 100 665 320 0 0 534 11 0 0 10 *TOTAL MAC 2 0 0 2 TOTAL PAB + MAC 679 100 100 1.634 03.07.01.002­ 3 03.07.01.003­ 1 03.07.01.004­ 0 03.01.10.015­2 01.01.02.009­ 0 04.14.02.035­ 9 04.14.02.038­ 3 04.14.02.040­ ULOTOMIA/ULECTOMIA 5 TOTAL PAB TOTAL PAB - PROCEDIMENTOS COLETIVOS TOTAL PAB - PROCEDIMENTOS INDIVIDUAIS (QTDE > 1) TOTAL PAB - PROCEDIMENTOS INDIVIDUAIS ESPORÁDICOS (QTDE = 1) 5.3.2 RELAÇÃO DE PROCEDIMENTOS DE SAÚDE BUCAL - SIGTAP (SISTEMA DE GERENCIAMENTO DA TABELA DE PROCEDIMENTOS, MEDICAMENTOS E OPM DO SUS) Após análise da Tabela Unificada de Procedimentos do SIGTAP1, os procedimentos de saúde bucal realizados na Rede Manauara de Saúde Bucal foram identificados, servindo de referência às ESB com CD 20h inseridas em UBS Tradicionais, e são apresentados conforme organização a seguir: A. B. C. D. ATENÇÃO DOMICILIAR ATIVIDADES COLETIVAS TIPO DE CONSULTAS CLÍNICAS ODONTOLÓGICAS PROCEDIMENTOS CLÍNICOS INDIVIDUAIS A. ATENÇÃO DOMICILIAR GRUPO 3 PROCEDIMENTOS CLÍNICOS SUBGRUPO 7 TRATAMENTOS ODONTOLÓGICOS FORMA DE ORGANIZAÇÃO: 5 ATENÇÃO DOMICILIAR CÓDIGO SIGTAP PROCEDIMENTO DESCRIÇÃO 01.01.03.001­0 VISITA DOMICILIAR POR PROFISSIONAL DE NÍVEL MÉDIO ATIVIDADE PROFISSIONAL EXTERNA SOLICITADA E SUPERVISIONADA POR PROFISSIONAL ENFERMEIRO SEGUNDO OBJETIVOS PRÉ­ ESTABELECIDOS, JÁ INCLUIDAS AÇÕES EXECUTADAS, TAIS COMO: CADASTRAMENTO FAMILIAR, IDENTIFICAÇÃO, ACOMPANHAMENTO E ATENDIMENTO DA POPULAÇÃO ALVO NAS UNIDADES DE SAÚDE E 1 FONTE: SIGTAP - SISTEMA DE GERENCIAMENTO DA TABELA DE PROCEDIMENTOS, MEDICAMENTOS E OPM DO SUS, DISPONÍVEL EM: http://sigtap.datasus.gov.br/; Competência: 03/2016; NO DOMICÍLIO. 03.01.05.014­7 ­ VISITA DOMICILIAR POR PROFISSIONAL DE NIVEL SUPERIOR ATIVIDADE REALIZADA POR PROFISSIONAL SUPERIOR, OBJETIVANDOA REALIZAÇÃO DE AÇÕES EXECUTADAS PARA FINS DE BUSCA ATIVA, AÇÕES DE VIGILÂNCIA, CADASTRAMENTO FAMILIAR, ALVO, INCLUINDO USUARIOS SOB CUIDADOS DOMICILIARES REALIZADOS PELAS EQUIPES DE ATENÇÃO BASICA E/OU EQUIPES MULTIPROFISSIONAIS DE ATENÇÃO DOMICILIAR/EQUIPES MULTIPROFISSIONAL DE APOIO 03.01.01.013­7 CONSULTA/ATENDIMENTO DOMICILIAR CONSISTE NA CONSULTA/ATENDIMENTO DOMICILIAR REALIZADA POR PROFISSIONAL DE NÍVEL SUPERIOR Á PACIENTE EM ATENÇÃO DOMICILIAR. B. ATIVIDADES COLETIVA GRUPO 1 AÇÕES DE PROMOÇÃO E PREVENÇÃO EM SAÚDE SUBGRUPO 1 AÇÕES COLETIVAS/INDIVIDUAIS EM SAÚDE FORMA DE ORGANIZAÇÃO 1 EDUCAÇÃO EM SAÚDE CÓDIGO - SIGTAP PROCEDIMENTO DESCRIÇÃO 01.01.01.001­0 ATIVIDADE CONSISTE NAS EDUCATIVA/ORIENTAÇÃO ATIVIDADES EM GRUPO NA ATENÇÃO EDUCATIVAS EM BÁSICA GRUPO, SOBRE AÇÕES DE PROMOÇÃO E PREVENÇÃO À SAÚDE, DESENVOLVIDAS NA UNIDADE OU NA COMUNIDADE. RECOMENDA­SE O MINIMO DE 10 (DEZ) PARTICIPANTES, COM DURAÇÃO MINIMA DE 30 (TRINTA) MINUTOS. DEVE­SE REGISTRAR O NUMERO DE ATIVIDADES REALIZADAS POR MÊS. GRUPO 1 AÇÕES DE PROMOÇÃO E PREVENÇÃO EM SAÚDE SUBGRUPO 1 AÇÕES COLETIVAS/INDIVIDUAIS EM SAÚDE FORMA DE ORGANIZAÇÃO 2 SAÚDE BUCAL CÓDIGO - SIGTAP PROCEDIMENTO DESCRIÇÃO 01.01.02.001­5 AÇÃO COLETIVA DE APLICAÇÃO TÓPICA DE FLÚOR GEL APLICAÇÃO TÓPICA DE FLÚOR EM FEL COM CONCENTRAÇÃO DE 1,23, REALIZADA SISTEMATICAMENTE POR GRUPOS POPULACIONAIS SOB ORIENTAÇÃO E SUPERVISÃO DE UM OU MAIS PROFISSIONAIS DE SAÚDE, UTILIZANDO­SE ESCOVA DENTAL, MOLDEIRA, PINCELAMENTO OU OUTRAS FORMAS DE APLICAÇÃO. AÇÃO REGISTRADA POR PESSOA POR MÊS. 01.01.02.003­1 AÇÃO COLETIVA DE ESCOVAÇÃO DENTAL SUPERVISIONADA ESCOVAÇÃO DENTAL COM OU SEM EVIDENCIAÇÃO DE PLACAS BACTERIANAS. REALIZADA COM GRUPOS POPULACIONAIS SOB ORIENTAÇÃO E SUPERVISÃO DE UM OU MAIS PROFISSIONAIS DE SAÚDE. AÇÃO REGISTRADA POR USUÁRIO POR USUÁRIO PARTICIPANTE DA AÇÃO. 01.01.02.004­0 AÇÃO COLETIVA DE EXAME BUCAL COM FINALIDADE EPIDEMIOLÓGICA COMPREENDE A AVALIAÇÃO DE ESTRUTURAS DA CAVIDADE BUCAL, COM FINALIDADE DE DIAGNÓSTICO SEGUNDO CRITÉRIOS EPIDEMIOLÓGICOS, EM ESTUDOS DE PREVALÊNCIA, INCIDÊNCIA E OUTROS, COM O OBJETIVO DE ELABORAR PERFIL EPIDEMIOLÓGICO E/OU AVALIAR O IMPACTO DAS ATIVIDADES DESENVOLVIDAS, SUBSIDIANDO O PLANEJAMENTO. C. CONSULTAS CLÍNICAS ODONTOLÓGICAS GRUPO 3 PROCEDIMENTOS ODONTOLÓGICOS SUBGRUPO 1 CONSULTAS/ ATENDIMENTOS/ ACOMPANHAMENTOS FORMA DE ORGANIZAÇÃO 1 CONSULTAS MÉDICAS/ OUTROS PROFISSIONAIS DE NÍVEL SUPERIOR. CÓDIGO SIGTAP PROCEDIMENTO DESCRIÇÃO 03.01.01.015­3 PRIMEIRA CONSULTA ODONTOLÓGICA PROGRAMÁTICA AVALIAÇÃO DAS CONDIÇÕES GERAIS DE SAÚDE E REALIZAÇÃO DE EXAME CLÍNICO ODONTOLOGICO COM FINALIDADE DE DIAGNOSTICO E, NECESSARIAMENTE, ELABORAÇÃO DE UM PLANO PREVENTIVO ­ TERAPEUTICO. IMPLICA REGISTRO DAS INFORMAÇÕES EM PRONTUARIO. RECOMENDA­SE 01 (UMA) CONSULTA/ANO POR PESSOA. CONSULTA DE PROFISSIONAIS DE NIVEL SUPERIOR NA ATENÇÃO BÁSICA (EXCETO MÉDICO) OS PROFISSIONAIS CIRURGIÕES DENTISTAS VÃO UTILIZAR ESTE PROCEDIMENTO PARA REGISTRAR AS CONSULTAS ODONTOLOGICAS INTERMEDIARIAS, DE RETORNO, TRATAMENTO TERMINADO. 03.01.01.003­0 Como forma de se poder calcular o indicador Proporção de Tratamentos Concluídos em relação às Primeiras Consultas Odontológicas Programáticas Realizadas, sugere­se utilizar o Procedimento Consulta de Profissionais de Nível Superior na Atenção Básica (Exceto Médico) – Código 03.01.01.003­0 exclusivamente para o registro do tratamento odontológico concluído, no âmbito das UBS Tradicionais, as quais ainda utilização a Plataforma GIL para o registro da produção ambulatorial. GRUPO 3 PROCEDIMENTO CLINICOS SUBGRUPO 1 CONSULTAS / ATENDIMENTOS/ ACOMPANHAMENTOS FORMA DE ORGANIZAÇÃO 6 CONSULTA/ ATENDIMENTO ÀS URGÊNCIAS (GERAL) CÓDIGO - SIGTAP PROCEDIMENTO DESCRIÇÃO 03.01.06.003­7 ATENDMENTO DE URGÊNCIA EM ATENÇÃO ATENDIMENTO PRESTADO A PACIENTES ACOMETIDOS POR QUADROS AGUDOS OU AGUDIZAÇÕES DE PATOLOGIAS CRÔNICAS, DE BAIXA COMPLEXIDADE, QUE SÃO ACOLHIDOS NAS UNIDADES BÁSICAS DE SAÚDE, SEM AGENDAMENTO PRÉVIO, ONDE RECEBEM ATENBDIMENTO E TEM SUA NECESSIDADE ASSISTENCIAL ATENDIDA. D. PROCEDIMENTOS CLÍNICOS INDIVIDUAIS GRUPO 2 PROCEDIMENTO COM FINALIDADE DIAGNÓSTICA SUBGRUPO 4 DIAGNÓSTICOS POR RADIOLOGIA FORMA DE ORGANIZAÇÃO 1 EXAMES RADIOLÓGICOS DE CABEÇA E PESCOÇO CÓDIGO - SIGTAP PROCEDIMENTO DESCRIÇÃO 02.04.01.018­7 RADIOGRAFIA PERI­ APICAL INTERPROXIMAL (BITE­WING) RADIOGRAFIA INTERPROXIMAL ­ EXAME REALIZADO EM FILME 3CM X 4CM, ONDE REGISTRAM­SE IMAGENS DE COROAS, TERCO CERVICAL DAS RAIZES E CRISTAS OSSEAS ALVEOLARES DOS ELEMENTOS DENTARIOS. DENTRE SUAS INDICACOES DESTACAM­SE O DIAGNOSTICO DE LESOES CARIOSAS E AVALIACAO DAS CRISTAS OSSEAS. PERIAPICAL­ EXAME REALIZADO EM FILME 3CM X 4CM, ONDE REGISTRAM­SE IMAGENS DOS DENTES E DE SEUS TECIDOS DE SUPORTE. PARA UMA ADEQUADA VISUALIZACAO UTILIZAM­SE TECNICAS COMO O METODO DA BISSETRIZ, DO PARALELISMO E OUTROS ESPECIAIS. OBS: NÃO INCLUSO CBO DO TSB, SOMENTE CD GRUPO 3 PROCEDIMENTO CLINICOS SUBGRUPO 7 TRATAMENTOS ODONTOLÓGICOS FORMA DE ORGANIZAÇÃO 1 DENTÍSTICA CÓDIGO - SIGTAP PROCEDIMENTO DESCRIÇÃO 03.07.01.001­5 CAPEAMENTO PULPAR CAPEAMENTO PULPAR DIRETO OU INDIRETO EM DENTES DECIDUOS OU PERMANENTES POR DENTE. 03.07.01.002­3 RESTAURAÇÃO DE DENTE DECÍDUO TRATAMENTO DENTARIO COM O USO DE INSTRUMENTOS MANUAIS E/ OU ROTATORIOS PARA QUALQUER TIPO DE CAVIDADE DENTARIA,COM EMPREGO DE MATERIAL RESTAURADOR POR DENTE QUE PODE SER AMALGAMA DE PRATA, RESINA, IONOMERO DE VIDRO. 03.07.01.003­1 RESTAURAÇÃO DE DENTE PERMANENTE ANTERIOR RATAMENTO DENTARIO COM O USO DE INSTRUMENTOS MANUAIS E/ OU ROTATORIOS PARA QUALQUER TIPO DE CAVIDADE DENTARIA,COM EMPREGO DE MATERIAL RESTAURADOR POR DENTE QUE PODE SER RESINA, IONOMERO DE VIDRO, COM A UTILIZACAO OU NAO DE PINO ROSQUEAVEL. 03.07.01.004­0 RESTAURAÇÃO DE DENTE PERMANENTE POSTERIOR TRATAMENTO DENTARIO COM O USO DE INSTRUMENTOS MANUAIS E/ OU ROTATORIOS PARA QUALQUER TIPO DE CAVIDADE DENTARIA,COM EMPREGO DE MATERIAL RESTAURADOR POR DENTE QUE PODE SER AMALGAMA DE PRATA, RESINA, IONOMERO DE VIDRO, COM A UTILIZACAO OU NAO DE PINO ROSQUEAVEL. GRUPO 3 PROCEDIMENTO CLINICOS SUBGRUPO 7 TRATAMENTOS ODONTOLÓGICOS FORMA DE ORGANIZAÇÃO 2 ENDODONTIA CÓDIGO - SIGTAP PROCEDIMENTO DESCRIÇÃO 03.07.02.001­0 ACESSO A POLPA DENTARIA E MEDICACAO (POR DENTE) REMOCAO DA POLPA DENTARIA DA CAMARA PULPAR COM EXTIRPACAO DA POLPA RADICULAR E MEDICACAO . 03.07.02.002­9 CURATIVO DE DEMORA ESTE PROCEDIMENTO E 03.07.02.007­0 C/ OU S/ PREPARO BIOMECANICO UTILIZADO QUANDO NAO CONSEGUE OBTURAR O DENTE EM UMA UNICA SESSAO, NAS SESSOES DE DESOBSTRUCAO DOS CANAIS RADICULARES PARA RETRATAMENTO ENDODONTICO, TRATAMENTO DE DENTES COM RIZOGENESE INCOMPLETA , DE DENTES PERMANENTES E DECIDUOS. PULPOTOMIA DENTÁRIA RATAMENTO DA POLPA CORONAL, MANTENDO A VITALIDADE E FUNCIONALIDADE DA POLPA RADICULAR DENTES DECIDUOS E PERMANENTES. GRUPO 3 PROCEDIMENTOS CLÍNICOS SUBGRUPO 7 TRATAMENTOS ODONTOLÓGICOS FORMA DE ORGANIZAÇÃO: 3 PERIODONTIA CLÍNICA CÓDIGO SIGTAP PROCEDIMENTO DESCRIÇÃO 03.07.03.002­4 RASPAGEM ALISAMENTO SUBGENGIVAIS (POR SEXTANTE) PROCEDIMENTO QUE ENGLOBA A REMOCAO DA PLACA BACTERIANA E CALCULO DENTAL SUBGENGIVAIS ATRAVES DA RASPAGEM E ALISAMENTO DA SUPERFICIE RADICULAR A CADA SEIS ELEMENTOS DENTARIOS. 03.07.03.005­9 RASPAGEM ALISAMENTO E POLIMENTO SUPRAGENGIVAIS (POR SEXTANTE) PROCEDIMENTO QUE ENGLOBA A REMOÇÃO DE INDUTOS, PLACA BACTERIANA E CÁLCULO DENTAL SUPRAGENGIVAIS ATRAVÉS DA RASPAGEM, ALISAMENTO E POLIMENTO DE SUPERFÍCIE CORONO­ RADICULAR A CADA SEIS ELEMENTOS DENTÁRIOS. 03.07.03.004­0 PROFILAXIA / REMOÇÃO DA PLACA BACTERIANA CONSISTE NO PROCEDIMENTO REALIZADO NO CONSULTÓRIO ODONTOLÓGICO PARA REMOVER PLACA BACTERIANA DAS SUPERFÍCIES DENTÁRIAS COM O OBJETIVO DE PREVENIR DOENÇAS BUCAIS. PODENDO SER REALIZADO COM JATO DE BICARBONATO OU UTILIZANDO ESCOVA DE ROBSON E/OU TAÇA DE BORRACHA COM PASTA PROFILÁTICA OU PEDRA POMES. GRUPO 4 PROCEDIMENTOS CIRÚRGICOS SUBGRUPO 14 BUCOMAXILOFACIAL FORMA DE ORGANIZAÇÃO: 2 CIRURGIA ORAL CÓDIGO - SIGTAP 04.14.02.012­0 PROCEDIMENTO EXODONTIA DE DENTE DECÍDUO DESCRIÇÃO REMOCAO CIRURGICA DE DENTES DECIDUOS ERUPCIONADOS COMPLETAMENTE NA CAVIDADE ORAL OU RESTOS RADICULARES COM SUTURA QUANDO INDICADO. EXODONTIA DE DENTE PERMANENTE REMOCAO CIRURGICA DE DENTES PERMANENTES ERUPCIONADOS COMPLETAMENTE NA CAVIDADE ORAL OU RESTOS RADICULARES, COM SUTURA QUANDO NECESSARIO. 04.14.02.035­9 TRATAMENTO CIRÚRGICO DE HEMORRAGIA BUCO­ DENTAL CONSITE NA REALIZACAO DE CURETAGEM, COMPRESSAO LOCAL E SUTURA PARA CONTER A HEMORRAGIA, PODENDO COMPLEMENTAR COM PRESCRICAO MEDICAMENTOSA E SOLICITACAO DE EXAMES LABORATORIAIS HEMATOLOGICOS. 04.14.02.038­3 TRATAMENTO DE ALVEOLITE CONSISTE NA IRRIGACAO E CURETAGEM COM APLICACAO DE CURATIVO MEDICAMENTOSO EM AVEOLOS DENTARIOS COM CICATRIZACAO TARDIA. 04.14.02.040­5 ULOTOMIA/ULECTOMIA INCISAO OU REMOCAO DE TECIDO GENGIVAL 04.14.02.013­8 FIBROSO QUE ESTEJA DIFICULTANDO O IRROMPIMENTO DENTARIO. GRUPO 4 PROCEDIMENTOS CIRÚRGICOS SUBGRUPO 4 CIRURGIA DE VIAS AÉREAS SUPERIORES, DA FACE, DA CABEÇA E DO PESCOÇO FORMA DE ORGANIZAÇÃO: 2 CIRURGIA DA FACE E DO SISTEMA ESTOMATOGNÁTICO CÓDIGO - SIGTAP 04.04.02.005­4 PROCEDIMENTO DRENAGEM DE ABSCESSO DA BOCA E ANEXOS DESCRIÇÃO CONSISTE NA REALIZAÇÃO DE DRENAGEM SIMPLES DA BOCA E ANEXOS Quadro 1– Procedimentos Cirúrgicos / Cirurgia das Vias Aéreas Superiores, da Face, da Cabeça e do Pescoço / Cirurgia da Face e do Sistema Estomatognático (SIGTAP). GRUPO 3 PROCEDIMENTOS CLÍNICOS SUBGRUPO 1 CONSULTAS / ATENDIMENTOS/ ACOMPANHAMENTOS FORMA DE ORGANIZAÇÃO: 10 ATENDIMENTOS DE ENFERMAGEM (EM GERAL) CÓDIGO - SIGTAP 03.01.10.015­2 PROCEDIMENTO RETIRADA DE PONTOS DE CIRURGIAS BÁSICAS (POR PACIENTE) DESCRIÇÃO NÃO HÁ GRUPO 3 PROCEDIMENTOS CLÍNICOS SUBGRUPO 7 TRATAMENTOS ODONTOLÓGICOS FORMA DE ORGANIZAÇÃO: 4 MOLDAGEM/ MANUTENÇÃO CÓDIGO - SIGTAP PROCEDIMENTO DESCRIÇÃO 03.07.04.016­0 INSTALAÇÃO DE PRÓTESE DENTÁRIA CONSISTE NO PROCEDIMENTO DE INSTALAÇÃO DO APARELHO PROTÉTICO (PRÓTESE TOTAL MAXILAR, PRÓTESE TOTAL MANDIBULAR, PRÓTESE PARCIAL MAXILAR REMOVÍVEL, PRÓTESE PARCIAL MANDIBULAR REMOVÍVEL E PRÓTESE FIXA) 03.07.04.013­5 CIMENTAÇÃO DE PRÓTESE DENTÁRIA CONSISTE NA UTILIZAÇÃO DE AGENTES CIMENTANTES (CIMENTOS ODONTOLÓGICOS), TEMPORÁRIOS OU DEFINITIVOS, UTILIZADOS EM RESTAURAÇÕES INDIRETAS, SEJAM ELAS RESTAURAÇÕES PARCIAIS, COROAS UNITÁRIAS OU RETENTORES DE PRÓTESES PARCIAIS FIXAS. PODENDO SER COM CIMENTOS TRADICIONAIS (FOSFATO DE ZINCO, IONÔMERO DE VIDRO) OU CIMENTOS RESINOSOS ASSOCIADOS A SISTEMAS ADESIVOS. ESTA CIMENTAÇÃO NÃO FAZ PARTE DA INSTALAÇÃO DA PRÓTESE DENTÁRIA, POIS NA INSTALAÇÃO JÁ É PREVISTO A CIMENTAÇÃO, CASO NECESSÁRIO. ESTE PROCEDIMENTO DEVERÁ SER REGISTRADO QUANDO FOR REALIZADO A RE­ CIMENTAÇÃO POR MOTIVO DE REMOÇÃO ESPONTÂNEA DA PRÓTESE OU POR RAZÕES CLÍNICAS. 03.07.04.014­3 ADAPTAÇÃO DE PRÓTESE DENTÁRIA CONSISTE EM AJUSTES DA PRÓTESE DENTÁRIA DE FORMA A MELHOR ACOMODAR A PRÓTESE À BOCA DO PACIENTE. ESSES AJUSTES PERMITEM NÃO SÓ COMPATIBILIZAR A PRÓTESE COM O SEU USUÁRIO, MAS TAMBÉM EQUILIBRAR A MORDIDA, A OCLUSÃO E O ENCAIXE DAS PARTES DA PRÓTESE. ESTA ADAPTAÇÃO NÃO FAZ PARTE DA INSTALAÇÃO DA PRÓTESE DENTÁRIA POIS NA INSTALAÇÃO JÁ É PREVISTO A ADAPTAÇÃO. ESTE PROCEDIMENTO DEVERÁ SER REGISTRADO QUANDO FOR REALIZADO A ADAPTAÇÃO POR MOTIVO DE AJUSTE PÓS­ INSTALAÇÃO. 03.07.04.007­0 MOLDAGEM DENTO­ GENGIVAL P/ CONSTRUCAO DE PROTESE DENTARIA PROCEDIMENTOS DE PLANEJAMENTO, PREPAROS DENTARIOS E MOLDAGEM. 03.07.04.015­1 AJUSTE OCLUSAL CONSISTE NA MODIFICAÇÃO OCLUSAL DO ELEMENTO DENTAL NATURAL OU ARTIFICIAL (PRÓTESE FIXA, REMOVÍVEL OU TOTAL), ATRAVÉS DE PEQUENOS REMODELAMENTOS NAS SUPERFÍCIES DOS DENTES, POR DESGASTE SELETIVO OU ACRÉSCIMO DE MATERIAIS RESTAURADORES, COM FINALIDADE DE SE OBTER A OCLUSÃO HARMÔNICA, SEM CONTATOS PREMATUROS E INTERFERÊNCIAS OCLUSAIS NOS MOVIMENTOS DA MANDÍBULA. GRUPO 1 PROCEDIMENTOS CLÍNICOS SUBGRUPO 1 TRATAMENTOS ODONTOLÓGICOS FORMA DE ORGANIZAÇÃO: 2 SAÚDE BUCAL 01.01.02.005­8 APLICAÇÃO DE CARIOSTÁTICO (POR DENTE) ATIVIDADE COM FINALIDADE TERAPEUTICA E CONTROLE DE UM OU MAIS DENTES COM LESOES DE CÁRIE. 01.01.02.006­6 APLICAÇÃO DE SELANTE APLICAÇÃO DE (POR DENTE) MATERIAL SELADOR POR DENTE EM PONTOS, SULCOS E FISSURAS, REALIZADA COM FINALIDADE PRVENTIVA DAS LESOES DE CARIE. 01.01.02.007­4 APLICAÇÃO TÓPICA DE FLÚOR (INDIVIDUAL POR SESSÃO) APLICAÇÃO TÓPICA DE FLUOR NA FORMA DE GEL COM CONCENTRAÇÃO DE 1,23 OU NA FORMA DE VERNIZ, PODENDO USAR PINCEIS, ESCOVA DENTAL, MOLDEIRA E OUTRAS FORMAS DE APLICAÇÕES, COM A FINALIDADE DE PREVENIR E/OU REMINERALIZAR OS DENTES COM OU SEM LESÓES. O NÚMERO DE SESSÓES DEVE SER DEFINIDO SEGUNDO PADRÕES TÉCNICO CIENTIFICO DE ABORDAGEM DO CASO E DO ACOMPANHAMENTO DO PROFISSIONAL AOS PROGRAMAS LOCAIS. 01.01.02.008­2 EVIDÊNCIA DE PLACA BACTERIANA UTILIZAÇÃO DE SUBSTANCIAS CORANTES COM FINALIDADE DE EVIDENCIAR A PLACA BASCTERIANA. 01.01.02.009­0 SELAMENTO PROVISÓRIO DE CAVIDADE DENTÁRIA FECHAMENTO DE CAVIDADE COM OU SEM PREPAPRO CAVITÁRIO PARA FINS DE RESTAURAÇÃO, COM OBJETIVO DE REDUÇÃO DA SEPTICEMIA BUCAL OU DE TERAPIA EXPECTANTE COMO ETAPA INTERMEDIÁRIA ATÉ QUE A RESTAURAÇÃO DEFINITIVA SEJA EXECUTADA. INCLUI­SE NESTA DENIMINAÇÃO OS PROCEDIMENTOS CONHECIDOS COMO ADEQUAÇÃO DO MEIO BUCAL, CONTROLE DE INFECÇÃO INTRA­ BUCAL, CONTROLE EPIDEMIOLÓGICO DA CARIE E RESTAURAÇÃO PROVISÓRIA, DENTRE OUTRAS. 4.3.6 RELAÇÃO DE PROCEDIMENTOS DE SAÚDE BUCAL – E-SUS 4.3.6.1 Atendimento Odontológico Individual Os procedimentos clínicos individuais realizados pela ESB inseridas em ESF Mod I estão especificados na Ficha de Atendimento Odontológico Individual (Figura 14. Ficha de atendimento odontológico individual – frente (e-SUS) e 15). Figura 14. Ficha de atendimento odontológico individual – frente (e-SUS) Figura 15. Ficha de atendimento odontológico individual – verso (e-SUS). Com base na Ficha de Atendimento Odontológico Individual, ao se realizar procedimentos clínicos individuais, as ESB com CD 40 h inseridas em ESF, devem estar atentas ao registro dos dados, os quais serão especificados a seguir: A) TIPO DE ATENDIMENTO B) TIPO DE CONSULTA C) PROCEDIMENTOS ODONTOLÓGICOS D) CONDUTA A) TIPO DE ATENDIMENTO B) TIPO DE CONSULTA C) PROCEDIMENTOS ODONTOLÓGICOS Deve­se preencher a quantidade (números) de procedimentos realizados durante o atendimento a determinado usuário. Estes campos estão em conformidade com a descrição dos procedimentos (por dente, por sextante ou por usuário) no SIGTAP, como apresentados no Capítulo 4. Item D. Na Ficha de Atendimento Odontológico Individual há, ainda, a possibilidade de registro de procedimentos não listados na Ficha, mas presentes no SIGTAP, no campo OUTROS (SIA). D) CONDUTA 4.3.6.2 Ficha de Atividade Coletiva () Figura 16. Ficha de Atividade Coletiva – frente (e-SUS) Figura 17. Ficha de Atividade Coletiva – verso (e-SUS) Os procedimentos coletivos realizados pelas ESB MOD I são registrados, utilizando­se a Ficha de Atividade Coletiva (Figuras 7 e 8). É importante atenção quanto ao registro correto da ação coletiva quanto à Atividade e à Prática/Tema para a Saúde: Ação Coletiva de Atividade Educativa: a) ATIVIDADE ­ EDUCAÇÃO EM SAÚDE (Item 04) + b) PRÁTICAS/TEMAS PARA SAÚDE ­ SAÚDE BUCAL (Item 15); Ação Coletiva de Escovação Dental Supervisionada: a) ATIVIDADE ­ EDUCAÇÃO EM SAÚDE (Item 04) + b) PRÁTICAS/TEMAS PARA SAÚDE ­ APLICAÇÃO TÓPICA DE FLÚOR (Item 02); Ação Coletiva de Aplicação Tópica de Flúor: a) ATIVIDADE ­ EDUCAÇÃO EM SAÚDE (Item 04) + b) PRÁTICAS/TEMAS PARA SAÚDE ­ ESCOVAÇÃO DENTAL SUPERVISIONADA (Item 09); Ação Coletiva de Levantamento Epidemiológico em Saúde Bucal: a) ATIVIDADE ­ AVALIAÇÃO / PROCEDIMENTO COLETIVO (Item 06) + b) PRÁTICAS/TEMAS PARA SAÚDE ­ SAÚDE BUCAL (Item 15) // LEVANTAMENTAMENTO EPIDEMIOLÓGICO; De acordo com o Manual do Sistema com Coleta de Dados Simplificada – CDS (Versão 2.0) do e­SUS – Atenção Básica (BRASIL, 2015), as atividades especificadas como item 04 não exigem que haja a identificação dos usuários, ao passo que isso se torna obrigatório na realização de atividades especificadas como item 06, no caso da saúde bucal, somente para Levantamento Epidemiológico. 5.4 AS CONDIÇÕES DE TRABALHO E OS FATORES DE RISCO PRESENTES NAS ATIVIDADES DOS PROFISSIONAIS DA ODONTOLOGIA O exercício da odontologia pode gerar danos irreversíveis aos profissionais que a realizam, visto que o trabalho exige concentração e precisão, o campo de atuação é restrito e há contato do profissional com fluidos corporais do usuário e com materiais tóxicos. É importante enfatizar que todos os profissionais que trabalham na área odontológica estão sujeitos aos riscos e observar que as possíveis marcas dos anos de trabalho só aparecerão ao final da carreira (Souza, 1998). Uma análise do ambiente e das condições de trabalho mostrará os pontos críticos, por meio do estudo da atividade real dos trabalhadores. A partir daí, será possível a identificação dos riscos e suas características moduladoras (intensidade, duração e frequência), visando à detecção do desequilíbrio encontrado entre os postos de trabalho e o homem, situação passível de propiciar um aumento da carga de trabalho e ocasionar consequências negativas para a saúde. Sendo assim, é importante avaliar as medidas necessárias à proteção de todos os profissionais deste ambiente de trabalho (Mazzilli, 2003). Doenças relacionadas ao trabalho odontológico e a classificação no CID 10. 1. Doenças infecciosas e parasitárias relacionadas ao trabalho (Grupo I do CID­ 10): Tuberculose (A15 e A19), Hepatites virais (B15 e B19), Doença do vírus da imunodeficiência humana – HIV (B20 e B24), Dermatofitose (B 35), outras micoses superficiais (B36). 2. Transtornos Mentais e do Comportamento relacionados ao trabalho (Grupo V da CID­10): Neurastenia [inclui Síndrome da Fadiga] (F48.0); Outros transtornos neuróticos especificados [inclui Neurose Profissional] (F 48.8); Transtorno do ciclo vigília­sono devido a fatores não­orgânicos (F51.2; Z56.6 e Y96); Sensação de Estar Acabado [Síndrome de Burn Out ou Síndrome do Esgotamento Profissional] (Z73.0). 3. Doenças da pele e do tecido subcutâneo relacionadas ao trabalho (Grupo XII da CID­10): Dermatoses Pápulo­Pustulosas e suas complicações infecciosas (L08. 9); Dermatites alérgicas de contato (L23); Dermatites de contato por irritantes (L24); Dermatite por fotocontato (L56.2); Radiodermatites (aguda, crônica, não especificada) (L58). 4. Doenças do Sistema Osteomuscular e do Tecido Conjuntivo relacionadas ao trabalho (Grupo XIII da CID­10) LER/DORT (Lesões por Esforços Repetitivos/Distúrbios Osteomusculares Relacionados ao Trabalho) na Odontologia As manifestações clínicas das LER/DORT são bastante numerosas, e variam desde patologias bem­definidas e que proporcionam um diagnóstico rápido, até síndromes dolorosas crônicas de gênese multifatorial, muitas vezes coincidindo com aspectos psicológicos importantes e diversos sintomas não funcionais (parestesias, cefaleia, cansaço, sensação de inchaço, dificuldade de concentração e de memória), que podem dificultar o diagnostico. Observa­se inflamações dos músculos e/ ou tendões e/ou fáscias e/ou nervos dos membros superiores e/ou cintura escapular e/ou pescoço que tem chamado a atenção não só́ pelo aumento de sua incidência mas por existirem evidências de sua associação com o ritmo de trabalho. Essas patologias em geral não são de tratamento difícil mas apresentam uma evolução ruim, causando dor, perda de força e edemas, sendo responsáveis por uma porcentagem significativa da queda da performance no trabalho (Regis­Filho; Michels; Sell, 2009). Grande parte dos acometidos relata dor regional ou difusa e ausência de sinais clínicos. Ainda alguns acometidos apresentam dores que se “espalham” por todo o membro, com intercorrência de sintomas em outras regiões (região cervical, parede torácica e dorsal). Para um cirurgião­dentista, a repetição de gestos e a manutenção de contrarresistência, bem como a postura inadequada dos membros superiores, em atividades que exigem constante flexão e extensão do punho, e a compressão mecânica das bases das mãos na utilização de instrumentos periodontais e endodônticos curtos e inadequados são causas ocupacionais imediatas da Síndrome do Túnel do Carpo (BAUER, 1985; JETZER, 1991). Entre os fatores de risco de acometimento das LER/DORT encontrados nos serviços odontológicos, podemos citar: repetitividade de movimentos, uso de força, posturas estáticas e/ou antinaturais, longas jornadas de trabalho, fatores organizacionais e psicossociais, condições individuais do trabalhador e estresse. Acredita­se que a disponibilização de informação precisa sobre o assunto pode ser considerada um fator importante dentro da prevenção, já que facilita a definição dos fatores causais e a sua interceptação. Modificações no aspecto físico do ambiente, tais como substituição de instrumentais e equipamentos para propiciarem posturas confortáveis, representam atitudes preventivas, porém essas mudanças isoladas são insuficientes. Medidas relacionadas à organização do trabalho são capazes de causar maior impacto. Podemos citar: Redução dos fatores estressantes do trabalho, como mudanças na organização para diminuir a pressão e aumento do controle sobre o seu trabalho pelo trabalhador. Introdução de rodízios para propiciar diversidade de tarefas com o intuito de diminuir o efeito de repetitividade Introdução de períodos de descanso e/ou ginástica de pausa em atividades que exijam movimentos repetitivos e posições estáticas. Respeito à capacidade individual. As atividades físicas regulares também são apontadas como fatores preventivos, pois aumentam a capacidade física, além de ajudarem no controle do estresse. 5.5 ERGONOMIA ODONTOLÓGICA É a ciência que estuda a adaptação do homem ao trabalho, e vice­versa, para que seja possível alcançar os melhores resultados sob condições ideais, possibilitando a racionalização dos procedimentos odontológicos para a simplificação do trabalho, a prevenção da fadiga e maior conforto para a equipe e o paciente (BRÁS, 1996). A Norma Regulamentadora de Segurança e Medicina do Trabalho sobre ergonomia NR17 “visa estabelecer parâmetros que permitam a adaptação das condições de trabalho às características psicológicas dos trabalhadores, de modo a proporcionar um máximo de conforto, segurança e desempenho eficiente” (BRASIL, 2001). Aspectos importantes para o atendimento Agendar, planejar o atendimento. Conhecer a capacidade de trabalho diária e semanal da equipe, sendo recomendável uma jornada máxima de 60 horas semanais. É importante utilizar mochos de base ampla (05 rodas), trabalhar em equipe com auxiliar (quatro mãos), colocar o usuário na posição supina (exceto em casos em que a condição sistêmica do usuário impossibilite essa posição), ter visão em todos os quadrantes e utilizar equipamento correto de acordo com a técnica de trabalho adotada. A área útil de trabalho do profissional deve estar dentro de um círculo com 01 metro de diâmetro (espaço máximo de pega) que pode ser alcançado com o movimento de braço. Deve­se ter tudo a um alcance mínimo, eliminando­se movimentos supérfluos, torções exageradas ou inclinações laterais. A área total do consultório não deve ter mais que 03 metros de largura para não ser antiergonômico. Nessa área ficam as pias e armários fixos (em forma de U), sendo que as gavetas, quando abertas, devem cair dentro de um “círculo” de 1,5m de raio. Ideal é a posição de 9 h para o CD e 15 h para a auxiliar (posições consagradas em ergonomia), que permite trabalhar com visão direta, tanto da mandíbula como da maxila. A perna esquerda do CD fica posicionada sob o encosto da cadeira, e a direita ao lado do braço direito da cadeira. Para CD canhoto, a posição é invertida com a auxiliar. Com a regulagem do encosto da cadeira é possível ainda a posição de 12 h com visão indireta e o usuário na posição supina. Sentar­se no mocho com as coxas paralelas ao chão formando um ângulo de 90º com as pernas e os pés apoiados no chão. Acima de 90º haverá maior compressão da circulação venosa de retorno com consequente aparecimento de varizes. Manter as costas retas e apoiadas no encosto do mocho na região renal e a cabeça ligeiramente inclinada para baixo. Trabalhar com os cotovelos junto ao corpo ou apoiados em local que esteja ao nível dos mesmos, com todos os membros descontraídos para prevenir a bursite. Ajustar a altura da cadeira de tal maneira que uma das pernas do CD possa ser colocada sob o encosto, sem sofrer pressão e sincronizadas com as pernas da auxiliar. Posicionar o cabeçote para baixo quando o trabalho for realizado na maxila, para cima e para frente quando for na mandíbula. Posicionar o usuário deitado na cadeira de modo que a boca do mesmo fique no mesmo nível dos seus joelhos. Manter uma distância de 30 cm da boca do usuário. Posicionar o refletor à frente do usuário para trabalhar na maxila e perpendicularmente à cabeça do mesmo para o trabalho na mandíbula. Utilizar sugadores de alta potência, evitando que o usuário utilize a cuspideira, o que acarreta mudanças constantes da posição e perda de tempo. A cada 90 minutos de atendimento deve ser feito um intervalo de 10 minutos (RIO e RIO, 2000). 5.6 A BIOSSEGURANÇA EM ODONTOLOGIA INTRODUÇÃO A biossegurança em odontologia compreende o conjunto de medidas empregadas com a finalidade de proteger a equipe e os pacientes em ambiente clínico. Essas medidas preventivas abrangem práticas ergonômicas no desenvolvimento do exercício da profissão, controle dos riscos físicos, químicos e princípios de controle de infecção (Costa et al, 2000). Uma grande variedade de microorganismos presentes na cavidade bucal pode ser patogênica e transmitir doenças infectocontagiosas. Entre as doenças de reconhecida transmissão ocupacional na prática odontológica destacam­se a Hepatite B – como a de maior risco de transmissão, o Herpes – como a de maior freqüência e a Síndrome da Imunodeficiência Adquirida (SIDA, AIDS), que apesar do pequeno risco ocupacional, é a que mais amedronta e mobiliza os profissionais para a adoção de medidas de precaução padrão (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2000). 5.6.1 MEDIDAS INDIVIDUAIS DE PROTEÇÃO PARA PROFISSIONAIS DAS EQUIPES DE SAÚDE BUCAL 5.6.1.1 IMUNIZAÇÃO DOS PROFISSIONAIS DA SAÚDE Os profissionais da área da saúde, por estarem mais expostos, possuem um risco elevado de aquisição de doenças infecciosas, devendo estar devidamente imunizados. O profissional deve estar atento às características da região e da população a ser atendida, pois diferentes vacinas podem ser indicadas. Caso haja alguma contra­indicação ao uso das vacinas disponíveis na rede pública, o profissional poderá recorrer aos Centros de Referência em Imunobiológicos Especiais­ CRIE (BRASIL,1999). Em Manaus, o CRIE está localizado na Fundação de Medicina Tropical. As vacinas mais importantes para os profissionais da Odontologia são contra: hepatite B, influenza, tríplice viral e dupla tipo adulto. Essas vacinas devem ser preferencialmente administradas nos serviços públicos de saúde ou na rede credenciada, para a garantia do esquema vacinal, do lote e da conservação adequada. VACINA CONTRA HEPATITE B Deve ser feita em três doses, em períodos de zero, um e seis meses de intervalo; dois meses após o esquema vacinal completo, recomenda­se a realização de testes sorológicos para verificar a soro conversão das pessoas vacinadas. Doses de reforço não têm sido recomendadas, sendo indicada a realização de testes sorológicos para avaliar a manutenção da imunidade. Os indivíduos que não responderem ao primeiro esquema vacinal deverão ser submetidos à revacinação com as três doses da vacina. VACINA CONTRA FEBRE AMARELA Deve ser efetuada nos residentes e viajantes de áreas endêmicas (estados do Acre, Amapá, Amazonas, Distrito Federal, Goiás, Maranhão, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Pará, Rondônia, Roraima e Tocantins e algumas regiões dos estados da Bahia, Minas Gerais, Paraná, Piauí, Rio Grande do Sul, Santa Catarina e São Paulo). Uma dose de reforço é necessária a cada dez anos. No caso de deslocamento para essas áreas, a vacinação deve ser feita até dez dias antes da viagem. VACINA SRC (Tríplice Viral) contra Sarampo, Caxumba e Rubéola Deve ser feita em dose única. VACINA BCG - ID (contra Tuberculose) Em dose única para aqueles que não forem reagentes ao teste tuberculínico. VACINA DT (Dupla Adulto) contra Difteria e Tétano Em três doses no esquema básico. Requer uma dose de reforço a cada dez anos, antecipada para cinco anos em caso de gravidez ou acidente com lesões graves. VACINAS CONTRA INFLUENZA E CONTRA PNEUMOCOCOS Atuam contra gripe e pneumonia, respectivamente, e requerem uma dose a cada ano para gripe e reforço após cinco anos para pneumonia. 5.6.1.2 RISCOS OCUPACIONAIS São considerados riscos ocupacionais a possibilidade de perda ou dano e a probabilidade de que tal perda ou dano ocorra. Implica, pois, a probabilidade de ocorrência de um evento adverso. Os riscos mais frequentes a que estão sujeitos os profissionais que atuam em assistência odontológica são os físicos, os químicos, os ergonômicos, os mecânicos ou de acidente, os advindos da falta de conforto e higiene e os biológicos. 5.6.1.2.1 Risco Físico Exposição dos profissionais a agentes físicos (ruído, vibração, radiação ionizante e não­ionizante, temperaturas extremas, umidade e outros). São causadores desses riscos: caneta de alta rotação, compressor de ar, equipamento de RX, equipamento de laser, fotopolimerizador, autoclave, condicionador de ar e etc. 5.6.1.2.1.2 Procedimentos para minimizar o Risco Físico Os seguintes procedimentos devem ser adotados a fim de minimizar os riscos físicos a que estão submetidos os profissionais de Odontologia: a) Utilizar protetores auriculares. b) Usar óculos de proteção para os procedimentos odontológicos, o manuseio de equipamentos que possuem luz halógena e o laser. c) Utilizar equipamentos de proteção radiológica, inclusive para os pacientes. d) Manter o ambiente de trabalho com iluminação eficiente. e) Proteger o compressor de ar com caixa acústica. f) Tomar cuidado ao manusear os instrumentais com temperatura elevada. g) Manter o ambiente arejado e ventilado, proporcionando bem­estar. 5.6.1.2.2 Risco Químico Exposição dos profissionais a agentes químicos (poeiras, névoas, vapores, gases, produtos químicos em geral e outros). Os principais causadores desse risco são: amálgama, desinfetantes químicos e os gases medicinais (óxido nitroso e outros). 5.6.1.2.2.1 Procedimentos para minimizar o Risco Químico O risco químico pode ser minimizado utilizando­se dos seguintes procedimentos: a) Limpar a sujidade do chão, utilizando pano umedecido para evitar poeiras. b) Utilizar Equipamentos de Proteção Individual – EPIs (luvas, máscaras, óculos e avental impermeável) adequados para o manuseio de produtos químicos desinfetantes. c) Usar EPI completo durante o atendimento ao paciente e disponibilizar óculos de proteção ao mesmo para evitar acidentes com produtos químicos. d) Utilizar somente amalgamador de cápsulas. e) Acondicionar os resíduos de amálgama e suas cápsulas em recipiente inquebrável, de paredes rígidas, contendo água ou fixador radiológico usado suficiente para cobri­ los, e encaminhá­los para coleta especial de resíduos contaminados. f) Armazenar os produtos químicos de maneira correta e segura, conforme instruções do fabricante, para evitar acidentes. g) Fazer manutenção preventiva das válvulas dos recipientes contendo gases medicinais. 5.6.1.2.3 Risco Ergonômico Causado por agentes ergonômicos como postura incorreta, ausência do profissional auxiliar e/ou técnico, falta de capacitação do pessoal auxiliar, ausência de planejamento, ritmo excessivo, atos repetitivos, entre outros. 5.6.1.2.3.1Procedimentos para minimizar o Risco Ergonômico Para minimizar o risco ergonômico, devem ser observadas as seguintes recomendações: a) Organizar o ambiente de trabalho. b) Realizar planejamento do atendimento diário. c) Trabalhar preferencialmente em equipe. d) Proporcionar à equipe de trabalho capacitações permanentes. e) Incluir atividades físicas diárias. f) Realizar exercícios de alongamento entre os atendimentos, com a orientação de profissional da área g) Valorizar momentos de lazer com a equipe. 5.6.1.2.4 Risco Mecânico ou de Acidente Exposição da equipe odontológica a agentes mecânicos ou que propiciem acidentes. Entre os mais frequentes, podemos citar: espaço físico subdimensionado; arranjo físico inadequado; instrumental com defeito ou impróprio para o procedimento; perigo de incêndio ou explosão; edificação com defeitos; improvisações na instalação da rede hidráulica e elétrica; ausência de EPI e outros. 5.6.1.2.4.1 Procedimentos para minimizar o Risco Mecânico ou de Acidentes a) Adquirir equipamentos com registro no MS, preferencialmente modernos, com desenhos respeitando a ergonomia. b) Instalar os equipamentos em área física adequada, de acordo com a RDC 50/2002 da Anvisa. c) Utilizar somente materiais, medicamentos e produtos registrados na Anvisa. d) Manter instrumentais em número suficiente e com qualidade para o atendimento aos pacientes. e) Instalar extintores de incêndio obedecendo ao preconizado pela NR­23 (NBR 12962/ IT ­2, e capacitar a equipe para sua utilização. f) Realizar manutenção preventiva e corretiva da estrutura física, incluindo instalações hidráulicas e elétricas. g) Nas clínicas odontológicas devem ser implantadas o Programa de Prevenção de Riscos Ambientais ­ PPRA, de acordo com a NR­9. 5.6.1.2.5 Riscos pela falta de conforto e de higiene Exposição do profissional a riscos por ausência de conforto no ambiente de trabalho e a riscos sanitários. Podemos citar alguns desses riscos: sanitário em número insuficiente e sem separação por sexo; falta de produtos de higiene pessoal, como sabonete líquido e toalha descartável nos lavatórios; ausência de água potável para consumo; não fornecimento de uniformes; ausência de ambientes arejados para lazer e confortáveis para descanso; ausência de vestiários com armários para a guarda de pertences; falta de local apropriado para lanches ou refeições, entre outros. 5.6.1.2.5.1 Procedimentos para minimizar o Risco pela falta de conforto e de higiene Proporcionar à equipe condições de higiene, de conforto e de salubridade no ambiente de trabalho, de acordo com a NR­24. 5.6.1.2.6 Risco Biológico Considera­se risco biológico a probabilidade da ocorrência de um evento adverso em virtude da presença de um agente biológico. Sabe­se que as exposições ocupacionais a materiais biológicos potencialmente contaminados, constituem um sério risco aos profissionais da área da saúde nos seus locais de trabalho. Estudos desenvolvidos nesta área mostram que os acidentes envolvendo sangue e outros fluidos orgânicos correspondem às exposições mais frequentemente relatadas. 5.6.1.2.6.1 Vias de trasmissão A) TRANSMISSÃO POR VIA AÉREA O ambiente odontológico, pelas suas particularidades, possibilita que o ar seja uma via potencial de transmissão de microorganismos, por meio das gotículas e dos aerossóis, que podem contaminar diretamente o profissional ao atingirem a pele e a mucosa, por inalação e ingestão, ou indiretamente, quando contaminam as superfícies. As gotículas e os aerossóis são gerados durante a tosse, espirro e fala, ou são provenientes dos instrumentos rotatórios, seringas tríplices, equipamentos ultrassônicos e por jateamento. As gotículas são consideradas de tamanho grande e podem atingir até um metro de distância. Por serem pesadas, rapidamente se depositam nas superfícies. Os aerossóis são partículas pequenas, que podem permanecer suspensas no ar durante horas e ser dispersas a longas distâncias, atingindo outros ambientes, carreadas por correntes de ar. A.1. PROCEDIMENTOS PARA DIMINUIR O RISCO DE TRANSMISSÃO AÉREA • Usar dique de borracha, sempre que o procedimento permitir. • Usar sugadores de alta potência. • Evitar o uso da seringa tríplice na sua forma spray, acionando os dois botões ao mesmo tempo. • Regular a saída de água de refrigeração. • Higienizar previamente a boca do paciente mediante escovação e/ou bochecho com antisséptico. • Manter o ambiente ventilado. • Usar máscaras de proteção respiratórias. • Usar óculos de proteção/protetor facial • Evitar contato dos profissionais suscetíveis com pacientes suspeitos de sarampo, varicela, rubéola e tuberculose. A.2. PRINCIPAIS DOENÇAS TRANSMISSÍVEIS POR VIA AÉREA • DOENÇA MENINGOCÓCICA • GRIPE OU INFLUENZA • MONONUCLEOSE • RUBÉOLA E SARAMPO • TUBERCULOSE B) TRANSMISSÃO POR SANGUE E OUTROS FLUIDOS ORGÂNICOS Na prática odontológica é comum a manipulação de sangue e outros fluidos orgânicos, que são as principais vias de transmissão do HIV e dos vírus das hepatites B (HBV) e C (HCV). As exposições que podem trazer riscos de transmissão são definidas como: • Percutânea: lesão provocada por instrumentos perfurantes e cortantes. • Mucosa: contato com respingos na face envolvendo olhos, nariz e boca. • Cutânea: contato com pele com dermatite ou feridas abertas. • Mordeduras humanas: lesão que deve ser avaliada tanto para o indivíduo que a provocou quanto para aquele que tenha sido exposto (consideradas como exposição de risco quando há presença de sangue). B.1. PROCEDIMENTOS PARA DIMINUIR O RISCO DE TRANSMISSÃO POR SANGUE E OUTROS FLUIDOS ORGÂNICOS • Ter a máxima atenção durante a realização dos procedimentos. • Não utilizar os dedos como anteparo durante a realização de procedimentos que envolvam materiais perfurocortantes. • Não reencapar, entortar, quebrar ou retirar as agulhas da seringas com as mãos. • Não utilizar agulhas para fixar papéis. • Desprezar todo material perfuro cortante, mesmo que estéril, em recipiente com tampa e resistente a perfuração. • Colocar os coletores específicos para descarte de material perfuro cortante próximo ao local onde é realizado o procedimento e não ultrapassar o limite de dois terços de sua capacidade total. • Usar EPI completo. B.2. PRINCIPAIS DOENÇAS TRANSMISSÍVEIS POR SANGUE E OUTROS FLUIDOS ORGÂNICOS • HEPATITES • HEPATITE A • HEPATITE B • HEPATITE C • SÍNDROME DA IMUNODEFICIÊNCIA ADQUIRIDA (AIDS) C) TRANSMISSÃO PELO CONTATO DIRETO E INDIRETO COM O PACIENTE A equipe odontológica está sujeita a diversas doenças adquiridas por meio do contato direto (mãos ou pele) ou indireto (superfícies ambientais ou itens de uso do paciente), devido à proximidade e ao tempo de exposição prolongado durante a realização dos procedimentos, devendo ser adotadas medidas de precauções padrão para com todos os pacientes. C.1. PROCEDIMENTOS PARA DIMINUIR O RISCO DE TRANSMISSÃO PELO CONTATO DIRETO E INDIRETO COM O PACIENTE •Uso de EPI. • Higienização das mãos. • Manter os cabelos presos. • Desinfecção concorrente das secreções e dos artigos contaminados. C.2. PRINCIPAIS DOENÇAS TRANSMISSÍVEIS PELO CONTATO DIRETO E INDIRETO COM O PACIENTE • HERPES SIMPLES • ESCABIOSE OU SARNA • PEDICULOSE OU PIOLHO • MICOSES • CONJUNTIVITE 5.6.1.3 HIGIENIZAÇÃO DAS MÃOS A mais importante ação para a prevenção e o controle das infecções em serviços de saúde é a higienização das mãos. A higienização das mãos tem como finalidade: a remoção de sujidade, suor, oleosidade, pélos, células descamativas e da microbiota da pele, interrompendo a transmissão de infecções veiculadas ao contato; e a prevenção e redução das infecções causadas pelas transmissões cruzadas. Sempre que houver umidade ou sujidade visível nas mãos, a higenização das mãos com água e sabão deve ser escolhida. O álcool só deve ser aplicado quando as mãos estiverem livres de sujidade ou umidade visível. Quando a escolha for a utilização de produtos à base de álcool, a concentração do princípio ativo deve estar entre 60 e 90% p/p, de etanol ou isopropanol (solução alcoólica). A solução deve ter contato com toda a superfície das mãos, com atenção especial aos locais mais freqüentemente esquecidos, ou seja, as pontas dos dedos, os espaços interdigitais e o polegar. A pele deve ser friccionada até que a solução evapore e as mãos fiquem secas. O profissional de odontologia deve higienizar as mãos imediatamente antes de iniciar qualquer atendimento. Se as mãos estão secas e limpas, basta aplicar soluções que dispensam enxague. Após retirar as luvas, é necessário lavar as mãos, devido a resíduos deixados pela cobertura interna deste EPI, que podem causar irritação na pele, e pela possibilidade de contaminação da pele, mesmo que reduzida, por secreções e sangue que eventualmente possam ter passado pelas porosidades do material (microfuros). Durante o atendimento a um mesmo paciente, pode ser necessário trocar as luvas e/ou higienizar as mãos mais de uma vez. Essa necessidade deriva do processo de trabalho, que prevê o acesso a vários equipamentos e instrumentais, nem sempre à mão; do rompimento ou perfuração das luvas; da interrupção do atendimento (atender telefone, preparar material, aguardar tempo de reação de materiais de preenchimento etc.); dentre outros. Durante os procedimentos cirúrgicos, a umidade retida e o calor favorecem a multiplicação de microorganismos na pele de mãos enluvadas por períodos prolongados. Todos os produtos destinados à higienização das mãos devem ser registrados na Agência Nacional de Vigilância Sanitária, conforme as RDCs n.º 79, de 28 de agosto de 2000, n.º 133, de 29 de maio de 2003, e n.º 136, de 29 de maio de 2003, ou as que vierem substituí­las. O álcool a 70%, a clorhexidina, os compostos de iodo, como por exemplo polivinil pirrolidona iodo (PVPI) e outros iodóforos, são os princípios ativos aceitos pelo Ministério da Saúde para a anti­sepsia das mãos O sabonete utilizado para a lavagem das mãos deve ser preferencialmente líquido, quando não for possível, deve­se procurar utilizar sabonete sólido em pedaços pequenos, apoiados em suportes que não retêm água, com o objetivo de minimizar seu papel como reservatório de microorganismos. Sabonetes em pó, devem estar disponíveis em dispensadores que impeçam a contaminação pelas mãos e a perda das características originais por exposição à umidade. Não devem ser aplicados nas mãos sabões e detergentes destinados ao uso em objetos e superfícies. Antes de iniciar qualquer técnica de higienização das mãos, o profissional deve retirar relógio, pulseiras e anéis, inclusive a aliança. As unhas devem ser mantidas aparadas e, caso use esmalte, este não deve apresentar fissuras ou descamação. O uso de escova no preparo cirúrgico das mãos tem sido questionado por alguns pesquisadores. E quando utilizadas, as escovas devem ter cerdas macias e ser destinadas apenas à escovação das unhas e espaços subungueais. LAVAGEM DAS MÃOS (Erro! Fonte de referência não encontrada.) 1. Manter o corpo afastado da pia. 2. Abrir a torneira e molhar as mãos sem tocar na superfície da pia. 3. Aplicar a quantidade de produto recomendada pelo fabricante (3 a 5 ml, em geral), suficiente para cobrir toda a superfície das mãos. 4. Ensaboar as mãos, friccionando uma na outra por aproximadamente 15 segundos, com o objetivo de atingir toda a superfície. 5. Friccionar, com especial atenção, os espaços interdigitais, as unhas e as pontas dos dedos. 6. Enxaguar as mãos em água corrente, retirando totalmente o resíduo do sabonete, sem tocar na superfície da pia ou na torneira. 7. Enxugar as mãos com papel­toalha descartável (não utilizar toalhas de uso múltiplo). APLICAÇÃO DE ANTI-SÉPTICO QUE DISPENSA ENXÁGUE (Á BASE DE ÁLCOOL) 1. Aplicar a quantidade de produto recomendada pelo fabricante (3 a 5 ml, em geral), suficiente para cobrir toda a superfície das mãos. 2. Friccionar as mãos uma na outra, com o objetivo de aplicar o produto em toda a superfície. 3. Friccionar, com especial atenção, os espaços interdigitais, as unhas e as pontas dos dedos. 4. Friccionar o produto até que seque completamente (não usar papel­toalha). Figura 18. Lavagem das mãos ANTI-SEPSIA CIRÚRGICA DAS MÃOS 1. Aplicar produto antimicrobiano em quantidade recomendada pelo fabricante, suficiente para cobrir toda a superfície das mãos e antebraço. 2. Limpar as unhas, friccionando­as contra a palma da mão ou escova macia. 3. Utilizar escova macia para friccionar a pele (opcional). 4. Efetuar movimentos de fricção iniciando pela extremidade dos dedos, continuando pelos espaços interdigitais, faces das mãos, punhos e antebraços, despendendo de dois a seis minutos. 5. Enxaguar as mãos em água corrente, deixando escorrer das pontas dos dedos para o antebraço, até eliminar completamente o produto. 6. Secar as mãos com compressa estéril, com movimentos compressivos, partindo das pontas dos dedos e seguindo pelas mãos até chegar ao cotovelo. 5.6.1.4 USO DE BARREIRAS E EPIs O Equipamento de proteção individual (EPI) é todo dispositivo ou produto de uso individual utilizado pelo trabalhador, destinado à proteção de riscos suscetíveis de ameaçar a segurança e a saúde no trabalho (Brasil, 2000). A Norma Regulamentadora 32 –NR32 do Ministério do Trabalho, descreve, dentre outros assuntos, sobre a obrigatoriedade do fornecimento dos equipamentos de proteção individual (EPI) aos empregados, gratuitamente, adequado ao risco e em perfeito estado de conservação e funcionamento (BRASIL, 2005). O uso de EPI é indicado durante o atendimento ao paciente, nos procedimentos de limpeza do ambiente e no reprocessamento dos artigos. Cabe ao responsável técnico pelo serviço odontológico providenciar a aquisição dos EPIs e orientar a equipe quanto aos tipos de EPIs e as indicações de uso, devendo: a) Adquirir os EPIs adequados ao risco de cada atividade com Certificado de Aprovação – CA do Ministério do Trabalho e Emprego. b) Exigir seu uso. c) Fornecer ao trabalhador somente aqueles EPIs aprovados pelo órgão nacional competente em matéria de segurança e saúde no trabalho. d) Orientar e treinar o trabalhador sobre o uso adequado e conservação dos mesmos. e) Substituí­los imediatamente, quando danificados ou extraviados. f) Orientar quanto à higienização, manutenção periódica, restauração, lavagem e guarda correta do EPI. g) Respeitar a sua indicação em relação ao local e níveis de contaminação. 5.6.1.4.1 Tipos de EPIs para os profissionais da equipe de saúde odontológica 1. 2. 3. 4. 5. 6. Gorro Óculos de proteção Protetores faciais Máscaras Avental Luvas Os principais tipos de luvas e suas indicações de uso são as seguintes: a) Luvas grossas de borracha e cano longo durante os processos de limpeza de artigos e ambientes, quando em contato com superfícies, artigos, instrumentos e equipamentos contaminados. b) Luvas de látex de procedimento para atividades clínicas e estéreis para procedimentos cirúrgicos, que devem ser descartadas a cada paciente. c) Luvas de plástico, usadas como sobreluvas, quando houver necessidade de manusear artigos fora do campo de trabalho. d) Luvas de amianto, couro ou aramida, usadas no manuseio de artigos esterilizados. 7. Calçados Devem ser fechados, com solado baixo e antiderrapante (é proibido o uso de sapato com salto alto). Atuam na segurança para a proteção dos pés contra: impactos de quedas de objetos, choques elétricos, agentes térmicos, agentes cortantes e escoriantes, umidade proveniente de operações com uso de água e respingos de produtos químicos e biológicos. 5.6.2 ORIENTAÇÕES EM CASOS DE ACIDENTE DE TRABALHO Quando se pensa em acidente de trabalho em Odontologia, a grande preocupação refere­se a acidentes com materiais perfurocortantes que foram expostos a material biológico. Caso isso ocorra, a conduta preconizada pela ANVISA ­ Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Brasil, 2006) é a seguinte: Manter a calma; Lavar exaustivamente o ferimento com água e sabão, quando em pele, podendo­se também utilizar antissépticos do tipo PVPI, clorexidina ou álcool 70%; ou com soro fisiológico 0,9% ou água, quando em mucosas; Não espremer ou apertar o local provocando maior sangramento ou aumentando a lesão e evitar o uso de substâncias cáusticas, como hipoclorito de sódio, pois estas aumentam a área lesada, e consequentemente, a exposição ao material infectante; Dirigir­se imediatamente à Fundação Instituto de Medicina Tropical do Amazonas (FMT­AM) ou à Fundação HEMOAM onde o Técnico de Segurança do Trabalho, preencherá o inquérito de notificação e emitirá a Comunicação de Acidente de Trabalho – CAT; OBS.: Caso o profissional trabalhe em um estabelecimento hospitalar, este deve dirigir­se ao Serviço de Controle de Infecção Hospitalar (SCIH). O atendimento é considerado uma urgência devido ao pouco tempo disponível para se iniciar a profilaxia com os medicamentos antiretrovirais (2 horas após o acidente); Em casos extremos, pode ser realizada até 24 a 36 horas depois. Após esse período de tempo, sua eficácia para o HIV é discutível. Nos acidentes de alto risco para HBV, a quimioprofilaxia pode ser iniciada até uma a duas semanas depois. O risco de transmissão ocupacional do HIV para o trabalhador de saúde após exposição percutânea é estimada em 0,3% e após exposição mucocutânea em 0,09%. Para a hepatite B, o risco para o profissional depende da situação do paciente­fonte. Se a fonte for HBsAg e HBeAg positivos, o risco varia de 22% a 31% para desenvolver doença clínica e de 37% a 62% para a conversão sorológica. Para pacientes­fonte com HBsAg­positivo, HBeAg­negativo o risco de manifestação clínica da doença é de 1%– 6%, e de conversão sorológica de 23%–37%. Obter uma boa anamnese do paciente­fonte, questionando­o sobre seus hábitos de vida, história de hemotransfusão, uso de drogas, vida sexual, uso de preservativos, passado em presídios ou manicômios, história de hepatite e DSTs e sorologias anteriores; Levar sua carteira de vacinação ou informar sobre seu estado vacinal; O médico solicitará amostras de sangue do profissional que sofreu o acidente ocupacional e do paciente­fonte. Caso este se recuse a submeter­se às sorologias (HIV, Ati­HCV e HbsAg), ele será considerado como soropositivo e as quimioprofilaxias contra HBV e HIV serão iniciadas; OBS.: O profissional só fará a coleta de sangue quando o paciente­fonte for positivo ou desconhecido para HIV, Hepatite B e C. Se o paciente­fonte for negativo não é necessário o acompanhamento sorológico do funcionário. Repetir­se­ão as sorologias seis semanas, três meses, seis meses e um ano após o acidente ou a critério do médico; O profissional acidentado, em uso de quimioprofilaxia antiretroviral, deverá retornar à consulta médica semanalmente, ou conforme protocolo do serviço, para acompanhamento clínico dos sinais de intolerância medicamentosa; Se durante o acompanhamento ocorrer novo acidente com o funcionário, ele deverá submeter­se ao protocolo novamente, sendo desconsiderados todos os procedimentos já realizados; Nos casos em que ocorrer a soroconversão para HIV ou hepatite, o funcionário será encaminhado ao médico do trabalho para as orientações legais e a um centro de referência para o acompanhamento e tratamento necessários. 5.6.3 FLUXOS E PROCESSAMENTO DE ARTIGOS ARTIGOS– São instrumentos de diversas naturezas que podem ser veículos de contaminação. 5.6.3.1 Classificação dos Artigos, Segundo Spaulding: Artigos críticos ­ são aqueles que penetram nos tecidos sub­epiteliais da pele e mucosa, sistema vascular ou outros órgãos isentos de microbiota própria. Ex.: instrumentos de corte ou ponta; outros artigos cirúrgicos (pinças, afastadores, fios de sutura, catéteres, drenos etc.); soluções injetáveis. (todos instrumentais e materiais envolvidos em procedimentos críticos) processo: esterilização Artigos semi­críticos ­ são aqueles que entram em contato com a mucosa íntegra e/ou pele não íntegra. Ex.: material para exame clínico (pinça, sonda e espelho); condensadores; moldeiras; porta­grampos. (dar preferência para esteriilização) processo: esterilização ou desinfecção de alto nível. (glutaraldeído ou ácido peracético) Artigos não críticos ­ são aqueles que entram em contato com a pele íntegra ou não entram em contato direto com o paciente. Ex.: termômetro; equipo odontológico; superfícies de armários e bancadas; aparelho de raios X. processo: desinfecção de nível intermediário (hipoclorito de Na e fenóis sintéticos); desinfecção de baixo nível (álcool 70%) (BRANDÃO et al., 2009). 5.6.3.2 O processamento de artigos compreende a limpeza e a desinfecção e/ou esterilização. Limpeza: A limpeza é a remoção mecânica de sujidades, com o objetivo de reduzir a carga microbiana, a matéria orgânica e os contaminantes de natureza inorgânica, de modo a garantir o processo de desinfecção e esterilização e a manutenção da vida útil do instrumental. Deve ser feita utilizando­se os EPIs próprios para uso na sala de expurgo. O manuseio dos artigos deve ser cuidadoso para evitar acidentes ocupacionais. Os instrumentos que têm mais de uma parte devem ser desmontados; as pinças e tesouras devem ser abertas, de modo a expor ao máximo suas reentrâncias. A limpeza deve ser realizada imediatamente após o uso, ao final de cada atendimento (MARQUES et al., 2015). Desinfecção: É a remoção ou inativação de um grande número de microorganismos patogênicos de determinada área. Desinfecção de alto nível: é um processo de curta duração (30 minutos) no qual se consegue a destruição de todas as formas de vida, exceto esporos, utilizando agentes químicos esterilizantes. Desinfecção de nível intermediário: é o processo no qual se consegue a destruição da dos microrganismos, mas não os vírus nem esporos. Desinfecção de baixo nível: é o processo de destruição de poucos microrganismos. Esterilização: É a eliminação de todos os microorganismos, esporos, bactérias, fungos e protozoários de determinada área (PEREIRA et al.,2008; MARQUES et al., 2015). 5.6.3.3 Fluxo de processamento dos artigos de uso odontológico (Figura 19) Imersão em solução aquosa de detergente enzimático, usando uma cuba plástica, mantendo os artigos totalmente imersos por cerca de 5 minutos para assegurar a limpeza adequada. Limpeza manual: É o procedimento realizado manualmente para a remoção de sujidade, por meio de ação física aplicada sobre a superfície do artigo, usando: • Escova de cerdas macias e cabo longo. • Escova de aço para brocas. • Escova para limpeza de lúmen. • Pia com cuba profunda específica para este fim e preferentemente com torneira de jato direcionável. • Detergente e água corrente. Enxágue Deve ser realizado em água potável e corrente, garantindo a total retirada das sujidades e do produto utilizado na limpeza. Secagem: Deve ser criteriosa para evitar que a umidade interfira nos processos e para diminuir a possibilidade de corrosão dos artigos. Pode ser realizada com a utilização de pano limpo e seco, exclusivo para esta finalidade (MARQUES et al., 2015). Inspeção Visual: Serve para verificar a eficácia do processo de limpeza e as condições de integridade do artigo. Se os funcionários do setor identificar a presença de sujidades, se faz necessário proceder novamente à limpeza ou à substituição do instrumento. Não devem ser utilizados produtos e objetos abrasivos. Preparo e Embalagem: A embalagem deve permitir a penetração do agente esterilizante e proteger os artigos de modo a assegurar a esterilidade até a sua abertura. Para esterilização em autoclave, recomenda­se papel grau cirúrgico, papel crepado, tecido não­tecido, tecido de algodão cru (campo duplo), vidro e nylon, e caixas metálicas perfuradas. Embalagens compostas de papel grau cirúrgico e/ou filme plástico polipropileno­polietileno e nylon devem ter o ar removido antes da selagem, pois o ar atua como um obstáculo na transmissão de calor e de umidade. Pinças e tesouras devem ser esterilizadas com suas articulações abertas. O fechamento do papel grau cirúrgico e filme plástico ou do nylon deve promover o selamento hermético da embalagem e garantir sua integridade. A faixa de selagem deve ser ampla, preferencialmente, de 1 cm ou reforçada por duas ou três faixas menores. Recomenda­se promover o selamento deixando uma borda de 3 cm, o que facilitará a abertura asséptica do pacote. Desinfeção/Esterilização: Na Odontologia, os processos de esterilização indicados são: a) Físicos: utilizando­se o vapor saturado sob pressão (autoclave). b) Químicos: utilizando­se soluções de ácido peracético a 0,2%. Destaca­se que os artigos metálicos deverão ser esterilizados por processo físico visto serem termorresistentes. A esterilização química deve ser utilizada em artigos termossensíveis apenas quando não houver outro método que a substitua. Ressalta­se que os artigos termossensíveis esterilizados por meio de processo físico. devem ser prioritariamente Armazenamento O instrumental deve ser armazenado em local exclusivo, separado dos demais, em armários fechados, protegido de poeira, umidade e insetos, e a uma distância mínima de 20 cm do chão, 50 cm do teto e 5 cm da parede, respeitando­se o prazo de validade da esterilização. O local de armazenamento deve ser limpo e organizado periodicamente, sendo verificados sinais de infiltração, presença de insetos, retirando­se os pacotes danificados, com sinais de umidade, prazo de validade da esterilização vencido, etc. Estes artigos devem ser reprocessados novamente. OBS: Cada serviço deve realizar a validação do prazo de esterilização dos artigos, recorrendo a testes laboratoriais de esterilidade, considerando os tipos de embalagem utilizados, os métodos de esterilização, as condições de manuseio e os locais de armazenamento. Esse processamento deve seguir o fluxo descrito na figura a seguir, de modo a evitar o cruzamento de artigos não processados com sujidade e aqueles desinfetados ou esterilizados. Figura 19. Fluxo de processamento de artigos 5.6.4 MEIOS FÍSICOS E QUÍMICOS PARA DESINFECÇÃO E ESTERILIZAÇÃO AGENTES QUÍMICOS DE DESINFECÇÃO O agente químico ideal deve: Exibir amplo espectro de ação; Agir rapidamente sobre os microrganismos; Ser indiferente a agentes químicos e físicos; Ser atóxico e inodoro; Apresentar compatibilidade com as superfícies; Ter efeito residual; Ser fácil de usar e econômico. Para que se consiga o melhor desempenho de um agente químico, é necessário respeitar: Concentração de uso; Tempo de ação; Validade do produto. Aplicações: Descontaminação, desinfecção e esterilização de artigos. Desinfecção de superfícies. Desinfecção de moldes e próteses (PEREIRA et al.,2008). DESINFETANTES DE NÍVEL INTERMEDIÁRIO 1. Hipoclorito de Sódio Indicações: Desinfecção de superfícies, moldes, roupas e água. Vantagens Rápida ação antimicrobiana Amplo espectro Econômico Efetivo em soluções diluídas Desvantagens Esporicida, apenas em altas concentrações (5,25%) Não pode ser reutilizado Deve ser preparado diariamente Atividade diminuída pela presença de matéria orgânica. A perda de cloro devido à matéria orgânica pode ser significante, quando são empregadas mínimas quantidades de cloro. Maiores níveis de cloro, porém, tendem a produzir reserva de segurança para exercer a ação bactericida desejada. Odor desagradável persistente Irritante para a pele e olhos Corrói metais e estraga tecidos Atacam plásticos e borrachas Aplicações e concentrações: Superfícies fixas (cadeira odontológica, equipo, seringa tríplice, mangueiras das peças de mão, piso, paredes e teto) ­ 1% a 2,5% Unidade auxiliar – 2,5% Moldes e Próteses ­ 0,5 a 1% Água do sistema "flush" ­ 0,05% Cuidados com a solução A solução deve ser preparada diariamente Armazenagem em ambiente fresco, ao abrigo da luz, em embalagens escuras e bem vedadas 2. Álcool 70% Indicações Desinfecção de artigos e superfícies. O álcool evapora rapidamente, assim sendo, os materiais devem ser friccionados na superfície, operação que deve ser repetida até completar o tempo de ação. Friccionar, deixar secar sozinho e repetir três vezes a aplicação, até completar o tempo de exposição de 10 minutos (MS/1994). Não é aconselhável imergir os materiais no álcool, devido à sua evaporação. Vantagens Rapidamente bactericida Tuberculocida e viruscida para vírus lipofílico Econômico Ligeiramente irritante Desvantagens Não é esporicida Atividade diminuída em presença de biocarga Atividade diminuída quando em concentração inferior a 60% Atacam plásticos e borrachas Evapora rapidamente das superfícies É altamente inflamável Obs.: É fundamental observar a concentração do álcool. A presença da água favorece a penetração do álcool nos microrganismos e contribui para sua menor evaporação (PEREIRA et al.,2008). 3. Acido Peracético 0,2% Desinfetante de alto nível ­ concentração de 0,2% Período de exposição – 5 a 10 minutos (seguir orientação do fabricante) Utilização de EPI Vantagem pouco tóxico (água, ácido acético e oxigênio). É efetivo na presença de matéria orgânica. Desvantagem É instável quando diluído, corrosivo para metais (aço, bronze, latão, ferro galvanizado) DESINFECÇÃO DE MOLDES A prótese estará incluída nos procedimento semi­criticos, podendo se tornar crítico, sendo, portanto obrigatório os cuidados gerais de biossegurança estipulados por esta comissão para estes respectivos procedimentos (PEREIRA et al.,2008) Para inclusão em cuidados específicos para a especialidade deveremos observar: Descontaminação de moldagens e/ou modelos de acordo com a recomendação dos fabricantes dos materiais de moldagem e confecção de modelos estipularem, como segue: Moldagem com Silicone de condensação ou Adição Moldagem com Poliésteres Moldagem com Polissulfetos Moldagem com Godiva Moldagem com Pasta Zinco enólica Moldagem com Alginato Modelos de Gesso Todo material poderá ser, após lavagem em água corrente e fria para remoção de resíduos orgânicos (sangue, saliva, alimentos e etc), submersos em NaOCl 5,25% ou Glutaraldeido 2% por um período de 10 a 30 minutos sendo que a restrição é para o Alginato que não deverá ser submerso por tempo superior a 10 minutos e sempre que usado o processo de submersão estará sujeito a alterações dimensionais diminuindo a fidelidade do molde (PEREIRA et al.,2008). Alternativa para desinfecção da moldagem de Alginato: Lavar em água corrente fria para remover resíduos orgânicos (sangue, saliva, alimentos); Borrifar com um Spray do desinfetante selecionado (água sanitária caseira diluído 1:10, fenóis sintéticos ou iodofórmio); Embrulhar em papel toalha umedecido no desinfetante e armazenar em umidificador ou selado em saco plástico, por 10 minutos; Remover o papel toalha após 10 minutos, lavar, secar e vazar o modelo com o gesso escolhido.Obs.: A solução desinfetante só pode ser usada uma vez. Obs: A solução desinfetante só pode ser usada uma vez (PEREIRA et al.,2008) DESINFEÇÃO DE PRÓTESES As próteses devem sofrer desinfecção quando são recebidas ou enviadas ao laboratório, durante as várias etapas da confecção. Um aviso: produtos semelhantes de diferentes fabricantes podem exibir compatibilidade diferente a um desinfetante. Próteses fixas de metal e porcelana são desinfetadas em glutaraldeído. Próteses totais e removíveis são desinfetadas em hipoclorito de sódio 0,5% ou 1%. Técnica: lavar bem em água corrente; colocar em recipiente de vidro ou de plástico com tampa ou saco plástico com fecho, contendo o desinfetante, por 10 minutos; Enxaguar bem. Obs.: Algumas próteses podem requerer limpeza antes da desinfecção. Esta deve ser feita no consultório, com o uso de instrumentos manuais e/ou limpador ultra­sônico (PEREIRA et al.,2008) ESTERILIZANTE FÍSICO Este método de esterilização é realizado em autoclaves, isto é, o uso do calor e da pressão do vapor de água, durante certo tempo como meio de esterilização. Quanto maior a temperatura, menor o tempo de exposição requerido. Na escolha do tempo de exposição, são levados em consideração dois fatores: o tempo de penetração e o tempo de duração. Ambos dependem da carga (material) a ser esterilizada. Quanto mais inacessível ou quanto menor a condutibilidade térmica de um material, maior o tempo de penetração. O processo de esterilização é comprovado por meio de monitoramento físico, químico e biológico. O monitoramento físico consiste na observação e registro dos dados colhidos nos mostradores dos equipamentos, como a leitura da temperatura, da pressão e do tempo em todos os ciclos de esterilização. Indicadores químicos avaliam o ciclo de esterilização pela mudança de cor, na presença da temperatura, tempo e vapor saturado, conforme o indicador utilizado. Podem ser usados indicadores de processo, teste Bowie­Dick, de parâmetro simples, multiparamétrico, integrador e emuladores. O monitoramento biológico é realizado utilizando­se tiras de papel impregnado por esporos bacterianos do gênero Bacillus, de bactérias termofílicas formadoras de esporos, capazes de crescer em temperaturas nas quais as proteínas são desnaturadas. Os pacotes contendo os indicadores são colocados em locais aonde o agente esterilizante chega com maior dificuldade, como próximo à porta, junto ao dreno e no meio da câmara. Tal procedimento é realizado semanalmente (MARQUES et al., 2015). ESTERILIZANTES QUÍMICOS Rutala e Weber (1999) aboradando sobre os esterilizantes químicos utilizados para desinfeção em alto nível com o objetivo de facilitar a escolha dos mesmos, concluíram que alguns desinfetantes podem ser esterilizantes, dependendo do tempo de exposição, como o glutaraldeído, peróxido de hidrogênio e ácido peracético. Na Rede SEMSA o esterilizante químico utilizado é o Ácido Peracético. ETAPAS DA ESTERILIZAÇÃO QUÍMICA Para que a esterilização por meio químico seja eficaz, fazem­se necessários os seguintes cuidados: Imergir o artigo na solução adequada (hipoclorito de sódio a 1% ou ácido peracético a 1%, preenchendo o interior das tubulações (mangueiras cirúrgicas) e reentrâncias com auxílio de seringa, evitando a formação de bolhas de ar. Usar EPI (luvas de borracha, óculos de proteção, gorro e máscara) e manter o ambiente arejado, com boa ventilação local. Enxaguar artigos submetidos, inclusive o interior das tubulações, com água esterilizada e técnica asséptica. Recomendam­se múltiplos enxágües para eliminar os resíduos do produto utilizado. Secar externamente os artigos, com técnica asséptica e compressa estéril. Acondicionar o artigo processado em recipiente adequado e estéril. O único esterilizante químico autorizado é o ácido peracético a 1%, devendo ser utilizado com imersão total por 8 a 10 horas. Além de ser observado o prazo de validade, devem ser obseresterilização química deve ser utilizada somente para produtos termossensíveis, como artigos de acrílico, plástico, nylon, tubos de borracha e silicone, que não resistem em autoclave. 