celiane aparecida caovilla

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UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO
INSTITUTO DE COMPUTAÇÃO
ESPECIALIZAÇÃO EM INFORMÁTICA NA EDUCAÇÃO
O USO DE FERRAMENTAS DE MULTIMIDIA EM CURSOS
DE EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA
CELIANE APARECIDA CAOVILLA
CUIABÁ – MT
2011
UNIVERSIDADE ABERTA DO BRASIL
UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO
INSTITUTO DE COMPUTAÇÃO
ESPECIALIZAÇÃO EM INFORMÁTICA NA EDUCAÇÃO
O USO DE FERRAMENTAS DE MULTIMIDIA EM CURSOS
DE EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA
CELIANE APARECIDA CAOVILLA
Orientador: Prof. DR. ELMO BATISTA DE FARIA
Monografia
apresentada
ao
Curso
de
Especialização em Informática na Educação –
Modalidade a Distância – do Instituto de
Computação da Universidade Federal de Mato
Grosso, em parceria com a Universidade Aberta
do Brasil, como requisito para conclusão do
Curso de Pós-graduação
Informática na Educação.
CUIABÁ – MT
2011
UNIVERSIDADE ABERTA DO BRASIL
Lato Sensu em
UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO
INSTITUTO DE COMPUTAÇÃO
ESPECIALIZAÇÃO EM INFORMÁTICA NA EDUCAÇÃO
CERTIFICADO DE APROVAÇÃO
TÍTULO: O USO DE FERRAMENTAS DE MULTIMIDIA EM CURSOS DE
EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA
AUTOR: CELIANE APARECIDA CAOVILLA
Aprovada em 09/07/2011
______________________________________
Prof. Dr. Elmo Batista de Faria
IC/UFMT
(Orientador)
______________________________________
Prof. Dr. Andreia Gentil Bonfante
IC/UFMT
______________________________________
Prof. MSc. José de Paula Neves Neto
IC/UFMT
DEDICATÓRIA
Dedico este trabalho a minha mãe Olga, pelo incentivo e apoio e a minha filha
Marianne por compreenderem a minha ausência, durante a realização deste
trabalho.
AGRADECIMENTOS
Agradeço primeiramente a Deus, pois sem Ele, nada seria possível.
Agradeço à Universidade Federal de Mato Grosso, por nos dar a oportunidade de
realizarmos este curso.
Agradeço a Equipe do Instituto de Computação que nos atenderam, auxiliaram e
colaboraram para nosso sucesso.
Agradeço aos professores que foram essenciais em nossa construção de conhecimentos
ao longo desta trajetória.
Em especial, agradeço ao meu Orientador Prof. Dr. Elmo Batista de Faria pelo auxílio e
orientação.
RESUMO
A Educação a Distância é, atualmente, uma modalidade em franco desenvolvimento,
seja em aspectos relativos ao número de alunos, seja o desenvolvimento de formas de
contato eficiente com os estudantes, bem como no uso de formas que levem ao contato
com o conhecimento e propicie a aprendizagem, como a escolha mais acertada da mídia
a ser utilizada. Para isso, realizou-se inicialmente uma discussão sobre as possibilidades
de aprendizagem através do uso de TIC’s na educação em geral. Em seguida, apresentase um histórico da EaD no Brasil, demonstrando que esta modalidade está em uso há
bastante tempo, porém, ganhou impulso com a edição da Lei nº 9.394/96, que passou a
defini-la como modalidade de educação e abriu espaços para a ampliação de sua oferta.
O foco central da discussão está no uso de mídias para a modalidade EaD, sobre a qual
fez-se um estudo bibliográfico, buscando as formas utilizadas e pesquisas desenvolvidas
para o aperfeiçoamento deste uso. No entanto, o material bibliográfico existente sobre o
assunto é bastante restrito, o que prejudicou o desenvolvimento do estudo. Por outro
lado, percebe-se a necessidade de ampliar a pesquisa a respeito desse assunto, abrindose um leque de possibilidades de pesquisa de campo.
Palavras chaves: Educação a Distância, mídias, Interação homem X computador
SUMÁRIO
DEDICATÓRIA....................................................................................................................................
3
AGRADECIMENTOS..........................................................................................................................
4
RESUMO...............................................................................................................................................
5
SUMÁRIO..............................................................................................................................................
6
LISTA DE SIGLAS E ABREVIATURAS..........................................................................................
7
1 INTRODUÇÃO..................................................................................................................................
8
2 EDUCAÇAO E O USO DE DIFERENTES MÍDIAS.....................................................................
10
2.1 A Informática Educativa e o ensino .........................................................................................
15
2.2 Considerações Finais ................................................................................................................ ..
18
3 HISTÓRICO DA EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA NO BRASIL......................................................
3.1 Considerações Finais ........................................................................................
19
22
4 O USO DE MÍDIAS NA EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA.................................................................
24
4.1 Aplicação prática em cursos EaD....................................................................
28
4.2 Considerações Finais ........................................................................................
32
CONCLUSÕES......................................................................................................................................
34
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS................................................................................................
36
7
LISTA DE SIGLAS E ABREVIATURAS
AVA – Ambiente virtual de aprendizagem
CA – Comunidade de Aprendizagem
CBC – Curso baseado no computador
CBW – Curso baseado na Web
EaD – Educação a Distância
IHC – Interação homemXcomputador
PA – Programa de Aprendizagem
SEPC – Sistema de Ensino Presencial Conectado
TIC – Tecnologia da Informação e Comunicação
TDVE’s - Tecnologias Digitais Virtuais Emergentes
UNISINOS - Universidade do Vale do Rio dos Sinos
UNOPAR – Universidade do Norte do Paraná
8
1
INTRODUÇÃO
As potencialidades e os limites do uso do computador no ensino, no processo de
construção do conhecimento escolar, articulado com as novas tecnologias ainda são um
tema novo, especialmente para os professores que tiveram sua formação em tempos em
que o uso de tecnologias era restrito, tornando-se assim algo novo e desafiador.
O uso das novas tecnologias na educação, no caso do computador
especificamente, exige do docente o domínio das funções básicas da informática, no
propósito de organização das aulas, utilizando-se dos recursos da informática.
Quando se tem em mente a utilização da Educação a Distância (EaD) na
formação profissional, levam-se em conta os avanços tecnológicos aliados a
necessidade de atendimento de estudantes dispersos geograficamente que anseiam a
possibilidade de acesso à formação. Nessa perspectiva, discute-se a utilização de
Tecnologias da Informação e Comunicação (TIC’s) como forma de tornar acessível e
compreensível a proposta de levar a Educação a pessoas que, por razões diversas, optem
por essa forma de acesso à formação.
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No desenvolvimento dos trabalhos, tivemos como objetivo geral:
Compreender as possibilidades existentes no ensino com o auxílio do computador e
seus recursos, utilizados como ferramenta pedagógica.
Os objetivos específicos deste trabalho são:
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Descrever a evolução do uso das diferentes mídias no ensino EaD.
Identificar multimídias que podem ser utilizadas nas atividades de ensinoaprendizagem através da modalidade EaD.
Levantar possibilidades de novas mídias para o ensino EaD.
Com a inserção das novas tecnologias no ensino, a organização curricular necessita
ser um flexível no que diz respeito, principalmente, ao planejamento das aulas, pois o
9
foco da aprendizagem é a busca da informação significativa e não apenas da
transmissão de conteúdos durante o processo de ensino e aprendizagem.
Nessa perspectiva, o professor torna-se um pesquisador e mediador de
aprendizagens, juntamente com os alunos. Seu papel é muito mais reflexivo, porém
menos repetitivo do que no ensino tradicional, incorporando mudanças nas posturas
teórico e metodológicas.
Em sua formação, muitos professores têm tido contato direto com computador, com
a Internet, através dos processos de formação baseados na Educação a Distância. Por
isso, é necessário que, além de sua aprendizagem em informática, para poder
desenvolver suas atividades de estudo, devam ser utilizados meios que permitam
superar a ausência do contato entre professor e estudante.
Para atingir os objetivos, o trabalho foi desenvolvido a partir de pesquisa
bibliográfica sobre o tema, através de método indutivo. A pesquisa procurou textos com
base nos seguintes temas: história da Educação a Distância (EaD), desenvolvimentos de
tecnologias em multimídia para a referida modalidade e avanços na utilização de
multimídias, através de busca avançada baseada em textos mais recentes.
