27/8/2026 III Jornada de Inverno de Química DO GRAMA PARA O KILOGRAMA: Quais os desafios de uma Ampliação de Escala? Prof. Dr. Angelo H. L. Machado Grupo Tecnologia em Síntese Orgânica Universidade de Brasília – UnB Instituto de Química Requisitos que caracterizam um Processo Industrial. SEGURANÇA QUALIDADE CUSTO ROBUSTEZ IMPACTO AMBIENTAL 1 27/8/2026 Podemos começar os experimentos??? III Jornada de Inverno de Química Reatores para Produção Industrial 2 27/8/2026 Conhecendo os equipamentos de escala industrial – o Reator 1 – Tampa 2 – Camisa ou Jaqueta 3 – Válvula de fundo 4 – Motor para agitação 5 – Vedação do eixo 6 – Quebra onda 1 – Vaso de Alimentação 2 – Saída para lavador de gases 3 – Condensadores 4 – Linha do condensado 5 – Separador de fases 6 – Vasos de coleta 7 – Válvula para vácuo 3 27/8/2026 Aumentar a Escala não se limita a aumentar o tamanho do reator. Um equipamento para ampliação de escala deve, de preferência, oferecer os mesmo recursos que um equipamento de produtiva oferece. escala 4 27/8/2026 Características de reatores Características de reatores 5 27/8/2026 Características de reatores Uma variação de 30W/L não é percebida no laboratório. 6 27/8/2026 Requisitos que caracterizam um Processo Industrial. SEGURANÇA QUALIDADE CUSTO ROBUSTEZ IMPACTO AMBIENTAL Interferindo em um Processo Industrial durante a Ampliação de Escala. O que auxilia o Químico de Processo durante uma Ampliação de Escala? a) Entender o Mecanismo da Transformação; b) Entender o Mecanismo de Formação das Impurezas; c) Nunca esquecer: a maioria das reações é fruto de várias etapas; d) Destas etapas, qual é a determinate da velocidade da reação; e) Cuidado com a agitação; f) Os tempos em um processo em escala maior são diferentes que aqueles em escala de bancada; g) Atenção às mudanças na ampliação de escala; h) Escolha o melhor processo possível. 7 27/8/2026 Variáveis para serem monitoradas e/ou controladas em um Processo Industrial Temperatura do meio de reação (Tr); Temperatura do fluido da jaqueta (Tj); Velocidade da agitação; Taxa de dosagem; pH; Concentrações dos reagentes; Densidade das fases Etc. Todas, sem exceção, devem ser colocadas à prova para que se obtenham os limites de trabalho do processo Como fazer isso?!?!?! Variáveis para serem monitoradas e/ou controladas em um Processo Industrial Variação de um fator por experimento Variação de dois ou mais fatores por experimento Design of Experiment DoE III Jornada de Inverno de Química 8 27/8/2026 Alguma Literatura atual sobre Desenho de Experimentos DOE (Design of Experiments) in Development Chemistry: Potential Obstacles Organic Process Research & Development 2001, 5, 324-327 Dennis Lendrem, Martin Owen, and Sonya Godbert Orthogonal Experiments in the Development of Organic Synthetic Processes Organic Process Research & Development 2009, 13, 798–803 Rolf Carlson, Geir Simonsen, and Alexandre Descomps Um exemplo bem sucedido de DoE 1o DoE Volume de solventes Temperatura Carga de catalisador Quantidade de base Tempo 2o DoE Volume de solventes Temperatura Carga de catalisador Tempo Varinder K. Aggarwal, Anne C. Staubitz, and Martin Owen Org. Process Res. Dev., 2006, 10 (1), 64-69 9 27/8/2026 Um exemplo bem sucedido de DoE Resultado Baixas concentrações e Temperaturas elevadas Favorecem a reação T = 120oC Fazendo um DoE?!?!?! (+)-Hapalindol Q Baran, P. S.; Richter, J. M. J. Am. Chem. Soc. 2004, 126, 7450 12-epi-fischerindole U isotiocianato 10 27/8/2026 Como garantir a reprodutibilidade para DoE EasyMax – Mettler-Toledo Atlas - Syrris Curiosidades Históricas 11 27/8/2026 Acidentes em Laboratório: Nossa!!! Sujou tudo!!! Acidentes em Escala Industrial: Não será tão fácil limpar os efeitos deste acidente. 