5.6.5 PROTEÇÃO RADIOLÓGICA Radioproteção em Odontologia é o ramo da biossegurança que fornece diretrizes para a proteção na utilização de Radiação Ionizante para fins diagnósticos bem como prevê a utilização de barreiras biológicas na realização de tomadas radiográficas. A utilização de radiação ionizante é supervisionada pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA) e suas diretrizes estão publicadas na Portaria nº 453 SVS/MS, de 1 de Junho de 1998. Sua finalidade é minimizar os riscos da radiação aos operadores de aparelhos de radiação bem como aos pacientes. Estas diretrizes são baseadas nos preceitos da Comissão Internacional de Proteção Radiológica (ICRP) que seguem os seguintes princípios: · Justificativa: Nenhuma prática radiológica deve ser adotada caso não exista um relevante benefício para o indivíduo radiografado; · Otimização: O número de exposições radiográficas devem ser as menores possíveis; · Limitação: A dose equivalente aos indivíduos não deve exceder os limites recomendados pela ICRP. 5.6.5.1 Cuidados gerais em radiologia • Tomadas radiográficas: O cabeçote do aparelho de radiografias deve estar protegido com filme de PVC, bem como a película radiográfica intrabucal (periapical ou oclusal). O paciente deve receber o protetor de tireóide, avental de chumbo e, sobre ele, os babadores plásticos e descartáveis. • Usar sempre luvas durante as tomadas radiográficas. • Proteger com barreiras (sacos plásticos ou filmes de PVC ou plástico), as partes do aparelho de raios X que forem tocadas durante as tomadas radiográficas. • O cabeçote do aparelho poderá ser desinfetado com álcool 70%. • O botão disparador do aparelho deverá ser coberto com saco plástico. • Proteger as bancadas com toalhas de papel descartáveis e nelas colocar os acessórios durante as tomadas radiográficas. Poderá ser feita a desinfecção das bancadas com álcool 70%, se ocorrer contaminação com a saliva do paciente. • Envolver filmes e posicionadores com barreiras, como sacos plásticos. • Se o posicionador for usado sem o plástico, deverá ser lavado e colocado em solução degermante por 10 minutos. • Filmes e posicionadores devem ser armazenados em local limpo e desinfetado. • As bancadas das câmaras escuras ou as caixas de revelação deverão ser desinfetadas ao final do dia com álcool 70% ou hipoclorito de sódio 1%. (VASCONCELOS et al , 1998) Devem ser observadas, também, as seguintes normas: 1­ Uso de filmes sensíveis: Em Odontologia é recomendado o uso de filmes do tipo E por serem filmes mais sensíveis e, portanto mais rápidos, necessitando de um menor tempo de exposição. 2­ Uso de colimadores: O cabeçote do aparelho odontológico vem acoplado com um filtro de alumínio e colimador. O filtro de alumínio remove os feixes de radiação pouco penetrantes que não irão contribuir para a imagem radiográfica enquanto que o colimador irá restringir a área de exposição radiográfica. 3­ Uso de posicionadores radiográficos: A técnica do paralelismo oferece como vantagem a diminuição do número de erros em tomadas radiográficas pelo incorreto posicionamento do paciente. 4­ Uso de avental plumbífero: O uso de avental de chumbo é obrigatório para a proteção à radiação secundária do paciente durante a tomada radiográfica. O avental deve ser posicionado corretamente de modo que proteja as regiões de órgãos reprodutores e glândulas. O uso de protetores de tireóide também é recomendado. 5­ Instruções ao paciente: É necessário informar o paciente o que irá ocorrer durante a tomada radiográfica, que ele irá ouvir um barulho sonoro durante a exposição, que ele não deve se mexer, que o operador irá se afastar durante a exposição e que não deve apertar muito a película nem mesmo movimentá­la em sua boca. 6­ Proteção do operador: o operador deve manter­se a uma distância de pelo menos 2 metros da cabeça do paciente, fora do feixe primário. Caso essa distância não seja possível dentro da clínica o operador deve manter­se protegido atrás de um biombo revestido com chumbo ou parede de concreto revestida com massa baritada. 7­ O operador nunca deve segurar o filme para o paciente, o próprio paciente deve segurá­lo durante a tomada radiográfica. Caso o paciente seja incapaz (criança e/ou deficiente físico­mental), solicitar ao acompanhante que segure o filme e este também deverá receber proteção plumbífera. (MANAUS, 2008) Cuidados durante a execução do exame radiográfico a) Aparelho odontológico de radiação: nunca empurre ou puxe pelo cabeçote ou braço. Segure o aparelho pela base e movimente para a posição desejada; · Imediatamente após a tomada radiográfica deixe o cabeçote voltado para cima para depois retirar o paciente da cadeira. Nunca empurre o cabeçote do aparelho! O equipamento poderá chocar­se contra a parede e ser danificado; · Desligue o aparelho antes de deixar a clínica. b) Avental plumbífero: o avental plumbífero se parte facilmente se for deixado dobrado ou jogado. Deixe o avental esticado, sem dobras, sobre o cabide existente no box de radiologia. Para cada equipamento de raios X deve haver uma vestimenta plumbífera que garanta a proteção do tronco dos pacientes, incluindo tireóide e gônadas, com pelo menos o equivalente a 0,25 mm de chumbo.(BRASIL, 2006) c) Clínica: Antes de sair da clínica certifique­se que ela está limpa para utilização posterior com outro paciente. d) Filme radiográfico: antes de ser colocado na boca do paciente deve ser envolvido com uma barreira de proteção para evitar infecção. (MANAUS, 2008) 5.6.3.2 OS EQUIPAMENTOS PARA RADIODIAGNÓTICO ODONTOLÓGICO DEVEM POSSUIR AS SEGUINTES CARACTERÍSTICAS ESPECÍFICAS: a) Tensão: • Em radiografias intra­orais a tensão no tubo de raios X deve ser maior ou igual a 50 kVp, preferencialmente maior que 60 kVp. • Equipamentos para radiografias extra­orais não devem possuir tensão inferior a 60 kVp. b) Filtração total: • Equipamentos com tensão de tubo inferior ou igual a 70 kVp devem possuir uma filtração total permanente não inferior ao equivalente a 1,5 mm de alumínio. Equipamentos com tensão de tubo superior a 70 kVp devem possuir uma filtração total permanente não inferior ao equivalente a 2,5 mm de alumínio. c) Radiação de fuga: • Em radiografias intra­orais, o cabeçote deve estar adequadamente blindado de modo a garantir um nível mínimo de radiação de fuga, limitada a uma taxa de kerma no ar máxima de 0,25 mGy/h a 1 m do ponto focal, quando operado em condições de ensaio de fuga. d) Colimação: • Todo equipamento de raios X deve possuir um sistema de colimação para limitar o campo de raios X ao mínimo necessário para cobrir a área em exame. e) Distância foco-pele: • Equipamentos para radiografias intra­orais devem possuir um localizador de extremidade de saída aberta para posicionar o feixe e limitar a distância foco­pele. f) Duração da exposição: • A duração da exposição pode ser indicada em termos de tempo ou em número de pulsos. • O sistema de controle da duração da exposição deve ser do tipo eletrônico e não deve permitir exposição com duração superior a cinco segundos. g) Uso do disparador: • O botão disparador deve ser instalado em uma cabine de proteção ou disposto de tal forma que o operador que o maneje possa ficar a uma distância de, pelo menos, 2 m do tubo e do paciente durante a exposição. h) suporte do cabeçote: • O sistema de suporte do cabeçote deve ser tal que o mesmo permaneça estável durante a exposição. (BRASIL, 2006) 5.6.4 GERENCIAMENTO DE RESÍDUOS EM SERVIÇOS ODONTOLÓGICOS Os resíduos de serviços de saúde (RSS), quando descartados inadequadamente, apresentam potenciais de contaminação da fauna e da flora, o que pode causar danos, doenças ou morte aos seres vivos. O gerenciamento desses resíduos é um processo capaz de minimizar ou até mesmo impedir os efeitos adversos causados pelos RSS, do ponto de vista sanitário, ambiental e ocupacional, sempre que realizado racional e adequadamente. O gerenciamento dos RSS é definido em um conjunto de procedimentos de gestão, planejados e implementados a partir de bases científicas e técnicas, normativas e legais, com o objetivo de minimizar a produção de resíduos e proporcionar aos resíduos gerados um encaminhamento seguro, de forma eficiente, visando à proteção dos trabalhadores, preservação da saúde pública, dos recursos naturais e do meio ambiente. O gerenciamento dos RSS deve abranger todas as etapas de planejamento dos recursos físicos, materiais e da capacitação dos recursos humanos envolvidos no manejo dos RSS. 5.6.4.1 CLASSIFICAÇÃO DOS RESÍDUOS DE SERVIÇOS ODONTOLÓGICOS Resíduos com presença de agentes biológicos, que podem apresentar risco de infecção, como aqueles contendo sangue ou Biológicos líquidos corpóreos na forma livre (luvas, óculos, máscaras, gaze) e peças anatômicas (órgãos e tecidos) e outros resíduos provenientes de procedimentos cirúrgicos ou de estudos anatomopatológicos ou de confirmação diagnóstica. Resíduos que contêm substâncias químicas que podem Químicos apresentar risco à saúde pública ou ao meio ambiente, como anestésicos, líquidos reveladores e xadores, resíduos de amálgama e radiografia odontológica São, principalmente, os materiais e instrumentais contendo Perfurocortantes bordas ou protuberâncias rígidas e agudas capazes de cortar ou ou escarificantes perfurar, como lâminas de bisturi, agulhas, ampolas de anestésico de vidro, brocas, limas endodônticas, pontas diamantadas e outros São aqueles que não apresentam riscos à saúde ou ao meio Comuns ambiente, podendo ser tratados juntamente com o lixo domiciliar O PGRSS é um documento que descreve ações referentes ao manejo dos resíduos sólidos. Baseia­se nos princípios da não geração e da minimização da geração de resíduos. Aponta e descreve as ações relativas a classificação e ao seu manejo, contemplando os aspectos referentes a geração, segregação, acondicionamento, coleta, armazenamento, transporte, reciclagem, tratamento e disposição final, bem como a proteção à saúde pública e ao meio ambiente. O PGRSS deve ser baseado nas características e no volume dos RSS gerados e deve ser compatível com as normas locais. Uma cópia do PGRSS deve estar disponível para consulta sob solicitação da autoridade sanitária ou ambiental competente, dos funcionários, dos pacientes e do público em geral. No PGRSS deve haver a identificação do gerador, a caracterização do resíduo e as etapas do manejo. Além disso, medidas preventivas e corretivas de controle integrado de insetos e roedores, ações a serem adotadas em situações de emergência e acidentes, ações referentes aos processos de prevenção da saúde do trabalhador e etapas de desenvolvimento e implantação de programas de capacitação devem estar descritas no PGRSS O manejo é a forma de gerenciar esses resíduos, desde a sua geração até a disposição final. As etapas do manejo compreendem: a) segregação, que consiste na separação dos resíduos no local de sua geração, de acordo com as características físicas, químicas e biológicas; b) acondicionamento, que é o ato de embalar os resíduos segregados em sacos ou recipientes que evitem vazamentos e resistam às ações de puntura e ruptura, baseado na NBR 9.191/2000 da ABNT, respeitando os limites de peso de cada saco, os quais devem estar contidos em recipientes de material lavável, com tampa provida de sistema de abertura sem contato manual. Os resíduos líquidos, como revelador e fixador, devem ser acondicionados em recipientes com tampa rosqueada e vedante; c) identificação, que permite o reconhecimento do conteúdo dos sacos ou recipientes, facilitando o seu correto manejo; d) transporte interno, que é o translado do resíduo desde o seu local de geração atéonde será́ armazenado temporariamente ou até o armazenamento externo. Esse transporte deve seguir um roteiro que estabeleça um horário previamente definido que não coincida com a distribuição de medicamentos, roupas e alimentos; e) armazenamento temporário em locais próximos ao local de geração, com a finalidade de agilizar a coleta e o deslocamento entre os pontos geradores e o ponto de coleta externa. No caso de resíduos químicos, o armazenamento deve seguir a NBR 12.235 da ABNT; f) tratamento para redução ou eliminação dos riscos de contaminação ou de acidentes ou, ainda, de danos ao meio ambiente, utilizando técnicas que combatam as características dos riscos inerentes aos resíduos; g) armazenamento externo, que é o acondicionamento dos resíduos em abrigo, em recipientes coletores adequados, em ambiente exclusivo e com acesso facilitado para os veículos coletores, aguardando a realização da etapa de coleta externa. Esse local deve ser dimensionado de acordo com o volume de resíduos gerados; h) coleta e transporte externos, consistem na remoção dos RSS do abrigo de resíduos (armazenamento externo) até a unidade de tratamento ou disposição final, pela utilização de técnicas que garantam a preservação das condições de acondicionamento e a integridade dos trabalhadores, da população e do meio ambiente. Deve estar de acordo com as regulamentações do órgão de limpeza urbana; i) disposição final, que consiste na disposição de resíduos no solo previamente preparado para recebê­los, obedecendo a critérios técnicos de construção e operação, e com licenciamento ambiental, de acordo com a Resolução Conama no. 237/97. 6. ATENÇÃO EM SAÚDE BUCAL POR LINHAS DE CUIDADO 6.1 LINHA DE CUIDADO PARA DOENÇA CÁRIE A cárie dentária é uma doença multifatorial resultante do desequilíbrio entre o dente e a microbiota presente no biofilme dental. Apesar dos últimos levantamentos epidemiológicos realizados no Brasil apontarem para um declínio nos níveis de cárie aos 12 anos, a doença tem sido a causa predominante de dentes perdidos na população. Em Manaus, a partir da análise dos dados da Pesquisa Nacional de Saúde Bucal (SBBrasil 2010), notou­se que existe uma grande demanda de dentes cariados não tratados nas crianças aos 12 anos e nos adolescentes de 15 a 19 anos, devendo portanto ser considerados prioritários as crianças e adolescentes em relação à cárie dental. A cárie dental também apresenta distribuição heterogênea na população. Estudos corroboram essa idéia, pois demonstram que 80% das superfícies dentais cariadas estão concentradas em 25% a 30% das crianças e adolescentes. Assim, a estratificação do risco de cárie torna­se uma ferramenta importante para a detecção das pessoas e grupos com maior probabilidade de desenvolverem lesões cariosas, bem como para realizar o planejamento dos procedimentos clínicos e não clínicos. O quadro abaixo mostra como devem ser classificados os indivíduos de 0 a 19 anos no momento da primeira consulta odontológica programática: Classificação Grupo Baixo Risco A B Risco Moderado C Situação Individual Ausência de lesão de cárie, sem placa, sem gengivite e/ou sem mancha branca ativa. História de dente restaurado, sem placa, sem gengivite e/ou sem mancha branca ativa. Uma ou mais cavidades em situação de lesão de cárie crônica, mas sem placa, sem gengivite e/ou sem mancha branca ativa. Classificação Grupo D Situação Individual Ausência de lesão de cárie e/ou dente restaurado, mas com presença de placa, de gengivite e /ou de mancha branca ativa. Alto Risco E Uma ou mais cavidades em situação de lesão de cárie aguda. F Presença de dor e/ou abcesso. Abaixo, temos a orientação quanto ao planejamento dos procedimentos clínicos e não clínicos: Classificação Grupos Plano de cuidado Retorno Grupo de Cuidado à Cárie Dental Baixo Risco A Procedimentos não clínicos 12 meses Não 12 a 6 meses Não 12 a 6 meses Não 6 a 3 meses Sim 3 meses Sim 3 meses Sim B Procedimentos não clínicos, uso racional do flúor Risco Moderado C Procedimentos não clínicos, uso racional do flúor Realizar procedimento clínico. D Verificar determinantes sociais, hábitos de higiene, dietéticos, uso racional do flúor Realizar procedimento clínico. Alto Risco E Verificar determinantes sociais, hábitos de higiene, dietéticos, uso racional do flúor Realizar procedimento clínico de F urgência. Verificar determinantes sociais, hábitos de higiene, dietéticos, uso racional do flúor Ações de promoção de saúde como o reconhecimento dos determinantes sociais da cárie, apoio às famílias que têm pessoas com cárie, estímulo aos hábitos de higiene bucal, redução da frequência do açúcar na alimentação, o estímulo à utilização da água de abastecimento, bem como ações de prevenção em saúde bucal como a detecção precoce da cárie, utilização de dentifrício fluoretado a partir do aparecimento do primeiro dente e higiene bucal de crianças sob a supervisão de um adulto são preconizados para o controle da cárie dental. A higiene bucal como medida de prevenção das doenças bucais ocupa um espaço importante em nossos dias (Figura 20). O método mais valioso para controle de placa bacteriana é o controle mecânico da placa bacteriana, técnica simples constituída por vários dispositivos de limpeza dos dentes, sendo os mais eficientes as escovas dentais e os meios de limpeza interproximal, isto é, as escovas interproximais e os fios dentais. A American Dental Association (ADA) recomenda que uma escova dental satisfatória deva apresentar algumas características, como: tufos com o mesmo comprimento, cabeça e hastes situadas em um mesmo eixo, leveza, impermeável à umidade, fácil limpeza, cerdas de nylon, fácil manipulação, durabilidade, eficácia, baixo custo e ser agradável à vista. É necessário que suas cerdas tenham rigidez suficiente para remover a placa bacteriana e, ao mesmo tempo, não traumatizem os dentes e as gengivas, o que é obtido com o arredondamento da extremidade ativa das cerdas que compõem os tufos das escovas. Não existe escova ideal, e a sua escolha deve basear­se nas necessidades individuais de cada paciente e nas observações clínicas do profissional. Contudo, há características que facilitam os procedimentos de higiene bucal, como cabeça pequena, multitufuladas, cerdas macias e arredondadas. Algumas características das escovas infantis devem ser levadas em consideração, pois atualmente preconiza­se iniciar a escovação logo após o aparecimento do primeiro dente do bebê. Deve­se fazer a indicação de uma escova extra­macia, com cabeça pequena e com cabo que permita um bom apoio para o adulto que irá fazer a escovação do bebê. A partir dos 3 anos, a criança gosta de realizar sua própria escovação, nesse caso deve ser usada uma escova com cabeça pequena, cerdas macias e que tenha uma proteção no longo eixo do cabo, para evitar acidentes. Um adulto deve, entretanto, complementar a escovação. Por volta dos 7 anos, a criança já adquiriu um desenvolvimento motor suficiente para que possa realizar a escovação por si mesma, neste caso é importante que a escova tenha cabeça média, cerdas macias e arredondadas e um cabo robusto, para facilitar a empunhadura. A escovação desorganiza a placa e impede que sua maturidade microbiológica seja atingida, limitando sua capacidade de causar doença. Independente do risco de cárie e doença periodontal, indica­se a escovação dos dentes três vezes ao dia: pela manhã, após o almoço e à noite, após o jantar ou antes de dormir. É necessário que a escovação seja realizada sem pressa, minuciosamente, tocando todas as superfícies dentárias e higienizando a língua também. A escovação realizada à noite (antes de dormir) deve ser a mais criteriosa. Existem várias técnicas de escovação, porém a mais indicada é a de Bass, na qual a escova é aplicada com um ângulo de 45º em relação ao longo eixo do dente, pressionada contra a gengiva marginal penetrando no sulco gengival e realizando um movimento rotatório e vibratório. Outra técnica muito utilizada é a de Fones, na qual as cerdas são aplicadas nas faces vestibulares dos dentes (o paciente com a boca semicerrada), descrevendo trajetória circular, higienizando dentes superiores e inferiores, além de massagear a margem gengival. Nas regiões lingual e palatina, o movimento da escova deve ser pendular, preocupando­se com a lingual de molares e pré­molares. Silva et al. (1997) relatam que a troca da escova deve ser realizada de 4 a 6 meses ou nos primeiros sinais de deformação. A escovação é um método muito eficaz, mas em áreas interdentais ela é insuficiente, então conta­se com o auxílio dos meios de limpeza interproximais. A odontologia tradicional define a cárie como “cavidade no esmalte e dentina”, considerando livres de cárie aqueles indivíduos que não apresentam esse tipo de lesão. Entretanto, existe um longo percurso entre a ocorrência de perdas minerais incipientes e não visíveis clinicamente até a instalação das manchas brancas e posterior aparecimento de cavitações. A mancha branca ativa representa o primeiro sinal clínico da cárie, devido ao acúmulo do biofilme dental, e tem aparência esbranquiçada com superfície opaca e rugosa; a mancha branca inativa apresenta­se brilhante e lisa. Certamente, quanto mais precoce for o diagnóstico da doença, maiores serão as possibilidades de intervenção, causando o mínimo prejuízo ao paciente, além de possibilitar um melhor prognóstico para a doença e um tratamento mais rápido e eficaz, pois evitaria que a procura pela assistência odontológica ocorresse somente após a cavitação das lesões ou após o surgimento de sintomatologia dolorosa. Fonte: CURITIBA, 2012 Figura 20. Recomendações quanto à higiene oral FLUXOGRAMA DE ATENDIMENTO PARA LESÕES ATIVAS E INATIVAS IDENTIFICAÇÃO DE AGRAVOS ATRAVÉS DE AÇÕES DE SAÚDE REALIZADAS DENTRO E FORA DA UNIDADE BÁSICA DE SAÚDE (creches, escolas, grupos priorizados, organizações e núcleos familiares) - Cavidade de cárie ativa: amolecida, esbranquiçada, úmida; - Cavidade de cárie inativa: dentina endurecida, cor escura; - Mancha branca ativa: fosca, rugosa, aspecto de giz. ATIVIDADE DE CÁRIE PRESENTE? SIM NÃO - EXAME RADIOGRÁFICO; - ORIENTAÇÃO DE HIGIENE BUCAL; - ORIENTAÇÃO DE HIGIENE BUCAL; - ESCOVAÇÃO SUPERVISIONADA (com evidenciação do biofilme dental); - ESCOVAÇÃO SUPERVISIONADA (com evidenciação de biofilme dental); - CONTROLE DO BIOFILME DENTAL; - CONTROLE DO BIOFILME DENTAL; - ORIENTAÇÃ0 DA DIETA; - ORIENTAÇÃO DE DIETA; - RESTAURAÇÕES DEFINITIVAS; - PULPOTOMIAS; ENCAMINHAMENTO PARA CENTRO DE ESPECIALIDADES ODONTOLÓGICAS (BARATIERI, 2001) A fluoretação das águas representa a forma mais abrangente, efetiva e socialmente justa de acesso ao flúor, é também a mais prática, segura, econômica e perene, mas cuidados são necessários para evitar que as pessoas sejam expostas a doses excessivas de fluoretos. Quando altas doses são ingeridas de uma só vez, tem­se uma intoxicação aguda. Por outro lado, quando doses maiores do que o recomendado são ingeridas por um longo período de tempo tem­se uma intoxicação crônica. A preocupação quanto à segurança do uso de produtos fluoretados é uma constante na odontologia. Especialmente na infância, o consumo inadvertido de dentifrícios fluoretados pode ocasionar intoxicação aguda ou crônica, sendo que os fatores diretamente implicados nestes processos são a idade de início de utilização do produto e a quantidade ingerida. A quantidade de dentifrício usado em cada escovação varia desde 0,1 a mais de 2,0g, com uma média estimada de 1,0g, com quantidade média deglutida variando de 0,13 a 0,33g por escovação e percentagem ingerida de 14 a 60%. Fluorose dental é um defeito de formação do esmalte, resultante da ingestão de flúor durante o desenvolvimento do dente, cujo comprometimento estético depende da dose a que a criança é submetida. Com base em acidentes fatais provocados quando do uso de doses anteriormente tidas como seguras, estabeleceu­se a dose de 5 mg F/kg como a dose provavelmente tóxica. Os géis fluoretados são veículos tópicos de uso profissional. Podem ser empregados tanto em abordagem individual como coletiva. A aplicação pode do gel não requer profilaxia e deve ser realizada com moldeiras ou através da escovação durante 1 ou 4 minutos. As soluções para bochecho não são recomendadas para menores de seis anos porque nelas o controle reflexo da deglutição ainda não está bem desenvolvido. A odontologia contemporânea emprega também o uso de selantes em cicatrículas e fissuras das superfícies oclusais que têm uma configuração anatômica que dificulta a higienização. A complexa anatomia dessa superfície favorece maior retenção de alimentos sendo regiões de maior susceptibilidade à cárie. Os materiais mais utilizados e testados na literatura são aqueles à base de resina com ou sem carga, foto ou auto polimerizáveis, que liberam ou não flúor, pigmentados ou opacos. Ultimamente, o cimento de ionômero de vidro tem sido proposto e estudado como uma nova opção, podendo este ser convencional ou modificado com resina, foto ou auto polimerizável. O uso do ionômero de vidro tem como vantagens boa adesividade, coeficiente de expansão térmica similar ao dente, liberação de flúor e possibilidade de ser recarregado quando exposto a concentrações elevadas de flúor, sendo esta sua principal vantagem, pois reduz o processo de desmineralização, favorecendo a remineralização do esmalte. Cimentos de ionômero de vidro e cimentos de ionômero de vidro modificados por resina são materiais dentários liberadores de fluoretos e foram desenvolvidos para prevenir a cárie secundária. Esses materiais são indicados para indivíduos com alto risco ou histórico de cárie e para os que não usam dentifrícios com regularidade. A principal vantagem deles é a liberação constante de fluoreto em cavidade bucal para interferir na dinâmica do processo da cárie, independentemente se o indivíduo faz ou não uso de fluoretos por outro método, como os dentifrícios. Quanto às desvantagens, podem ser citadas menor retenção e qualidade estética Cabe ressaltar que a utilização de selantes de fossas e fissuras deve estar sempre associada a outras medidas de prevenção à doença cárie, como o controle da dieta e placa bacteriana e uso racional do flúor. Cada caso deve ser analisado individual e localmente no momento da escolha entre materiais resinosos e ionoméricos para o selamento dentário Outra técnica com boa aceitação pelo paciente de baixo custo, e boa efetividade é o Tratamento Restaurador Atraumático (TRA). Consiste na remoção da dentina cariada sendo utilizados apenas instrumentos manuais e restauração com o cimento de ionômero de vidro quimicamente ativado. E a literatura, mesmo a nacional, adotou nos trabalhos publicados a sigla do inglês “ART”, ou seja, Atraumatic Restorative Treatment. A aplicação do ART não exige modernos equipamentos elétricos, dispõe de um material restaurador adesivo ­ o cimento de ionômero de vidro (CIV)­ , requer apenas instrumentos manuais e, além disso, a anestesia local é raramente necessária. Assim, a técnica se caracteriza pela praticidade, pelo baixo custo e pelo conforto oferecido ao paciente. Pode­se afirmar ainda que o ART segue o conceito atual de intervenção mínima, no sentido de preservar a estrutura dentária, pois permite uma terapia pouco invasiva, centrada na redução do número de bactérias e no aporte de nutrientes pelo selamento da cavidade, mecanismo que considera o grande potencial de reparação da dentina afetada, pela redução do metabolismo bacteriano e favorecimento da resposta do complexo dentino­pulpar, com o auxílio de materiais que favorecem a reorganização dos tecidos dentários e a inibição do crescimento bacteriano. O ART apresenta alguns princípios para ser indicado: dentes com lesões de cárie oclusal e ocluso­proximal de dentes decíduos e permanentes, desde que não estejam próximas à polpa ou com sintomatologia dolorosa espontânea. Já sua contra­ indicação está na presença de abscessos, fístulas e cavidades sem acesso proximal ou oclusal. 6.2 LINHA DE CUIDADO PARA DOENÇA PERIODONTAL A atenção primária é responsável pela organização da rede, envolvendo ações de identificação de usuários, estratificação quanto a severidade da doença, planejamento da rede de cuidados e acompanhamento. - Identificação de usuários Como no SB2010 a prevalência da doença periodontal na região Norte foi maior em indivíduos com idade entre 35 e 44 anos, sugere­se que esta faixa etária seja priorizada. Para o exame, recomenda­se utilizar o método CPI (Índice Periodontal Comunitário) modificado. Este índice preconiza que a boca seja dividida em sextantes e que se identifique os dentes índices. Sextante 18­14 Sextante 13­23 Sextante 24­28 Dente índice 16 Dente índice 11 Dente índice 26 Sextante 48­44 Sextante 43­33 Sextante 34­38 Dente índice 46 Dente índice 31 Dente indice 36 Em caso de ausência do dente índice, utilize­se o dente adjacente. Em caso de ausência de todos o escore é X. Com a sonda periodontal, procede­se à sondagem do dente índice por mesial, mesio­vestibular, disto­vestibular, distal, disto­palatina/lingual e mesiopalatino/ lingual. A ponta ativa da sonda deve estar o mais paralelamente possível ao longo eixo do dente. Registrar o código mais severo entre os sítios de cada dente, seguindo a classificação abaixo: 0­ 1­ 2­ 3­ 4­ Ausência de sangramento Sangramento à sondagem Presença de cálculo somente supragengival e bolsa ≤ 3 mm Presença de cálculo supra e subgengival e bolsa ≤ 3 mm Bolsas periodontais entre 4 e 5 mm. 5­ Bolsas periodontais ≥ 6mm. 6­ Anormalidades clínicas como envolvimento de furca e/ou mobilidade detectável (mais de 1mm horizontalmente) X­ Ausência de todos os dentes do sextante. - Estratificação quanto a severidade da doença É sabido que fatores como o uso de aparelho ortodôntico, gestação, tabagismo, diabetes, problemas hormonais e quantidade exagerada de placa, contribuem com o surgimento e avanço da doença periodontal, e por isto devem ser levados em consideração no momento da estratificação de risco. Desta forma, na presença de alguns destes fatores, ao lado do escore coloca­se o sinal “+”. Baixo risco: Códigos 1 e 2 Médio risco: Código 3 Alto risco: Códigos 4, 5 e 6. O tratamento dos pacientes que apresentam baixo risco deve ser realizado na própria UBS, os de médio risco podem ser feitos na própria UBS ou nos CEOs, já os de alto risco devem ser encaminhados para os CEOs. Quando o sinal “+” for adicionado ao lado do numeral do código, significa que pode ser necessário um tratamento multiprofissional. Cada caso deve ser avaliado individualmente, mas também devem ser tratados na UBS. Encaminham­se aos CEOs os códigos 3, 4, 5 e 6. PLANEJAMENTO PERIODONTAL ESTRATIFICADO Estratificação Cód. Doença Plano de cuidado Retorno Grupo de cuidado à Saúde Periodontal 0 Saudável Nenhum 12 meses Não 1 Gengivite TPB I até o controle 12 meses (dependendo dos fatores de risco) Sim 2 D.Periodontal leve TPB I, II e III 12 meses (dependendo dos fatores de risco) Sim 12 meses (dependendo dos fatores de risco) Sim 3­6 meses Sim Baixo Risco Médio Risco TPB I, II, III e IV 3 D.Periodontal moderada 4, 5 ou 6 D.Periodontal severa Alto Risco Encaminhamento o para o CEO TPB I, II, III e IV Encaminhamento para o CEO A TPB I (terapia periodontal básica) compreende o controle de atividade da doença gengivite através de uma explicação sobre os fatores locais da gengivite, sinais clínicos e principalmente sobre a importância do comprometimento do usuário e necessidade de mudança comportamental. Este procedimento pode ser realizado pela ASB, TSB ou CD. Após sete dias, o paciente deve retornar para ser reavaliado. Neste momento, observa­se se houve progresso ou se ele apresenta alguma dificuldade. Então, parabeniza­se o paciente ou fazem­se as correções necessárias. A TPB II consiste em adequação de meio bucal e remoção dos fatores retentivos de placa. Este procedimento deve ser realizado pelo CD. Na TPB III deve ser realizada raspagem supragengival pela TSB ou CD. Na TPB IV é feita a raspagem subgengival pelo CD. Para motivar os pacientes, estimular a autoestima, esclarecer dúvidas, facilitar troca de experiências e acompanhar melhor os portadores de doença periodontal, a equipe de saúde bucal deve formar um grupo de atenção à Saúde Periodontal, promovendo encontros com periodicidade trimestral e duração de 1 a 2 horas, abordando temas como tabagismo, halitose, doença periodontal X condições sistêmicas, uso de fio dental, colutórios e escovas especiais, entre outros (Figura 21). 6.3 LINHA DE CUIDADO PARA CÂNCER BUCAL Figura 21. Recomendações quanto à higiene bucal para combate à doença periodontal. O câncer de cavidade oral é considerado um problema de saúde pública em Fonte: Diretrizes da Saúde Bucal todo o mundo. Segundo o IARC Biennial Report 2014-2015 da International Agency for Research on Cancer (IARC) em 2025 a incidência mundial do câncer deve subir para 20 milhões de casos e nos países subdesenvolvidos e em desenvolvimento deve haver uma aumento de 70% e em 2030 as mortes poderão chegar a 17 milhões, segundo a Oral Cancer Foundation. As mais altas taxas de incidência foram observadas em populações da Melanésia, do Centro­Sul Asiático, da Europa Oriental, Central e Ocidental, da África e da América Central (Torre et al, 2015). Os principais fatores de risco para o câncer da cavidade oral são: tabagismo, etilismo e exposição à radiação ultravioleta (UVA) solar, esse último para o câncer de lábio, evidenciando a existência de uma sinergia entre o tabagismo e o etilismo. O risco aumenta de acordo com o tempo que a pessoa fuma, com o número de cigarros fumados por dia e com a frequência de ingestão de bebidas alcoólicas. A dieta também parece exercer um papel importante na prevenção desse tipo de câncer. Alguns estudos de base hospitalar reportam que o aumento da ingestão de frutas e vegetais contribui para a diminuição do risco de desenvolver essa neoplasia. A melhor forma de diminuir a incidência dessa doença é controlar os fatores de risco que conhecidamente favorecem seu desenvolvimento. Para reduzir a mortalidade, é necessário que haja diagnóstico precoce feito por meio do exame clínico dos tecidos da boca, realizado obrigatoriamente por um profissional de saúde capacitado, com o qual será possível identificar tanto lesões potencialmente malignas quanto o câncer em estágios iniciais, possibilitando um tratamento menos agressivo e o aumento da sobrevida. Segundo o Instituto Nacional do Câncer – INCA a estimativa para o Brasil no biênio 2016­2017 é de 600 mil novos casos de câncer, sendo que o câncer de cavidade bucal no gênero masculino ocupará a 5a colocação. Esperam­se somente para o ano de 2016, 11.140 casos novos de câncer da cavidade oral em homens e 4.350 em mulheres. Tais valores corresponderiam a um risco aproximado de 11,27 casos novos a cada 100 mil homens e 4,21 a cada 100 mil mulheres. Sem considerar os tumores de pele não melanoma, o câncer da cavidade oral em homens é o quarto mais frequente na Região Sudeste (14,58/100 mil). Nas Regiões Nordeste (6,86/100 mil) e Centro­ Oeste, ocupa a quinta posição (9,15/100 mil). Na Região Sul (15,91/100 mil), ocupa a sexta posição, e na Região Norte (3,46/100 mil) é o sétimo mais frequente. Para as mulheres, é o nono mais frequente na Região Nordeste (4,11/100 mil). Na Região Sudeste (5,29/100 mil), ocupa a décima posição. Nas Regiões Norte (1,76/100 mil) e Centro­Oeste (2,79/100 mil), é o 12º mais frequente, e, na Região Sul (3,32/100 mil), ocupa a 15ª posição (Fonte: INCA 2016). Tabela estimativa para Região do Amazonas e Manaus – 2016: Prevenção primária do câncer bucal Os níveis de prevenção das doenças, classicamente divididos em três: primário, secundário e terciário, podem ser aplicados ao câncer da boca. A prevenção primária visa a ações ou iniciativas que possam reduzir a incidência e a prevalência da doença, modificando os hábitos da comunidade, buscando interromper ou diminuir os fatores de risco como o tabaco, o álcool e a exposição solar dos lábios, antes mesmo que a doença se instale. A prevenção secundária visa ao diagnóstico precoce da doença em uma fase anterior ao paciente apresentar alguma queixa clínica. É sabido que o câncer bucal pode levar meses antes de apresentar algum sinal ou sintoma percebido pelo paciente. O diagnóstico precoce dessa doença faz com que os níveis de cura alcancem mais de 90% dos casos. A prevenção terciária visa a limitar o dano, controlar a dor, prevenir complicações secundárias, melhorar a qualidade de vida durante o tratamento, e sempre que possível reintegrar o indivíduo à sociedade, tornando­o apto a realizar as atividades diárias exercidas anteriormente. Os fatores de risco mais importantes no estabelecimento do câncer da boca e, passíveis de serem modificados, são o tabaco, o álcool e a exposição solar. O álcool e o tabaco aumentam o risco dependendo da quantidade utilizada, e estão relacionados a mais de 80% dos casos, sendo considerados agentes sinérgicos no aumento do risco. O câncer do lábio apresenta uma particular importância no Brasil, por ser considerado um risco ocupacional a trabalhadores expostos ao sol sem a proteção adequada. Foi demonstrado que após 20 anos de interrupção ou moderação nos hábitos deletérios, como fumo e álcool, as chances de se desenvolver essa forma de câncer são iguais às daqueles pacientes que nunca fumaram ou beberam (Torres­ Pereira et al , 2012). Principais fatores de risco: • Tabagismo (uso de cachimbos, hábitos de mascar fumo, dentre outros). • Etilismo. • O uso crônico de álcool e tabaco associados potencializa drasticamente o risco de aparecimento do câncer de boca. • Exposição à radiação solar. • Má higiene bucal. • Uso de próteses dentárias mal­ajustadas. • Deficiência imunológica (adquiridas ou congênitas). Prevenção secundária do câncer bucal Apesar de algumas lesões orais, bem como algumas condições sistêmicas, atualmente designadas de Desordens com Potencial de Malignização (DPM) representarem maior risco de malignização, os dados disponíveis de estudos longitudinais demonstram que apenas uma minoria apresenta transformação maligna. Boa parte do treinamento em Estomatologia enfatiza a identificação de tais desordens como atividade prioritária da prevenção secundária. Portanto, para dimensionar corretamente o papel da prevenção secundária no câncer da boca é necessário um esforço de padronização de nomenclatura, dos critérios de diagnóstico clínico e histopatológico, e análise de evidências em relação às ações clínico­ terapêuticas que possam reverter ou interromper processos que aumentem a chance de transformação maligna oral. O perfil de pacientes com transformação maligna a partir de DPM, principalmente as lesões leuco e eritroleucoplásicas, parece diferir bastante do perfil epidemiológico descrito para a maior parte dos casos de carcinoma espinocelular (CEC). A prevenção secundária do câncer bucal, portanto, traz implicações mais sérias e mais complexas no treinamento de profissionais de saúde, já que acrescenta perfis diferentes ao estereótipo esperado do paciente. Em um estudo conduzido na Irlanda, os autores descreveram que apenas 6% dos pacientes com CEC tiveram uma lesão "precursora" biopsiada. Sugeriram ainda que lesões leucoplásicas raramente surgem antecedendo um CEC e que este poderia se desenvolver em muitos casos sem uma lesão "precursora" observável. Ao contrário das lesões eritroplásicas, onde a maioria já é um carcinoma in situ. Parece, por conseguinte, que as ações de vigilância e de prevenção secundária podem estar mais afeitas ao especialista ou ao profissional com maior treinamento em Estomatologia, caracterizando esta como uma ação tecnicamente mais condizente com a atenção de média complexidade. Documentos recentes do Ministério da Saúde, tais como, por exemplo, o Manual de Especialidades em Saúde Bucal, procuram disciplinar e orientar os gestores e dentistas da rede pública de saúde quanto aos agravos e práticas de prevenção secundária do câncer da boca. O real impacto desses textos na prática cotidiana permanece, entretanto, sem uma avaliação mais rigorosa do ponto de vista científico no Brasil. Estratégia Saúde da Família e os Centros de Especialidades Odontológicas na atenção ao câncer da boca A atenção primária, como porta de entrada de todo o sistema de atenção em saúde, aparece como espaço privilegiado das ações de controle dos fatores de risco, diagnóstico precoce e atenção em saúde do paciente oncológico. O Ministério da Saúde em dezembro de 1988 por meio da Portaria do GM nº 707, instituiu o 27 de novembro Dia Nacional de Combate ao Câncer, com a finalidade de mobilizar a população quanto aos aspectos educativos e sociais no controle do câncer. O Município de Manaus por meio da LEI Nº 1.866, DE 13 DE MAIO DE 2014 instituiu a Semana Municipal de Prevenção, Orientação e Combate ao Câncer Bucal, que é realizada entre os dias 25 e 31 de outubro. As Portarias nº. 1570 e nº. 1571 (2004) e, posteriormente, a nº. 1464 (2011), todas do Ministério da Saúde, que instituíram e indicaram critérios para os Centros de Especialidades Odontológicas (CEO) privilegiaram, dentre outras áreas, a Estomatologia, com ênfase na prevenção e diagnóstico do câncer da boca como ações prioritárias. Educação continuada para a equipe de saúde como estratégia para prevenção e controle do câncer da boca O diagnóstico precoce parece ser o meio mais efetivo para aumentar a sobrevida e reduzir a morbidade, a desfiguração facial provocada por cirurgias para tratamento, a duração do tratamento e custos hospitalares. Para estabelecer o diagnóstico de uma lesão bucal é essencial o exame visual e tátil. No entanto, a despeito da pretensa facilidade, poucos profissionais o realizam, muito embora o cirurgião­dentista seja considerado o profissional de saúde mais adequado para realizar o diagnóstico precoce do câncer bucal, pela natureza de sua prática clínica. Estudos indicam, de forma clara, que há necessidade de educação continuada para que o dentista realize o exame clínico com o objetivo de detecção de lesões potencialmente malignas ou malignas. No Brasil, pela característica da ESF, uma possibilidade de detecção precoce se materializa na visita dos agentes comunitários de saúde (ACS). Durante a visita, o agente aponta e registra duas das principais categorias de risco para as neoplasias bucais ao preencher a Ficha de Cadastro Individual (E­SUS): tabagismo e alcoolismo. A visita do ACS é uma real possibilidade de se realizar, pela inversão do acesso, o encaminhamento do paciente de risco para ser examinado por um cirurgião­dentista da atenção básica. A implantação dessa estratégia exige educação continuada para os membros das equipes de saúde incluindo, além do ACS, o auxiliar em saúde bucal (ASB), o técnico em saúde bucal (TSB), enfermeiros, médicos e cirurgiões­dentistas, abordando os fatores de risco para as doenças bucais, as barreiras que impedem ou dificultam a realização do diagnóstico precoce e sinais e sintomas inicias do câncer da boca. Essa estratégia visa a responder se o diagnóstico precoce é possível e aponta para uma ação coletiva, nos moldes propostos por Rosin et al.2008. Em Manaus, estas ações desenvolvidas pelos ACS’s na busca de pacientes de risco são intensificadas pelas ESB da rede SEMSA durante a Semana de Prevenção, Orientação e Combate ao Câncer. Após o exame clínico realizado na UBS e detecção de lesão suspeita, o paciente é encaminhado a um dos Centros de Especialidades Odontológicas – CEO ­ do Município para a realização da biópsia. Esta será enviada pelo paciente para o exame histopatológico à Universidade Federal do Amazonas. Após o recebimento do resultado histopatológico, o paciente deverá retornar ao CEO e em caso positivo será referenciado à FCECON para o tratamento adequado e em caso negativo concluirá seu tratamento e retornará à UBS. FLUXOGRAMA DE ATENDIMENTO ODONTOLÓGICO AO USUÁRIO COM SUSPEITA DE CÂNCER BUCAL - MANAUS/AM UNIDADE BÁSICADE SAÚDE AVALIA, ENCAMINHA E REALIZA MANUTENÇÃO PERIÓDICA CENTRO DE ESPECIALIDADE ODONTOLÓGICA UFAM (REALIZA O HISTOPATOLÓGICO E REENCAMINHA AO CEO) RECEBE, EXAMINA REALIZA A BIÓPSIA E/OU TRATA RESULTADO DA BIÓPSIA POSITIVO FCECON (REALIZA O TRATAMENTO DOS CASOS POSITIVOS) NEGATIVO PACIENTE RECEBE ALTA Medidas de prevenção e autoexame A melhor forma de diminuir a incidência dessa doença é controlar os fatores de risco que conhecidamente favorecem seu desenvolvimento. Para reduzir a mortalidade, é necessário que haja diagnóstico precoce feito por meio do exame clínico dos tecidos da boca, realizado obrigatoriamente por um profissional de saúde capacitado, com o qual será possível identificar tanto lesões potencialmente malignas quanto o câncer em estágios iniciais, possibilitando um tratamento menos agressivo e o aumento da sobrevida. O autoexame não deve ser preconizado como único método preventivo com o risco de mascarar lesões e retardar o diagnóstico do tumor. Medidas de prevenção: Não fume; Evite o consumo de bebidas alcoólicas; Proteja­se dos raios solares usando protetor solar labial, boné ou chapéu, etc; Alimente­se de maneira saudável; Execute o autoexame periodicamente; Procure o cirurgião­dentista caso encontre qualquer alteração em sua boca; Consulte regularmente um cirurgião­dentista. 8 PASSOS PARA O AUTO-EXAME DA BOCA (Figura 22) Procure um espelho em um local bem iluminado e verifique: A e B ­ Comece pelos lábios e gengivas superiores: observe se há mudanças de cor e apalpe com os dedos para procurar por áreas mais endurecidas. Vire os lábios, como na imagem, e examine a parte interna. C ­ Examine a bochecha dos dois lados. D – Examine os lábios e gengivas inferiores. E – Observe o céu da boca. Incline a cabeça para trás e olhe. Um pequeno espelho pode ajudar. F ­ Observe a língua, apalpe a superfície, procurando por alterações. Lembre­se de que uma camada branca pode acumular­se sobre a superfície caso a língua não seja adequadamente limpa durante a higiene bucal. Examine a garganta enquanto diga “AAA” em frente ao espelho. G ­ Incline a cabeça para frente e observe embaixo da língua. Não se esqueça de passar o dedo para sentir se há caroços. H ­ Coloque a língua para fora e vire para um lado e depois para o outro. Observe bem e passe o dedo. Figura 22. Passo a Passo Auto-exame da boca 6.4 LINHA DE CUIDADO PARA TRAUMA DENTÁRIO Traumatismo dentário é uma lesão de natureza múltipla que envolve acometimento dos tecidos dentais e de suporte. Consideram­se lesões traumáticas dento­alveolares desde uma simples trinca em esmalte até a perda definitiva do elemento dentário. O traumatismo dentário é um acidente que pode acontecer com qualquer indivíduo, mas algumas pessoas podem ter maior suscetibilidade pelas atividades que exercem em suas rotinas diárias, por exemplo, a prática de esportes. As pessoas que apresentam selamento labial inadequado e que possuem protrusão da maxila maior que 5mm em relação à mandíbula são também mais suscetíveis à ocorrência de traumatismos dentários. Existe uma predominância de traumatismos dentários em indivíduos do sexo masculino, jovens, especialmente crianças em idade escolar e nas primeirasetapas de crescimento em que o indivíduo ainda está treinando a marcha e está desenvolvendo seu equilíbrio corpóreo. Os principais fatores de risco são: ambientes e tipos de diversão que predisponham aos acidentes; condições físicas (como o trespasse horizontal acentuado e a hipotonia labial); condições comportamentais (como o hábito do uso dos dentes como ferramenta para prender ou cortar objetos); personalidade hiperativa; e falta de uso de instrumentos de proteção contra acidentes (cintos de segurança, protetores bucais e faciais na prática de esportes, capacetes, uso de assentos especiais para crianças pequenas). A Equipe de Saúde Bucal (ESB) deve apresentar segurança na abordagem inicial e a técnica eleita para o tratamento será determinante para o sucesso clínico. O atendimento clínico odontológico deve ser realizado após a certificação de não haver risco de morte do paciente que sofreu traumatismo. O atendimento ideal dos traumatismos dentários deve incluir os primeiros socorros e, ainda, o domínio das técnicas de Suporte Básico de Vida (SBV) para quando eventualmenteforem necessárias. Assepsia e anestesia da área traumatizada.Controle do sangramento, cuidado pré­hospitalar e avaliação da necessidade de contenção dos elementos dentários com mobilidade. Enquanto um profissional da ESB estiver prestando os primeiros socorros, em conjunto com outros profissionais da equipe de saúde da unidade, um profissional da equipe deve ser informado e responsabilizado para fazer contato telefônico imediatosomente em caso de necessidade do Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (SAMU).A equipe deve prestar o SBV e monitorizar os sinais vitais do paciente que sofreu trauma enquanto aguarda a chegada do atendimento de urgência, permanecendo pelo menos um profissional ao lado do mesmo. O acompanhamento do pacientepor um profissional da equipe de saúde da unidade para avaliação médica por risco de morte torna­se prioritário nos casos em que o Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (SAMU) estiver indisponível. Os traumatismos dentários que são observados como mais prevalentes raramente necessitam de SBV ou apresentam risco de morte, mas é de responsabilidade do cirurgião­dentista saber identificar quando houver risco de morte e solicitar avaliação médica em caso de qualquer suspeita.O cuidado imediato dos dentes afetados favorece o prognóstico. O selamento e a proteção do complexo dentino­pulpar previnem maior contaminação bacteriana e possível envolvimento pulpar. Algumas lesões dentárias traumáticas podem e devem ser resolvidas na rede básica (UBSs, UPAs e SPAs), tais como: luxações dentárias, fraturas, intrusão, extrusão dentária e podem exigir monitoramento radiográfico e, de acordo com a gravidade, extensão do trauma e das condições físicas do usuário, o atendimento deverá ser referenciado ao CEO ou ao Hospital de Referência Dr. João Lúcio Pereira Machado. A experiência do profissional é essencial para o bom andamento do tratamento após o traumatismo. É necessário, inicialmente, acalmar os responsáveis e/ou acompanhantesdo paciente para que se consiga obter informações precisas durante a realização da anamnese, que deve ser bem objetiva e direcionada ao atendimento da urgência do traumatismo dentário, com vistas a favorecer um diagnóstico preciso e confiável, executar um planejamento adequado e oferecer as opções viáveis de tratamento. O atendimento de urgência deve ser sistematizado em uma sequência lógica, sugerida por Costa e colaboradores (2010): 1 ­ Tomar ciência do ocorrido e tranquilizar os responsáveis e/ou acompanhantes 2 ­ Realizar anamnese e exames visual e radiográfico direcionados ao caso em questão 3 ­Limpar e examinar os tecidos moles 4 ­ Avaliar a extensão do traumatismo 5 ­ Realizar o tratamento imediato 6 ­ Aconselhar e conscientizar sobre as implicações do traumatismo A anamnese deve ser direcionada e conter algumas perguntas que são fundamentais para a conclusão do diagnóstico e para a conduta terapêutica: Quando?O tempo decorrido apóso trauma e se houveram medidas terapêuticas que foram tomadas. Onde?Indica a necessidade de se observar a validade da vacina antitetânica da criança, da indicação de antibióticos e do nível de contaminação que o ambiente em que ocorreu o trauma pode ter propiciado. Como?Para relacionar o tipo de lesão resultante com a história do paciente e de seus acompanhantes, pesquisando a natureza do impacto e comparando com achados físicos e se houve trauma anterior na mesma região. Sintomas atuais? Dor espontânea (pulpite, fratura coronária, lesões da estrutura de suporte dental); dor provocada (exposição dentinária ou pulpar); dor à mastigação e alteração na oclusão (luxação ou fratura alveolar). Outros sintomas?Emergência médica? Otorragia. Rinorragia. Perda de consciência. Irritabilidade. Vômitos. Letargia. Contato com profissional de medicina para obter dados da condição sistêmica. Houve perda total do dente? Dente ou fragmentos não encontrados pesquisar: intrusão, avulsão, aspiração, deglutição, tecidos moles ulcerados. Pesquisa com radiografia periapical e, alguns casos, raio X de tórax. Dados adicionais serão obtidos com o exame físico extrabucal de tecidos moles, ossos, assimetria facial, articulação têmporo­mandibulare, ainda, no exame intrabucal a ocorrência de exposição pulpar, mobilidade, dor à percussão, vitalidade pulpar (com cautela podendo ser o resultado impreciso), deslocamento dental parcial ou total, lesões aos tecidos moles, edema, hemorragia, fratura óssea (alveolar, maxilar e mandibular), entre outros. Exames como teste de percussão e de vitalidade pulpar podem ser realizados em um segundo tempo, não sendo obrigatórios na consulta de urgência. Para Andreasen e Andreasen (1981), deve­se realizar uma tomada radiográfica inicial e proceder com registros sucessivos posteriores para a correta documentação dos casos. Radiografias de rotina ou uma combinação delas devem ser utilizadas, tais como: periapical, oclusal, panorâmica, lateral e radiografia dos tecidos moles. No exame radiográfico, pode ser observada a relação polpa/ traço de fratura, fratura radicular, grau de reabsorção da raiz, estágio do desenvolvimento radicular, tamanho da câmara pulpar, relação com o germe do dente permanente, fratura óssea, entre outros. Fried e Erickson (1995) afirmam que um diagnóstico cuidadoso e a documentação do caso são os primeiros passos para o tratamento de qualquer dano causado por lesões traumáticas. Estes procedimentos são rápidos e fáceis de serem executados, devendo ser realizados sempre, passo a passo, na seguinte sequência: histórico de saúde e médico; avaliação neurológica; exame da cabeça e pescoço; exame bucal (tecidos moles e duros); exame radiográfico e documentação fotográfica. De acordo com os autores, as fotografias e as radiografias, antes e após o procedimento operatório, têm sido amplamente realizadas com finalidades clínica e legal. Os exames da cabeça e do pescoço devem ser iniciados pela inspeção dos tecidos moles, após limpeza local, sendo seguidos da palpação. Se houver a presença de feridas, estas deverão ser tratadas e suturadas adequadamente. Caso um dente encontrar­se extraviado, a ferida deverá ser limpa, palpada e uma radiografia complementar realizada, para assegurar que não haja corpo estranho. No caso da criança o exame dentário deve considerar o estado de desenvolvimento da dentição, já que um dente com mobilidade não está necessariamente traumatizado, pode ser um decíduo esfoliando ou um permanente com rizogênese incompleta em movimento eruptivo. Dentes em erupção podem ser um desafio para o diagnóstico diferencial com a intrusão, sendo que, muitas vezes,é interessante solicitar fotos recentes da criança sorrindo que possam auxiliar o profissional, inclusive no caso de necessidade de restaurações estéticas. Malmgren e colaboradores (2012) apontam o protocolo aceito pela Academia Internacional de Traumatologia Dentária (IADT), adaptado na tabela (Tabela 14), mas afirmam que não há evidências científicas fortes e a literatura permanece sem consenso quanto ao melhor tratamento para dentes decíduos traumatizados. Vários fatores interferem no sucesso clínico do manejo desses traumatismos em crianças como a habilidade de cooperação da criança, o tempo decorrido do momento do acidente, a existência de interferência oclusal e a recorrência do traumatismo dentário, podendo esta reincidência inclusive interferir na decisão de tratar endodonticamente ou não o decíduo traumatizado. Além disso, Costa e colaboradores (2010) discorrem sobre a existência de uma relação direta entre o prognóstico de dentes decíduos traumatizados com o índice de cárie e o tipo de lesão traumática. Sempre que a manutenção do dente decíduo na arcada oferecer risco para o bom desenvolvimento de seu sucessor permanente, a exodontia do dente decíduo deve ser realizada. O fato de o dente decíduo ter sofrido trauma já predispõe sequelas ao permanente sucessor. O acompanhamento desses pacientes deve ser sistemático. O protocolo atual da Academia Internacional de Traumatologia Dentária (IADT) está disponível no sítio eletrônico (acesso em 13/09/16): www.dentaltraumaguide.org As evidências atuais sobre traumatismo dentário em permanentes indicam contenções flexíveis de curto prazo como melhor opção para estabilizar dentes luxados, avulsionados e com fraturas radiculares. Embora nem o tipo específico nem a duração da contenção sejam significativamente relacionados com o melhor prognóstico, ela é considerada a melhor prática a fim de manter o dente na posição correta, proporcionando conforto ao paciente e melhorando a função.Avaliações clínicas e radiográficas devem ser realizadas em intervalos diferentes dependendo do tipo de trauma ocorrido. A classificação e as características clínicas apresentadas nas Tabelas 15 e 16 foram adaptadas de DiAngeliset al. (2012) e de Andersson et al. (2012)que estão de acordo com o protocolo da IADT. Sempre que for observada reabsorção radicular inflamatória externa nos acompanhamentos radiográficos o tratamento endodôntico deve ser iniciado imediatamente, utilizando o hidróxido de cálcio como uma medicação intracanal. Tabela 14: DENTES DECÍDUOS: Classificação, características e condutas em fraturas dentárias e do osso alveolar. Classificação Trinca Características Dificilmente observada em dentes decíduos. Fratura incompleta de profundidade e envolvimento variável das estruturas do dente, mas geralmente apenas o esmalte, sem perda de estrutura. Sem sensibilidade, mas se é observada pesquisar uma possível luxação ou fratura radicular. Fratura em esmalte Perda parcial de esmalte, sem exposição de dentina. Sem sensibilidade, mas se é observada pesquisar uma possível luxação ou fratura radicular. Mobilidade dental normal. Fratura em esmalte e dentina Fratura de esmalte­ dentina­polpa Perda parcial de esmalte e dentina, sem envolvimento pulpar. Fratura dental envolvendo esmalte, dentina e polpa. Polpa exposta sensível a estímulos. Condutas Proservação, avaliar necessidade de aplicar materiais adesivos estéticos para proteção do complexo dentino­pulpar e impedir alteração de cor. Averiguar a existência de maior dano. Como semiotécnica apenas imediata, posicionar e retirar em seguida um elástico e/ou instrumento entre os dentes pode identificar uma fratura completa. Acabamento das margens de esmalte rugosas/cortantes com disco de lixa vaselinado, seguido da aplicação de fluoretos. Se houver preocupação estética dos pais e/ou da própria criança, realizar restauração com resina composta. Se o fragmento está disponível pode ser feita sua colagem. Caso contrário, executar uma restauração de cimento de ionômero de vidro ou com sistema adesivo e resina composta. O capeamento pulpar indireto com cimento de hidróxido de cálcio é recomendado caso exista um proximidade de até 0,5mm da polpa, com aspecto róseo e sem sangramento, usando o cimento de ionômero de vidro em seguida cobrindo­o. Acompanhamento clínico de3 a 4 semanas. Se possível, preservar a vitalidade pulpar pelo capeamento direto com hidróxido de cálcio, curetagem pulpar ou pulpotomia. Caso a rizólise seja menor que 2/3 da raiz do decíduo, o tratamento endodôntico pode ser indicado em casos de contaminação e mais de 24 horas após o trauma. Se o fragmento está disponível pode ser feita sua colagem. Caso não haja maturidade ou cooperação a Exodontia é uma alternativa. Acompanhamento clínico em 1 semana, clínico e radiográfico em 6 a 8 semanas e 1 ano. Fratura coronorradicularcom ou sem exposição pulpar Fratura de esmalte, dentina, cemento com perda de estrutura dentária, podendo ou não expor a polpa. Extensão da fratura abaixo da margem gengival. Fragmento coronário com mobilidade. Remoção apenas do fragmento coronário, desde que envolva apenas pequena parte da raiz, remanescente coronário estável e com tamanho suficiente para restauração. Proceder com proteção do complexo dentinho­ pulpar ou endodontia e restauração. Exodontia em todas as outras situações. Acompanhamento clínico em 1 semana, clínico e radiográfico em 6 a 8 semanas, 1 ano e anualmente até irrupção do permanente. Fratura radicular O segmento coronário pode estar móvel e/ou deslocado. Dente pode estar sensível ao teste de percussão. Sangramento no sulco gengival pode ser notado. Descoloração coronária transitória pode acontecer, tons avermelhados e acinzentados. A fratura é normalmente localizada ­Transversal nos terços apical e médio Reposicionar o segmento coronário o mais breve possível. Checar posição radiograficamente. Estabilizar o dente com contenção flexível por 2 a 3 semanas. ­Transversal do terço cervical ou grave do terço médio (extenso deslocamento do fragmento) Realizar a Exodontia ­Longitudinais ou oblíquas Remoção dos fragmentos dentários entre os terços médio e apical da raiz do dente decíduo, podendo ser transversais, longitudinais ou oblíquas Caso seja avaliado não haver condições de fazer a contenção o fragmento coronário é extraído e o apical é deixado para ser reabsorvido. Se o fragmento coronário não estiver deslocado nenhum tratamento é necessário. Acompanhamento clínico em 1 semana, clínico e radiográfico em 2 a 3 semanas, 3 meses, 6 meses, 1 ano e anualmente até irrupção do permanente. Fratura alveolar Fratura envolvendo osso alveolar e pode se estender para ossos adjacentes. Mobilidade de segmento com deslocamento de vários dentes em conjunto. Desalinhamento dental e alterações oclusais do segmento alveolar fraturado. Reposicionamento do fragmento e contenção rígida ou semirrígida por quatro semanas. Muitas vezes a exodontia do decíduo é necessária. Sutura gengival da laceração se presente. Acompanhamento clínico em 1 semana, clínico e radiográfico em 4 semanas, 6 a 8 semanas, 1 ano e anualmente até irrupção do permanente. DENTES DECÍDUOS ­ Classificação, características e condutas para lesões aos tecidos de suporte dentário. Concussão Lesão de tecidos de deslocamento do dente. suporte sem Dente sensível ao toque. Dente não apresenta mobilidade aumentada. A reação pulpar é imprevisível e pode ocorrer necrose após um período, acompanhar se há mudança na coloração do dente. Nenhum tratamento é necessário. É prudente recomendar dieta menos rígida, tentando orientar o alívio oclusal e o repouso dental. O ajuste oclusal apenas em último caso, normalmente sendo desnecessário. Acompanhamento clínico em 1 semanas, 6 a 8 semanas. Com o tempo, pode haver evidência radiográfica de reabsorção radicular patológica ou degeneração cálcica. Subluxação Lesão de tecidos de suporte com presença de sangramento gengival e o dente apresenta mobilidade aumentada, sem deslocamento do dente. Sensibilidade ao mastigar. Nenhum tratamento normalmente é necessário. É prudente recomendar dieta menos rígida, tentando orientar o alívio oclusal e o repouso dental. O ajuste oclusal apenas em último caso, normalmente sendo desnecessário. Acompanhamento clínico em 1 semana, 6 a 8 semanas. Luxação extrusiva O elemento dental se desloca parcialmente no sentindo axial do alvéolo dental. Presença de sangramento, mobilidade excessiva e aparência do dente alongado. Prognóstico depende da gravidade da lesão e do estágio de desenvolvimento do permanente sucessor. Reposicionamento do elemento dental reimplantando­o gentilmente em seu alvéolo dental para dentes jovens (rizogênese incompleta) com extrusões menores que 3 mm ou, ainda, aguardar seu reposicionamento espontâneo (quando não houver interferência oclusal). Em casos com maior mobilidade, reposicionar o dente e contenção flexível por 2 a 3 semanas. Exodontia: ­quando houver risco de lesão do germe do permanente durante o reposicionamento do decíduo ­quando o acentuado grau de mobilidade do decíduo oferecer risco de aspiração deste. Acompanhamento clínico em 2 a 3 semanas, clínico e radiográfico em 6 a 8 semanas, 1 ano. Luxação lateral O dente encontra­se deslocado, geralmente nas direções palatal/lingual ou vestibular. O dente estará imóvel e o teste de percussão resultará em um som alto e metálico, similar ao estado de anquilose. Ocorre a fratura do processo alveolar. Pode estar acompanhada de fratura radicular. Se não houver nenhuma interferência oclusal, como ocorre nos pacientes com mordida aberta anterior, o dente se realinhará espontaneamente. Se houver uma mínima interferência oclusal, um