UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO INSTITUTO DE COMPUTAÇÃO ESPECIALIZAÇÃO EM INFORMÁTICA NA EDUCAÇÃO O USO DE FERRAMENTAS DE MULTIMIDIA EM CURSOS DE EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA CELIANE APARECIDA CAOVILLA CUIABÁ – MT 2011 UNIVERSIDADE ABERTA DO BRASIL UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO INSTITUTO DE COMPUTAÇÃO ESPECIALIZAÇÃO EM INFORMÁTICA NA EDUCAÇÃO O USO DE FERRAMENTAS DE MULTIMIDIA EM CURSOS DE EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA CELIANE APARECIDA CAOVILLA Orientador: Prof. DR. ELMO BATISTA DE FARIA Monografia apresentada ao Curso de Especialização em Informática na Educação – Modalidade a Distância – do Instituto de Computação da Universidade Federal de Mato Grosso, em parceria com a Universidade Aberta do Brasil, como requisito para conclusão do Curso de Pós-graduação Informática na Educação. CUIABÁ – MT 2011 UNIVERSIDADE ABERTA DO BRASIL Lato Sensu em UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO INSTITUTO DE COMPUTAÇÃO ESPECIALIZAÇÃO EM INFORMÁTICA NA EDUCAÇÃO CERTIFICADO DE APROVAÇÃO TÍTULO: O USO DE FERRAMENTAS DE MULTIMIDIA EM CURSOS DE EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA AUTOR: CELIANE APARECIDA CAOVILLA Aprovada em 09/07/2011 ______________________________________ Prof. Dr. Elmo Batista de Faria IC/UFMT (Orientador) ______________________________________ Prof. Dr. Andreia Gentil Bonfante IC/UFMT ______________________________________ Prof. MSc. José de Paula Neves Neto IC/UFMT DEDICATÓRIA Dedico este trabalho a minha mãe Olga, pelo incentivo e apoio e a minha filha Marianne por compreenderem a minha ausência, durante a realização deste trabalho. AGRADECIMENTOS Agradeço primeiramente a Deus, pois sem Ele, nada seria possível. Agradeço à Universidade Federal de Mato Grosso, por nos dar a oportunidade de realizarmos este curso. Agradeço a Equipe do Instituto de Computação que nos atenderam, auxiliaram e colaboraram para nosso sucesso. Agradeço aos professores que foram essenciais em nossa construção de conhecimentos ao longo desta trajetória. Em especial, agradeço ao meu Orientador Prof. Dr. Elmo Batista de Faria pelo auxílio e orientação. RESUMO A Educação a Distância é, atualmente, uma modalidade em franco desenvolvimento, seja em aspectos relativos ao número de alunos, seja o desenvolvimento de formas de contato eficiente com os estudantes, bem como no uso de formas que levem ao contato com o conhecimento e propicie a aprendizagem, como a escolha mais acertada da mídia a ser utilizada. Para isso, realizou-se inicialmente uma discussão sobre as possibilidades de aprendizagem através do uso de TIC’s na educação em geral. Em seguida, apresentase um histórico da EaD no Brasil, demonstrando que esta modalidade está em uso há bastante tempo, porém, ganhou impulso com a edição da Lei nº 9.394/96, que passou a defini-la como modalidade de educação e abriu espaços para a ampliação de sua oferta. O foco central da discussão está no uso de mídias para a modalidade EaD, sobre a qual fez-se um estudo bibliográfico, buscando as formas utilizadas e pesquisas desenvolvidas para o aperfeiçoamento deste uso. No entanto, o material bibliográfico existente sobre o assunto é bastante restrito, o que prejudicou o desenvolvimento do estudo. Por outro lado, percebe-se a necessidade de ampliar a pesquisa a respeito desse assunto, abrindose um leque de possibilidades de pesquisa de campo. Palavras chaves: Educação a Distância, mídias, Interação homem X computador SUMÁRIO DEDICATÓRIA.................................................................................................................................... 3 AGRADECIMENTOS.......................................................................................................................... 4 RESUMO............................................................................................................................................... 5 SUMÁRIO.............................................................................................................................................. 6 LISTA DE SIGLAS E ABREVIATURAS.......................................................................................... 7 1 INTRODUÇÃO.................................................................................................................................. 8 2 EDUCAÇAO E O USO DE DIFERENTES MÍDIAS..................................................................... 10 2.1 A Informática Educativa e o ensino ......................................................................................... 15 2.2 Considerações Finais ................................................................................................................ .. 18 3 HISTÓRICO DA EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA NO BRASIL...................................................... 3.1 Considerações Finais ........................................................................................ 19 22 4 O USO DE MÍDIAS NA EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA................................................................. 24 4.1 Aplicação prática em cursos EaD.................................................................... 28 4.2 Considerações Finais ........................................................................................ 32 CONCLUSÕES...................................................................................................................................... 34 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS................................................................................................ 36 7 LISTA DE SIGLAS E ABREVIATURAS AVA – Ambiente virtual de aprendizagem CA – Comunidade de Aprendizagem CBC – Curso baseado no computador CBW – Curso baseado na Web EaD – Educação a Distância IHC – Interação homemXcomputador PA – Programa de Aprendizagem SEPC – Sistema de Ensino Presencial Conectado TIC – Tecnologia da Informação e Comunicação TDVE’s - Tecnologias Digitais Virtuais Emergentes UNISINOS - Universidade do Vale do Rio dos Sinos UNOPAR – Universidade do Norte do Paraná 8 1 INTRODUÇÃO As potencialidades e os limites do uso do computador no ensino, no processo de construção do conhecimento escolar, articulado com as novas tecnologias ainda são um tema novo, especialmente para os professores que tiveram sua formação em tempos em que o uso de tecnologias era restrito, tornando-se assim algo novo e desafiador. O uso das novas tecnologias na educação, no caso do computador especificamente, exige do docente o domínio das funções básicas da informática, no propósito de organização das aulas, utilizando-se dos recursos da informática. Quando se tem em mente a utilização da Educação a Distância (EaD) na formação profissional, levam-se em conta os avanços tecnológicos aliados a necessidade de atendimento de estudantes dispersos geograficamente que anseiam a possibilidade de acesso à formação. Nessa perspectiva, discute-se a utilização de Tecnologias da Informação e Comunicação (TIC’s) como forma de tornar acessível e compreensível a proposta de levar a Educação a pessoas que, por razões diversas, optem por essa forma de acesso à formação. � No desenvolvimento dos trabalhos, tivemos como objetivo geral: Compreender as possibilidades existentes no ensino com o auxílio do computador e seus recursos, utilizados como ferramenta pedagógica. Os objetivos específicos deste trabalho são: � � � Descrever a evolução do uso das diferentes mídias no ensino EaD. Identificar multimídias que podem ser utilizadas nas atividades de ensinoaprendizagem através da modalidade EaD. Levantar possibilidades de novas mídias para o ensino EaD. Com a inserção das novas tecnologias no ensino, a organização curricular necessita ser um flexível no que diz respeito, principalmente, ao planejamento das aulas, pois o 9 foco da aprendizagem é a busca da informação significativa e não apenas da transmissão de conteúdos durante o processo de ensino e aprendizagem. Nessa perspectiva, o professor torna-se um pesquisador e mediador de aprendizagens, juntamente com os alunos. Seu papel é muito mais reflexivo, porém menos repetitivo do que no ensino tradicional, incorporando mudanças nas posturas teórico e metodológicas. Em sua formação, muitos professores têm tido contato direto com computador, com a Internet, através dos processos de formação baseados na Educação a Distância. Por isso, é necessário que, além de sua aprendizagem em informática, para poder desenvolver suas atividades de estudo, devam ser utilizados meios que permitam superar a ausência do contato entre professor e estudante. Para atingir os objetivos, o trabalho foi desenvolvido a partir de pesquisa bibliográfica sobre o tema, através de método indutivo. A pesquisa procurou textos com base nos seguintes temas: história da Educação a Distância (EaD), desenvolvimentos de tecnologias em multimídia para a referida modalidade e avanços na utilização de multimídias, através de busca avançada baseada em textos mais recentes. 