12 27/8/2026 Segurança em um Processo Industrial III Jornada de Inverno de Química A história de uma ampliação de escala N2 NH2 Cl NO2 Basel, Suíça 1969 Cyba-Geigel NO2 TReação HNOSO4 H2SO4 45 °C + Cl NO2 NO2 TBanho 13 27/8/2026 Reator de 630 L Basel, Suíça 23 de dezembro de 1969 5 mortos 31 feridos O que aconteceu ?!?!?! Concentração Original Reação Concentrada 14 27/8/2026 Dow Chemicals, planta de King’s Lynn, Nortfolk – Inglaterra Junho de 1977 15 27/8/2026 16 27/8/2026 O prédio onde ocorreu o evento tinha 15 m x 7 m de dimensão. Peça metálica de 143 kg encontrada à 200 metros do local do evento 17 27/8/2026 O que aconteceu ?!?!?! - O - O + N O + N O CH3 O Zoalene Aditivo para ração de aves NH2 Algo em torno de 75 à 92 toneladas de Zoalene estavam fora de especificação, > 98% de pureza por I.V. Tomou-se a decisão de secá-lo. Na ocasião, 350 kg de Zoalene + Resíduos de secagens anteriores, totalizando aproximadamente 1300 kg de Zoalene. A explosão aconteceu 26 horas após o início do processo com uma força equivalente a 150 kg de TNT e levou à morte de um membro da brigada de incêndio ao ser atingido por uma peça de metal quando se dirigia para o local. Quando seco e em condições adiabáticas, o Zoalene se decompõe espontaneamente durante uma exposição à 120 – 125oC por 24 horas. O secador costumava operar à 130oC neste processo. Aliado a este dado, presença de impurezas dos resíduos de secagem anteriores certamente contribuíram para o evento Muito cuidado com as sutilezas do processo Em escala de produção tudo é maximizado, em especial, os problemas!!! 18 27/8/2026 Requisitos que caracterizam um Processo Industrial. SEGURANÇA QUALIDADE CUSTO ROBUSTEZ IMPACTO AMBIENTAL Calorimetria: uma ferramenta que auxilia a observação das sutilezas. Accelerating Rate Calorimetry - ARC Desenvolvido pela Dow Chemicals no início da década 70. Apesar dessa facilidade, o Zoalene não havia sido submetido a análise antes do acidente. Sua operação consiste e aquecer por tempos determinados uma amostra de aproximadamente 10 g em um recipiente selado que suporta pressões de pelo menos 1000 psi numa condição adiabática. 19 27/8/2026 Heat Balance Calorimetry Se baseia na diferença entre a temperatura com a qual o fluído entra na jaqueta do reator e aquela que este fluído sai da jaqueta do reator. III Jornada de Inverno de Química Reator PSL ChemFlux Heat Balance Calorimetry como ferramenta de acompanhamento de processo em tempo real (PAT) Reator em escala de produção com “jaquetas” independentes que viabilizam a medição da diferença de temperatura entre os pontos de entrada e saída do fluído da camisa de refrigeração. Somente as “jaquetas” que estão no nível do conteúdo do reator são preenchidas com fluído e consideradas na medição do calor 20 27/8/2026 Power Compensation Calorimetry Calorímetro Atlas - Syrris Uma resistência devidamente calibrada fornece uma quantidade de energia definida ao meio de reação. Esta quantidade de energia é monitorada pela diferença entre a temperatura de entrada e saída de fluído da jaqueta do reator. Quando um evento de exotérmico ocorre no meio de reação, essa diferença de temperatura modifica, o que é traduzido como o calor da reação. Heat Flow Calorimetry O Equipamento, contendo o meio de reação, é previamente calibrado com o auxílio de uma resistência que libera no meio uma quantidade e calor definida. Pela variação da diferença entre a temperatura do meio de reação (Tr) e a temperatura do fluído da jaqueta (Tj), se determina coeficiente de troca térmica (U) do reator para a área que o meio de reação está em contato com a parede do reator (A). Este dado, juntamente com a capacidade calorífica do meio de reação (Cp) também determinado na calibração, é possível verificar o calor da reação após o término do experimento. 