pequeno ajuste oclusal é indicado. Quando existe uma interferência oclusal mais severa, o dente pode ser gentilmente reposicionado combinando­se pressão vestibular e palatal, após anestesia. No deslocamento severo, quando a coroa está deslocada em uma direção vestibular, a exodontia é o tratamento de escolha. Luxação intrusiva O dente está normalmente deslocado através do osso alveolar na sua parede vestibular. Algumas vezes com palpação delicada pode ser sentido o ápice do decíduo por vestibular e clinicamente sua coroa se desloca muitas vezes para palatal/lingual. Pode também estar deslocado por palatal/lingual onde interfere no germe do dente permanente sucessor, nesses casos a Acompanhamento clínico em 1 semana, 2 a 3 semanas, clínico e radiográfico em 6 a 8 semanas, 1 ano. Se o ápice do decíduo está por vestibular, a reerupção espontânea é aguardada sob observação, já que algum movimento deve acontecer no primeiro mês e deve concluir em até seis meses. Após reerupção avaliação pulpar e periodontal Exodontia: coroa apresenta­se bastante vestibularizada. Muitas vezes confundida pelos responsáveis com avulsão. Avulsão Desarticulação total do elemento dental do seu alvéolo no osso alveolar. Clinicamente, o alvéolo dental fica vazio ou preenchido com coágulo sanguíneo. Pesquisar em que local o dente se encontra, caso não esteja claro certificar­se de que não foi aspirado ou de que não esteja alojado em uma ferida na criança. O dente pode ser aproveitado em mantenedor de espaço. ­contato dentre a raiz do decíduo e germe do permanente ­fístula ou radiolucidez apical ­fratura óssea ­falha no início da reerupção no primeiro mês ­presença de severa reabsorção do decíduo após reerupção ­ocorrência de anquilose durante a reerupção Acompanhamento clínico em 1 semana, clínico e radiográfico em 3 a 4 semanas, clínico em 6 a 8 semanas, clínico e radiográfico em 6 meses,1 ano e anualmente até a reerupção do permanente. Não é recomendável o reimplante do dente decíduo avulsionado. Acompanhamento clínico em 1 semana, clínico e radiográfico em 6 meses, 1 anoe anualmente até a reerupção do permanente. Existe grande risco de dano ao sucessor. Tabela 15: Classificação, características e condutas em fraturas dentárias e do osso alveolar. Classificação Trinca Características Fratura incompleta de profundidade e envolvimento variável das estruturas do dente, mas geralmente apenas o esmalte, sem perda de estrutura. Sem sensibilidade, mas se é observada pesquisar uma possível luxação ou fratura radicular. Condutas Proservação, avaliar necessidade de aplicar materiais adesivos estéticos para proteção do complexo dentino­pulpar e impedir alteração de cor. Averiguar a existência de maior dano. Como semiotécnica apenas imediata,posicionare retirar em seguida um elástico e/ou instrumento entre os dentes pode identificar uma fratura completa. Fratura em esmalte Perda parcial de esmalte, sem exposição de dentina. Sem sensibilidade, mas se é observada pesquisar uma possível luxação ou fratura radicular. Mobilidade dental normal. Teste de sensibilidade pulpar normal. Se o fragmento está disponível pode ser feita sua colagem. Arredondamento ou restauração com resina composta dependendo da extensão e localização da fratura. Acompanhamento clínico e radiográfico em 6 a 8 semanas e 1 ano. Fratura em esmalte e dentina Perda parcial de esmalte e dentina, sem envolvimento pulpar. Teste de percussão sem sensibilidade, mas se é observada pesquisar uma possível luxação ou fratura radicular. Mobilidade dental normal. Teste de sensibilidade pulpar usualmente positiva. Fratura de esmalte­ dentina­polpa Fratura dental envolvendo esmalte, dentina e polpa. Teste de percussão sem sensibilidade, mas se é observada pesquisar uma possível luxação ou fratura radicular. Mobilidade dental normal. Polpa exposta sensível a estímulos. Se o fragmento está disponível pode ser feita sua colagem. Caso contrário, executar uma restauração provisória de cimento de ionômero de vidro ou uma restauração definitiva com sistema adesivo e resina composta, ou outros materiais restauradores aceitáveis. O capeamento pulpar indireto com cimento de hidróxido de cálcio é recomendado caso exista um proximidade de até 0,5mm da polpa, com aspecto róseo e sem sangramento, usando o cimento de ionômero de vidro em seguida cobrindo­o. Acompanhamento clínico e radiográfico em 6 a 8 semanas e 1 ano. Em pacientes jovens com dentes imaturos e ainda em desenvolvimento, é vantajoso preservar a vitalidade pulpar pelo capeamento direto com hidróxido de cálcio, curetagem pulpar ou pulpotomia. Esse tratamento ainda é de escolha para pacientes jovens com dentes completamente formados. Em pacientes maduros e dentes provavelmente o tratamento endodôntico será necessário, mas ainda assim recomenda­se o capeamento pulpar, curetagem pulpar ou pulpotomia. Se o fragmento está disponível pode ser feita sua colagem. Tratamentos futuros para a coroa fraturada podem utilizar outros materiais restauradores. Acompanhamento clínico e radiográfico em 6 a 8 semanas e 1 ano. Fratura Fratura de esmalte, dentina, coronorradicular sem cementocom perda de estrutura exposição pulpar dentária, mas sem expor a polpa. Extensão da fratura abaixo da margem gengival. Tratamento de Urgência: uma estabilização temporária do fragmento com mobilidade nos dentes adjacentes pode ser executado até o plano de tratamento definitivo ser feito. Sensível ao teste de percussão. Fragmento coronário com mobilidade. Sem alternativa de tratamento de urgência: Teste de sensibilidade pulpar usualmente positivo para o fragmento apical. ­ Remoção somente do fragmento com subsequente restauração fragmento apical exposto acima da margem gengival. ­ Remoção do fragmento e gengivectomia imediata (algumas vezes com osteotomia associada) com subsequente tratamento endodôntico e restauração com pino intracanal. ­ Remoção do fragmento com mobilidade e subsequente reposicionamento cirúrgico na raiz em uma posição mais coronária. ­ Sepultamento radicular e planejamento pelo paciente de solução com implante dentário. ­ Exodontia quando inevitável pela severa extensão apical da fratura, sendo a pior situação a fratura vertical ou longitudinal. Planeja­se nesse caso o implante ou a prótese fixa o removível convencional pelo paciente. Acompanhamento clínico e radiográfico em 6 a 8 semanas e 1 ano. Fratura coronorradicular com exposição Fratura de esmalte, dentina, cemento e com exposição pulpar. Sensível ao teste de percussão. Tratamento de Urgência: uma estabilização temporária do fragmento com mobilidade nos dentes adjacentes pode ser executado pulpar Fragmento coronário com mobilidade. até o plano de tratamento definitivo ser feito. Em pacientes jovens fazer capeamento direto com hidróxido de cálcio, curetagem pulpar ou pulpotomia. Em pacientes maduros e dentes provavelmente o tratamento endodôntico será necessário. Sem alternativa de tratamento de urgência: idem item anterior. Acompanhamento clínico e radiográfico em 6 a 8 semanas e 1 ano. Fratura radicular O segmento coronário pode estar móvel e/ou deslocado. Reposicionar o segmento coronário o mais breve possível. Checar posição radiograficamente. Dente pode estar sensível ao teste Estabilizar o dente com contenção flexível de percussão. por 4 semanas. Caso a fratura radicular Sangramento no sulco gengival esteja próxima do terço cervical a pode ser notado. contenção é indicada por um maior Teste de sensibilidade pulpar pode ser negativo inicialmente, indicando período (até 4 meses). É recomendável monitorizar por pelo dano pulpar transitório ou menos um ano o nível de resposta pulpar. permanente. Se ocorrer necrose pulpar, indica­se o Monitorizar o estado da polpa é tratamento endodôntico até a linha da recomendado. fratura para preservar o dente. Descoloração coronária transitória pode acontecer, tons avermelhados Acompanhamento clínico e radiográfico em 4 semanas, 6 a 8 semanas, 4 meses, 6 e acinzentados. meses, um ano e cinco anos. Fratura alveolar Fratura envolvendo osso alveolar e pode se estender para ossos adjacentes. Mobilidade de segmento com deslocamento de vários dentes em conjunto. Desalinhamento dental e alterações oclusais do segmento alveolar fraturado. Teste de sensibilidade pode ser positivo ou não. Reposicionamento do fragmento e contenção rígida ou semirrígida por quatro semanas. Sutura gengival da laceração se presente. Acompanhamento clínico e radiográfico em 4 semanas, 6 a 8 semanas, 4 meses, 6 meses, um ano e cinco anos. Fonte: adaptado de DiAngeliset al. (2012) – Protocolo da Associação Internacional de Traumatologia Dentária Tabela 16: Classificação, características e condutas para lesões aos tecidos de suporte dentário. Classificação Concussão Subluxação Características Lesão de tecidos de suporte sem deslocamento do dente. Dente sensível ao toque ou percussão. Dente não apresenta mobilidade aumentada. Teste de sensibilidade pulpar é positivo, no entanto a reação pulpar é imprevisível e pode ocorrer necrose após um período, sendo recomendado acompanhamento de pelo menos um ano. Nenhum tratamento é necessário. É prudente recomendar dieta menos rígida, tentando orientar o alívio oclusal e o repouso dental. O ajuste oclusal apenas em último caso, normalmente sendo desnecessário. Lesão de tecidos de suporte com presença de sangramento gengival e o dente apresenta mobilidade aumentada, sem deslocamento do dente. Dente sensível ao toque ou percussão. Nenhum tratamento normalmente é necessário, entretanto um contenção flexível para estabilizar, em especial quando dois dentes ou mais sofreram subluxação, para o conforto do paciente pode ser utilizada por até 2 semanas. Teste de sensibilidade pulpar pode ser negativo inicialmente fato que indica um dano pulpar transitório, sendo recomendado acompanhamento até ser obtido um diagnóstico definitivo. Luxação extrusiva Condutas O elemento dental se desloca parcialmente no sentindo axial do alvéolo dental. Presença de sangramento, mobilidade excessiva e aparência do dente alongado. Os testes de sensibilidade tendem para uma resposta negativa. Acompanhamento clínico e radiográfico em 4 semanas, 6 a 8 semanas, 1 ano. Acompanhamento clínico e radiográfico em 2 semanas, 4 semanas, 6 a 8 semanas, 6 meses, 1 ano. Reposicionamento do elemento dental reimplantando­o gentilmente em seu alvéolo dental. Estabilização do dente por 2 semanas com uma contenção flexível. Em dentes maduros em que a necrose pulpar é antecipada ou se diversos sinais e sintomas indicarem que a polpa jovem ou madura veio a se necrosar, o tratamento endodôntico é indicado. Acompanhamento clínico e radiográfico em 2 semanas, 4 semanas, 6 a 8 semanas, 6 meses, 1 ano, 5 anos. Luxação lateral O dente encontra­se deslocado, geralmente nas direções palatal/lingual ou vestibular. Reposicionamento do elemento dental digitalmente ou, algumas vezes, com o auxílio de um fórceps para liberar da Luxação intrusiva O dente estará imóvel e o teste de percussão resultará em um som alto e metálico, similar ao estado de anquilose. Ocorre a fratura do processo alveolar. Os testes de sensibilidade tendem para uma resposta negativa. área do osso alveolar onde se alojou durante o traumatismo, reimplantando­o gentilmente em sua posição original. O dente está deslocado axialmente dentro do osso alveolar. Dente com rizogênese incompleta: ­ Permitir reerupção espontânea sem intervenção. ­ Caso não haja movimento em poucas semanas, iniciar tracionamento ortodôntico. ­ Se a intrusão for maior que 7 mm, reposicionar cirurgicamente ou com tração ortodôntica O dente estará imóvel e o teste de percussão resultará em um som alto e metálico, similar ao estado de anquilose. Os testes de sensibilidade tendem para uma resposta negativa. Estabilização do dente por 4 semanas com uma contenção flexível. Monitorar a condição pulpar e se houver necroseo tratamento endodôntico é indicado para prevenir reabsorção radicular. Acompanhamento clínico e radiográfico em 2 semanas, 4 semanas, 6 a 8 semanas, 6 meses, 1 ano, anualmente por 5 anos. Dente com rizogênese completa: ­ Permitir reerupção espontânea sem intervenção se o dente intruiu menos que 3 mm, mas se não houver nenhum movimento num período entre 2 a 4 semanas, reposicionar cirurgicamente ou com tração ortodôntica, antes que ocorra a anquilose dental. ­ Caso a intrusão foi entre 3­7 mm, reposicionar cirurgicamente ou com tração ortodôntica. ­ Intrusão maior que 7 mm a reposição cirúrgica é indicada. ­ Uma vez que o dente intruído foi reposicionado cirúrgica ou ortodonticamente, estabilizar com contenção flexível por 4 semanas. ­ Existe alta probabilidade de necrose pulpar em dentes com rizogênese completa, é recomendada terapia pulpar após 2­3 semanas do reposicionamento com hidróxido de cálcio como medicação intracanal. Acompanhamento clínico e radiográfico em 2 semanas, 4 semanas, 6 a 8 semanas, 6 meses, 1 ano, anualmente por 5 anos. Avulsão Desarticulação total do elemento dental do seu alvéolo no osso alveolar. Clinicamente, o alvéolo dental fica vazio ou preenchido com coágulo sanguíneo. A intervenção vai depender do estado de rizogênese dental e das condições das células do ligamento periodontal, que tem relação com o meio em que o dente foi transportado, que pode favorecer ou não o prognóstico. Dentes que permaneceram secos por mais de 60 minutos tem prognóstico desfavorável. Favor consultar texto abaixo da tabela para situações específicas. Estabilização do dente por até 2(alguns casos 4) semanas com uma contenção flexível. Acompanhamento clínico e radiográfico em 4 semanas, 3 meses, 6 meses, 1 ano, seguindo então sempre avaliação anual. Fonte: adaptado de Andersson et al. (2012) e DiAngeliset al. (2012) – Protocolo da Associação Internacional de Traumatologia Dentária. Para os casos de traumatismo dentário, especialmente no caso da avulsão, é prioritário fazer as orientações de cuidados pós­operatórios ao paciente e/ou cuidadores, motivando a assiduidade para as consultas de retorno e também sobre a prevenção de reincidência de traumatismos futuros. Orientar que o paciente deve evitar participarde esportes de contato durante o tratamento. Dieta pastosa para alívio oclusal por até 2 semanas, voltando a completa normalidade após esse período. Higiene dental com escova de cerdas macias após cada refeição. Bochecho com solução de clorexidina 0,12% duas vezes por dia por 1 semana, para crianças sem álcool. 1.TRATAMENTO DA AVULSÃO DE DENTES PERMANENTES COM RIZOGÊNESE COMPLETA 1.a) O dente foi reimplantado antes da chegada do paciente ao serviço de saúde bucal Deixe o dente em posição. Verifique se a posição do reimplante está de acordo com o esperado clínica e radiograficamente. Contenção flexível por até duas semanas, mantendo­a distante da gengiva. Prescreva e/ou administre antibioticoterapia. Verifique cobertura vacinal antitetânica, oriente os pacientes e/ou responsáveis. Planeje o tratamento endodôntico para iniciar entre 7 e 10 dias após o reimplante dentário e antes da remoção da contenção. 1.b) O dente foi armazenado em um meio fisiológico e/ou mantido seco, o tempo fora da boca foi menor que 60 minutos. Lave a raiz do dente com soro fisiológico para remover células mortas e contaminações presentes em sua superfície. Faça anestesia local. Irrigação do alvéolo com soro fisiológico e remoção do coágulo. Inspeção do alvéolo, reposicionando eventuais locais das paredes alveolares fraturadas. Reimplante o dente cuidadosamente sem força, apenas com pressão digital. Verifique se a posição do reimplante está de acordo com o esperado clínica e radiograficamente. Contenção flexível por até duas semanas, mantendo­a distante da gengiva. Prescreva e/ou administre antibioticoterapia. Verifique cobertura vacinal antitetânica, oriente os pacientes e/ou responsáveis. Planeje o tratamento endodôntico para iniciar entre 7 e 10 dias após o reimplante dentário e antes da remoção da contenção. 1.c) Dente avulsionado mantido seco mais do que 60 minutos ou não existem células do ligamento periodontal viáveis, por outras razões Remova cuidadosamente da superfície radicular o tecido mole com células inviáveis com o auxílio de uma gaze, por exemplo. O tratamento endodôntico pode ser realizado antes ou depois do reimplante dental, no último caso entre 7 e 10 dias após o reimplante. Na tentativa de diminuir a resposta de anquilose por substituição a superfície radicular pode ser tratada com fluoreto de sódio neutro a 2% por 20 minutos, mas não se trata de uma recomendação absoluta. Faça anestesia local. Irrigação do alvéolo com soro fisiológico e remoção do coágulo. Inspeção do alvéolo, reposicionando eventuais locais das paredes alveolares fraturadas. Reimplante o dente cuidadosamente sem força, apenas com pressão digital. Verifique se a posição do reimplante está de acordo com o esperado clínica e radiograficamente. Contenção flexível por quatro semanas, mantendo­a distante da gengiva. Prescreva e/ou administre antibioticoterapia. Verifique cobertura vacinal antitetânica, oriente os pacientes e/ou responsáveis. 2. TRATAMENTO DA AVULSÃO DE DENTES PERMANENTES COM RIZOGÊNESE INCOMPLETA 2.a) O dente foi reimplantado antes da chegada do paciente ao serviço de saúde bucal Deixe o dente em posição. Verifique se a posição do reimplante está de acordo com o esperado clínica e radiograficamente. Contenção flexível por até duas semanas, mantendo­a distante da gengiva. Prescreva e/ou administre antibioticoterapia. Verifique cobertura vacinal antitetânica, oriente os pacientes e/ou responsáveis. O objetivo do reimplante de dentes imaturos ainda com rizogênese incompleta é permitir uma possível revascularização da polpa dentária. Caso isso não ocorra, o tratamento endodôntico é recomendado. 2.b) O dente foi armazenado em um meio fisiológico e/ou mantido seco, o tempo fora da boca foi menor que 60 minutos. Lave a raiz do dente com soro fisiológico para remover células mortas e contaminações presentes em sua superfície. Aplicar antibióticos tópicos pode aumentar as chances de revascularização da polpa e deve ser considerado, caso o mesmo esteja disponível. Fazer imersão da superfície radicular por 5 minutos em 1 mg de doxiciclina com 20 ml de solução salina. Faça anestesia local. Irrigação do alvéolo com soro fisiológico e remoção do coágulo. Inspeção do alvéolo, reposicionando eventuais locais das paredes alveolares fraturadas. Reimplante o dente cuidadosamente sem força, apenas com pressão digital. Verifique se a posição do reimplante está de acordo com o esperado clínica e radiograficamente. Contenção flexível por até duas semanas, mantendo­a distante da gengiva. Prescreva e/ou administre antibioticoterapia. Verifique cobertura vacinal antitetânica, oriente os pacientes e/ou responsáveis. O objetivo do reimplante de dentes imaturos ainda com rizogênese incompleta é permitir uma possível revascularização da polpa dentária. A relação de custo e benefício deve ser considerada entre uma eventual infecção relacionada com a reabsorção radicular com as chances de revascularização. Em dentes de crianças essa reabsorção ocorre muito rapidamente. Caso a revascularização não ocorra, o tratamento endodôntico é recomendado. 2.c) Dente avulsionado mantido seco mais do que 60 minutos ou não existem células do ligamento periodontal viáveis, por outras razões Remova cuidadosamente da superfície radicular o tecido mole com células inviáveis com o auxílio de uma gaze, por exemplo. O tratamento endodôntico pode ser realizado antes ou depois do reimplante dental, no último caso entre 7 e 10 dias após o reimplante. Na tentativa de diminuir a resposta de anquilose por substituição a superfície radicular pode ser tratada com fluoreto de sódio neutro a 2% por 20 minutos, mas não se trata de uma recomendação absoluta. Faça anestesia local. Irrigação do alvéolo com soro fisiológico e remoção do coágulo. Inspeção do alvéolo, reposicionando eventuais locais das paredes alveolares fraturadas. Reimplante o dente cuidadosamente sem força, apenas com pressão digital. Verifique se a posição do reimplante está de acordo com o esperado clínica e radiograficamente. Contenção flexível por quatro semanas, mantendo­a distante da gengiva. Prescreva e/ou administre antibioticoterapia. Verifique cobertura vacinal antitetânica, oriente os pacientes e/ou responsáveis. 6.5 LINHA DE CUIDADO MATERNO INFANTIL 6.5.1 GESTANTES A gravidez é uma fase ideal para o estabelecimento de bons hábitos, pois a gestante mostra­se psicologicamente receptiva em adquirir novos conhecimentos e a mudar padrões que provavelmente terão influência no desenvolvimento da saúde do bebê. Os cuidados são os mesmos de qualquer outro indivíduo: limpeza diária dos dentes com uso adequado de escova e fio/fita dental. Vale lembrar que a qualidade dessa higienização é sempre mais importante que a quantidade. Durante o período de gestação, ocorre uma série de alterações no organismo da gestante que podem levar ao aparecimento de problemas dentais e gengivais, entre elas, temos: a. Aumento da acidez bucal; b. Aumento da ingestão de alimentos em menor espaço de tempo; c. Mudança nos hábitos alimentares; d. Diminuição nos cuidados com a higienização bucal, principalmente após o parto, quando a atenção está mais voltada para a saúde do bebê; e. Alterações hormonais. O fato dos pacientes comumente não sentirem desconforto das doenças cárie e periodontal pode não despertar preocupação sobre os efeitos deletérios que afetam sua saúde geral. Esses focos infecciosos crônicos localizados na boca afetam à distância várias áreas do organismo, sendo comprovado seu envolvimento no baixo peso do bebê e no parto prematuro e alguns agravos eventualmente são fatais. Há fortes evidências científicas que apresentam as patologias bucais com frequente envolvimento sistêmico e não somente como problemas de saúde isolados. Estas mudanças podem causar dilatação dos capilares gengivais, permeabilidade e exsudado gengival, explicando o aumento da tendência de sangramento gengival durante a gestação. Alterações bucais são prevalentes tais como a gengivite, hiperplasia gengival, granuloma piogênico, como também a composição da própria saliva. O nível de estrógeno na circulação sanguínea é elevado o que aumenta a permeabilidade capilar, predispondo as mulheres à gengivite e hiperplasia gengival. A gravidez não provoca doença periodontal, no entanto agrava quadros previamente existentes. Os hormônios sexuais aumentam significativamente a angiogênese que pode promover uma reação exacerbada, em especial quando associada com a irritação gengival causada pelo acúmulo de placa dental,formando granulomas piogênicos. Estima­se que essas lesões acometem entre 1 a 5% das gestantes entre o primeiro e o segundo trimestre, sendo que frequentemente regridem após o parto. A presença do estrógeno na saliva em grande concentração promove maior proliferação e descamação do epitélio da mucosa bucal, o que favorece a proliferação de cepas bacterianas. A orientação de uma boa higiene previne e minimiza as alterações inflamatórias mediadas pelas taxas hormonais no meio bucal. Várias evidências comprovaram a relação entre doenças periodontais e o nascimento de bebês de baixo peso e partos prematuros (PLBW:preterm low-birthweight). Segundo os trabalhos de Offenbarcher et al. (1996), pacientes grávidas que apresentem doença periodontal têm 7,5 vezes mais chance de desenvolver o PLBW, possibilitando uma prematuridade de 34 semanas e peso inferior a 2.500 gramas no nascimento e o agravamento da condição periodontal pode se constituir em fator de risco de pré­eclâmpsia. Estima­se que metade dos partos prematuros, sem fatores de risco estabelecidos, podem estar associados à doença periodontal. O mecanismo de associação entre doença periodontal e PLBW é de base biológica, pela estimulação da membrana fetal na síntese de prostaglandina pelas citocinas, que são produzidas pela inflamação dos tecidos periodontais (fluidos gengivais). A influência da doença periodontal em bebês prematuros de baixo peso ocorreria por meio de mecanismos indiretos envolvendo os mediadores inflamatórios, ou mecanismos diretos de ataques de bactérias no âmnio. É indispensável a participação das gestantes em ações programadas de Saúde Bucal das Unidades de Saúde, pois, por meio de atividades educativas de promoção de saúde, elas podem desenvolver hábitos, que além das intervenções clínicas necessárias, ajudam a manter a saúde gengival durante a gravidez e evitam o desenvolvimento de problemas periodontais. O tratamento odontológico pode ser realizado em qualquer período gestacional, embora o segundo trimestre (entre o quarto e sexto mês) seja o momento mais oportuno, pois nessa fase, mãe e bebê encontram­se num período de maior estabilidade. No primeiro trimestre deve­se evitar o uso de medicamentos, pois é uma fase delicada da organogênese do feto e no terceiro trimestre a mãe está com maior ansiedade devido à aproximação do parto, além dos casos de hipertensão, anemia e síncope serem mais frequentes. Condições desfavoráveis durante a gestação tais como infecções e carências nutricionais podem trazer problemas nos dentes em fase de formação e mineralização. É importante ressaltar que o uso de tetraciclinas deve ser evitado em qualquer período de gestação, lactação e para crianças abaixo de nove anos de idade, por produzir alterações morfológicas e manchas nos dentes em formação desses indivíduos em crescimento e desenvolvimento. Não é recomendado o uso de estolato de eritromicina e antiinflamatórios não esteroidais (há raras situações clínicas que indicam seu uso com aval médico). As principais orientações/recomendações quanto à saúde bucal estão descritas a seguir: Recomendações em relação à saúde bucal para gestantes CONDIÇÃO Higiene bucal ORIENTAÇÕES/ RECOMENDAÇÕES Escova com cerdas maciase creme dental fluoretado após cada refeição, usar fio dental e bochecho xilitol / flúor 0,05% Tratamento odontológico Duração Breve, sempre que possível. É recomendável orientar que a paciente esvazie a bexiga antes do atendimento odontológico. Alternância frequente de posição na cadeira odontológica e inclinação para o lado esquerdo. Posição Usar avental de chumbo e protetor de tireoide; usar filmes Radiografia ultrarrápidos. Medicamentos Decisão do cirurgião­dentista, compartilhada com o médico. quando necessário, Urgência odontológica Atender independente do trimestre gestacional, pelo risco que os efeitos sistêmicos que a doença e a dor oferecem à gestação. Erosão dentária Escovação imediata após episódios de vômito deve ser evitada; uso de creme dental de baixa abrasividade com flúor e escovas de cerdas macias; bochechos de um copo de água com uma colher de chá de bicarbonato de sódio após o vômito e bochechos com flúor podem ser recomendados. Reavaliar com o médico se a suplementação de ferro e ácido fólico está suficiente em hiperêmese graves. Orientar várias pequenas refeições, alimentos de preferência não cariogênicos e ricos em cálcio e fosfato, já que a sensação de estômago cheio diminui a náusea. O uso de gomas de mascar sem açúcar aumenta o fluxo salivar favorecendo a proteção do esmalte dental da gestante. Cárie Redução do consumo de açúcar.Prevenção com o controle do biofilme.Adequação do meio bucal e restaurações definitivas sempre que possível. Aplicação tópica de flúor. Gengivite Orientar higiene bucal. Raspagem. Profilaxia profissional. Aplicação tópica de flúor. Uso de clorexidina 0,12% durante o tratamento e 7 dias após término, quando avaliado maior risco. Periodontite Mesmos itens da gengivite. Avaliar o grau de severidade de acordo com a mobilidade dentária e perda óssea. Indicar uso de antibioticoterapia nos casos mais graves em conjunto com o médico. Iniciar pela raspagem supragengival e motivar a higiene dental correta para melhorar o quadro clínico, a raspagem subgengival será favorecida na sequência do tratamento pela diminuição de edema do tecido periodontal. A estratificação de risco deve ser dinâmica e contínua, fato que orienta o grau de vigilância e os fluxos assistenciais dentro da rede de atenção à saúde. A presença de cárie dentária com comprometimento pulpar, histórico de abscesso dento­ alveolar e/ou periodontal, periodontite grave classificam a mulher como sendo de risco gestacional alto. Gestantes de risco alto e muito alto que apresentam condições odontológicas que necessitam de intervenção complexa devem ser encaminhadas aos CEOs. O acompanhamento pela ESB da UBS é compartilhado e se as condições clínicas associadas estiverem controladas, atividades de prevenção, profilaxia e restaurações simples podem ser realizadas na APS. Prevenção, diagnóstico e tratamento de doenças bucais são um enorme benefício e, incluindo radiografias e o uso de anestesia local, podem ser realizados durante a gestação sem nenhum risco adicional para a mãe ou feto quando comparado ao risco de não oferecer o cuidado em Saúde Bucal. O controle das doenças bucais e a promoção de Saúde Bucal protegem a mulher com qualidade de vida e com alto potencial de reduzir a transmissão de bactérias patogênicas das mães para as crianças. O pré­natal odontológico é previsto e a ESB deve atuar da seguinte forma: ­ Ouvir os medos, preconceitos e preocupações da gestante sobre o tratamento odontológico durante a gravidez. Educar a gestante sobre a importância de sua saúde bucal e que a mesma não apenas implica em sua saúde geral, como também na saúde do bebê em desenvolvimento. ­ Examinar e documentar o estado dos dentes, gengiva, língua, palato e mucosa bucal, bem como qualquer outra alteração digna de nota. ­ Compartilhar dados clínicos com a equipe de saúde da unidade, em especial dos agravos de saúde bucal presentes na gestante. ­ Motivar o acompanhamento e continuidade do tratamento odontológico da paciente.Observar o risco social a que cada paciente possa estar exposta.Empregar estratégias de aproximação e educação de acordo com a situação especifica da paciente: desafio financeiro, desemprego, moradora de rua, institucionalizada, adolescente gestante, violência doméstica, residente de local com difícil acesso ou de área sem saneamento básico, dentre outros exemplos. ­ Reforçar a necessidade de cessar o uso de tabaco, álcool e outras drogas entorpecentes, em especial para pacientes dependentes químicos. ­ Incentivar o aleitamento materno, instruindo sobre como iniciar a higiene da cavidade bucal do bebê, prevenção da contaminação de bactérias patogênicas esclarecendo sobre a doença cárie de estabelecimento precoce da infância eindicar avaliação do bebê no primeiro mês.Recomendar também seu próprio acompanhamento odontológico após o parto. ­ Identificar outros membros da família com saúde bucal desequilibrada e providenciar tratamento, evitando contaminação do bebê que vai chegar. ­ Encorajar comportamentos que promovam boa saúde bucal, tais como: ­ Escovar os dentes duas vezes ao dia com creme dental fluoretado, especialmente antes de dormir e usar o fio dental. ­ Assiduidade para bom andamento do tratamento odontológico. ­ Tomar suplementos vitamínicos, incluindo ácido fólico para reduzir o risco de defeitos congênitos como fissuras lábio­palatais, fazendo uma dieta rica em proteína, cálcio, fósforo e vitaminas A, C e D. ­ Evitar alimentos doces e refrigerantes ou sucos artificiais entre as refeições, que podem promover um ambiente propício à doença cárie e erosão. ­ Fazer uma dieta saudável para favorecer o desenvolvimento do bebê e manter uma boa hidratação bebendo água potável fluoretada. ­ Anotar os dados obtidos com sonda periodontal milimetrada nas profundidades consideradas como alterações que devem ser acompanhadas clinicamente longitudinalmente durante a evolução do tratamento. ­ Executar procedimentos sob anestesia local quando necessário.Utilizaro sal cloridrato de lidocaína a 2% (36 mg) com vasoconstritor epinefrina 1:100.000 (18 UI), respeitando o máximo de 2 tubetes (3,6 ml) por sessão. ­ Indicar analgésicos apenas quando necessário sem exceder a dosagem diária, dando preferência ao acetaminofeno. ­ Os antibióticos que indicados com maior segurança são a amoxicilina, cefalosporina e o estearato de eritromicina. ­ Caso existam pacientes com diabetes, doenças pulmonares ou cardíacas, hipertensão, discrasias sanguíneas ou trombofilia, dentre outras comorbidades ou, ainda, se for necessário qualquer sedação, o parecer do médico deve ser solicitado, informando­lhe as condições de saúde bucal. A gestação não é motivo para postergar o tratamento odontológico. A promoção da saúde bucal em todas suas fases pode prevenir outros agravos e propicia uma melhor qualidade de vida para toda a família. 6.5.2 BEBÊS (0 A 24 MESES) As ações de cuidado no primeiro ano de vida devem ser realizadas no contexto do trabalho multidisciplinar da equipe de saúde, de forma a evitar a criação de programas de saúde bucal específicos para este grupo etário. O trabalho de prevenção deve estar direcionado à gestante, aos pais e às pessoas que cuidam da criança. Segundo a Linha Guia Materno Infantil/ Manaus 2013, todas as crianças deverão receber a visita domiciliar do Agente Comunitário de Saúde (ACS) nas 48 horas após alta da maternidade ou após o parto domiciliar e a primeira consulta com o médico ou o enfermeiro deve ocorrer até o 7º dia após o parto. A avaliação da saúde bucal do bebê também deverá estar prevista no calendário da ESF e recomenda­se que seja realizada no 1º, 6º, 12º e 24º mês. É fundamental que os profissionais dos programas de puericultura disseminem as informações que seguem abaixo detalhadas. Aleitamento materno A prática do aleitamento materno é essencial para a proteção e a promoção da saúde da criança e é fundamental nos primeiros meses de vida. A amamentação contribui nutricional e imunologicamente para o desenvolvimento do lactante, prevenindo e controlando morbidades futuras. Além disso, auxilia no correto desenvolvimento facial e respiratório, além de estimular o vínculo entre mãe e filho. O aleitamento materno exclusivo é definido pela Organização Mundial de Saúde (OMS) como oferta somente de leite, sem oferecer água e chá, permitindo­se apenas gotas de vitaminas ou medicamentos. A amamentação idealmente deve ocorrer até o sexto mês de vida. A OMS recomenda, ainda, que o aleitamento deve ser mantido de forma complementar até 2 anos de idade ou mais. Entretanto, diversos fatores podem interferir na instalação e na manutenção do aleitamento, devendo ser investigados, a fim de prevenir sua influência, evitando o desmame precoce. Além de todos os benefícios para o desenvolvimento do bebê, o aleitamento materno tem um papel importante na prevenção de problemas ortodônticos. Ao amamentar, a criança exercita os músculos faciais, promovendo a instalação da respiração nasal, o crescimento harmônico da face e, consequentemente, o desenvolvimento adequado da oclusão, da fala e da deglutição. Portanto, trata­se de uma medida importante na prevenção da síndrome do respirador bucal, da deglutição atípica, da má oclusão, das disfunções crânio­mandibulares e das dificuldades de fonação. Além disso, por não oferecer excesso de leite, a amamentação possibilita que a satisfação alimentar seja atingida juntamente com a saciedade do prazer oferecido pela sucção, tornando desnecessários os hábitos de sucção adicionais que podem ser deletérios. A amamentação deve ser realizada com exclusividade até os 6 meses de idade, e a partir dessa idade, que normalmente coincide com a irrupção dos primeiros dentes decíduos, o uso de alimentos em colheres e copos e a diminuição gradual das mamadas durante a madrugada é incentivada. A posição na amamentação A mãe deve ser orientada conforme a figura abaixo. Segundo Corrêa (2010), a mãe deve procurar alimentar o bebê sentada ou recostada, em lugar confortável e tranquilo, com o bebê posicionado verticalmente, voltado para a mãe, barriga contra barriga e com a cabeça aninhada na dobra do braço. Conforme a figura abaixo, posicionando o bebê como um “cavalinho”, nesta posição o leite não fica acumulado na boca do bebê, além de ser a melhor posição para um bom desenvolvimento dos dentes e da face. Ela não é uma posição obrigatória, mas deve ser também utilizada. Fonte: http://brasil.babycenter.com/a1500013/posi%C3%A7%C3%B5es-para-amamentar Essa posição relatada no último parágrafo pode ser orientada como uma das alternativas dentre outras existentes relatadas na figura a seguir. O desmame A amamentação é exclusiva até os seis meses de idade do bebê e deve ser incentivada, desde a gestação. O leite materno fornece todos os nutrientes necessários nesse período, não sendo necessária qualquer complementação alimentar, nem mesmo chá ou água. A partir do sexto mês de vida, é aconselhável o desmame gradual, com a introdução de alimentos sólidos. Os líquidos e alimentos podem ser oferecidos em copos pequenos e colher, evitando o uso da mamadeira sempre que possível. Durante os primeiros anos de vida, alguns alimentos pastosos, tais como vitaminas e mingaus, podem ser ingeridos com auxílio da colher, ao invés da mamadeira. A introdução da sacarose (açúcar) pode ser adiada o quanto for possível, não é recomendável sua adição no leite, suco, mingau ou outros alimentos. A quantidade de cloreto de sódio (sal) também deve ser mínima, permitindo que os sabores naturais dos alimentos tenham domínio na alimentação oferecida aos bebês. Amamentação artificial O uso da mamadeira como meio de alimentação artificial só deve ser adotado quando houver impossibilidade do aleitamento natural e apenas em casos de indicação restrita, pois nada é melhor para o bebê do que a amamentação através dos seios. A mamadeira deve ser dada, segurando o bebê no colo na mesma posição usada na amamentação materna (veja a amamentação natural). Evitar oferecer a mamadeira quando o bebê estiver deitado, pois facilmente acumula leite na boca, o que pode provocar engasgos perigosos e possíveis otites de repetição provocadas pelo refluxo de líquido para o conduto auditivo. O uso de mamadeiras deve ser eliminado entre 6 ­ 10 meses de idade ou até no máximo 1 ano e meio. O abandono da mamadeira depende da maturidade emocional e da habilidade física da criança. Deve­se gradativamente usar o copo em substituição à mamadeira. O que a mãe deve ser orientada: Evitar o uso de mamadeiras e chupetas; Evitar alterar fórmulas de leite artificial e dieta prescritas pelo pediatra, nutricionista ou médico, seguindo as recomendações conforme solicitadas. É proibido adoçar o conteúdo da mamadeira ou utilizar farináceos para engrossar o líquido; Evitar oferecer sopas na mamadeira, é preferível usar colher; Evitar açúcar, sucos artificiais, refrigerantes, balas, doce, mel, chocolate, biscoito recheado, qualquer alimento rico em sacarose e amido que tenham característica adesiva; Evitar o impedimento do processo de desmame, retardando e prejudicando o desenvolvimento mastigatório da criança e a aceitação de novos hábitos alimentares; Evitar usar a mamadeira como substituto da chupeta, provocando cárie e alterações nas arcadas; Evitar a amamentação noturna, após a irrupção dos primeiros dentes decíduos. Nessa fase é recomendada a diminuição de sua frequência para favorecer a modificação do hábito de sucção da criança e, assim, não estabelecer dependência do bico do seio materno para adormecer, sendo comum o bebê passar a usar a sucção do seio apenas como substituto da chupeta, sem estar com fome. O excesso é desnecessário e o leite materno oferecido incessantemente durante a madrugada se acumula sobre os dentes com esmalte imaturo. Esses bebês terão grande chance de serem acometidos por cárie de estabelecimento precoce da infância, especialmente aqueles que tiveram uma dieta com introdução precoce de açúcar e, portanto, com a instalação na microbiota bucal de cepas de bactérias altamente cariogênicas que promovem destruição rápida dos dentes decíduos. Evitar oferecer a mamadeira para dormir ou durante a madrugada, pois predispõe a instalação da doença cárie de estabelecimento precoce. Caso não seja possível, oferecer apenas mamadeira com água para dormir e durante a madrugada; Evitar oferecer mamadeira por tempo prolongado e frequente, principalmente quando o conteúdo for de leite ou líquidos açucarados. Sempre incentivar a posterior limpeza dos dentes após o uso da mamadeira com escova e creme dental fluoretado; Evitar utilizar a mamadeira para acalmar a criança; Evitar assoprar os alimentos, beijar o bebê na boca; Evitar qualquer adaptação do bico do mamilo artificial da mamadeira. O bico da mamadeira de preferência deve ser anatômico, conhecidos como “ortodônticos”, apesar de não terem essa função. Os orifícios de saída devem permanecer do mesmo tamanho, sendo proibido aumentar o seu diâmetro. Higiene bucal: A limpeza da cavidade bucal é normalmente iniciada antes mesmo da erupção dental. Usar um tecido limpo ou gaze embebida em água filtrada ou soro para esfregar suavemente a gengiva. A escovação está indicada a partir da erupção do primeiro dente decíduo, pode­se usar o mínimo possível (quantidade equivalente a um grão de arroz cru) de creme dental fluoretado (1100 ppm). O dentifrício deve ser mantido fora do alcance das crianças. A higienização deve ser realizada pelos pais ou responsáveis. Por uma questão de higiene os objetos do bebê – como colher, copo, chupeta, escova de dente e bico de mamadeira – não devem ser colocados na boca de outras pessoas. Esses objetos, como também os mordedores oferecidos ao bebê para alívio dos sintomas da erupção dentária, devem ser constantemente higienizados. Erupção dentária Os primeiros dentes que irrompem na cavidade bucal são os incisivos centrais inferiores, entre os 6–7 meses de vida, não sendo mandatório, algumas vezes podendo os incisivos decíduos superiores irromper primeiro. Por volta dos 12 meses, já irromperam os 4 incisivos inferiores e os 4 incisivos superiores. Porém, é possível que haja retardo na erupção, o que não deve ser motivo de preocupação se ela acontecer até os 12 meses. Após um ano de idade da criança, se não ocorreu a erupção, é necessário investigar o caso, pois existe a possibilidade (rara) de ocorrer anodontia (ausência de dentes). Também pode ocorrer de o bebê nascer com dentes (caso de dentes natais) ou vir a tê­los no primeiro mês (caso de dentes neonatais). Com a erupção dos incisivos a língua deve tomar uma posição mais posterior e a criança começa a mudar o hábito alimentar, de sucção para mastigação. Por volta dos 18 meses aparecem os molares decíduos, o que vai exigir maiores cuidados de limpeza (introdução obrigatória da escova dental), pois estes dentes apresentam sulcos retentivos de biofilme. No período da erupção dos dentes, é comum o aparecimento de sintomas sistêmicos tais como salivação abundante, diarréia, pequenos aumentos da temperatura, caracterizando breve estado febril e sono agitado, mas que, não necessariamente, são decorrentes deste processo. Ressalta­se que a febre alta instalada não decorre de processo eruptivo de decíduos, devendo­se encaminhar o paciente para avaliação do médico pediatra. Em geral o tratamento deve ser sintomático para o desconforto da erupção e, quando necessário, realizar investigação de outras causas para os sintomas descritos. A fisioterapia local com mordedores resfriados é uma excelente alternativa para o alívio dos sintomas. A cenoura crua descascada e resfriada faz um bom efeito fisioterapêutico local. Outros vegetais similares podem ser utilizados para o mesmo fim. Nos dois casos o congelamento não é indicado. Portadores de fissura labial e/ou palatal Os portadores de fissura necessitam de cuidados mais complexos, devendo ser encaminhados a serviços especializados para tratamento e reabilitação precoces, o que evita aparecimento de deformidades na dentição, inibição do crescimento dos ossos maxilares e da face, problemas psicológicos e incorreções na fala. Pacientes com necessidades especiais (PNE) Os PNE devem ser abordados desde o seu nascimento com ações preventivas e trabalho educativo com os pais e cuidadores. Traumatismo dentário Devido à incidência de lesões traumáticas nos dentes decíduos neste período em que a criança começa a andar e correr sem possuir ainda coordenação motora suficiente, é importante um trabalho de orientação para pais, e em creches e outros ambientes a serem identificados, de forma a esclarecer sobre aspectos preventivos e cuidados imediatos após o traumatismo. A criança nessa idade deve estar sempre sob supervisão, em ambientes que não ofereçam perigos óbvios como escadas, desníveis, locais fáceis de serem escalados, entre outros. Fluorose dentária: O uso de dentifrício fluoretado na concentração de 1100 ppm de forma racional deve ser realizado para a prevenção da doença cárie desde a irrupção do primeiro dente com escova dental de cerdas macias. Fonte: http://www.macetesdemae.com/2015/12/pasta-com-fluor-ou-sem-fluor-para-criancas.html O risco de fluorose é mínimo quando comparado ao benefício do uso racional do flúor para o desenvolvimento das crianças, em particular na maturação pós­ eruptiva do esmalte dentário que será favorecido com a presença do flúor no meio bucal para otimizar a incorporação do cálcio presente na saliva, lembrando que esse processo em média demora dois anos para cada dente irrompido na cavidade bucal. Por esse motivo é notório que o efeito da aplicação tópica diária de flúor, que é proporcionada pela escovação diária, é a terapêutica que possui o melhor desempenho na prevenção de cárie. Ainda assim, é importante avaliar o risco e a atividade da doença cárie individualmente para indicar e realizar aplicação tópica de flúor profissional pela ESB durante a infância e adolescência. Hábitos bucais (VIDE ITEM 6.5.4) Promoção da Alimentação Saudável: vide capítulo 4.3 – Estratégias de ação/ Alimentação saudável CONDUTA FRENTE ÀS INTERCORRÊNCIAS EM SAÚDE BUCAL Orientações de saúde bucal para crianças de 0 a 24 meses SITUAÇÃO ORIENTAÇÃO Dentes presentes ao nascimento ou com 1 mês de idade O cirurgião dentista deve avaliar a necessidade de extraí­los, caso estejam causando prejuízo à amamentação e risco de aspiração por estarem presos à gengiva e se desprenderem facilmente. Erupção tardia dos dentes decíduos Quando a erupção não ocorre até 12 meses de idade, deve ser avaliado pelo cirurgião dentista para afastar suspeita de anodontia. Cárie Presença de manchas brancas e/ou cavidades deve ser avaliada pela equipe de saúde bucal para tratamento. Gengivite Gengiva vermelho­escura, edemaciadas, lisas e com tendência a sangramentos são sinais de gengivite e devem ser avaliadas pela equipe de saúde bucal. Trauma dentofacial Traumas violentos com ou sem avulsão ou fratura de dente(s), devem ser avaliados pelo cirurgião dentista o mais rápido possível. Oriente que nestas situações os responsáveis pela criança coloquem o dente ou seu fragmento em soro fisiológico, saliva do paciente ou leite, à temperatura ambiente, e procurem a UBS com urgência. Fluorose Geralmente evidencia­se pela presença de manchas brancas que devem ser avaliadas pela equipe de saúde bucal para diagnóstico diferencial. 6.5.3 CRIANÇAS (02 a 09 anos) Esta é a faixa etária ideal para desenvolver hábitos saudáveis e para participação em programas educativo/preventivos de saúde bucal. A equipe pode identificar as crianças em cada área adscrita, por ocasião do trabalho com grupos de mães, creches, visitas domiciliares entre outros. O enfoque familiar é importante uma vez que o aprendizado se dá também por meio da observação do comportamento dos pais. No trabalho multiprofissional, o exame da cavidade bucal das crianças deve ser uma atividade de rotina. Assim, médicos, enfermeiros e outros profissionais, ao observarem a presença de lesões nos dentes ou tecidos moles bucais, durante os exames, podem fazer o encaminhamento formal para o serviço de atenção em Saúde Bucal. Entre5 e 6 anos, há um importante fato que deve ser do conhecimento dos pais/cuidadores: a erupção do primeiro molar permanente, que irrompe atrás dos últimos molares decíduos. Muitas vezes os responsáveis confundem com um decíduo, já que seu processo eruptivo não envolve a esfoliação de nenhum dente. Principais pontos a serem trabalhados: Higiene bucal: Entre os 5 e 6 anos, os incisivos e molares permanentes iniciam sua irrupção. Nesta fase, deve­se reforçar a importância da higiene nos dentes permanentes recém­irrompidos e explicar alternativas para melhorar o desempenho da técnica de escovação, como o uso da técnica transversal ou o uso de escovas dentais com cabeças pequenas. Essas estratégias permitem alcançar os primeiros molares permanentes, que permanecem algum tempo em infraoclusão, o que favorece o acúmulo de resíduos alimentares. A escovação continua sendo responsabilidade dos pais ou responsáveis até os sete anos, mas à medida que a criança cresce, deve ser estimulada a fazer a escovação sozinha. Neste período é importante que a criança escove seus dentes e os pais/responsáveis complementem a escovação, na medida em que o desenvolvimento da motricidade se dá ao longo do tempo. Reforçar a importância de se usar o mínimo possível de dentifrício, pois a ingestão ainda ocorre nessa idade. Sempre que possível, crianças com menos de 06 anos devem fazer uso de dentifrício fluoretado sob supervisão de um adulto ciente dos riscos da ingestão. O dentifrício deve ser colocado sempre em local inacessível às crianças. O uso de fio dental deve ser introduzido o quanto antes, sempre com ajuda de um adulto. Recomenda­se o uso de evidenciadores de placa bacteriana para a motivação e educação de técnica de escovação, de preferência com escovação dental supervisionada, visto que essa fase é crítica para o desenvolvimento da cárie. Além de todas as medidas preventivas já citadas, podemos lançar mão da aplicação de selantes e cimento de ionômero de vidro em dentes onde há indicação precisa. Deve sempre acontecer o monitoramento da erupção dentária. Erupção dentária Aos 3 anos, a criança já deve ter os dentes decíduos erupcionados. A dentição decídua se completa, geralmente, aos 24 – 30 meses. Aos 5 anos, os incisivos e molares permanentes também podem estar iniciando sua erupção. Importante a orientação sobre a cronologia de erupção, destacando­se a importância do cuidado com os dentes recém­erupcionados. A erupção dos dentes aumenta os sítios de retenção da placa bacteriana, sendo, portanto, uma fase de maior susceptibilidade à doença cárie. A criança necessita da ajuda do adulto para escovação nessa fase. O CD deve ainda monitorar a erupção dentária de modo a detectar algum transtorno nesse processo como a perda de espaço no início da dentição mista. Uma alteração considerada como alerta é aquela que muda a sequência de irrupção dos decíduos, em especial os caninos decíduos irrompendo bem antes dos primeiros molares decíduos. A cronologia pode ser mais tardia ou precoce dependendo também do ritmo de crescimento de cada criança, devendo ser avaliado individualmente os casos que possam ter outras interferências associadas. A erupção ectópica dos primeiros molares permanentes também é um alerta para interceptação e acompanhamento. Deve­se evitar a extração precoce dos dentes decíduos, pois este procedimento pode alterar o tempo de erupção do dente permanente, podendo provocar má oclusão. Traumatismo dentário: Deve ser sempre trabalhada nessa faixa etária a prevenção dos acidentes e a segurança nas escolas. Hábitos bucais (VIDE ITEM 6.5.4) Promoção da Alimentação Saudável: A mastigação propriamente dita, com os movimentos de lateralidade, de protrusão e retrusão, começa quando a dentição decídua está completa. Em consequência disso, o tipo de alimentação também muda, de uma alimentação pastosa para alimentos mais duros e secos. De acordo com a cultura e os hábitos alimentares em cada local, incentivar a introdução de alimentos saudáveis, que favoreçam a mastigação e a limpeza dos dentes. Adiar ao máximo a introdução de açúcar na dieta. É importante a dieta sem sacarose e mel até os dois anos de idade, sem prejuízo para o desenvolvimento e crescimento da criança. Alertar para o fato de que o consumo exagerado e frequente do açúcar pode constituir fator de risco para a cárie dentária e outras doenças. Incentivar o consumo de alimentos com sabor natural, como as frutas e o leite, por serem saudáveis menos significativos na etiologia da cárie. Para maiores informações, recomenda­se a leitura do capítulo 4.3 Estratégias de ação/ Alimentação saudável desta Linha­guia. 6.5.4 HÁBITOS BUCAIS: O hábito é entendido como uma repetição constante de um ato ou atitude com uma finalidade específica. Os hábitos bucais deletérios são definidos como ações complexas e de caráter inconsciente, que podem atuar como fatores deformadores do desenvolvimento ósseo e dentário, do processo respiratório, fonético, sendo, dessa forma um fator etiológico das más oclusões. Independente da pré­disposição genética, a relação entre a disfunção orofacial e a má oclusão é determinada por três fatores essenciais, a tríade de Graber: a intensidade, a duração e a frequência da sucção. Considerando os conceitos da teoria da Matriz Funcional de Moss, a quebra desse equilíbrio muscular, por meio de qualquer função anormal exercida pela musculatura bucal, contribuirá negativamente para o desenvolvimento da oclusão. Neste caso, enquadram­se os hábitos prolongados de sucção de dedo e chupeta, o pressionamento lingual atípico durante a fala, a deglutição, a postura e a respiração bucal, que pela deformidade que suscitam na oclusão, recebem o nome de maus hábitos bucais ou hábitos bucais deletérios. A interrupção do hábito de sucção durante a dentadura decídua favorece a autocorreção de desvios morfológicos da oclusão que, porventura, tenham se desenvolvido precocemente. O limite para não haver comprometimento da forma dos arcos dentários é em torno dos 4 anos de idade. No entanto, a persistência deste hábito a partir do início da dentadura mista, com irrupção dos incisivos permanentes, representa anormalidade, pois constitui um potente fator etiológico das más oclusões. A sucção é a primeira atividade muscular coordenada da criança e é diretamente ligada a deglutição e pode ser percebida antes do nascimento sob a forma de contrações bucais ou outras respostas reflexas através de ultrassom pélvico da mãe. É o exercício mais eficaz para o desenvolvimento dos órgãos da face e da fala. Existem duas formas de sucção: Nutritiva: obtida por meio de amamentação natural e/ou artificial (com mamadeira); Não nutritiva: hábito de sucção de dedo ou chupeta, ou ainda, outros objetos/partes do corpo, podendo acarretar algumas alterações nas estruturas bucais Considera­se normal a sucção de dedo ou chupeta no início do desenvolvimento infantil, porém, quando a criança começa a desenvolver outros meios de comunicação com o meio externo, ela acaba por abandonar espontaneamente o hábito de sucção. Deglutição atípica É definida como aquela que não apresenta contato oclusal entre os dentes, pois a língua se projeta para diante entre os incisivos ou caninos e molares decíduos. A utilização de bicos longos e orifícios aumentados na mamadeira impede a sucção anterior, torna os lábios hipofuncionais e promove um fluxo intenso de líquido, por ser o mesmo retirado pelo pressionamento posterior. A criança projeta a língua inadequadamente entre os rebordos gengivais, mas não satisfaz o prazer da sucção, tendendo a associar outros hábitos. As principais características dos usuários portadores deste hábito são: contração de lábios e músculos, mordida aberta anterior, modificação na fonação. Respiração bucal As implicações mais comuns da respiração bucal são alterações: craniofaciais e dentárias, dos órgãos fonoarticulatórios, corporais, comportamentais e das funções orais. Do ponto de vista odontológico, o paciente respirador bucal apresenta características faciais peculiares, tais como: olheiras, olhar vago, lábio superior curto e incompetente, lábios ressecados, vedamento labial inadequado; hipotonia, hipofunção dos músculos elevadores da mandíbula, má oclusão, além de desequilíbrio funcional da deglutição, sucção e fonação. Sucção do lábio inferior As principais características são lábio­versão dos incisivos superiores, línguo­ versão dos incisivos inferiores, protrusão da maxila, retrusão da mandíbula, mordida aberta anterior, sobremordida, hiperatividade da musculatura mentoniana. Posturas incorretas O hábito de dormir com a mão, braço ou almofadas sob o rosto provoca uma compressão desigual que pode ocasionar um crescimento assimétrico da face. A arcada dentária pode desviar­se ou atrofiar­se no lado da pressão exercida, resultando em mordidas cruzadas unilaterais ou bilaterais, e alterações da ATM. O hábito de dormir em decúbito ventral também promove uma compressão do rosto sobre o travesseiro, provocando um desvio lateral da mandíbula ou linguoversão dos dentes. O hábito da criança de sustentar a cabeça com o auxílio de uma ou ambas as mãos, com os cotovelos sobre a mesa ou sobre o sofá para ver televisão, pode provocar alterações de desenvolvimento da mandíbula e em sua relação com o complexo naso­maxilar. Onicofagias Apesar de a onicofagia ser relacionada ao hábito de roer unha, do ponto de vista ortodôntico deve ser considerado também hábitos como morder lápis ou palitos, pois esses hábitos todos causam as mesmas anomalias. A sua etiologia inclui, principalmente, estresse e imitação de membro da família e, entre as consequências bucais, podemos citar má­oclusão e desvio de dentes. 6.6 LINHA DE CUIDADO DA PESSOA COM DEFICIÊNCIA A Organização das Nações Unidas (ONU) estima que, em países em desenvolvimento, a incidência de deficiências temporárias ou definitivas atinja cerca de 10% da população. No Brasil, de acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística / IBGE (CENSO, 2010), cerca de 23,91% (45,6 milhões) da população brasileira possui algum tipo de deficiência. Esse número indica que aproximadamente 431 mil habitantes no Município de Manaus apresentam algum tipo de deficiência. Esse público é numeroso, sobretudo quando se observam todas as nuances contempladas pelo espectro da pessoa com deficiência (PCD), que podem ter limitações temporárias ou de forma permanente. Muito mais do que ausência de doença, saúde é o bem estar físico, mental e social do ser humano, enquanto indivíduo e convivendo em comunidade. As pessoas com deficiência também possuem o direito à saúde conforme a Constituição Federal de 1988 e, conjuntamente com o Plano Nacional dos direitos das pessoas com deficiência - Viver sem Limite (Decreto 7.612, de 17 de novembro de 2011) que busca melhorar o acesso desses cidadãos aos direitos básicos como educação, transporte, mercado de trabalho, qualificação profissional, lazer, moradia e saúde. Saúde bucal envolve mais que dentes. Está relacionada e trabalha em conjunto com músculos e ossos faciais que, quando em harmonia, são fundamentais para funções como mastigação, fonação, deglutição, melhorando a nutrição e estética facial. Esses fatores aumentam a autoestima, ampliando assim os relacionamentos interpessoais e reintegração social, resultando em melhor qualidade de vida. Buscando proporcionar essa qualidade de vida às pessoas com deficiência, devemos pensar no atendimento integral com apoio das diversas áreas: medicina, odontologia, fisioterapia, fonoaudiologia, psicologia, terapia ocupacional, pedagogia, entre outras. Para que o atendimento odontológico seja efetivo, os serviços de saúde devem se organizar para oferecer atendimento prioritário a esses pacientes, conforme legislação, com porta de entrada na atenção primária, por meio das Unidades Básicas de Saúde (UBS). Se necessário for, a atenção secundária se fará nos Centros de Especialidades Odontológicas (CEO´s), que poderão requerer atendimento hospitalar para os casos de maior complexidade. O sucesso do tratamento odontológico da pessoa com deficiência implica na construção de vínculos positivos entre a equipe de saúde bucal, o paciente e sua família. Este protocolo foi criado com o intuito de apresentar ao cirurgião­dentista, formas de abordagem junto a esses pacientes. Orientações foram propostas a respeito da consulta inicial, prevenção, tratamentos odontológicos de rotina e manutenções preventivas. Foi considerada a diversidade de comportamento e acometimento sistêmico desses pacientes, esclarecendo sobre técnicas de condicionamento, atendimentos sob sedação consciente e anestesia geral. Tendo em vista melhores condições de saúde bucal e, consequentemente, melhor qualidade de vida das pessoas com deficiência, este protocolo foi elaborado com o objetivo de: Esclarecer sobre a demanda de pacientes das UBS´s e dos CEO´s; Orientar o cirurgião­dentista da Atencao Primaria em Saude (APS) sobre o atendimento odontológico da pessoa com deficiência; ATENÇÃO À SAÚDE DA PESSOA COM DEFICIÊNCIA O termo “pessoa com deficiência” abrange diversas deficiências que podem acometê­las em qualquer momento de suas vidas, por tempo indeterminado ou não. Com base no Decreto nº 5.296/04, considera­se pessoa com deficiência aquela que se enquadra nas seguintes categorias: 1. PESSOA COM MOBILIDADE REDUZIDA Aquela que, não se enquadrando no conceito de pessoa portadora de deficiência, tenha, por qualquer motivo, dificuldade de movimentar­se, permanente ou temporariamente, gerando redução efetiva da mobilidade, flexibilidade, coordenação motora e percepção. 2. PESSOA PORTADORA DE DEFICIÊNCIA 2.1 DEFICIÊNCIA FÍSICA Alteração completa ou parcial de um ou mais segmentos do corpo humano, acarretando o comprometimento da função física, apresentando­se sob a forma de paraplegia, paraparesia, monoplegia, monoparesia, tetraplegia, tetraparesia, triplegia, triparesia, hemiplegia, hemiparesia, ostomia, amputação ou ausência de membro, paralisia cerebral, nanismo, membros com deformidade congênita ou adquirida, exceto as deformidades estéticas e as que não produzam dificuldades para o desempenho de funções. 2.2 DEFICIÊNCIA AUDITIVA Perda bilateral, parcial ou total, de 41 decibéis (dB) ou mais, aferida por audiograma nas frequências de 500 Hz, 1.000 Hz, 2.000 Hz e 3.000 Hz. 2.3 DEFICIÊNCIA VISUAL Cegueira na qual a acuidade visual é igual ou menor que 0,05 no menor olho, com a melhor correção ótica; baixa visão, que significa acuidade visual entre 0,3 e 0,05 no menor olho, com a melhor correção ótica; os casos nos quais o somatório da medida do campo visual em ambos os olhos, for igual ou menor que 60°; ou a ocorrência simultânea de quaisquer das condições anteriores. 2.4 DEFICIÊNCIA MENTAL Funcionamento intelectual significativamente inferior à média, com manifestação antes do 18 anos e limitações associadas a duas ou mais áreas de habilidades adaptativas: comunicação, cuidado pessoal, habilidades sociais, utilização dos recursos da comunidade, saúde e segurança, habilidades acadêmicas, lazer e trabalho. 