10 2 EDUCAÇÃO E O USO DE DIFERENTES MÍDIAS. A atuação da escola foi e continua sendo voltada para a aprendizagem dos estudantes. Essa aprendizagem é marcada pela forma como os professores encaminham as atividades, podendo ser maior ou menor de acordo com o desenvolvimento de um plano de trabalho pedagógico mais tradicional ou mais interacionista. Porém, temos a aprendizagem como uma mudança interna promovida pelas atividades conforme a citação abaixo: “A aprendizagem está interligada à formação de conceitos, envolvendo articulações, rupturas e superação dos obstáculos para a elaboração do conhecimento, quer seja no plano individual e social. Uma experiência cognitiva sempre incorpora um elemento novo em relação a conhecimentos anteriores. A criatividade e as outras habilidades envolvidas formam uma via de acesso para a aprendizagem significativa, compatível com a era da informática” (PAIS, 2002 apud BORGES, 2009, P.8) A partir da idéia que se tem sobre a aprendizagem, podemos começar a pensar a educação a partir de suas práticas, em especial, as práticas que envolvem o uso de diferentes tipos de mídias. Atualmente a idéia de mídia está associada aos avanços tecnológicos, porém, ela pode ser entendida como formas utilizadas para transmitir uma informação, como o quadro de giz, os livros que foram utilizados em salas de aulas, o mimeógrafo e assim por diante. O uso de formas diferentes de mídia pode influenciar a aprendizagem? Essa questão foi discutida por Kozma (1991) que propõe o uso de mídias como forma de propiciar maior ou diferente grau de aprendizagem, sendo forma de atuar como complemento às operações mentais do estudante, colaborando em sua aprendizagem ou permitindo a visualização de operações que o estudante não pode realizar. Para que essa aprendizagem se concretize, ainda segundo o autor, há uma relação entre o tipo de mídia, com seu respectivo conjunto de sistemas de símbolos e o tipo de aprendizagem, havendo a necessidade de estabelecer que tipo de mídia é mais propícia a determinada 11 aprendizagem. Nessa pesquisa, foi constatado que os estudantes tiveram maior aproveitamento quando assistiram a programas de televisão do que ao fazer a leitura de textos escritos, pois o uso de vários sentidos aguçou a percepção do sentido proposto. Mais recentemente, Adorno Junior (2009) retomou a discussão sobre o uso da televisão como mídia como recurso de ensino, que ela pode proporcionar um aumento na capacidade de abstração dos estudantes, na medida em que propicia maior contanto com o conhecimento, através da demonstração de processos, da aproximação com a realidade, visualizando e assim contribuindo para a concretização de conteúdos de aprendizagem. Dessa forma ela se constitui em forma de estímulo da audição e visão como fontes para observação e comparação que levem os alunos a considerar novas possibilidades de aprendizagem. Para Adorno Junior (op. cit.) as mídias em geral e a televisão em especial devem ser utilizados com critério, com objetivos definidos e analisando a eficácia em relação ao conteúdo ensinado. Não basta sua utilização. É necessário planejamento para que seja promovida a inclusão social destes estudantes e, assim, seja promovida a cidadania, pela capacidade de análise de informações, explorando, refletindo e analisando criticamente os fatos. Porém, como propõe Kenski (1997), a evolução tecnológica que ocorreu desde que Kozma realizou seu estudo foi intenso, gerando novas formas de relacionamento entre os seres humanos e essas tecnologias. A tecnologia moderna reestrutura ainda mais profundamente a consciência e a memória, impondo uma nova ordem nas formas tradicionais de compreender e de agir sobre o mundo. De um lado, essas tecnologias fixam lembranças de fatos concretamente vividos; por outro, elas derrubam as barreiras entre os acontecimentos reais e a ficção. (KENSKI, 1997 p. 59) Um dos aspectos de evolução tecnológica foi o desenvolvimento da Informática Educativa, ou seja, aquela que se apropria de elementos da informática convencional para desenvolver atividades voltadas para o processo ensino-aprendizagem, como nos propôs Pais (op. cit.). Para isso voltamo-nos para o equipamento essencial ao desenvolvimento de atividades informatizadas, sobre o qual se pode dizer [...] computador não é mais o instrumento que ensina o aprendiz, mas a ferramenta com a qual o aluno desenvolve algo, e, portanto, o aprendizado ocorre pelo fato de estar executando uma tarefa por intermédio do computador. Estas tarefas podem ser a elaboração de textos, usando os processadores de texto; pesquisa de banco de dados já existentes ou criação de um novo banco de dados; resolução de problemas de diversos domínios do conhecimento e representação desta resolução segundo uma linguagem de 12 programação; controle de processos em tempo real, como objetos que se movem no espaço ou experimentos de um laboratório de física ou química; produção de música; comunicação e uso de rede de computadores; e controle administrativo da classe e dos alunos. (VALENTE, 1998) Apesar de ser o computador peça básica no processo de utilização de informática educativa, devemos ter presente que Quando usamos o termo tecnologia educacional, os educadores consideram como paradigma do futuro, mas a tecnologia educacional está relacionada aos antigos instrumentos utilizados no processo ensino-aprendizagem. O giz, a lousa, o retroprojetor, o vídeo, a televisão, o jornal impresso, o aparelho de som, o DVD, o rádio, o livro e o computador são todos elementos instrumentais componentes da tecnologia educacional. (NUNES; RIBAS; FARIAS, 2010, p.20) Para que haja um encaminhamento a respeito da Informática Educativa, adotaremos a expressão adotada por Valente (1993, p. 26): A Informática Educacional é o processo que coloca o computador e sua tecnologia a serviço da educação. Portanto, todos os aspectos e as variáveis neste processo deverão estar subordinados à consideração de que a essência da IE é de natureza pedagógica, buscando assim melhorias dos processos de ensino-aprendizagem de forma a levar o aluno a aprender, e o professor a orientar e auxiliar esta aprendizagem, tornando-o apto a discernir sobre a realidade e nela atuar. A questão que envolve o computador é que ele “engloba várias mídias e promove as relações interativas disponibilizando-as simultaneamente” (Nunes; Ribas; Farias, 2010, p.21), por isso torna-se uma ferramenta mediadora do processo ensinoaprendizagem que pode proporcionar mudanças qualitativas na educação, desde que os educadores compreendam, vivenciem, aceitem, flexibilizem as inúmeras possibilidades da ferramenta, adaptando-a de forma a contribuir com a educação. A evolução das tecnologias educacionais nos leva a crer que a mudança de postura diante das inovações tecnológicas foi absorvida com maior ou menor rapidez pelos professores, apesar das resistências que possam ter acontecido diante de inovações que exigiram maior grau de adaptabilidade dos profissionais. Outra mudança está na relação com o espaço escolar havendo redimensionamento da idéia de escola, O espaço e tempo de ensinar eram determinados. “Ir à escola” representava um movimento, um deslocamento até a instituição designada para a tarefa de ensinar e aprender. O “tempo da escola”, também determinado, era considerado o tempo diário que, tradicionalmente, o homem dedicava à sua aprendizagem sistematizada. Correspondia, também, à época, na sua história de vida, que o homem dedicava à formação escolar. As velozes transformações tecnológicas da atualidade impõem novos ritmos e dimensões à tarefa de ensinar e aprender. É preciso que se esteja em permanente estado de aprendizagem e de adaptação ao novo. Não existe mais a possibilidade de considerar-se alguém totalmente formado, independentemente do grau de escolarização alcançado. Além disso, 13 múltiplas são as agências que apresentam informações e conhecimentos a que se pode ter acesso, sem a obrigatoriedade de deslocamentos físicos até as instituições tradicionais de ensino para aprender. Escolas virtuais oferecem vários tipos de ensinamentos on-line, além das inúmeras possibilidades de se estar informado, a partir das interações com todos os tipos de tecnologias mediáticas. (KENSKI, 1997 p. 59 e 60) A idéia do uso do computador como ferramenta educacional nos remete ao