10
2
EDUCAÇÃO E O USO DE
DIFERENTES MÍDIAS.
A atuação da escola foi e continua sendo voltada para a aprendizagem dos
estudantes. Essa aprendizagem é marcada pela forma como os professores encaminham
as atividades, podendo ser maior ou menor de acordo com o desenvolvimento de um
plano de trabalho pedagógico mais tradicional ou mais interacionista. Porém, temos a
aprendizagem como uma mudança interna promovida pelas atividades conforme a
citação abaixo:
“A aprendizagem está interligada à formação de conceitos, envolvendo
articulações, rupturas e superação dos obstáculos para a elaboração do
conhecimento, quer seja no plano individual e social. Uma experiência
cognitiva sempre incorpora um elemento novo em relação a conhecimentos
anteriores. A criatividade e as outras habilidades envolvidas formam uma via
de acesso para a aprendizagem significativa, compatível com a era da
informática” (PAIS, 2002 apud BORGES, 2009, P.8)
A partir da idéia que se tem sobre a aprendizagem, podemos começar a pensar a
educação a partir de suas práticas, em especial, as práticas que envolvem o uso de
diferentes tipos de mídias. Atualmente a idéia de mídia está associada aos avanços
tecnológicos, porém, ela pode ser entendida como formas utilizadas para transmitir uma
informação, como o quadro de giz, os livros que foram utilizados em salas de aulas, o
mimeógrafo e assim por diante.
O uso de formas diferentes de mídia pode influenciar a aprendizagem? Essa
questão foi discutida por Kozma (1991) que propõe o uso de mídias como forma de
propiciar maior ou diferente grau de aprendizagem, sendo forma de atuar como
complemento às operações mentais do estudante, colaborando em sua aprendizagem ou
permitindo a visualização de operações que o estudante não pode realizar. Para que essa
aprendizagem se concretize, ainda segundo o autor, há uma relação entre o tipo de
mídia, com seu respectivo conjunto de sistemas de símbolos e o tipo de aprendizagem,
havendo a necessidade de estabelecer que tipo de mídia é mais propícia a determinada
11
aprendizagem. Nessa pesquisa, foi constatado que os estudantes tiveram maior
aproveitamento quando assistiram a programas de televisão do que ao fazer a leitura de
textos escritos, pois o uso de vários sentidos aguçou a percepção do sentido proposto.
Mais recentemente, Adorno Junior (2009) retomou a discussão sobre o uso da
televisão como mídia como recurso de ensino, que ela pode proporcionar um aumento
na capacidade de abstração dos estudantes, na medida em que propicia maior contanto
com o conhecimento, através da demonstração de processos, da aproximação com a
realidade, visualizando e assim contribuindo para a concretização de conteúdos de
aprendizagem. Dessa forma ela se constitui em forma de estímulo da audição e visão
como fontes para observação e comparação que levem os alunos a considerar novas
possibilidades de aprendizagem.
Para Adorno Junior (op. cit.) as mídias em geral e a televisão em especial devem
ser utilizados com critério, com objetivos definidos e analisando a eficácia em relação
ao conteúdo ensinado. Não basta sua utilização. É necessário planejamento para que
seja promovida a inclusão social destes estudantes e, assim, seja promovida a cidadania,
pela capacidade de análise de informações, explorando, refletindo e analisando
criticamente os fatos.
Porém, como propõe Kenski (1997), a evolução tecnológica que ocorreu desde
que Kozma realizou seu estudo foi intenso, gerando novas formas de relacionamento
entre os seres humanos e essas tecnologias.
A tecnologia moderna reestrutura ainda mais profundamente a consciência e
a memória, impondo uma nova ordem nas formas tradicionais de
compreender e de agir sobre o mundo. De um lado, essas tecnologias fixam
lembranças de fatos concretamente vividos; por outro, elas derrubam as
barreiras entre os acontecimentos reais e a ficção. (KENSKI, 1997 p. 59)
Um dos aspectos de evolução tecnológica foi o desenvolvimento da Informática
Educativa, ou seja, aquela que se apropria de elementos da informática convencional
para desenvolver atividades voltadas para o processo ensino-aprendizagem, como nos
propôs Pais (op. cit.). Para isso voltamo-nos para o equipamento essencial ao
desenvolvimento de atividades informatizadas, sobre o qual se pode dizer
[...] computador não é mais o instrumento que ensina o aprendiz, mas a
ferramenta com a qual o aluno desenvolve algo, e, portanto, o aprendizado
ocorre pelo fato de estar executando uma tarefa por intermédio do
computador. Estas tarefas podem ser a elaboração de textos, usando os
processadores de texto; pesquisa de banco de dados já existentes ou criação
de um novo banco de dados; resolução de problemas de diversos domínios do
conhecimento e representação desta resolução segundo uma linguagem de
12
programação; controle de processos em tempo real, como objetos que se
movem no espaço ou experimentos de um laboratório de física ou química;
produção de música; comunicação e uso de rede de computadores; e controle
administrativo da classe e dos alunos. (VALENTE, 1998)
Apesar de ser o computador peça básica no processo de utilização de
informática educativa, devemos ter presente que
Quando usamos o termo tecnologia educacional, os educadores consideram
como paradigma do futuro, mas a tecnologia educacional está relacionada aos
antigos instrumentos utilizados no processo ensino-aprendizagem. O giz, a
lousa, o retroprojetor, o vídeo, a televisão, o jornal impresso, o aparelho de
som, o DVD, o rádio, o livro e o computador são todos elementos
instrumentais componentes da tecnologia educacional. (NUNES; RIBAS;
FARIAS, 2010, p.20)
Para que haja um encaminhamento a respeito da Informática Educativa,
adotaremos a expressão adotada por Valente (1993, p. 26):
A Informática Educacional é o processo que coloca o computador e sua
tecnologia a serviço da educação. Portanto, todos os aspectos e as variáveis
neste processo deverão estar subordinados à consideração de que a essência
da IE é de natureza pedagógica, buscando assim melhorias dos processos de
ensino-aprendizagem de forma a levar o aluno a aprender, e o professor a
orientar e auxiliar esta aprendizagem, tornando-o apto a discernir sobre a
realidade e nela atuar.
A questão que envolve o computador é que ele “engloba várias mídias e
promove as relações interativas disponibilizando-as simultaneamente” (Nunes; Ribas;
Farias, 2010, p.21), por isso torna-se uma ferramenta mediadora do processo ensinoaprendizagem que pode proporcionar mudanças qualitativas na educação, desde que os
educadores compreendam, vivenciem, aceitem, flexibilizem as inúmeras possibilidades
da ferramenta, adaptando-a de forma a contribuir com a educação.
A evolução das tecnologias educacionais nos leva a crer que a mudança de
postura diante das inovações tecnológicas foi absorvida com maior ou menor rapidez
pelos professores, apesar das resistências que possam ter acontecido diante de inovações
que exigiram maior grau de adaptabilidade dos profissionais. Outra mudança está na
relação com o espaço escolar havendo redimensionamento da idéia de escola,
O espaço e tempo de ensinar eram determinados. “Ir à escola” representava
um movimento, um deslocamento até a instituição designada para a tarefa de
ensinar e aprender. O “tempo da escola”, também determinado, era
considerado o tempo diário que, tradicionalmente, o homem dedicava à sua
aprendizagem sistematizada. Correspondia, também, à época, na sua história
de vida, que o homem dedicava à formação escolar.