2.5 DEFICIÊNCIA MULTIPLA Associação de duas ou mais deficiências. REFERÊNCIAS AOS SERVIÇOS ESPECIALIZADOS O protocolo de encaminhamento tem por finalidade regular as ações desenvolvidas pelos cirurgiões dentistas dos Centros de Especialidades Odontológicas (CEO´s), esclarecendo os casos que podem ser resolvidos nas Unidades Básicas de Saúde. A porta de entrada de atenção aos pacientes com deficiência é sempre a Unidade Básica de Saúde; Pacientes não colaboradores ou com comprometimento severo, após duas tentativas frustradas de atendimento na UBS, devem ser encaminhados para o CEO mais próximo de sua residência, que efetuará o atendimento e avaliará a necessidade ou não de atendimento hospitalar sob anestesia geral. Na primeira consulta previamente agendada no CEO, o responsável deve apresentar­se sem o paciente, possibilitando uma entrevista (anamnese) mais tranquila e detalhada sobre o mesmo, permitindo ao profissional questionar sobre sua saúde, comportamento e hábitos, buscando conhece­lo, bem como a convivência familiar. O responsável deve apresentar na primeira consulta: Laudo da avaliação médica, se possível com o Código Internacional de Doenças (CID) no qual se enquadra a patologia do paciente; Exames complementares recentes; Relatório do diagnóstico e evolução da doença (se possível); Receita atualizada das medicações utilizadas pelo paciente. Tais documentos serão xerocopiados e deverão ser anexados ao prontuário do paciente para posterior arquivamento. Ainda que existam alguns grupos com situações específicas que representem necessidade de atenção especial, estes devem ser atendidos nas Unidades Básicas de Saúde. Somente após duas tentativas frustradas de atendimento pelo profissional da UBS, é que os pacientes deverão ser encaminhados ao CEO, acompanhados de relatório detalhado, constando as datas das duas tentativas de atendimento, justificando a referência, assinado e carimbado pelo profissional. FLUXO DE ATENDIMENTO ODONTOLÓGICO À PESSOA COM DEFICIÊNCIA – MANAUS-AM UNIDADE BÁSICA DE SAÚDE DA FAMÍLIA (ACOLHE, AVALIA E TRATA E/OU ENCAMINHA, MANUTENÇÃO PERIÓDICA) UNIDADE ESPECIALIZADA CEO, UEA, POLICLÍNICA, CENTRO DO AUTISTA, OUTROS (RECEBE, TRATA E/OU ENCAMINHA, MANUTENÇÃO PERIÓDICA) COM RESOLUTIVIDADE SEM RESOLUTIVIDADE COM NECESSIDADE DE SEDAÇÃO CONSCIENTE COM ÓXIDO NITROSO CEO-UEA-NAOPE HOSPITAL DE REFERÊNCIA COM ANESTESIA GERAL HOSP. INFANTIL DR. FAJARDO (MÉDIA COMPLEXIDADE – ATÉ 17 ANOS E 11 MESES) FUNDAÇÃO HOSP. ADRIANO JORGE (ALTA COMPLEXIDADE – INFANTIL E ADULTO) REQUISITOS BÁSICOS PARA A REFERÊNCIA O encaminhamento deve ser feito exclusivamente pelo cirurgião dentista, em formulário próprio (Referência/Contrarreferência) preenchido corretamente e com letra legível, constando OBRIGATORIAMENTE: a) Dados pessoais completos do paciente e responsável; b) Nome, telefone e carimbo da UBS que está encaminhando. c) Nome e carimbo do profissional (legíveis) d) História da Doença Atual e Exames Complementares, indicando a região / localização. e) Hipótese Diagnóstica / Prognóstico Provável ­ NÃO encaminhar pacientes ao CEO para a realização de avaliação clínica diagnóstica, exceto para lesões com potencial de malignização. f) Especificação da Especialidade indicada. g) Em casos de pacientes com alterações sistêmicas, relatar essas alterações e orientações médicas. NÃO encaminhar pacientes para a realização de RX de nenhuma espécie. Os formulários preenchidos incorretamente serão xerocopiados, ficando a cópia arquivada no CEO e o original devolvido para os respectivos profissionais providenciarem o preenchimento correto de acordo com este protocolo. Quando houver dúvida quanto à necessidade de encaminhamento, recomenda­ se o contato interprofissional, visando discussão técnica do caso. A marcação de consultas será realizada na recepção dos CEO’s mediante apresentação da ficha de encaminhamento da UBS corretamente preenchida. Os casos de urgência devem ser solucionados nas Unidades Básicas de Saúde (UBS), Unidades de Pronto Atendimento (UPA) ou nos Serviços de Pronto Atendimento (SPA). Tais pacientes atendidos devem ser encaminhados primeiramente às UBS’s para a adequação dos critérios estabelecidos e dar seguimento ao fluxo de atendimento. REQUISITOS PARA ENCAMINHAMENTO DA PESSOA COM DEFICIÊNCIA AOS CENTROS DE ESPECIALIDADES ODONTOLÓGICAS Pacientes que passaram pela Unidade Básica de Saúde, foram avaliados pelo cirurgião­dentista quanto à necessidade de tratamento odontológico e que não permitiram o atendimento clínico ambulatorial convencional, ou que necessitem de atendimento hospitalar sob o uso de anestesia geral; Pacientes com movimentos involuntários que coloquem em risco a sua integridade física e aqueles cuja história médica e condições complexas necessitem de uma atenção especializada; Pacientes com sofrimento mental que apresentam dificuldade de atendimento nas UBS´s, após duas tentativas frustradas de atendimento; Paciente com déficit intelectual, ou outros comprometimentos que não responde a comandos, não cooperativo, após duas tentativas frustradas de atendimento na rede básica; Paciente com deficiência visual e/ou auditiva e/ou física quando associado aos distúrbios de comportamento, após duas tentativas frustradas de atendimento na unidade básica; Paciente com distúrbio neurológico “grave” (ex. paralisia cerebral); Pacientes com doenças degenerativas do sistema nervoso central, quando houver a impossibilidade de atendimento na Unidade Básica; Paciente autista não colaborador; Outros desvios comportamentais que tragam dificuldade de condicionamento; Pacientes com distúrbio de comportamento, que não respondem a comandos, não cooperativos, após duas tentativas frustradas de atendimento na rede básica; Outras situações não descritas que podem ser pactuadas com o profissional de referência e definidas pelo nível local, mediante relatório detalhado e assinatura do profissional; Pacientes indicados para tratamento com Óxido Nitroso e/ou hospitalar. REQUISITOS PARA ATENDIMENTO DA PESSOA COM DEFICIÊNCIA NA ATENCAO PRIMARIA Pacientes com limitações motoras, sem outras limitações; Pacientes com deficiência visual, sem outras limitações; Pacientes com deficiência auditiva ou de fala, sem outras limitações; Gestantes, sem outras limitações; Bebês ou crianças, sem outras limitações; Diabéticos, sem outras limitações; Hipertensos, sem outras limitações; Cardiopatas, sem outras limitações; Idosos, sem outras limitações; HIV positivos, sem outras limitações; Pacientes com disfunção renal, sem outras limitações; Pacientes com defeitos congênitos ambientais e transplantados, sem outras limitações; Pacientes “descompensados”, sem laudo médico; Quaisquer procedimentos desta especialidade, inexistentes na tabela de registros da produtividade dos CEO, abaixo identificada. PROCEDIMENTOS DESENVOLVIDOS NOS CEO´S Os procedimentos desenvolvidos nos Centros de Especialidades Odontológicas serão aqueles listados conforme Portaria nº 1.464 de 24 de Junho de 2011 em anexo. ATENDIMENTO AMBULATORIAL A primeira consulta é de suma importância para que o profissional conheça o paciente e sua família. Durante anamnese investiga­se desde o diagnóstico da doença, sua evolução e estado atual. Busca­se estabelecer um relacionamento positivo e de colaboração da família durante todo o tratamento, dar as orientações iniciais aos responsáveis e identificar o grau de cooperação do paciente. Orientações aos Responsáveis: tem o propósito de esclarecer como será feito o atendimento odontológico, procedimentos realizados pelo profissional, conduta dos responsáveis na clínica, explicação do reforço positivo colaborador em casa, as possibilidades de uso de medicações, uso de contenções, uso de óxido nitroso conforme a necessidade e minimizar possíveis dúvidas que surgirem. ANAMNESE: é uma entrevista realizada pelo profissional de saúde junto aos responsáveis pela Pessoa com Deficiencia (PCD), devendo ser criteriosa com relação à história médica, evolução da doença e história odontológica. Deve ser investigado se o paciente está tomando regularmente as medicações prescritas pelo seu médico, buscando maior controle da doença, minimizando crises durante a consulta odontológica. Realizada preferencialmente com o (s) responsável (eis) sem a presença do paciente, possibilitando uma maior investigação e conhecimento acerca deste. EXAME CLÍNICO INTRA-BUCAL: preferencialmente, o responsável deverá estar presente e ciente do que se pretende realizar. São observados: condição bucal do paciente, higiene, dentes, lábios, mucosas, língua, tecidos gengivais e oclusão. PROFILAXIA E DETECÇÃO DE LESÕES INCIPIENTES: geralmente é o primeiro procedimento a ser realizado, por ser indolor e de fácil instrução e entendimento para a pessoa com de deficiência. Após esta etapa concluída preenche­se o odontograma e faz­se a instrução do responsável sobre a técnica de escovação e, se possível, instrui­se o paciente também. Essa etapa poderá ser repetida quantas sessões forem necessárias. EXAMES COMPLEMENTARES: radiografias, tomografias computadorizadas, fotografias, pedidos de exames laboratoriais, solicitação de relatórios de acompanhamento médico, fisioterapêutico e/ou fonoaudiológico poderão ser requisitados pela equipe odontológica conforme a necessidade do procedimento ao qual o paciente será submetido. ABORDAGEM INICIAL Procedimento necessário para aqueles pacientes com algum dado significante na anamnese, como necessidade de profilaxia antibiótica, medicações sedativas ou anti­heméticas. Questionamento ao responsável se houve alguma alteração ou fato novo no quadro de saúde geral do paciente. ADEQUAÇÃO DO MEIO BUCAL O objetivo principal é controlar a atividade de cárie e doença periodontal. É fundamental que se estabeleça um programa preventivo, envolvendo todo o núcleo familiar. Nesses pacientes, o risco aumentado de cárie pode se dar pela menor motricidade e eficiência dos músculos da mastigação, maior ingestão de doces e lanches, alimentação pastosa ou pouco consistente, pouca capacidade de autolimpeza oral, xerostomia, uso frequente de medicamentos a base de xarope e dificuldade de higiene oral. As medidas preventivas precisam ser cuidadosamente explicadas aos responsáveis, bem como revisadas e reavaliadas, sendo individualizadas a cada paciente, observando os momentos pelo qual estes estão passando. A adequação do meio bucal compreende: 1. Aconselhamento dietético As orientações da dieta para a pessoa com deficiência não diferem muito das recomendadas para os demais pacientes, pois suas necessidades nutricionais são as mesmas, devendo­se apenas observar as limitações de cada deficiência. É importante que o profissional faça uma avaliação individualizada da dieta para uma mudança de hábitos, visando reduzir o seu potencial cariogênico, adequando a dieta à realidade de cada patologia e limitação apresentada pelo paciente. 2. Controle de Placa O controle de placa é de fundamental importância na PCD, por ser fator determinante na incidência de cárie e doença periodontal. O controle caseiro pode ser feito através da escovação e uso do fio dental, realizados pelo próprio paciente, podendo haver a necessidade de monitoração, ou mesmo ser desenvolvida pelo responsável, dependendo do comprometimento de cada paciente. No consultório, deve­se avaliar a presença de placa bacteriana e sangramento gengival a cada consulta, realizando a profilaxia profissional e o reforço sobre a técnica de escovação, sempre que for necessário. 3. Orientação de higiene oral Por ser um meio eficaz do controle de cárie e doenças periodontais, a escovação deve receber atenção especial por parte do cirurgião­dentista e responsáveis pela PCD. Sempre que possível, o paciente deve ser treinado para escovar os próprios dentes. Devido às suas limitações, alguns pacientes precisarão de ajuda dos responsáveis, ou até mesmo de fisioterapia ou terapia ocupacional para um treinamento progressivo de sua coordenação motora. O dentista deve esclarecer ao paciente e/ou responsáveis sobre as técnicas de escovação, creme dental a ser utilizado, assim como sua quantidade e o correto uso do fio dental. A escova elétrica ou uma escova com cabo modificado pode ser usada para facilitar o manuseio e melhor desenvolvimento da técnica de escovação. Nos bebês, deve­se orientar a higienização da boca antes da erupção dos dentes, limpando os rebordos gengivais com uma fralda ou uma gaze enrolada no dedo, umedecida em água filtrada ou fervida. Assim que os dentes decíduos irromperem, deve ser introduzida a dedeira de látex ou escova apropriada para bebês, e a higienização deve ser feita após cada mamada. Na dentição mista, devemos alertar sobre a irrupção dos primeiros molares permanentes, o alto risco de cárie na face oclusal destes, orientando sua higienização de uma forma individualizada. Nos adolescentes com deficiência, é necessária uma maior supervisão na higienização e no uso do fio dental por parte dos responsáveis, por ser uma fase em que eles são mais negligentes com a saúde bucal e rejeitam muito o auxílio de outrem. Na pessoa com deficiência adulta, também deve ser feita uma supervisão da escovação ou até mesmo uma complementação da higiene por um responsável. Pacientes edêntulos totais também devem receber orientações sobre a higiene da cavidade oral, língua e prótese, se for o caso. O uso de fio dental deve ser incentivado desde a dentição decídua. Para facilitar o seu uso podem ser indicados os suportes de fio dental. 4. Uso de fluoretos O uso de vernizes com flúor é bastante indicado para a PCD, por permanecerem aderidos ao esmalte por várias horas, aumentando a atuação do flúor. A aplicação tópica com gel fluoretado também pode ser utilizada, mas é necessário que se controle a sua ingestão. Os bochechos devem ser indicados com muito critério, considerando o grau de colaboração do paciente e suas condições neuropsicomotoras. Os dentifrícios com flúor devem ser usados com supervisão até que a criança desenvolva o processo de cuspir, de deglutição e tenha o controle de sua ingestão. O uso de selante é recomendado para a PCD, porque na maioria das vezes os fatores etiológicos da cárie são passíveis de pobre controle. O selante com ionômero de vidro resinoso está mais indicado devido à maior liberação de flúor, principalmente quando os molares estão em erupção. Nesses casos o selamento provisório com cimento de ionômero de vidro, além de ajudar na prevenção de cárie, atua na remineralização das manchas brancas nas superfícies oclusais desses dentes. 5. Tratamento de restauração atraumática – ART O tratamento restaurador atraumático é indicado como complemento das medidas preventivas e educativas para a PCD. Consiste na remoção parcial do tecido cariado (dentina infectada), com o uso de curetas e posterior restauração com ionômero de vidro quimicamente ativado. Além de melhorar consideravelmente as condições bucais do paciente, o ART tem como principal objetivo manter os dentes na cavidade bucal, melhorando as condições de saúde, favorecendo o gerenciamento do comportamento (condicionamento) do paciente ao tratamento odontológico. ADEQUAÇÃO COMPORTAMENTAL É importante o condicionamento psicológico do paciente, para que se possa obter a sua cooperação, não somente para o tratamento atual, mas para situações posteriores de manutenção, podendo torná­lo um paciente colaborador para outros tratamentos. Durante o tratamento odontológico, é fundamental a comunicação entre o paciente/responsável e o profissional, com a finalidade de estabelecer uma relação de confiança entre ambos, a qual é construída por um processo dinâmico de diálogo e expressão facial. As técnicas de abordagem beneficiam muito o tratamento odontológico da pessoa com deficiência, favorecendo a comunicação, o controle da ansiedade, o medo e a dor. Entre as abordagens de condicionamento para a PCD temos: DISTRAÇÃO: estímulos podem distrair a atenção do paciente, em direção a situações imaginárias, incompatíveis com a dor e tensão. Pode­se usar televisão, CD, fones de ouvido. A distração também pode ser feita por meio de conversa sobre um assunto ou tema que interesse ao paciente, ou por uma música cantada pelo profissional, histórias interessantes ou até mesmo um pequeno descanso (o procedimento é interrompido por alguns segundos). DEMONSTRAÇÃO: utilizar o método “falar­mostrar­fazer”. Esse método de abordagem consiste em explicar e mostrar os instrumentos odontológicos e o procedimento que será realizado e em seguida executá­lo, de forma que o paciente se familiarize com a situação. Para paciente tratado no centro cirúrgico, no seu retorno ambulatorial de manutenção, deve ser tentado novamente um condicionamento psicológico, porque as condições atuais de maior conforto, sem sintomatologia dolorosa, favorecem muito o seu êxito. MEIOS DE CONTENÇÃO Para um atendimento odontológico seguro à pessoa com deficiência que apresenta déficit intelectual severo ou movimentos involuntários, algumas vezes necessita­se utilizar diferentes técnicas de contenção. O objetivo é manter o paciente na cadeira odontológica em condições favoráveis para a execução adequada do tratamento, minimizando as possibilidades de traumas. A finalidade é restringir o movimento sem causar dor ou lesão. A contenção, seja qual for o método, tem também como objetivo a proteção do paciente, pois movimentos involuntários ou agressivos durante o tratamento odontológico são fatores de risco para trauma tanto no profissional como no paciente, e dificultam sobremaneira a realização dos procedimentos. Caberá ao profissional analisar e julgar qual o melhor método para cada paciente e/ou procedimento. Vale ressaltar que o responsável deve estar ciente, esclarecido e concordando com o método a ser empregado, de acordo com a assinatura do termo de consentimento livre e esclarecido. Os métodos de contenção dividem­se em contenção física protetora e contenção química. 1- Contenção Física Protetora Para sua realização, o dentista lança mão de diferentes métodos, desde o segurar o paciente pelos responsáveis ou profissionais da equipe odontológica, até o uso de faixas, lençóis, coletes, ataduras e outros artifícios. A equipe deve ser treinada para a realização da contenção, de modo a agir coordenadamente e de maneira calma e segura. O paciente contido deve ser observado continuamente pela equipe durante todo o atendimento. É importante salientar que a contenção física não deve ser encarada como castigo, mas sim como uma forma de proteção, sendo que, por si só, promove o controle da agitação permitindo o atendimento odontológico. Indicação da contenção física: Pacientes cujos movimentos involuntários constantes e desordem que impeçam seu posicionamento na cadeira odontológica; Deficientes com comprometimento intelectual que não colaboram; Pacientes agitados, agressivos, extremamente resistentes nos casos onde não há indicação de anestesia geral; Para as crianças e os bebês que, pela imaturidade emocional, não conseguem colaborar; Conforme avaliação do profissional. Recursos utilizados para manter a abertura bucal: Os abridores de boca são utilizados na PCD que não consegue manter a abertura da boca durante os procedimentos odontológicos. Podem ser de madeira, metal ou borracha. Exemplo de abridores: Espátulas abaixadoras de língua sobrepostas, e presas com fita crepe, podendo ser enroladas com gaze na extremidade. É de fácil confecção, de baixo custo, descartáveis e passíveis de reprodução e utilização pelos responsáveis em casa; Abridor de boca metálico de Molt; Abridor de boca metálico de Whitehead; Blocos de mordida em borracha colocados entre as arcadas (abridor de silicone). Estes devem ser amarrados com fio dental ou gaze e usados em pacientes mais colaboradores; Dedal em PVC ou confeccionado em resina acrílica. Tais dispositivos podem estimular o reflexo de regurgitação nos pacientes. O uso de abridores deve ser cauteloso, pois podem causar laceração dos lábios, gengiva e palato. A luxação de dentes e até extração ou fratura podem acontecer, no uso com pacientes agitados e com movimentos involuntários muito intensos. Devem ser preferencialmente posicionados nas regiões das faces oclusais dos dentes posteriores, promovendo assim melhor condição de visualização do campo operatório. Sugestões práticas quando do atendimento à pessoa com deficiência, com barreiras de cooperação: Podemos considerar a possibilidade de realizar o tratamento na própria cadeira de rodas do paciente que a utiliza. Quando um paciente necessitar ser colocado na cadeira odontológica é conveniente perguntar­lhe como preferem que o segurem. Se não puder responder, em geral recomenda­se que o responsável mais familiarizado com esta movimentação o faça. É importante mantermos a cabeça do paciente o mais estável possível, durante todo o procedimento. O paciente deve ser colocado e mantido na cadeira odontológica, centralizado, com os braços e as pernas mais próximos do corpo, de forma confortável. Para isso pode­se utilizar o apoio almofadado em forma de “U” e o apoio triangular para as pernas. As costas do paciente devem estar ligeiramente inclinadas, de modo a minimizar o acúmulo de líquido na área posterior da cavidade bucal, evitando assim o engasgue ou vomite. É aconselhável não deixá­lo completamente deitado. Evite estímulos como movimentos rápidos, barulho e iluminação, sem antes avisar o paciente de modo a minimizar suas reações e reflexos. Os estímulos intra­orais devem ser introduzidos lentamente, avisando ao paciente o que se pretende realizar. Deste modo, evita­se ou diminui­se os reflexos de ansiedade e vômito e comportamento não colaborador. Considere o emprego do dique de borracha, técnica amplamente recomendada. Quando da utilização de espelho clínico ou sugador, é importante atenção para que se evite a fratura do espelho na cavidade bucal ou a remoção da ponta do sugador em decorrência do reflexo de mordida. É de extremo cuidado que durante as exodontias o dente removido não seja deglutido ou aspirado o que pode ocorrer devido aos movimentos involuntários ou não colaborador destes pacientes. Trabalhe com eficiência e no menor tempo possível. Contenção Química Após esgotadas as tentativas de ludoterapia e dessensibilização, pode­se utilizar a sedação consciente para conseguir atendimento de forma segura, lançando mão de substâncias químicas para melhorar o comportamento do paciente frente a consulta odontológica. SEDAÇÃO CONSCIENTE É o estado de depressão da consciência no qual existe a capacidade de manter em funcionamento as vias aéreas e de responder apropriadamente a estímulos físicos e comando verbal, mantém o paciente num estado mínimo de depressão, o que melhora sua cooperação. Além disso, aumenta o limiar da dor, melhorando a tolerância do paciente ao tratamento odontológico. As técnicas de sedação só devem ser usadas após treinamento adequado. O dentista deve dominar a técnica de sedação que irá utilizar estando preparado para controlar todas as possíveis complicações. Dos métodos farmacológicos de sedação consciente em odontologia, os mais comuns são os que utilizam os benzodiazepínicos, anti­histamínicos e antieméticos com administração por via oral. Todos os pacientes submetidos a esta sedação medicamentosa devem ir e voltar do consultório acompanhados por um responsável. A desvantagem da administração via oral é a impossibilidade de ajuste da dose durante o tratamento odontológico. Antes da prescrição, o dentista deve avaliar o efeito da droga, seu metabolismo e vias de excreção, efeitos colaterais e interação com os medicamentos de uso contínuo do paciente. Quando for possível, individualizar a dose, levando em consideração a idade, o peso, e as condições metabólicas e renais do paciente, sendo imprescindível informações acerca das condições médicas preexistentes antes de qualquer intervenção ou prescrição terapêutica, buscando sempre a menor dose eficaz possível. Os benzodiazepínicos apresentam baixa incidência de efeitos adversos e toxicidade; a depressão cardiovascular e respiratória são mínimas. Além da amnésia, as propriedades relaxantes aumentam suas vantagens de uso na odontologia, particularmente em tratamentos de curta duração. Uma pequena porcentagem dos pacientes, porém, (principalmente crianças e idosos) pode apresentar o “efeito paradoxal”, caracterizado por excitação, agressividade e irritabilidade, mesmo em baixas doses. Os anti­histamínicos são indicados no tratamento sintomático de todos os distúrbios no grupo das reações anafiláticas e alérgicas. Graças à sua atividade antiemética, é utilizado também na prevenção de vômitos do pós­operatório e dos enjoos de viagens. Pode ser utilizado, ainda, na pré­anestesia e na potencialização de analgésicos, devido à sua ação sedativa. Não devem ser administrados a pacientes com conhecida hipersensibilidade, assim como aos portadores de discrasias sanguíneas ou com antecedentes de agranulocitose com outros fenotiazínicos, em pacientes com risco de retenção urinária ligado a distúrbios uretroprostáticos, e em pacientes com glaucoma, por fechadura do ângulo. Associação ao álcool, em mulheres durante o aleitamento e em crianças menores de dois anos deve ser evitado. O óxido nitroso (N2O) é o mais antigo agente inalatório utilizado no mundo, conferindo características farmacocinéticas específicas e desejáveis a um agente analgésico e sedativo para procedimentos médicos e odontológicos. É um gás inodoro que apresenta baixa potência, devendo ser combinado com outros agentes para reduzir a dor, sendo de rápida indução e recuperação, apresentando boa ação analgésica. A sedação pela inalação do óxido nitroso é segura e de simples execução, desde que o profissional esteja habilitado. Entre suas vantagens estão a possibilidade de medir a dose permitindo individualizar a administração, a reversibilidade fácil e rápida, a margem de segurança, o preparo mínimo antes da consulta e a pouca necessidade de acompanhamento ao final da indução. A desvantagem no atendimento do paciente com deficiência que será utilizado a sedação com óxido nitroso é a necessidade de aceitação e permanência da máscara nasal durante todo o tratamento. Ocasionalmente pode haver a excitação paradoxal em resposta à administração do óxido nitroso, principalmente nos pacientes psiquiátricos. Pacientes gestantes, com doença permanente no trato respiratório (asma,bronquite, DPOC), com doenças cardíacas principalmente as cianóticas (angina, infarto, AVC), anemia grave, e aquelas onde haja risco de hipóxia, possuem contra indicação para o uso desta técnica de sedação. Os pacientes indicados para o tratamento odontológico, com sedação, são aqueles que apresentam: medo e ansiedade, imaturidade e hiperatividade, com distúrbios físicos e mentais, reflexo de ânsia de vômito pronunciado e todos aqueles aos quais, por algum motivo, não foi possível realizar o tratamento, utilizando condicionamento e/ou contenção física. É importante avaliar as necessidades acumuladas do paciente pois, dependendo da quantidade de procedimentos necessários, a melhor conduta seria o atendimento hospitalar, e não a sedação, já que essa não permite tratamentos longos. Parecer do médico assistente Em algumas patologias existe a necessidade do contato com o médico que faz o acompanhamento do paciente pois, dependendo de sua morbidade e tipo de procedimentos a serem realizados, haverá a necessidade de interromper, ou substituir ou ainda administrar alguma medicação que poderá ser solicitada pela equipe odontológica. Atendimento odontológico hospitalar Esgotadas todas as tentativas ambulatoriais de atendimento odontológico, deve­ se lançar mão da intervenção em ambiente hospitalar sob utilização da anestesia geral. Anestesia geral é um termo utilizado para designar uma técnica que promove inconsciência (hipnose), total abolição da dor (analgésica/anestésica) e relaxamento do paciente, possibilitando a realização de qualquer intervenção cirúrgica. Pode ser obtida com agentes inalatórios e/ou endovenosos. No atendimento odontológico hospitalar serão realizados os procedimentos de dentística, periodontia, cirurgia e endodontia, conforme a necessidade de cada caso. Cada CEO terá sua equipe de atendimento hospitalar e será responsável por toda conduta que envolve desde o pedido de exames pré­operatórios, internação, procedimentos, e alta do paciente. Após a alta, o paciente será contra referenciado a UBS de origem para atendimentos de manutenção. Indicações de anestesia geral para tratamento odontológico As indicações de anestesia geral na pessoa com deficiência baseiam­se em três fatores fundamentais: Condições Clínicas: paciente com severo comprometimento físico, distúrbio neuromotor, neuropsicomotor, ou deficiência intelectual do tipo severa ou profunda. Condições Bucais: tratamento odontológico multidisciplinar muito extenso, extrações múltiplas, hiperplasias, cistos, tumores e cirurgias de porte maior. Condições Comportamentais: pacientes extremamente ansiosos, não cooperativos por problemas cognitivos, distúrbios comportamentais ou psiquiátricos e procedimentos cirúrgicos em crianças de tenra idade. Para o atendimento hospitalar, dever­se­á observar a rede de atenção municipal e os convênios firmados para a realização de tal procedimento. MANUTENÇÃO O retorno de alta deve ser precedido pela atualização do prontuário médico­ odontológico do paciente, anotando a evolução da doença, última crise, novas medicações introduzidas e preenchimento do odontograma. A manutenção preventiva se realiza por visitas periódicas ao consultório após finalizado todo o tratamento. Elas são marcadas conforme a necessidade de acompanhamento de cada paciente que, apresentando melhora no quadro odontológico, vai espaçando a necessidade das consultas de manutenção. Esse tempo fica a critério de cada profissional. Os retornos periódicos pós atendimento hospitalar são importantes para a dessensibilização do paciente frente o consultório odontológico e sua equipe, familiarização com os procedimentos preventivos que são mais indolores e tem geralmente melhor resposta ao condicionamento. Nessa etapa busca­se estabelecer um vínculo de maior apreço entre o paciente – família – profissional buscando sempre a saúde e bem estar do paciente. Considerações finais Este protocolo foi elaborado visando dar uma melhor orientação aos cirurgiões dentistas, lotados nas unidades básicas de saúde, quanto ao atendimento aos pacientes com deficiência nos centros de especialidades odontológicas (CEO). O Caderno de atenção básica do Ministério da Saúde N˚17 salienta que o encaminhamento aos CEOs só será efetivado após duas tentativas frustradas de atendimento na UBS, que é a porta de entrada das PCDs. Um dos pontos importantes neste protocolo, é a regulamentação do fluxo de atendimento odontologico da PCD. Este protocolo esclarece que, para a primeira consulta nos CEO’s, os responsáveis pelos pacientes, devem apresentar­se para uma conversa onde será informado ao profissional, detalhes do paciente que possam corroborar para um maior entendimento do quadro clínico do paciente, favorecendo assim o atendimento odontológico. A efetiva aplicação deste Protocolo pelos profissionais da rede, respeitando o fluxograma proposto, possibilitará uma menor espera nos atendimentos agendados nos Centros de Especialidades Odontológicas. Ministério da Saúde Gabinete do Ministro PORTARIA Nº 1.464, DE 24 DE JUNHO DE 2011 Altera o Anexo da Portaria nº 600/GM/MS, de 23 de março de 2006, que institui o financiamento dos Centros de Especialidades Odontológicas(CEO). O MINISTRO DE ESTADO DA SAÚDE, no uso das atribuições que lhe conferem os incisos I e II do parágrafo único do art. 87 da Constituição, e Considerando a Portaria nº 599/GM/MS, de 23 de março de 2006, que define a implantação e estabelece critérios de credenciamento/habilitação dos serviços especializados Centros de Especialidades Odontológicas ­ CEO Tipo 1, CEO Tipo 2, CEO Tipo 3; Considerando a Portaria nº 600/GM/MS, de 23 de março de 2006, que institui o financiamento dos Centros de Especialidades Odontológicas; Considerando a Portaria nº 321/GM/MS, de 8 de fevereiro de2007, que institui a Tabela de Procedimentos, Medicamentos, Órteses e Próteses e Materiais Especiais do Sistema Único de Saúde ­ SUS; Considerando a Portaria nº 718/SAS/MS, de 20 de dezembro de 2010, que altera, inclui e exclui procedimentos da Tabela deProcedimentos, Medicamentos, Órteses, Próteses e Materiais Espe­ciais ­ OPM do Sistema Único de Saúde; e Considerando o que estabelece a Política Nacional de Saúde Bucal ­ Brasil Sorridente em relação à reorganização das práticas e à qualificação dos serviços oferecidos na Saúde Bucal, visando à integralidade das ações, resolve: Art. 1º O Anexo da Portaria nº 600/GM/MS, de 23 de março de 2006, publicada no Diário Oficial da União nº 58, de 24 de março de 2006, Seção 1, página 52, passa a vigorar com a seguinte redação: "I ­ O monitoramento de produção consiste na análise de uma produção mínima mensal apresentada, a ser realizada nos CEOs, verificada por meio dos Sistemas de Informação Ambulatorial do SUS ­ SIA/SUS, conforme segue: a) Para os CEOs Tipo 1: 80 Procedimentos Básicos por mês, no total, referente aos seguintes códigos: 0101020058 APLICAÇÃO DE CARIOSTÁTICO (POR DENTE); 0101020066 APLICAÇÃO DE SELANTE (POR DENTE); 0101020074 APLICAÇÃO TÓPICA DE FLÚOR (INDIVIDUAL POR SESSÃO); 0101020082 EVIDENCIAÇÃO DE PLACA BACTERIANA; 0101020090 SELAMENTO PROVISÓRIO DE CAVIDADE DENTÁRIA; 0307010015 CAPEAMENTO PULPAR; 0307010023 RESTAURAÇÃO DE DENTE DECÍDUO; 0307010031 RESTAURAÇÃO DE DENTE PERMANENTE ANTERIOR; 0307010040 RESTAURAÇÃO DE DENTE PERMANENTE POSTERIOR; 0307020070 PULPOTOMIA DENTÁRIA; 0307030016 RASPAGEM ALISAMENTO E POLIMENTO SUPRAGENGIVAIS (POR SEXTANTE); 0307030024 RASPAGEM ALISAMENTO SUBGENGI VAIS (POR SEXTANTE); 0414020120 EXODONTIA DE DENTE DECÍDUO; 0414020138 EXODONTIA DE DENTE PERMANENTE. 60 Procedimentos de Periodontia por mês, no total, referente aos seguintes códigos: 0307030032 RASPAGEM CORONO­RADICULAR (POR SEXTANTE) ; 0414020081 ENXERTO GENGIVAL; 0414020154 GENGIVECTOMIA (POR SEXTANTE); 0414020162 GENGIVOPLASTIA (POR SEXTANTE); 0414020375 TRATAMENTO CIRÚRGICO PERIODONTAL (POR SEXTANTE). 35 Procedimentos de Endodontia por mês, no total, referente aos seguintes códigos: 0307020037 OBTURAÇÃO DE DENTE DECÍDUO; 0307020045 OBTURAÇÃO EM DENTE PERMANENTE BIRRADICULAR; 0307020053 OBTURAÇÃO EM DENTE PERMANENTE C/ TRÊS OU MAIS RAÍZES; 0307020061 OBTURAÇÃO EM DENTE PERMANENTE UNIRRADICULAR; 0307020088 RETRATAMENTO ENDODÔNTICO EM DENTE PERMANENTE BI­ RADICULAR; 0307020096 RETRATAMENTO ENDODÔNTICO EM DENTE PERMANENTE C/ 3 OU MAIS RAÍZES; 0307020100 RETRATAMENTO ENDODÔNTICO EM DENTE PERMANENTE UNI­ RADICULAR; 0307020118 SELAMENTO DE PERFURAÇÃO RADICULAR. 80 Procedimentos de Cirurgia Oral por mês, no total, referente aos seguintes códigos: 0201010232 BIÓPSIA DE GLÂNDULA SALIVAR; 0201010348 BIÓPSIA DE OSSO DO CRÂNIO E DA FACE; 0201010526 BIÓPSIA DOS TECIDOS MOLES DA BOCA; 0307010058 TRATAMENTO DE NEVRALGIAS FACIAIS; 0404020445 CONTENÇÃO DE DENTES POR SPLINTAGEM; 0404020488 OSTEOTOMIA DAS FRATURAS ALVEOLO DENTÁRIAS; 0404020577 REDUÇÃO DE FRATURA ALVEOLO­DENTÁRIA SEM OSTEOSSÍNTESE; 0404020615 REDUÇÃO DE LUXAÇÃO TÊMPORO­ MANDIBULAR; 0404020623 RETIRADA DE MATERIAL DE SÍNTESE ÓSSEA/ DENTÁRIA; 0404020674 RECONSTRUÇÃO PARCIAL DO LÁBIO TRAUMATIZADO; 0414010345 EXCISÃO DE CÁLCULO DE GLÂNDULA SALIVAR; 0414010361 EXERESE DE CISTO ODONTOGÊNICO E NÃO­ODONTOGÊNICO; 0414010388 TRATAMENTO CIRÚRGICO DE FÍSTULA INTRA/ EXTRA­ORAL; 0401010082 FRENECTOMIA; 0404010512 SINUSOTOMIA TRANSMAXILAR 0404020038 CORREÇÃO CIRÚRGICA DE FÍSTULA ORONASAL/ ORO­SINUSAL; 0404020054 DRENAGEM DE ABSCESSO DA BOCA E ANEXOS; 0404020089 EXCISÃO DE RÂNULA OU FENÔMENO DE RETENÇÃO SALIVAR; 0404020097 EXCISÃO E SUTURA DE LESÃO NA BOCA; 0404020100 EXCISÃO EM CUNHA DO LÁBIO; 0404020313 RETIRADA DE CORPO ESTRANHO DOS OSSOS DA FACE; 0404020631 RETIRADA DE MEIOS DE FIXAÇÃO MAXILO­MANDIBULAR; 0414010256 TRATAMENTO CIRÚRGICO DE FÍSTULA ORO­SINUSAL/ ORO­ NASAL 0414020022 APICECTOMIA C/ OU S/ OBTURAÇÃO RETROGRADA; 0414020030 APROFUNDAMENTO DE VESTÍBULO ORAL (POR SEXTANTE); 0414020049 CORREÇÃO DE BRIDAS MUSCULARES; 0414020057 CORREÇÃO DE IRREGULARIDADES DE REBORDO ALVEOLAR; 0414020065 CORREÇÃO DE TUBEROSIDADE DO MAXILAR; 0414020073 CURETAGEM PERIAPICAL; 0414020090 ENXERTO ÓSSEO DE ÁREA DOADORA INTRABUCAL; 0414020146 EXODONTIA MULTIPLA C/ ALVEOLO­PLASTIA POR SEXTANTE; 0414020170 GLOSSORRAFIA; 0414020200 MARSUPIALIZAÇÃO DE CISTOS E PSEUDOCISTOS; 0414020219 ODONTOSECÇÃO / RADILECTOMIA / TUNELIZAÇÃO; 0414020243 REIMPLANTE E TRANSPLANTE DENTAL (POR ELEMENTO); 0414020278 REMOÇÃO DE DENTE RETIDO (INCLUSO / IMPACTADO); 0414020294 REMOÇÃO DE TÓRUS E EXOSTOSES; 0414020359 TRATAMENTO CIRÚRGICO DE HEMORRAGIA BUCO­DENTAL; 0414020367 TRATAMENTO CIRÚRGICO P/ TRACIONAMENTO DENTAL; 0414020383 TRATAMENTO DE ALVEOLITE; 0414020405 ULOTOMIA/ULECTOMIA. a) Para os CEOs Tipo 2: 110 Procedimentos Básicos por mês, no total, referente aos seguintes códigos: 0101020058 APLICAÇÃO DE CARIOSTÁTICO (POR DENTE); 0101020066 APLICAÇÃO DE SELANTE (POR DENTE); 0101020074 APLICAÇÃO TÓPICA DE FLÚOR (INDIVIDUAL POR SESSÃO); 0101020082 EVIDENCIAÇÃO DE PLACA BACTERIANA; 0101020090 SELAMENTO PROVISÓRIO DE CAVIDADE DENTÁRIA; 0307010015 CAPEAMENTO PULPAR; 0307010023 RESTAURAÇÃO DE DENTE DECÍDUO; 0307010031 RESTAURAÇÃO DE DENTE PERMANENTE ANTERIOR; 0307010040 RESTAURAÇÃO DE DENTE PERMANENTE POSTERIOR; 0307020070 PULPOTOMIA DENTÁRIA; 0307030016 RASPAGEM ALISAMENTO E POLIMENTO SUPRAGENGIVAIS (POR SEXTANTE); 0307030024 RASPAGEM ALISAMENTO SUBGENGIVAIS (POR SEXTANTE); 0414020120 EXODONTIA DE DENTE DECÍDUO; 0414020138 EXODONTIA DE DENTE PERMANENTE. 90 Procedimentos de Periodontia por mês, no total, referente aos seguintes códigos: 0307030032 RASPAGEM CORONO­RADICULAR (POR SEXTANTE) ; 0414020081 ENXERTO GENGIVAL; 0414020154 GENGIVECTOMIA (POR SEXTANTE); 0414020162 GENGIVOPLASTIA (POR SEXTANTE); 0414020375 TRATAMENTO CIRÚRGICO PERIODONTAL (POR SEXTANTE). 60 Procedimentos de Endodontia por mês, no total, referente aos seguintes códigos: 0307020037 OBTURAÇÃO DE DENTE DECÍDUO; 0307020045 OBTURAÇÃO EM DENTE PERMANENTE BIRRADICULAR; 0307020053 OBTURAÇÃO EM DENTE PERMANENTE C/ TRÊS OU MAIS RAÍZES; 0307020061 OBTURAÇÃO EM DENTE PERMANENTE UNIRRADICULAR; 0307020088 RETRATAMENTO ENDODÔNTICO EM DENTE PERMANENTE BI­ RADICULAR; 0307020096 RETRATAMENTO ENDODÔNTICO EM DENTE PERMANENTE C/ 3 OU MAIS RAÍZES; 0307020100 RETRATAMENTO ENDODÔNTICO EM DENTE PERMANENTE UNI­ RADICULAR; 0307020118 SELAMENTO DE PERFURAÇÃO RADICULAR. 90 Procedimentos de Cirurgia Oral por mês, no total, referente aos seguintes códigos: 0201010232 BIÓPSIA DE GLÂNDULA SALIVAR; 0201010348 BIÓPSIA DE OSSO DO CRÂNIO E DA FACE; 0201010526 BIÓPSIA DOS TECIDOS MOLES DA BOCA; 0307010058 TRATAMENTO DE NEVRALGIAS FACIAIS; 0404020445 CONTENÇÃO DE DENTES POR SPLINTAGEM; 0404020488 OSTEOTOMIA DAS FRATURAS ALVEOLO DENTÁRIAS; 0404020577 REDUÇÃO DE FRATURA ALVEOLO­DENTÁRIA SEM OSTEOSSÍNTESE; 0404020615 REDUÇÃO DE LUXAÇÃO TÊMPORO MANDIBULAR; 0404020623 RETIRADA DE MATERIAL DE SÍNTESE ÓSSEA/ DENTÁRIA; 0404020674 RECONSTRUÇÃO PARCIAL DO LÁBIO TRAUMATIZADO; 0414010345 EXCISÃO DE CÁLCULO DE GLÂNDULA SALIVAR; 0414010361 EXERESE DE CISTO ODONTOGÊNICO E NÃO­ODONTOGÊNICO; 0414010388 TRATAMENTO CIRÚRGICO DE FÍSTULA INTRA/ EXTRA­ORAL; 0401010082 FRENECTOMIA; 0404010512 SINUSOTOMIA TRANSMAXILAR; 0404020038 CORREÇÃO CIRÚRGICA DE FÍSTULA ORONASAL/ ORO­SINUSAL; 0404020054 DRENAGEM DE ABSCESSO DA BOCA E ANEXOS; 0404020089 EXCISÃO DE RÂNULA OU FENÔMENO DE RETENÇÃO SALIVAR; 0404020097 EXCISÃO E SUTURA DE LESÃO NA BOCA; 0404020100 EXCISÃO EM CUNHA DO LÁBIO; 0404020313 RETIRADA DE CORPO ESTRANHO DOS OSSOS DA FACE 0404020631 RETIRADA DE MEIOS DE FIXAÇÃO MA XILO­MANDIBULAR 0414010256 TRATAMENTO CIRÚRGICO DE FÍSTULA ORO­SINUSAL / ORO­ NASAL 0414020022 APICECTOMIA C/ OU S/ OBTURAÇÃO RETROGRADA; 0414020030 APROFUNDAMENTO DE VESTÍBULO ORAL (POR SEXTANTE); 0414020049 CORREÇÃO DE BRIDAS MUSCULARES; 0414020057 CORREÇÃO DE IRREGULARIDADES DE REBORDO ALVEOLAR; 0414020065 CORREÇÃO DE TUBEROSIDADE DO MAXILAR; 0414020073 CURETAGEM PERIAPICAL; 0414020090 ENXERTO ÓSSEO DE ÁREA DOADORA INTRABUCAL; 0414020146 EXODONTIA MULTIPLA C/ ALVEOLOPLASTIA POR SEXTANTE; 0414020170 GLOSSORRAFIA; 0414020200 MARSUPIALIZAÇÃO DE CISTOS E PSEUDOCISTOS; 0414020219 ODONTOSECÇÃO / RADILECTOMIA / TUNELIZAÇÃO; 0414020243 REIMPLANTE E TRANSPLANTE DENTAL (POR ELEMENTO); 0414020278 REMOÇÃO DE DENTE RETIDO (INCLUSO / IMPACTADO); 0414020294 REMOÇÃO DE TÓRUS E EXOSTOSES; 0414020359 TRATAMENTO CIRÚRGICO DE HEMORRAGIA BUCO­DENTAL; 0414020367 TRATAMENTO CIRÚRGICO P/ TRACIONAMENTO DENTAL; 0414020383 TRATAMENTO DE ALVEOLITE; 0414020405 ULOTOMIA/ULECTOMIA. a) Para os CEOs Tipo 3: 190 Procedimentos Básicos por mês, no total, referente aos seguintes códigos: 0101020058 APLICAÇÃO DE CARIOSTÁTICO (POR DENTE); 0101020066 APLICAÇÃO DE SELANTE (POR DENTE); 0101020074 APLICAÇÃO TÓPICA DE FLÚOR (INDIVIDUAL POR SESSÃO); 0101020082 EVIDENCIAÇÃO DE PLACA BACTERIANA; 0101020090 SELAMENTO PROVISÓRIO DE CAVIDADE DENTÁRIA; 0307010015 CAPEAMENTO PULPAR; 0307010023 RESTAURAÇÃO DE DENTE DECÍDUO; 0307010031 RESTAURAÇÃO DE DENTE PERMANENTE ANTERIOR; 0307010040 RESTAURAÇÃO DE DENTE PERMANENTE POSTERIOR; 0307020070 PULPOTOMIA DENTÁRIA; 0307030016 RASPAGEM ALISAMENTO E POLIMENTO SUPRAGENGIVAIS (POR SEXTANTE); 0307030024 RASPAGEM ALISAMENTO SUBGENGIVAIS (POR SEXTANTE); 0414020120 EXODONTIA DE DENTE DECÍDUO; 0414020138 EXODONTIA DE DENTE PERMANENTE. 150 Procedimentos de Periodontia por mês, no total, referente aos seguintes códigos: 0307030032 RASPAGEM CORONO­RADICULAR (POR SEXTANTE) ; 0414020081 ENXERTO GENGIVAL; 0414020154 GENGIVECTOMIA (POR SEXTANTE); 0414020162 GENGIVOPLASTIA (POR SEXTANTE); 0414020375 TRATAMENTO CIRÚRGICO PERIODONTAL (POR SEXTANTE). 95 Procedimentos de Endodontia por mês, no total, referente aos seguintes códigos: 0307020037 OBTURAÇÃO DE DENTE DECÍDUO; 0307020045 OBTURAÇÃO EM DENTE PERMANENTE BIRRADICULAR; 0307020053 OBTURAÇÃO EM DENTE PERMANENTE C/ TRÊS OU MAIS RAÍZES; 0307020061 OBTURAÇÃO EM DENTE PERMANENTE UNIRRADICULAR; 0307020088 RETRATAMENTO ENDODÔNTICO EM DENTE PERMANENTE BI­ RADICULAR; 0307020096 RETRATAMENTO ENDODÔNTICO EM DENTE PERMANENTE C/ 3 OU MAIS RAÍZES; 0307020100 RETRATAMENTO ENDODÔNTICO EM DENTE PERMANENTE UNI­ RADICULAR; 0307020118 SELAMENTO DE PERFURAÇÃO RADICULAR. 170 Procedimentos de Cirurgia Oral por mês, no total, referente aos seguintes códigos: 0201010232 BIÓPSIA DE GLÂNDULA SALIVAR; 0201010348 BIÓPSIA DE OSSO DO CRÂNIO E DA FACE; 0201010526 BIÓPSIA DOS TECIDOS MOLES DA BOCA; 0307010058 TRATAMENTO DE NEVRALGIAS FACIAIS; 0404020445 CONTENÇÃO DE DENTES POR SPLINTAGEM; 0404020488 OSTEOTOMIA DAS FRATURAS ALVEOLO DENTÁRIAS; 0404020577 REDUÇÃO DE FRATURA ALVEOLO­DENTÁRIA SEM OSTEOSSÍNTESE; 0404020615 REDUÇÃO DE LUXAÇÃO TÊMPORO MANDIBULAR; 0404020623 RETIRADA DE MATERIAL DE SÍNTESE ÓSSEA/ DENTÁRIA; 0404020674 RECONSTRUÇÃO PARCIAL DO LÁBIO TRAUMATIZADO; 0414010345 EXCISÃO DE CÁLCULO DE GLÂNDULA SALIVAR; 0414010361 EXERESE DE CISTO ODONTOGÊNICO E NÃO­ODONTOGÊNICO; 0414010388 TRATAMENTO CIRÚRGICO DE FÍSTULA INTRA/ EXTRA­ORAL; 0401010082 FRENECTOMIA; 0404010512 SINUSOTOMIA TRANSMAXILAR; 0404020038 CORREÇÃO CIRÚRGICA DE FÍSTULA ORONASAL/ ORO­SINUSAL; 0404020054 DRENAGEM DE ABSCESSO DA BOCA E ANEXOS; 0404020089 EXCISÃO DE RÂNULA OU FENÔMENO DE RETENÇÃO SALIVAR; 0404020097 EXCISÃO E SUTURA DE LESÃO NA BOCA; 0404020100 EXCISÃO EM CUNHA DO LÁBIO; 0404020313 RETIRADA DE CORPO ESTRANHO DOS OSSOS DA FACE; 0404020631 RETIRADA DE MEIOS DE FIXAÇÃO MAXILO­MANDIBULAR; 0414010256 TRATAMENTO CIRÚRGICO DE FÍSTULA ORO­SINUSAL / ORO­ NASAL 0414020022 APICECTOMIA C/ OU S/ OBTURAÇÃO RETROGRADA; 0414020030 APROFUNDAMENTO DE VESTÍBULO ORAL (POR SEXTANTE); 0414020049 CORREÇÃO DE BRIDAS MUSCULARES; 0414020057 CORREÇÃO DE IRREGULARIDADES DE REBORDO ALVEOLAR; 0414020065 CORREÇÃO DE TUBEROSIDADE DO MAXILAR; 0414020073 CURETAGEM PERIAPICAL; 0414020090 ENXERTO ÓSSEO DE ÁREA DOADORA INTRABUCAL; 0414020146 EXODONTIA MULTIPLA C/ ALVEOLOPLASTIA POR SEXTANTE; 0414020170 GLOSSORRAFIA; 0414020200 MARSUPIALIZAÇÃO DE CISTOS E PSEUDOCISTOS; 0414020219 ODONTOSECÇÃO / RADILECTOMIA / TUNELIZAÇÃO; 0414020243 REIMPLANTE E TRANSPLANTE DENTAL (POR ELEMENTO); 0414020278 REMOÇÃO DE DENTE RETIDO (INCLUSO / IMPACTADO); 0414020294 REMOÇÃO DE TÓRUS E EXOSTOSES; 414020359 TRATAMENTO CIRÚRGICO DE HEMORRAGIA BUCO­DENTAL; 0414020367 TRATAMENTO CIRÚRGICO P/ TRACIONAMENTO DENTAL; 0414020383 TRATAMENTO DE ALVEOLITE; 0414020405 ULOTOMIA/ULECTOMIA. § 1º Para o cumprimento da produção mínima mensal dos básicos é obrigatório que seja realizado, no mínimo, 50% de restauradores, quais sejam: 0307010023 ­ restauração de dente 0307010031 ­ restauração de dente permanente anterior e/ou restauração de dente permanente posterior. procedimentos procedimentos decíduo e/ou 0307010040 ­ § 2º Para o cumprimento da produção mínima mensal dos procedimentos de endodontia é obrigatório que seja realizado, no mínimo, 20% dos seguintes procedimentos: 0307020053 ­obturação em dente permanente com três ou mais raízes e/ou 0307020096 ­ retratamento endodôntico em dente permanente com 3 ou mais raízes. § 3º Para a finalidade de monitoramento de produção, os Procedimentos Básicos a serem realizados em qualquer dos três tipos de CEO são exclusivos para o atendimento de pacientes com necessidades especiais. § 4º A transferência de recursos referentes aos incentivos mensais dos Centros de Especialidades Odontológicas ­ CEO será suspensa, de maneira integral, quando a produção mínima mensal, em qualquer das especialidades acima citadas, não for atingida por dois meses consecutivos ou três meses alternados no período de um ano, e será mantida até a regularização da produção mínima mensal. " (NR) Art. 2º Os procedimentos constantes do art. 1º desta Portaria fiquem identificados no Sistema de Gerenciamento da Tabela de Procedimentos, Medicamentos, Órteses, Próteses e Materiais Especiais do Sistema Único de Saúde (SIGTAP) com o atributo complementar "Monitoramento CEO". Art. 3º O fluxo a ser utilizado no Sistema de Informação Ambulatorial (SIA/SUS), para os procedimentos previstos no AnexoàPortaria nº 600/GM/MS, de 23 de março de 2006, fica definido da forma prevista abaixo: I ­ Quando da apresentação dos procedimentos no SIA/SUS, será verificado o código da Classificação Brasileira de Ocupações (CBO) do profissional que os realizou; II ­ Caso tenha sido por profissional do grupo 2232 (odontologia), será observado no Sistema de Cadastro Nacional de Estabelecimentos de Saúde (SCNES) se o estabelecimento dispõe de habilitação CEO com a regra contratual 7107 ­ Estabelecimento, sem geração de crédito, nas ações especializadas de odontologia (incentivo CEO I, II e III); III ­Neste caso, não haverá geração de crédito para estes procedimentos; e IV ­ Caso o profissional que realizou os procedimentos não seja do código de CBO 2232 ou o estabelecimento não tenha a habilitação CEO, será gerado crédito normalmente no SIA/SUS. Art. 4º Esta Portaria entra em vigor na data de sua publicação, com efeito a contar da competência julho de 2011. Art. 5º Fica revogada a Portaria nº 2.898/GM/MS, de 21 de setembro de 2010, publicada no Diário Oficial da União nº 251, de 31 de dezembro de 2010, Seção 1, Páginas 84, 85 e 86. ALEXANDRE ROCHA SANTOS PADILHA 7. CONDIÇÕES SISTÊMICAS 7.1 ENDOCARDITES INFECCIOSAS A endocardite é um processo infeccioso na superfície do endocárdio envolvendo as valvas cardíacas. Alguns pacientes são portadores de condições que predispõem ao desenvolvimento da endocardite infecciosa, sendo denominados pacientes de risco. Para identificá­los, é de suma importância uma anamnese criteriosa, assim como o conhecimento sobre quais procedimentos odontológicos podem predispor ao desenvolvimento da endocardite infecciosa e como prevenir seu desenvolvimento. A endocardite infecciosa (EI) é sempre fatal quando não tratada e continua causando substancial morbimortalidade, apesar dos avanços alcançados em seu diagnóstico e tratamento. Essa patologia inicia­se com uma bacteremia e tem relação com diferentes fatores de risco do paciente, podendo apresentar complicações cardíacas, sistêmicas, imunes e vasculares. Há mais de 80 anos, Lewis e Grant (LEWIS & GRANT, 1923) sugeriram que as bacteremias poderiam causar endocardite infecciosa em pacientes com anormalidades valvares. Então, enfatizou­se o conceito de que o tratamento odontológico era a principal causa de endocardite infecciosa, ao relacionar os estreptococos do grupo viridans diretamente como agentes bacterianos envolvidos nessa infecção (WILSON et al., 2007). O primeiro protocolo para prevenção da endocardite, associado ao tratamento odontológico, foi publicado em 1955 pela American Heart Association (AHA), e por mais de meio século se recomenda, para prevenção de endocardite infecciosa, a profilaxia com antibióticos para determinados pacientes que recebem atendimento odontológico. A British Society for Antimicrobial Chemotherapy (BSAC) (GOULD et al., 2006) e a American Heart Association (AHA) atualizaram as recomendações para profilaxia da endocardite infecciosa em procedimentos odontológicos, tendo protocolos muito semelhantes (Tabela 17). A profilaxia antibiótica passou a ser indicada somente para pacientes de alto risco cardíaco em uma gama de procedimentos odontológicos (Tabela 18). Desse modo, um número restrito de pacientes é selecionado para receber a profilaxia com antibióticos: apenas aqueles em que a endocardite levaria a uma maior morbimortalidade. Portanto, cabe ao cirurgião­dentista realizar um rigoroso levantamento da história médica dos seus pacientes, a fim de determinar de maneira consciente os casos de indicação do regime profilático. Outro aspecto é a preocupação com a resistência bacteriana aos antibióticos na prática clínica. A comunidade científica tem estado alerta para o uso inadequado de antibióticos e à crescente prevalência de microrganismos muito resistentes. Os altos níveis de resistência às penicilinas, demonstrada pelos estreptococos bucais, são motivo de preocupação, ao ficar evidente, na avaliação de pacientes ambulatoriais, que receberam doses de antibióticos de curta duração e se tornaram importantes reservatórios de microrganismos resistentes. Os patógenos diretamente associados à endocardite infecciosa apresentaram taxas elevadas de resistência aos antibióticos mais utilizados para a profilaxia em Odontologia. As bactérias têm mais uma vez evidenciado enorme flexibilidade genética, ao se tornarem resistentes a um antibiótico após outro. A terapia com antibióticos trouxe notável progresso ao tratamento das doenças infecciosas, mas os riscos relacionados ao uso generalizado e à carência de dados sobre a eficácia dessas drogas nos levam a repensar nossa prática diária com bom senso e julgamento clínico. Uma única dose de 2 g de amoxicilina, uma hora antes do procedimento odontológico, conforme preconizado pelo protocolo da profilaxia antibiótica da endocardite infecciosa, teria pouco ou nenhum efeito sobre o surgimento do número de estreptococos resistentes e de importância significativa na redução da bacteremia. Apenas a partir da segunda e da terceira dose se observa um acréscimo significativo do número de estreptococos resistentes e persistentes por quatro a sete semanas. Assim, nos pacientes de risco que necessitassem de sucessivas sessões para procedimentos odontológicos associados à produção de bacteremias, a opção seria um regime alternativo antibacteriano ou esperar, no mínimo, um intervalo de quatro semanas entre as sessões (tabela X). Fica evidente que não há conclusões definitivas em torno da profilaxia antibiótica, permanecendo a questão em debate. Aplicar a profilaxia antibiótica somente ao grupo de pacientes de alto risco em desenvolver endocardite infecciosa e priorizar o controle do biofilme dental e a manutenção da saúde bucal são medidas extremamente importantes, porquanto é fato que a deficiência na higiene bucal e as doenças bucais compõem importantes fatores para a ocorrência da endocardite infecciosa. As atuais recomendações para prevenção da endocardite infecciosa mudaram a forma de abordar a profilaxia, ao torná­la mais simples e objetiva, pois a atual tendência é minimizar ou até mesmo evitar o uso da profilaxia antibiótica para procedimentos odontológicos. Tabela 17: Recomendações da BSAC (2006) (GOULD et al., 2006) e da AHA (2007) (WILSON et al., 2007). Tabela 18: Protocolo para administração de antibióticos para procedimentos odontológicos (SAMPAIO et al., 2008 7.2 ENDOCRINOPATIAS 7.2.1 Diabetes Mellitus O diabetes mellitus (DM) compreende um grupo de doenças metabólicas, resultante de um defeito na secreção e/ou na ação da insulina, caracterizado pela hiperglicemia ou pelo aumento dos níveis de glicose no sangue. Pode ser classificado, de acordo com a etiologia, em: tipo1, tipo 2, gestacional e outros tipos específicos. O tipo 1 resulta da destruição das células β dentro das Ilhotas de Langerhans do pâncreas, ocasionando a completa insuficiência de insulina e pode estar relacionado a processos autoimunes ou ter etiologia idiopática. O tipo 2 é o mais comum e varia de uma resistência à insulina que progride para uma deficiência de insulina devido a uma falha secundária nas células β do pâncreas. O diabetes gestacional é definido como qualquer grau de intolerância à glicose com início ou primeiro reconhecimento durante a gravidez. Outros tipos específicos compreendem um grupo de diabetes com diferentes etiologias (SOUSA et al., 2014). Segundo a Federação Internacional do Diabetes, no ano de 2013 havia 382 milhões de indivíduos no mundo acometidos pela doença, sendo que a expectativa para 2035 é de 592 milhões de casos de DM. O Brasil é o quarto país no índice dos dez países com maior número de diabéticos em idade entre 20 e 79 anos, correspondendo a 11,9 milhões atrás de China, Índia e Estados Unidos. O diagnóstico e monitoramento do DM é feito através do exame clínico, associado a exames laboratoriais. Valores de glicose plasmática (em mg/dl) para diagnóstico de diabetes mellitus e seu estágios pré-clínicos Distúrbio glicêmico Diabetes Mellitus Critério diagnóstico (em mg/dl) Glicemia de jejum* ≥ 126 ou; Glicemia 2h após 75g de glicose ≥ 200 ou; Glicemia casual** ≥ 200 na presença de sintomatologia clássica***. Tolerância à glicose diminuída Glicemia de jejum* < 126 e Glicemia 2h após 75g de glicose ≥ 140 e < 200 Glicemia de jejum alterada Glicemia de jejum* ≥ 100 e < 126 Onde: mg/dl = miligrama por decilitro; h = horas e g = gramas. *O jejum é definido como a falta de ingestão calórica por no mínimo 8 horas; **Glicemia plasmática casual é aquela realizada a qualquer hora do dia, sem se observar o intervalo desde a última refeição; ***Os sintomas clássicos de DM incluem poliúria, polidipsia e perda não explicada de peso. Nota: O diagnostico de DM deve sempre ser confirmado pela repetição do teste em outro dia, a menos que haja hiperglicemia inequívoca com descompensação metabólica aguda ou sintomas óbvios de DM. Fonte: Alves et al., Secretaria Municipal de Saúde de Manaus, Linha­guia de Hipertensão Arterial, Diabetes Mellitus e Doença Renal Crônica, 2013. Exames complementares para avaliação inicial do indivíduo diabético Exames complementares Glicemia de jejum e duas horas após almoço Hemoglobina glicada, caso não tenha sido realizada nos últimos dois a três meses Perfil lipídico, incluindo colesterol total, HDL e TG Provas de função hepática: TGO, TGP, GGT Dosagem da creatinina sérica, para cálculo da TFG EAS+Piúria e hematúria quantitativas Excreção urinária de albumina através da relação albumina/creatinina, em amostra isolada de urina Dosagem de TSH, nos casos de DM1, dislipidemia ou em mulheres acima dos 50 anos Onde: HDL = colesterol HDL; TG = triglicérides; TGO = transaminase glutâmico oxalacética; TGP = transaminase glutâmico pirúvica; GGT = gama glutamil transpeptidase; TFG = taxa de filtração glomerular; EAS = elementos anormais e sedimento; TSH = hormônio tireoestimulante; DM1 = diabetes mellitus tipo 1. Se níveis de TG <400 mg/dL, os níveis de LDL são calculados pela fórmula: colesterol LDL= colesterol total – [HDL+ (TG/5)].Fonte: Alves et al., Secretaria Municipal de Saúde de Manaus, Linha­guia de Hipertensão Arterial, Diabetes Mellitus e Doença Renal Crônica, 2013. Avaliações complementares interdisciplinares são necessárias periodicamente para o diabético, as quais incluem avaliação oftalmológica; planejamento familiar e programação das gestações para mulheres em idade reprodutiva; avaliação nutricional; avaliação odontológica e avaliação psicológica, se necessário (ALVES et al., 2013). Além das complicações crônicas, como a nefropatia, neuropatia e retinopatia, o DM também está relacionado a complicações bucais como a doença periodontal, candidíase, xerostomia, lesões de cárie e síndrome de ardência bucal. As manifestações bucais observadas no paciente com DM, embora não específicas dessa doença, têm sua incidência ou progressão favorecida pelo descontrole glicêmico. Os distúrbios da cavidade bucal mais freqüentes nos diabéticos são: xerostomia, hiposalivação, síndrome de ardência bucal (glossodinia), distúrbios da gustação, infecções, ulcerações na mucosa bucal, hipocalcificação do esmalte, perda precoce de dentes, dificuldade de cicatrização, doença periodontal, hálito cetônico e líquen plano. A produção e o fluxo salivar são mediados pelo sistema nervoso autônomo, através da ação do neurotransmissor colinérgico acetilcolina. A xerostomia (sensação subjetiva de boca seca que, geralmente, mas não necessariamente, está associada com a diminuição da quantidade de saliva) é relatada por 10 a 30% dos diabéticos. A hipossalivação pode causar glossodinia, úlceras, queilites, língua fissurada, lesões cariosas e dificuldade de retenção das próteses, com trauma dos tecidos moles, o que predispõe a infecções. Ela tende a se agravar em fases de descontrole metabólico, pelo fato de a desidratação aumentar os gradientes osmóticos dos vasos sanguíneos em relação às glândulas salivares, limitando a secreção de saliva. O uso de drogas com ação anticolinérgica é outra condição que leva à redução da produção e do fluxo salivar. Os principais medicamentos com efeitos anticolinérgicos são: antidepressivos (amitriptilina [Amytril®, Tryptanol®], sertralina [Zoloft®], paroxetina [Atropax®]), anti­histamínicos (loratadina [Claritin®, Loralerg®], prometazina [Fenergan®]) e derivados benzodiazepínicos (alprazolam [Frontal®], diazepan [Valium®, Diempax®], lorazepan [Lorax®]). Indivíduos com DM estão mais propensos a desenvolver infecções e abcessos na cavidade bucal, o que pode agravar o controle metabólico. A susceptibilidade para infecções orais, a exemplo da candidíase oral, é favorecida pela hiperglicemia, diminuição do fluxo salivar e alterações na composição da saliva, através de modificações em proteínas antimicrobianas como lactoferrina, lisozima e lactoperoxidase. A susceptibilidade e a progressão da doença periodontal, no paciente diabético, está associada ao descontrole metabólico, à presença de complicações, ao espessamento dos vasos sanguíneos, à redução da quimiotaxia dos neutrófilos, à glicosilação (ligação de glicose a proteínas) de proteínas estruturais, formando produtos avançados de glicosilação (AGEs), função reduzida dos fibroblastos e alterações genéticas, como herança de determinados antígenos de histocompatibilidade. A doença periodontal é a complicação oral mais importante nos pacientes diabéticos, sendo considerada a sexta complicação clássica do diabetes. Essa doença apresenta uma associação bidirecional, na qual o diabetes favorece o desenvolvimento da doença periodontal e esta, quando não tratada, piora o controle metabólico do diabetes. Além do seu efeito deletério sobre a saúde oral e controle glicêmico, a presença de bactérias periodontais expõe o hospedeiro a uma variedade de eventos nocivos os quais podem predispor a diversas enfermidades cardiovasculares. Protocolo de atendimento odontológico Nas consultas eletivas, é útil obter um relatório do médico assistente, enquanto nas consultas de emergência, pode ser necessário um contato telefônico com o mesmo. Lembrar que, muitas vezes, o problema dentário é a causa de descompensação do DM e que seu tratamento pode ser a única maneira de restaurar controle metabólico. No atendimento a pacientes diabéticos no consultório, deve­se escolher o horário no período da manhã, uma vez que coincide com o café da manhã e aplicação de insulina. Além disso, os níveis endógenos de corticosteroide são geralmente altos nesse período, e os procedimentos estressantes podem ser mais bem tolerados (MIGUEL et al., 2014). Antes do atendimento o paciente deve alimentar­se normalmente para que não ocorra hipoglicemia. No atendimento de pacientes diabéticos procura­se sempre realizar procedimentos curtos, ou intervalos para que o paciente possa se alimentar, evitando a hipoglicemia (CANEPPELE et al.,2011). Importante que o cirurgião­dentista possua um glicosímetro para checar a glicemia capilar antes da consulta ou durante a mesma, caso se suspeite de hipoglicemia ou hiperglicemia. Se a concentração plasmática de glicose do paciente for menor que 70mg/dL, nenhum procedimento deve ser executado. No caso de um choque glicêmico no consultório, situação em que a glicemia no sangue cai abaixo de 45mg/dL, o profissional deverá reconhecer os sintomas e agir o quanto antes. Estes sintomas podem ser: ­ Adrenérgicos (semelhantes aos causados por sustos, medo ou raiva): desmaio, fraqueza, palidez, nervosismo, suor frio, irritabilidade, fome, palpitações, ansiedade e sialorréia. A respiração e a pressão sanguínea são normais, mas o pulso é cheio; ­ Neuroglicopênicos (conseqüentes da deficiência no aporte de glicose ao cérebro): visão turva, diplopia, sonolência, dor de cabeça, perda de concentração, paralisia, distúrbios da memória, confusão mental, incoordenação motora, disfunção sensorial, podendo também chegar amanifestação de convulsões e estados de coma. Deve­se administrar uma bebida com alto teor de carboidratos, como um suco de laranja ou refrigerante, colocando o paciente sob observação até que todos os sinais e sintomas tenham desaparecidos. Se o estado de hipoglicemia continuar, o mesmo se tornará inconsciente, a menos que seja administrado solução de 50% de dextrose (50ml) via endovenosa ou glucagon (1mg intramuscular). Os pacientes hiperglicêmicos com glicemia superior a 400mg/dL podem apresentar sinais e sintomas característicos de cetoacidose metabólica, como a presença de hálito cetônico, náuseas, vômitos. Neste caso, podem ser administradas pequenas doses de insulina, e encaminhados para o médico. Os diabéticos compensados podem ser considerados pacientes normais para tratamento odontológico. Porém, quando apresentarem concentração de glicose no sangue acima de 200mg/dL, só podem sofrer intervenção cirúrgica com acompanhamento médico (Yarid, 2010). Em relação à saúde bucal, devem ser feitas perguntas sobre higiene oral (frequência de escovação, uso de fio dental, visitas regulares ao dentista), sintomatologia sugestiva de manifestações bucais associadas ao DM (sangramento ou pus na gengiva, dentes com mobilidade excluindo a troca de dentição decídua, candidíase oral, abcessos) e tratamento periodontal prévio. Pacientes bem controlados, sem complicações crônicas, com boa higiene bucal e acompanhamento médico regular podem ser tratados sem necessidade de cuidados especiais, uma vez que eles respondem de forma favorável como os não­ diabéticos. Naqueles com descompensação metabólica e (ou) múltiplas complicações, o tratamento odontológico será paliativo e indicado em situações de urgência, como presença de dor e infecções. A terapia definitiva será adiada até estabilização das condições metabólicas. Pacientes com glicemia, em jejum, acima de 230 mg/dL, têm um aumento de 80% no risco de desenvolver infecção. No dia que precede a consulta odontológica, a dieta será de acordo com o padrão usado pelo paciente. Em caso de necessidade de jejum prolongado, ou antecipação de redução na ingestão alimentar após o procedimento, poderá ser necessária a redução ou a omissão de doses dos hipoglicemiantes orais ou da insulina. A prescrição de anti­inflamatórios do tipo não esteróides (AINES) deve ser evitada, pois potencializa o efeito de medicamentos hipoglicemiantes, enquanto os corticoides têm efeito hiperglicemiante . Assim, a utilização desses fármacos bem como a sua posologia deve ser realizada após análise criteriosa e consulta ao médico responsável pelo paciente. Os benzodiazepínicos usados para tratar ansiedade (diazepan, lorazepan), embora possam causar hiposalivação, não são contraindicados. Em casos de dor pós­operatória de intensidade leve a moderada, a dipirona ou paracetamol são as drogas indicadas, nas mesmas dosagens e posologias habitualmente empregadas em pacientes saudáveis. Já o ácido acetilsalicílico (AAS) é contraindicado devido a seu efeito hipoglicemiante (SANTOS et al., 2010). O uso de clorexidina durante o tratamento odontológico é recomendado para controle do biofilme, manutenção de flora não patogênica e prevenção da doença periodontal severa. A terapêutica antimicrobiana para pacientes com bom controle glicêmico é semelhante ao de não­diabéticos, ou seja, só deve ser realizada quando existirem sinais e sintomas sistêmicos de infecção (Tabela 19). Nos pacientes com doença mal controlada, mesmo na ausência de sinais e infecção, preconiza­se profilaxia antibiótica nos procedimentos que geram bacteremia importante. Tabela 19: Antibioticoterapia profilática para procedimentos dentários Regime padrão Amoxicilina Ampicilina Adultos: 2 gramas: crianças 50 mg/kg, VO, 1h antes do procedimento Adultos: 2gramas; crianças 50 mg/kg, IM ou EV, 30 minutos antes do procedimento Alergia a Penicilina Azitromicina ou Claritromicina Adultos:500mg; crianças 15mg/kg, VO, 1h antes do procedimento Cefalexina cefadroxil Adultos: 2 gramas; crianças 50 mg/kg, VO, 1h antes do procedimento (VO é possível) ou Adultos: 600mg; crianças 20 mg/kg, VO, 1h antes do procedimento Clindamicina Alergia a Penicilina Cefazolina (VO é impossível) Cefalotina Clindamicina ou Adultos: 1g; crianças 25 mg/kg, IV ou EV, 30min antes do procedimento Adultos: 600mg; crianças 20 mg/kg, EV, 30 min antes do procedimento (Yarid, 2010) Em pacientes compensados, os anestésicos locais com adrenalina ou noradrenalina podem ser usados sem problemas. De acordo com a literatura, durante a anestesia, deve­se optar pelo anestésicoprilocaína com felipressina, além de ser evitado o uso de vasoconstritores do grupo das catecolaminas (adrenalina, noradrenalina e levonordefrina) em pacientes alterados metabolicamente. 