uso de ambiente virtual para o desenvolvimento de atividades pedagógicas, tornando-se um recurso diferente do usual Na sala de aula virtual, o ambiente é diferente do presencial, pois não existem fisicamente as quatro paredes, o quadro, a disposição das cadeiras, geralmente todos voltados para o professor. Também mudam as noções de espaço geográfico de tempo, pois o acesso pode ser feito de qualquer lugar do planeta pela internet, e o tempo é expandido a uma ou mais semanas ou dias, diferentemente da hora regular da sala de aula tradicional, que requer um determinado horário específico. (NUNES; RIBAS; FARIAS, 2010, p.86) Sendo a EaD uma modalidade em que o contato entre professor e estudante é indireto, o aluno deve estar preparado para a situação de auto-aprendizagem, gerindo sua evolução. Por outro lado, o uso de métodos, técnicas e recursos deve procurar facilitar essa auto-aprendizagem, havendo a necessidade de busca de melhores condições de desenvolvimento dessas habilidades de autogerenciamento da aprendizagem. Assim, para que haja a interatividade necessária, há que se terem certos cuidados, como os observados por Rodrigues e seus companheiros na elaboração de módulos para cursos virtuais O material didático para EAD deve possuir algumas características que foram observadas na produção do módulo: ser dialógico mantendo uma contextualização do conteúdo; estimular a ação dos sujeitos e a construção de seus próprios significados; valorizar o conhecimento prévio dos alunos; incentivar a exploração; investigação; auto-estudo; buscar a autonomia do sujeito; assegurar espaços de interação entre os participantes do curso, que possibilitem uma construção cooperativa, através de fóruns de discussão e sessões de bate-papo. (RODRIGUES et.al.) Para o desenvolvimento do programa de estudos, há a necessidade de organizar o roteiro a ser seguido de acordo com os objetivos educacionais a serem alcançados, sendo flexível e adaptável, especialmente em EaD. As atividades de aprendizagem tornam-se mais atreladas à leitura do que a oralidade. Com isso, a organização dos textos básicos e complementares aos cursos deve considerar a situação de ausência do professor. A aplicação dos mesmos textos usados em sala de aula pode se tornar inadequada. Neste particular, a elaboração de material instrucional desenvolvido especialmente para essa modalidade torna-se bastante oportuna. (RODRIGUES et.al.) 14 Levando-se em conta que o material visa o estudo individual, com base na leitura e no uso de outras formas de apreensão da informação, há a necessidade de tomar-se cuidado de respeitar as diversas formas pela qual os estudantes promovem sua aprendizagem, possibilitando que o estudante tenha claro o ponto de partida, o percurso e o objetivo a ser alcançado, como produto final desse processo, como continua nos explicitando Rodrigues Esse material deve incorporar os diferentes estilos de aprendizagem, explicitar com clareza os objetivos de aprendizagem e estar amparado em uma estratégia de ensino-aprendizagem. É necessária a adoção de posturas voltadas à cooperação. Os recursos tecnológicos de apoio ao ensino por si só não promovem mudanças, mas a forma como são utilizados é que pode provocá-las. Internet possibilita a aprendizagem pela colaboração, os alunos dos cursos estarão imersos num novo ambiente mediado por uma tecnologia que possibilita o estabelecimento de interações em tempo real desenvolvendo várias conexões internas e externas. (RODRIGUES et.al.) Assim, a prática docente deve ser pensada a partir da necessidade do redimensionamento das atividades utilizadas normalmente em aulas presenciais, usando-se de estratégias diferenciadas para promover a relação ensino-aprendizagem. As atividades deverão proporcionar momentos de reflexão e problematização, com produção subseqüente, que gere a aprendizagem pretendida. A modalidade Educação a Distância (EaD) utiliza-se de ambientes virtuais para a organização das atividades de seus cursistas. Além destes ambientes, pode-se utilizar de outros recursos, como ocorrida antes do advento da informática, quando se utilizava do rádio, de correspondências, de vídeos ou de programas de televisão. Porém, o uso da Internet tornou mais fácil o contato entre o estudante e seus orientadores, que sendo professores, tutores ou outro tipo de contato, tentam facilitar a aprendizagem, não só pelo contato com um, mas pela possibilidade de encontro com muitos, como no caso do uso do “chat” ou da videoconferência. O uso, nestes cursos, de sistemas multimídias ainda tem a avançar. Neste sentido, a definição de multimídia nos é dada por Souza (2010, p.12): “Para Paula Filho (2000), multimídia são todos os programas e sistemas em que a comunicação entre homens e computador se dá através de múltiplos meios de representação de informação, como texto, som, imagem estática e/ou animada.” A multimídia é uma forma interessante de atrair a atenção dos estudantes para um estudo mais construtivo, na medida em que desafia o raciocínio por apresentar o conteúdo a ser estudado de formas diferentes das tradicionais leituras, com idéias 15 demonstradas graficamente em desenhos, imagens ou de forma não estática com imagens ou sons. Assim, há a possibilidade do estudante fazer análises variadas sobre o tema estudado, com estruturação de seu conhecimento de forma mais consistente. 2.1 A Informática Educativa e o ensino Percebendo o ensino como algo dinâmico, ativo, a Informática Educacional surge como uma ferramenta importante, facilitando a busca de novas abordagens, metodologias, proporcionando um ambiente de pesquisa, comunicação e produção de saber. Por outro lado, a simples modernização das técnicas não garante melhorias significativas no processo educativo, devendo-se observar a concepção de ensino e aprendizagem que matiza o trabalho do docente. Sobre a dicotomia entre a escola e o mundo cotidiano, repleto de informações, temos que considerar o descompasso entre o ensino existente e a riqueza de recursos encontrados fora da escola. A escola é agora apenas mais uma entre as muitas agências especializadas na produção e na disseminação da cultura. Em concorrência com as diferentes mídias, a escola tende a perder terreno e prestígio no processo mais geral de transmissão da cultura e particularmente no processo de socialização das novas gerações, que é sua função específica. Num mundo cada vez mais "aberto" e povoado de máquinas que lidam com o saber e com o imaginário, a escola apega-se ainda aos espaços e tempos "fechados" do prédio, da sala de aula, do livro didático, dos conteúdos curriculares extensivos, defendendose da inovação. (BELLONI, 1998, p.4) Como concorrer com as imensas possibilidades encontradas fora da escola? Para responder a essa questão, a escola tem de analisar que elementos cotidianos estão sendo trazidos para dentro dela, como forma de estimular o estudante a desenvolver suas habilidades cognitivas e não apenas cumprir com um ritual de apresentar conhecimentos retidos em sua memória recente pela memorização, que pode perder-se em curto espaço de tempo. Então, não haverá a necessidade de procurar trazer para dentro desse espaço a cultura informatizada. A escola ainda não conseguiu integrar esses bens culturais produzidos pelas mídias, e que são consumidos pela maioria das crianças, consumo este desigualmente distribuído entre grupos sociais. A escola de qualidade terá que integrar as novas tecnologias de comunicação de modo eficiente e crítico, sem perder de vista os ideais humanistas da modernidade (isto é, evitando aquele velho mecanismo que consiste em jogar fora a criança com a água do banho), mostrando-se capaz de colocar as tecnologias a serviço do sujeito da 16 educação - o cidadão livre -, e não a educação a serviço das exigências técnicas do mercado de trabalho. (BELLONI, 1998, p.8) Para que tenhamos essa ruptura entre a cultura escolar mnemônica e a utilização de novas formas de desenvolver o processo ensino-aprendizagem, é necessário que nos preocupemos com a formação dos professores, por serem aqueles que podem optar pela mudança de postura pedagógica, utilizando-se de ferramentas mais próximas do cotidiano vivido pelos estudantes. Assim, é também importante, pensar a formação de professores e, no caso de nossa discussão, pensar a formação a distância desses futuros profissionais. A acelerada transformação dos processos produtivos faz com que a educação deixe de ser anterior ao trabalho para ser concomitante deste. A formação e o desempenho tendem a fundir-se num só processo produtivo, sendo disso sintomas as exigências da educação permanente, da reciclagem, da reconversão profissional, bem como o aumento da percentagem de adultos e de