As velozes transformações tecnológicas da atualidade impõem novos ritmos
e dimensões à tarefa de ensinar e aprender. É preciso que se esteja em
permanente estado de aprendizagem e de adaptação ao novo. Não existe
mais a possibilidade de considerar-se alguém totalmente formado,
independentemente do grau de escolarização alcançado. Além disso,
13
múltiplas são as agências que apresentam informações e conhecimentos a que
se pode ter acesso, sem a obrigatoriedade de deslocamentos físicos até as
instituições tradicionais de ensino para aprender. Escolas virtuais oferecem
vários tipos de ensinamentos on-line, além das inúmeras possibilidades de se
estar informado, a partir das interações com todos os tipos de tecnologias
mediáticas. (KENSKI, 1997 p. 59 e 60)
A idéia do uso do computador como ferramenta educacional nos remete ao
uso de ambiente virtual para o desenvolvimento de atividades pedagógicas, tornando-se
um recurso diferente do usual
Na sala de aula virtual, o ambiente é diferente do presencial, pois não existem
fisicamente as quatro paredes, o quadro, a disposição das cadeiras,
geralmente todos voltados para o professor. Também mudam as noções de
espaço geográfico de tempo, pois o acesso pode ser feito de qualquer lugar do
planeta pela internet, e o tempo é expandido a uma ou mais semanas ou dias,
diferentemente da hora regular da sala de aula tradicional, que requer um
determinado horário específico. (NUNES; RIBAS; FARIAS, 2010, p.86)
Sendo a EaD uma modalidade em que o contato entre professor e estudante é
indireto, o aluno deve estar preparado para a situação de auto-aprendizagem, gerindo
sua evolução. Por outro lado, o uso de métodos, técnicas e recursos deve procurar
facilitar essa auto-aprendizagem, havendo a necessidade de busca de melhores
condições
de
desenvolvimento
dessas
habilidades
de
autogerenciamento
da
aprendizagem. Assim, para que haja a interatividade necessária, há que se terem certos
cuidados, como os observados por Rodrigues e seus companheiros na elaboração de
módulos para cursos virtuais
O material didático para EAD deve possuir algumas características que foram
observadas na produção do módulo: ser dialógico mantendo uma
contextualização do conteúdo; estimular a ação dos sujeitos e a construção de
seus próprios significados; valorizar o conhecimento prévio dos alunos;
incentivar a exploração; investigação; auto-estudo; buscar a autonomia do
sujeito; assegurar espaços de interação entre os participantes do curso, que
possibilitem uma construção cooperativa, através de fóruns de discussão e
sessões de bate-papo. (RODRIGUES et.al.)
Para o desenvolvimento do programa de estudos, há a necessidade de organizar o
roteiro a ser seguido de acordo com os objetivos educacionais a serem alcançados,
sendo flexível e adaptável, especialmente em EaD.
As atividades de aprendizagem tornam-se mais atreladas à leitura do que a
oralidade. Com isso, a organização dos textos básicos e complementares aos
cursos deve considerar a situação de ausência do professor. A aplicação dos
mesmos textos usados em sala de aula pode se tornar inadequada. Neste
particular, a elaboração de material instrucional desenvolvido especialmente
para essa modalidade torna-se bastante oportuna. (RODRIGUES et.al.)
14
Levando-se em conta que o material visa o estudo individual, com base na leitura
e no uso de outras formas de apreensão da informação, há a necessidade de tomar-se
cuidado de respeitar as diversas formas pela qual os estudantes promovem sua
aprendizagem, possibilitando que o estudante tenha claro o ponto de partida, o percurso
e o objetivo a ser alcançado, como produto final desse processo, como continua nos
explicitando Rodrigues
Esse material deve incorporar os diferentes estilos de aprendizagem,
explicitar com clareza os objetivos de aprendizagem e estar amparado em
uma estratégia de ensino-aprendizagem. É necessária a adoção de posturas
voltadas à cooperação. Os recursos tecnológicos de apoio ao ensino por si só
não promovem mudanças, mas a forma como são utilizados é que pode
provocá-las. Internet possibilita a aprendizagem pela colaboração, os alunos
dos cursos estarão imersos num novo ambiente mediado por uma tecnologia
que possibilita o estabelecimento de interações em tempo real desenvolvendo
várias conexões internas e externas. (RODRIGUES et.al.)
Assim, a prática docente deve ser pensada a partir da necessidade do
redimensionamento das atividades utilizadas normalmente em aulas presenciais,
usando-se de estratégias diferenciadas para promover a relação ensino-aprendizagem.
As atividades deverão proporcionar momentos de reflexão e problematização, com
produção subseqüente, que gere a aprendizagem pretendida.
A modalidade Educação a Distância (EaD) utiliza-se de ambientes virtuais para a
organização das atividades de seus cursistas. Além destes ambientes, pode-se utilizar de
outros recursos, como ocorrida antes do advento da informática, quando se utilizava do
rádio, de correspondências, de vídeos ou de programas de televisão. Porém, o uso da
Internet tornou mais fácil o contato entre o estudante e seus orientadores, que sendo
professores, tutores ou outro tipo de contato, tentam facilitar a aprendizagem, não só
pelo contato com um, mas pela possibilidade de encontro com muitos, como no caso do
uso do “chat” ou da videoconferência.
O uso, nestes cursos, de sistemas multimídias ainda tem a avançar. Neste
sentido, a definição de multimídia nos é dada por Souza (2010, p.12): “Para Paula Filho
(2000), multimídia são todos os programas e sistemas em que a comunicação entre
homens e computador se dá através de múltiplos meios de representação de informação,
como texto, som, imagem estática e/ou animada.”
A multimídia é uma forma interessante de atrair a atenção dos estudantes
para um estudo mais construtivo, na medida em que desafia o raciocínio por apresentar
o conteúdo a ser estudado de formas diferentes das tradicionais leituras, com idéias
15
demonstradas graficamente em desenhos, imagens ou de forma não estática com
imagens ou sons. Assim, há a possibilidade do estudante fazer análises variadas sobre o
tema estudado, com estruturação de seu conhecimento de forma mais consistente.
2.1 A Informática Educativa e o ensino
Percebendo o ensino como algo dinâmico, ativo, a Informática Educacional
surge como uma ferramenta importante, facilitando a busca de novas abordagens,
metodologias, proporcionando um ambiente de pesquisa, comunicação e produção de
saber.
Por outro lado, a simples modernização das técnicas não garante melhorias
significativas no processo educativo, devendo-se observar a concepção de ensino e
aprendizagem que matiza o trabalho do docente.
Sobre a dicotomia entre a escola e o mundo cotidiano, repleto de
informações, temos que considerar o descompasso entre o ensino existente e a riqueza
de recursos encontrados fora da escola.
A escola é agora apenas mais uma entre as muitas agências especializadas na
produção e na disseminação da cultura. Em concorrência com as diferentes
mídias, a escola tende a perder terreno e prestígio no processo mais geral de
transmissão da cultura e particularmente no processo de socialização das
novas gerações, que é sua função específica. Num mundo cada vez mais
"aberto" e povoado de máquinas que lidam com o saber e com o imaginário,
a escola apega-se ainda aos espaços e tempos "fechados" do prédio, da sala
de aula, do livro didático, dos conteúdos curriculares extensivos, defendendose da inovação. (BELLONI, 1998, p.4)
Como concorrer com as imensas possibilidades encontradas fora da escola?
Para responder a essa questão, a escola tem de analisar que elementos
cotidianos estão sendo trazidos para dentro dela, como forma de estimular o estudante a
desenvolver suas habilidades cognitivas e não apenas cumprir com um ritual de
apresentar conhecimentos retidos em sua memória recente pela memorização, que pode
perder-se em curto espaço de tempo. Então, não haverá a necessidade de procurar trazer
para dentro desse espaço a cultura informatizada.
A escola ainda não conseguiu integrar esses bens culturais produzidos pelas
mídias, e que são consumidos pela maioria das crianças, consumo este
desigualmente distribuído entre grupos sociais. A escola de qualidade terá
que integrar as novas tecnologias de comunicação de modo eficiente e crítico,
sem perder de vista os ideais humanistas da modernidade (isto é, evitando
aquele velho mecanismo que consiste em jogar fora a criança com a água do
banho), mostrando-se capaz de colocar as tecnologias a serviço do sujeito da
16
educação - o cidadão livre -, e não a educação a serviço das exigências
técnicas do mercado de trabalho. (BELLONI, 1998, p.8)
Para que tenhamos essa ruptura entre a cultura escolar mnemônica e a utilização
de novas formas de desenvolver o processo ensino-aprendizagem, é necessário que nos
preocupemos com a formação dos professores, por serem aqueles que podem optar pela
mudança de postura pedagógica, utilizando-se de ferramentas mais próximas do
cotidiano vivido pelos estudantes.
Assim, é também importante, pensar a formação de professores e, no caso de
nossa discussão, pensar a formação a distância desses futuros profissionais.