7.2.2 Hipotireoidismo O hipotireoidismo é uma desordem endócrina, de natureza sistêmica, caracterizada pela disfunção da glândula tireóide, que produz os hormônios tireoidianos abaixo dos níveis séricos adequados. A frequência do hipotireoidismo é maior entre as mulheres e sua incidência aumenta com o avanço da idade. Sua etiologia pode estar relacionada a diferentes fatores, dentre os quais se destacam a carência de iodo, disgenesias teciduais, ausência de enzimas essenciais para a síntese hormonal ou processos auto­imunes como a Tireoidite de Hashimoto. Os hormônios tireoidianos são necessários para suprir as funções orgânicas normais do organismo. Desta forma, os pacientes em estado de hipotireodismo, geralmente apresentam como sinais e sintomas característicos o ganho de peso, hipotensão, pele fria, grossa e áspera, fraqueza muscular com reflexos lentos, letargia, frequência cardíaca lenta, inchaço da face e das pálpebras, edema não­ dispersível dos membros (mixedema), retardamento mental e problemas na deglutição. Dentre as alterações mais observadas na cavidade bucal de pacientes hipotireoidianos, destacam­se as alterações na formação de dentina, hipoplasia do esmalte, mordida aberta, retardo na erupção dentária e no desenvolvimento radicular, taurodontia, hipoplasia condilar, atresia maxilar ou mandibular, hipodesenvolvimento da mandíbula, e prognatismo maxilar. A presença de má oclusão, câmaras pulpares amplas, atraso na esfoliação dos dentes decíduos e na erupção dos dentes permanentes, presença de lesões periapicais, prognatismo mandibular, além de graves lesões ósseas, perdas estruturais excessivas, defeitos no crescimento e desenvolvimento ósseo, diastemas, aumento da susceptibilidade à cárie, doença periodontal e gengivite, hipossalivação, disgeusia (ausência da sensação gustativa), macroglossia, além do atraso na cicatrização de feridas, também podem ser observados nos pacientes também tem sido observados em pacientes acometidos pelo hipotireoidismo. Desta forma, é fundamental que o cirurgião dentista realize um exame clínico criterioso destes indivíduos, identificando as possíveis alterações que possam estar associadas ou serem agravadas por esta condição sistêmica. As alterações na cavidade bucal podem estar associadas a diversas patologias de natureza sistêmica, seja devido a desordens imunológicas, metabólicas ou hormonais. A literatura tem relatado a ocorrência de manifestações bucais associadas a doenças auto­imunes como o líquen plano, penfigóide, pênfigo, eritema multiforme, epidermólise bolhosa. A dificuldade de cicatrização e agravamento do quadro de doença periodontal têm sido associadas às desordens sistêmicas como o diabetes melitus. Cerca de 40% de pacientes portadores da Síndrome de Down apresentam hipotireoidismo. Ao se planejar uma cirurgia, três grupos de pacientes se sobressaem em importância e merecem atenção especial: os doentes que usam glicocorticóides, os que fazem tratamento para tireóide e os diabéticos. Para se realizar a cirurgia o paciente deve estar o mais próximo do estado compensado possível. É importante lembrar que os pacientes hipotireoidianos não devem ser submetidos à cirurgia com a função tireoidiana descompensada, devendo­se antes de uma cirurgia eletiva obter um razoável controle da doença. Pacientes de hipotireoidismo de longa data podem apresentar insuficiência cardíaca, entre outras complicações. Com o intuito de melhorar o desempenho cardíaco e ventilatório, a reposição hormonal com T4 exógeno é feita de rotina nas semanas que antecedem a cirurgia proposta. Outrossim, nos pacientes idosos e portadores de cardiopatias, a reposição com hormônios tireoidianos deve ser paulatina, com o intuito de não agravar o dano ao coração. O hipotireoidismo grave se relaciona a um pior prognóstico cirúrgico e os pacientes com esta disfunção possuem maior chance de apresentarem outras endocrinopatias, marcadamente insuficiência adrenal. O tratamento do hipotireoidismo inclui a realização de cirurgias ou reposição hormonal, que é uma terapia mais simples, sendo a levotiroxina T4 a droga mais utilizada. As alterações metabólicas provocadas pela falta do hormônio tireoidiano podem ainda influenciar na composição, síntese e secreção de saliva. Há o risco de hemorragia após extração dentária em pacientes portadores de hipotireoidismo, devido a existência de doença adquirida de Von Willebrand, secundária ao hipotireoidismo. Pelo fato de a glândula tireóide estar localizada em íntimo contato com a pele do pescoço, as alterações no seu tamanho e forma podem ser muitas vezes, palpadas ou observadas no exame clínico. Uma vantagem para o cirurgião dentista é que, tendo uma visão do paciente em decúbito dorsal, a glândula tireóide torna­se sobressaltada e mais fácil à palpação. Por isso, os profissionais da Odontologia podem desempenhar um papel importante na detecção de nódulos e alargamentos da tireóide ou de outras anormalidades. Alguns medicamentos de uso odontológico podem interagir negativamente com altos níveis de hormônios endógenos ou níveis normais de hormônios tireoidianos exógenos, usados para reposição hormonal. Os pacientes com hipotireoidismo são extremamente sensíveis às drogas depressoras do sistema nervoso central e por isso os sedativos ou analgésicos narcóticos devem ser evitados em pacientes com hipotireoidismo grave porque há o risco de ocorrer depressão respiratória significativa. Dos métodos farmacológicos de sedação consciente em odontologia, os mais comuns são os que utilizam os benzodiazepínicos por via oral. O diazepam®, lorazepam®, alprazolam®, midazolam® e triazolam® são as drogas mais empregadas na sedação de pacientes odontológicos. Os benzodiazepínicos apresentam baixa incidência de efeitos adversos e toxicidade, particularmente em tratamentos de curta duração, como é o caso do uso em Odontologia. A Levotiroxina pode ter efeito sinérgico com drogas simpatomiméticas utilizadas em Odontologia e ainda potencializar os efeitos dos anticoagulantes orais. Já os salicilatos, assim como a furosemida em altas doses, podem potencializar os efeitos da levotiroxina. Pacientes em terapia com anticoagulantes requerem monitoramento cuidadoso quando o tratamento com agentes tireoideanos inicia­se ou é alterado conforme a necessidade de redução da dose do anticoagulante oral. Desta forma, é importante que o cirurgião dentista realize um exame clínico criterioso destes indivíduos, identificando as possíveis alterações que podem estar associadas ou agravadas por esta condição sistêmica. Se a suspeita de doença da tireóide surge para um paciente, todo o tratamento odontológico eletivo deve ser colocado em espera até que uma avaliação médica completa seja realizada. 7.2.3 HIPERTIREOIDISMO Verifica­se no hipertireoidismo uma concentração elevada de tiroxina livre ou de triiodotironina. O centilograma da tireóide ajuda a determinar a natureza da doença. Os pacientes com hipertireoidismo apresentam sintomas, como intolerância ao calor, nervosismo, tremores, sudorese excessivo, fraqueza muscular, diarréia, aumento de apetite, perda de peso, taquicardia, pele quente e aumento dos reflexos. Em pacientes idosos, um excesso de tiroxina pode precipitar fibrilação arterial, angina ou insuficiência cardíaca congestiva. Ao exame, o paciente apresenta­se trêmulo e taquicárdico. A palpação do pescoço pode revelar um aumento da tireóide. A pele encontra­se fina e macia, e os reflexos estão, frequentemente, hiperativos. Vários processos mórbidos podem resultar em hipertireoidismo. Em paciente abaixo dos 40 anos, a doença de Graves é responsável por quase 90% dos casos de hipertireoidismo, sendo considerada como secundária a uma desordem autoimune, e estando associada a uma pronunciada exoftalmia. Pacientes de meia idade e idosos são mais propensos a possuir hipertireoidismo, como resultado de bócio multinodular tóxico. Menos comumente, um nódulo tóxico único pode produzir hormônio tireoidiano em excesso. Um hipertireoidismo passageiro é encontrado em pacientes com tireoidite crônica ou subaguda. O hipertireoidismo pode, também, resultar de uma ingestão excessiva de hormônio tireoidiano (hipertireoidismo artificial). Os hipertireóideos são tratados com propanolol ou com medicamentos antitireóideos como o propiltiouracil ou metimazol (tapazole), os quais podem provocar reações secundárias, por exemplo, a leucopenia, erupções cutâneas e dores articulares. A doença em si não se interfere na quantidade de leucócitos, mas sabe­ se do poder fagocitário diminuído. Muitos hipertireóideos não podem tomar drogas anti­tireóideas porque estas provocam violentas reações colaterais e dessa maneira a terapia usada é com iodo radioativo ou cirurgia. Esses pacientes são rigidamente acompanhados clinicamente e com determinações seriadas das funções tireoidianas, porque pode ocorrer um hipertireoidismo em virtude de um tratamento inadequado, ou um hipotireoidismo por terapia excessiva. Quase não há manifestações bucais no indivíduo com hipertireoidismo. Observa­se sim um exagero na salivação, desencadeada por estimulação nervosa. O paciente com hipertireoidismo agudo é particularmente suscetível às catecolaminas (adrenalina e noradrenalina), que, usadas como vasoconstritores em preparações anestésicas locais ou nos fios para retrações gengivais, quando associadas ao estresse de um tratamento odontológico, pode propiciar um distúrbio tireoidiano. Esta situação de emergência é caracterizada pela marcada exacerbação dos sintomas do hipertireoidismo, incluindo febre bastante alta, alterações no sistema nervoso central (forte agitação, psicose franca), vômitos e diarréia. De maior importância, é o fato de existir um alto risco de arritmias que ameaçam a vida e/ou insuficiência cardíaca congestiva. Além do distúrbio tireoidiano, o uso de catecolaminas em um paciente com hipertireoidismo severo pode acarretar um alto risco de se agravar uma doença cardiovascular preexistente. Entretanto, podemos diminuir todos aqueles sinais e sintomas, como nervosismo, tremores, taquicardia e reflexos aumentados, se lançarmos mão de determinados tranquilizantes leves do tipo benzodiazepínicos. Devemos ter cuidados no uso da antropina, que aumenta a pressão ocular. TIPOS DE PACIENTES PORTADORES DE DISTÚRBIOS DA TIREÓIDE QUANTO A CATEGORIA DE RISCO E SEU TRATAMENTO DONTOLÓGICO Devido às possíveis complicações no tratamento odontológico, o dentista deve determinar as relativas categorias de risco para cada paciente portador de um distúrbio da tireóide; uma vez que este é a segunda classe mais comum entre os distúrbios endócrinos, afetando aproximadamente 1% das pessoas que procuram tratamento odontológico. Temos as seguintes categorias: Pacientes de baixo risco: A situação mais comum para os dentistas é a do paciente que se sabe ser portador de doença tireoidiana já tratada. O acompanhamento médico apropriado para pacientes com doença da tireóide inclui exames físicos e laboratoriais regulares. Qualquer paciente assintomático, que apresente exame físico e prova de função da tireóide normais nos últimos seis meses, é considerado como de baixo risco para complicações durante o tratamento odontológico. Estes pacientes podem ser submetidos a todos os procedimentos dentários cirúrgicos e não­cirúrgicos, utilizando­se um esquema dentário normal. Pacientes de risco moderado: O paciente com hipotireoidismo tratado com reposição tireóidea pode se tornar hipotireóideo novamente, devido a lapsos na medicação ou a desvios metabólicos imperceptíveis. Um problema similar pode ocorrer com um paciente hipertireóideo, especialmente naqueles tratados com propiltiouracil, ou iodo radioativo. Além disso, a complicação de uma terapia com iodo radioativo para hipertireoidismo é o aparecimento insidioso do hipotireoidismo. Portanto, na ausência da determinação recente da função tireoideana e do exame físico, os riscos aumentam. Qualquer paciente, que se apresenta assintomático e não apresenta avaliação médica durante os últimos seis meses, é considerado de risco moderado para complicações durante o tratamento odontológico. Estes pacientes devem ser tratados com cuidado. Embora um esquema normal possa ser utilizado para a maioria dos procedimentos, o dentista deve evitar o uso de vasoconstritores e minimizar a prescrição de analgésicos e sedativos que apresentam depressão do SNC como efeito colateral. Para procedimentos cirúrgicos (Tipos IV e VI) e, particularmente, para cirurgia de moderada a extensa (Tipos V eVI), pode ser indicada uma consulta médica e/ou encaminhamento para reavaliação médica e laboratorial antes do tratamento odontológico. Pacientes de alto risco: é raro um paciente portador de doença da tireóide não diagnosticada procurar o dentista, contudo, tanto o hipertireoidismo como o hipotireoidismo podem ocorrer tão logo se encerre o curso de uma terapia para a doença da tireóide. Qualquer paciente com história anterior de distúrbio da tireóide deve, portanto, ser questionado sobre a intolerância ao frio ou calor, perda ou ganho de peso, mudanças no apetite ou de hábitos intestinais, fraqueza muscular, tremores e palpitações. Qualquer paciente que se encontre sintomático, independentemente do tempo decorrido da sua última avaliação médica, é considerado de alto risco para complicações no tratamento odontológico. Estes pacientes podem ser submetidos apenas a procedimentos de exame dentário. Qualquer outro procedimento odontológico está contraindicado. Uma reavaliação médica e laboratorial é impositiva, antes de se prosseguir com o tratamento dentário. 7.3 CARDIOPATIAS 7.3.1 HIPERTENSÃO ARTERIAL SISTÊMICA A hipertensão é uma cardiopatia caracterizada pela elevação anormal da pressão arterial. Caso não haja controle, o paciente pode apresentar sérias complicações, tais como acidentes cerebrovasculares, problemas renais e trombose. Nessa patologia é observada uma pressão sistólica em repouso igual ou superior a 140 mmHg e uma pressão diastólica em repouso igual ou superior a 90 mmHg. O tratamento para pacientes hipertensos depende de uma combinação de terapia farmacológica, reeducação alimentar e a prática de exercícios, de preferência diariamente. O uso de medicamentos anti­hipertensivos faz com que estes pacientes estejam intimamente ligados ao atendimento odontológico, uma vez que alguns medicamentos podem causar efeitos colaterais na cavidade oral. Alguns desses efeitos colaterais merecem certa atenção especial do CD, visto que os pacientes com hipertensão é a quarta condição médica mais frequente na clínica Odontológica. A hiperplasia gengival é muito frequente em pacientes que fazem uso de anti­hipertensivos – drogas bloqueadoras dos canais de cálcio, sendo a nifepidina a mais conhecida, com uma incidência que varia de 1,7% a 38%. Como forma de tratamento para esses casos, destaca­se a intervenção cirúrgica periodontal; todavia, esta não é definitiva, visto que o paciente continuará usando o medicamento. Portanto, a forma mais eficaz seria solicitar ao médico que o medicamento tenha a sua dose reduzida, se possível, ou que seja substituído por outro fármaco de classe diferente, desde que seja viável esta substituição. Outro efeito colateral que também é verificado com muita frequência em todas as classes de anti­hipertensivos é a xerostomia. Essa condição é responsável por outros diversos efeitos colaterais como o aumento da incidência de cáries, má adaptação de próteses, disgeusia (diminuição do paladar), sensação de queimação/ ardência bucal e a dificuldade de mastigação e deglutição. Portanto, como forma de evitar e/ou amenizar os efeitos provocados pela xerostomia induzida por drogas (por exemplo, as anti­hipertensivas), pode­se prescrever saliva artificial como o Salivan Spray (Carmelose Sódica), com aplicações várias vezes ao dia de acordo com a necessidade de cada paciente. Alternativamente, pode­se prescrever sialogogos como a pilocarpina (5 a 10 mg), 15 a 30 minutos antes das refeições. É importante orientar que o paciente faça ingestão de água com mais frequência ou masque chiclete sem açúcar para estimular a produção de saliva e que evite o uso de enxaguatórios com álcool, já que estes aumentam a sensação de boca seca além da forte ardência bucal. O uso de anestésicos locais com vasoconstritores não é contraindicado, desde que não sejam administrados mais de dois tubetes por atendimento clínico. Os anestésicos que possuam como vasoconstritores a norepinefrina e a levonordefrina devem ser evitados em pacientes hipertensos, pelo aumento significativo da pressão arterial que estas drogas causam. Quando são respeitados os princípios da técnica anestésica local (injeção lenta precedida de aspiração prévia) e as quantidades máximas de anestésicos por sessão, associados a vasoconstritores em concentrações mínimas — adrenalina 1:100.000 ou 1:200.000 ou ainda felipressina 0,03 UI/ml — o controle da dor é praticamente garantido e a resposta exagerada ao estresse é evitada. Quando houver uma contraindicação absoluta do uso de vasoconstritores, pode­se optar pelas soluções anestésicas à base de mepivacaína 3% sem vasoconstritor, que proporcionam uma anestesia pulpar de até 20 minutos nas injeções infiltrativas e de até 30 a 40 minutos nos bloqueios regionais. O controle do estresse e do medo da dor também deve ser considerado no atendimento odontológico, pois estes fatores aumentam a liberação de catecolaminas endógenas (epinefrina e norepinefrina) pelas glândulas suprarrenais, em níveis mais elevados do que a quantidade injetada via anestesia local. A quantidade liberada normalmente é de 7 μg/min de epinefrina e 1,5 μg/min de norepinefrina, todavia em virtude do estresse elevado pode ser liberado 280 μg/min de epinefrina e 56 μg/min de norepinefrina. Estes valores são 15 vezes maiores do que o conteúdo de um tubete de anestésico contendo epinefrina a 1:100.000 (18 μg). O cirurgião­dentista também deve ficar atento ao prescrever antiinflamatórios aos pacientes hipertensos, uma vez que estes medicamentos podem interferir no mecanismo de ação das drogas anti­hipertensivas. O uso de anti­inflamatórios seletivos para COX­2 é um exemplo disso, já que esse fármaco pode diminuir o efeito natriurético (eliminação de sódio pelos rins) da classe furosemida. A utilização de anti­inflamatórios não­esteroidais (AINEs) também pode diminuir a ação anti­hipertensiva dos beta bloqueadores (propanolol) e inibidores da enzima conversora de angiotensina (captopril) e ainda diuréticos (furosemida). No caso de pacientes com hipertensão, ainda que controlada, a expectativa de dor leve ou moderada pode ser tratada com AINEs do tipo paracetamol ou dipirona, por até 24 horas. Quando a expectativa de dor for de moderada a intensa pode-se prescrever AINEs do tipo diclofenaco de potássio ou naproxeno, por até 4 dias. De qualquer modo, é preciso discutir o caso com o cardiologista do paciente. É importante ressaltar a necessidade do cirurgião-dentista em conhecer as peculiaridades dos pacientes hipertensos e da doença em si, sendo a mesma assintomática na maioria dos usuários adultos, tendo sua detecção na ocasião da anamnese odontológica. A assistência odontológica é orientada em função da classificação da pressão arterial, tratamento, controle e possíveis complicações decorrentes. Classificação da pressão arterial em adultos A classificação em adultos pode ser sistematizada conforme quadro a seguir. Ótima Pressão sistólica (mmHg) < 120 Pressão diastólica (mmHg) < 80 Normal < 130 < 85 Limítrofe 130 ­ 139 85 ­ 89 Hipertensão estágio 1 140 ­ 159 90 ­ 99 Hipertensão estágio 2 160 ­ 179 100 ­ 109 Hipertensão estágio 3 > 180 > 110 Hipertensão sistólica isolada > 140 < 90 Classificação Quando as pressões sistólica e diastólica situam­se em categorias diferentes, a maior deve ser utilizada para classificação da pressão arterial * Limítrofe, pressão normal­alta ou pré­hipertensão são termos que se equivalem na leitura Onde: mmHg=milímetro de mercúrio Fonte: VI Dir Bras HAS, 2010 (1) A avaliação da hipertensão pelo cd para determinação da gravidade da doença é baseada nas informações obtidas na história médica: época da descoberta da doença, tratamento e controle, esquema terapêutico (tipo de medicamento e doses), alteração recente na medicação e registro da pressão arterial a cada consulta. (2) Recomendado atender apenas urgências odontológicas; considerar atendimento hospitalar; soluções anestésicas com Felipressina; realizar um método de sedação (oral ou inalatória); avaliar o risco de interação medicamentosa. Atenção aos sinais vitais; aspiração prévia e injeção lenta da solução anestésica; estar apto para realizar medidas de pronto atendimento no caso de emergências médicas. Evitar tratamentos de rotina; vasoconstritores como Epinefrina, Norepinefrina, Corbadrina e Fenilefrina; Anti-inflamatórios não esteroidais (AINES). (3) Recomendado soluções anestésicas com vasoconstritores (Epinefrina ou Felipressina); realizar um método de sedação (oral ou inalatória); avaliar o risco de interação medicamentosa. Atenção aos sinais vitais em todas as consultas; aspiração prévia e injeção lenta da solução anestésica; utilizar vasoconstritores em baixa concentração. Evitar vasoconstritores (Norepinefrina e Fenilefrina); Antiinflamatórios não esteroidais (AINES). Solicitar uma avaliação clínica médica (cirurgia). Quando necessário, estabelecer junto com o médico a condução do tratamento odontológico e a indicação de medicamentos. (3) Procedimentos não cirúrgicos e cirúrgicos simples executados normalmente em usuários com hipertensão leve; considerar o uso de sedativos juntamente com o médico, em cirurgias maiores; em casos de hipertensão moderada ou grave, mesmo controladas, interagir sempre com o médico assistente para definir a conduta para todos os procedimentos, baseando-se no custo-benefício e na necessidade individual de cada usuário para o uso de ansiolíticos. (4) Nenhum procedimento deve ser realizado; em caso de urgência, o tratamento deve ser conservador (antibióticos e/ou antiinflamatórios e/ou analgésicos). Crise hipertensiva É caracterizado pelo aumento súbito e severo da pressão arterial, acompanhado ou não de sintomas e sinais – sangramento intenso durante o procedimento odontológico, sangramento nasal (epistaxe), dor de cabeça, tontura, mal­estar, náusea, vômito, sonolência, visão turva, ansiedade extrema, hemiparesias – que põem em risco a integridade cardiovascular e a vida do usuário. Diante de uma crise hipertensiva, o protocolo de atendimento consiste em interromper imediatamente o procedimento, posicionar o paciente de forma confortável (normalmente semi­inclinado ou sentado). Em seguida, o CD deve aferir a pressão arterial e a frequência cardíaca do paciente, classificando a gravidade do episódio hipertensivo. A intervenção deve ser rápida e precisa, o que compete ao CD monitorar os sinais vitais (nível pressórico e frequência cardíaca) e, caso ocorra uma parada cardiorrespiratória, iniciar as manobras de Suporte Básico de Vida (SBV) e Ressuscitação Cardiopulmonar (RCP). Ressalta­se que a prescrição e administração de medicamentos anti­ hipertensivos, tanto por via oral como parenteral, é de competência do médico. Portanto, não é prudente o CD administrar este grupo de medicamentos no consultório odontológico, pois existe o risco de queda abrupta da PA com consequente hipoperfusão cerebral, o que agravaria a condição inicial do paciente, piorando o quadro. Caso o paciente tenha a recomendação médica e tenha a droga indicada, este poderá fazer a autoadministração do medicamento enquanto aguarda o socorro médico. 7.3.2 ANGINA PECTORIS A angina do peito ou angina pectoris é uma dor ou desconforto transitório localizado na região anterior ao tórax, percebido como uma sensação de pressão, aperto ou queimação, sendo tipicamente desencadeada ou agravada com atividade física ou estresse emocional. A dor, geralmente, não é bem localizada, pode ocorrer no centro do peito, costas, pecoço, queixo ou ombros. Classificação: * Angina estável: Dor em queimação ou constrição; Dor induzida por esforço ou estresse emocional; Dor de duração inferior a 5 minutos; Dor que cede com o repouso ou uso de nitratos; * Angina instável Dor de duração superior a 15 minutos; Dor que não cede com o uso de nitratos; Dor de surgimento recente (menos de 4 semanas); Dor crescente; Mudança das características da angina em pacientes com angina estável 7.3.2.1 PLANEJAMENTO DO TRATAMENTO ODONTOLÓGICO O atendimento de um indivíduo portador de angina ou qualquer comprometimento cardiovascular deve possuir um planejamento da consulta. Para isso, alguns métodos são adotados, como anamnese, avaliação dos sinais vitais, sessões curtas e acompanhamento multidisciplinar. Os objetivos principais da anamnese são detectar problemas, avaliar o paciente quanto ao seu atual estado de saúde geral e verificar quais fatores de risco associados ao comprometimento cardiovascular existente. Vida sedentária, obesidade, tensão psicossocial, história familiar de infarto agudo de miocárdio, fumo, hipertensão, diabetes e hiperlipidemia são considerados aspectos agravantes das coronariopatias. Outro fator importante no tratamento odontológico da angina é a duração da consulta, que deve ser curta. Além disso, a inclinação do encosto da cadeira deve ser menor, resultando em maior conforto ao paciente, já que o mesmo pode apresentar dificuldade respiratória na posição supina . A dor, ansiedade e medo sofridos levam a uma liberação de adrenalina endógena em quantidade maior do que a contida em um tubete anestésico. Daí a necessidade de realizar os procedimentos odontológicos da forma mais atraumática possível. 7.3.2.2 USO DE ANESTÉSICOS LOCAIS No plano de tratamento da maioria dos pacientes que requerem cuidados especiais, um assunto que ainda causa muita controvérsia diz respeito à escolha da solução anestésica local. Na maioria das vezes, o médico comunica ao cirurgião dentista sobre a impossibilidade de uso de agentes vasoconstritores. Isto acarreta certa indecisão ao profissional de odontologia. A adrenalina empregada na medicina é usada para comprometimento sistêmico e, por isso, sua dose é 0,5 a 1,0 mg, enquanto que um tubete anestésico com adrenalina a 1:100.000 contém apenas 0,018 mg, já que sua finalidade é local. O uso de vasoconstritores nas soluções anestésicas locais traz grandes vantagens para obtenção de uma anestesia eficaz. Pela vasoconstrição local provocada, ocorre um retardamento da absorção do anestésico local injetado, advindo às seguintes vantagens de sua utilização: 1) aumento da duração da anestesia; 2) aumento da profundidade da anestesia; 3) redução da toxicidade do anestésico; 4) utilização de menores volumes da solução anestésica; 5) diminuição do sangramento em procedimentos cirúrgicos. Portanto, a utilização de vasoconstritores, deve ser extremamente prudente com a análise de caso a caso. A lidocaína é protótipo de anestésico de duração intermediária, por isso sendo considerada como medicamento de referência com propriedades de valor terapêutico antiarrítmica, anticonvulsivante, anti­inflamatória e antimicrobiana. Quanto à escolha da solução anestésica local, deve­se levar em consideração o risco das interações medicamentosas indesejáveis, já que os cardiopatas normalmente fazem uso contínuo de medicamentos. Uma dessas drogas pode ser o propanolol, considerado um dos betabloqueadores não seletivos, este após a injeção intravascular rápida, pode interagir com o agente vasoconstritor noradrenalina e promover taquicardia e aumento brusco da pressão arterial sanguínea. Durante o atendimento odontológico de um indivíduo com comprometimento cardiovascular, o cirurgião dentista necessita monitorar as condições de pulso e pressão do paciente. Caso este sinta dor no peito, devem ser consideradas outras causas possíveis de dor. Quando ele tiver um histórico anterior de angina estável, existe uma maior possibilidade de a dor no peito ser um ataque de angina. Em caso de diagnóstico positivo para angina, o tratamento dentário deve ser suspenso, e o paciente precisa ser reclinado a 45° para que se verifique a sua pressão sanguínea. Se for observado que a pressão sistólica está menor do que 100, o paciente deve abaixar a cabeça. Além disso, deve­se tranquilizá­lo e administrar nitroglicerina via sublingual. A dor da angina deve aliviar em 3 a 5 min. Esses procedimentos podem ser repetidos duas vezes, em intervalos de 5 min. Se o paciente reclamar de dor de cabeça branda, isso sugere que foi administrada a dose terapêutica. Caso a dor no peito não alivie, há evidência de infarto do miocárdio ou de angina pré­infarto, e o paciente deve ser transportado imediatamente para o hospital. 7.3.3 ARRITMIAS CARDÍACAS É a falha de batimentos cardíacos, evidenciada em eletrocardiograma, que se apresentam como resultado de atividade elétrica atrial ou ventricular anormal, que podem produzir sintomas e franco comprometimento cardiovascular. Os sintomas mais comuns podem ser palpitações, tontura e instabilidade, dispneia, hipotensão e síncope. Recomenda­se verificar se o paciente utiliza propranolol, amiodarona ou verapamil, pois poderá haver interação medicamentosa com o vasoconstritor do anestésico. Quanto ao manejo clínico, para os procedimentos que exigem anestesia local, deve­se realizar a avaliação da pressão arterial (conforme protocolo no capítulo...) e da frequência cardíaca, que deve estar abaixo de 100 bpm. Existe a possibilidade de reavaliar este quadro após 30 minutos de descanso antes de contraindicar definitivamente o procedimento neste momento. Quanto à medicação, pode­se considerar o uso de benzodiazepínicos por via oral para o controle da ansiedade e profilaxia antibiótica conforme as indicações da Associação Americana do Coração. O uso de anestésico local com vasoconstritor pode ser utilizado, desde que haja cuidado para não haver acidente de injeção intravascular, pois as interações com os antiarrítmicos são importantes. 7.3.4 INFARTO AGUDO DO MIOCÁRDIO É uma cardiopatia isquêmica em que uma ou mais artérias sofrem obstrução, caracterizada por lesão irreversível do miocárdio resultante de isquemia prolongada do músculo cardíaco. O diagnóstico médico é feito com base na história clínica e exames complementares como o eletrocardiograma, cintilografia de perfusão, cateterismo e métodos bioquímicos, como a determinação dos níveis de creatinase­ MB e troponina. As manifestações clínicas mais prevalentes são dor toráxica intensa na região subesternal, com ou sem irradiação para o braço ou para a mandíbula. Também podem ocorrer falta de ar, palpitações, náusea, vômitos, sudorese aumentada e sensação de morte iminente. Uma das grandes controvérsias sobre o assunto é o período de espera após o infarto para se realizar cirurgias eletivas. Parâmetros tradicionais recomendam 6 meses para a execução de cirurgias dentais eletivas, fundamentado no fato que nesse período é elevada a ocorrência de arritmias e reinfarto quando são realizados procedimentos cirúrgicos. Também é o tempo mínimo necessário para ocorrer fibrose da área necrótica infartada e formação de circulação colateral para o miocárdio. A anamnese deve ser detalhada e deve abranger: o tempo decorrido desde o infarto, presença de algum tipo de cardiopatia prévia ou posterior ao infarto, sintomas como dor no peito, cansaço excessivo durante esforço físico, taquipneia, presença e freqüência de crises de angina pectoris e freqüência de acompanhamento médico. A avaliação de pressão arterial e freqüência cardíaca são imprescindíveis já na primeira consulta odontológica. Geralmente pacientes que tiveram infarto fazem uso de vários medicamentos, dentre eles anti­hipertensivos, anticoagulantes, anti­agregantes plaquetários e antiarrítmicos. É comum nos pacientes com histórico de infarto do miocárdio o uso crônico de ácido acetilsalicílico (AAS, Aspirina®) ou varfarina (Marevan®). O risco de formação de trombos e reinfarto ou AVC suplantaria o benefício do controle hemorrágico oferecido pela descontinuação do AAS e da varfarina. Na maioria dos casos, o uso de métodos hemostáticos locais são suficientes para o controle hemorrágico, mas para isso é necessário que provas de coagulação sejam realizadas previamente. Cirurgias odontológicas podem ser realizadas em pacientes com Índice Internacional de Normatização até 4 (valores normais de 1 a 2). Valores acima disso devem ser reduzidos pelo médico responsável. O manejo clínico dependerá do tempo decorrido após o infarto e da aferição da pressão arterial (Tabela 20). Tabela 20: Manejo clínico após infarto Intervalo de tempo Até 1 ano pós­ infarto Tratamento Procedimentos não cruentos e que não exigem anestesia local. Procedimentos cruentos (cirurgia oral menor) e que exigem anestesia local. Maior que 1 ano pós­infarto Procedimentos não cruentos e que não exigem anestesia local. Procedimentos cruentos Conduta Realizar cuidados básicos no atendimento. Adiar se possível Tratamento paliativo, se possível. Possibilidade de sedação complementar. Cirurgia de Urgência: medicação sistêmica. Realizar cuidados básicos no atendimento. Possibilidade de sedação (cirurgia oral menor) e que exigem anestesia local. PAS (mm Hg) < 140 141 a 179 > 180 complementar. Ajuste de medicações para o pré­operatório. (p. ex.: anti­agregante e anticoagulante) TABELA HAS – PRESSÃO ARTERIAL X CONDUTA PAD Conduta Odontológica Conduta Médica (mm Hg) < 90 Realizar o procedimento Não há 90 a 109 Solicitar avaliação médica Fazer o paciente conjunta chegar à meta > 110 Adiar a realização do Atendimento procedimento. Controlar a conforme o dor se houver, e encaminhar protocolo de para o médico. Manchester Obs. Quando os PAS e PAD situam­se em categorias diferentes, o maior deve ser utilizado. Em relação à necessidade de realização da profilaxia antibiótica, deve­se seguir as recomendações da Associação Americana do Coração (2007): Prótese cardíaca valvar (metálica ou biológica) Valvopatia Corrigida com material protético Endocardite infecciosa prévia Doença Cardíaca Congênita* *Doença Cardíaca Cianótica Congênita não corrigida *Doença Cardíaca Cianótica Congênita, corrigida com material protético *Doença Cardíaca Congênita, com correção incompleta, com lesão residual Pacientes transplantados, especialmente aqueles que desenvolveram valvopatias; *Exceto para as condições listadas acima, a profilaxia antibiótica não é recomendada para qualquer outra forma de cardiopatia congênita. Quanto ao uso de anestésico local, a anestesia deverá ser altamente eficaz e indolor, verificando a aspiração negativa durante a aplicação da solução anestésica. É considerado seguro o uso de lidocaína 2% com adrenalina 1:100.000 e prilocaína 3% com felipressina 0,03UI/ml, desde que respeitada a dose de 2 tubetes. Se for necessária a complementação, utilizar a mepivacaína 3% sem vasoconstritor. Se durante a cirurgia odontológica, o paciente se queixar de forte dor torácica, associada de sudorese, dispnéia e/ou taquicardia, deve­se imediatamente interromper o procedimento, colocar o paciente em posição semi­reclinada, administrar vasodilatador coronariano (Isordil®) sublingual com oxigênio. Se após 10 a 15 min ainda houver persistência de dor, repetir o Isordil®. Se os sintomas desaparecerem, encaminhar para avaliação médica. Caso os sintomas ainda persistirem, solicitar serviço médico de urgência. Além disso, preconiza­se realizar consultas preferencialmente curtas, com no máximo 30 min, evitando as primeiras horas da manhã (maior incidência de ataques cardíacos) e as últimas horas da tarde (o cansaço é maior) e manter a cadeira odontológica semi­reclinada (hipotensão ortostática). Se houver a necessidade de exodontias múltiplas, estas devem ser divididas em várias sessões. 7.4 PACIENTES COM TRATAMENTO QUIMIOTERÁPICO RADIOTERÁPICO OSTEOPOROSES 7.4.1 PACIENTES COM TRATAMENTO QUIMIOTERÁPICO/RADIOTERÁPICO O tratamento oncoterápico basicamente é dividido em cirurgia, quimioterapia e radioterapia. Estes tratamentos podem resultar em sequelas ou efeitos adversos para os pacientes. Estas sequelas podem até mesmo dificultar a continuidade da oncoterapia. O tratamento cirúrgico para o câncer é mutilante e a radioterapia pode causar mucosite, danos irreversíveis para as glândulas salivares, cárie de radiação e osteorradionecrose. A quimioterapia pode afetar o organismo local e sistemicamente. Em geral, pacientes oncológicos apresentam necessidades odontológicas significativas que implicam em atendimento prévio à oncoterapia. A maioria dos pacientes tem condições bucais precárias, doença periodontal avançada, próteses mal ajustadas e afecções associadas com negligência da higiene oral. Ambas, higiene oral inadequada e doenças dentárias pré­existentes, são os fatores de risco bucais mais comuns para complicações orais advindas do tratamento oncológico. No Brasil, a estimativa para o ano de 2016, que será válida também para o ano de 2017, aponta para a ocorrência de aproximadamente 596 mil casos novos de câncer, reforçando a magnitude do problema do câncer no país, sendo que, para a região Norte, serão 21.490 casos. No Estado do Amazonas, 5.270 novos casos e no Município de Manaus, 3.860 novos casos. Pesquisa realizada no Hospital Universitário de Brasília avaliou as condições bucais dos pacientes portadores de neoplasias malignas em tratamento. Ao exame clínico odontológico, a totalidade da amostra indicou a necessidade de intervenção odontológica, configurando um fator de risco adicional para o aparecimento de sequelas do tratamento oncológico. A mucosite e xerostomia foram as sequelas de maior frequência entre os pacientes avaliados. Ambas interferem de forma negativa na qualidade de vida dos pacientes. Adicionalmente, a mucosite em graus mais avançados pode até mesmo interromper o tratamento oncológico. TRATAMENTO ODONTOLÓGICO DAS COMPLICAÇÕES ORAIS DURANTE O TRATAMENTO ANTINEOPLÁSICO HEMORRAGIA De todas as complicações, a hemorragia é a mais previsível e passível de ser prevenida. Assim, o cirurgião­dentista deve informar­se da contagem de plaquetas do paciente antes de qualquer intervenção cirúrgica, pois uma contagem menor ou igual a 75.000 plaquetas/mm3 facilita o estabelecimento de hemorragia. Intervenções eletivas de qualquer tipo devem ser evitadas, enquanto os exames exibirem esses valores. Na evidência de trombocitopenia inferior a 40.000 plaquetas e da necessidade de intervenção cirúrgica, a equipe médica deve ser contatada para transfusão de concentrado de plaquetas. INFECÇÃO A exacerbação de infecção preexistente na cavidade bucal, de origem endodôntica ou periodontal, que não foi eliminada, pode ser a origem de infecção local ou sistêmica. O tratamento da infecção bacteriana é feito de forma empírica, com antibióticos específicos para microbiota local ou de acordo com o resultado da hemocultura. As infecções herpéticas são as lesões virais mais comuns em pacientes com neoplasia maligna. Deve ser tratada de forma sistêmica com Aciclovir (30mg/kg/dia, divididas em três tomadas) e ou laser de baixa potência. A aplicação de Aciclovir tópico 4/4 horas, durante 7 dias, com omissão da dose noturna, também é recomendada. A candidíase constitui uma das infecções fúngicas oportunistas mais comuns em pacientes pediátricos oncológicos. Diversos fatores contribuem para a instalação e o desenvolvimento de processos infecciosos por espécies de Cândida, entre eles, a mielossupressão, o comprometimento do fluxo salivar e as injúrias à mucosa, bem como as lesões de mucosite. Em pacientes neutropênicos, a candidíase bucal pode causar infecção sistêmica, utilizando como porta de entrada as lesões ulcerativas da mucosa ou pelo comprometimento do trato gastrointestinal. Para o tratamento da candidíase, recomenda­se suspensão oral de nistatina, cinco vezes ao dia e bochecho com 5 ml da solução durante 15 dias, sendo necessária a permanência do tratamento por mais 7 dias, mesmo após o desaparecimento das lesões. Nos casos de queilite angular, deve­se aplicar, nas comissuras labiais, nistatina em creme cinco vezes ao dia, durante 15 dias, sendo necessária a permanência do tratamento por mais uma semana após o desaparecimento das lesões. MUCOSITE ORAL A mucosite oral pode ser definida como uma modificação na cavidade bucal que o paciente desenvolve durante a terapia antineoplásica, acometendo cerca de 40% dos pacientes pediátricos que são submetidos ao tratamento quimioterápico. De etiologia multifatorial, a mucosite pode ser causada diretamente pelo efeito citotóxico dos agentes quimioterápicos e da radioterapia, ou indiretamente pela neutropenia. A OMS criou um sistema de gradação para as mucosites e reações das outras mucosas do trato digestivo, baseado na sintomatologia. De acordo com esse sistema, as mucosites podem ser graduadas de 0 a IV. O grau 0 é conferido quando a mucosite oral não acontece e grau IV aqueles casos mais severos, nos quais as lesões são tão intensas que se fazem necessárias a alimentação enteral ou parenteral e a suspensão do tratamento até que o paciente se recupere. Para o tratamento da mucosite oral grau I, recomenda­se bochechos com hidróxido de alumínio 10%, suspensão oral, sabor não ácido, cinco vezes ao dia, durante 7 dias. Nos casos de mucosite oral grau II, III ou IV, além do tratamento prescrito para o grau I, acrescenta­se bochechos com dexametasona (5 ml) de 8/8 horas, durante 7 dias, alternados aos bochechos com eritromicina (250 mg/5 ml) de 8/8 horas, durante 7 dias. Após a observação clínica de 7 dias, ao se verificar a presença para candidíase, aplicar o protocolo de candidíase. A laserterapia também tem sido utilizada tanto na prevenção, quanto no tratamento da mucosite. TRATAMENTO ODONTOLÓGICO DAS COMPLICAÇÕES ORAIS TARDIAS CÁRIE DE RADIAÇÃO A cárie de radiação aparece geralmente entre dois meses e um ano após o início do tratamento radioterápico, caracterizando­se por localizar­se ao redor das margens cervicais dos dentes. Seus principais fatores etiológicos consistem de pobre higiene bucal, devido à dificuldade que o paciente apresenta para se alimentar, em consequência da mucosite oral, associada à dieta mais cariogênica. Cuidados especiais com a higiene bucal, avaliações odontológicas periódicas e aplicação de flúor diário são medidas que devem ser instituídas aos pacientes para prevenir a cárie de radiação. O tratamento de lesões de cárie de radiação consiste na aplicação de cariostáticos ou na remoção do tecido cariado com curetas, evitando o uso da caneta de alta rotação. Os dentes podem ser restaurados com ionômero de vidro. Bochechos diários de fluoreto de sódio não acidulado a 0,05%, com um minuto de duração, indefinidamente, são preconizados. Géis de flúor acidulado não devem ser prescritos, pois estes podem facilitar a descalcificação do esmalte sem que ocorra remineralização, devido à hipossalivação instalada. OSTEORRADIONECROSE A osteorradionecrose resulta da não­cicatrização do osso e de sua morte, porém nem sempre ocorre infecção. Embora alguns casos envolvam a maxila, a mandíbula é afetada mais frequentemente. Dor intratável, perfuração da cortical, formação de fístula, ulceração superficial e fratura patológica podem ocorrer. A necrose óssea está diretamente ligada à dosagem da radiação, embora o volume de osso irradiado e a proximidade da dose máxima exerçam ambos o seu efeito. O risco de necrose óssea aumenta na presença de dentes em mal estado de conservação, trauma ósseo, doença periodontal e quimioterapia combinada. A exodontia, conhecido fator de risco para osteorradionecrose, deve ser evitada após a radioterapia. Anteriormente, os cirurgiões­dentistas adiavam as extrações para seis meses após a conclusão do tratamento, na esperança de que a revascularização diminuísse as complicações. Porém, não acontece a revascularização da região e a espera não é benéfica, pois o suprimento sanguíneo diminui com o tempo. A osteorradionecrose espontânea pode ocorrer sem uma causa evidente. A dor não é um sintoma comum; se presente, pode geralmente ser controlada com analgésicos e também com anestésicos tópicos que podem ser aplicados com cotonetes. Antibióticos frequentemente reduzem a infecção e o desconforto em poucos dias e devem ser usados por 2 a 3 semanas. Oxigênio hiperbárico com antibioticoterapia e debridamento local auxiliam na cicatrização. Ressecção mandibular deve ser reservada como último recurso para o paciente com dor intratável, recorrência de infecções severas, ou trismo. XEROSTOMIA A xerostomia é uma das sequelas mais frequentes e é definida como uma condição clínica caracterizada pelas reduções qualitativa e quantitativa do fluxo salivar. Quando a radioterapia é aplicada sobre as glândulas salivares, e principalmente se a parótida estiver incluída na área irradiada, observa­se que a produção de saliva torna­se comprometida. Há influência nos seguintes fatores salivares: na capacidade tampão, o que aumenta os níveis de desmineralização; na quantidade de mucina, o que deixa a mucosa desprovida de sua proteção contra traumas e desidratação; e na sua propriedade lubrificante, dificultando a formação e a deglutição do bolo alimentar. Também interfere na fonação e na retenção de próteses, além de trazer a sensação de queimação na boca, alterações na sensibilidade gustativa e halitose. Medidas paliativas são sugeridas para aliviar os sintomas da xerostomia radioinduzida ­ tais como uso de flúor tópico, para prevenção de cáries, substitutos da saliva (saliva artificial), aumento da ingestão de água e uso de sialogogos ­ para melhorar a função salivar e diminuir o desconforto bucal. 7.4.2 OSTEOPOROSES A osteoporose é uma doença osteometabólica caracterizada por taxa de reabsorção óssea maior que a de formação, ocorrendo perda de massa óssea e deterioração da microarquitetura com consequente fragilidade óssea e suscetibilidade à fraturas. Consequentemente também se associa à perda óssea periodontal e perdas dentárias. Afeta primariamente mulheres, mas homens também podem ser afetados. A osteoporose e a doença periodontal compartilham vários fatores de risco em comum, como por exemplo, idade avançada, tabagismo e dieta pobre em cálcio e vitamina D. MANIFESTAÇÕES BUCAIS : Os efeitos da osteoporose na cavidade bucal são representados pela redução do rebordo alveolar; diminuição da massa e densidade óssea maxilar e edentulismo confirmado. São também relatadas, diminuição da espessura óssea cortical, representada pelo aumento da porosidade cortical da mandíbula, à medida que aumenta a idade, com afilamentos na mandíbula e reabsorção na cortical inferior, visíveis nas radiografias panorâmicas, além de alterações periodontais, configurando a presença desta doença óssea como indicador de risco que contribuiria para a progressão da doença periodontal. Muitos sinais clínicos e radiográficos sugerem a existência de osteoporose, como quantidade de dentes presentes, doença periodontal progressiva, reabsorção do osso alveolar, reabsorção endosteal do córtex inferior mandibular e pequena espessura da cortical mandibular, observada em radiografias panorâmicas. MEDICAÇÕES: Os bisfosfonatos (por exemplo: alendronato, pamidronato e o ácido zolendrônico) acarretam o aumento da densidade óssea, deixando o osso mais compacto, diminuindo a vascularização e diminuindo a celularidade, podendo levar à osteonecrose. MANEJO CLÍNICO : Está contraindicado todo tipo de atendimento odontológico CRUENTO (exodontias, endodontias e raspagens periodontais) para os usuários que fazem uso dos medicamentos bisfosfonados pelo alto risco de ocorrer a osteonecrose. Deve­se realizar procedimentos conservadores, como regra geral, para todas as pessoas com osteoporose, para não causar maiores perdas ósseas. PROFILAXIA ANTIBIÓTICA: Não está indicada a profilaxia antibiótica unicamente pelo paciente apresentar osteoporose. USO DE ANESTÉSICO LOCAL COM VASOCONSTRITOR: Pode ser utilizado, desde que não haja outras comorbidades associadas, como cardiopatias. 7.5 HANSENÍASE A hanseníase é uma doença crônica dermatoneurológica de notificação compulsória em todo o território nacional, proveniente de infecção produzida pelo Mycobacterium leprae, apresenta alta infectividade e baixa patogenicidade. É considerada uma doença estigmatizada historicamente, revestida de preconceitos que interferem na dignidade do paciente. Acomete cerca de 10 a 12 milhões de pessoas no mundo. Afeta principalmente pele, nervos periféricos e membranas mucosas. As vias aéreas superiores são a porta de entrada mais importante para o bacilo e a fonte principal para a eliminação bacilar na hanseníase. A mucosa bucal parece ser o segundo principal sítio de infecção e transmissão da M. leprae, com fundamental papel na transmissão da hanseníase de adultos para crianças. A transmissão ocorre de forma direta de uma pessoa contaminada e não tratada para outra. No entanto, somente uma pequena parcela da população que entra em contato com a bactéria desenvolve a doença, que depende da duração de convívio com o infectado, severidade da infecção e grau de resistência do organismo. Os principais sinais da doença são lesões hipopigmentadas e hipossensíveis em pele. A face é um local comum de acometimento da doença, podendo ocorrer atrofia da espinha nasal anterior e do processo alveolar da maxila, bem como alterações inflamatórias nasais, levando a um processo denominado “fácies leonina”. Epistaxe, alargamento do nariz e perda do olfato também podem ser observados. O colapso da ponte nasal é considerado patognomônico. A boca também pode ser afetada, contudo resultados percentuais variáveis têm sido identificados quanto à prevalência das lesões na boca. As manifestações nasais podem preceder, em alguns casos, as lesões de pele e mucosa bucal. Os principais sítios de Hanseníase na boca incluem gengiva na porção anterior da maxila, palato duro e mole, úvula e língua. No entanto, nenhuma lesão bucal é patognomônica para hanseníase. O grau de envolvimento do palato está relacionado à duração da doença, sendo que as lesões proeminentes e maduras e as localizadas na úvula caracterizam estágio mais avançado da hanseníase. Na língua, apresentam­se principalmente na porção anterior do dorso e base por serem regiões localizadas mais distalmente, portanto mais frias. Clinicamente estas lesões apresentam­se como nódulos que necrosam e ulceram, geralmente assintomáticos, contudo, o envolvimento lingual pode ser sintomático. Reações hansênicas são alterações do sistema imunológico, exteriorizadas como manifestações agudas e subagudas, mais frequentes nos casos multibacilares. Elas são caracterizadas por períodos de inflamação aguda no curso de uma doença crônica, capazes de afetar os nervos. Infecções, distúrbios hormonais e motivações emocionais são apontados como fatores desencadeantes dessas reações. As infecções odontológicas também podem estar relacionadas a episódios de reações hansênicas. Nos casos mais graves de hanseníase, é frequente o aparecimento de lesões bucais, sendo pouco comuns na forma paucibacilar. Para o tipo multibacilar, é descrita predisposição a cárie, gengivite e periodontite com perda do osso alveolar e, conseqüentemente, perda dental, iniciada pela crista óssea interincisal da maxila. O tratamento baseia­se no esquema poliquimioterápico (PQT) preconizado pela OMS e pode durar de seis meses a dois anos. As substâncias mais utilizadas em todo mundo no combate à hanseníase são: Rifampicina, Isocianamida, Prothionamida, Dapsona, Etambutol e Clofazimina. Após seis semanas de uso da medicação, o paciente deixa de ser contagiante. A efetividade do tratamento depende do diagnóstico precoce, quando sequelas podem ser evitadas. As principais sequelas são “fáscies leonina”, mãos em garra, amputação dos dedos das mãos e pés, amputação dos pés ou pernas. A presença dessas deformidades indica diagnóstico tardio e/ou tratamento inadequado. As mãos em garra e amputações dos dedos das mãos são as deformidades que interferem diretamente na saúde bucal pois o paciente pode apresentar dificuldades para realizar uma adequada higiene bucal. O paciente infectado com doença ativa pode frequentar o consultório odontológico. O cirurgião­dentista deve direcionar sua anamnese para a identificação das manifestações da Hanseníase, bem como pesquisar no seu exame físico extra e intra bucal lesões ou sequelas que possam ser indicativas desta doença. 7.6 Tuberculose A tuberculose (TB) é uma doença infecciosa causada pelo bacilo de Koch ou Mycobacterium tuberculosis. Pode acometer vários órgãos, como os gânglios linfáticos, rins, ossos e meninges, mas os mais comumente atingidos são os pulmões. O principal sintoma é a tosse por tempo prolongado, geralmente superior a três semanas, que pode vir acompanhada de febre baixa e vespertina, falta de apetite, perda de peso, sudorese noturna, cansaço, dor no peito e escarro com sangue. Nos casos mais vulneráveis o tempo de tosse pode ser reduzido para duas semanas (População Privada de Liberdade, População em Situação de Rua, Indígenas, profissionais de saúde) ou até nem ser considerado no caso de contatos de casos de TB. A Tuberculose tem relação direta com a miséria e com a exclusão social. No Brasil, ela é uma doença que afeta, principalmente, as periferias urbanas e favelas e, geralmente, está associada às más condições de moradia e de alimentação, à falta de saneamento básico, ao abuso de álcool, tabaco e de outras drogas. A taxa de incidência no Brasil, em 2001, foi de 42,8 casos para cada grupo de 100 mil habitantes e caiu para 36,0 no ano de 2011, o que significa uma queda de 15,9 pontos percentuais na última década. Embora a região Sudeste concentre o maior número de casos de tuberculose, a região Norte apresentou as maiores taxas de incidência em todos os anos analisados. Em 2011, os estados do Amazonas (62,6) e Rio de Janeiro (57,6) apresentaram as maiores taxa de incidência do país, enquanto Goiás (13,6) e Distrito Federal (11,1) as menores. Aproximadamente, 66% dos casos de tuberculose notificados são do sexo masculino. Para os homens, a doença é mais frequente na faixa etária entre 25 a 34 anos e a maior taxa de incidência ocorre na faixa entre 45 a 54 anos de idade. Para o sexo feminino, tanto o volume de casos quanto a taxa de incidência são maiores entre os 25 e 34 anos de idade. A taxa de mortalidade no Brasil, em 2001, foi de 3,1 óbitos para cada grupo de 100 mil habitantes e foi reduzida para 2,4 em 2010, uma queda de 22,6% nos últimos 10 anos. Embora a região Sudeste concentre o maior número de óbitos por tuberculose, a região Nordeste apresentou as maiores taxas de mortalidade em todos os anos analisados. Ainda permanece como desafio para o Brasil alcançar a meta de redução da incidência da tuberculose. Em 2010, entre os casos novos de tuberculose notificados no SINAN (Sistema de Informação de Agravos de Notificação), cerca de 10% apresentavam coinfecção TB/HIV. A tuberculose representa a primeira causa de morte em pacientes com Aids no Brasil. Pacientes que possuem coinfecção TB/HIV têm maior probabilidade de apresentar um desfecho desfavorável ao tratamento da tuberculose. Somando­se as vulnerabilidades citadas, a condição determinante para a tuberculose, comprovada cientificamente, é a pobreza. Além da ocorrência da doença, essa vulnerabilidade influencia diretamente todo o curso do tratamento do usuário do sistema. A inclusão da tuberculose no Plano Brasil Sem Miséria, do governo federal, é a maneira de se articular com outros setores para o enfrentamento da doença, considerando seus aspectos socioambientais e econômicos. Sua transmissão geralmente ocorre pela disseminação de aerossóis de gotículas contendo o bacilo. A tuberculose pode ser primária ou secundária. As lesões orais causadas pela tuberculose geralmente ocorrem na infecção secundária, porém não são frequentes. Podem ser lesões granulomatosas, nodulares, ulceradas ou uma lesão leucoplásica, geralmente são lineares e indolores, mas podem apresentar um centro purulento. Acometem gengiva, lábios, amígdalas, alvéolos dentários e palato mole, mais frequentemente, e também podem aparecer no canto da boca. A biópsia é necessária para diagnóstico definitivo de lesões bucais causadas por tuberculose. A forma primária ocorre quando o paciente afetado, comumente uma criança, não foi previamente exposto ao agente infeccioso e pode se manifestar de forma aguda e grave ou insidiosa e lenta. A forma secundária ou pós­primária da tuberculose em geral é mais tardia e normalmente decorre de uma infecção pré­ existente, com a reativação do Mycobacterium tuberculosis consequente à imunossupressão. Os sintomas incluem irritação, febre baixa, sudorese noturna e exame físico inexpressivo nas fases iniciais da doença. As manifestações orais da tuberculose são raras e constituem menos de 1% de todos os casos da doença que atingem a região da cabeça e pescoço, mesmo que frequentemente associada aos pacientes HIV positivos, também pode acometer indivíduos com sorologia negativa. Mesmo que incomum, a tuberculose deve ser incluída entre os diagnósticos diferenciais das lesões ulcerativas crônicas da mucosa oral. Na língua, apresenta­se como uma ulceração irregular no dorso, geralmente dolorosa, superficial ou profunda, de fundo granuloso, que aumenta lentamente e que não cicatriza. A manifestação oral da forma pós­primária pode surgir em todas as idades, sendo mais comum em indivíduos mais velhos, e vista, geralmente, como uma lesão ulcerada em palato, lábios ou língua. É possível que a autoinoculação pelo contato da mucosa oral descontínua com o escarro infectado em pacientes com tuberculose pulmonar promova o aparecimento das lesões. Além da forma usual de lesão ulcerativa crônica da mucosa, as manifestações orais também podem manifestar­se como granulomas, osteomielite tuberculosa, tuberculose das glândulas salivares e leucoplasias. A tuberculose, em sua fase ativa, é altamente contagiosa. Dessa forma, o cirurgião dentista deve possuir conhecimento básico do curso da doença para ser capaz de identificar infectados e diferenciar os estágios de infecção. Assim, poderá conduzir de modo seguro o tratamento odontológico, além de orientar e educar sua equipe de trabalho. A sua identificação é fundamental não só para o doente, mas também para a equipe odontológica que o atende e para a comunidade, visto que o paciente é uma potencial fonte de contaminação e, portanto, medidas de proteção devem ser estabelecidas. Doenças debilitantes, como a tuberculose, podem predispor à doença periodontal por diminuírem a resistência tissular a irritantes locais e criar uma tendência para a reabsorção do osso alveolar. O tratamento odontológico eletivo para pacientes com tuberculose deve ser adiado até que o paciente seja declarado não infeccioso por um médico. O atendimento odontológico de urgência para uma pessoa com TB ativa ou suspeita deve ser fornecido em uma instalação que tem a capacidade de isolamento de infecção transmitida pelo ar e um programa de proteção respiratória no local. Se possível, realizar o atendimento com portas e janelas abertas e deixar a sala assim por um período de até 30 minutos, com o objetivo de permitir a troca do ar e a incidência de luz solar. Na biossegurança odontológica para pacientes com TB associada à AIDS, não há regras diferente dos pacientes não infectados por ambas as doenças. Devem­se tratar todos os pacientes como infectados, já que, as estatísticas de contaminação pelas hepatites virais, HIV e pela tuberculose entre trabalhadores da saúde após acidentes são escassas, sendo indispensável o uso dos EPI. As drogas mais utilizadas no tratamento da tuberculose são: rifampicina, isoniazida, etionamida, estreptomicina, amicacina, terizidona e clofazimina. O esquema de tratamento básico para adultos e adolescentes, preconizado pelo Ministério da Saúde, é o seguinte: R (Rifampicina) – H (Isoniazida) – Z (Pirazinamida) – E (Etambutol). Fonte: Ministério da Saúde. Manual de recomendações para o controle da tuberculose no Brasil. Brasília, 2011 Indicações: ­ Casos novos* de todas as formas de tuberculose pulmonar e extrapulmonar (exceto meningoencefalite) infectados ou não pelo HIV. * caso novo ­ paciente que nunca usou ou usou por menos de 30 dias medicamentos antituberculose. ­ Retratamento: recidiva (independentemente do tempo decorrido do primeiro episódio) ou retorno após abandono com doença ativa. Preconiza­se a solicitação de cultura, identificação e teste de sensibilidade em todos os casos de retratamento. Recomenda­se a solicitação de cultura, identificação e teste de sensibilidade (TS) para todos os casos com baciloscopia positiva ao final do segundo mês de tratamento. De acordo com o resultado do TS será identificada a possível resistência aos fármacos e mudança do esquema será avaliada na unidade de referência. Até o retorno e avaliação do TS deverá ser mantido o esquema inicial. CONDUTA DURANTE O ATENDIMENTO ODONTOLÓGICO: A tuberculose pode ser contraída pelos profissionais da área odontológica a partir de um paciente que esteja em fase de contágio. É muito importante realizar um questionário de saúde minucioso, posteriormente assinado pelo paciente ou seu responsável, atentando­se para as drogas usadas na terapia contra tuberculose e seus efeitos colaterais para poder cuidar integralmente de seu paciente (Tabela 21). Muitos pacientes infectados podem não ser identificados pelo histórico ou exame físico, portanto todos os pacientes devem ser abordados com o uso de precauções padrão. Os pacientes com tuberculose ativa escarro­positivo (bacilífero) devem ser encaminhados para consulta com um médico clínico antes de iniciar o tratamento odontológico que deve ser limitado a cuidados emergenciais para pacientes com mais de 6 anos de idade e deve ser executado no hospital, com isolamento apropriado, esterilização, máscaras, luvas, avental e ventilação. Para pacientes menores de 6 anos de idade, trate como um paciente de rotina (não­infeccioso) após consultar um médico clínico. Para pacientes produzindo estavelmente escarro negativo após submeter­se pelo menos 2 a 3 semanas de quimioterapia, trate como um paciente normal. Pacientes com história anterior de tuberculose devem ser abordados com cuidado; obtenha uma boa história da doença e do seu tratamento e caso haja alguma dúvida sobre o tratamento realizado, falta de supervisão médica apropriada desde o reestabelecimento ou sinais e sintomas de recidiva, o tratamento odontológico deve ser adiado e o paciente encaminhado para consulta com um médico clínico. Pacientes com conversão positiva recente para o teste cutâneo da tuberculina (derivado de proteína purificada [PPD]) devem ser avaliados por um médico clínico para excluir a doença clínica assim como os pacientes com sinais e sintomas de tuberculose. Em ambos os casos, o tratamento odontológico deve ser adiado. Se o paciente estiver livre de doença clínica, o mesmo deve ser tratado como um paciente de rotina. Tabela 21: INTERAÇÕES MEDICAMENTOSAS COM DROGAS ANTI-TB Fonte: Normas para o diagnóstico, tratamento e prevenção da tuberculose. – São Paulo: Hospital das Clínicas FMUSP, 2006. 7.7 COAGULOPATIAS HEREDITARIAS As coagulopatias hereditárias são doenças hemorrágicas resultantes da deficiência quantitativa e/ou qualitativa de uma ou mais das proteínas plasmáticas (fatores) da coagulação. Têm como característica comum a redução da formação de trombina, fator essencial para a coagulação do sangue. Pacientes acometidos por coagulopatias hereditárias podem apresentar sangramentos de gravidade variável, espontâneos ou pós­traumáticos, presentes ao nascimento ou diagnosticados ocasionalmente. No entanto, as coagulopatias hereditárias apresentam herança genética, quadro clínico e laboratorial distintos entre si. Sob um critério estritamente etiológico, as coagulopatias hereditárias podem ser classificadas de acordo com as seguintes deficiências de fator: ­ Deficiência de fibrinogênio (fator I), que se subdivide em: Afibrinogenemia Hipofibrinogenemia Disfibrinogenemia ­ Deficiência de protrombina (fator II) ­ Deficiência de fator V ­ Deficiência de fator VII ­ Deficiência de fator VIII ­ Hemofilia A ­ Deficiência de fator IX ­ Hemofilia B ­ Deficiência de fator X ­ Deficiência de fator XI ­ Deficiência de fator XII ­ Deficiência do fator estabilizador da fibrina (fator XIII) ­ Doença Von Willebrand HEMOFILIAS E DOENÇA DE VON WILLEBRAND Entre as coagulopatias hereditárias, as mais comuns são a hemofilia e a doença de Von Willebrand (DVW). A hemofilia é uma doença hereditária ligada ao cromossomo X, caracterizada laboratorialmente pela deficiência dos fatores VIII (hemofilia A) ou IX (hemofilia B) da coagulação. Também é chamada "Doença dos Sangradores", "Doença dos Reis", ou ainda, "Enfermidade Azul".