trabalhadores-estudantes entre a população estudantil. (BOAVENTURA, 1995 apud BLIKSTEIN & ZUFFO, 2001, p.9) Preparando-os de forma coerente com o tipo de curso que estão utilizando como na sua preparação profissional. Para isso, não há que descuidar-se nem do material, nem da formação pedagógica, pois esses profissionais deverão desempenhar suas atividades nas mesmas condições que os professores que receberam formação presencial. Situações como esta nos obrigam a pensar em processos pedagógicos muito mais complexos do que o realizado no presencial, pois devem compatibilizar entrega da informação, diferentes profissionais (professores autores, professores orientadores, professores assistentes e tutores), tempos homogêneos e flexíveis, comunicação em tempo real e em diferentes momentos, avaliações presenciais e a distância... uma logística nova, que está sendo construída e avaliada com mídias telemáticas pela primeira vez. (MORIN, 2003, p.2) Outra preocupação que se impõe ao discutir-se a EaD é a qualidade pedagógica, impressa em sua concepção, pois como nos lembra Almeida (2003), é possível a manutenção de formas tradicionais mecanicistas, como permite a exploração da interatividade, com base na interação e na produção de conhecimento, por outro lado, Valente (2003) afirma que a maioria destes cursos utiliza-se de abordagens mecanicistas, utilizando-se apenas de novos meios de comunicação. Atualmente, as instituições de ensino superior com programas de graduação em EaD têm apostado na utilização do computador e da Internet como formas de contato com os estudantes que optam por esse tipo de curso. Os ambientes virtuais são, 17 então, formas de veiculação dos programas de estudo, de contato com professores ou outros profissionais envolvidos no processo... Ambientes digitais de aprendizagem são sistemas computacionais disponíveis na internet, destinados ao suporte de atividades mediadas pelas tecnologias de informação e comunicação. Permitem integrar múltiplas mídias, linguagens e recursos, apresentar informações de maneira organizada, desenvolver interações entre pessoas e objetos de conhecimento, elaborar e socializar produções tendo em vista atingir determinados objetivos. As atividades se desenvolvem no tempo, ritmo de trabalho e espaço em que cada participante se localiza, de acordo com uma intencionalidade explícita e um planejamento prévio denominado design educacional.(ALMEIDA, 2003, p.6) O design educacional pressupõe um processo de organização de atividades e sequência das aulas, necessitando do professor que as prepara e os especialistas em organização dessas informações na linguagem utilizada para a web, com organização de textos, imagens, para, então, promover sua intersecção com outros textos e imagens através do recurso de hipertexto. Essa organização deve tentar organizar uma prática pedagógica que seja produtiva ao ser usada na modalidade EaD. Esse é então o grande desafio desta organização para esta modalidade: tornar produtiva uma prática pedagógica interativa, através do uso dos recursos tecnológicos disponíveis e da ação dos professores, formando profissionais capazes de agir colaborativamente e reflexivamente, na resolução das questões inerentes às atividades profissionais escolhidas por eles. Um dos aspectos mais relevantes para a discussão na formação de professores e de outros cursos também, está na organização das formas de contato entre os professores e os estudantes, no planejamento de atividades e na organização de materiais mediáticos ou de hipermídias, para permitir a interação entre o estudante e o tema abordado. Aos professores ou profissionais que desenvolvem os materiais e mídias a serem utilizados, é necessário que haja a compreensão da ação de ensinar nesse meio. Ensinar em ambientes digitais e interativos de aprendizagem significa: organizar situações de aprendizagem, planejar e propor atividades; disponibilizar materiais de apoio com o uso de múltiplas mídias e linguagens; ter um professor que atue como mediador e orientador do aluno, procurando identificar suas representações de pensamento; fornecer informações relevantes, incentivar a busca de distintas fontes de informações e a realização de experimentações; provocar a reflexão sobre processos e produtos; favorecer a formalização de conceitos; propiciar a interaprendizagem e a aprendizagem significativa do aluno. (VALENTE, 2003, p. 6) 18 Cabe então uma discussão sobre as mídias utilizadas neste tipo de curso, buscando-se estabelecer formas produtivas de interação e, conseqüente, construção de conhecimentos pelos estudantes. 2.2 Conclusão do Capítulo A educação sempre buscou incorporar elementos midiáticos em sua tarefa de promover a aprendizagem. Iniciou-se pelo uso de imagens ou de textos colocados em quadros de giz ou o que havia de disponível para demonstrar a idéias, seguindo-se de impressos, principalmente difundidos a partir da massificação da impressão, com o livro tornando-se recurso básico para o desenvolvimento de atividades. Além do quadro de giz e dos livros, há o uso de outros recursos como mimeógrafos, flanelógrafos e outros, utilizados como forma de demonstrar idéias, mecanismos e outros. O avanço tecnológico trouxe, inicialmente, o rádio, que passou a ser de grande utilidade, em especial no desenvolvimento de cursos a distância. A televisão foi um marco no desenvolvimento das mídias, pois passou a incorporar ao texto escrito e lido a imagem, em movimento, que demonstrou mais claramente como se dá o desenrolar de uma determinada situação ou processo. Em decorrência da televisão, passamos a ter outros recursos como os filmes em fitas, posteriormente em DVD’s e, atualmente, em Blue-rays e no uso de dispositivos móveis, acopladas aos computadores ou TV’s pendrives. O uso de computadores trouxe outro impulso ao uso de elementos midiáticos na educação, especialmente com a possibilidade de interação que ele proporciona, além da possibilidade de acesso a informações que estavam distantes das escolas, através da Web. Porém, o grande problema está no uso destes recursos de forma eficaz no processo de ensino-aprendizagem, pois o uso de TIC’s deve servir para promover a capacidade de observação, comparação, análise dos estudantes e não apenas servir para facilitar a memorização de fatos ou processos, havendo a necessidade de prepararem-se os profissionais da educação para o desenvolvimento de atividades capazes de propiciar a inserção da escola na produção de conhecimentos, servindo de base para que a profissionalização dos estudantes promova maior desenvolvimento técnico-científico, de qualidade de vida e de satisfação pessoal. 19 3 HISTÓRICO DA EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA NO BRASIL A história da EaD é muito antiga, remetendo ao período antigo, através dos ensinamentos das Cartas de Platão e as Epístolas de São Paulo (Martins, 2002). Posteriormente, o ensino utilizou-se de correspondências, nos séculos XVIII e XIX, utilizados logo após a criação dos selos de correios, sendo a Inglaterra a primeira a utilizar-se desta forma de educação. No início do século XX, os Estados Unidos passaram a oferecer cursos superiores pelo Correio. Três quartos dos engenheiros russos foram formados por essa metodologia na década de 1930. Durante a Segunda Guerra Mundial, foi utilizado o Código Morse como forma de treinamento para recrutas norte-americanos. Com o surgimento do rádio, vários países passaram a utilizar-se dele como meio de educação, com eficácia e baixo custo. Tivemos o início de duas experiências no Brasil, com o rádio como meio de comunicação: em 1939 foi fundado o Instituto RádioMonitor e, em 1941, o Instituto Universal Brasileiro. Ambas experiências tiveram relativo sucesso naquele período, fazendo do rádio um forte aliado do ensino a distância para o meio rural. A partir dos anos de 1960, iniciou-se a integração de material impresso e meios de comunicação audiovisuais, no caso antenas ou cassetes, principalmente na educação secundária e superior, que se iniciaram na Europa e disseminaram-se por diversos países, como nos propõe Niskier (1999, apud Martins 2002) Pode-se destacar: Radio ECCA, nas Ilhas Canárias; Schools of the Air, na Austrália; Telesecundária, no México; National Extension College, no Reino Unido; Hermods-NKI Skolen, na Suécia; FernUniversitat, na Alemanha; Universidade Nacional de Educação a Distância, na Espanha; a Universidade de Athabasca, no Canadá; a Universidade para Todos os Homens e 28 universidades locais por televisão na China Popular, entre muitas outras (NISKIER, 1999). 