A acelerada transformação dos processos produtivos faz com que a educação
deixe de ser anterior ao trabalho para ser concomitante deste. A formação e
o desempenho tendem a fundir-se num só processo produtivo, sendo disso
sintomas as exigências da educação permanente, da reciclagem, da
reconversão profissional, bem como o aumento da percentagem de adultos e
de trabalhadores-estudantes entre a população estudantil. (BOAVENTURA,
1995 apud BLIKSTEIN & ZUFFO, 2001, p.9)
Preparando-os de forma coerente com o tipo de curso que estão utilizando como
na sua preparação profissional. Para isso, não há que descuidar-se nem do material, nem
da formação pedagógica, pois esses profissionais deverão desempenhar suas atividades
nas mesmas condições que os professores que receberam formação presencial.
Situações como esta nos obrigam a pensar em processos pedagógicos muito
mais complexos do que o realizado no presencial, pois devem compatibilizar
entrega da informação, diferentes profissionais (professores autores,
professores orientadores, professores assistentes e tutores), tempos
homogêneos e flexíveis, comunicação em tempo real e em diferentes
momentos, avaliações presenciais e a distância... uma logística nova, que está
sendo construída e avaliada com mídias telemáticas pela primeira vez.
(MORIN, 2003, p.2)
Outra preocupação que se impõe ao discutir-se a EaD é a qualidade
pedagógica, impressa em sua concepção, pois como nos lembra Almeida (2003), é
possível a manutenção de formas tradicionais mecanicistas, como permite a exploração
da interatividade, com base na interação e na produção de conhecimento, por outro lado,
Valente (2003) afirma que a maioria destes cursos utiliza-se de abordagens
mecanicistas, utilizando-se apenas de novos meios de comunicação.
Atualmente, as instituições de ensino superior com programas de graduação
em EaD têm apostado na utilização do computador e da Internet como formas de
contato com os estudantes que optam por esse tipo de curso. Os ambientes virtuais são,
17
então, formas de veiculação dos programas de estudo, de contato com professores ou
outros profissionais envolvidos no processo...
Ambientes digitais de aprendizagem são sistemas computacionais disponíveis
na internet, destinados ao suporte de atividades mediadas pelas tecnologias de
informação e comunicação. Permitem integrar múltiplas mídias, linguagens e
recursos, apresentar informações de maneira organizada, desenvolver
interações entre pessoas e objetos de conhecimento, elaborar e socializar
produções tendo em vista atingir determinados objetivos. As atividades se
desenvolvem no tempo, ritmo de trabalho e espaço em que cada participante
se localiza, de acordo com uma intencionalidade explícita e um planejamento
prévio denominado design educacional.(ALMEIDA, 2003, p.6)
O design educacional pressupõe um processo de organização de atividades e
sequência das aulas, necessitando do professor que as prepara e os especialistas em
organização dessas informações na linguagem utilizada para a web, com organização de
textos, imagens, para, então, promover sua intersecção com outros textos e imagens
através do recurso de hipertexto. Essa organização deve tentar organizar uma prática
pedagógica que seja produtiva ao ser usada na modalidade EaD. Esse é então o grande
desafio desta organização para esta modalidade: tornar produtiva uma prática
pedagógica interativa, através do uso dos recursos tecnológicos disponíveis e da ação
dos professores, formando profissionais capazes de agir colaborativamente e
reflexivamente, na resolução das questões inerentes às atividades profissionais
escolhidas por eles.
Um dos aspectos mais relevantes para a discussão na formação de professores e de
outros cursos também, está na organização das formas de contato entre os professores e
os estudantes, no planejamento de atividades e na organização de materiais mediáticos
ou de hipermídias, para permitir a interação entre o estudante e o tema abordado. Aos
professores ou profissionais que desenvolvem os materiais e mídias a serem utilizados,
é necessário que haja a compreensão da ação de ensinar nesse meio.
Ensinar em ambientes digitais e interativos de aprendizagem significa:
organizar situações de aprendizagem, planejar e propor atividades;
disponibilizar materiais de apoio com o uso de múltiplas mídias e linguagens;
ter um professor que atue como mediador e orientador do aluno, procurando
identificar suas representações de pensamento; fornecer informações
relevantes, incentivar a busca de distintas fontes de informações e a
realização de experimentações; provocar a reflexão sobre processos e
produtos; favorecer a formalização de conceitos; propiciar a
interaprendizagem e a aprendizagem significativa do aluno. (VALENTE,
2003, p. 6)
18
Cabe então uma discussão sobre as mídias utilizadas neste tipo de curso,
buscando-se estabelecer formas produtivas de interação e, conseqüente, construção de
conhecimentos pelos estudantes.
2.2 Conclusão do Capítulo
A educação sempre buscou incorporar elementos midiáticos em sua tarefa de
promover a aprendizagem. Iniciou-se pelo uso de imagens ou de textos colocados em
quadros de giz ou o que havia de disponível para demonstrar a idéias, seguindo-se de
impressos, principalmente difundidos a partir da massificação da impressão, com o livro
tornando-se recurso básico para o desenvolvimento de atividades. Além do quadro de
giz e dos livros, há o uso de outros recursos como mimeógrafos, flanelógrafos e outros,
utilizados como forma de demonstrar idéias, mecanismos e outros.
O avanço tecnológico trouxe, inicialmente, o rádio, que passou a ser de grande
utilidade, em especial no desenvolvimento de cursos a distância. A televisão foi um
marco no desenvolvimento das mídias, pois passou a incorporar ao texto escrito e lido a
imagem, em movimento, que demonstrou mais claramente como se dá o desenrolar de
uma determinada situação ou processo. Em decorrência da televisão, passamos a ter
outros recursos como os filmes em fitas, posteriormente em DVD’s e, atualmente, em
Blue-rays e no uso de dispositivos móveis, acopladas aos computadores ou TV’s
pendrives.
O uso de computadores trouxe outro impulso ao uso de elementos midiáticos na
educação, especialmente com a possibilidade de interação que ele proporciona, além da
possibilidade de acesso a informações que estavam distantes das escolas, através da
Web.
Porém, o grande problema está no uso destes recursos de forma eficaz no processo
de ensino-aprendizagem, pois o uso de TIC’s deve servir para promover a capacidade
de observação, comparação, análise dos estudantes e não apenas servir para facilitar a
memorização de fatos ou processos, havendo a necessidade de prepararem-se os
profissionais da educação para o desenvolvimento de atividades capazes de propiciar a
inserção da escola na produção de conhecimentos, servindo de base para que a
profissionalização dos estudantes promova maior desenvolvimento técnico-científico,
de qualidade de vida e de satisfação pessoal.
19
3
HISTÓRICO DA EDUCAÇÃO A
DISTÂNCIA NO BRASIL
A história da EaD é muito antiga, remetendo ao período antigo, através dos
ensinamentos das Cartas de Platão e as Epístolas de São Paulo (Martins, 2002).
Posteriormente, o ensino utilizou-se de correspondências, nos séculos XVIII e XIX,
utilizados logo após a criação dos selos de correios, sendo a Inglaterra a primeira a
utilizar-se desta forma de educação. No início do século XX, os Estados Unidos
passaram a oferecer cursos superiores pelo Correio. Três quartos dos engenheiros russos
foram formados por essa metodologia na década de 1930.
Durante a Segunda Guerra Mundial, foi utilizado o Código Morse como forma de
treinamento para recrutas norte-americanos.
Com o surgimento do rádio, vários países passaram a utilizar-se dele como meio
de educação, com eficácia e baixo custo. Tivemos o início de duas experiências no
Brasil, com o rádio como meio de comunicação: em 1939 foi fundado o Instituto RádioMonitor e, em 1941, o Instituto Universal Brasileiro. Ambas experiências tiveram
relativo sucesso naquele período, fazendo do rádio um forte aliado do ensino a distância
para o meio rural.
A partir dos anos de 1960, iniciou-se a integração de material impresso e meios de
comunicação audiovisuais, no caso antenas ou cassetes, principalmente na educação
secundária e superior, que se iniciaram na Europa e disseminaram-se por diversos
países, como nos propõe Niskier (1999, apud Martins 2002)
Pode-se destacar: Radio ECCA, nas Ilhas Canárias; Schools of the Air, na
Austrália; Telesecundária, no México; National Extension College, no Reino
Unido; Hermods-NKI Skolen, na Suécia; FernUniversitat, na Alemanha;
Universidade Nacional de Educação a Distância, na Espanha; a Universidade
de Athabasca, no Canadá; a Universidade para Todos os Homens e 28
universidades locais por televisão na China Popular, entre muitas outras
(NISKIER, 1999).