É uma enfermidade sangüínea caracterizada pelo tempo de coagulação prolongado e tendência hemorrágica causado pela deficiência ou inativação pelo Fator VIII ou IX. São classificadas de acordo com o nível de atividade coagulante do fatorVIII (FVIII:C), sendo o nível normal definido como 1 UI/ml de FVIII:C (100%). Segundo consenso recente da International Societyof Thrombosis and Haemostasis, recomenda­se classificar os pacientes como: CLASSIFICAÇÃO DAS COAGULOPATIAS GRAVES FVIII:C inferior a 1 % do normal ou < 0.01 IU/ml MODERADAS FVIII:C entre 1 %­5% do normal ou 0.01 ­0.05IU/ml LEVES FVIII:C> 5%­<40% do normal ou > 0.05 ­<0.40 IU/ml Fonte: BRASIL, Ministério da saúde. Manualde tratamento Coagulopatias Hereditárias.Brasilía 2005. A hemofilia A é 4 vezes mais prevalente que a hemofilia B, ocorrendo em cerca de 1:10.000 homens. Caracteriza­se clinicamente por sangramentos prolongados, principalmente em musculatura profunda (hematomas), em articulações (hemartroses) e, após procedimentos cirúrgicos, principalmente em cavidade bucal. São considerados basicamente dois tipos de hemofilia: ­ Hemofilia A (Hemofilia Clássica) ­ caracterizada pela deficiência do Fator VIII; ­ Hemofilia B (Hemofilia de Christmas) ­caracterizada pela deficiência do Fator IX. Os hemofílicos apresentam sangramento persistente em consequência do mais leve traumatismo, produzido por abrasões ou cortes significativos. As manifestações clínicas são: epistaxes, hematúria, sangramento retroperitoneal, complicações neurológicas e vasculares, hemorragias oculares internas e hemartroses. Hemorragias provenientes de vários pontos da cavidade bucal são um achado comum da hemofilia, a hemorragia gengival pode ser intensa e prolongada. Até mesmo os processos fisiológicos da erupção e esfoliação dentária podem ser acompanhados de hemorragia grave prolongada. As estomatorragias estão inteiramente na dependência de algum trauma e podem se constituir nos primeiros sintomas denunciadores da afecção. O hemofílico é um paciente que requer cuidados especiais, pois qualquer tipo de agressão poderá se tornar uma ameaça à sua vida. Antes de qualquer tratamento odontológico em um hemofílico, é imprescindível que o dentista entre em contato com o médico hematologista . Isto pode ser feito através de uma carta onde o cirurgião­dentista discrimina os procedimentos que serão realizados e solicita avaliação médica e a preparação prévia (compensação) do paciente Atualmente, os recursos modernos laboratoriais, hospitalares, testes mais apurados e cuidados com transfusão sangüínea permitem ao hemofílico uma sobrevida maior.Dependendo do grau de expressividade da doença o hemofílico pode ser atendido pelo cirurgião­dentista no consultório, ambulatório ou ambiente hospitalar, desde que haja uma conduta coerente. Para que haja sucesso no tratamento odontológico de um hemofílico, é fundamental que o profissional tenha conhecimento da patologia, sabendo quais são os fatores envolvidos, os riscos da hemofilia, o processo de hemostasia, as complicações e como proceder diante delas. Este sucesso dependerá também de uma integração multiprofissional a fim de que o maior beneficiado seja o paciente hemofílico. A DVW é outra coagulopatia de grande incidência populacional. Écaracterizada pela deficiência qualitativa e/ou quantitativa do fator Von Willebrand (FVW), que é uma proteína que facilita a adesão da plaqueta ao endotélio. Ela é também carreadora do fator VIII no plasma, protegendo­o da destruição prematura por proteases plasmáticas. A DVW é a mais comum das coagulopatias hereditárias, sendo transmitida com mais frequência por herança autossômica dominante, podendo, entretanto, ter expressão fenotípica variável. Uma das formas de apresentação mais comuns da DVW é o sangramento cutâneo­ mucoso (gengivorragias, epistaxes, etc.), podendo, em sua forma mais grave (tipo 3), se assemelhar a hemofilia grave, com hemartroses e hematomas. A profilaxia e o tratamento dos episódios hemorrágicos nos pacientes com coagulopatias são realizados mediante a reposição dos fatores de coagulação que se encontram ausentes ou diminuídos. Nos pacientes acometidos pela DVW, o tratamento requer a infusão de concentrado de fator rico em FVW ou por meio da harmonia sintético derivado da desmopressina (DDAVP). O DDAVP aumenta os níveis plasmáticos do FVW mediante a sua liberação dos reservatórios das células endoteliais da parede vascular e grânulos α plaquetários. O DDAVP é indicado para o tratamento de episódios hemorrágicos de algumas formas da DVW e da hemofilia leve. Pacientes portadores de coagulopatias hereditárias, tais como a hemofilia e a DVW, apresentam alto risco de sangramento na cavidade bucal, principalmente após procedimentos cirúrgicos ou traumas mucosos. Até recentemente, para fins de profilaxia e/ou tratamento dos episódios de sangramento de origem odontológica, vários especialistas recomendavam o uso da terapia de reposição com fatores de coagulação. Entretanto, devido ao maior acesso desses pacientes ao atendimento odontológico especializado e com o desenvolvimento de técnicas que propiciam uma melhor hemostasia local, a literatura tem demonstrado que o tratamento odontológico dos pacientes com coagulopatias pode ser, muitas vezes, realizado sem o tratamento de reposição com os fatores de coagulação, sendo este reservado para o tratamento de procedimentos mais invasivos. Pacientes com esse tipo de coagulopatia podem e devem ser submetidos a procedimentos odontológicos. É necessário que seja feita uma anamnese cuidadosa e um elaborado plano de tratamento em conjunto com o hematologista, para que o paciente seja atendido com maior segurança e conforto possíveis. ANGIOEDEMA HEREDITARIO O Angioedema Hereditário (AEH) é uma doença genética causada pela deficiência de uma proteína chamada Inibidor de C1­esterase(C1­INH). Essa proteína normalmente ajuda oorganismo a combater infecções e a controlara coagulação do sangue e sangramentos. No paciente comangiodema, a deficiência de C1­INH causa um aumento da liberação debradicinina, ocorrendo vasodilatação, levando à formação do edema nos tecidos vizinhos aovaso dilatado. As crises possuem caráter agudo, recorrentes e espontâneos de edema (inchaço) da pele. Os sítios geralmente acometidos são as extremidades corpóreas, ou seja, mãos, pés, braços, pernas, coxas, face e genitais, bem como as membranas internas como aparelho digestivo, laringe e garganta. E é neste ponto que se encontra a importância para a Odontologia, pois o edema de laringe é fatal em função do risco de sufocação (asfixia). Utilizam­se ansiolíticos midazolam e propofol, eficazes no controle da ansiedade. Não se recomenda para o procedimento, anestésicos locais com vasoconstritores, visto que a adrenalina é um dos agentesdesencadeadores de crises de AEH. O atendimento de pacientes com AEH é de risco para o cirurgião­dentista. Entretanto, quando o conhecimento doproblema é visualizado e a necessidade de procedimentos cirúrgicos é eminente, a pergunta a ser feita é como realizar atos cirúrgicos com segurança para o paciente e quais os riscos e benefícios. Há que se responder positivamente a isso, de modo a utilizar os recursos de interação multidisciplinar e atuação hospitalar do profissional, salvaguardando o paciente de quaisquer complicações e riscos. Cuidados gerais no tratamento odontológico Alguns cuidados devem ser seguidos durante o tratamento odontológico dos pacientes com coagulopatias hereditárias: • sugadores e uso de bombas a vácuo: cuidado com as mucosas livres e com o risco de formação de hematomas; • nas moldagens: cuidado com a formação de vácuo, principalmente em palato mole; • RX periapical: proteger as bordas da película, principalmentequando se radiografar região mandibular; e • deve ser usado isolamento absoluto, principalmente como meio de proteção das mucosas. METODOS AUXILIARES DA HEMOSTASIA NA CAVIDADE BUCAL Antifibrinolíticos A combinação entre a terapia sistêmica de reposição de fatores de coagulação e os agentes antifibrinolíticos pode reduzir significativamente os episódios de sangramento mucosos. Antifibrinolíticos, tais como o ácido ε­amino capróico (Eaca ­Ypsilon® ­Nikko do Brasil, RJ) e o ácido tranexâmico (Amica ­Transamin® ­Nikko do Brasil, RJ, He­moblock®­ Sigma­Pharma, Hortolândia, Brasil) atuam inibindo a proteína ativadora do plasminogênio, impedindo a formação da plasmina, proteína responsável pela lise da fibrina (componente essencial do coágulo). A dose recomendada do Eaca é de 200mg/kg de peso dividido a cada 6 horas, por via oral, iniciando 24 horas antes do procedimento e podendo ser mantido por até 7 dias. O ácido tranexâmico é de 7 a 10 vezes mais potente que o Eaca, e a dose recomendada é de 25­30mg/kg, de 8 em 8 horas, durante o mesmo período. Antifibrinolíticos podem ser usados como bochecho. Nesse caso, o paciente deve bochechar 10ml da solução durante os 5 minutos que antecedem o procedimento cirúrgico ou periodontal. Ácido tricloroacético (ATA) 10% pode ser aplicado em pequenos sangramentos gengivais aplicado em pequenas bolinhas de algodão e colocadas junto à mucosa gengival. O uso do gelo pode exercer um papel eficiente como meio hemostático local após traumas ou cirurgias na cavidade bucal. Outro meio empregado é o cimento cirúrgico, indicado a pequenos sangramentos gengivais. O selante de fibrina (SF), também promove melhora da cicatrização local, selamento tecidual e suporte para sutura. Derivados do paracetamol e da dipirona são as drogas indicadas para o controle da dor de origem odontológica em pacientes com coagulopatias. A aspirina e seus derivados são contraindicados em função de sua atividade inibitória da agregação plaquetária. A indicação do uso de antiinflamatórios para tais pacientes é restrita em função das suas atividades antiagregantes, devendo o hematologista ser consultado antes da sua prescrição. Relativamente aos anestésicos bucais, não há restrições quanto à presença de vasoconstritores. Nas técnicas anestésicas infiltrativas e interligamentosas não há necessidade da reposição prévia dos fatores de coagulação. Com relação à técnica do bloqueio do tronco alveolar inferior, recomenda­se que a sua utilização seja precedida por reposição dos fatores de coagulação, a fim de se elevar o fator deficiente a 30% (Tabela 22). Essa recomendação é feita devido a possibilidade de sangramento na região retromolar, com presença de trismo e risco de asfixia. Tabela 22: Recomendações para uso de fatores de coagulação em tratamento odontológico. Fonte: BRASIL, Ministério da saúde.Manual de atendimento odontológico ao paciente portador de Coagulopatias Hereditárias.Brasilía 2008. Na abordagem periodontal, polimentos coronarianos devem ser realizados de maneira rotineira. Sangramentos podem ser controlados localmente com compressão de gaze embebida em antifibrinolíticos, a curetagem deve ser feita de maneira gradativa. No tratamento endodôntico não há necessidade da reposição dos fatores de coagulação, a não ser naqueles casos em que a técnica anestésica do bloqueio do nervo alveolar inferior seja necessária. Algumas considerações são importantes para minimizar o sangramento nas cirurgias odontológicas: • o planejamento do esquema de reposição de fatores de coagulação ou a administração de DDAVP; • a complexidade do procedimento cirúrgico; • o planejamento do esquema a ser utilizado como meio auxiliar da hemostasia local (SF, etc.); • Existe a recomendação do uso de antifibrinolítico (ácido tranexâmico ou ácido epsilon amino­capróico) via oral, com início pelo menos 24 horas antes do procedimento cirúrgico, além da manutenção do mesmo agente durante pelo menos sete dias. • fazer manutenção do antifibrinolítico oral por, no mínimo 7 dias e seu uso tópico. Outras formas de aplicação dos antifibrinolíticos, como enxaguatório bucal, podem ser recomendadas (10ml de solução 4 vezes ao dia, com posterior deglutição). Também pode ser indicada a forma macerada com compressão local, pelo período recomendado pelo cirurgião responsável; Em todos esses casos, o hematologista responsável deve ser consultado, vista que, em muitas vezes, só o cuidado local não é suficiente para o controle do sangramento e que a terapia de reposição dos fatores de coagulação deve ser indicada. Nesses casos, a reposição dos fatores de coagulação deve seguir o protocolo proposto pelo Manual de tratamento de pacientes portadores de coagulopatias hereditárias. Paciente identificado com coagulopatia hereditária deve ser encaminhado à unidade de referência do estado, HEMOAM, para acompanhamento especializado e multidiciplinar. 7.8 Hepatopatias Hepatopatia compreende um grupo de doenças que atingem o fígado de forma primária ou secundária, com evolução aguda ou crônica, ocasionando alteração estrutural extensa e deficiência funcional intensa, progressiva e grave, além de incapacidade para atividades laborativas e risco à vida. Hepatites são infecções que acometem o fígado, podendo ser classificadas em virais e não virais. As virais pode ser causadas por vírus hepatotrópicos, como os vírus A (HAV), B (HBV), C (HCV), delta (HDV), E (HEV), F (HFV) e G (HGV), e também por vírus não hepatotrópicos, como o citomegalovírus, Epstein Barr (mononucleose), vírus da rubéola e do herpes. Já as não virais compreendem a hepatite por álcool, por medicamentos, autoimune, doenças metabólicas, e por doenças infecciosas causadas por bactérias, protozoários e helmintos. Manifestações clínicas sistêmicas Na hepatite aguda, durante o período pré­icterício, os sintomas são inespecíficos, podendo incluir anorexia, náuseas, vômitos, diarreia, febre baixa, cefaleia, mal­estar, astenia, fadiga, olfato intolerante, mialgia, fotofobia, desconforto no hipocôndrio direito, urticária, artralgia e exantema papular ou máculo­papular. Durante a fase ictérica, há diminuição dos sintomas prodrômicos. Observa­se hepatomegalia dolorosa, hiperbilirrubinemia intensa e progressiva. A fostatase alcalina e a gama­glutamil­transferase (GGT) permanecem normais ou discretamente elevadas. Há alteração das aminotransferases, as quais podem variar de 10 a 100 vezes o limite superior da normalidade. Por fim, a fase de convalescença da hepatite aguda é caracterizada pelo desaparecimento da icterícia com recuperação completa após algumas semanas, sendo que a fraqueza e o cansaço podem persistir por vários meses. Já para a hepatite crônica, os vírus B, C e D são preponderantes e os indivíduos apresentam sinais histológicos de lesão hepática e marcadores sorológicos de replicação viral. Os sintomas dependem do grau de dano hepático estabelecido. Na hepatite fulminante, condição rara e potencialmente fatal, o surgimento de icterícia, coagulopatia e encefalopatia hepática são sinais e sintomas marcantes. Manifestações bucais É relatado que a infecção pelo HCV, e em menor proporção pelo HBV, predispõe o paciente ao desenvolvimento de líquen plano. Em estudo realizado com pacientes portadores de hepatite C crônica, as lesões mais prevalentes foram mastigação crônica da bochecha, candidose e leucoplasia, porém a associação dessas lesões com a infecção pelo VHC permanece incerta. Pacientes hepatopatas podem apresentar alterações plaquetárias de proteínas de coagulação com a ocorrência de petéquias e hematomas em mucosa oral, além de sangramento gengival espontâneo. A mucosa oral desses pacientes pode exibir coloração amarelada ou pálida, devido ao aumento da bilirrubina sérica, o que é mais perceptível na região posterior do palato e no soalho bucal em freio lingual. Hemorragias orais pós­operatórias também podem se apresentar como manifestações orais de pacientes com doença hepática. Tratamento odontológico em portadores das hepatites virais agudas Recomenda­se que tratamentos odontológicos eletivos somente sejam realizados em portadores de hepatites virais agudas após o período de recuperação clínica e bioquímica do indivíduo. Durante o quadro agudo, apenas tratamentos de urgência devem ser realizados. Caso o paciente necessite de intervenções cirúrgicas cruentas, devem ser solicitados exames hematológicos, como plaquetometria, tempo de protrombina, INR (Índice Internacional Normalizado) e tempo de tromboplastina parcial ativada. Tratamento odontológico em portadores das hepatites virais crônicas e candidatos a transplantes No caso dos portadores de hepatites virais crônicas e pacientes candidatos a transplantes, exames bioquímicos, como dosagem de bilirrubina sérica, dosagem de aminotransferases séricas (AST–aspartato aminotransferase e ALT–alanina aminotransferase), dosagem de fosfatase alcalina, transpeptidase glutamil e tempo de protrombina (TP), podem ser solicitados para avaliação da função hepática. Na adequação do meio bucal, o cirurgião dentista deve orientar o indivíduo quanto à higiene bucal, além do tratamento periodontal básico e do ajuste de próteses. O nível de infecção oral deve ser reduzido, com a restauração das lesões cariosas, a remoção dos nichos de infecção bem como exodontias necessárias, além da realização de tratamento endodôntico dos dentes com comprometimento pulpar. A realização de qualquer cirurgia em paciente hepatopata envolve risco de hemorragia severa. Uma avaliação do sistema de coagulação é requerido e deve incluir hemograma completo, plaquetometria, tempo de protrombina, INR (Índice Internacional Normalizado) e tempo de tromboplastina parcial (TTP). A utilização de hemostáticos locais é de extrema importância para a realização de cirurgias odontológicas nesses pacientes, como a celulose oxidada, selante de fibrina, cianoacrilato, gel de plasma rico em plaquetas e bochechos de ácido tranexâmico a 4,8%. Tratamento odontológico pós-transplante hepático O tratamento odontológico do paciente transplantado é dividido em três fases: pós­transplante imediato, paciente transplantado estável e rejeição do transplante. O pós­transplante imediato é o período de maior risco para a rejeição do transplante. Nessa etapa, que pode durar de três a seis meses, o paciente encontra­se em um regime de imunossupressão máxima, ficando sujeito às infecções oportunistas. O tratamento odontológico eletivo não deve ser realizado nesse período, salvo em situações de urgência, da forma mais conservadora possível após acompanhamento com a equipe médica, direcionadas para o controle de infecções, dor ou hemorragia. Na fase pós­transplante estável, os tratamentos odontológicos eletivos podem ser efetuados com segurança, devendo­se sempre realizar uma consulta em conjunto com a equipe médica para verificar a estabilidade do paciente e solicitar exames laboratoriais para pesquisar possíveis alterações. O uso de profilaxia antibiótica, segundo o protocolo da Associação Americana de Cardiologia, deve ser utilizado para a prevenção da endocardite infecciosa nos procedimentos odontológicos invasivos. O paciente transplantado com rejeição do órgão deve ter seu tratamento odontológico eletivo adiado até se encontrar estabilizado. Nesses pacientes em fase de rejeição, a profilaxia antibiótica deve ser utilizada em procedimentos odontológicos de urgência. Farmacologia aplicada à hepatopatia FÁRMACOS COMENTÁRIOS ACETAMINOFENO PARACETAMOL Seu uso deve ser evitado, devido à sua ação hepatotóxica. Pode, entretanto, ser utilizado com cautela em pacientes com cirrose, sem exceder a dose máxima (4g/dia), administrada por um período inferior a duas semanas. Os pacientes necessitam ser instruídos para evitar o consumo de etanol durante a terapia medicamentosa. ÁCIDO ACETILSALICÍLICO Seu uso deve ser evitado em pacientes com cirrose, pois além de a metabolização dessa droga encontrar­se reduzida, ocorre um decréscimo na síntese de proteínas plasmáticas (falha hepática), o que causa aumento na fração livre dessa droga, com aparecimento de toxicidade. O efeito antiplaquetário desse fármaco pode predispor o portador de cirrose ao sangramento, uma vez, que nesse paciente, já existe uma redução na produção de diversos fatores de coagulação. Adicionalmente, a presença de plaquetopenia, varizes esofágicas, sangramento gástrico e úlcera péptica são comuns em pacientes com hipertensão portal (devido a cirrose). O uso dessa droga pode potencializar o dano à mucosa gástrica e produzir sangramento digestivo. ANTIINFLAMATÓRIOS NÃO ESTEROIDAIS ANESTÉSICOS LOCAIS DO GRUPO AMIDA (LIDOCAÍNA, MEPIVACAÍNA) Seu uso deve ser feito com cautela em pacientes com cirrose, pois além de a metabolização dessa droga encontrar­se reduzida, ocorre um decréscimo da síntese de proteínas plasmáticas (falha hepática), o que causa aumento na fração livre dessa droga, com aparecimento de toxicidade. Adicionalmente, a presença de plaquetopenia, varizes esofágicas, sangramento gástrico e úlcera péptica são comuns em pacientes com hipertensão portal (devido a cirrose). O uso dessa droga pode potencializar o dano à mucosa gástrica e produzir sangramento digestivo. Seu uso deve ser feito com cautela em pacientes com cirrose (menor dose necessária para exercer um bom efeito clínico). A maioria dos anestésicos locais do tipo amida é metabolizada primariamente no fígado (com exceção da articaína, da qual cerca de 90­95% são metabolizados no plasma). Apesar de o uso de anestésicos locais (do grupo amida) ser seguro, o cirurgião­dentista deve estar ciente de que concentrações tóxicas de tais drogas são alcançadas mais facilmente nesses pacientes ANTIBIÓTICOS BETALACTÂMICOS Os fármacos desse grupo podem ser utilizados de forma segura em pacientes com cirrose, possuindo eliminação predominantemente por ltração renal e excreção tubular. Assim, penicilina, ampicilina, amoxicilina, cefalexina e cefazolina são bem tolerados em pacientes cirróticos. ANTIBIÓTICOS DO GRUPO DAS LINCOSAMINAS Seu uso deve ser evitado em pacientes com cirrose. O metabolismo desse fármaco torna­se muito prolongado em caso de comprometimento hepático. (CLINDAMICINA) Adicionalmente, essa droga é hepatotóxica e contribui para o mecanismo de lesão no hepatócito. ANTIBIÓTICOS DO GRUPO DOS MACROLÍDEOS (AZITROMICINA) Seu uso deve ser feito com cautela em pacientes com cirrose, pois essa droga possui eliminação hepática e está associada (de forma rara) a necrose hepática e falha hepática. ANTIBIÓTICOS DO GRUPO DOS MACROLÍDEOS (CLARITROMICINA) Seu uso deve ser feito com cautela em pacientes com cirrose, pois a farmacocinética dessa droga torna­se alterada na presença de insuciência hepática. Entretanto, esse fármaco parece ser seguro e não necessitar de ajuste de dose em paciente com cirrose e função renal normal. ANTIBIÓTICOS DO GRUPO DOS MACROLÍDEOS (ERITROMICINA) Seu uso deve ser feito com cautela em pacientes com cirrose, pois essa droga possui excreção hepática e sua meia­vida aumenta na presença de insuciência hepática. Adicionalmente, disfunção hepática (aumento das enzimas hepáticas, hepatite colestática e hepatite hepatocelular) tem sido associada ao uso desta droga. ANTIBIÓTICO METRONIDAZOL Seu uso deve ser feito com adequação em pacientes com cirrose, pois o metabolismo dessa droga se encontra comprometido na insuciência hepática. É recomendado um aumento no intervalo de tomada dessa droga, de 6 em 6 para 12 em 12 horas, levando em consideração a dose normal de apresentação de 500mg ANALGÉSICOS NARCÓTICOS Seu uso deve ser feito com adequação em pacientes com cirrose, pois drogas que deprimem o sistema nervoso central pode agravar o quadro de encefalopatia hepática que pode surgir no curso da cirrose. Assim, faz­se necessário um aumento no intervalo das doses dessas drogas e seu uso crônico deve ser evitado. Em caso de encefalopatia hepática, não utilizar tais fármacos. Adicionalmente, o uso de analgésicos narcóticos não deve ser combinado com o uso de outros analgésicos hepatotóxicos como o acetaminofeno, pois ambas as drogas sofrem conjugação com o ácido glicurônico; em pacientes cirróticos, a depleção desse sistema pode ser rápida e causar um aumento na hepatotoxicidade de fármacos associados, como o acetaminofeno. Seu uso deve ser feito com adequação em pacientes com cirrose, pois drogas que deprimem o sistema nervoso central pode agravar o quadro de encefalopatia hepática que pode surgir no curso da cirrose. Em caso de encefalopatia hepática, não utilizar esse fármaco. Adicionalmente, o metabolismo dessa ANSIOLÍTICOS classe de droga torna­se reduzido, o que leva a um (BENZODIAZEPÍNICOS) acúmulo do fármaco e sedação excessiva. É aconselhável reduzir a dose dessa droga ou aumentar seu intervalo de tomada em pacientes com insuciência hepática. Além disso, sempre que possível, devem­se utilizar fármacos que não formam metabólitos com atividade farmacológica signicante (alprazolam e lorazepam). Fonte: Drogas utilizadas em odontologia. Manual ABCDE das Hepatites Virais para Cirurgiões Dentistas. Brasília, 2010. 7.9 PACIENTES VIVENDO COM HIV/AIDS A infecção pelo HIV tem como via principal de contágio a sexual. Além dessa, também é relevante a via parenteral, através de sangue e seus derivados. O período mediano de incubação é de 10 anos, ou seja, 50% dos indivíduos portadores do HIV vem a desenvolver a doença decorrido este tempo. O período de transmissão, entretanto, compreende desde o momento de infeção até o eventual óbito do paciente. Trata­se de um vírus frágil, cuja vida extracorpórea é curta, tendo em vista a sua fragilidade à luz solar e ao meio ambiente. A possibilidade de transmissão durante um acidente perfuro cortante com sangue sabidamente contaminado é baixa, variando de 0,05 a 0,1%; ou seja, de 1 chance em mil a 5 chances em um milhão. Por razões já expostas anteriormente, os profissionais de odontologia apresentam uma grande resistência ao tratamento de indivíduos sabidamente positivos para o HIV. Salienta­se, ainda, os estudos que indicam que os pacientes reconhecidamente soropositivos, em sua maioria não revelam o seu estado de infecciosidade por medo de terem o seu tratamento negado. Assim, os profissionais de Odontologia devem adotar medidas de precaução­padrão durante a sua prática clínica. A saúde bucal, parte integrante e inseparável da saúde geral do indivíduo, está diretamente relacionada às condições de alimentação, moradia, trabalho, renda, meio ambiente, transporte e lazer, liberdade e acesso aos serviços de saúde e à informação. Assim como muitos outros eventos, a infecção pelo vírus da imunodeficiência humana (HIV) e a síndrome da imunodeficiência adquirida, doença mais conhecida pelo nome de aids, vieram reforçar a necessidade de atualização constante do cirurgião­dentista e sua equipe na prevenção e tratamento de doenças, bem como na promoção e manutenção da saúde bucal dos indivíduos portadores do HIV/aids. Também na área odontológica, o desconhecimento inicial da doença e dos seus aspectos clínicos acabou por causar serias limitações e deficiências no tratamento desses pacientes. A grande maioria dos cirurgiões­dentistas ainda não está suficientemente preparada para entender, interpretar e incorporar a questão dentro de um plano de tratamento odontológico de rotina. Especialmente quando essas pessoas apresentam complicações clínicas, além do consumo de um número considerável de medicamentos, a insegurança sentida pelo profissional desinformado sobre a doença faz com que, muitas vezes, ele prefira evitar o tratamento dos portadores do HIV e pacientes de aids. O cirurgião­dentista e a sua equipe podem desempenhar um papel importante não só́ no tratamento global dessas pessoas, mas também como agentes de informação e orientação para a comunidade. Nesse sentido, são funções de competência do cirurgião­dentista (e sua equipe): · Garantir o atendimento dentro das normas de biossegurança preconizadas. · Estar atento as possíveis manifestações bucais relacionadas à infecção pelo HIV/aids. · Orientar e encaminhar o paciente ao serviço de saúde, em caso de suspeita diagnóstica de infecção pelo HIV/aids. · Garantir a continuidade dos procedimentos de rotina odontológica. · Interagir com a equipe multiprofissional. · Garantir um tratamento digno e humano, mantendo sigilo e respeitando diferenças comportamentais. · Manter­se atualizado sobre a epidemia no que diz respeito aos seus aspectos técnicos, clínicos, éticos e psicossociais. · Identificar as suas próprias limitações e trabalhá­las de maneira a não prejudicar a relação profissional/paciente. · Incorporar ao seu cotidiano as ações de prevenção e solidariedade entre os seus principais procedimentos terapêuticos. ETIOPATOGENIA Como tem sido demonstrado, o HIV não tem a capacidade de se reproduzir por si próprio. Para superar tal limitação, ele age como um autêntico parasita, invadindo e aproveitando a essência energética de células do sistema imunológico normal do ser humano ­ no caso , os linfócitos conhecidos como células CD4. Pode­se dizer que o HIV, tanto do tipo 1 como do tipo 2, utiliza essas células como verdadeiras fábricas de reprodução viral. Estima­se que a cada dia são produzidas ou criadas mais de um bilhão de novas partículas virais no portador do HIV/aids. MANIFESTAÇÕES BUCAIS NA INFECÇÃO PELO HIV As manifestações bucais da infecção pelo HIV são comuns e podem representar os primeiros sinais clínicos da doença, por vezes antecedendo as manifestações sistêmicas. Esse fato aponta para o importante papel do cirurgião­ dentista como profissional de saúde, que pode suspeitar dessas manifestações, diagnosticar e tratar as alterações. Deve­se salientar que as manifestações observadas na infecção pelo HIV e na AIDS já são conhecidas da comunidade científica, independentemente do reconhecimento da epidemia. Entretanto, qualquer possível sinal patognomônico deve ser considerado marcador da doença quando as respectivas alterações clínicas apresentarem­se exacerbadas e bastante prevalentes, em consequência da imunodeficiência desencadeada pelo HIV. No que respeita as manifestações bucais, elas foram classificadas de acordo com a frequência à qual estão associadas com a infecção pelo HIV (Tabela 23). Tabela 23: Controle das infecções e a prática odontológica em tempos de AIDS – Manual de Condutas – Ministério da Saúde 2010. Grupo 1 Grupo 2 Grupo 3 LESÕES FORTEMENTE ASSOCIADAS COM INFEÇÕES PELO HIV LESÕES MENOS FREQUENTE ASSOCIADAS COM INFECÇÃO PELO HIV LESÕES ENCONTRADAS EM PORTADORES DE HIV E AIDS Candidíase Eritematosa / Infecções bacterianas Pseudomembranosa Infecções bacterianas Leucoplasia pilosa Hiperpigmentação melanótica Sarcoma de kaposi Linfoma não­Hodgkin Doença periodontal (Eritema gengival linear, gengivite (ulcerativa) necrosante, periodontite (ulcerativa) necrosante Reações a drogas Angimatose bacilar Estomatite ulcerativa necrosante Doenças das glândulas salivares Púrpura trombocitopênica Ulceração não específica Infecções virais (herpes simples, HPV, condiloma acuminado, verruga vulgar, varicela zoster, hiperplasia epitelial focal) Infecções fungicas que não candidíase Distúrbios neurológicos: paralisia facial, neuralgia trigeminal Estomatite aftosa recorrente Infecção viral ATENDIMENTO ODONTOLÓGICO DE ROTINA DO PACIENTE SOROPOSITIVO PARA HIV OU COM AIDS Com qualquer usuário dos serviços odontológicos, todo paciente soropositivo para o HIV ou com AIDS deve ser atendido da melhor forma possível, sempre, com o objetivo principal de promover a melhoria da sua qualidade de vida. Invariavelmente, o plano de tratamento a ser executado deverá considerar e integrar­ se à história médica do paciente. O cirurgião­dentista, como profissional da área de saúde, deve estar habilitado para tratar indivíduos portadores de doenças infecto­contagiosas. O melhor atendimento odontológico de rotina repousa na capacidade de tratar o paciente com segurança, independentemente de um conhecimento prévio da sua sorologia para o HIV/AIDS ou qualquer outra infecção. Uma parte importante do tratamento dos portadores do HIV e pacientes de AIDS é o estabelecimento de um relacionamento de confiança. Obtendo uma boa história médica e odontológica junto ao paciente, ouvindo­o e discutindo com ele essas questões, o profissional estará demonstrando preocupação e cuidado com a sua saúde integral. Frequentemente, os sinais iniciais de imunodeficiência associados ao HIV ocorrem na cavidade bucal. Quando o profissional suspeitar da associação de uma manifestação bucal com a infecção pelo HIV, deve orientar o seu paciente para a necessidade imediata de uma avaliação médica, que determinará a necessidade ou não de terapêutica anti­retroviral. Assim procedendo, o profissional estará contribuindo para uma intervenção precoce, e criando condições para um prognóstico favorável. O tratamento odontológico deve prosseguir conforme a necessidade do paciente, procurando­se coordenar este tratamento com os aspectos médicos de cada caso. O paciente deve, sempre, ser informado sobre a confidencialidade da sua situação de saúde, e que o seu caso será discutido apenas com o médico ou com pessoa(s) diretamente envolvida(s) no seu tratamento. FLUXOGRAMA PARA O TRATAMENTO ODONTOLÓGICO DE ROTINA DO PORTADOR DE HIV OU DOENTE DE AIDS Anamnese – Postergar procedimentos invasivos - Planejar Antes do tratamento do paciente Exame clínico Intra oral Extra oral Anomalias faciais Mucosa labial Exame de pele Mucosa jugal Lábios Palato duro e mole Palpação Língua Assoalho da boca Orofaringe Dentes Resultados Prioridade nas lesões de tecido mole (referenciamento ao CEO) Problemas dentários Informar sempre ao paciente sobre seus problemas bucais TRATAMENTO ODONTOLÓGICO PREVENTIVO DO PORTADOR DE HIV OU DOENTE DE AIDS Instituir métodos de higiene bucal para todos os pacientes: devemos ter em mente que vários dos problemas encontrados na cavidade bucal de portadores de HIV e pacientes de aids ocorrem devido ao seu estado de imunodeficiência. A impossibilidade de controle pode tornar os problemas bucais crônicos. Sendo assim, a prevenção é um fator importante para a manutenção da saúde bucal dos pacientes. A manutenção de boa higiene bucal é importante na redução do potencial de risco de complicações. Diminuição da secreção salivar ­ secundária a alterações de glândulas salivares ­ ou da utilização de medicamentos pode aumentar o risco para cárie e doença periodontal. Apresenta­se a seguinte sugestão de protocolo: 1. Controle a cada 3 meses; 2. Enxagües diários; 3. Suplementação de flúor em aplicações tópicas, enxágües ou creme dental,particularmente para pacientes com xerostomia e aumento de incidência de cárie. Nas consultas de retorno, a história do paciente deve ser revista. E avaliada a utilização de medicamentos e procedimentos de higiene oral. MEDIDAS DE PRECAUÇÃO PADRÃO São um conjunto de medidas de controle de infecção a serem adotadas universalmente, como forma eficaz de redução do risco ocupacional e de transmissão de agentes infecciosos nos serviços de saúde. Essas precauções foram criadas para reduzir o risco de transmissão de patógenos através do sangue e fluidos corporais. São indicadas para todos os pacientes, independentemente do diagnóstico, em todas as situações de tratamento. As precauções­padrão auxiliam os profissionais nas condutas técnicas adequadas, por enfatizarem a necessidade de tratar todos os pacientes em condições biologicamente seguras; ao mesmo tempo que indicam, de forma precisa, o uso do equipamento de proteção individual­EPI, gerando a melhoria da qualidade da assintência e redução de custos. O controle de infecção na prática odontológica deve obedecer a quatro princípios básicos: Princípio 1: Os profissionais devem tomar medidas para proteger a sua saúde e a da sua equipe. Princípio 2: Os profissionais devem evitar contato direto com matéria orgânica. Princípio 3: Os profissionais devem limitar a propagação de microrganismos. Princípio 4: Os profissionais devem tornar seguro o uso de artigos, peças anatômicas e superfícies. CONDUTA FRENTE A ACIDENTES OCUPACIONAIS Na Odontologia, é praticamente impossível para o cirurgião­dentista saber, com certeza, se o paciente é portador de algum patógeno possível de transmissão, já que a história médica (anamnese) e o exame clínico nem sempre permitem tal identificação. Esse fato faz com que o uso das precauções­padrão seja de fundamental importância para se evitar infecção ocupacional a partir de uma exposição acidental. O risco de se adquirir o HIV é de aproximadamente 0,3%, após exposição percutânea; e de 0,09% após uma exposição mucocutânea, em situações de exposição a sangue. No que se refere ao vírus da hepatite B, a probabilidade de infecção após exposição percutânea é significativamente maior do que a pelo HIV, podendo chegar a 40%. Para o vírus da hepatite C, o risco médio varia de 1% a 10%. É importante ressaltar que existem alguns fatores envolvidos e relacionados, para que a infecção ocorra. São eles: 1. 2. 3. 4. 5. 6. agente etiológico; material biológico envolvido; volume de material envolvido; a carga viral; a forma de exposição; a susceptibilidade do acidentado. Uma "exposição ocupacional" que requer "profilaxia pós­exposição" é definida como um injúria percutânea. Por exemplo, com agulhas ou objetos pérfuro­ cortantes; contato com mucosa ou pele não­intacta, quando o contato se der por tempo prolongado (muitos minutos ou mais), ou que envolva áreas extensas, com sangue, tecidos ou outros fluidos que possam ser contaminantes. (Centers for Diseases Control and Prevention­CDC) No capítulo 5.6.2 encontramos a conduta preconizada pela ANVISA ­ Agência Nacional de Vigilância Sanitária para acidentes com materiais pérfuro­cortantes que entraram em contato com material biológico. 7.10 Renal Crônico Insuficiência renal é a incapacidade de o rim funcionar como filtro para remover resíduos metabólicos e manter o equilíbrio de fluidos e eletrólitos, o equilíbrio ácido­básico, a capacidade de secretar hormônios do sistema renina­ angiotensina e eritropoietina. São de dois tipos: a insuficiência renal aguda (IRA) e a insuficiência renal crônica (IRC), hoje doença renal crônica (DRC). A DRC é um processo fisiopatológico de causa variável, que ocasiona a deterioração prolongada e irreversível da função renal. Muitas vezes leva à doença renal terminal (DRT), que nada mais é do que a perda da função renal irreversível, exigindo terapia de reposição permanente para evitar uremia. O termo DRC refere­ se à ocorrência de TFG (Taxa de Filtração Glomerular) <60 mL/min/1,73m2, associada a pelo menos um marcador de lesão do parênquima renal (p. ex., micro ou macroalbuminúria e/ou hematúria e/ou alteração de imagem renal) em qualquer indivíduo, independente da causa, e por um período superior a 3 meses. A Hipertensão Arterial Sistêmica e o Diabetes Mellitus figuram como as principais causas de DRC, conforme o censo sobre terapia renal substitutiva (TRS), realizado em 2009, pela Sociedade Brasileira de Nefrologia. A Insuficiência Renal Crônica pode causar mudanças sistêmicas, tais como alterações cardiovasculares, ósseas, gastrointestinais, dermatológicas e bioquímicas. Tais mudanças podem refletir no meio bucal, alterando a composição salivar, com o aumento dos níveis de ureia, potássio, fosfato, e diminuição dos níveis de cálcio e magnésio, bem como diminuição do fluxo salivar, alteração do pH deixando­o mais alcalino, aumento da capacidade­tampão e elevação na formação de cálculo dentário. Além destas, palidez da mucosa bucal, decorrente de anemia, inflamação e aumento da parótida, presença de amônia durante a respiração do paciente, úlceras e candidíase devido ao uso de drogas imunossupressoras. Com relação à predisposição destes pacientes à cárie e doença periodontal, várias pesquisas foram feitas sem chegar a um consenso. Entretanto, um leve acúmulo de biofilme foi observado, mas é provável que este tenha ocorrido não como conseqüência direta da doença, mas sim como reflexo indireto da mesma, já que, possivelmente, os pacientes se preocupam ou se dedicam tanto à doença que acabam negligenciando os cuidados de higiene bucal. No manejo clínico odontológico do paciente em hemodiálise, devem­se ter alguns cuidados no que se refere às questões de hemostasia e administração de medicamentos (Tabelas 24,25,26 e 27). A troca de informações com o nefrologista se faz necessária, especialmente sobre as condições metabólicas, hipercalemia, acidose, sintomas urêmicos, hipertensão, edema, anemia, tempo de coagulação. É preciso também ouvir os pacientes sobre fraqueza, cansaço, letargia, prurido, náuseas, vômitos e freqüência das sessões de hemodiálise. Os planos de tratamento devem ser adaptados de acordo com o estado clínico do paciente. Os pacientes em diálise tem risco aumentado de hemorragia e infecção. O sangramento excessivo nesses pacientes é atribuído ao uso de substâncias anticoagulantes, como a heparina, utilizadas no processo de diálise. Além disso, esses pacientes apresentam hematócrito médio de 25% e redução da contagem de plaquetas em aproximadamente 17 a 20%. Assim, é comum observar sangramento gengival espontâneo, úlceras e petéquias nesses pacientes. O tratamento dentário deve ser realizado entre as diálises, já que o paciente tem melhores condições em ter equilíbrio de hidratação, ureia e eletrólitos. Finalmente, estando livre de heparina, uma vez que a semi­vida da droga é de aproximadamente quatro horas, procedi­ mentos cirúrgicos podem ser realizados, em média oito horas após a diálise. No entanto, antes de realizar os procedimentos invasivos é importante solicitar um hemograma, a fim de conhecer o estado hemostático e a condição do paciente. O uso de estrógenos conjugados melhora e prolonga a hemostasia e seu efeito pode durar duas semanas. Há também a utilização de ácido tranexâmico, um antifibrinolítico que reduz o sangramento pós­operatório. Finalmente, uma técnica cirúrgica meticulosa, um bom fechamento primário e a ajuda de agentes hemostáticos locais, tais como a fibra de colágeno e celulose, ajudam a reduzir o sangramento em cirurgia oral e tratamento periodontal (GUEVARA et al., 2014). Outro fator a ser avaliado é que pacientes submetidos à diálise são mais suscetíveis a infecções, sendo estas as causas de morbidade e mortalidade, devido à sua condição geral, com provável diminuição da eficiência do sistema imune e mascaramento dos sinais e sintomas da infecção pelas drogas utilizadas. Há também um risco potencial de desenvolver episódios de endocardite bacteriana, o que não corresponde a uma complicação isolada, uma vez que ocorre em 2,7 a 9% dos doentes. Assim, apesar do tratamento dentário invasivo não figurar como indicativo de profilaxia antibiótica segundo a American Heart Association deve-se reconsiderar seu uso de acordo com cada caso. Os antibióticos de eleição serão aqueles que agem sobre a flora microbiana bucal, como a penicilina ou amoxicilina; ou a clindamicina ou azitromicina em pacientes alérgicos à penicilina. (GUEVARA et al., 2014). Dos medicamentos comumente utilizados em odontologia, devem ser evitadas as tetraciclinas, pela possibilidade de elevar os níveis de ureia nestes pacientes, as drogas antiinflamatórias não esteróides e os medicamentos com ações antiplaquetárias. (MARTINS JÚNIOR, 2001). Os anestésicos locais podem ser utilizados, mas deve­se optar pelo uso de anestésicos com menor poder vasoconstritor. O paciente pode apresentar fístula ou enxerto preparado para hemodiálise. Neste caso, a profilaxia antibiótica pode ser necessária para evitar infecção intravascular. Penicilina, clindamicina e metronidazol podem ser empregados com prudência. (LOPES, 2012). Os pacientes com doença renal devem ser tratados com cuidado, pois a presença de um foco de infecção na cavidade oral pode levar a complicações que, se não forem tratadas a tempo, aumentam a morbidade desses pacientes, com o risco de bacteremia e rejeição do rim transplantado (Erro! Fonte de referência não encontrada.). Devemos considerar não só a terapêutica clinica, mas também a preventiva. Essa é uma maneira de evitar o impacto dos resultados, como uma complicação de DRC em pacientes em hemodiálise. Dessa forma, o dentista tem um papel ativo no processo de diagnóstico e prevenção, em especial no suporte interdisciplinar para o paciente, melhorando assim sua qualidade de vida. O paciente nefrológico é um paciente cansado, assim deve­se otimizar o tempo clínico em termos de resolutividade, isso reduz idas ao cirurgião­dentista, o desconforto do deslocamento e similares. Tabela 24: Considerações sobre as dosagens de medicações de uso comum em Odontologia segundo a gravidade da doença renal. Fármacos Doença renal crônica* (creatinina ˃ 2mg/mL) Analgésicos e anti-inflamatórios Acetaminofeno Sem alterações Ácido acetil salicílico Metade da dose ou evitar Anti­iflamatórios não Evitar esteroidais Anti­iflamatórios esteroidais Sem alterações Codeína (analgésico narcótico) Sem alterações Antibióticos Penicilina G Metade da dose Penicilina V Sem alterações Ampicilina Sem alterações Amoxicilina Metade da dose Doxicilina Sem alterações Cefalosporinas Sem alterações Insuficiência renal aguda * (creatinina ˃ 4mg/mL) Metade da dose Evitar Evitar Sem alterações Sem alterações Metade da dose Sem alterações Metade da dose Um quarto da dose Sem alterações Metade da dose Eritromicina Metronidazol Tetraciclinas Vancomicina Tranquilizantes Diazepam Clordiazepóxido Anestésicos Lidocaína Sem alterações Sem alterações Evitar Só a cada 10 dias Sem alterações Metade da dose Evitar Só a cada 10 dias Sem alterações Sem alterações Sem alterações Metade da dose Sem alterações Sem alterações Fonte: GUEVARA et al., 2014. Tabela 25: Metabolização de antibióticos e ajuste de doses nos pacientes com doença renal crônica. Fármaco Doxiciclina Cefazolina Cefadroxilo Metronidazol Clindamicina Azitromicina Amoxicilina Penicilina G Eliminação e metabolismo Hepático Renal Renal Hepático* (renal) Hepático Hepático Renal* (hepático) Renal* (hepático) Função renal normal (hrs) 12 8 12 8 8 24 8 8 Dano renal moderado (hrs) 12–18 8–12 12–24 8–12 8 24 8–12 8–12 Dano renal severo (hrs) 18–24 24–48 24–48 12–14 8 24 12–18 12–18 Fonte: GUEVARA et al., 2014. Tabela 26: Metabolização de analgésicos e ajuste de doses nos pacientes com doença renal crônica. Fármaco Ibuprofeno Paracetamol Diclofenaco Aspirina Acetaminofeno Cetoprofeno Naproxeno Eliminação e metabolismo Hepático Hepático Hepático Hepático* (renal) Hepático Hepático Hepático Fonte: GUEVARA et al., 2014. Função renal normal (hrs) 6 4 8 4 4 6 8 Dano renal moderado (hrs) 6 6 8 4–6 6–8 6 8 Dano renal severo (hrs) 6 8 8 Suspender 8–12 6 8 Tabela 27: Metabolização de drogas diversas e ajuste de doses nos pacientes com doença renal crônica. Fármaco Lidocaína Mepivacaína Prednisona Cetoconazol Midazolam Alprazolam Diazepam Aciclovir (intravenoso) Aciclovir (via oral) Eliminação e metabolismo Hepático* (renal) Hepático* (renal) Hepático Hepático Hepático Hepático Hepático Função renal normal (hrs) Normal Normal 12 8 Normal 8 8 Dano renal moderado (hrs) Normal Normal 12 8 Normal 8 8 Dano renal severo (hrs) Normal Normal 12 8 50% 8 8 Renal 6 24 48 Renal 8 12–24 24 Fonte: GUEVARA et al., 2014. Quadro XX: Protocolo de tratamento odontológico para pacientes com doença renal crônica. Pedido de avaliação médica Verificar o uso e tipo de anticoagulante Verificar o uso de glicocorticoides Usar ansiolíticos em pacientes hipertensos Evitar procedimentos longos Monitorizar sangramentos Prevenir a infecção crônica ou aguda Realizar o controle da pressão arterial Não realizar o tratamento odontológico no dia da hemodiálise, exceto se fizer uso de protamina Avaliar hematócrito, plaquetas, tempo de protrombina, tempo de tromboplastina parcial ativada, ácido araquidônico e colágeno Realizar profilaxia antibiótica em pacientes com cateter implantado, fístula artério­venosa e história de transplante renal (clindamicina 600 mg uma hora antes) Considerar hospitalização para os casos de infecção grave ou realização de procedimentos extensos O plano de tratamento dentário dependerá da gravidade da doença renal Deve­se trabalhar diretamente com o médico, especialmente em casos de cirurgia, periodontia e endodontia Os casos cirúrgicos de pacientes com transplante renal ou congestivo grave devem ser tratados em ambiente hospitalar Em caso de dúvida sobre o prognóstico terapêutico, a melhor conduta é a extração Realizar controle severo de placa bacteriana Evitar usar o braço com o acesso vascular Usar agentes hemostáticos antes da cirurgia Fonte: GUEVARA et al., 2014. 7.11 DOENÇAS AUTOIMUNES Uma das características primordiais do sistema imune é a sua capacidade de discriminar os antígenos próprios dos não próprios. Essa característica única é realizada por linfócitos, previamente educados, capazes de reconhecer e responder contra os antígenos estranhos e não responder contra auto­antígenos. A não­responsividade das células do sistema imune contra os antígenos próprios tem sido designada como tolerância imunológica e a perda do controle dos mecanismos que mantêm a tolerância tem sido referida como autoimunidade. As doenças autoimunes (DAI) são causadas por uma perda persistente dos mecanismos de controle responsáveis pela manutenção da tolerância aos antígenos próprios. As alterações dos mecanismos imunológicos que levam à autoimunidade são caracterizadas por resposta a antígenos próprios e defeito na indução de tolerância imunológica central e periférica. As dermatoses autoimunes são patologias que envolvem formação de auto­ anticorpos direcionados contra alguns elementos teciduais particularmente da pele ou superfícies das mucosas, da mesma forma que podem assumir um âmbito sistêmico. Esses auto­anticorpos, especificamente, os relacionados às doenças dermatológicas, são direcionados contra constituintes celulares que mantêm as células epiteliais unidas ou que unem o epitélio da superfície ao tecido conjuntivo subjacente. O tratamento das manifestações gengivais de doenças vesicobolhosas autoimunes é um dos grandes desafios da estomatologia, primariamente pela natureza crônica dessas doenças. O tratamento dessas lesões usualmente requer corticosteróides tópicos ou outras drogas com ação anti­inflamatória. 7.11.1 PÊNFIGO VULGAR O Pênfigo Vulgar (PV) é uma doença autoimune caracterizada pela formação de bolhas intraepiteliais em pele e mucosas. Seu mecanismo envolve a interação de auto­ anticorpos com proteínas desmossomiais, resultando na perda de adesão celular, fato que caracteriza o fenômeno denominado acantólise. As lesões primárias do PV são bolhas flácidas que surgem em pele normal ou eritematosa. As bolhas são frágeis e rompem­se rapidamente, formando erosões dolorosas, que sangram com facilidade, e recobertas por crostas. Podem acometer toda a mucosa bucal, mas predominam na mucosa jugal, no palato e nas gengivas. O PV pode apresentar­se como gengivite descamativa. As lesões de mucosa são representadas por vesículas ou bolhas solitárias e/ou múltiplas, contendo líquido seroso e claro, podendo tornar­se purulento ou sanguinolento. O diagnóstico do PV baseia­se nos aspectos clínicos, sinal de Nikolsky positivo, exames histopatológicos, citológicos e imunológicos. O fato das lesões bucais representarem as primeiras manifestações da doença e serem as últimas a desaparecer, torna o papel do Cirurgião­Dentista fundamental ao diagnóstico precoce do PV e, consequentemente, possibilita a redução dos danos provocados pela doença. 7.11.2 PENFIGO FOLIÁCEO ENDÊMICO Fogo selvagem (FS), também conhecido como pênfigo foliáceo endêmico (PFE), é doença bolhosa autoimune da pele, endêmica no Brasil. Caracteriza­se, histologicamente, pela formação de bolhas intraepidérmicas com acantólise. A doença geralmente se inicia pela cabeça, pescoço e regiões seborréicas, evoluindo no sentido crânio­caudal, de forma simétrica. Praticamente todos os pacientes têm lesões na face e/ou no couro cabeludo. O FS não acomete mucosa oral, palmas das mãos e planta dos pés. O tratamento do FS faz­se, principalmente, com prednisona por via oral na dose de 1 a 2mg/kg/dia (dose máxima de 100 a 120mg dia). 7.11.3 PENFIGOIDE BOLHOSO O penfigoide bolhoso (PB) é doença autoimune subepitelial, crônica, limitada, com formação de bolhas, principalmente em indivíduos entre a quinta e sexta década de vida, de todas as raças, podendo ser fatal, particularmente em pacientes imunocomprometidos. A doença é caracterizada clinicamente pela combinação de máculas eritematosas, pápulas, placas e vesículas, bolhas grandes, tensas e áreas de erosões. As lesões são generalizadas e podem afetar a pele das áreas flexurais e intertriginosas. O envolvimento de mucosa oral é de 10­25% dos pacientes, evidenciando erosões secundárias às bolhas. Às vezes essas bolhas não se rompem com a mesma facilidade do pênfigo, devido a sua localização subepitelial e, se não houver infecção, regride sem deixar cicatriz. 7.11.4 PENFIGOIDE CICATRICIAL O penfigoide cicatricial é uma doença vesiculo­bolhosa crônica, autoimune, que inicialmente envolve as membranas das mucosas e menos frequentemente a pele, atinge adultos e idosos, tendendo para o sexo feminino. É rara e caracterizada por bolhas subepiteliais que curam deixando cicatrizes. As lesões são localizadas geralmente em superfície dos membros, cabeça e pescoço. Na variedade eritematosa, predominam mácula e eritema. Nas formas localizadas, além dos cuidados locais com limpeza, podem­se usar corticóides tópicos. Nas formas tradicionais da doença, podemos utilizar o corticosteróide sistêmico, como a prednisona, na dose de 1mg/kg/dia associado à dapsona, na dose de 100mg/dia. 7.11.5 LÍQUEN PLANO O Líquen plano (LP) é uma doença muco cutânea crônica de caráter inflamatório, etiologia desconhecida e natureza autoimune, que se manifesta na cavidade oral com grande frequência, antes ou depois das aparições epidérmicas. Outros locais de envolvimento extrabucal incluem as unhas, couro cabeludo, glande peniana, mucosa esofágica e mucosa vulvar. Ao agrupar diversas características clínicas e histopatológicas, pode­se classificar o Líquen Plano Oral (LPO) como: reticular, papular, em placa, erosivo, atrófico e bolhoso. As lesões podem surgir na forma de estrias brancas, placas ou pápulas brancas, eritema, erosões ou bolhas, sendo a mucosa jugal e dorso de língua, os locais mais comumente afetados. O LPO é uma doença relativamente comum, afetando a população em aproximadamente 0,1 a 4,0%. A maioria dos pacientes acometidos por LPO é constituída de adultos de meia­idade, com predileção pelo gênero feminino em uma razão homem / mulher de 2:3, estando as mulheres em uma faixa etária entre 30 e 60 anos. Estudos mostram que os indivíduos da raça branca possuem um risco cinco vezes maior de apresentar a lesão. Os principais tipos do LPO são o reticular e erosivo, sendo que o tipo reticular é o mais frequentemente observado e se caracteriza pelo desenvolvimento de linhas esbranquiçadas que se entrecruzam assumindo um aspecto de rede conhecida como estrias de Wickham, acometendo, em geral, a mucosa jugal bilateralmente. Em relação ao padrão atrófico, constatam­se lesões avermelhadas difusas, que podem aparentar ser uma mistura de duas formas clínicas, como a presença de estrias brancas características do tipo reticular, circundadas por uma área eritematosa. Localiza­ se usualmente na gengiva inserida, podendo o paciente relatar sensação de dor, ardor e disgeusia, interferindo na alimentação, na fala e na deglutição. Já o tipo bolhoso, representa a forma clínica mais incomum, consistindo em bolhas que aumentam de tamanho e tendem à ruptura, deixando uma superfície ulcerada e dolorosa. Apresenta a periferia da lesão, em geral, circundada por estrias finas e ceratinizada, observada comumente na mucosa jugal, especialmente em áreas adjacentes aos segundos e terceiros molares. O segundo sítio mais frequente é a borda lateral de língua, sendo raro em gengiva e lábios. Cremes de corticoides ou emulsões antipruriginosas são úteis em casos de LP cutâneo, e no caso de acometimento bucal, há indicação do medicamento em orabase. Todavia, nos casos em que os sintomas são graves, pode­se optar pelo uso sistêmico. Nas formas agudas, generalizadas e intensas, pode ser usado corticosteroide de cursos rápidos (Prednisona 20 mg/dia, inicialmente, seguido por um criterioso esquema de retirada gradual). A adição de antifúngicos ao tratamento potencializa os resultados clínicos. Tal fato aparentemente é consequência da eliminação do crescimento secundário da Candida albicans no tecido envolvido pelo líquen plano. Os antifúngicos também previnem o crescimento associado ao uso de corticosteroides. Sua remissão espontânea é rara. Se as lesões são assintomáticas, geralmente não é feito tratamento, mas alerta­se o paciente a retornar regularmente às consultas para rever a lesão (pelo menos anualmente, ou antes, caso se manifestem os sintomas). Um dos principais objetivos de se obter um diagnóstico preciso de LPO é que nos permite diferenciar entre uma displasia liquenoide e LPO, razão pela qual se recomenda a biópsia. No caso de a lesão consistir em uma displasia liquenoide, o tratamento oncológico preventivo da mesma deve ser feito. 7.11.6 LUPUS ERITEMATOSO O lúpus eritematoso (LE) abrange três subtipos reconhecidos: o lúpus eritematoso sistêmico (LES), o lúpus eritematoso cutâneo subagudo (LECS) e o lúpus eritematoso discoide (LED). Há algumas hipóteses que afirmam que é causado devido à exposição repetida ou prolongada a um autoantígeno. O diagnóstico do lúpus eritematoso sistêmico é baseado na identificação de pelo menos quatro, das onze manifestações usadas como critério de diagnóstico pela Associação Americana de Reumatologia (AAR): rash malar, rash discóide, fotossensibilidade, úlceras orais, artrite, serosite, complicações renais, neurológicas, hematológicas, imunológicas e a presença de anticorpos antinucleares. A sintomatologia do paciente também é considerada um auxílio no diagnóstico da doença e compreende dores nas articulações, febre alta, artrite, fadiga extrema, mal estar, falta de apetite, perda de peso, erupções no nariz e na região malar, irritabilidade, depressão, ulcerações no nariz e na língua, eritema e ceratose na mucosa bucal. Pode manifestar também ardência bucal, xerostomia, doenças das glândulas salivares, como necrose focal da glândula parótida, problemas nas articulações temporomandibulares, gengivite descamativa e doença periodontal. A xerostomia pode levar ao aumento da ocorrência de cárie e à predisposição à candidíase, especialmente se estiverem sendo administrados agentes imunossupressores, como predinisona. Estes pacientes, portanto, devem ter sua higiene bucal intensificada, a fim de evitar o agravamento das infecções bucais e a bacteremia. Estas lesões podem se apresentar como uma erosão da mucosa, placas de superfície descamativa ou fissuras com tendência hemorrágica, ulcerações ou erosões no interior de placas ou estrias brancas irradiadas. Em um mesmo paciente, é possível encontrar expressão de todas estas combinações. O tamanho das lesões é variável e as úlceras vão desde uma pequena erosão superficial até uma área larga e extensa. Uma queixa comum dos pacientes com LES é a xerostomia, ocasionada, sobretudo, pelo uso de imunossupressores. Esta pode levar ao aumento da ocorrência de cáries e à candidíase. Estes pacientes, portanto, devem ter sua higiene bucal intensificada, a fim de evitar o agravamento das infecções bucais e a bacteremia. O cirurgião­dentista desempenha papel fundamental no diagnóstico das lesões de LES, uma vez que a cavidade bucal pode ser o local primário de manifestação da doença. Em última análise, este profissional deve estar atento aos cuidados bucais neste grupo de pacientes, bem como ao que se refere à profilaxia antibiótica nos procedimentos odontológicos indicados. 7.11.7 ERITEMA MULTIFORME Eritema multiforme (EM) é uma desordem mucocutânea, que se caracteriza pela destruição de pequenos vasos sanguíneos próximos a camada basal do epitélio, ocorrendo primariamente, em adultos jovens, mas pode acometer crianças. São placas eritematosas, bolhas e lesões em alvo (anéis eritematosos concêntricos separados por anéis de coloração quase normal), localizadas geralmente nas extremidades. As lesões recorrentes podem aparecer como úlceras dolorosas múltiplas, semelhantes ao episódio inicial, ou como placas eritematosas menos sintomáticas com ulceração limitada (NEVILLE, 2004). Há uma forma variante maior do EM, a síndrome de Stevens­Johnson forma esta, mais grave, que pode ocorrer envolvendo, simultaneamente, boca, olhos, pele, genitália e, por vezes, esôfago e trato respiratório. Representa uma desordem imune mediada por complexos de hipersensibilidade, a qual 3­15% dos portadores de formas graves da doença morrerá, sendo mais comum em mulheres entre a segunda e quarta década. Os sinais e sintomas, nesta síndrome, são mais expressivos. Os lábios podem ficar cobertos por crostas, e as lesões bucais causar dor intensa. As drogas são a etiologia mais comum nesta síndrome, com 50% dos agentes causadores identificados. As mais comuns são a carbamazepina, ação prolongada da combinação de sulfadoxina e pirimetamine. 7.11.8 SINDROME DE SJÖGREN A Síndrome de Sjögren é uma desordem autoimune, multi­sistêmica, inflamatória crônica, que envolve glândulas exócrinas, podendo ocasionar o prejuízo funcional destas. É caracterizada por disfunções nas glândulas salivares e lacrimais, ceratoconjuntivite seca, xerostomia, além de anormalidades sorológicas. Muito infrequente em crianças, a síndrome acomete preferencialmente adultos entre a 4ª e 5ª décadas de vida, com prevalência de 9:1 a 10:1 para o gênero feminino em relação ao masculino e é clinicamente caracterizada por olhos secos e xerostomia. Essa síndrome também está relacionada à litíase das glândulas salivares principais, acometendo principalmente a glândula parótida. De etiologia ainda desconhecida, acredita­se que fatores nutricionais, imunológicos, neurológicos, virais, hereditários, genéticos e hormonais possam interagir para o surgimento da doença. Alguns procedimentos para o diagnóstico dessa síndrome incluem: sialografia, cintilografia salivar, biópsias e testes sorológicos. Embora sejam úteis, esses exames são invasivos, caros e nem sempre conclusivos. Um procedimento útil no diagnóstico é a biópsia de glândula salivar menor e o resultado histopatológico revela infiltrado linfocitário no parênquima da glândula. A avaliação sialométrica, utilizando­se de métodos com ou sem estimulação à secreção salivar, é um importante meio auxiliar no diagnóstico dessa doença. Observa­se uma redução na quantidade de saliva produzida, e essa informação, apesar de não ser patognomônica, representa importância clínica, uma vez que é útil na avaliação da progressão da cárie, na criação de ambiente favorável para o desenvolvimento de infecções fúngicas, no surgimento de dor na mucosa bucal e disfagia. A xerostomia é o principal sintoma bucal, onde a saliva produzida apresenta aspecto espesso e esbranquiçado. Esta alteração compromete a proteção da mucosa bucal e a manutenção da integridade das estruturas bucais. Os pacientes, normalmente, queixam­ se de dificuldade de deglutição, sensação de secura e queimação bucal, alteração do paladar e dificuldade no uso de próteses. O déficit salivar predispõe a cavidade bucal ao desenvolvimento de doenças oportunistas como a candidíase, nas apresentações atrófica crônica ou queilite angular, e cárie dentária, principalmente na região cervical e oclusal dos dentes posteriores. A língua pode tornar­se fissurada e com atrofia das papilas, a mucosa bucal pode apresentar­se vermelha­eritematosa, enrugada, sensível e até ulcerada, devido à fricção tecidual. O periodonto também é mais susceptível a doenças inflamatório­destrutivas. Como os sintomas iniciais são considerados irrelevantes ou vagos, o diagnóstico inicial pode ser postergado em vários anos. O diagnóstico da síndrome depende de uma avaliação multi­disciplinar, na qual a participação odontológica, oftalmológica e reumatológica são valiosas. O Cirurgião­Dentista tem o objetivo de aliviar os sinais e sintomas da xerostomia e diminuir as possíveis complicações associadas. O acompanhamento próximo por este profissional e o uso regular de substâncias ricas em flúor na higiene bucal é fundamentais para manutenção de índices adequados de saúde, como controle de cárie e doença periodontal. Pode ser indicada prescrição de medicação antifúngica com vistas ao tratamento ou prevenção destas infecções . Os pacientes devem ser encorajados a utilizarem saliva artificial ou aumentarem o consumo de líquidos. Pode­se indicar uma terapia fisiológica de estímulo à reposição salivar, através da mastigação de produtos que aumentem o fluxo salivar, ou farmacológica, através do uso das medicações que estimulem a salivação, além de contra­ indicar as que inibam este fluxo. 