20 O veiculo rádio passou a ser mais efetivamente utilizado no Brasil a partir de 1970, com a criação do Projeto Minerva, pelo Ministério da Educação e Cultura, que compreendia uma mescla de programação oficial educativa e cultural, seguindo uma tendência mundial. Esta experiência fazia parte de uma onda de experiências em países não desenvolvidos de disseminação de EaD, baseadas principalmente em meios de comunicação de massa, como televisões escolares. Essas experiências buscavam universalizar o ensino básico, promover a educação popular de adultos, bem como sua alfabetização, além da educação comunitária, para a saúde ou de formação profissional (Martins 2002). Os resultados não foram animadores com redundantes fracassos das televisões escolares. Isso levou a busca de novos métodos de ensino através da incorporação de avanços da tecnologia de comunicação. Com a televisão iniciaram-se novas formas de comunicação, sendo que o Brasil e o México são líderes mundiais com os programas Telecurso e a Telesecundaria. Apesar das experiências anteriores, foi somente com a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (Lei nº 9394/96), que a EaD foi instituída como modalidade, oficialmente. Com o advento da Internet, a EaD vira e-learning, oferecendo em tempo real a possibilidade de troca de informações a respeito do conteúdo discutido. Apesar disso, há bons programas de EaD que se utilizam de livros, continuam usando os Correios, a TV e agora a Internet, cabendo ao usuário a escolha do modelo que melhor atende suas características socioeconômicas e de localização no território nacional. Nos anos 90, a EaD tem como característica principal o desenvolvimento e disseminação de novas tecnologias de comunicação e informação (TIC’s), o que interativa e informatizada, utilizando redes telemáticas com todas as suas promoveu mudanças radicais na relação ensinar-aprender, pois iniciou-se uma relação potencialidades (bancos de dados, correio eletrônico, listas de discussão, fóruns de debates, chats, sites, etc.); CD-ROMs didáticos, de divulgação científica, cultura geral, entre outros). Em seguida, surgem as salas de videoconferência e, principalmente, o uso da Internet (Martins 2002). Para a disseminação do uso de TIC’s, o Ministério da Educação, lançou o programa TV Escola, com o objetivo de disseminar práticas de uso de mídias nas escolas, com programas de capacitação de professores no uso da televisão 21 e do vídeo e com variados tipos de programas que podem ser utilizados em sala de aula (Adorno Junior, 2009). Inicialmente a instituição de cursos regulares conforme o disposto na referida lei ocorreu apenas por instituições públicas a partir do ano de 2000. O setor privado passou a ocupar espaços a partir de 2002. Os cursos criados foram, de acordo com a legislação, voltados para o atendimento da Educação de Jovens e Adultos e de programas de graduação e pós-graduação, tendo como foco a formação de professores. Esses cursos utilizaram-se da aplicação das novas tecnologias na EaD, especialmente as ligadas à Internet. Essa mudança foi fundamental para a criação de novas relações de ensino-aprendizagem nessa modalidade A aplicação de novas tecnologias na EAD, especialmente aquelas ligadas à Internet, vem modificando o panorama dentro deste campo de tal modo que seguramente podemos falar de uma EAD antes e depois da Internet. Antes da Internet tínhamos a EAD que utilizava apenas tecnologias de comunicação de um-para-muitos (rádio, TV) ou um-para-um (ensino por correspondência). Via Internet temos as três possibilidades de comunicação reunidas numa só mídia: um-para-muitos, um-para-um e, sobretudo, muitos-para-muitos. É essa possibilidade de interação ampla que confere à EAD via Internet um outro status e vem levando a sociedade a olhar para ela de uma maneira diferente daquela com que outras formas de EAD (NISKIER, 1999 apud Martins 2002). No âmbito da esfera pública, foi criada inicialmente a Subsecretaria de EaD, ligada à Secretaria de Comunicação da Presidência da República, em 1995. Posteriormente, foi incorporada pela Secretaria da Educação a Distância do MEC, em 1996. Seus objetivos eram voltados para o atendimento da orientação do Ministério da Educação de ampliar a oferta da Educação Básica: a) produzir tecnologias avançadas no interior das escolas públicas de educação básica, através do Programa de Apoio Tecnológico à Escola e do Programa Nacional de Informática na Educação – PROINFO, lançados em 1995 e 1996; b) estabelecer estrutura que pudesse dar suporte e formação a distância aos professores que atuavam de forma presencial nas escolas do país, através de programas como o TV Escola, implantado em 1995 (Giolo,2008). A LDB sugeria que a EaD se desenvolvesse a partir de instituições públicas. Segundo Giolo (2008), essa ação deveria buscar a instituição de universidades para o criar um forte impacto na educação do país, como já aconteceu em outros países, abrindo às massas populares o acesso à educação superior, que era impensável sem essa estratégia. 22 A entrada da iniciativa privada na concorrência com a oferta de cursos de graduação deu-se a partir da diminuição da procura pela modalidade presencial motivada pelo alto custo dessa educação, tornando-se concorrente da educação presencial, por poder praticar preços inferiores e oferecer outras facilidades como de organização do tempo, espaço e métodos de aprendizagem (Giolo, 2008). Essa possibilidade ocorreu com o Decreto nº 4.494/98, que abriu explicitamente a possibilidade de abertura de cursos pela iniciativa privada. A iniciativa privada passou a dominar o mercado de cursos a distância, tendo crescimento expressivo, tanto de instituições, quanto de cursos e matrículas (Giolo, 2008) A partir de 2003, com a instalação de um novo governo, houve o direcionamento para o que era o espírito da LDB, com o início da organização de uma universidade, nos moldes tradicionais de outros países, com a implantação da Universidade Aberta do Brasil (UAB). Porém, essa medida ainda não inverteu a situação de grande número de matrículas em cursos em EaD de instituições privadas em detrimento das instituições públicas. Nessa modalidade, além da questão da temporalidade que passa ser reorganizada de acordo com as necessidades do estudante, há o diferencial de propor um ensino que deve estar mais ligado ao cotidiano e as exigências do mundo do trabalho. Na modalidade de Educação a Distância os conceitos de tempo e espaço são alterados e são reconhecidos como variáveis não pré-fixadas. O conceito de simultaneidade das variáveis presentes no ensino presencial é alterado, oferecendo uma nova possibilidade para a adequação do processo educacional às necessidades do mercado, adequando o tripé educando/ escola/educador para educando/sociedade/tecnologia. (MARCHETI et. al. , 2005, p.4) A educação a distância passou por avanços, entre eles a disseminação de cursos com diferentes tipos de atendimento. Entre eles, o que tem tido grande disseminação são os cursos que se utilizam de meios eletrônicos, principalmente a Internet como forma de divulgação de conteúdos, de contato com professores, de realização de processos avaliativos. Esse avanço tem exigido estudos e avanços na forma de comunicação e efetividade do processo pedagógico, tendo alcançado índices elevados de matrículas, exigindo o desenvolvimento cada vez mais intenso de formas de contato com os estudantes. 3.1 Conclusão do Capítulo 23 Não havendo precisão na data de surgimento da EaD, temos presente que ela teve papel importante em diversos momentos da História da Educação, pois sempre que houve alguém disposto a aprender algo com seu professor/orientador que estava distante no espaço ou no tempo, fez-se EaD. Esse processo foi facilitado pela possibilidade de uso de recursos midiáticos que promoveram maior interação entre os ensinantes e aprendentes. Com isso, a disseminação dessa modalidade foi aprofundando-se alcançando cada vez um número maior de interessados, que poderiam estar a distâncias cada vez maiores. Em nosso país, apesar das experiências anteriores, da grande territorialidade e do grande número de pessoas dispostas a estudar, sem possibilidade de acesso, somente a partir da Lei de Diretrizes e Bases da Educação (1996), foi que essa modalidade passou a ser oficializada e disseminada, demonstrando que, com o processo de redemocratização política, veio a democratização de acesso ao estudo e ao conhecimento sistematizado. Porém, a possibilidade que essa modalidade permite necessita de um projeto consistente, com organização curricular própria e, principalmente, muito cuidado no uso de formas de uso de mídias, pois estas devem ser capazes de permitir a efetiva construção de conhecimentos, como discutiremos no próximo capítulo. 