20
O veiculo rádio passou a ser mais efetivamente utilizado no Brasil a partir de
1970, com a criação do Projeto Minerva, pelo Ministério da Educação e Cultura, que
compreendia uma mescla de programação oficial educativa e cultural, seguindo uma
tendência mundial. Esta experiência fazia parte de uma onda de experiências em países
não desenvolvidos de disseminação de EaD, baseadas principalmente em meios de
comunicação de massa, como televisões escolares. Essas experiências buscavam
universalizar o ensino básico, promover a educação popular de adultos, bem como sua
alfabetização, além da educação comunitária, para a saúde ou de formação profissional
(Martins 2002).
Os resultados não foram animadores com redundantes fracassos das televisões
escolares. Isso levou a busca de novos métodos de ensino através da incorporação de
avanços da tecnologia de comunicação.
Com a televisão iniciaram-se novas formas de comunicação, sendo que o Brasil e
o México são líderes mundiais com os programas Telecurso e a Telesecundaria.
Apesar das experiências anteriores, foi somente com a Lei de Diretrizes e Bases
da Educação Nacional (Lei nº 9394/96), que a EaD foi instituída como modalidade,
oficialmente.
Com o advento da Internet, a EaD vira e-learning, oferecendo em tempo real a
possibilidade de troca de informações a respeito do conteúdo discutido. Apesar disso, há
bons programas de EaD que se utilizam de livros, continuam usando os Correios, a TV
e agora a Internet, cabendo ao usuário a escolha do modelo que melhor atende suas
características socioeconômicas e de localização no território nacional.
Nos anos 90, a EaD tem como característica principal o desenvolvimento e
disseminação de novas tecnologias de comunicação e informação (TIC’s), o que
interativa e informatizada, utilizando redes telemáticas com todas as suas promoveu
mudanças radicais na relação ensinar-aprender, pois iniciou-se uma relação
potencialidades (bancos de dados, correio eletrônico, listas de discussão, fóruns de
debates, chats, sites, etc.); CD-ROMs didáticos, de divulgação científica, cultura geral,
entre outros). Em seguida, surgem as salas de videoconferência e, principalmente, o uso
da Internet (Martins 2002). Para a disseminação do uso de TIC’s, o Ministério da
Educação, lançou o programa TV Escola, com o objetivo de disseminar práticas de uso
de mídias nas escolas, com programas de capacitação de professores no uso da televisão
21
e do vídeo e com variados tipos de programas que podem ser utilizados em sala de aula
(Adorno Junior, 2009).
Inicialmente a instituição de cursos regulares conforme o disposto na referida lei
ocorreu apenas por instituições públicas a partir do ano de 2000. O setor privado passou
a ocupar espaços a partir de 2002. Os cursos criados foram, de acordo com a legislação,
voltados para o atendimento da Educação de Jovens e Adultos e de programas de
graduação e pós-graduação, tendo como foco a formação de professores.
Esses cursos utilizaram-se da aplicação das novas tecnologias na EaD,
especialmente as ligadas à Internet. Essa mudança foi fundamental para a criação de
novas relações de ensino-aprendizagem nessa modalidade
A aplicação de novas tecnologias na EAD, especialmente aquelas ligadas à
Internet, vem modificando o panorama dentro deste campo de tal modo que
seguramente podemos falar de uma EAD antes e depois da Internet. Antes da
Internet tínhamos a EAD que utilizava apenas tecnologias de comunicação de
um-para-muitos (rádio, TV) ou um-para-um (ensino por correspondência).
Via Internet temos as três possibilidades de comunicação reunidas numa só
mídia: um-para-muitos, um-para-um e, sobretudo, muitos-para-muitos. É essa
possibilidade de interação ampla que confere à EAD via Internet um outro
status e vem levando a sociedade a olhar para ela de uma maneira diferente
daquela com que outras formas de EAD (NISKIER, 1999 apud Martins
2002).
No âmbito da esfera pública, foi criada inicialmente a Subsecretaria de EaD,
ligada à Secretaria de Comunicação da Presidência da República, em 1995.
Posteriormente, foi incorporada pela Secretaria da Educação a Distância do MEC, em
1996. Seus objetivos eram voltados para o atendimento da orientação do Ministério da
Educação de ampliar a oferta da Educação Básica:
a) produzir tecnologias avançadas no interior das escolas públicas de educação básica,
através do Programa de Apoio Tecnológico à Escola e do Programa Nacional de
Informática na Educação – PROINFO, lançados em 1995 e 1996;
b) estabelecer estrutura que pudesse dar suporte e formação a distância aos professores
que atuavam de forma presencial nas escolas do país, através de programas como o TV
Escola, implantado em 1995 (Giolo,2008).
A LDB sugeria que a EaD se desenvolvesse a partir de instituições públicas.
Segundo Giolo (2008), essa ação deveria buscar a instituição de universidades para o
criar um forte impacto na educação do país, como já aconteceu em outros países,
abrindo às massas populares o acesso à educação superior, que era impensável sem essa
estratégia.
22
A entrada da iniciativa privada na concorrência com a oferta de cursos de
graduação deu-se a partir da diminuição da procura pela modalidade presencial
motivada pelo alto custo dessa educação, tornando-se concorrente da educação
presencial, por poder praticar preços inferiores e oferecer outras facilidades como de
organização do tempo, espaço e métodos de aprendizagem (Giolo, 2008). Essa
possibilidade ocorreu com o Decreto nº 4.494/98, que abriu explicitamente a
possibilidade de abertura de cursos pela iniciativa privada.
A iniciativa privada passou a dominar o mercado de cursos a distância, tendo
crescimento expressivo, tanto de instituições, quanto de cursos e matrículas (Giolo,
2008)
A partir de 2003, com a instalação de um novo governo, houve o direcionamento
para o que era o espírito da LDB, com o início da organização de uma universidade, nos
moldes tradicionais de outros países, com a implantação da Universidade Aberta do
Brasil (UAB).
Porém, essa medida ainda não inverteu a situação de grande número de matrículas
em cursos em EaD de instituições privadas em detrimento das instituições públicas.
Nessa modalidade, além da questão da temporalidade que passa ser reorganizada
de acordo com as necessidades do estudante, há o diferencial de propor um ensino que
deve estar mais ligado ao cotidiano e as exigências do mundo do trabalho.
Na modalidade de Educação a Distância os conceitos de tempo e espaço são
alterados e são reconhecidos como variáveis não pré-fixadas. O conceito de
simultaneidade das variáveis presentes no ensino presencial é alterado,
oferecendo uma nova possibilidade para a adequação do processo
educacional às necessidades do mercado, adequando o tripé educando/
escola/educador para educando/sociedade/tecnologia. (MARCHETI et. al. ,
2005, p.4)
A educação a distância passou por avanços, entre eles a disseminação de cursos
com diferentes tipos de atendimento. Entre eles, o que tem tido grande disseminação são
os cursos que se utilizam de meios eletrônicos, principalmente a Internet como forma de
divulgação de conteúdos, de contato com professores, de realização de processos
avaliativos. Esse avanço tem exigido estudos e avanços na forma de comunicação e
efetividade do processo pedagógico, tendo alcançado índices elevados de matrículas,
exigindo o desenvolvimento cada vez mais intenso de formas de contato com os
estudantes.
3.1 Conclusão do Capítulo
23
Não havendo precisão na data de surgimento da EaD, temos presente que ela teve
papel importante em diversos momentos da História da Educação, pois sempre que
houve alguém disposto a aprender algo com seu professor/orientador que estava distante
no espaço ou no tempo, fez-se EaD. Esse processo foi facilitado pela possibilidade de
uso de recursos midiáticos que promoveram maior interação entre os ensinantes e
aprendentes. Com isso, a disseminação dessa modalidade foi aprofundando-se
alcançando cada vez um número maior de interessados, que poderiam estar a distâncias
cada vez maiores.