8. VISITA DOMICILIAR O planejamento das ações de saúde a serem desenvolvidas na Estratégia de Saúde da família ultrapassa o atendimento curativo realizado no consultório odontológico e abrange autilização de espaços coletivos para a realização de eventos de cunho preventivo e de promoção da saúde, além de incluir as visitas domiciliares como rotina obrigatória na agenda da equipe, abrindo perspectivas de uma nova lógica assistencial, que perpassa toda a história da Odontologia, onde o alívio da dor e o trabalho enclausurado em quatro paredes eram a tônica dos serviços odontológicos.Além disso, este contato proporciona o estabelecimento de vínculos com a comunidade e reforça a idéia de co­responsabilidade na resolução dos seus problemas de saúde. A atenção básica tem como um de seus fundamentos possibilitar o acesso universal e contínuo a serviços de saúde de qualidade e resolutivos, que constituem porta de entrada preferencial da rede de atenção. A atenção domiciliar integra também a assistência domiciliar que pode ser realizada por profissionais da Atenção Básica ou da Atenção Especializada. É uma modalidade inerente ao processo de trabalho das equipes deste nível de atenção. Destina­se a responder às necessidades de saúde de um determinado segmento da população com perdas funcionais e dependência para a realização das atividades da vida diária. A operacionalização deve ser executada pela equipe por meio de um planejamento construído em conjunto de forma pactuada com o usuário­família, e considerando as atribuições dos membros da equipe. A visita domiciliar destina­se aos indivíduos ou famílias que assim o necessitem por critérios de risco definidos pela equipe ou por impossibilidade de deslocamento até a Unidade Básica (pacientes especiais, idosos, por exemplo). Inclui atividades de educação em saúde, exame clínico em domicílio, higiene bucal supervisionada e uso do flúor. Os atendimentos domiciliares são caracterizados pela ida do profissional da saúde na residência dos pacientes, bem como no ambiente em que vivem, sendo considerado um método para o estabelecimento de um plano assistencial voltado à prevenção, recuperação e manutenção da saúde; proporcionando maior conforto psicológico em um atendimento humanizado. A prática possibilita o conhecimento da situação de saúde das famílias com uma maior profundidade, assim como, o desenvolvimento de ações promocionais e o acompanhamento de grupos. Constitui­se um forte elemento no estabelecimento de vínculos entre as equipes e as famílias. Na estratégia de Saúde da Família, a visita domiciliar é um procedimento rotineiro, preferencialmente realizado pelo ACS (Agente comunitário de saúde). Para que as atividades da assistência domiciliar atendam às necessidades do usuário/família, é necessário que a equipe sistematize um planejamento de ações integrado, dinâmico, flexível e adaptável à realidade do usuário(Figura 23). Recomenda­se que a família participe ativamente nesse processo. O planejamento deve contemplar a participação e a freqüência de todos os profissionais na execução das ações, a partir das necessidades identificadas, buscando distribuir os profissionais de forma a otimizar o trabalho da equipe(Figura 24). Para a Saúde Bucal esta nova forma de se fazer as ações cotidianas representa, ao mesmo tempo, um avanço significativo e um grande desafio. Um novo espaço de práticas e relações a serem construídas com possibilidades de reorientar o processo de trabalho e a própria inserção da saúde bucal no âmbito dos serviços de saúde. Vislumbra­se uma possibilidade de aumento de cobertura, de efetividade na resposta às demandas da população e de alcance de medidas de caráter coletivo. As maiores possibilidades de ganhos situam­se nos campos do trabalho em equipe, das relações com os usuários e da gestão, implicando uma nova forma de se produzir o cuidado em saúde bucal. Figura 23. Planejamento da visista domiciliar Figura 24. Execução da visista domiciliar 9. AÇÕES COLETIVAS 9.1 NORMATIZAÇÃO PARA AS AÇÕES COLETIVAS A promoção de saúde bucal está inserida num conceito amplo de saúde que transcende a dimensão meramente técnica do setor odontológico, integrando a saúde bucal às demais práticas de saúde coletiva. Significa a construção de políticas públicas saudáveis, o desenvolvimento de estratégias direcionadas a todas as pessoas da comunidade, como políticas que gerem oportunidades de acesso à água tratada, incentivo a fluoretação das águas, o uso de dentifrício fluoretado e assegurem a disponibilidade de cuidados odontológicos básicos apropriados. Ações de promoção da saúde incluem também trabalhar com abordagens sobre os fatores de risco ou de proteção simultâneos tanto para doenças da cavidade bucal quanto para outros agravos (diabete, hipertensão, obesidade, trauma e câncer) tais como: políticas de alimentação saudável para reduzir o consumo de açúcares, abordagem comunitária para aumentar o autocuidado com a higiene corporal e bucal, política de eliminação do tabagismo e de redução de acidentes. A busca da autonomia dos cidadãos é outro requisito das ações de promoção de saúde. A equipe de saúde deve fazer um esforço simultâneo para aumentar a autonomia e estimular práticas de autocuidado por pacientes, famílias e comunidades. As ações de proteção à saúde podem ser desenvolvidas no nível individual e/ou coletivo. As ações coletivas são estratégias organizadas visando à melhoria das condições de Saúde Bucal de uma determinada população, sendo desenvolvidas para atingir o maior número de pessoas, por meio de procedimentos realizados em diferentes espaços sociais com a finalidade de prevenir agravos e promover a saúde através da educação. As ações e atividades coletivas incluem os anteriormente denominados Procedimentos Coletivos (PC) e as ações de educação em saúde realizadas com grupos específicos nas UBS, no domicílio ou em outros espaços comunitários. Os procedimentos e atividades coletivas estão listados na tabela do Sistema de Informação Ambulatorial (SIA/SUS). Seus componentes receberam códigos específicos denominados: ação coletiva de escovação dental supervisionada; ação coletiva de bochecho fluorado; ação coletiva de exame bucal com finalidade epidemiológica; atividade educativa/orientação em grupo na atenção básica; atividade educativa/orientação em grupo na atenção especializada, sendo que as duas últimas atividades não são exclusivas para o grupo de procedimentos da saúde bucal. Para a organização das atividades coletivas, cada profissional deve fazer um planejamento adequado à realidade de sua UBS, estabelecendo grupos específicos e fazendo um reconhecimento local para verificar quais as ferramentas ou espaços sociais poderão ser utilizados para otimizar as ações programadas. Nas UBSF, é possível determinar, na região adstrita, quais famílias ou indivíduos apresentam­se em situação de maior risco ou vulnerabilidade à doença e, portanto, merecem uma atenção prioritária. A avaliação do risco em saúde bucal é uma ferramenta fundamental para o planejamento de ações coletivas e de assistência, propiciando a equidade na Atenção em Saúde. Já nas UBS tradicionais, o paciente é quem procura a Unidade, portanto, é importante que na primeira consulta odontológica programática, durante a anamnese, o cirurgião­dentista faça questionamentos buscando ter uma ideia dos fatores de risco individuais, pois através do indivíduo, pode­se tentar chegar à família e estimulá­los a procurarem a UBS para receberem avaliação e as orientações necessárias. A abordagem da população­alvo quanto às ações de saúde bucal deve ser planejada segundo cada contexto local (capacidade instalada e perfil epidemiológico da população adstrita, número e tipo de espaços sociais entre outros). Este enfoque deve considerar três objetivos populacionais a serem atingidos concomitantemente: 1) interromper a livre progressão da doença nos grupos populacionais, evitando o surgimento de casos novos (diminuir incidência ou incremento); 2) detectar lesões e sinais reversíveis mediante diagnóstico precoce e empregar tecnologias não invasivas (diminuir prevalência); 3) reabilitar, através de procedimentos restauradores, os doentes e/ou portadores de sequelas, tanto em atenção primária como secundária e terciária, através de um sistema de referência e contrarreferência efetivo. Para garantir a efetividade e a eficiência dessa abordagem, é fundamental que os ACS, após treinamento, intervenham junto a cada núcleo familiar, buscando a adesão das famílias à proposta. As famílias de alto risco deverão ser as primeiras a receber as ações educativas e a participar da triagem, para serem logo inseridas nos grupos de controle e assistência. As ações coletivas compreendem: fluoretação das águas, ações educativas, escovação dental supervisionada e aplicação tópica de flúor. Fluoretação das águas Entende­se que o acesso à água tratada e fluoretada é fundamental para as condições de saúde da população. Assim, viabilizar políticas públicas que garantam a implantação da fluoretação das águas, ampliação do programa aos municípios com sistemas de tratamento é a forma mais abrangente e socialmente justa de acesso ao flúor. Neste sentido, desenvolver ações intersetoriais para ampliar a fluoretação das águas no Brasil é uma prioridade governamental, garantindo­se continuidade e teores adequados nos termos da lei 6.050 e normas complementares, com a criação e/ou desenvolvimento de sistemas de vigilância compatíveis. A organização de tais sistemas compete aos órgãos de gestão do SUS. Ações Educativas A educação em saúde bucal deve fornecer instrumentos para fortalecer a autonomia dos usuários no controle do processo saúde­doença e na condução de seus hábitos. Sua finalidade é difundir elementos, respeitando a cultura local, que possam contribuir com o empoderamento dos sujeitos coletivos, tornando­os capazes de autogerirem seus processos de saúde­doença, sua vida, com vistas à melhoria da sua qualidade de vida. Em geral, o conteúdo para as ações educativas coletivas deve abordar: (1) as principais doenças bucais, como se manifestam e como se previnem; (2) a importância do autocuidado, da higiene bucal, da escovação com dentifrício fluoretado e o uso do fio dental; (3) os cuidados a serem tomados para evitar a fluorose; (4) as orientações gerais sobre dieta; (5) a orientação para autoexame da boca; (6) os cuidados imediatos após traumatismo dentário; (7) a prevenção à exposição ao sol sem proteção; (8) a prevenção ao uso de álcool e fumo. O planejamento das ações educativas deve ser feito em conjunto com a equipe de saúde, principalmente em relação às ações propostas por ciclo de vida, condição de vida, e por fatores de risco comum para várias doenças. A educação em saúde deve ser parte das atribuições comuns a todos os membros da equipe de saúde bucal, mas os profissionais auxiliares podem ser as pessoas ideais para conduzir o trabalho nos grupos. O ACS tem papel relevante na divulgação de informações sobre saúde bucal, devendo a equipe de saúde bucal orientar o seu trabalho. A presença do CD é importante em momentos pontuais e no planejamento das ações. Salienta­se a importância da revisão das práticas pedagógicas, especialmente em se tratando de abordagem para educação para adultos e jovens, que necessariamente difere da educação para crianças. São aspectos importantes a serem observados na educação em saúde bucal: • Respeito à individualidade. • Contextualização nas diversas realidades, incluindo as possibilidades de mudança. • Respeito à cultura local. • Respeito à linguagem popular para encaminhar uma construção conjunta da prática. • Ética. • Autopercepção de saúde bucal. • Reflexão sanitária: o processo de educação em saúde deve capacitar os usuários para participar das decisões relativas à saúde. • Uso de metodologias adequadas a cada situação e a cada grupo etário. As ações educativas no nível coletivo podem ser feitas com os seguintes enfoques: ­ População: atividades educativas voltadas para a população como um todo. Existem fatores de risco comuns a várias doenças, tais como tabagismo, etilismo, exposição ao sol sem proteção e dieta inadequada, entre outros, e que devem ser abordados em conjunto no nível da equipe de saúde, de forma multiprofissional. ­ Grupos e espaços sociais: identificar no território possíveis grupos para serem trabalhados a partir de critérios de risco, possibilidade de atuação e recursos disponíveis. ­ Grupos operativos na unidade de saúde: grupos formados para a problematização das questões de saúde bucal, integração e a democratização do conhecimento a partir de um encaminhamento individual. Nesses grupos devem ser trabalhadas minimamente a causalidade dos agravos, formas de prevenção, a evidenciação do biofilme e a escovação supervisionada. ­ Famílias: incluir as atividades educativas na rotina do trabalho dos agentes comunitários de saúde e da Equipe Saúde da Família, a partir de critérios de risco ou da identificação do núcleo familiar como um fator determinante no processo saúde­ doença. ­ Indivíduos: realizada em todas as etapas do tratamento, de forma particularizada, para atender a necessidades individuais, visando à autonomia no cuidado. Escovação Dental Supervisionada A higiene bucal é um componente fundamental da higiene corporal das pessoas. Mas realizá­la adequadamente requer aprendizado. Uma das possibilidades para esse aprendizado é o desenvolvimento de atividades de escovação dental supervisionada (EDS), pelos serviços de saúde, nos mais diferentes espaços sociais. A EDS visa à prevenção da cárie – quando for empregado dentifrício fluoretado – da gengivite, através do controle continuado do biofilme pelo paciente com supervisão profissional, adequando a higienização à motricidade do indivíduo. Recomenda­se cautela na definição de técnicas “corretas” e “erradas”, evitando­se estigmatizações. A EDS deve ser desenvolvida preferencialmente pelos profissionais auxiliares da equipe de saúde bucal. Sua finalidade é a busca da autonomia com vistas ao autocuidado. Aplicação Tópica de Flúor A aplicação tópica de flúor (ATF) visa à prevenção e controle da cárie, através da utilização de produtos fluorados (soluções para bochechos, gel fluoretado e verniz fluoretado), em ações coletivas. Para instituir a ATF recomenda­se levar em consideração a situação epidemiológica (risco) de diferentes grupos populacionais do local onde a ação será realizada. A utilização de ATF com abrangência universal é recomendada para populações nas quais se constate uma ou mais das seguintes situações: a) exposição à água de abastecimento sem flúor; b) exposição à água de abastecimento contendo naturalmente baixos teores de flúor (até 0,54 ppm F); c) exposição a flúor na água há menos de 5 anos; d) CPOD maior que 3 aos 12 anos de idade; e) menos de 30% dos indivíduos do grupo são livres de cárie aos 12 anos de idade; 9.2 NORMATIZAÇÃO PARA OS PROCEDIMENTOS COLETIVOS Entende­se como Procedimentos Coletivos a universalização do acesso à escova e ao dentifrício Fluoretado: Pela importantíssima participação da escovação com dentifrício fluoretado na prevenção da cárie, garantir o seu acesso de forma universalizada por parte dos usuários da área de abrangência, deve ser considerada uma política principal entre as ações de saúde bucal. A universalização do acesso ao fio dental deve ser sempre incentivada. No período entre janeiro de 1992 e março de 2006, os serviços públicos odontológicos brasileiros se envolveram com um tipo inusitado de ação: os procedimentos coletivos (PC) criados na Tabela de Procedimentos do Sistema de Informações Ambulatoriais (SIA) do Sistema Único de Saúde (SUS), por meio da Portaria 184, de 9/10/1991. A Portaria 184, criou três tipos de procedimentos coletivos de saúde bucal, definidos e compostos como: Procedimentos Coletivos I (PC-I): Conjunto de procedimentos de promoção e prevenção em saúde bucal, de baixa complexidade, dispensando equipamentos odontológicos, desenvolvidos integralmente em grupos populacionais previamente identificados que possuem como componentes: 1) Exame Epidemiológico – Levantamento epidemiológico realizado anualmente com objetivo de medir modificações no quadro epidemiológico das doenças bucais no grupo atendido; 2) Educação em Saúde – Atividades educativas realizadas trimestralmente, enfatizando os cuidados com a saúde bucal (dieta, desenvolvimento orofacial, aleitamento materno etc.); 3) Bochechos Fluoretados – Realizados semanalmente, com solução de fluoreto de sódio a 0,2%, ao longo do ano (mínimo de 25 aplicações); 4) Higiene Bucal Supervisionada – Compreende evidenciação de placa bacteriana e escovação supervisionada com pasta fluoretada, realizadas, no mínimo, a cada três meses, ao longo do ano, fornecendo a cada participante uma escova de dentes e um tubo de pasta fluoretada de 100 ou 90 g a cada três meses. Procedimentos Coletivos II (PC-II): procedimentos constantes no PC­I acrescidos de: Consiste no conjunto de 1) Exame Clínico para Diagnóstico 2) Terapêutica Intensiva com Flúor. Procedimentos Coletivos III (PC-III): Componentes: Consiste no conjunto de procedimentos constantes nos códigos anteriores (PC­I e PC­II) acrescidos de: 1) Remoção de Cálculo e Polimento Dentário; 2) Escariação e Selamento de Cavidade, com Cimento Provisório; 3) Aplicação de Selantes; 4) Remoção de Raízes Residuais; 5) Aplicação de Cariostático. (FONTE: Procedimentos Coletivos de Saúde Bucal: gênese, apogeu e ocaso – Saude e Sociedade. vol.18 no.3 São Paulo Jul/Set. 2009). Abordagem Coletiva: Ações de Vigilância sobre Risco e de Necessidades em Saúde Bucal: A cárie, por ser uma doença multifatorial, é afetada pelas condições sócio­econômicas. Assim, as ações de saúde para controle da cárie devem ser direcionadas à população sob risco social, oportunizando acesso aos tratamentos e ao uso do flúor (água fluoretada, dentifrício fluoretado). Deve ser incentivado o monitoramento de indicadores como a média CEO/CPOD e percentual dos grupos livres de cárie nas idades de 5 e 12 anos como vigilância mínima para cárie dentária, devendo cada município avançar nesse monitoramento para a faixa etária de 18 anos e acompanhamento das perdas dentárias de acordo com suas possibilidades, com período mínimo de quatro anos, para acompanhamento da série histórica. Para as populações adscritas, a vigilância sobre os sinais de atividade da doença (manchas brancas e cavidades) em ambientes coletivos (escolas, espaços de trabalho, creches) permite otimizar o planejamento da intervenção para cada realidade encontrada. Ações de Promoção à Saúde: Para controle e prevenção da cárie na população destacam­se medidas de saúde pública intersetoriais e educativas, que possibilitem acesso à alguma forma de flúor, redução do consumo do açúcar e disponibilidade de informação sistemática sobre os fatores de risco e autocuidado. São também determinantes as políticas relacionadas à melhoria das condições sócio­econômicas, da qualidade de vida, do acesso à posse e uso dos instrumentos de higiene e estímulo à manutenção da saúde. Neste sentido, cabe à equipe de saúde comprometer­se no planejamento, organização e suporte técnico à gestão municipal para efetiva prioridade das ações de promoção da saúde. Fluoretação da água de abastecimento: A fluoretação da água de abastecimento é considerada um método seguro e eficaz na prevenção da cárie dentária, que atinge toda a população com acesso a água tratada. A implantação da fluoretação das águas deve ser uma política prioritária bem como garantir monitoramento dos teores de flúor agregados à água. Ações Educativas e Preventivas: São realizadas com grupos de pessoas e, por isso, usam os espaços sociais (creches, escolas, locais de trabalho, comunidade) e espaços da unidade de saúde. As crianças em idade pré­escolar e escolar podem ser alvo dessas ações, pelo impacto de medidas educativas e preventivas nessa faixa etária e pela importância da atuação na fase de formação de hábitos. Outros grupos podem ser definidos localmente, de acordo com risco, dados epidemiológicos ou critérios locais. Recomenda­se a ampliação do acesso à essas ações envolvendo as famílias. As ações coletivas devem ser executadas, preferencialmente, pelo pessoal auxiliar, de forma a potencializar o trabalho do dentista em relação às atividades clínicas. A abordagem coletiva pode incluir os seguintes procedimentos: • Exame epidemiológico. • Educação em saúde bucal. • Escovação dental supervisionada. • Entrega de escova e dentifrício fluoretado e, sempre que possível, de fio dental. • Aplicação tópica de flúor (ATF): Para se instituir a aplicação tópica de flúor de forma coletiva deve ser levada em consideração a situação epidemiológica dos grupos populacionais locais em que a ação será realizada. • Sua utilização com abrangência universal é recomendada somente para populações nas quais seja constatada uma ou mais das seguintes situações: exposição à água de abastecimento sem flúor ou com teores abaixo de 0,4 ppmF e sem acesso à dentifrício fluoretado, CPOD maior que 3 aos 12 anos de idade e menos de 30% dos indivíduos livres de cárie aos 12 anos de idade. A ATF pode ser realizada na forma de bochechos fluorados semanais ou diários ou aplicação trimestral de flúor gel na escova, moldeira ou com pincelamento. 10. ATENÇÃO EM SAÚDE BUCAL PARA PESSOAS PRIVADAS DE LIBERDADE E MORADORES DE RUA 10.1 Atenção Integral à Saúde das Pessoas Privadas de Liberdade A Política Nacional de Atenção Integral à Saúde das Pessoas Privadas de Liberdade no Sistema Prisional (PNAISP) no âmbito do Sistema Único de Saúde (SUS) foi normatizada através da Portaria 482, de 1° de abril de 2014, estabelecendo que os serviços de saúde nos estabelecimentos prisionais serão conformados de acordo com a população prisional e o funcionamento dos serviços, classificando­se em 3 (três) faixas: I ­ unidades prisionais que contenham até 100 (cem) custodiados: serviço de saúde com funcionamento mínimo de 6 (seis) horas semanais; II ­ unidades prisionais que contenham de 101 (cento e um) a 500 (quinhentos) custodiados: serviço de saúde com funcionamento mínimo de 20 (vinte) horas semanais; III ­ unidades prisionais que contenham de 501 (quinhentos e um) a 1200 (um mil e duzentos) custodiados: serviço de saúde com funcionamento mínimo de 30 (trinta) horas semanais. Os profissionais das Equipes de Saúde no Sistema Prisional (ESP) serão cadastrados no Sistema de Cadastro Nacional de Estabelecimento de Saúde (SCNES) com as seguintes cargas horárias: I ­ para as equipes de Atenção Básica Prisional tipo I e Equipes de Atenção Básica Prisional tipo I com Saúde Mental, cada profissional cumprirá 6 (seis) horas semanais; II ­ para as equipes de Atenção Básica Prisional tipo II e Equipes de Atenção Básica Prisional tipo II com Saúde Mental, cada categoria profissional cumprirá carga horária mínima de 20 (vinte) horas semanais, ficando a critério do gestor de saúde distribuir a carga horária de cada profissional de modo que não seja inferior a 10 (dez) horas semanais; III ­ unidades prisionais que contenham de 501 (quinhentos e um) a 1200 (um mil e duzentos) custodiados: serviço de saúde com funcionamento mínimo de 30 (trinta) horas semanais. A equipe de saúde bucal faz parte obrigatoriamente de todas as modalidades de ESP’s. A Equipe de Atenção Básica Prisional tipo I terá composição mínima de1 (um) cirurgião­dentista, 1 (um) enfermeiro,1 (um) médico, 1 (um) técnico de enfermagem/auxiliar de enfermagem, 1 (um) técnico de higiene bucal/auxiliar de saúde bucal. O incentivo financeiro de custeio mensal para essa modalidade é de 3.957,50 reais. A Equipe de Atenção Básica Prisional tipo I com Saúde Mental terá a mesma composição da tipo I, acrescida no mínimo de 1 (um) psiquiatra ou médico com experiência em saúde mental, 2 (dois) profissionais selecionados dentre as ocupações: assistência social, enfermagem, farmácia, fisioterapia, psicologia ou terapia ocupacional. O incentivo financeiro de custeio mensal para essa modalidade é de 6.790,00 reais. A Equipe de Atenção Básica Prisional tipo II terá composição mínima de 1 (um) assistente social, 1 (um) cirurgião­dentista, 1 (um) enfermeiro, 1 (um) médico, 1 (um) psicólogo, 1 (um) técnico de enfermagem/auxiliar de enfermagem, 1 (um) técnico de higiene bucal/auxiliar de saúde bucal e 1 (um) profissional selecionado dentre as ocupações: assistência social, enfermagem, farmácia, fisioterapia, nutrição, psicologia ou terapia ocupacional. O incentivo financeiro de custeio mensal para essa modalidade é de 19.191,65 reais. A Equipe de Atenção Básica Prisional tipo II com Saúde Mental terá a mesma composição do tipo II, acrescida no mínimo de 1 (um) psiquiatra ou médico com experiência em saúde mental, 2 (dois) profissionais selecionados dentre as ocupações, assistência social, enfermagem, farmácia, fisioterapia, psicologia ou terapia ocupacional. O incentivo financeiro de custeio mensal para essa modalidade é de 28.633,31 reais. A Equipe de Atenção Básica Prisional tipo III terá a mesma composição da Equipe de Atenção Básica Prisional tipo II com Saúde Mental. O incentivo financeiro de custeio mensal para essa modalidade é de 42.949,96 reais. Os serviços de saúde no sistema prisional devem estar integrados a uma Unidade Básica de Saúde (UBS) do Município em que estiver localizado o estabelecimento prisional. Em Manaus, em relação aos estabelecimentos penais, temos 7 com mais de 500 detentos, 5 com até 100 detentos e 1 na condição entre 101 a 500 detentos. Quanto às equipes cadastrados no SCNES, competência 04/2015 são, 4 equipes tipo I, 24 equipes tipo I com saúde mental, 3 equipes tipo II e 4 equipes tipo II com saúde mental e nenhuma equipe do tipo III. Duas dessas equipes estão cadastradas na USA MJ PM Sálvio Belota, sendo que os atendimentos odontológicos são realizados diretamente nas unidades penitenciárias(Tabela 28:). 10.2 CONSULTÓRIO NA RUA As equipes de consultório na rua (ECR’s) foram instituídas no contexto da Política Nacional para a População em Situação de Rua (Brasil, 2009), seguindo os fundamentos e as diretrizes da Política Nacional de Atenção Básica que procura ampliar o acesso da população em situação de rua, e ofertar de maneira mais oportuna atenção integral à saúde, por meio das equipes e serviços da atenção básica, inclusive na busca ativa e cuidado aos usuários de álcool, crack e outras drogas. As ECR’s são formadas por equipes multiprofissionais, as quais prestam atenção integral à saúde, tanto na rua (in loco) como na Unidade Básica de Saúde (UBS) onde estão cadastradas(Tabela 28:). As atividades são realizadas de forma itinerante, com ações compartilhadas e integradas às demais UBS do distrito. As equipes de Consultório na Rua lidam com diferentes problemas e necessidades de saúde da população em situação de rua, desenvolvendo também ações compartilhadas e integradas com as equipes dos Centros de Atenção Psicossocial (Caps), dos serviços de urgência e emergência e de outros pontos de atenção, de acordo com a necessidade do usuário. Quanto às modalidades, temos a tipo I com 4 profissionais (2 de nível superior e 2 de nível médio), a tipo II com 6 profissionais (3 de nível superior e 3 de nível médio) e a do tipo III, a qual enquadra a modalidade II acrescido do profissional médico. Os profissionais de nível superior que poderão compor equipe são enfermeiro, psicólogo, assistente social, cirurgião­dentista, professor de educação física, terapeuta ocupacional, médico, os de nível médio são: agente social, técnico ou auxiliar de enfermagem, técnico em saúde bucal, profissional com formação em arte e educação (Manaus, 2015). O técnico em saúde bucal, quando compor a equipe, será supervisionado por um cirurgião dentista vinculado a uma Equipe de Saúde da Família (ESF) ou a outra equipe de atenção básica da área correspondente à área de atuação da ECR ou da UBS mais próxima da área de atuação, conforme definição do gestor local (Manaus, 2015). Em Manaus, o funcionamento da ECR na Modalidade I foi aprovado pelo colegiado do Conselho Municipal de Saúde de Manaus, conforme Resolução Nº 007 de 19 de fevereiro de 2015, e publicado no Diário Oficial do Município de Manaus do dia 27 de fevereiro de 2015. Atualmente aguarda portaria de certificação do Ministério da Saúde. A Equipe está realizando mapeamento do território físico estrutural. Manaus possui apenas uma equipe consultório na rua na modalidade I, composta de uma Enfermeira, uma Assistente Social, e dois Técnicos de Enfermagem, vinculada à Unidade Básica de Saúde Morro da Liberdade – CNES 2011778, localizada no Distrito de saúde Sul, na Rua São Benedito, s/n ­ bairro Morro da Liberdade. Tabela 28: Número de Equipes de Saúde no Sistema Penitenciário e Consultórios na Rua 11 ATENÇÃO SECUNDÁRIA E TERCIÁRIA 11.1 ORGANIZAÇÃO DO PROCESSO DE TRABALHO Como já foi abordado no Capítulo 2, As Redes de Atenção à Saúde possuem diversos níveis com a finalidade de dar melhor resolutividade aos agravos dos usuários do SUS e atendê­los de forma in tegral e, portanto, foi dividida em: Atenção Primária Atenção Secundária Atenção Terciária Para que o usuário seja atendido de forma integral, sem desperdício de tempo, é importante estabelecer critérios e fluxos para encaminhar o paciente para outros níveis de atenção. Esses critérios servem para otimizar o atendimento e normatizar os fluxos. Para cada nível de atenção ou especialidade estarão descritas as indicações e contraindicações específicas. Todos os níveis de atenção devem ter objetivos comuns, trabalhar de forma cooperativa, interdependente e sem hierarquia entre eles. 11.1.2 PREPARO DO USUARIO Antes de encaminhar o usuário para um nível de atenção especializado, são necessárias condutas clínicas e orientações para que o atendimento aconteça de forma otimizada. Deve­se conhecer, ainda, o tipo de procedimento que está sendo solicitado, bem como o número aproximado de sessões para realizar esse procedimento, ressaltando sua necessidade. Outros fatores importantes a serem abordados são: condições de continuar o tratamento (em caso de necessidade de prótese fixa, ainda não ofertada pela SEMSA Manaus); possibilidade de faltar ao trabalho ou escola; consulta com o clínico­geral da UBS, caso tenha alguma condição sistêmica. Caso o paciente não queira realizar o tratamento proposto, deve­se respeitar sua decisão e indicar outras alternativas para que o mesmo tenha bom estado de saúde bucal. Após a concordância com o tratamento, deve­se fazer o encaminhamento através da Ficha de Referência e Contrarreferência. A equipe da Unidade Básica de Saúde deve possuir cadastro atualizado do paciente e Carteira Nacional de Saúde (CNS). O cirurgião­dentista deve respeitar os critérios estabelecidos para o correto encaminhamento nas especialidades oferecidas na Rede SEMSA. Tais critérios encontram­se nos próximos tópicos deste capítulo. Após a concordância com o tratamento, deve­se fazer o encaminhamento através do Fomulário Padrão de Referência e Contrarreferência(Figura 25). 11.1.3 ENCAMINHAMENTO E RELATÓRIO DE ALTA ENCAMINHAMENTO: O profissional da Atenção Primária deve preencher o Formulário Padrão (Ficha de Referência e Contrarreferência, já existente nas Unidades de Saúde) e entregar ao paciente orientando­o sobre os procedimentos solicitados e endereço e telefone dos locais que realizam o serviço especializado. O preenchimento da Ficha de Encaminhamento deve ser feito de forma minuciosa e clara, objetivando uma boa compreensão entre os profissionais. É de fundamental importância a presença dos carimbos do profissional e da UBS. PREFEITURA DE MANAUS SECRETARIA MUNICIPAL DE SAÚDE DEPARTAMENTO DE ATENÇÃO PRIMÁRIA GERÊNCIA DE SAÚDE BUCAL Carimbo da Unidade solicitante Cfss CENTRO DE ESPECIALIDADES ODONTOLÓGICAS – CEO FICHA DE REFERÊNCIA DADOS PESSOAIS: DADOS DO PROFISSIONAL: Nº do Cartão do SUS:____________________________________ Nome: ____________________________________________ Nome: _______________________________________________ CRO Nº ________________ __________________________________________________ Data de nascimento: ______/______/_________ DADOS DA UNIDADE: Filiação: Pai____________________________________________ Nome: ____________________________________________ Mãe___________________________________________ Telefone: __________________________________________ Endereço: _________________________________________ _____________________________________________________ ( ) SEMSA Telefone: _____________________________________________ ( ) SUSAM HISTÓRIA DA DOENÇA ATUAL E EXAMES COMPLEMENTARES HIPÓTESE(S) DIAGNÓSTICA(S) ENCAMINHAMENTO PARA: ( ) Atendimento Especializado na Rede de Cuidados à Pessoa com Deficiência ( ) Atendimento Especializado em Diagnóstico Bucal e Cirurgia Oral Menor ( ) Atendimento Especializado em Endodontia - Dentes decíduos ( ) Atendimento Especializado em Endodontia - Dentes permanentes ( ) Atendimento Especializado em Odontopediatria - (até 6 anos) ( ) Atendimento Especializado em Ortodontia ( ) Atendimento Especializado em Disfunção Têmporo-mandibular ( ( ) Atendimento Especializado em Periodontia ) Atendimento Especializado em Prótese Manaus, _____ /_____ / ______. ______________________________________________________________ Carimbo e Assinatura do Dentista Solicitante FICHA DE CONTRARREFERÊNCIA RESUMO CLÍNICO E EXAMES COMPLEMENTARES Manaus, _____ /_____ / ______. _____________________________________________________________ Carimbo e Assinatura do Dentista do CEO CEO NORTE: R. 77, Nº 26, Qd. 240, Núcleo 11 - Cidade Nova II. (Depois da Escola Estadual Dom Milton) Tel.: 3641-6730 CEO OESTE: R. Comte. Paulo Lasmar, S/Nº - Conj. Santos Dumont. (Antiga Sede do IMPAS) Tel.3214-7712 CEO SUL: R. São Lázaro, S/Nº - São Lázaro. (Final da linha dos ônibus 704 e 708) Tel.: 3214-3303 CEO LESTE: Rua J, Qd. 64, Nº07 - São José - Etapa B Tel.: 3644-9876 CEO UEA: R. 04, Casa 05, Conj. Celetramazon, Bairro Adrianópolis (Próximo a Escola Mayara Aziz) Tel.: 3236-6728 Figura 25. Modelo da ficha referência e contrarreferência RELATÓRIO DE ALTA A equipe da Atenção Secundária ou Terciária deverá receber o paciente com a Ficha de Referência e Contrarreferência em mãos, fazer o agendamento do mesmo e dar as devidas orientações. Após a conclusão do atendimento especializado, o profissional deve preencher o campo de contrarreferência e entregá­lo ao usuário. Este campo deve indicar o procedimento realizado, a data da conclusão, além de conter a assinatura e carimbo do profissional e da unidade. É importante que o paciente seja orientado a retornar à UBS ou CEO para conclusão do tratamento ou acompanhamento. 11.1.4 GERENCIAMENTO DOS ENCAMINHAMENTOS PARA AS ESPECIALIDADES A equipe que referencia fará o gerenciamento dos usuários até a consulta agendada para garantir que o paciente esteja apto para receber o tratamento especializado. A equipe deve estar atenta, pois as necessidades do usuário podem sofrer mudanças com o tempo, por exemplo, é comum o usuário desistir do tratamento por encontrar dificuldades e filas de espera no agendamento para o atendimento especializado, mudança de endereço, fratura do dente, etc. Nestes casos, a equipe deve reavaliar a situação e tomar as medidas adequadas ao caso. Os casos que não podem esperar pelo tempo normal da fila devem ser priorizados, como no caso de suspeita de lesões cancerizáveis, e o profissional da UBS deve entrar em contato com o profissional da Atenção Secundária ou Terciária na tentativa de agilizar o processo para que não haja prejuízo ao paciente. 11.2 CRITÉRIOS E FLUXO DE ENCAMINHAMENTO PARA O ATENDIMENTO ESPECIALIZADO EM ENDODONTIA • Antes de encaminhar o paciente para o CEO, o dentista da Atenção Básica deverá verificar o potencial de reversão do processo patológico, realizando proteção pulpar direta ou indireta e/ou pulpotomia, aguardando período para acompanhar e avaliar vitalidade pulpar; • Os dentes com polpa vital e rizogênese incompleta deverão ser submetidos à técnica da pulpotomia, com o objetivo de favorecer a apicificação; • Apenas dentes permanentes com estrutura dental remanescente que possibilite posterior procedimento restaurador simples (já que este procedimento será realizado pelo profissional que o encaminhou ao CEO); • Preparo prévio do dente antes de ser encaminhado para tratamento ADEQUAÇÃO DO MEIO BUCAL: remoção de tecido cariado, penetração desinfetante, curativo de demora e restauração provisória; • Encaminhamento dos terceiros molares para endodontia, somente se for imprescindível sua manutenção no arco dental, com prognóstico favorável, apresentando antagonista e com possibilidade de acesso para a execução da técnica; • Dentes sem possibilidade de isolamento absoluto devem ser previamente encaminhados à Periodontia para aumento de coroa clínica; OBS.: Dentes com envolvimento de furca grau 3 ou com doença periodontal severa e grande mobilidade horizontal e vertical NÃO devem ser encaminhados; Contra-indicações: • Dentes decíduos (estes devem ser encaminhados para a Odontopediatria); • Terceiros molares sem antagonista e que não sejam pilares de próteses removíveis; • Reabsorções externas/ internas extensas; • Clareamento dental ou preparo intracanal para colocação de pinos; Para os casos abaixo encaminhar avaliação para Periodontia antes da Endodontia: • Dentes com envolvimento de furca, fratura radicular, perfurações, pólipo periodontal, coroa destruída abaixo do nível ósseo ou sem espaço biológico; • Dentes com grande perda de estrutura de sustentação e alto grau de mobilidade; • Dentes com presença de lesão periapical extensa, onde o prognóstico de reparo periapical é desfavorável. IMPORTANTE: Antes de encaminhar o dente para tratamento endodôntico, o CD da UBS deve remover toda a cárie do dente a ser tratado, fazer acesso à polpa, colocar medicação intracanal, selar o elemento dental provisoriamente e medicar, se necessário. Além disso, deve também verificar as condições de receber isolamento absoluto; caso se faça necessário, encaminhar previamente para o serviço de periodontia para aumento de coroa; As emergências pós tratamento endodôntico devem ser encaminhadas ao serviço que realizou o tratamento, para que o especialista avalie a condição do processo instalado(Figura 26). 11.2.1 SITUAÇÕES E AGRAVOS MAIS COMUNS EM ENDODONTIA PULPITE INCIPIENTE ­ Diagnóstico: Dor provocada por frio, quente e doces com rápido alívio cessar estímulo doloroso. ­ Diagnóstico diferencial: Pulpite transicional e Sensibilidade de colo dentinário. ­ Tratamento: Remoção do agente causal, capeamento pulpar (se necessário) e restauração. PULPITE TRANSICIONAL ­ Diagnóstico: Dor provocada por frio ou quente, que responde positivamente ao teste de sensibilidade com frio (ou gás refrigerante) e passa lentamente após a remoção do estímulo. Sinal patognomônico: dor paroxística (fisgada). Sem alteração radiográfica. ­ Diagnóstico diferencial: Pulpite incipiente e pulpite irreversível. ­ Tratamento: Capeamento pulpar ou pulpotomia. Em dentes com cavidades muito profundos ou expostas há muito tempo na cavidade bucal, recomenda­se fazer a primeira consulta endodôntica. PULPITE IRREVERSÍVEL ­ Diagnóstico: Dor espontânea, intensa, difusa ou localizada, contínua, pulsátil ou irradiada, que responde positivamente ao gás refrigerante, muitas vezes aliviada pelo frio. Em alguns casos, poderá ser observado radiograficamente o espessamento do ligamento periodontal. ­ Diagnóstico diferencial: Pulpite transicional e abscesso periapical. ­ Tratamento: Realizar primeira sessão endodôntica. ABSCESSO PERIAPICAL ­ Diagnóstico: Dor espontânea, intensa, localizada, pulsátil e positiva para o teste de percussão. Não responde positivamente ao teste com gás refrigerante. Conforme o estágio, presença de edema intra ou extra oral e limitação da abertura bucal. A imagem radiográfica pode apresentar alteração. ­ Diagnóstico diferencial: Pulpite irreversível e abscesso periodontal. ­ Tratamento: Fase inicial: Primeira sessão endodôntica. Com drenagem intracanal, prescrição de analgésico e antiinflamatório, se necessário. Sem drenagem, prescrição de antibiótico, analgésico e antiinflamatório. Fase infiltrativa: Primeira sessão endodôntica. Geralmente não há drenagem via endodôntica e nem sempre há o alívio da dor apósabertura endodôntica. Fase final: Presença de edema sem ponto de flutuação para drenagem – Realizar primeira sessão endodôntica, se possível e prescrever antibiótico, analgésico e antiinflamatório. Presença de edema com ponto de flutuação para drenagem ­ Realizar primeira sessão endodôntica, se possível. Drenar o abscesso por via intra ou extra oral. Prescrever antibiótico, analgésico e antiinflamatório. Figura 26: Fluxograma Endodontia 11.3 CRITÉRIOS E FLUXO DE ENCAMINHAMENTO PARA O ATENDIMENTO ESPECIALIZADO EM PERIODONTIA(Tabela 29: 27) INDICAÇÕES E CONTRA INDICAÇÕES PARA A REFERÊNCIA: • Avaliar o grau de motivação e real interesse do paciente pelo tratamento; • Aumento de coroa clínica: quando uma restauração ou cárie estiver invadindo espaço biológico. Neste caso, deve ser removido todo o tecido cariado e feito selamento provisório antes do encaminhamento; Tratamento de periodontite generalizada ou localizada em região de molar com bolsas de 4mm ou mais; • • Dentes com acentuada mobilidade vertical ­ contraindicado; • Os procedimentos Frenectomia Especialidade CTBMF; • Apenas dentes com possibilidade de reabilitação; • Gengivectomia ou gengivoplastia: em casos de hiperplasias gengivais, inclusive medicamentosas e crateras interproximais; • Cunha mesial ou distal: casos de bolsa com mais de 4 mm onde se verifica hiperplasia gengival que impossibilita a higienização; • O tratamento periodontal só deverá ser considerado COMPLETADO após, pelo menos uma reconsulta para avaliação, em espaço de tempo definido pelo responsável pela periodontia, e mantidas as condições de saúde periodontal; • Após a conclusão do tratamento o paciente será encaminhado à Unidade Básica de Saúde para manutenção periódica e acompanhamento. e Bridectomia são realizados pela OBS.: Esta especialidade NÃO realiza exodontia. Indicações: • Frenectomia: em casos onde o freio labial é bem desenvolvido, que penetra na papila, causando diastema; • Bridectomia: quando a inserção do freio dificultar a higienização e/ou estiver causando recessão gengival; • Aumento de coroa clínica: quando uma restauração ou cárie estiver invadindo espaço biológico. Neste caso, deve ser removido todo o tecido cariado e feito selamento provisório antes do encaminhamento; • Cunha mesial ou distal: casos de bolsa com mais de 4 mm onde se verifica hiperplasia gengival que impossibilita a higienização; • Gengivectomia ou gengivoplastia: em casos de hiperplasias gengivais, inclusive medicamentosas e crateras interproximais; • Tratamento de periodontite generalizada ou localizada em região de molar com bolsas de 4 mm ou mais; • Cirurgia Para­endodôntica: nos casos em que o tratamento endodôntico tenha sido realizado nos CEOs; • Cirurgias pré­protéticas: para regularização de rebordo. Contra-indicações: • Usuários que não realizaram o tratamento periodontal básico; • Dentes com mobilidade vertical. 11.3.1 SITUAÇÕES E AGRAVOS MAIS COMUNS EM PERIODONTIA(Tabela 29:) Tabela 29: Agravos mais comuns em Periodontia Fonte: Diretrizes de Saúde Bucal, 2012. Figura 27. Fluxograma em periodontia 11.3.2 RECOMENDAÇÃO DE TRATAMENTOS CLÍNICOS Vide capítulo 5 – Linha de cuidado para doença periodontal 11.4 ENCAMINHAMENTO ESTOMATOLOGIA PARA CIRURGIA ORAL MENOR E INDICAÇÕES Complicações durante o procedimento cirúrgico, que não podem ser resolvidas na UBS (Fraturas ósseas, fratura de instrumentos na cavidade oral, etc.), a necessidade de encaminhamento, nestes casos específicos deve ser justificada por escrito pelo profissional, no próprio encaminhamento ou em documento anexo, ambos carimbados, assinados e datados, em condições legíveis e ainda, informar a direção do CEO, via contato telefônico , a fim de agilizar o atendimento; Dentes semi­inclusos, inclusos ou impactados que não tenham mais potencial eruptivo, posicionados de tal forma que exista maior risco à: Doença cárie; Infecções recorrentes (pericoronarite e bolsa periodontal); Reabsorção do adjacente; Formação de cistos e tumores. OBS.: Considerar idade da pessoa, radiografia para verificar a formação da raiz, habilidade de higienização do usuário, história de doença periodontal individual e familiar, uso de tabaco e desejo do usuário. Lesões bucais que não cicatrizam há mais de 15 dias; IMPORTANTE ­ Acompanhar o paciente minimamente por 15 dias e reavaliá­lo antes da consulta agendada, a fim de observar com certeza se houve remissão ou não da lesão suspeita. Suspeita de lesões bucais cancerizáveis; Lesões bucais em pessoas com fatores de risco para câncer bucal (usuários com mais de 40 anos, tabagistas, etilistas, histórico familiar de câncer bucal, trabalhadores de oficinas mecânicas, pintores, jardineiros, trabalhadores da construção civil, trabalhadores rurais ou todo tipo de função em que haja exposição contínua ao sol ou produtos químicos); Cirurgia Para­endodôntica: nos casos em que o tratamento endodôntico tenha sido realizado previamente; Cirurgias pré­protéticas para regularização de rebordo; Frenectomia; Bridectomia; Demais procedimentos estabelecidos na Portaria 1464/GM, de 24 de junho de 2011. Caso o usuário apresente alguma das indicações, associadas a algum dos fatores: Dor de moderada a severa na região da lesão; Perda de peso nos últimos meses; Caquexia (debilidade associada ao câncer); Linfonodos palpáveis; Dificuldade de deglutição (disgeusia). Considerar a possibilidade de solicitação de priorização e/ou consulta extra. . CONTRA­INDICAÇÕES E CRITÉRIOS DE EXCLUSÃO • Condição sistêmica do usuário debilitada; •Pacientes em idade avançada avaliar risco/benefício; •Possibilidade de dano excessivo às estruturas adjacentes, causando iatrogenias; •Processos infecciosos em estágio agudo; •Possibilidade de tratamento conservador; •Exodontia de raiz residual em incisivos, caninos e pré­molares, sem acesso cirúrgico •Remoção profilática de 3º molar (saiba mais no quadro 15) •Encaminhamento de ortodontista; •Usuários com lesões bucais de manejo clínico na UBS (ex. candidíase/ candidose, aftas, estomatite herpética, torus sem comprometimento funcional). Responsabilidade por nível de atenção: Primária Avaliação do usuário com queixa de alteração bucal em tecidos moles e/ou duros, identificando as alterações não compatíveis com a normalidade. É de responsabilidade do cirurgião­dentista da equipe da UBS/SF realizar o diagnóstico e tratamento destas lesões, bem como a seleção dos casos que deverão ser encaminhados ao especialista, de acordo com a capacitação deste profissional. Salienta­se que no caso de lesões com suspeita de malignidade, o diagnóstico é também de responsabilidade do cirurgião­dentista, mas o tratamento é realizado por especialistas da oncologia. De maneira geral, os profissionais da UBS/SF são responsáveis pelo diagnóstico e tratamento de lesões prevalentes da mucosa bucal tais como: estomatite protética, herpes recorrente, gengivo­estomatite herpética primária, estomatite aftosa recorrente, candidíase e queilite angular, tratamento e remoção de fatores traumáticos da mucosa bucal tais como próteses mal­adaptadas, dentes ou restaurações fraturadas e raízes residuais, hábitos para­funcionais, triagem de pacientes com mais de 40 anos, fumantes e etilistas ou pacientes com histórico de exposição solar excessiva. Ressalta­se que é de extrema importância o acompanhamento pelos profissionais da UBS/SF dos casos encaminhados aos outros níveis de atenção, na perspectiva da continuidade do cuidado. Secundária Diagnóstico e tratamento das lesões bucais por meio de exames clínicos e complementares, biópsia, terapêutica cirúrgica (nível ambulatorial) e medicamentosa, quando pertinente; e planejamento do atendimento odontológico do paciente oncológico que será submetido à radioterapia ou quimioterapia. Terão prioridade pacientes com as seguintes necessidades: frenectomia; dentes supranumerários (inclusos ou impactados); cirurgias pré­protéticas (hiperplasias de tecido mole e rebordos ósseos); dentes retidos, inclusos e impactados; lesões não neoplásicas de glândulas salivares; remoção de cistos; tumores dos maxilares; fraturas dos dentes e ossos da face; corpos estranhos e luxação de ATM. Terciária Pacientes com diagnóstico de lesão maligna ou diagnóstico de lesões com necessidade de atenção cirúrgica/ambulatorial complexa na região de cabeça e pescoço. Procedimentos cirúrgicos que necessitem intervenção de um especialista em Cirurgia e Traumatologia buco­maxilo­faciais em ambiente hospitalar, para onde o CEO deve referenciar os pacientes com tais necessidades. 11.5 CRITÉRIOS E FLUXO DE ENCAMINHAMENTO PARA O ATENDIMENTO ESPECIALIZADO EM ODONTOPEDIATRIA(Figura 28) • Crianças até 6 anos com cárie aguda ou crônica, que não cooperaram com o atendimento clínico na Unidade Básica, após 2 tentativas (enviar documento com as datas das tentativas assinadas pelo CD e pelo responsável pela criança); • Endodontia de decíduo – idade limite até os 9 anos. • Casos excepcionais – entrar em contato com a direção do CEO. *Os procedimentos realizados no CEO são: Apenas para a faixa etária de até 6 anos: Aplicação de cariostático (por dente); Aplicação de selante ( por dente); Aplicação de flúor ( individual por sessão); Evidenciação de placa bacteriana; Selamento provisório de cavidade dentária; Capeamento pulpar Restauração de dente decíduo; Restauração de dente permanente anterior Restauração de dente permanente posterior; Pulpotomia dentária Raspagem alisamento e polimento supragengival (por sextante) Raspagem e alisamento subgengival (por sextante); Exodontia de dente decíduo; Exodontia de dente permanente. (Nota Técnica SEMSA 2015) Até 9 anos: Tratamento endodôntico de dente decíduo. *SOMENTE após 2 tentativas sem êxito de atendimento na Atenção Primária. (Deve informar, na ficha de encaminhamento, a descrição das datas das duas tentativas, com a assinatura do cirurgião dentista); 10.2.4.2 Técnicas de Condicionamento Psicológico em Odontopediatria O gerenciamento do comportamento através da comunicação é usado universalmente em Odontopediatria, tanto nos casos de cooperação dos pacientes como diante da não­cooperação, sendo esta a base para a criação de uma relação amigável com a criança, permitindo, assim, um tratamento odontológico com sucesso e a criação de uma atitude positiva frente a ele (Guidelines for Behavior Management of the American Academy of Pediatric Dentistry, 1999­2000). O medo do desconhecido é um dos fatores mais relevantes que contribuem para a ansiedade (Piedalue, Milnes, 1990), o qual pode levar a criança a não cooperar e não seguir instruções, da mesma maneira que, se ela se sentir ameaçada por alguma coisa, será difícil que coopere. Técnica do Falar-mostrar-fazer/ Tell-show-do (TSD) : Uma das técnicas de manejo do comportamento infantil mais bem aceitas pelos pais é a do falar­mostrar­fazer (Murphy et al., 1984), consiste em apresentar à criança o ambiente odontológico, assim como alguns instrumentos e procedimentos, oferecendo explicações verbais em linguagem simples. Demonstra­ se à criança, gradativamente, estes procedimentos, e ela tem a possibilidade de exercer todos os seus sentidos: visual, auditivo, tátil e olfatório. O objetivo da técnica do falar­mostrar­fazer é lidar com o medo e a ansiedade da criança frente a situações desconhecidas, por promover a familiarização da criança ao ambiente odontológico e seus procedimentos (Corrêa et al., 2002). Com esta conduta, oferecem­se informações preparatórias à criança, tornando tais elementos conhecidos e, assim, diminuindo seu medo e sua ansiedade. Conhecendo as funções básicas dos equipamentos, a criança terá menor probabilidade de projetar neles suas fantasias (Klatchoian, 2002). Os elementos odontológicos devem ser apresentados gradualmente, e assim promover sua familiarização antes do tratamento propriamente dito. Desta maneira, o profissional estará fornecendo informações preparatórias à criança, tornando o ambiente conhecido, e diminuindo seu medo e sua ansiedade. Segundo o autor, a técnica do “falar mostrar­fazer” deve se iniciar logo que a criança entra no consultório, e durar durante todo o atendimento. É fundamental que antes mesmo da criança entrar na sala de consulta, conheça o nome do profissional e que seja realizada uma breve “conversa” ou “contato social” entre profissional e criança. O objetivo desta etapa é mostrar à criança que queremos seu bem e seremos seu amigo. (Salim, 2002) Técnica da Mão sobre a boca/ Hand over mouth excercise (HOME): A técnica de “mão sobre a boca” tem por objetivo a atenção de uma criança altamente antagonista, de maneira a permitir o estabelecimento da comunicação e obter o seu concurso para que o tratamento seja executado com segurança . (Penido, 1997) Esta técnica não busca assustar a criança, mas sim obter a sua atenção e silêncio para que possa escutar o dentista. Para ele, a técnica da “mão sobre a boca” continua sendo algo controverso, por razões óbvias, e diz que as contra­indicações incluem crianças incapacitadas, imaturas e sob medicação cuja compreensão às ordens do dentista, se encontra comprometida . (Pinkhan, 1994) A técnica da mão sobre a boca tem sido descrita por diversos autores e consiste em colocar a criança firmemente na cadeira odontológica. Se a criança movimentar braços e pernas, o dentista e a auxiliar odontológica conterão a criança, prevenindo seu próprio dano e danos à equipe e ao equipamento. Se nenhuma comunicação é possível devido à criança estar gritando e chorando, o dentista posiciona a mão sobre a boca da criança para abafar o ruído, e simultaneamente se aproxima do ouvido e diz baixo, sem gritar, calmamente e sem raiva “você tem que para de gritar, quero conversar com você, quero olhar os seu dentes”. Geralmente a criança interrompe os gritos e o dentista remove a mão. Imediatamente reforça o comportamento da criança com um elogio: “sabia que você era capaz de colaborar” ou “gosto de você porque você é um bom ajudante”. ( Corrêa, 2002) Técnica da Dessensibilização: Esta técnica propõe uma ordem de execução dos procedimentos odontológicos sempre do mais fácil (para o paciente) para o mais difícil. Pouco útil quando se trata de uma emergência, mas fundamental no tratamento eletivo. O paciente deve ser levado a incrementar a sua capacidade de colaboração a medida que avança no grau de dificuldade do tratamento (tempo de cadeira, técnica anestésica, possível desconforto, etc.); Técnica da Distração: Como o próprio nome sugere consiste em manter o paciente com a sua atenção voltada para assuntos de seu interesse. O profissional pode manter contato verbal e visual (desenhos, objetos) com o paciente para que o tratamento não seja o foco principal da sua atenção; Técnica do Controle da voz: Alterando a entonação e o volume da voz pode­se atrair a atenção, pedir colaboração, reprovar atitude inadequada, reafirmar autoridade, desta forma mantendo controle da situação; Técnica do Reforço positivo: Sempre que o paciente for colaborador ou avançar para um estágio de tratamento superior, deve ser congratulado. Ao contrário, elogios vazios, sem vínculo com a sua atitude, ou de cunho social (beleza, roupas) devem ser evitados. Se o profissional optar por uma recompensa, esta deve estar associada ao sucesso do tratamento, nunca como uma moeda de troca para conseguir a colaboração da criança. Técnica da Modelação: Ao observar outra criança, que tenha bom comportamento, a criança pode desmistificar sobre o tratamento odontológico, possivelmente adquirindo “coragem” para ela mesma enfrentar a cadeira odontológica. Técnica da Linguagem corporal: Muito útil especialmente para crianças abaixo de 4 anos de idade. O profissional, através de gestos e expressões faciais, aprova ou desaprova uma atitude do paciente. O contato visual deve ser mantido para que se possa utilizar esta técnica; FLUXOGRAMA DO TRATAMENTO EM ODONTOPEDIATRIA Criança com idade entre 0 e 06 anos Permite atendimento após 2ª tentativa utilizando técnicas de condicionamento? NÃO Encaminhar para a odontopediatria do CEO Solicitar do paciente a contra- referência para saber se o tratamento foi concluído. SIM Realizar o tratamento odontológico na UBS Programar a manutenção e os cuidados domiciliares com o cuidador. Figura 28. Fluxograma em Odontopediatria 11.6 CRITÉRIOS PARA O ATENDIMENTO ESPECIALIZADO EM PRÓTESE DENTÁRIA INDICAÇÕES E CONTRA INDICAÇÕES PARA A REFERÊNCIA Os usuários desdentados totais, em um ou ambos os arcos, deverão ser encaminhados ao serviço especializado sem presença de restos radiculares, dentes inclusos ou lesões que contra­indiquem a reabilitação ou necessitem de indicação prioritária. Atribuições da Atenção Básica: Deverão ser realizados todos os procedimentos clínicos básicos e, após, realiza­se o encaminhamento para a reabilitação por prótese total superior, inferior ou ambas. Atribuições da Média Complexidade: reabilitação por próteses totais em pacientes de 60 anos ou mais de idade. Indicações: .Desdentado total na arcada superior ou inferior ou ambas; .Usuário de prótese total cuja prótese apresente desgaste excessivo dos dentes, nítida perda de dimensão vertical e/ou prótese trincada ou em estado de conservação crítico; OBS.: Prótese que apresente apenas falta de retenção ou estabilidade pode ser ajustada (por exemplo, com reembasamento). Contra-indicações: .Usuários com dentes ou raízes residuais. Estes casos deverão ser tratados previamente para posterior encaminhamento ao atendimento em Prótese; .Rebordo alveolar irrregular ou que não possibilite o assentamento de uma prótese, referenciar previamente ao CEO na especialidade Cirurgia Oral para a regularização; .Usuários com lesão na mucosa de suporte, mucosa de suporte não totalmente cicatrizada por conta de exodontias ou cirurgias pré­protéticas recentes (geralmente aguardar entre 45 e 60 dias de pós cirúrgico); .Pacientes com síndrome motora, psiquiátrica ou nervosa severa, que impossibilite tomada de impressão e a conseqüente confecção e uso da prótese. 11.7 CRITÉRIOS PARA O ATENDIMENTO ESPECIALIZADO À PESSOA COM DEFICIÊNCIA E CONDIÇÕES CRÔNICAS O termo “pessoa com deficiência” abrange diversas deficiências que podem acometê­las em qualquer momento de suas vidas, por tempo indeterminado ou não. Com base no decreto nº 5.296/04, considera­se pessoa com deficiência aquela que se enquadra nas seguintes categorias: 3. PESSOA COM MOBILIDADE REDUZIDA Aquela que, não se enquadrando no conceito de pessoa portadora de deficiência, tenha, por qualquer motivo, dificuldade de movimentar­se, permanente ou temporariamente, Gerando redução efetiva da mobilidade, flexibilidade, coordenação motora e percepção. 4. PESSOA PORTADORA DE DEFICIÊNCIA 2.1 DEFICIÊNCIA FÍSICA Alteração completa ou parcial de um ou mais segmentos do corpo humano, acarretando o comprometimento da função física, apresentando­se sob a forma de paraplegia, paraparesia, monoplegia, monoparesia, tetraplegia, tetraparesia, triplegia, triparesia, hemiplegia, hemiparesia, ostomia, amputação ou ausência de membro, paralisia cerebral, nanismo, membros com deformidade congênita ou adquirida, exceto as deformidades estéticas e as que não produzam dificuldades para o desempenho de funções 4.2 DEFICIÊNCIA AUDITIVA Perda bilateral, parcial ou total, de 41 decibeis (dB) ou mais, aferida por audiograma nas frequências de 500 Hz, 1.000 Hz, 2.000 Hz e 3.000 Hz. 4.3 DEFICIÊNCIA VISUAL Cegueira na qual a acuidade visual é igual ou menor que 0,05 no menor olho, com a melhor correção ótica; baixa visão, que significa acuidade visual entre 0,3 e 0,05 no menor olho, com a melhor correção ótica; os casos nos quais o somatório da medida do campo visual em ambos os olhos, for igual ou menor que 60°; ou a ocorrência simultânea de quaisquer das condições anteriores. 4.4 DEFICIÊNCIA MENTAL Funcionamento intelectual significamente inferior a media, com manifestação antes do 18 anos e limitações associadas a duas ou mais áreas de habilidades adaptativas: comunicação, cuidado pessoal, habilidades sociais, utilização dos recursos da comunidade, saúde e segurança, habilidades acadêmicas, lazer e trabalho. 4.5 DEFICIÊNCIA MULTIPLA Associação de duas ou mais deficiências. Referência para o Atendimento Especializado O protocolo de encaminhamento tem por finalidade regular as ações desenvolvidas pelos cirurgiões dentistas dos Centro de Especialidades Odontológicas (CEO´s), esclarecendo os casos que podem ser resolvidos nas Unidades Básicas de Saúde. A porta de entrada de atenção à pessoa com deficiência é sempre a Unidade Básica de Saúde, tendo o cirurgião­dentista. No caso de impossibilidade do paciente (por comprometimento severo ou estar acamado) em se deslocar até este estabelecimento, o profissional cirurgião­dentista DEVERÁ realizar a visita domiciliar para avaliar a necessidade de encaminhamento ao Centro de Especialidade Odontológica. Pacientes não colaboradores ou com comprometimento severo, após duas tentativas frustradas de atendimento na UBS , devem ser encaminhados para o CEO mais próximo de sua residência, que efetuará o atendimento e avaliará a necessidade ou não de atendimento hospitalar sob anestesia geral; Na primeira consulta previamente agendada no CEO, o responsável deve­se apresentar sem a companhia do paciente, possibilitando uma entrevista (anamnese) mais tranquila e detalhada sobre o paciente, permitindo ao profissional questionar sobre a saúde do paciente, seu comportamento e hábitos, buscando conhecer não só o paciente mas também sua convivência familiar. O responsável deve apresentar na primeira consulta: Laudo da avaliação médica, se possível com o Código Internacional de Doenças (CID) no qual se enquadra a patologia do paciente, Relatório do diagnóstico e evolução da doença (se possível), Receita das medicações utilizadas pelo paciente atualizada. Exames recentes Tais documentos serão xerocopiados e deverão ser anexados ao prontuário do paciente para posterior arquivamento. Ainda que existam alguns grupos com situações específicas que representem necessidade de atenção especial, eles devem ser atendidos nas UBS´S. Somente após 2 tentativas frustradas de atendimento pelo profissional da UBS, deverão os pacientes ser encaminhados ao CEO acompanhados de relatório odontológico detalhado, constando as datas das 2 tentativas de atendimento, justificando a referência e assinado pelo profissional que teve o atendimento frustrado. Requisitos básicos para a referência O encaminhamento deve ser feito exclusivamente pelo cirurgião dentista, em formulário próprio (Referência/Contra referência) preenchido corretamente e com letra legível, constando OBRIGATORIAMENTE: h) Dados pessoais completos do paciente (no caso de menores de idade, incluir os dados do responsável) i) Nome, telefone e carimbo da UBS que está encaminhando. j) Nome e carimbo do profissional (legíveis) k) História da Doença Atual e Exames Complementares, indicando a região / localização. l) Hipótese Diagnóstica / Prognóstico Provável ­ NÃO encaminhar pacientes ao CEO para a realização de avaliação clínica diagnóstica, exceto para lesões com potencial de malignização. m) Especificação da Especialidade indicada. n) Em casos de pacientes com alterações sistêmicas, relatar essas alterações e orientações médicas. o) Em casos de pessoa com deficiência, fazer breve relatório do ocorrido nas consultas colocando as datas das duas tentativas de atendimento. NÃO encaminhar pacientes para a realização de RX de nenhuma espécie. Os formulários preenchidos incorretamente serão xerocopiados, ficando a cópia arquivada no CEO e o original devolvido para os respectivos profissionais providenciarem o correto preenchimento. Quando houver dúvida quanto à necessidade de encaminhamento, recomenda­ se o contato interprofissional, visando discussão técnica do caso e solução das dúvidas, diminuindo o desgaste de locomoção do paciente. A marcação de consultas será realizada na recepção dos CEO’s mediante apresentação da ficha de encaminhamento da UBS corretamente preenchida. Após o término do tratamento, o paciente será encaminhado para a unidade de saúde de origem para manutenção periódica, com o formulário de contra referência devidamente preenchido onde conste a identificação do profissional que realizou o tratamento, diagnóstico e tratamento realizados. Os casos de urgência devem ser solucionados nas Unidades Básicas de Saúde (UBS) ou nos Serviços de Pronto Atendimento (SPA). Tais pacientes atendidos devem ser encaminhados primeiramente para as UBS´s para a adequação dos critérios estabelecidos e seguimento do fluxo de atendimento. Critérios para a inclusão da pessoa com deficiência nos Centros de Especialidades Odontológicas Pacientes que passaram pela Unidade Básica de Saúde, foram avaliados pelo cirurgião­dentista quanto à necessidade de tratamento odontológico e que não permitiram o atendimento clínico ambulatorial convencional, ou que necessitem de atendimento hospitalar sob o uso de anestesia geral. Pacientes com movimentos involuntários que coloquem em risco a sua integridade física e aqueles cuja história médica e condições complexas necessitem de uma atenção especializada; Pacientes com sofrimento mental que apresentam dificuldade de atendimento nas unidades básicas de saúde, após duas tentativas frustradas de atendimento; Paciente com deficiência mental, ou outros comprometimentos que não responde a comandos, não cooperativo, após duas tentativas frustradas de atendimento na rede básica; Paciente com deficiência visual e/ou auditiva e/ou física quando associado aos distúrbios de comportamento, após duas tentativas frustradas de atendimento na unidade básica; Paciente com distúrbio neurológico “grave” (ex. paralisia cerebral); Pacientes com doenças degenerativas do sistema nervoso central, quando houver a impossibilidade de atendimento na Unidade Básica; Paciente com Transtorno do Espectro do Autista não colaboradores; Outros desvios comportamentais que tragam dificuldade de condicionamento. Pacientes com distúrbio de comportamento, que não respondem a comandos, não cooperativas, após duas tentativas frustradas de atendimento na rede básica. Outras situações não descritas que podem ser pactuadas com o profissional de referência e definidas pelo nível local, mediante relatório detalhado e assinatura do profissional. Pacientes indicados para tratamento com Óxido Nitroso Critérios para a exclusão da pessoa com deficiência/pacientes especiais nos Centros de Especialidades Odontológicas Pacientes com limitações motoras, sem outras limitações; Pacientes com deficiência visual, sem outras limitações; Pacientes com deficiência auditiva ou de fala, sem outras limitações; Gestantes, sem outras limitações; Bebês ou crianças, sem outras limitações; Diabéticos, sem outras limitações; Hipertensos, sem outras limitações; Cardiopatas, sem outras limitações; Idosos, sem outras limitações; HIV positivos, sem outras limitações; Pacientes com disfunção renal, sem outras limitações; Pacientes com defeitos congênitos ambientais e transplantados, sem outras limitações; Pacientes “descompensados”, sem laudo médico; Quaisquer procedimentos desta especialidade, inexistentes na tabela de registros da produ tividade dos CEO, acima identificada. Procedimentos desenvolvidos nos CEO´s Os procedimentos desenvolvidos nos Centros de Especialidades Odontológicas serão aqueles listados conforme Portaria nº 1.464 de 24 de Junho de 2011 em anexo. ATENDIMENTO AMBULATORIAL A primeira consulta é de suma importância para conhecermos o paciente e sua família. Durante anamnese, investiga­se desde o diagnóstico da doença, sua evolução e estado atual. Busca­se estabelecer um relacionamento positivo e de colaboração da família durante todo o tratamento, dar as orientações iniciais aos responsáveis e identificar o grau de cooperação do paciente. Orientações aos Responsáveis Tem o propósito esclarecer de como será feito o atendimento odontológico, procedimentos do profissional, conduta dos responsáveis na clínica, explicação do reforço positivo colaborador em casa, as possibilidades de uso de medicações, uso de contenções, uso de óxido nitroso conforme a necessidade e minimizar possíveis dúvidas que surgirem. ANAMNESE é uma entrevista realizada pelo profissional de saúde junto aos responsáveis pela PCD, devendo ser criteriosa com relação à história médica, evolução da doença e história odontológica. Deve ser investigado se o paciente está tomando regularmente as medicações prescritas pelo seu médico buscando maior controle da doença, minimizando crises durante a consulta odontológica. Realizada preferencialmente apenas com o (s) responsável (eis) sem a presença do paciente, possibilitando uma maior investigação e conhecimento acerca do paciente. EXAME CLÍNICO INTRABUCAL: preferencialmente, o responsável deverá estar presente e ciente do que se pretende realizar. São observados: condição bucal do paciente, higiene, dentes, lábios, mucosas, língua, tecidos gengivais e oclusão. Poderá ser realizada no mesmo dia da primeira consulta ou um segundo dia de atendimento. PROFILAXIA E DETECÇÃO DE LESÕES INCIPIENTES: geralmente é o primeiro procedimento a ser realizado, por ser indolor e de fácil instrução e entendimento para o paciente com de deficiência. Após esta etapa concluída preenche­se o odontograma e faz­se a instrução do responsável sobre técnica de escovação e se possível instrui­se o paciente também. Essa etapa poderá ser repetida por quantas sessões forem necessárias. EXAMES COMPLEMENTARES: radiografias, tomografias computadorizadas, fotografias, pedidos de relatórios de acompanhamento médico ou fisioterapêutico ou fonoaudiológico, pedidos de exames laboratoriais poderão ser requisitados pela equipe odontológica conforme a necessidade do procedimento ao qual o paciente será submetido. ABORDAGEM INICIAL Procedimento necessário para aqueles pacientes com algum dado significante na anamnese, como necessidade de profilaxia antibiótica, medicações sedativas ou antieméticas. Questionamento do responsável se houve alguma alteração ou fato novo no quadro de saúde geral do paciente. ADEQUAÇÃO DO MEIO O objetivo principal é controlar a atividade de cárie e doença periodontal. É fundamental que se estabeleça um programa preventivo, envolvendo todo o núcleo familiar. Nesses pacientes o risco aumentado de cárie pode se dar pela menor motricidade e eficiência dos músculos da mastigação, maior ingestão de doces e lanches, alimentação pastosa ou pouco consistente, pouca capacidade de autolimpeza oral, xerostomia, uso frequente de medicamentos a base de xarope e dificuldade de higiene oral. As medidas preventivas precisam ser cuidadosamente explicadas aos responsáveis, bem como revisadas e reavaliadas, sendo individualizadas a cada paciente observando os momentos pelo qual estão passando esse paciente. A adequação do meio bucal compreende: 6. Aconselhamento dietético As orientações da dieta para a pessoa com deficiência não diferem muito das recomendadas para os outros pacientes, porque as suas necessidades nutricionais são as mesmas, devendo­se apenas observar as limitações de cada deficiência. É importante que o profissional faça uma avaliação individualizada da dieta para uma mudança de hábitos, visando reduzir o seu potencial cariogênico e adequando a dieta a realidade de cada patologia e limitação apresentada pelo paciente. 