24 4 O USO DE MÍDIAS NA EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA A história da EaD demonstra que a primeira mídia utilizada foi a mídia escrita, podendo ser impressa, através de cursos por correspondência. Com a evolução tecnológica dos meios de comunicação de massa, estes passaram a condição de aliados do processo de educação, sendo o rádio o primeiro a ser utilizado em diversas experiências em todo o mundo. A inserção da televisão no mercado propiciou o desenvolvimento de novos programas na modalidade EaD, tendo recursos de áudio e de vídeo, como nos indica Hopp (2008), que também proporcionou o desenvolvimento de cursos por meio de fitas de áudio e de vídeo ou assistidas no computador através de CD-ROMs. Iniciouse, então, o modelo multimídia, havendo, atualmente, o uso de kits multimídias, além das conexões em rede via satélite, como o projeto desenvolvido pelo Ministério da Educação, que visa a socialização desses recursos e, posterior utilização nos programas de ensino (Hopp, op. cit.). No desenvolvimento de formas de comunicação entre os estudantes e os cursos EaD, passou-se a utilizar-se mais constantemente de formas que privilegiam o uso de Tecnologias de Informação e Comunicação. Em síntese, a presença das TIC tem sido investida de sentidos múltiplos, que vão da alternativa de ultrapassagem dos limites postos pelas "velhas tecnologias", representadas principalmente por quadro-de-giz e materiais impressos, à resposta para os mais diversos problemas educacionais ou até mesmo para questões socioeconômico-políticas. (BARRETO, 2004) Entre as formas mais utilizadas temos a de e-learning, movimento que ampliou as possibilidades dessa comunicação, ao utilizar dos recursos de comunicação e mídia viáveis por meio da internet, veículo de transmissão e comunicação É inegável a hegemonia do movimento de virtualização do ensino, na perspectiva de e-learning, cuja tradução mais comum tem sido "educação a distância via Internet": uma forma de aprendizagem em que a mediação 25 tecnológica é destacada, nos mais diversos "ambientes de aprendizagem”. (BARRETO, 2004) Essa tendência propõe o uso de “utilização das tecnologias da Internet para fornecer um amplo conjunto de soluções que melhoram o conhecimento e o desempenho” (Ghelman, 2007), por isso é também conhecida como educação baseada na Web. Para o desenvolvimento de propostas de programas pedagógicos voltados para a EaD, através de e-learning, as propostas devem ser baseadas na teoria pedagógica desenvolvida por Ausubel (apud Talarico Neto et al., 2005), que propõe o “aprender a aprender” e “aprender a pensar”, partindo-se do fator mais importante a influenciar a aprendizagem que é aquilo que o aprendiz já sabe, levando-se em conta que o modo como recebe e organiza a informação ira afetar a sua utilidade. Para isso, deve haver o desenvolvimento de atividades que levem à reflexão e construção de conceitos e conhecimentos, bem como no desenvolvimento ou verificação da aplicabilidade de teorias. O desenvolvimento de propostas de educação nos moldes de utilização da Internet como veículo apresenta três modelos de curso, como nos explicita Ramos (2005): 1 – Auto-Instrucional: tem como objetivo a transmissão de informações e do conteúdo, com pouca interferência do professor ou tutor, sendo individual por tentar garantir a autonomia e independência do aluno, para isso é autoexplicativo, objetivo e simples em suas temáticas. 2 – Mediado: possui a mediação constante de um professor ou tutor, que monitora e acompanha o desempenho, intervindo para facilitar o aprendizado do estudante. Propõe atividades de estudo e de interação, necessitando da estrutura de turma, para o uso de estratégias de discussão e participação como em fóruns de discussão ou chats temáticos, por exemplo. 3 – Colaborativo: prevê atividades colaborativas como estratégia de aprendizado, sendo o professor ou tutor um facilitador na interação da comunidade que se forma, com o monitoramento e a motivação como principais atividades docentes. A estratégia pedagógica é a de desafios, para incentivar a discussão e construção do conhecimento no grupo de estudo. Para o desenvolvimento de aulas com base nessa proposta, alguns aspectos são relevantes: a sequência de uma aula virtual, a interação (navegação entre os tópicos), o 26 layout (cores, posicionamento de itens na interface e a funcionalidade (busca, contato) entre as páginas dos materiais instrucionais (Talarico Neto et al., 2005). Assim, ainda de acordo com Talarico Neto et.al. (op. cit.), há a necessidade de agruparem-se alguns elementos essenciais para a adequação do material pedagógico: [...] padrões pedagógicos, que abordam questões de planejamento e seqüência de curso e são baseados em práticas identificadas em aulas presenciais; padrões de IHC, obtidos de práticas de projetos Web e que abordam questões de interação e layout do material instrucional; e padrões híbridos de IHC e pedagógicos, obtidos da prática da inserção de Estratégias Cognitivas no contexto de projeto de material instrucional Web e que foram chamados de híbridos, pois incluem práticas oriundas da pedagogia que quando organizadas melhoram a usabilidade do conteúdo exibido pelo material instrucional. (TALARICO NETO et. al, 2005, p. 44) Os estudantes, acostumados a aulas presenciais, devem ser alvo de cuidados, para que a adaptação à aula virtual possa acontecer sem prejuízos, uma vez, que o aluno acostumado ao sistema presencial pode sentir-se perdido na realização de atividades de EaD. Outra preocupação está na organização deste material, que pode ser pensada através da Interação Homem Computador (IHC) para a busca de uso de mídias adequadas Durante o projeto do material instrucional, o professor pode se deparar com os seguintes problemas relativos à interação do aluno com o material, conforme estudos de caso: • Como projetar o ambiente com o qual o aluno irá interagir? • Quanta informação mostrar em cada tela? • Como prevenir que o aluno não se perca na leitura de conteúdos em diferentes páginas? (TALARICO NETO et. a.l, 2005, p. 46) Nesse contexto, um dos desafios é a definição da apresentação do conteúdo online, no que diz respeito à organização e acesso, havendo duas formas principais: 1 – Linear: acesso ao conteúdo de forma progressiva, partindo de questões mais simples para as mais complexas, seguindo uma sequência definida. 2 – Não-linear: o acesso ao conteúdo é livre, cabendo ao estudante definir por onde começar a estudar, podendo haver dispersão dos mesmos, sendo indicado para cursos onde os alunos podem avançar conforme seu interesse (Ramos, 2005). A interação entre os estudantes pode acontecer de duas maneiras: a síncrona e a assíncrona. A primeira acontece com a interação entre os estudantes e professores ocorrendo em tempo real, como em chats, comunicadores instantâneos, videoconferência,vídeo e chat. No caso da comunicação assíncrona a comunicação independe do tempo, acontecendo através de e-mail e fóruns. 27 Definidas as formas de comunicação, temos a contextualização dos temas que procura criar um ambiente de estudo, havendo a proposta de buscar os mais agradáveis e envolventes. Essas características, juntamente com as demais do curso vão levar a programação de layout do curso, que vai utilizar-se de recursos de interface para criar uma dinâmica de estudo que possibilite uma construção de conhecimentos a partir da proposta e dos recursos utilizados. A partir do advento da Web 2.0, ampliou-se o quadro de possibilidades de utilização de recursos da Internet, baseando-se numa perspectiva mais colaborativa que a referida rede imprimiu na relação entre seus usuários (Trein & Schlemmer, 2009). Com ela, surgiram ferramentas de comunicação que podem ser utilizadas como forma de troca de conhecimentos, reelaboração e construção de conhecimentos: � Weblogs ou simplesmente “blogs”, que são páginas disponíveis na Web e que permitem a atualização constante de usuários, através de posts, que corresponde aos comentários sobre a discussão proposta. Podem ser utilizados como forma de registro para portfólios, com os avanços e dúvidas que foram surgindo ao longo do estudo, bem como local de discussão de temáticas específicas propostas pelo curso. Quando o objetivo propõe, podem-se utilizar os “fotologs”, que seguem a mesma � lógica, porém, tendo como enfoque a publicação de imagens. Wiki: derivado da palavra havaina wiki wiki, que significa super rápido, consiste num conjunto de páginas disponíveis na Web, que podem ser editadas de forma colaborativa, pois possuem interface simples, baseada geralmente em HTML. As ferramentas Wiki podem apresentar em forma � de editores de texto, slides, imagens ou outros. Comunidades Virtuais: constituem-se de grupos de usuários que se unem espontaneamente, a partir de interesses comuns ou de identificação com determinadas temática, havendo troca de informações, comentários e � reelaboração de conceitos, de acordo com uma proposta pedagógica. Comunicadores instantâneos: podem ser utilizados como comunicação síncrona, que podem ser chats escritos ou, como a tecnologia atual, com a � comunicação por voz e imagem em tempo real. AVAs: são plataformas geralmente utilizadas para a organização de processos de ensino e aprendizagem. Permitem interações síncronas e 28 assíncronas. Sua utilização na EaD ocorre com suporte de conteúdo, troca de informações e acompanhamento entre estudantes e tutores, bem como com professores, avaliação e outros processos envolvidos nos processos � educacionais. Mundos Digitais Virtuais: com linguagem 3D, representam a possibilidade de união de linguagens de comunicação, em uma única tecnologia, pois permite estabelecer uma comunicação textual, gestual, oral e gráfica, permitindo alto nível de interação entre usuários. Para essa interação, os usuários são representados por avatares, que interagindo promovem a evolução do programa. É considerado por alguns autores como Web 3D ou ainda como o início da Web 3.0. 