Em nosso país, apesar das experiências anteriores, da grande territorialidade e do
grande número de pessoas dispostas a estudar, sem possibilidade de acesso, somente a
partir da Lei de Diretrizes e Bases da Educação (1996), foi que essa modalidade passou
a ser oficializada e disseminada, demonstrando que, com o processo de
redemocratização política, veio a democratização de acesso ao estudo e ao
conhecimento sistematizado.
Porém, a possibilidade que essa modalidade permite necessita de um projeto
consistente, com organização curricular própria e, principalmente, muito cuidado no uso
de formas de uso de mídias, pois estas devem ser capazes de permitir a efetiva
construção de conhecimentos, como discutiremos no próximo capítulo.
24
4
O USO DE MÍDIAS NA EDUCAÇÃO A
DISTÂNCIA
A história da EaD demonstra que a primeira mídia utilizada foi a mídia escrita,
podendo ser impressa, através de cursos por correspondência. Com a evolução
tecnológica dos meios de comunicação de massa, estes passaram a condição de aliados
do processo de educação, sendo o rádio o primeiro a ser utilizado em diversas
experiências em todo o mundo.
A inserção da televisão no mercado propiciou o desenvolvimento de novos
programas na modalidade EaD, tendo recursos de áudio e de vídeo, como nos indica
Hopp (2008), que também proporcionou o desenvolvimento de cursos por meio de
fitas de áudio e de vídeo ou assistidas no computador através de CD-ROMs. Iniciouse, então, o modelo multimídia, havendo, atualmente, o uso de kits multimídias, além
das conexões em rede via satélite, como o projeto desenvolvido pelo Ministério da
Educação, que visa a socialização desses recursos e, posterior utilização nos
programas de ensino (Hopp, op. cit.).
No desenvolvimento de formas de comunicação entre os estudantes e os cursos
EaD, passou-se a utilizar-se mais constantemente de formas que privilegiam o uso de
Tecnologias de Informação e Comunicação.
Em síntese, a presença das TIC tem sido investida de sentidos múltiplos,
que vão da alternativa de ultrapassagem dos limites postos pelas "velhas
tecnologias", representadas principalmente por quadro-de-giz e materiais
impressos, à resposta para os mais diversos problemas educacionais ou até
mesmo para questões socioeconômico-políticas. (BARRETO, 2004)
Entre as formas mais utilizadas temos a de e-learning, movimento que ampliou as
possibilidades dessa comunicação, ao utilizar dos recursos de comunicação e mídia
viáveis por meio da internet, veículo de transmissão e comunicação
É inegável a hegemonia do movimento de virtualização do ensino, na
perspectiva de e-learning, cuja tradução mais comum tem sido "educação a
distância via Internet": uma forma de aprendizagem em que a mediação
25
tecnológica é destacada, nos mais diversos "ambientes de aprendizagem”.
(BARRETO, 2004)
Essa tendência propõe o uso de “utilização das tecnologias da Internet para
fornecer um amplo conjunto de soluções que melhoram o conhecimento e o
desempenho” (Ghelman, 2007), por isso é também conhecida como educação baseada
na Web.
Para o desenvolvimento de propostas de programas pedagógicos voltados para a
EaD, através de e-learning, as propostas devem ser baseadas na teoria pedagógica
desenvolvida por Ausubel (apud Talarico Neto et al., 2005), que propõe o “aprender a
aprender” e “aprender a pensar”, partindo-se do fator mais importante a influenciar a
aprendizagem que é aquilo que o aprendiz já sabe, levando-se em conta que o modo
como recebe e organiza a informação ira afetar a sua utilidade. Para isso, deve haver o
desenvolvimento de atividades que levem à reflexão e construção de conceitos e
conhecimentos, bem como no desenvolvimento ou verificação da aplicabilidade de
teorias.
O desenvolvimento de propostas de educação nos moldes de utilização da Internet
como veículo apresenta três modelos de curso, como nos explicita Ramos (2005):
1 – Auto-Instrucional: tem como objetivo a transmissão de informações e do
conteúdo, com pouca interferência do professor ou tutor, sendo individual por tentar
garantir a autonomia e independência do aluno, para isso é autoexplicativo, objetivo e
simples em suas temáticas.
2 – Mediado: possui a mediação constante de um professor ou tutor, que monitora
e acompanha o desempenho, intervindo para facilitar o aprendizado do estudante.
Propõe atividades de estudo e de interação, necessitando da estrutura de turma, para o
uso de estratégias de discussão e participação como em fóruns de discussão ou chats
temáticos, por exemplo.
3 – Colaborativo: prevê atividades colaborativas como estratégia de aprendizado,
sendo o professor ou tutor um facilitador na interação da comunidade que se forma, com
o monitoramento e a motivação como principais atividades docentes. A estratégia
pedagógica é a de desafios, para incentivar a discussão e construção do conhecimento
no grupo de estudo.
Para o desenvolvimento de aulas com base nessa proposta, alguns aspectos são
relevantes: a sequência de uma aula virtual, a interação (navegação entre os tópicos), o
26
layout (cores, posicionamento de itens na interface e a funcionalidade (busca, contato)
entre as páginas dos materiais instrucionais (Talarico Neto et al., 2005). Assim, ainda de
acordo com Talarico Neto et.al. (op. cit.), há a necessidade de agruparem-se alguns
elementos essenciais para a adequação do material pedagógico:
[...] padrões pedagógicos, que abordam questões de planejamento e seqüência
de curso e são baseados em práticas identificadas em aulas presenciais;
padrões de IHC, obtidos de práticas de projetos Web e que abordam questões
de interação e layout do material instrucional; e padrões híbridos de IHC e
pedagógicos, obtidos da prática da inserção de Estratégias Cognitivas no
contexto de projeto de material instrucional Web e que foram chamados de
híbridos, pois incluem práticas oriundas da pedagogia que quando
organizadas melhoram a usabilidade do conteúdo exibido pelo material
instrucional. (TALARICO NETO et. al, 2005, p. 44)
Os estudantes, acostumados a aulas presenciais, devem ser alvo de cuidados, para
que a adaptação à aula virtual possa acontecer sem prejuízos, uma vez, que o aluno
acostumado ao sistema presencial pode sentir-se perdido na realização de atividades de
EaD. Outra preocupação está na organização deste material, que pode ser pensada
através da Interação Homem Computador (IHC) para a busca de uso de mídias
adequadas
Durante o projeto do material instrucional, o professor pode se deparar com
os seguintes problemas relativos à interação do aluno com o material,
conforme estudos de caso:
• Como projetar o ambiente com o qual o aluno irá interagir?
• Quanta informação mostrar em cada tela?
• Como prevenir que o aluno não se perca na leitura de conteúdos em
diferentes páginas? (TALARICO NETO et. a.l, 2005, p. 46)
Nesse contexto, um dos desafios é a definição da apresentação do conteúdo online, no que diz respeito à organização e acesso, havendo duas formas principais:
1 – Linear: acesso ao conteúdo de forma progressiva, partindo de questões mais
simples para as mais complexas, seguindo uma sequência definida.
2 – Não-linear: o acesso ao conteúdo é livre, cabendo ao estudante definir por
onde começar a estudar, podendo haver dispersão dos mesmos, sendo indicado para
cursos onde os alunos podem avançar conforme seu interesse (Ramos, 2005).
A interação entre os estudantes pode acontecer de duas maneiras: a síncrona e a
assíncrona. A primeira acontece com a interação entre os estudantes e professores
ocorrendo
em
tempo
real,
como
em
chats,
comunicadores
instantâneos,
videoconferência,vídeo e chat. No caso da comunicação assíncrona a comunicação
independe do tempo, acontecendo através de e-mail e fóruns.
27
Definidas as formas de comunicação, temos a contextualização dos temas que
procura criar um ambiente de estudo, havendo a proposta de buscar os mais agradáveis
e envolventes. Essas características, juntamente com as demais do curso vão levar a
programação de layout do curso, que vai utilizar-se de recursos de interface para criar
uma dinâmica de estudo que possibilite uma construção de conhecimentos a partir da
proposta e dos recursos utilizados.
A partir do advento da Web 2.0, ampliou-se o quadro de possibilidades de
utilização de recursos da Internet, baseando-se numa perspectiva mais colaborativa que
a referida rede imprimiu na relação entre seus usuários (Trein & Schlemmer, 2009).