7. Controle de Placa O controle de placa é fundamental importância na PCD, por ser fator determinante da incidência de cárie e doença periodontal. O controle caseiro pode ser feito através da escovação e uso do fio dental, realizados pelo próprio paciente, podendo haver a necessidade de monitoração, ou mesmo ser desenvolvida pelo responsável dependendo do comprometimento de cada paciente. No consultório, deve­se avaliar a presença de placa bacteriana e sangramento gengival a cada consulta, realizando a profilaxia profissional e o reforço sobre a técnica de escovação sempre que for necessário. 8. Orientação de higiene oral Por ser um meio eficaz do controle de cárie e doenças periodontais, a escovação deve receber atenção especial por parte do cirurgião­dentista e responsáveis pelo PCD. Sempre que possível o paciente deve ser treinado para escovar os próprios dentes. Devido suas limitações, alguns pacientes precisarão de ajuda dos responsáveis, ou até mesmo de uma fisioterapeuta ou terapeuta ocupacional para um treinamento progressivo. O dentista deve esclarecer o paciente e/ou os responsáveis sobre as técnicas de escovação, creme dental a ser utilizado assim como sua quantidade e sobre o correto uso do fio dental. A escova elétrica ou uma escova com cabo modificado pode ser usada para facilitar o manuseio e melhor desenvolvimento da técnica de escovação. Nos bebês deve­se orientar a higienização da boca antes da erupção dos dentes, limpando os rebordos gengivais com uma fralda ou uma gaze enrolada no dedo, umedecida em água filtrada ou fervida. Assim que os dentes decíduos irrompem, deve ser introduzida a dedeira de látex ou escova apropriada para bebês, e a higienização deve ser feita após cada mamada. Na dentição mista, devemos alertar sobre a erupção dos primeiros molares permanentes, o alto risco de cárie na face oclusal desses dentes, orientando sua higienização de uma forma individualizada. Nos adolescentes com necessidades especiais, é necessária uma maior supervisão na higienização e no uso do fio dental por parte dos responsáveis, por ser uma fase em que eles são mais negligentes com a saúde bucal e rejeitam muito o auxílio de outrem. Na pessoa com deficiência adulta, também deve ser feita uma supervisão da escovação ou até mesmo uma complementação da higiene por um responsável. Pacientes edêntulos totais também devem receber orientações sobre a higiene da cavidade oral, língua e prótese se for o caso. O uso de fio dental deve ser incentivado desde a dentição decídua. Para facilitar o seu uso podem ser indicados os suportes de fio dental. 9. Uso de fluoretos O uso de vernizes com flúor é bastante indicado para as PCD, por permanecerem aderidos ao esmalte por várias horas, aumentando a atuação do flúor. A aplicação tópica com gel fluoretado também pode ser utilizada, mas é necessário que se controle a sua ingestão. Os bochechos devem ser indicados com muito critério, considerando o grau de colaboração do paciente e suas condições neuropsicomotoras. Os dentifrícios com flúor devem ser usados com supervisão até que a criança desenvolva o processo de cuspir, de deglutição e tenha o controle de sua ingestão. O uso de selante é recomendado para o paciente especial, porque na maioria das vezes os fatores etiológicos da cárie são passíveis de pobre controle. O selante com ionômero de vidro está mais indicado devido à maior liberação de flúor, principalmente quando os molares estão em erupção. Nesses casos o selamento provisório com cimento de ionômero de vidro, além de ajudar na prevenção de cárie, atua na remineralização das manchas brancas nas superfícieis oclusais desses dentes. 10. Técnica de restauração atraumática – ART O tratamento restaurador atraumático é indicado como complemento das medidas preventivas e educativas para o paciente especial. Consiste na remoção parcial do tecido cariado (dentina infectada), com o uso de curetas e posterior restauração com ionômero de vidro quimicamente ativado. Além de melhorar consideravelmente as condições bucais do paciente, o ART tem como principal objetivo manter os dentes na cavidade bucal, melhorando as condições de saúde, favorecendo o gerenciamento do comportamento (condicionamento) do paciente ao tratamento odontológico. ADEQUAÇÃO DO MEIO BUCAL FRENTE A QUIMIOTERAPIA, RADIOTERAPIA E TRANSPLANTES Pacientes que serão submetidos a procedimentos quimioterápicos, radioterápicos ou transplantes deverão receber uma atenção especial do cirurgião­ dentista dos CEO´s. Em virtude de sua patologia sistêmica, observamos a urgência na finalização do preparo de boca deste paciente, que deverá ocorrer em até oito dias antes do início do tratamento proposto por sua equipe médica. A utilização de medicamentos e radiação alteram a homeostase bucal. Pode ocorrer a diminuição da salivação, assim como alteração de sua bioquímica que associada com a higiene oral deficiente pode acelerar o surgimento de cáries e infecções (fúngicas principalmente), alteração no paladar e dificuldade de mastigação e deglutição. Visando minimizar tais manifestações, propiciando uma melhor qualidade de vida durante o tratamento médico evitando suas interrupções, a equipe odontológica do CEO deverá orientar o paciente frente à técnica de escovação, uso de bochechos, fluoretos e dieta, além de diagnosticar e intervir preventivamente nos possíveis focos de infecções e complicações futuras. FLUXOGRAMA DE ATENDIMENTO ODONTOLÓGICO À PACIENTES ESPECIAIS/PESSOA COM DEFICIÊNCIA – MANAUS/AM UNIDADE BÁSICADE SAÚDE ACOLHE, AVALIA E TRATA E/OU ENCAMINHA, MANUTENÇÃO PERIÓDICA. UNIDADE ESPECIALIZADA (CENTRO DE ESPECIALIDADE ODONTOLÓGICA, UEA, POLICLÍNICA, EAMAAR). RECEBE, TRATA E/OU ENCAMINHA, MANUTENÇÃO PERIÓDICA. COM RESOLUTIVIDADE PERMANECE NO CEO SEM RESOLUTIVIDADE ENCAMINHA COM NECESSIDADE DE SEDAÇÃO CONSCIENTE COM ÓXIDO NITROSO CEO-UEA COM NECESSIDADE DE ANESTESIA GERAL HOSPITAL DE REFERÊNCIA COM ANESTESIA GERAL HOSP. INFANTIL DR. FAJARDO (MÉDIA COMPLEXIDADE – até 14 anos, 11 meses e 29 dias) FUNDAÇÃO HOSP. ADRIANO JORGE (ALTA COMPLEXIDADE – a partir de 15 anos) 11.8 CRITÉRIOS PARA O TRATAMENTO ESPECIALIZADO EM ORTODONTIA E OORTOPEDIA FUNCIONAL DOS MAXILARES MÁS OCLUSÕES: A má oclusão é a deformidade dento­facial que, na maioria das ocasiões, não provêm de um único processo patológico específico. Mas é uma variação clínica significativa do crescimento normal, resultante da interação de vários fatores durante o desenvolvimento, tais como a interação entre influências ambientais e congênitas; O diagnóstico deve ser o mais precoce possível com identificação dos fatores de risco e a redução dos mesmos. É necessário o uso de métodos diagnósticos específicos, tais como radiografias panorâmica e cefalométrica, modelos de estudo; A correção da má oclusão instalada e que não pode ser prevenida ou minimizada pode ser feita por meio de Tratamento Ortodôntico ou Tratamento Ortopédico Funcional dos Maxilares; O tratamento preventivo e interceptativo na Atenção Básica refere­se a um nível informativo e de mínima intervenção profissional, na qual a equipe de saúde bucal deve aconselhar e acompanhar a criança, estimulando­a a manter um padrão de respiração nasal; à alimentação e higienização adequadas ao desenvolvimento da face e oclusão e à importância da manutenção dos dentes decíduos em perfeito estado para o desenvolvimento da face e oclusão. Referenciar para Otorrinolaringologista e/ou Fonoaudiólogo quando houver necessidade de atuação interdisciplinar na intervenção e tratamento de problemas do trato respiratório. INDICAÇÕES PARA REFERÊNCIA: Segundo o manual de especialidades em saúde bucal (2008), os motivos para o encaminhamento para ortodontia e ortopedia são as más oclusões com as possíveis situações: • Variações transversais (mordida cruzada anterior e/ou posterior uni ou bilateral); • Variações verticais (mordida aberta anterior e/ou posterior uni ou bilateral, mordida profunda); • Variações ântero­posteriores (desarmonia de bases ósseas, trespasse dental horizontal acentuado); • Anomalias dentais individuais (número, forma, tamanho, posição, processo de erupção, perdas precoces dentais); • Discrepância ósteo­dental, alterações funcionais orofaciais. Requisitos básicos para a referência Nota Técnica 003/2015 SEMSA: • As UBSs e UBSFs devem encaminhar pacientes em fase de dentição decídua e mista (entre 6 e 11 anos de idade); • O paciente deverá ter recebido todo tratamento odontológico necessário, ou seja, todo e qualquer procedimento odontológico realizado deverá ser CONCLUÍDO nas UBSs e UBSFs previamente ao início do tratamento ortodôntico; • O paciente deve ter recebido instruções sobre higiene oral; • Profilaxia e aplicação de flúor realizada há menos de 6 meses; • Higiene oral perfeita; • Pacientes portadores de deficiência, desde que sejam colaboradores e não possuam comprometimentos severos que inviabilizem o tratamento; • Portadores de más oclusões dentárias e casos selecionados de más oclusões esqueléticas; Informações gerais antes de colocar o aparelho ortodôntico: • Estar ciente da duração do tratamento; • Compromisso dos responsáveis com a frequência às consultas de retorno agendada; • Duas (02) faltas às consultas de retorno significa abandono de tratamento; • Remarcação de consulta somente com 24 horas de antecedência. Aparelhos realizados nestas especialidades: Mantenedor de espaços: Indicações: • Preservar o espaço e manter a normalidade das funções nos casos de: perdas precoces dos dentes decíduos com a presença do sucessor permanente, agenesias, desvio de erupção do dente permanente e aspectos estético­ psicológicos. Aparelhos removíveis: Indicações: • Promover situações dentais, esqueletais ou dento­esqueletais mais adequadas e auxiliar a normalidade das funções orais favorecendo o sistema estomatognático em casos onde há necessidade de correção de problemas transversais, verticais, ântero­ posteriores, funcionais e de posições individuais ou de grupos de dentes. Estes aparelhos são confeccionados em resina acrílica, fios ortodônticos, podendo ser inseridos molas e parafusos para expansão ou distalização. Placa de mordida Indicações: • Levantar mordida, promover ajustes dentais e relaxamento muscular auxiliando a normalidade das funções. Plano inclinado Indicações: • Correção de problemas ântero­ posteriores (desarmonia de bases ósseas) e dentais transversais (mordida cruzada). Impedidores de hábitos. 11.9 CRITÉRIOS PARA O TRATAMENTO ESPECIALIZADO EM DISFUNÇÃO TEMPORO-MANDIBULAR (DTM) Requisitos para Referência : • Na referência o CD deve anotar o motivo do encaminhamento, assim como os procedimentos já realizados; • Em casos em que o paciente tiver alguma doença de base, o CD deve anotar na referência a referida enfermidade, além das posologias e medicações em uso. Critérios de Inclusão • Necessidades de diagnósticos diferenciais; • Se o paciente não estiver em fase aguda de DTM, deverá receber na Unidade Básica, minimamente, adequação do meio bucal, como remoção de cárie, remoção de tártaro supra­gengival, restos radiculares, etc; • Portador de bruxismo; • O paciente que necessita ser referenciado para o serviço de Disfunção Têmporo­ Mandibular normalmente relata os seguintes sintomas: vertigens, dor e zumbido no ouvido, dor na nuca, cefaléia, ruído articular, história de bruxismo e/ou apertamento dental, cansaço muscular facial durante a mastigação; • Pacientes com dores faciais crônicas, refratárias a terapias convencionais; • Se o paciente não estiver em fase aguda de DTM, deverá concluir o tratamento básico antes de ser encaminhado ao CEO. Principais procedimentos inerentes ao serviço: • Consulta Inicial; • Confecção de Placas Oclusais; • Ajuste Oclusal. CONSIDERAÇÕES IMPORTANTES 1. O que NÃO é realizado nos CEOs? • Avaliação Odontológica (exceto lesões suspeitas, com potencial de malignização); • Atendimento de Urgência; • Raio–X de nenhum tipo, encaminhado da Atenção Primária ou Serviço de Urgência; • Tratamento Odontológico Básico (exodontias, restaurações, etc..) fora dos critérios estabelecidos pela Portaria 1464/GM, de 24 de junho de 2011; • Atendimento Odontológico Básico de pacientes em condições crônicas (diabéticos, hipertensos, renais crônicos, grávidas). 2. Como e quando encaminhar os pacientes para os CEOs? • Apenas os Cirurgiões Dentistas da Atenção Primária podem encaminhar pacientes aos CEOs; 12. SISTEMAS DE APOIO 12.1 SISTEMA DE APOIO TERAPÊUTICO O Sistema de Apoio Terapêutico em Saúde Bucal envolve os fármacos relacionados à área da Odontologia e devem ser administrados para que produzam resultados satisfatórios, com o mínimo de efeitos adversos. O Sistema Único de Saúde (SUS) confere ao Estado o papel de assegurar à população os princípios de universalidade e equidade no atendimento e de integralidade das ações e serviços de saúde, incluindo a Assistência Farmacêutica. Uma das diretrizes fundamentais da Política Nacional de Medicamentos (PNM) é a reorientação da Assistência Farmacêutica, de modo que o modelo adotado não se restrinja apenas à aquisição e à distribuição de medicamentos, envolvendo assim todas as atividades relacionadas à promoção do acesso da população aos medicamentos e seu uso racional A utilização inadequada dos medicamentos pode gerar consequências como: efeito terapêutico ineficiente, reações adversas, efeitos colaterais, interações medicamentosas e aumento da resistência bacteriana aos antimicrobianos. Uma estratégia reconhecida para organizar as ações voltadas para utilização de fármacos é a criação de uma Comissão de Farmácia e Terapêutica (CFT), estabelecendo­se como importante instrumento, para que o gestor possa tomar melhores decisões baseadas em diretrizes estabelecidas. A Comissão Permanente de Farmácia e Terapêutica (CPFT) da Secretaria Municipal de Saúde (SEMSA) de Manaus foi constituída por meio da Portaria 442/2011. E tem como objetivo formular e implementar políticas institucionais relacionadas à seleção, à prescrição e ao uso racional de medicamentos, em um processo dinâmico, participativo, multiprofissional e multidisciplinar, para assegurar a melhoria na qualidade da assistência prestada à saúde e terapêutica eficaz e segura. A CPFT/SEMSA é constituída por uma equipe multiprofissional, representada por membros gestores da instituição e profissionais de diferentes competências dos Estabelecimentos Assistenciais de Saúde: 02 médicos, 02 enfermeiros, 02 cirurgiões­ dentistas e 12 farmacêuticos. 12.2 PRESCRIÇÕES DE MEDICAMENTOS PADRONIZADOS A Política Nacional de Medicamentos (PNM), constituída pela Portaria 3.916/98, estabelece como uma de suas diretrizes gerais a adoção da Relação Nacional de Medicamentos Essenciais (RENAME) pelos Sistemas de Saúde Estaduais e Municipais. Um aspecto inquestionável favorecido pela RENAME é o uso racional de medicamentos. Assim, o fato de os medicamentos da RENAME serem selecionados com base em critérios de eficácia, segurança e custo­efetividade faz com que algumas dimensões do uso racional sejam alcançadas. A PNM descreve a prescrição como o ato de definir o medicamento a ser consumido pelo paciente, com a respectiva dosagem e duração do tratamento, servindo como documento pelo qual se responsabilizam tanto quem prescreve como quem dispensa. A prescrição é a forma de comunicação entre prescritor, farmacêutico, cuidador e usuário. A má interpretação do receituário é fator determinante nas ocorrências de falhas de dispensação, mau uso do fármaco, inafetividade do tratamento, resultando no aparecimento de agravos de saúde. Segundo o manual de orientações básicas para prescrição médica do Conselho Federal de Medicina, dados como o nome do medicamento, forma farmacêutica, concentração, via de administração, orientações de uso, data da prescrição, assinatura e número de inscrição no respectivo conselho profissional são considerados itens essenciais a uma prescrição. 12.2.1 CUIDADOS NA PRESCRIÇÃO • A prescrição deve ser escrita sem rasura, em letra de forma, por extenso e legível, utilizando tinta e de acordo com nomenclatura e sistema de pesos e medidas oficiais. No âmbito do Sistema Único de Saúde, adota­se o nome genérico correspondente a Denominação Comum Brasileira (DCB) e, em sua ausência, a Denominação Comum Internacional (DCI). Nos serviços privados de saúde, a prescrição pode ser feita utilizando o nome genérico ou o comercial. • Escrever nome e quantidade total de cada medicamento (numero de comprimidos, drágeas, ampolas, envelopes), de acordo com dose e duração do tratamento. • Selecionar via de administração, intervalo entre as doses, dose máxima por dia e duração do tratamento. Em alguns casos pode ser necessário constar o método de administração (ex. infusao continua, injeção); cuidados a serem observados na administração (ex. necessidade de injetar lentamente ou de deglutir com liquido); horários de administração (nos casos de possível interação alimentar ou farmacológica, visando maior comodidade, adesão ou melhora do efeito terapêutico) ou cuidados de conservação (ex. manter o frasco em geladeira). • Não abreviar formas farmacêuticas (comprimido ou cápsula e não comp. ou cap), vias de administração (via oral ou via intravenosa e não VO ou IV), quantidades (uma caixa e não 1 cx.) ou intervalos entre doses (“a cada 2 horas” e não 2/2h). • Prescrever “se necessário” é incorreto e perigoso, pois transfere, ilegalmente, a responsabilidade da prescrição ao paciente ou a quem deve administrar o medicamento, incentivando a automedicação. • São obrigatórios nome legível, assinatura e CRO do prescritor (que pode vir impresso ou por carimbo). E recomendável incluir nome por extenso, endereço e telefone do prescritor, de forma a possibilitar contato em caso de dúvidas ou ocorrência de problemas relacionados ao uso de medicamentos prescritos. • A data da prescrição deve ser explicitada. • Não receitar ou atestar de forma secreta ou ilegível nem assinar, em branco, folhas de receituários, laudos, atestados ou outros documentos. Nesta seção serão apresentadas as especialidades farmacêuticas mais utilizadas na Odontologia, com o intuito de esclarecer formas de apresentação, posologia e indicações possíveis para apoiar a tomada de decisão do profissional em atendimento. 12.2.1.1 ANALGÉSICOS E ANTI-INFLAMATÓRIOS Analgésicos e anti­inflamatórios são medicamentos utilizados para diminuir e eliminar dor e inflamação, presentes em situações agudas e crônicas da Odontologia (Tabela 30: e 31). INDICAÇÕES PARA PRESCREVER TERAPIA ANALGÉSICA E ANTIINFLAMATÓRIA • Pulpites • Inflamações • Casos de dor e sensibilidade • Pós­operatório Tabela 30: Prescrição de analgésico/anti-inflamatório ADULTOS E CRIANÇAS ACIMA DE 12 ANOS (30 kg) – uso interno ANALGÉSICO/ POSOLOGIA OBSERVAÇÕES ANTI-INFLAMATÓRIO DOSE INTERVALO ESPECÍFICAS MANUTENÇÃO Dipirona Sódica 500 mg/ml Solução Oral Dipirona Sódica 500 mg comprimidos Paracetamol 500 mg comprimidos Paracetamol 200 mg/ml Solução Oral 30 – 40 gotas 1 comprimido 1 comprimido 30 ­ 40 gotas USUAL 4 em 4 ou 6 em 6 horas 4 em 4 ou 6 em 6 horas 4 em 4 ou 6 em 6 horas 4 em 4 ou 6 em 6 horas Ibuprofeno 300 mg comprimido 1 comprimido 6 em 6 ou 8 em 8 horas Ibuprofeno 50 mg/ml Solução Oral 30 – 40 gotas 6 em 6 ou 8 em 8 horas Ação analgésica Ação anti­ inflamatória Tabela 31: Prescrição de analgésicos/anti-inflamatórios CRIANÇAS ABAIXO DE 12 ANOS – uso interno ANALGÉSICO/ ANTI-INFLAMATÓRIO Paracetamol 200 mg/ml – solução oral POSOLOGIA DOSE PEDIÁTRICA INTERVALO USUAL 1 gota/kg/peso 4 em 4 ou 6 em 6 horas OBSERVAÇÕES ESPECÍFICAS Efeito analgésico Dipirona 500 mg/ml – solução oral 0,5 ­ 1 gota/kg/peso 4 em 4 ou 6 em 6 horas Ibuprofeno 50mg/ml – solução oral 1 gota/kg/peso 6 em 6 ou 8 em Efeito anti­inflamatório 8 horas 12.2.1.2 ANTIBIÓTICOS (Tabela 32,33 e 34) Antibióticos são medicamentos que possuem substâncias específicas capazes de eliminar ou impedir a multiplicação de bactérias danosas ao organismo ou causadoras de doenças. Drogas com capacidade de interagir com microrganismos mono ou pluricelulares que causam infecções, podendo ser classificados como: • Bactericidas ­ quando eliminam bactérias • Bacteriostáticos ­ quando interrompem a reprodução bacteriana deixando, ao sistema imunitário a tarefa de eliminar a infecção. Os antibióticos devem ser considerados apenas como auxiliares na terapêutica odontológica, já que a questão principal para o tratamento das infecções bacterianas é a remoção da causa. A utilização de antibióticos de forma profilática ou preventiva, ou mesmo curativa, baseada no ”medo” ou na insegurança, é no mínimo irresponsável. Os antibióticos devem ser utilizados de forma racional. O seu uso excessivo provoca mudanças significativas nas bactérias do meio ambiente, gerando resistência e reduzindo as opções de medicamentos para os tratamentos. O melhor critério para se decidir sobre o uso de antibióticos, como medida complementar à descontaminação local, diz respeito à presença ou não de sinais e sintomas de disseminação da infecção. (Andrade) Atualmente é aceito que a antibioticoterapia, em odontologia, é uma conduta importante apenas quando o paciente apresentar sinais como edema pronunciado( celulite), limitação da abertura bucal, linfadenite, febre, taquicardia, falta de apetite, disfagia ou mal­estar geral, indicativos de que as defesas imunológicas do hospedeiro não estão conseguindo, por si só, controlar a infecção. (Andrade) Como forma de controlar a utilização de antibióticos no Brasil e reduzir a automedicação, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA) determinou que, desde novembro de 2010, toda prescrição deve ser feita em 2 vias, para a compra de antibióticos, a qual uma das cópias fica retida na farmácia. INDICAÇÕES PARA PRESCREVER TERAPIA ANTIBIÓTICA • Abscessos periapicais • Abscessos periodontais • Pericoronarites • Prevenção da endocardite infecciosa (saiba mais na seção das condições sistêmicas) • Quadros de periodontite crônica severa supurativa concomitante à raspagem periodontal • Osteomielites agudas e crônicas Tabela 32: Prescrição de antibióticos 1 ª ESCOLHA PARA ADULTOS E PESSOAS ACIMA DE 12 ANOS (30kg) POSOLOGIA ANTIBIÓTICO Amoxicilina 500 mg – 21 cápsulas Uso Amoxicilina interno 250 mg/5 ml – suspensão oral Amoxicilina (500 mg – 21 cápsulas) + Metronidazol (250 mg – 21 comprimidos) OBSERVAÇÕES ESPECÍFICAS DOSE INTERVALO MANUTENÇÃO USUAL 8 em 8 horas/ 1 cápsula 5 a 7 dias 6 em 6 horas/ 10 ml 5 a 7 dias 1 cápsula + 1 comprimido Quadros infecciosos em geral Infecções apicais e 8 em 8 horas/ periodontais anaeróbicas 7 dias de maior gravidade e difícil manejo Tabela 33: Prescrição de antibióticos 1 ª ESCOLHA PARA PESSOAS ABAIXO DE 12 ANOS POSOLOGIA Uso interno ANTIBIÓTICO DOSE MANUTENÇÃO INTERVALO USUAL Amoxicilina 250 mg/5 ml – suspensão oral 30 a 50 mg/ kg/dia 8 em 8 horas/ 5 a 7dias OBSERVAÇÕES ESPECÍFICAS Quadros infecciosos em geral *Para calcular a posologia infantil, considerar a fórmula abaixo: Dose do medicamento (intervalo usual) X peso da criança = ...... mg por dose 3 (porque intervalo é 8-8 horas, 3 vezes ao dia) Para saber quantos ml: ....... mg X 5 (ml) / 250 (mg) Tabela 34: Prescrição de antibióticos Adultos HIPERSENSIBILIDADE AOS ANTIBIÓTICOS DE 1 ª ESCOLHA POSOLOGIA OBSERVAÇÕES DOSE INTERVALO ANTIBIÓTICO ESPECÍFICAS MANUTENÇÃO USUAL Uso interno <12 anos Azitromicina 500 mg* Cefalexina 50 mg/ml – suspensão oral 1 hora antes ou 2 horas após as refeições 50 mg /kg /dia 24 em 24 horas/ 3 dias 6 em 6 horas/ 5 a 7 dias Somente para casos de pacientes com histórico de hipersensibilidade à penicilina * (Este medicamento não está disponível nas Unidades Básicas de Saúde do Município) Na clinica odontológica, historicamente, os antibióticos têm sido prescritos pelo periodo de 5­10 dias, mas hoje em dia alguns autores como Eduardo Andrade, defendem empregar doses maçicas por tempo restrito, no caso de infecções bacterianas agudas, a mesma conduta não se aplica a infecções bacterianas crônicas; O referido autor informa que já foi demonstrado, em pacientes portadores de abscessos dentoalveolares agudos, que a terapia antibiótica com penicilina V 250mg, a cada 6 horas, por 5 dias, surte o mesmo efeito se comparada ao regime composto por duas doses de 3g de amoxicilina, administradas com intervalo de 8h. (ANDRADE­ 2014) 12.2.1.3 ANTIFÚNGICOS (Tabela 35) As doenças fúngicas bucais podem ocorrer de forma superficial ou sistêmica. As micoses superficiais são causadas principalmente por espécies do fungo Cândidas, especialmente albicans. Estas infecções são benignas e geralmente relacionadas a próteses mal adaptadas (estomatites protéticas). No entanto, podem indicar uma grave condição clínica de imunossupressão, por exemplo, pacientes HIV+, ou ainda estarem relacionadas a infecções sistêmicas como Paracoccidioidomicose. Os antifúngicos utilizados atualmente atuam diretamente na membrana celular do fungo, causando sua morte. As candidoses ou candidíases de grau leve devem ser tratadas localmente, com NISTATINA em suspensão oral, mas sempre que houver correlação com o uso de próteses mal adaptadas, medidas de higienização adequadas devem ser repassadas e prescritas aos pacientes. Para as candidíases extensas ou severas, de acometimento sistêmico, principalmente do tipo pseudomembranosa, deve­se atuar em conjunto com o médico, pois possivelmente o paciente pode estar com quadro de imunossupressão que deverá ser investigado. MEDIDAS DE HIGIENE BUCAL PARA USUÁRIOS DE PRÓTESES REMOVÍVEIS • Remover a(s) prótese(s) sempre antes de dormir. Permanecer sem a prótese na boca pelo menos durante 6 horas ao dia, para promover a renovação celular do palato, principalmente, que é o local de maior prevalência das lesões associadas à candidíase. • No período sem a prótese, deixá­la “de molho”, imersa em um recipiente com água e algumas poucas gotas (ou uma colher de cafezinho) de água sanitária. Explicar ao paciente que a água sanitária é a mesma solução que é utilizada para fazer a limpeza da casa em geral, como de roupas e cozinha, por exemplo, e que depois do período do “molho”, deve­se lavar abundantemente a prótese em água corrente antes de colocar novamente na boca. • Orientar que se faça a higiene da prótese com gaze, fralda ou uma pequena toalha limpa, principalmente na região interna que fica em contato direto com a mucosa bucal. • Os dentes da prótese podem ser higienizados com uma escova de dente para remoção de resíduos mais visíveis. • Realizar massagem da região do palato uma ou duas vezes ao dia para promover maior vascularização da região. • Observar quaisquer machucados e ulcerações associadas ao uso das próteses para não originar lesões estomatológicas do tipo hiperplasia fibrosa inflamatória (mucosa alveolar inferior e superior), hiperplasias papilomatosas do palato, e/ ou ulcerações da mucosa. Por si só estas lesões não causam câncer de boca, mas se o paciente tiver associados fatores de risco, principalmente o tabagismo e/ou etilismo, maior atenção deverá ser dada às lesões, especialmente às ulcerações. • Salientar ao paciente que somente o uso da medicação antifúngica não é suficiente para o tratamento das candidíases associadas, mas que também atenção especial deve ser dada à limpeza e higiene da peça protética. Tabela 35: Prescrição de antifúngico ADULTOS E PESSOAS ACIMA DE 12 ANOS – uso interno POSOLOGIA ANTIFÚNGICO OBSERVAÇÕES ESPECÍFICAS DOSE INTERVALO MANUTENÇÃO USUAL Recomeçar as medidas de higiene Nistatina 100.000 Ul 6 em 6 horas/ 5 ml via oral da boca e da prótese suspensão 15 ml 15 dias concomitante à medicação Prescrever somente nos casos em que não houver regressão da Fluconazol 150 mg 1 cápsula/ 4 semanas infecção com o uso da nistatina, cápsula semana associado às medidas de higiene bucal 12.2.1.4 ANTIVIRAL (Tabela 36) A infecção pelo vírus herpes simples humano (HSV) é uma condição comum na boca, sendo adquirida principalmente na primeira infância. Costuma manifestar­ se de duas formas clínicas principais, denominadas: manifestação primária e manifestação recorrente. A primária geralmente afeta crianças (1­6 anos). Após a infecção inicial o organismo ficará suscetível a recorrências por toda vida, caracterizando o herpes labial recorrente (ANDRADE – 2014). INDICAÇÕES PARA PRESCREVER ANTIVIRAL Lesões bucais associadas ao vírus da Herpes Tabela 36: Prescrição de antiviral ADULTOS E CRIANÇAS A CIMA DE 02 ANOS – USO INTERNO Antiviral Posologia Observação Específica Aciclovir 200mg 1 comprimido 5 vezes ao dia durante 5 dias Intervalo de aproximadamente 4 horas Comprimidos O tratamento da estomatite herpética primária (EHP) consiste basicamente no alívio dos sintomas, em especial a dor. 12.2.1.5 ANTISSÉPTICOS (Tabela 37) Os microrganismos que formam o biofilme bacteriano devem ser controlados previamente às intervenções odontológicas cruentas para que não haja contaminação do ambiente clínico e, principalmente, para minimizar bacteremias transitórias ou permanentes (presença de bactérias na corrente circulatória) ocasionadas pela manipulação de tecidos bucais contaminados. INDICAÇÕES PARA PRESCREVER TERAPIA ANTISSÉPTICA Recomenda­se utilizar antisséptico previamente aos procedimentos cruentos e pós­operatórios, além da impossibilidade temporária de higienização. Tabela 37: Terapia antisséptica ADULTOS E PESSOAS ACIMA DE 12 ANOS – uso externo Bochecho por 1 minuto antes de procedimentos Digluconato cirúrgicos 0,12% solução de ATENÇÃO – Para que a medicação seja efetiva é aquosa 15 ml clorexidina necessário desorganizar previamente o biofilme maduro (mais de 24 horas), se estiver presente. Os demais medicamentos disponíveis na rede básica do município de Manaus estão listados na REMUME­SEMSA MANAUS­2014 e no Guia Farmacoterapêutico­SEMSA Manaus­2013, ambos estão disponíveis no site oficial da Secretaria Municipal de Saúde de Manaus( www.manaus.am.gov.br), e nestes instrumentos constam: Apresentação, indicações, contra­indicações, precauções, esquema de administração em adultos e crianças, aspectos farmacocinéticos, efeitos adversos, interações medicamentosas, orientações ao paciente e aspectos farmacêuticos dos medicamentos. 12.2 Sistemas de apoio de Informação Os Sistemas de informação em saúde são conceituados pela Organização Mundial de Saúde (OMS) como um mecanismo de coleta, processamento, análise e transmissão da informação necessária para se planejar, organizar, operar e avaliar os serviços de saúde, possuindo o objetivo primordial de aquisição do conhecimento que deve fundamentar a gestão dos serviços. Eles compreendem os determinantes sociais da saúde e os ambientes contextuais nos quais os sistemas de atenção à saúde operam, os insumos dos sistemas de atenção à saúde, a performance dos sistemas de atenção à saúde, bem como os resultados produzidos em termos de morbidade, carga de doenças, bem­ estar e estado de saúde. A característica predominante das informações sobre saúde no Brasil é a fragmentação, em decorrência da compartimentalização das diversas instituições que atuam no setor. Em 2013, frente às novas diretrizes da Política Nacional da Atenção Básica (PNAB), o Departamento de Atenção Básica do Ministério da Saúde criou a estratégia e­SUS da Atenção Básica, a fim de reestruturar o Sistema de Informação da Atenção Básica (SIAB) e qualificar a gestão da informação. O e­SUS AB é uma estratégia do Departamento de Atenção Básica (DAB) que busca reestruturar o sistema de informação da Atenção Básica nacional. O processo de informatização qualificada das unidades básicas de saúde objetiva oferecer ferramentas para ampliar o cuidado e melhorar o acompanhamento da gestão. A partir da implementação dessa estratégia, o atual SIAB será substituído gradualmente pelo Sistema de Informação em Saúde da Atenção Básica (SISAB). Além de um sistema de informação, o SISAB é uma ferramenta clínica, por meio do Prontuário Eletrônico do Cidadão (PEC), e de gestão tanto para as equipes da estratégia Saúde da Família (ESF) quanto para os gestores de saúde. A partir do SISAB, outros sistemas de informação com dados originados na atenção básica seriam alimentados automaticamente. A estratégia e­SUS AB, regulamentada na Portaria no 1.412 de 10 de julho de 2013, é composta por dois sistemas de software que instrumentalizam a coleta dos dados que serão inseridos no SISAB: Coleta de Dados Simplificada (CDS) e Prontuário Eletrônico do Cidadão (PEC). O CDS seria utilizado quando a unidade de saúde não possuir conexão de internet ou se a unidade de saúde não possui computadores suficientes para os profissionais. O PEC seria utilizado se houver rede local de dados disponível, conexão de internet e no mínimo 4 computadores: recepção, triagem/acolhimento, sala do enfermeiro e sala do médico. A partir dos sistemas de informação em saúde, são extraídos indicadores de saúde, os quais são essenciais nos processos de monitoramento e avaliação. Os indicadores, ou índices, utilizados na saúde têm por objetivo mensurar as condições de saúde de uma comunidade com a qual se trabalha, sendo possível assim realizar comparações entre diferentes populações, no mesmo espaço de tempo ou não. A OMS orienta que, para a construção dos indicadores de saúde sejam considerados 12 componentes que podem refletir a qualidade de vida de uma população, a saber: saúde, alimentos e nutrição, educação, condições de trabalho, situação de emprego, consumo e economia gerais, transporte, moradia incluindo saneamento e instalações domésticas, vestuário, recreação, segurança social e liberdade humana. Muitas situações encontradas na saúde podem muitas vezes achar explicação em fatos ou iniciativas executadas em outros setores da sociedade. O exemplo mais direto na qualidade de saúde que se pode observar é quando uma comunidade passa a ter saneamento básico em seus domicílios. Emprego, renda, consumo, segurança, educação e outros afetam diretamente os níveis de saúde de uma população, muitas vezes sem que tenha sido feita uma única ação direta, específica na saúde. O que se pretende medir com os indicadores depende da escolha de um indicador mais adequado. Vários fatores são considerados para tanto. Qual será o método utilizado, se é passível de operacionalização, se há questões éticas envolvidas, faixa etária, serviços disponíveis, morbidade, mortalidade etc. Dentre os critérios considerados para a escolha de um indicador, vale ressaltar: validade (adequação do indicador para mensurar ou representar de modo sintético o objeto estudado); confiabilidade (capacidade de um indicador de atingir resultados semelhantes quando se repete a aplicação do indicador); representatividade ou cobertura (significa se o indicador reflete toda a extensão do problema); ética (ao se aplicar o instrumento do indicador não pode haver prejuízo às pessoas).Os indicadores sofrem uma crítica constante quando avaliam a doença para apresentar uma medida de saúde. Na odontologia quando utilizamos o CPO­D estamos na verdade avaliando a doença para, com isto, determinar como está a saúde bucal. O correto ou esperado seria utilizarmos indicadores “positivos” de saúde, ou seja, medir o quanto há de saúde de fato em um ambiente ou comunidade. Obviamente, mensurar a doença é uma forma de interferir no processo impedindo os agravos ou sequelas. Colabora para o entendimento do quadro que se enfrenta, dos fatores determinantes e das ações mais adequadas para solução do problema. A busca por indicadores positivos de saúde traria informações sobre normalidade e bem­estar que permitiriam detectar fases pré­patológicas da doença, indicar mais precisamente onde ou em que população investir e, deste modo, manter a saúde da população. O monitoramento e a avaliação de indicadores é um processo instituído no âmbito do Sistema Único de Saúde onde, em consonância com o processo de planejamento, são definidas e quantificadas as ações de saúde para a população residente em cada território, de modo a fortalecer o Sistema e a contribuir para a transparência do processo de gestão do SUS (Portaria No 3.085, 2006). Os indicadores recomendados pelo Ministério da Saúde para a Saúde Bucal refletem a cobertura da população que teve acesso a tratamento odontológico, a produtividade dos profissionais e a proporção de pessoas que participaram de ações preventivas e de promoção em saúde. Como indicadores da atenção básica em saúde bucal, temos: 1. Cobertura populacional estimada pelas equipes básicas de saúde bucal: tem como diretriz garantir acesso da população a serviços de qualidade, com equidade e em tempo adequado ao atendimento das necessidades de saúde, mediante aprimoramento da política de atenção básica e da atenção especializada. Tendo como meta aumentar a cobertura populacional estimada pelas equipes de saúde bucal. Os elementos que compõem a fórmula são retirados do Sistema de informação da Atenção Básica (SIAB), do Sistema Nacional de Estabelecimentos de Saúde (SCNES) – N° de equipes da saúde bucal, N° de profissionais, Especialidade, Carga horária e do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) – População. Os dados são monitorados quadrimestralmente e avaliados anualmente. É de responsabilidade da União, promover aumento progressivo do financiamento da atenção básica e das ações de saúde bucal na atenção básica, além de ofertar ações de apoio institucional às gestões estaduais e municipais para a ampliação da cobertura da saúde bucal. 2. Média da ação coletiva de escovação dental supervisionada: reflete o acesso à orientação para prevenção de doenças bucais, mais especificamente cárie e doença periodontal. A meta desse indicador é aumentar o percentual de ação coletiva de escovação dental supervisionada. A mensuração é feita através de um cálculo que utiliza a seguinte fórmula: N° de pessoas participantes na ação coletiva de escovação dental supervisionada realizada em determinado local 12 meses X 100 12 Os elementos que compõem a fórmula são retirados do Sistema de Informações Ambulatoriais do SUS (SAI/SUS) – Qtde. Apresentada, Qtde. Aprovada, do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) – População e do Critério de Seleção: Ação coletiva de escovação dental supervisionada (código: 01.01.02.003­1). Os dados são monitorados e avaliados anualmente. É de responsabilidade da União, prestar apoio no planejamento, acompanhar e monitorar o desenvolvimento da ação, além de garantir incentivos financeiros para o custeio das equipes de saúde bucal da atenção básica e compra dos insumos necessários para desenvolvimento da ação. 3. Proporção de exodontia em relação aos procedimentos Esse terceiro indicador estabelece que quanto menor o percentual de exodontia, maior a qualidade do tratamento ofertado pela odontologia do município. Demonstrando que o leque de ações abrange maior número de procedimentos preventivos e curativos, em detrimento da extração dentária. Sua meta é reduzir o percentual de exodontia em relação aos procedimentos preventivos e curativos. A mensuração é feita através de um cálculo que utiliza a seguinte fórmula: N° total de extrações dentárias em determinado local e período X 100 N° total de procedimentos clínicos individuais preventivos e curativos selecionados no mesmo local e período Os elementos que compõem a fórmula são retirados do Sistema de Informações Ambulatoriais do SUS (SAI/SUS) – Qtde. Apresentada, Qtde. Aprovada, do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) – População e Critério de Seleção: Extrações dentárias (Código: 04.14.02.012­3 e 04.14.02.013­8), procedimentos clínicos individuais preventivos e curativos ( Código: 16 códigos de procedimento) e período. Os dados são monitorados e avaliados anualmente. É de responsabilidade da União, prestar apoio no planejamento, acompanhar e monitorar o desenvolvimento da ação, além de induzir a inclusão de procedimentos preventivos e referência a procedimentos especializados em odontologia para evitar a extração dentária, além de garantir incentivos financeiros para o custeio das equipes de saúde bucal da atenção básica. 4. Cobertura da primeira consulta odontológica programática/habitante/ano Conceito: é o percentual de pessoas que receberam uma primeira consulta odontológica programática, realizada com finalidade de diagnóstico e, necessariamente, elaboração de um plano preventivo­ terapêutico, para atender às necessidades detectadas. Não se refere a atendimentos eventuais como os de urgência/emergência que não têm seguimento previsto. 5. Média de procedimentos odontológicos básicos individuais/habitante/ano Conceito: consiste no número médio de procedimentos odontológicos básicos, clínicos e/ou cirúrgicos, realizados por indivíduo, na população residente em determinado local e período. Possibilita análise comparativa com dados epidemiológicos, estimando­se assim, em que medida os serviços odontológicos básicos do SUS estão respondendo às necessidades de assistência odontológica básica de determinada população. 6. Proporção de procedimentos odontológicos especializados em relação às ações odontológicas individuais Conceito: consiste na proporção de procedimentos odontológicos especializados em relação às demais ações individuais odontológicas realizadas no âmbito do SUS. Possibilita a análise comparativa com dados epidemiológicos, estimando­se em que medida de serviços odontológicos do SUS está respondendo às necessidades da população aos serviços odontológicos especializados, o grau de atenção e a integralidade do cuidado. 7. Cobertura de Exames para Detecção de Lesões Bucais Conceito: consiste no rastreamento de uma população alvo, geralmente adultos, em busca de lesões bucais. A detecção de lesões bucais, apesar de não preveni­las, permite a precocidade da atenção impedindo agravamento ou sequelas e melhorando a qualidade de vida dos indivíduos. 8. Cobertura de ação coletiva de exame bucal com finalidade epidemiológica Conceito: é o percentual de exames realizados para identificação de populações de risco às doenças bucais que auxilia no planejamento local. Define­se desta forma que tipo de ação será direcionada para cada membro de uma determinada comunidade. Usado também para avaliar a saúde bucal com outros indicadores (realizados durante o exame) e estabelecer comparações históricas. 9. Percentual de atendimentos odontológico por tipo Conceito: demonstra a divisão do esforço de atenção odontológica, apontando percentualmente como as equipes de odontologia administram seu tempo em relação à atenção programada ou pronto­ atendimento. Quando ocorre desequilíbrio ou distanciamento do parâmetro estabelecido, pode­se estar restringindo o acesso da população ou realizando ações clínicas sem impacto na melhoria da qualidade da saúde bucal naquele local. 13. VIGILÂNCIA EM SAÚDE 13.1 VIGILÂNCIA DO TRAUMA Apesar da existência de poucos estudos de base populacional sobre prevalência de traumatismo dentário, no Brasil, os crescentes índices de violência (agressões, espancamentos), os acidentes de trânsito e outros provocados por diversas causas externas, como as atividades esportivas e brincadeiras realizadas em ambientes pouco seguros e sem o uso dos equipamentos de proteção têm transformado o traumatismo dentário em um problema frequente em saúde pública. As lesões dentárias traumáticas são agravos que têm um grande impacto na qualidade de vida do indivíduo: limitações ao morder ou falar, comprometimento estético e problemas psicológicos no convívio social a ponto de a pessoa evitar sorrir e conversar. A importância dada ao traumatismo dentário, tanto pela vítima quanto pelos acompanhantes, muitas vezes está associada ao grau de comprometimento dos tecidos de suporte, mucosas e lábios. Nos casos em que este acometimento não é tão aparente o paciente geralmente se acalma após um período e os cuidadores deixam de levar a criança ao dentista, podendo o tempo decorrido entre o traumatismo e o atendimento odontológico influenciar significativamente no prognóstico do tratamento a ser realizado. A negligência em relação ao tratamento especializado após o traumatismo pode acarretar alteração de cor, mobilidade, alteração de posição na arcada dentária, sintomatologia dolorosa, sensibilidade, reabsorções radiculares ou ósseas, necrose e perda do elemento dental, o que pode ter como consequências dificuldades de convívio social e baixa autoestima. Um estudo realizado em Manaus avaliou o nível de conhecimento de professores e atendentes de creches para lidar com uma situação que envolve traumatismo dentário. Concluiu­se que a maioria dos indivíduos avaliados na pesquisa não sabia lidar com acidentes que envolviam traumatismo dentário e que esse despreparo poderia estar associado à falta de uma abordagem específica do trauma dental nos cursos de formação de professores e também nos cursos de primeiros socorros. Sendo assim, é muito importante conscientizar a população que está sujeita ao risco de traumatismo dentário, como também esclarecer as formas de prevenção e qual providência deve ser tomada. A urgência na primeira avaliação realizada no menor tempo possível permite um melhor prognóstico na maioria das situações, podendo o profissional fazer o diagnóstico e ter mais opções de tratamentos, que estão diretamente relacionados com o tempo entre o momento da lesão traumática e a intervenção clínica odontológica. As Equipes Saúde Bucal devem realizar vigilância epidemiológica por meio de investigações dos casos de traumatismos dentários diagnosticados na sua área de abrangência para identificar os fatores sociais, ambientais, culturais e individuais que determinam sua ocorrência e desenvolver um processo de educação de segurança ou de se tomar medidas intersetoriais por parte da equipe de saúde. A ocorrência de traumatismo dentário pode estar relacionada com violência de diversas naturezas, inclusive a doméstica. Durante a inspeção visual, a anamnese direcionada e o exame físico também podem surgir indícios de abuso. Muitas vezes o uso de roupas de manga comprida ou calça comprida em clima quente podem ser possíveis maneiras de esconder outras lesões em diversas partes do corpo. A história do paciente e dos responsáveis e/ou acompanhantes pode não ser a mesma, o que também gera suspeita. Muita cautela deve ser tomada no sentido de não levantar falsa suspeita e, nesse momento, a avaliação da equipe multiprofissional é importante para confirmar qualquer dúvida, sendo prioritária a discrição. Existe a necessidade de informar o conselho tutelar que seja responsável pela área da unidade no caso de crianças que possam estar sofrendo violência. No caso de outros tipos de violência pode­se utilizar o disque denúncia da Secretaria de Segurança Pública 181. O disque denúncia nacional também é uma opção: disque 100. Para prevenir traumatismos dentários recomenda­se: ­ adultos sempre vigilantes com crianças de pouca idade; ­ cautela com a criança que está aprendendo a andar; ­ usar meias, sapatilhas e calçados antiderrapantes; ­ em residências com crianças instalar protetores nas gavetas baixas, protetores de cantos de mesa, tapetes antiderrapantes, sempre que possível móveis com cantos arredondados; ­ atenção com crianças pulando na cama elástica ou no colchão da cama; ­ usar a escada para entrar e sair da piscina; ­ não correr descalço em chão molhado; ­ usar protetores bucais individualizados para prática de esportes; ­ não andar e/ou correr com objetos na boca (mamadeira, copo, caneta, brinquedos); ­ usar sempre o cinto de segurança, assentos especiais para crianças pequenas, quando estiver no carro, e capacete quando andar de moto. A Equipe de Saúde Bucal também deverá orientar as famílias quanto às medidas a serem tomadas em caso de traumatismo dentário(Figura 29): 1­ Em caso de sangramento identificar sua origem, procurar estancá­lo usando gaze, toalha ou lenço limpo; 2­ Observar estado de consciência, se paciente está desacordado ou sonolento, com náusea, visão dupla ou turva, dificuldade respiratória, em caso de suspeita de traumatismo craniano com presença de otorragia ou rinorragia e líquido cefalorraquidiano encaminhar no menor tempo possível ao hospital de referência para emergência médica, pois há risco de morte, não sendo o atendimento ao traumatismo dentário prioritário, nesse caso; 3­ No caso de quebrar uma parte do dente, procure os fragmentos e coloque­os no soro fisiológico, leite ou água potável para levar ao dentista, pois dependendo do tamanho do fragmento, é possível fazer sua colagem no dente, recuperando­o esteticamente; 4­ Quando o dente desarticula totalmente do alvéolo ocorre a avulsão dental, quanto mais rápido o dente permanente for reimplantado, melhor será o prognóstico. O próprio paciente ou seu acompanhante pode tentar reposicionar o dente no local da avulsão, desde que se sinta seguro para realizar o reimplante, manipulando o dente sem tocar na raiz e segurando o mesmo pela coroa, em seguida procure imediatamente o dentista. Caso contrário, coloque o dente num recipiente com soro fisiológico, leite ou água potável e deixe que o profissional faça o reimplante. 5­ Caso ocorra avulsão com o dente decíduo, o reimplante não está recomendado, pois existe maior risco de comprometimento do dente permanente sucessor. Mas é muito importante localizar o mesmo e colocar o dente num recipiente com soro fisiológico, leite ou água potável, assim permite que o profissional reaproveite o elemento em um mantenedor de espaço, além de comprovar se o dente foi aspirado, deglutido, sofreu intrusão ou se está alojado em alguma ferida provocada pelo acidente; 6­ Muitas vezes quando o dente não é localizado, é possível que ele tenha sofrido uma intrusão total, ou seja, tenha entrado completamente no osso alveolar. A intrusão também pode ser parcial; 7­ Em todas as situações é altamente recomendado levar imediatamente o paciente para a unidade de saúde aberta mais próxima que ofereça atendimento em saúde bucal. A Associação Internacional de Traumatologia Dental possui uma sugestão de folheto que pode ser utilizado para esclarecimento da população. O folder segue abaixo e está disponível no sítio eletrônico (acesso em 14/09/16): http://www.iadt­dentaltrauma.org/for­patients.html Figura 29. Orientações quanto ao traumatismo dentário 13.2 VIGILÂNCIA DO FLÚOR A Fluoretação das águas de abastecimento público é elemento essencial da estratégia de promoção da saúde, eixo norteador da Política Nacional de Saúde Bucal. É regulamentado pela Lei Federal nº 6.050, de 24/05/1974, pelo Decreto nº 76.872, de 22/12/1975 e pela Portaria nº 518, de 25/3/2004. A prevalência de cárie dentária em escolares aos 12 anos tem diminuído nas últimas décadas em todas as regiões brasileiras. Esse fato pode estar relacionado à fluoretação das águas de abastecimento público, à expansão de programas preventivos nas escolas e, principalmente, ao uso abrangente de dentifrícios fluoretados no país. Vale ressaltar que são raros os municípios da Região Norte que possuem água fluoretada na rede pública de abastecimento, mesmo com o crescente aumento de informações quanto à sua importância. Estabelecer níveis de segurança para o fluoreto em águas de consumo é uma medida imprescindível de proteção à saúde humana. A concentração de fluoreto é um parâmetro importante para ser avaliado, no que diz respeito à prevenção da cárie dentária e ao risco de fluorose. O teor adequado de flúor gira em torno de 0,7 mg/L, a partir de onde se espera uma redução de 50% na incidência de cárie, sem submeter à população a nenhum risco de saúde; uma variação de 0,1 mg/L para mais ou para menos em relação à concentração ótima de 0,7 mg F/L é considerada como aceitável (0,6­0,8 mg/L). 13.2.1 NOTIFICAÇÃO DE FLUOROSE A fluorose é um sensível indicador de que o desenvolvimento do dente esteve exposto ao flúor. Com crescente exposição, os dentes mostram progressivas alterações na superfície do esmalte (manchas brancas que podem se pigmentar com os fluidos bucais e alimentos e, nos casos mais graves, tornar o esmalte dentário frágil e sujeito a lascamentos). As lesões distribuem­se simetricamente na boca, mas nem todos os dentes são igualmente afetados. Os dentes mais afetados são pré­ molares e 2º molares, incisivos superiores e incisivos inferiores. Fluxo de notificação 1. NOTIFICAÇÃO – serão notificados casos de fluorose moderada e grave, segundo o índice de Dean. Indice de Dean • 0 – Normal – O esmalte apresenta translucidez usual com estrutura semi­ vitriforme. A superficie é lisa, polida, cor creme clara. • 1 – Questionável – O esmalte revela pequena diferença em relação à translucidez normal, com ocasionais manchas esbranquiçadas. Usar este código quando a classificação “normal” não se justifica. • 2 – Muito Leve – Áreas esbranquiçadas, opacas, pequenas manchas espalhadas irregularmente pelo dente, mas envolvendo não mais e 25% da superfície. Inclui opacidades claras com 1 mm a 2 mm na ponta das cúspides de molares (picos nevados). • 3 – Leve – A opacidade e mais extensa, mas não envolve mais de 50% da superfície. • 4 – Moderada – Todo o esmalte dentário esta afetado e as superfícies sujeitas a atrição mostram­se desgastadas. Pode haver manchas castanhas ou amareladas frequentemente desfigurantes. • 5 – Grave – A hipoplasia está generalizada e a própria forma do dente pode ser afetada. O sinal mais evidente e a presença de depressões no esmalte, que parece corroído. Manchas castanhas generalizadas (Diretrizes da Saúde Bucal – Curitiba­ 2012). 2. PROFISSIONAL NOTIFICADOR – todos os cirurgiões dentistas da rede de atenção (UBS e CEO) 3. REGISTRO DE NOTIFICAÇÃO – o profissional, ao suspeitar de um caso de fluorose moderada ou severa deve registrar a notificação com as informações solicitadas no prontuário eletrônico. ANEXO – MANUAL DE FLUORTERAPIA Introdução Este manual foi elaborado considerando aspectos relevantes relativos a utilização e funções dos fluoretos: • A importância da administração de fluoretos como parte integrante dos programas de controle da cárie, tanto do ponto de vista da reversão de quadros de alta atividade de doença já estabelecidos (função terapêutica), como para manter o controle da doença cárie (função preventiva). • A importância do uso racional dos mesmos, utilizando os diferentes produtos fluoretados de modo a aproveitar ao máximo a sua ação “anti­cárie”, porém, com a preocupação constante de reduzir a possibilidade de ocasionar fluorose. O princípio básico da fluorterapia é que quanto maior a atividade de cárie do paciente ou do grupo de pacientes, mais intensivo deve ser o tratamento. Pranto quem está mais sujeito à cárie, precisa de mais flúor. De um modo geral, o importante é que o paciente tenha sempre um regime de alta freqüência e baixa concentração de flúor na cavidade bucal com o objetivo de manter o controle da doença cárie. Quando se detecta a alta atividade, métodos de alta concentração e alta freqüência devem ser aplicados como terapia intensiva e limitada com o objetivo de reverter o quadro de alta atividade para baixa atividade da doença, implicando assim no controle da placa bacteriana e dieta, simultaneamente. Nesta proposta, consideraram­se os critérios estabelecidos pela Secretaria Municipal de Curitiba para a definição de atividade de cárie, ou seja, a presença de manchas brancas ativas e/ou cáries ativas. Este manual foi elaborado considerando as categorias de alta e baixa atividade de cárie, os modelos de atenção coletiva e individual e também a faixa etária, que foi agrupada considerando principalmente o risco de vir a ter fluorose devido ao uso de maiores concentrações de flúor(Tabelas 38,39,40 e 41). Sabemos que só com o flúor não se tem, como resultado, pacientes livres de cárie. Assim sendo, as principais metas a serem atingidas estão relacionadas com a conscientização da saúde bucal e do auto­cuidado, com o incentivo à mudanças de hábitos dietéticos e de higienização do paciente. Deste modo enfatizamos a importância da avaliação quanto ao risco do paciente vir a tornar­se um paciente de alta atividade de cárie (pacientes com má higiene oral ou dieta rica em açúcar, crianças que usam mamadeira noturna e/ou não apresentam diastemas), e que medidas sejam tomadas no sentido de reversão deste quadro. Uso seguro do flúor Com o propósito de aumentar o uso seguro dos diferentes produtos fluoretados recomendados, várias medidas devem ser tomadas e/ou orientadas no sentido de reduzir o risco de ingestão do mesmo: 1) Dentifrícios • Crianças devem ter seus dentes higienizados e/ou supervisionados pelos pais ou responsáveis, sendo de preferência eles os encarregados de colocar o dentifrício fluoretado na escova da criança. • Utilizar pequena quantidade de dentifrício fluoretado na higienização. Em termos práticos deve ser recomendado o uso de uma quantidade equivalente a metade de uma ervilha. Entretanto tem­se observado que esta recomendação é de difícil entendimento para alguns pacientes. Devido a esta constatação foi desenvolvido a Técnica Transversal que consiste na colocação do dentifrício em sentido transversal às cerdas da escova. Ressaltamos a importância da demonstração prática da quantidade de dentrifício aos pacientes, mães ou responsáveis. • Ensinar a criança a expelir o dentifrício residual, durante a escovação e quando for concluído a mesma. • Não deixar o dentifrício ao alcance das crianças. • Na faixa etária de 0 a 14 anos deve­se recomendar a utilização de dentifrícios com baixa concentração de flúor (de 1000 a 1100ppm de flúor), reduzindo a possibilidade de ingestão aci­dental e prolongada de maiores concentrações deste produto, o que poderia vir a ocasionar fluorose. (Tabela 1). • Crianças de até 2 anos de idade, devem iniciar a escovação com a erupção dos primeiros dentes, para a criação deste hábito de higiene; porém a escovação com dentifrício fluoretados deverá ser realizada somente uma vez ao dia, preferencialmente à noite, antes de dormir, reduzindo a possibilidade de ingestão do mesmo, uma vez que crianças nesta faixa etária ainda não tem controle da deglutição. As outras escovações que ocorrerão no mesmo dia, devem ser realizadas sem creme dental. 2) Flúor gel Com o objetivo de evitar a ingestão deste produto por ocasião de sua utilização através de moldeiras ou embrocação com bolinha de algodão, alguns passos devem ser observados: • Utilizar pequena quantidade de gel; • Aplicar por arcada separadamente; • Colocar o paciente em posição ereta, com a cabeça inclinada para baixo; • Utilizar o sugador de saliva durante todo o procedimento; • Retirar o excesso do produto; • Orientar para que o paciente cuspa todo o produto após aplicação. Importante: Este método não deve ser recomendado para crianças que não tenham controle da deglutição. Nestes casos deve­se optar pela utilização do verniz com flúor. A escovação com flúor gel deve ser sempre supervisionada por profissionais da clínica odontológica. 3) Soluções de Fluoreto de sódio Quando utilizados de forma coletiva, como por exemplo em escolas, deve­se optar pela utilização do bochecho semanal (0,2%). Porém, quando indicado para uso domiciliar, deve­se dar preferência para a indicação do uso diário deste produto, visando facilitar a incorporação deste hábito (bochecho diário a 0,05% ou aplicação diária a 0,025%). Cuidados devem ser tomados no sentido de evitar a duplicidade na utilização de determinado produto como por exemplo: Aplicação de flúor gel em criança que está realizando a escovação com o mesmo produto na escola. Em pacientes com alta atividade de cárie deve­se recomendar o bochecho domiciliar mesmo quando a criança realiza o bochecho semanal na escola. Neste caso a duplicidade é válida. 4) Verniz com Flúor Aplicação • Profilaxia ou escovação. • Isolamento relativo de preferência com rolo de gaze, já que o algodão tende aderir­se facilmente no verniz. • Secagem para que o verniz seja aplicado e aderido facilmente. O incremento na incorporação de flúor no esmalte também tem sido constatado, quando este passo for realizado previa­mente à aplicação de verniz. • Aplicar uma fina camada do verniz com pincel ou bolinha de algodão de preferência por quadrantes, iniciando pela arcada inferior devido a maior facilidade de depósito de saliva. Cobrir todas as superfícies dentais (interproximal, oclusal, vestibular e lingual) ou as superfícies indicadas (mancha branca ativa). Usar o sugador durante a aplicação. • Antes de retirar o isolamento, deve­se “gotejar” água nas superfícies que receberam verniz, com a facilidade de promover a melhor fixação do mesmo, evitando sua remoção por ocasião da retirada do isolamento ou devido aos movimentos linguais da criança. • Retirar o isolamento e o sugador e orientar a criança a cuspir. • Não deve ser realizado o enxágüe após aplicação do verniz. A aplicação deve ser realizada de preferência logo após as refeições, já que durante as 12 horas seguintes, recomenda­se que os pacientes tenham alimentação branda e líquida e não escovem os dentes neste período, para permitir boa aderência da película no verniz, obtendo o melhor efeito possível. Deve ser explicado aos pais e à criança que os dentes ficarão ama­relados, e que após a remoção do produto a cor voltará ao normal. A limpeza através da escovação e a secagem com gaze, permite a execução deste método extra clínica. Tabela 38: Atenção Coletiva – baixa atividade de cárie Tabela 39: Atenção Coletiva – alta atividade de cárie Tabela 40: Atenção individual – Baixa atividade de cárie Tabela 41: Atenção individual – Alta atividade de cárie Considerações: • Em crianças que ainda não tenham nenhum dente irrompido, deve ser orientado higiene gengival com gaze ou similar, embebida em água filtrada ou fervida, para estabelecer o hábito de higiene e evitar estomatites. • Em crianças da faixa etária de 3 a 5 anos, deve­se optar preferencialmente pelo uso de verniz com flúor, que apresenta baixa toxicidade e alta efetividade, evitando desta forma o risco de deglutição de flúor gel, o que poderia vir a causar fluorose ou intoxicação. • Utilizar o flúor gel (em moldeiras ou por embrocação) somente para crianças que apresentam um maior controle da deglutição, tomando os cuidados necessários para reduzir ao mínimo a ingestão acidental do produto. • A escovação com gel é contra indicado na faixa etária até os 5 anos. • Para crianças de creches, com até 2 anos de idade, com dentes irrompidos, na impossibilidade de realização da escovação com dentifrício fluoretado à noite, esta escovação deve ser realizada após o almoço. • As quatro sessões de fluorterapia em pacientes com alta atividade de cárie, podem ocorrer concomitantemente a fase de estabilização ou reabilitação. • Nos casos da utilização do flúor para a reversão da alta atividade de cárie e/ ou remineralização de manchas brancas ativas, o quadro do paciente deverá ser avaliado após as 4 sessões propostas e o número de sessões poderá se recrescida para se conseguir os resultados esperados. Enfatizamos, porém a importância de se realizar as 4 sessões propostas, mesmo que os resultados esperados se manifestem antes disso. • Em pacientes com alta atividade de cárie em atenção individual, nas faixas etárias maiores que 6 anos, as 4 aplicações de flúor gel não devem acontecer na mesma sessão da aplicação de verniz com flúor. • O controle avaliativo para pacientes com alta atividade de cárie, na atenção individual ou coletiva, deve ser trimestral. Nesta ocasião, pacientes que apresentarem baixa atividade, serão enquadrados na atenção proposta para este grupo, e os que ainda permanecem em alta atividade sofrerão as mesmas ações realizadas anterior­mente, devendo ser reforçado nesta ocasião a importância dos hábitos de higiene e dieta para a reversão do quadro. • A clínica odontológica deve se responsabilizar por passar instruções às babás das creches sobre o uso correto do dentifrício e da solução fluoretada, assim como pelo acompanhamento destas atividades. • A clínica odontológica deve se responsabilizar pela implantação dos bochechos semanais nas escolas, pelo treinamento dos funcionários das escolas que realizarão os bochechos, pelo fornecimento do material necessário para a sua realização, assim como pelo acompanhamento deste programa. • As soluções de fluoreto de sódio para uso domiciliar (0,025% e 0,05%) deverão ser dispensadas pela farmácia da ULS, através de uma receita fornecida pelo odontólogo (formulário próprio) passando assim a idéia do uso destas soluções como um medicamento. Os mesmos só deverão ser dispensados para adultos e pais ou responsáveis. • Esta proposta não inviabiliza a utilização de outros materiais com flúor em sua composição (cariostático, ionômero de vidro). Referências: A POLÍTICA DO MINISTÉRIO DA SAÚDE PARA A ATENÇÃO INTEGRAL A USUÁRIOS DE ÁLCOOL E OUTRAS DROGAS Série B. Textos Básicos de Saúde ­ MINISTÉRIO DA SAÚDE ­ Secretaria Executiva Coordenação Nacional de DST e AIDS Brasília – DF 2003 AL­BAYATI SAAF. Oral Lichen planus: A clinical study of 123 patients attending an Oral Medicine Clinic. Baghdad University, Iraq. Gulf Medical Journal, 1(1):10­14, 2012. Albuquerque RA, Morais VLL, Sobral APV. Odontologic protocolo f attendance the pediatric oncology: review of literature. Rev Odontol. UNESP. 2007; 36(3):275­280. Albuquerque RA. Avaliação clínica das complicações orais em pacientes pediátricos submetidos ao tratamento antineoplásico (trabalho de conclusão de curso). 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