4.1 Aplicação prática em cursos EaD. A esse conjunto de programas e ferramentas disponíveis atualmente na Web, Trein & Schlemmer (2009), chamam de Tecnologias Digitais Virtuais Emergentes – TDVEs. Essa possibilidade de uso foi demonstrada pelas autoras acima citadas, a partir de experiência utilizada em Programa de Aprendizagem – PA, por meio do uso do Ambiente Virtual de Aprendizagem AVA-UNISINOS e, mais recentemente do Moodle, no desenvolvimento de Educação Digital, onde os integrantes dos grupos utilizaram-se de ferramentas do Google que, segundo Maciel (2009) refere-se a uma das mais populares ferramentas de pesquisa na Web atualmente. Utilizam-se também de comunicadores instantâneos, para buscar elementos e estabelecer processos de reflexão e discussão sobre as temáticas nas quais cada grupo se inscreveu, ou seja, houve a formação de comunidades de discussão dos temas que envolviam o projeto, utilizaram fóruns e chats para a discussão das teorias que fundamentaram o programa, a criação de identidade virtual (avatares) para interação nos MDV3Ds, elaboração de diários de aprendizagem, com registros semanais, com o objetivo de realizar auto avaliação. Os resultados foram divulgados, sendo mantido o processo de discussão e revisão. Por meio da criação de blogs, os projetos de aprendizagem baseados em problemas vão se constituindo, vão sendo desenhados, adquirindo contornos, e sendo divulgadas durante o semestre, evidenciando o processo em construção. Os blogs possibilitam ao professor e aos alunos ter acesso a todo o processo que está sendo desenvolvido, criando uma rede de trabalho, de 29 colaboração e de cooperação efetiva em torno das diferentes problemáticas que integram a temática da “Educação Digital”. (TREIN & SCHLEMMER, 2009) O avanço na utilização de recursos no desenvolvimento de propostas de cursos na modalidade EaD tem ocorrido na mesma velocidade em que a Web se moderniza. Com isso, os recursos da Internet possibilitam um número cada vez maior de possibilidades de uso de interfaces, permitindo o avanço do processo ensino-aprendizagem, rumo a uma construção cada vez maior de conhecimentos pelos estudantes. Com o uso cada vez mais intensivo de tecnologias mais interativas, ou seja, formas mais socializantes de acesso de informações e construções de novos conceitos, houve a geração de novos processos produtivos (Castells, 2009), inclusive na área da EaD, que utiliza-se de TIC’s para o contato com os estudantes, igual ressignificação de ações. Sendo essa modalidade uma educação com comunicação para muitos, onde os conteúdos e ferramentas digitais e virtuais assumem papel de destaque no processo ensino-aprendizagem, temos de discutir a utilização de hipertextos como forma de ressignificar contextos e conteúdos. O hipertexto passou por diversas modificações desde o surgimento da Internet. Atualmente, há a possibilidade de participação de usuários na edição de textos disponíveis na Web. Aqueles documentos em que diversas pessoas podem justapor textos escritos em separado são chamados de hipertextos colagem. Já os hipertextos cooperativos são aqueles em que todos os envolvidos compartilham a invenção do texto comum, à medida que exercem e recebem impacto do grupo, do relacionamento que constroem e do próprio produto criativo em andamento. (PRIMO & RECUERO, 2006 p.85) A utilização deste recurso em programas educacionais pode acontecer através da troca de informações entre professores e estudantes, que passam a adicionar a contextos já selecionados, criando uma relação de links correlatos que pode ampliar a rede de informações necessárias ao desenvolvimento de um projeto de estudo, como nos explicam Primo e Recuero. A tecnologia Co-link pode ser de particular interesse para projetos educacionais e científicos e para as comunidades virtuais. Nos ambientes educacionais, os co-links poderiam ser usados para apoiar processos cooperativos chamados “escrita com fragmentos” por Johnson-Eilola (1998). Essa metodologia poderia ajudar a estimular os alunos a pesquisar e registrar informações encontradas na Web – promovendo a atividade grupal e a escrita coletiva. (PRIMO & RECUERO, 2006 p.87) 30 A proposta acima foi testada, sob a coordenação dos autores, através da organização de grupos de estudo em Pelotas e Porto Alegre, que eram estudantes da Fabico/UFRGS (Faculdade de Biblioteconomia e Comunicação, Universidade Federal do Rio Grande do Sul), e na ECOS/UCPel (Faculdade de Comunicação, Universidade Católica de Pelotas), que, após estudos de textos direcionados, produziram a edição desses textos, com a criação de links de textos pesquisados na Web, criando uma lista multidirecional, e que serviu de referência para ampliar as informações. Além deste recurso de criação de hipertextos houve a interação entre os grupos através de listas de discussão, de blog coletivo e página Wiki. Os resultados ficaram aquém do esperado, porém constituem-se em experiência para aprimoramento e novas tentativas. As propostas desenvolvidas podem ser aplicadas à formação de professores, através da EaD, como novas formas de permitir que esse potencial de formação inicial ou continuada possa ser acessível a todos interessados, por oferecer opções de horário e local de estudo. Dentre as propostas desenvolvidas temos as que estão operacionalizadas abrangendo diversos estados do país, com grande número de estudantes, como nos relata Hopp (2009) a respeito do Sistema de Ensino Presencial Conectado (SEPC), desenvolvido pela Universidade do Norte do Paraná (UNOPAR). Essa experiência de EaD opera com o uso das seguintes mídias: videoconferência, ambientes virtuais de aprendizagem (AVA) e comunidades de aprendizagem, além de outros recursos como a tutoria eletrônica e a tutoria presencial. A partir do trabalho de Hopp (op. cit.) temos o relato de uso dessas mídias pela UNOPAR. A seguir, há uma breve descrição da forma como estão organizadas essas mídias para o funcionamento do SEPC. O uso da videoconferência prevê a existência de sala de geração e uma ou mais salas de recepção, onde a interação entre professor e aluno acontece como se todos estivessem reunidos, utilizando recursos de áudio e vídeo capazes de criar um ambiente muito próximo da sala presencial. O uso da videoconferência trouxe a possibilidade de substituição do modelo de Cursos baseados no Computador (CBC), para o modelo de Cursos baseados na Web (CBW), na qual a interação professor/aluno e aluno/aluno ficam potencializadas, além de permitir maior amplitude do ensino com o uso de hipertextos, hipermídias e multimídias. 