21 27/8/2026 Heat Flow Calorimetry RC1 – Mettler - Toledo A evolução Comparação entre métodos disponíveis comercialmente de calorimetria de reações Organic Process Research & Development 2007, 11, 1112–1125 22 27/8/2026 O primeiro reator calorimétrico Determination of Reaction Heat: A Comparison of Measurement and Estimation Techniques Organic Process Research & Development 2007, 11, 1112–1125 Donde vem a segurança de um Processo Industrial Propriedades Físicas e Químicas dos insumos Tipo de Processo Equipamentos Industriais 23 27/8/2026 Contudo, a história se repete!!! No ano de 1992 (janeiro, abril e julho) ocorram três eventos de descontrole de processo (runaway) em sites da Ciba-Geigel Nos EUA, entre 1980 e 2001, foram registrados 167 acidentes em industria químicas, resultado em 108 óbitos. Fonte: U.S. Chemical Safety and Hazard Investigation Board III Jornada de Inverno de Química O cenário de uma runaway reaction num processo do tipo batelada. Tfinal Temperatura Reação Secundária Reação Principal Processo Normal Falha no controle da Temperatura Tempo 24 27/8/2026 O cenário de uma runaway reaction num processo do tipo batelada. Tfinal Temperatura Reação Secundária Reação Principal Falha na Temperatura Processo Normal Tempo 1. A capacidade de resfriamento do equipamento é capaz de remover todo o calor liberado sob condições normais de operação? qreação < qtroca térmica = U.A.(Tr – Tj) Tfinal Temperatura Reação Secundária Reação Principal Falha na Temperatura Processo Normal Tempo 2. Qual temperatura pode ser alcançada após o descontrole da reação principal? MTSR = Tprocesso + Xacumulado.∆Tad Onde: MTSR: Temperatura máxima da reação de síntese Xacumulado: Fração de calor acumulado no meio reacional ∆Tad: variação de temperatura adiabática (∆Tad =Qr/Cp) 25 27/8/2026 O cenário de uma runaway reaction num processo do tipo batelada. Tfinal Temperatura Reação Secundária Reação Principal Falha na Temperatura Processo Normal Tempo 3. Qual temperatura pode ser alcançada após o descontrole da reação secundária? Tfinal = MTSR + ∆Tad O cenário de uma runaway reaction num processo do tipo batelada. Tfinal Temperatura Reação Secundária Reação Principal Falha na Temperatura Processo Normal Tempo 4. Em qual momento do processo uma falha no resfriamento tem consequencias não desejadas? f (Tp, Xacumulado e da estabilidade dos componentes do meio) 26 27/8/2026 O cenário de uma runaway reaction num processo do tipo batelada. Tfinal Temperatura Reação Secundária Reação Principal Falha na Temperatura Processo Normal Tempo 5. Quanto tempo dura o descontrole da reação principal? t = f(Tp, Qr, Xacumulado) O cenário de uma runaway reaction num processo do tipo batelada. Tfinal Temperatura Reação Secundária Reação Principal Falha na Temperatura Processo Normal Tempo 6. Quanto tempo dura o descontrole da reação secundária? TMRad = f(Q, T, Eativação, Cp) 27 27/8/2026 O cenário de uma runaway reaction num processo do tipo batelada. T1 T2 T1 > T2 Falha no resfriamento Início do descontrole Tempo para remediação • A cinética é o parâmetro de segurança, logo é dependente da temperatura. • 24 horas entre a falha e o início do descontrole é um tempo seguro para medidas corretivas. • TD24 é temperatura na qual o descontrole acontece 24 hs após a falha no resfriamento. Construindo o cenário do descontrole criticidade Processo não crítico Processo crítico Processo crítico Nenhuma medida de segurança adicional requerida Medida de segurança adicional requerida ou Redesenho do processo Redesenho Imediato do processo!!! Stoessel, F.; Fierz, H.; Lerena, P.; Kille, G. Org. Process Res. Dev. 1997, 1 (6), 428. 28 27/8/2026 Classificando os Processos quando à criticidade Temperatura TD24 Tp Índice de criticidade Tp = temperatura do processo MTSR = Temperatura máxima da reação de síntese MTT = Temperatura técnica máxima (p.e., temp. da válvula de emergência) TD24 = Temperatura na qual a decomposição é crítica O processo por semi-batelada: Garantindo a segurança do processo pela dosagem de um dos reagentes. 