Com ela, surgiram ferramentas de comunicação que podem ser utilizadas como forma
de troca de conhecimentos, reelaboração e construção de conhecimentos:
�
Weblogs ou simplesmente “blogs”, que são páginas disponíveis na Web e
que permitem a atualização constante de usuários, através de posts, que
corresponde aos comentários sobre a discussão proposta. Podem ser
utilizados como forma de registro para portfólios, com os avanços e
dúvidas que foram surgindo ao longo do estudo, bem como local de
discussão de temáticas específicas propostas pelo curso. Quando o
objetivo propõe, podem-se utilizar os “fotologs”, que seguem a mesma
�
lógica, porém, tendo como enfoque a publicação de imagens.
Wiki: derivado da palavra havaina wiki wiki, que significa super rápido,
consiste num conjunto de páginas disponíveis na Web, que podem ser
editadas de forma colaborativa, pois possuem interface simples, baseada
geralmente em HTML. As ferramentas Wiki podem apresentar em forma
�
de editores de texto, slides, imagens ou outros.
Comunidades Virtuais: constituem-se de grupos de usuários que se unem
espontaneamente, a partir de interesses comuns ou de identificação com
determinadas temática, havendo troca de informações, comentários e
�
reelaboração de conceitos, de acordo com uma proposta pedagógica.
Comunicadores instantâneos: podem ser utilizados como comunicação
síncrona, que podem ser chats escritos ou, como a tecnologia atual, com a
�
comunicação por voz e imagem em tempo real.
AVAs: são plataformas geralmente utilizadas para a organização de
processos de ensino e aprendizagem. Permitem interações síncronas e
28
assíncronas. Sua utilização na EaD ocorre com suporte de conteúdo, troca
de informações e acompanhamento entre estudantes e tutores, bem como
com professores, avaliação e outros processos envolvidos nos processos
�
educacionais.
Mundos Digitais Virtuais: com linguagem 3D, representam a
possibilidade de união de linguagens de comunicação, em uma única
tecnologia, pois permite estabelecer uma comunicação textual, gestual,
oral e gráfica, permitindo alto nível de interação entre usuários. Para essa
interação, os usuários são representados por avatares, que interagindo
promovem a evolução do programa. É considerado por alguns autores
como Web 3D ou ainda como o início da Web 3.0.
4.1 Aplicação prática em cursos EaD.
A esse conjunto de programas e ferramentas disponíveis atualmente na Web, Trein
& Schlemmer (2009), chamam de Tecnologias Digitais Virtuais Emergentes – TDVEs.
Essa possibilidade de uso foi demonstrada pelas autoras acima citadas, a partir de
experiência utilizada em Programa de Aprendizagem – PA, por meio do uso do Ambiente
Virtual de Aprendizagem AVA-UNISINOS e, mais recentemente do Moodle, no
desenvolvimento de Educação Digital, onde os integrantes dos grupos utilizaram-se de
ferramentas do Google que, segundo Maciel (2009) refere-se a uma das mais populares
ferramentas de pesquisa na Web atualmente. Utilizam-se também de comunicadores
instantâneos, para buscar elementos e estabelecer processos de reflexão e discussão
sobre as temáticas nas quais cada grupo se inscreveu, ou seja, houve a formação de
comunidades de discussão dos temas que envolviam o projeto, utilizaram fóruns e chats
para a discussão das teorias que fundamentaram o programa, a criação de identidade
virtual (avatares) para interação nos MDV3Ds, elaboração de diários de aprendizagem,
com registros semanais, com o objetivo de realizar auto avaliação. Os resultados foram
divulgados, sendo mantido o processo de discussão e revisão.
Por meio da criação de blogs, os projetos de aprendizagem baseados em
problemas vão se constituindo, vão sendo desenhados, adquirindo contornos,
e sendo divulgadas durante o semestre, evidenciando o processo em
construção. Os blogs possibilitam ao professor e aos alunos ter acesso a todo
o processo que está sendo desenvolvido, criando uma rede de trabalho, de
29
colaboração e de cooperação efetiva em torno das diferentes problemáticas
que integram a temática da “Educação Digital”. (TREIN &
SCHLEMMER, 2009)
O avanço na utilização de recursos no desenvolvimento de propostas de cursos na
modalidade EaD tem ocorrido na mesma velocidade em que a Web se moderniza. Com
isso, os recursos da Internet possibilitam um número cada vez maior de possibilidades
de uso de interfaces, permitindo o avanço do processo ensino-aprendizagem, rumo a
uma construção cada vez maior de conhecimentos pelos estudantes.
Com o uso cada vez mais intensivo de tecnologias mais interativas, ou seja,
formas mais socializantes de acesso de informações e construções de novos conceitos,
houve a geração de novos processos produtivos (Castells, 2009), inclusive na área da
EaD, que utiliza-se de TIC’s para o contato com os estudantes, igual ressignificação de
ações. Sendo essa modalidade uma educação com comunicação para muitos, onde os
conteúdos e ferramentas digitais e virtuais assumem papel de destaque no processo
ensino-aprendizagem, temos de discutir a utilização de hipertextos como forma de
ressignificar contextos e conteúdos.
O hipertexto passou por diversas modificações desde o surgimento da Internet.
Atualmente, há a possibilidade de participação de usuários na edição de textos
disponíveis na Web.
Aqueles documentos em que diversas pessoas podem justapor textos escritos
em separado são chamados de hipertextos colagem. Já os hipertextos
cooperativos são aqueles em que todos os envolvidos compartilham a invenção do texto comum, à medida que exercem e recebem impacto do grupo, do
relacionamento que constroem e do próprio produto criativo em andamento.
(PRIMO & RECUERO, 2006 p.85)
A utilização deste recurso em programas educacionais pode acontecer através da
troca de informações entre professores e estudantes, que passam a adicionar a contextos
já selecionados, criando uma relação de links correlatos que pode ampliar a rede de
informações necessárias ao desenvolvimento de um projeto de estudo, como nos
explicam Primo e Recuero.
A tecnologia Co-link pode ser de particular interesse para projetos
educacionais e científicos e para as comunidades virtuais. Nos ambientes
educacionais, os co-links poderiam ser usados para apoiar processos
cooperativos chamados “escrita com fragmentos” por Johnson-Eilola (1998).
Essa metodologia poderia ajudar a estimular os alunos a pesquisar e registrar
informações encontradas na Web – promovendo a atividade grupal e a escrita
coletiva. (PRIMO & RECUERO, 2006 p.87)
30
A proposta acima foi testada, sob a coordenação dos autores, através da
organização de grupos de estudo em Pelotas e Porto Alegre, que eram estudantes da
Fabico/UFRGS (Faculdade de Biblioteconomia e Comunicação, Universidade Federal do Rio
Grande do Sul), e na ECOS/UCPel (Faculdade de Comunicação, Universidade Católica de
Pelotas), que, após estudos de textos direcionados, produziram a edição desses textos, com a
criação de links de textos pesquisados na Web, criando uma lista multidirecional, e que serviu de
referência para ampliar as informações. Além deste recurso de criação de hipertextos houve a
interação entre os grupos através de listas de discussão, de blog coletivo e página Wiki. Os
resultados ficaram aquém do esperado, porém constituem-se em experiência para
aprimoramento e novas tentativas.
As propostas desenvolvidas podem ser aplicadas à formação de professores,
através da EaD, como novas formas de permitir que esse potencial de formação inicial
ou continuada possa ser acessível a todos interessados, por oferecer opções de horário e
local de estudo.
Dentre as propostas desenvolvidas temos as que estão operacionalizadas
abrangendo diversos estados do país, com grande número de estudantes, como nos
relata Hopp (2009) a respeito do Sistema de Ensino Presencial Conectado (SEPC),
desenvolvido pela Universidade do Norte do Paraná (UNOPAR). Essa experiência de
EaD opera com o uso das seguintes mídias: videoconferência, ambientes virtuais de
aprendizagem (AVA) e comunidades de aprendizagem, além de outros recursos como a
tutoria eletrônica e a tutoria presencial.
A partir do trabalho de Hopp (op. cit.) temos o relato de uso dessas mídias pela
UNOPAR. A seguir, há uma breve descrição da forma como estão organizadas essas
mídias para o funcionamento do SEPC.