31 Os ambientes virtuais de aprendizagem (AVA’s) consistem nos ambientes onde são oferecidos os cursos on-line, com a oferta de conteúdos e o gerenciamento do curso, proporcionando uma aprendizagem colaborativa. Sua estrutura baseia-se em computador servidor que abriga bases de dados e programas específicos para a construção de páginas de Internet que serão visualizadas nos computadores dos estudantes. O uso de AVAs foi disseminado a partir de propostas desenvolvidas no Canadá e nos Estados Unidos: WebCT, Blackboard e Moodle. As universidades brasileiras desenvolveram o AulaNet, Teleduc, UnB Virtual e Proinfo. A organização dos AVAs baseia-se em módulos que podem caracterizar-se como de controle, colaborativo, de aprendizagem ou de convivência. Neste último estão as funções de interação, como Chat, Fóruns, lista de discussão e correio eletrônico. No módulo colaborativo, estão os dados cadastrais, a oferta de materiais de estudo, as videoconferências e audioconferências. Neles desenvolvem-se as comunidades de aprendizagem (CA). As CAs possuem papel relevante no processo de aprendizagem por promover a interação dos estudantes com os colegas, levando a uma construção social do conhecimento e proporcionando “crescimento e renovação permanentes” (Hopp, 2009, p.xx.) pela diversidade de linguagens que podem vir a ser utilizadas, pelo alto teor dialógico, pela flexibilidade, pela parceria com os colegas e com o professor, desenvolvendo a capacidade de auto-aprendizagem e da autonomia. A CA pode atender a uma única disciplina ou curso ou atender contextos maiores, com a permanência de grupos maiores e mais heterogêneos na discussão de temas diversos. A constituição das CAs tem grande poder de socializar conhecimentos, permitindo maior aprendizagem, por isso torna-se importante instrumento de construção de conhecimento nos cursos on-line. A experiência da UNOPAR utiliza-se fortemente da tutoria semi-presencial a distância como elemento de ligação entre aluno/professor e aluno/conteúdo. Para o desenvolvimento desse trabalho, são utilizadas diversas mídias, como correio eletrônico, mensagens instantâneas, telefone, fax ou até correio postal, que por sua vez tem também a função de estimular os estudantes a participar de outras mídias utilizadas, como o chat e os fóruns. 32 O desenvolvimento da experiência de EaD da UNOPAR, relatado por Hopp (2009) que levou em consideração a unidade da instituição no município de Barreiras, no Estado da Bahia, que, apesar de centro econômico relevante possui carência de instituições de ensino superior, demonstra que, apesar das limitações, o uso de mídias é fator essencial no desenvolvimento dessa modalidade, promovendo a interação com o conteúdo e, de forma mais rápida, com professores e colegas. 4.2 Conclusão do Capítulo O uso de mídias demonstrou ser fator primordial para o desenvolvimento de atividades na Educação a distância, desde as mídias escritas e impressas, pelas quais se desenvolveram as primeiras experiências desse tipo de escolarização, passando pelas de áudio, de vídeo, para chegar às mídias interativas proporcionadas pelo computador e pela Web, proporcionando acesso às informações necessárias e desenvolvendo atividades de aprendizagem. A metodologia variou de acordo com o período histórico vigente, por influência dos teóricos da educação utilizados como referência pelos criadores dos cursos. Porém, fica evidente que a EaD foi recurso muito utilizado para o desenvolvimento de ações voltadas para a escolarização no mundo todo. A escolha das mídias, ou do uso de multimídias ou hipermídias, também dependeu dos recursos existentes em determinado período, sendo que a atualidade proporciona ampla possibilidade de usos midiáticos. A opção deve ser feita levando-se em consideração o modelo de curso, seus objetivos e propostas metodológicas. No entanto, o uso do computador e da Internet classificam-se como mídias não só importantes, mas como o direcionamento no futuro de propostas de ensino, principalmente as que se pautam por modelos cada vez mais interativos ou colaborativos. As experiências já realizadas apontaram para a necessidade de constante avaliação no uso das mídias propostas, como forma a superar as dificuldades existentes. Outro aspecto relevante no desenvolvimento de curso on-line é a disseminação de formas de inclusão digital e contatos com o mundo da Informática e da própria Web. A elaboração de propostas consistentes demonstrou que o processo de planejamento é essencial ao 33 desenvolvimento de atividades e usos midiáticos com maior poder de disseminação de conhecimentos. O desenvolvimento de propostas de cursos na modalidade EaD, principalmente os on-line, apesar das possíveis dificuldades de acesso aos computadores, à Internet, à programas ou a estruturas mais robustas das máquinas, apontam para uma socialização do conhecimento, principalmente em áreas mais distantes dos centros acadêmicos, com a inclusão de um número cada vez maior de estudantes. 34 5 CONCLUSÕES O desenvolvimento de atividades para o ensino de EAD requer a busca contínua de novas formas de comunicação com os estudantes, em especial o desenvolvimento de mídias que permitam a interação entre o ambiente e o referido estudante. Em especial neste século XXI, em que o ciberespaço e as hipermídias tornaram-se elementos importantes nesta comunicação, servindo de alavanca para a aprendizagem. A busca por ambientes de aprendizagem adequados, de forma dinâmica, significativa e possível de ser avaliada é um grande desafio. Por isso, é necessário buscar entender os ambientes midiáticos como formas de atender a essa aprendizagem que as novas tecnologias permitem. Ao utilizar-se da Web como recurso didático, é necessário que se organize uma estrutura que não apenas transponha conteúdos, mas que sejam desenvolvidos ambientes e estratégias que possam permitir aprendizagens significativas, levando os estudantes a manter a motivação e buscar a autonomia no estudo, porque não basta o uso da tecnologia, ela deve ser pensada, organizada e implementada de forma a propor a reflexão e discussão sobre os temas propostos. A experiência desenvolvida pela UNOPAR através de sistema de ensino presencial conectado que, como o nome sugere, utiliza-se do computador como ferramenta principal no desenvolvimento das atividades de aprendizagem, está longe da perfeição, porém constitui-se num exemplo de utilização de diversos recursos midiáticos, com comunicação síncrona e assíncrona: a primeira durante as tele-aulas através de chats durante a aula presencial, denominada de tele-aula e a segunda, através do conteúdo da AVA e de mensagens com a tutoria eletrônica. Para a apresentação dos conteúdos na AVA há o direcionamento para diferentes mídias, como videoconferência e comunidades de aprendizagem, além das tutorias. Para o desenvolvimento das atividades propostas, também se utilizam de outros recursos, como hipertexto, multimídias e hipermídias. As comunidades de aprendizagem constituem-se em 35 momentos importantes para a construção do conhecimento, pela troca de experiências e de entendimentos sobre o conteúdo estudado. Os fóruns também merecem destaque, pois possibilitam o contato com estudantes de outras regiões, permitindo trocas importantes sobre as realidades locais e nacional. Trata-se uma experiência que conheço pessoalmente e que demonstra as potencialidades de EaD através de e-learning. Porém, o aprimoramento desta organização vai passar pela utilização de outras mídias, que levem a experiências com o conhecimento, como o uso de avatares em MDV3D, onde se poderá vivenciar as situações propostas e encontrar caminhos para a resolução das situações-problema propostos. A leitura a respeito das experiências já desenvolvidas nos levou a procurar discutir, em especial, o uso das mídias neste universo de EaD, buscando fazer um percurso de sua evolução e seu uso, bem como, as novas possibilidades que estão surgindo e que podem beneficiar o desenvolvimento de práticas educativas mais humanizadoras deste espaço instrucional, proporcionando uma aprendizagem que promova a construção de novos conhecimentos e que permita o acesso a um número cada vez maior de estudantes. Porém, a proposta não se concretizou da forma esperada, devido aos fatores existentes ligados ao tempo e espaço vivenciados, pois a metodologia de pesquisa bibliográfica não supriu a expectativa de desenhar um perfil da trajetória do uso de mídias na EaD. Fica evidenciada a necessidade de aprofundamento do tema, com pesquisa de campo em instituições que se utilizam dessa modalidade, para o levantamento de dados a respeito do tema. Assim, poderá ser traçado o roteiro histórico de seu uso, potencialidades a serem desenvolvidas e indicações de tipos de mídias adequados ao propósito de cada curso. 36 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ADORNO JÚNIOR, U. F. A influência da mídia na Educação. Disponível em < http://www.administradores.com.br/informe-se/artigos/a-influencia-da-midia-naeducacao/36848/ > Acesso em 14 mar. 2011. ALMEIDA, M. E. B. Educação a distância na internet: abordagens e contribuições dos ambientes digitais de aprendizagem. Educação e Pesquisa. São Paulo, vol. 29, n. 2, jul 2003. Disponível em < http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S151797022003000200010&lang=pt> Acesso em 03 out. 2010. AMARAL, R.C.B.M. et al. A Gestão das Práticas Pedagógicas na EaD: Construção do Material Didático, Mídias Integradas e Conteúdos Educacionais como Elementos Centrais em Apoio ao Aluno . Disponível em http://www.abed.org.br/congresso2010/cd/252010185315.pdf> Acesso em 30 out 2010. BARRETO, R. G. 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