29 27/8/2026 O processo por semi-batelada: Garantindo a segurança do processo pela dosagem de um dos reagentes. Monitoramento “in line” do avanço de uma reação III Jornada de Inverno de Química 30 27/8/2026 Monitoramento “in line” do avanço de uma reação Monitoramento on-line são medições realizadas com amostras que são desviadas da linha de processo e que podem, quando conveniente, ser retornadas ao processo. Monitoramento in-line são medições realizadas sem a remoção da amostra da linha de processo. Técnicas usuais em monitoramento in-line. Infravermelho (I.V.) I.V. Próximo (NIR) Raman REDOX Ultra-Violeta (U.V.) pH Focused Beam Reflectance Measurements (FBRM) Monitoramento in situ do avanço de uma reação 31 27/8/2026 Monitoramento in situ do avanço de uma reação Monitoramento in situ do avanço de uma reação Produto 1 Reagente 1 p-nitrofenol 32 27/8/2026 Monitoramento in situ do avanço de uma reação p-nitrofenol Qr Produto 1 Reagente 1 Reações em Condição de Fluxo Contínuo e Microreatores Reação acontecem em micro canais num ambiente de troca térmica eficiente Permite a intensificação da reação (meios de reação mais concentrados) sem o risco de descontrole térmico. A troca térmica eficiente evita reações laterais não desejadas e melhora a seletividade de sistemas pouco seletivos realizados em batelada. III Jornada de Inverno de Química 33 27/8/2026 Reações em Condição de Fluxo Contínuo Facile, Fast and Safe Process Development of Nitration and Bromination Reactions Using Continuous Flow Reactors Jacques Pelleter* and Fabrice Renaud Organic Process Research & Development, ASAP 34 27/8/2026 Reações em Condição de Fluxo Contínuo e Microreatores Reações em Condição de Fluxo Contínuo e Microreatores 35 27/8/2026 Uma síntese completa em Microreatores Bogdan, A. R.; Poe, S. L.; Kubis, D. C.; Broadwater, S. J.; McQuade, D. T. Angew. Chem. Int. Ed. 2009, 48, 8547 Ibuprofeno Otimização da Primeira Etapa Uma síntese completa em Microreatores Segunda Etapa Reação Modelo Seqüência desejada 36 27/8/2026 Uma síntese completa em Microreatores •Síntese feita com três etapas em “Telescoping” •Material usado: 500 cm de tubos de Teflon e cinco Seringe Pumps. •Produtividade da reação: 9 mg/min de Ibuprofeno bruto E o Aumento da Escala de Produção?!?!?! Scale up Numbering up 37 27/8/2026 Reações em Fluxo e Microreatores Reações em Fluxo e Microreatores Velocidade do fluído de resfriamento da jaqueta (fotos a cada 2 segundos!!!) Capacidade de mistura 38 27/8/2026 Reações em Fluxo e Microreatores Reações em Fluxo e Microreatores Uma Realidade!!! 39 27/8/2026 Agitadores Estáticos: a reação dentro de um “pipeline”. Reações em Fluxo e Microreatores: Referências Revisões Organic Process Research & Development 2008, 12, 905–910 Chem. Rev. 2007, 107, 2300-2318 Chimia 60 2006, 618–622 Chem. Eng. Technol. 2005, 28, 255-258. Artigos Organic Process Research & Development 2008, 12, 468–474 Organic Process Research & Development 2008, 12, 929–939 Organic Process Research & Development 2008, 12, 940–945 Organic Process Research & Development 2008, 12, 1001–1006 40 27/8/2026 Reações Químicas e a Energia de Microondas Percy LeBaron Spencer III Jornada de Inverno de Química O Espectro Eletromagnético 41 27/8/2026 Como funciona o forno de microondas Aquecimento por Microondas Aquecimento Convencional Fornos de microondas Domésticos 42 27/8/2026 Fornos de microondas para Laboratório Discovery - CEM Mars - CEM Fornos de microondas para Laboratório Synthos 3000 – Anton Paar UltraClave - Milestone 43 27/8/2026 Fornos de microondas para Laboratório SPRM - Milestone MicroSynth - Milestone Fornos de microondas para Indústria Advancer - Biotage FlowSynth - Milestone 44 27/8/2026 Alguma Bibliografia sobre uso de Microondas Livros: Microwaves in organic synthesis; Loupy, A., Ed.; Wiley-VCH: Weinheim, Germany, 2003; Microwave-Assisted Organic Synthesis; Lidström, P.; Tierney, J. P., Ed.; Blackwell Publishing: Oxford, 2005; Practical microwave synthesis for organic chemists: strategies, instruments, and protocols; Kappe, C. O.; Dallinger, D.; Murphree, S. S. Wiley-VCH: Weinheim, Germany, 2009; Revisões: Angew. Chem. Int. Ed. 2004, 43, 6250. Chem. Rev. 2007, 107, 2563. Ampliação de Escala: Organic Process Research & Development 2008, 12, 30–40; 41–57 e 1078–1088 Aplicação conjunta com sistemas de reação em fluxo: Org. Proc. Res. Dev. 2008, 12, 468; Org. Proc. Res. Dev. 2008, 12, 967; 45