O uso da videoconferência prevê a existência de sala de geração e uma ou mais
salas de recepção, onde a interação entre professor e aluno acontece como se todos
estivessem reunidos, utilizando recursos de áudio e vídeo capazes de criar um ambiente
muito próximo da sala presencial.
O uso da videoconferência trouxe a possibilidade de substituição do modelo de
Cursos baseados no Computador (CBC), para o modelo de Cursos baseados na Web
(CBW), na qual a interação professor/aluno e aluno/aluno ficam potencializadas, além
de permitir maior amplitude do ensino com o uso de hipertextos, hipermídias e
multimídias.
31
Os ambientes virtuais de aprendizagem (AVA’s) consistem nos ambientes onde
são oferecidos os cursos on-line, com a oferta de conteúdos e o gerenciamento do curso,
proporcionando uma aprendizagem colaborativa. Sua estrutura baseia-se em
computador servidor que abriga bases de dados e programas específicos para a
construção de páginas de Internet que serão visualizadas nos computadores dos
estudantes.
O uso de AVAs foi disseminado a partir de propostas desenvolvidas no Canadá e
nos Estados Unidos: WebCT, Blackboard e Moodle. As universidades brasileiras
desenvolveram o AulaNet, Teleduc, UnB Virtual e Proinfo.
A organização dos AVAs baseia-se em módulos que podem caracterizar-se como
de controle, colaborativo, de aprendizagem ou de convivência. Neste último estão as
funções de interação, como Chat, Fóruns, lista de discussão e correio eletrônico. No
módulo colaborativo, estão os dados cadastrais, a oferta de materiais de estudo, as
videoconferências e audioconferências. Neles desenvolvem-se as comunidades de
aprendizagem (CA).
As CAs possuem papel relevante no processo de aprendizagem por promover a
interação dos estudantes com os colegas, levando a uma construção social do
conhecimento e proporcionando “crescimento e renovação permanentes” (Hopp, 2009,
p.xx.) pela diversidade de linguagens que podem vir a ser utilizadas, pelo alto teor
dialógico, pela flexibilidade, pela parceria com os colegas e com o professor,
desenvolvendo a capacidade de auto-aprendizagem e da autonomia.
A CA pode atender a uma única disciplina ou curso ou atender contextos maiores,
com a permanência de grupos maiores e mais heterogêneos na discussão de temas
diversos.
A constituição das CAs tem grande poder de socializar conhecimentos,
permitindo maior aprendizagem, por isso torna-se importante instrumento de construção
de conhecimento nos cursos on-line.
A experiência da UNOPAR utiliza-se fortemente da tutoria semi-presencial a
distância como elemento de ligação entre aluno/professor e aluno/conteúdo. Para o
desenvolvimento desse trabalho, são utilizadas diversas mídias, como correio
eletrônico, mensagens instantâneas, telefone, fax ou até correio postal, que por sua vez
tem também a função de estimular os estudantes a participar de outras mídias utilizadas,
como o chat e os fóruns.
32
O desenvolvimento da experiência de EaD da UNOPAR, relatado por Hopp
(2009) que levou em consideração a unidade da instituição no município de Barreiras,
no Estado da Bahia, que, apesar de centro econômico relevante possui carência de
instituições de ensino superior, demonstra que, apesar das limitações, o uso de mídias é
fator essencial no desenvolvimento dessa modalidade, promovendo a interação com o
conteúdo e, de forma mais rápida, com professores e colegas.
4.2 Conclusão do Capítulo
O uso de mídias demonstrou ser fator primordial para o desenvolvimento de
atividades na Educação a distância, desde as mídias escritas e impressas, pelas quais se
desenvolveram as primeiras experiências desse tipo de escolarização, passando pelas de
áudio, de vídeo, para chegar às mídias interativas proporcionadas pelo computador e
pela Web, proporcionando acesso às informações necessárias e desenvolvendo
atividades de aprendizagem.
A metodologia variou de acordo com o período histórico vigente, por influência
dos teóricos da educação utilizados como referência pelos criadores dos cursos. Porém,
fica evidente que a EaD foi recurso muito utilizado para o desenvolvimento de ações
voltadas para a escolarização no mundo todo.
A escolha das mídias, ou do uso de multimídias ou hipermídias, também
dependeu dos recursos existentes em determinado período, sendo que a atualidade
proporciona ampla possibilidade de usos midiáticos. A opção deve ser feita levando-se
em consideração o modelo de curso, seus objetivos e propostas metodológicas.
No entanto, o uso do computador e da Internet classificam-se como mídias não só
importantes, mas como o direcionamento no futuro de propostas de ensino,
principalmente as que se pautam por modelos cada vez mais interativos ou
colaborativos.
As experiências já realizadas apontaram para a necessidade de constante avaliação
no uso das mídias propostas, como forma a superar as dificuldades existentes. Outro
aspecto relevante no desenvolvimento de curso on-line é a disseminação de formas de
inclusão digital e contatos com o mundo da Informática e da própria Web. A elaboração
de propostas consistentes demonstrou que o processo de planejamento é essencial ao
33
desenvolvimento de atividades e usos midiáticos com maior poder de disseminação de
conhecimentos.
O desenvolvimento de propostas de cursos na modalidade EaD, principalmente os
on-line, apesar das possíveis dificuldades de acesso aos computadores, à Internet, à
programas ou a estruturas mais robustas das máquinas, apontam para uma socialização
do conhecimento, principalmente em áreas mais distantes dos centros acadêmicos, com
a inclusão de um número cada vez maior de estudantes.
34
5
CONCLUSÕES
O desenvolvimento de atividades para o ensino de EAD requer a busca contínua
de novas formas de comunicação com os estudantes, em especial o desenvolvimento de
mídias que permitam a interação entre o ambiente e o referido estudante. Em especial
neste século XXI, em que o ciberespaço e as hipermídias tornaram-se elementos
importantes nesta comunicação, servindo de alavanca para a aprendizagem.
A busca por ambientes de aprendizagem adequados, de forma dinâmica,
significativa e possível de ser avaliada é um grande desafio. Por isso, é necessário
buscar entender os ambientes midiáticos como formas de atender a essa aprendizagem
que as novas tecnologias permitem.
Ao utilizar-se da Web como recurso didático, é necessário que se organize uma
estrutura que não apenas transponha conteúdos, mas que sejam desenvolvidos
ambientes e estratégias que possam permitir aprendizagens significativas, levando os
estudantes a manter a motivação e buscar a autonomia no estudo, porque não basta o
uso da tecnologia, ela deve ser pensada, organizada e implementada de forma a propor a
reflexão e discussão sobre os temas propostos.
A experiência desenvolvida pela UNOPAR através de sistema de ensino
presencial conectado que, como o nome sugere, utiliza-se do computador como
ferramenta principal no desenvolvimento das atividades de aprendizagem, está longe da
perfeição, porém constitui-se num exemplo de utilização de diversos recursos
midiáticos, com comunicação síncrona e assíncrona: a primeira durante as tele-aulas
através de chats durante a aula presencial, denominada de tele-aula e a segunda, através
do conteúdo da AVA e de mensagens com a tutoria eletrônica. Para a apresentação dos
conteúdos na AVA há o direcionamento para diferentes mídias, como videoconferência
e comunidades de aprendizagem, além das tutorias. Para o desenvolvimento das
atividades propostas, também se utilizam de outros recursos, como hipertexto,
multimídias e hipermídias. As comunidades de aprendizagem constituem-se em
35
momentos importantes para a construção do conhecimento, pela troca de experiências e
de entendimentos sobre o conteúdo estudado. Os fóruns também merecem destaque,
pois possibilitam o contato com estudantes de outras regiões, permitindo trocas
importantes sobre as realidades locais e nacional. Trata-se uma experiência que conheço
pessoalmente e que demonstra as potencialidades de EaD através de e-learning.
Porém, o aprimoramento desta organização vai passar pela utilização de outras
mídias, que levem a experiências com o conhecimento, como o uso de avatares em
MDV3D, onde se poderá vivenciar as situações propostas e encontrar caminhos para a
resolução das situações-problema propostos.
A leitura a respeito das experiências já desenvolvidas nos levou a procurar discutir,
em especial, o uso das mídias neste universo de EaD, buscando fazer um percurso de
sua evolução e seu uso, bem como, as novas possibilidades que estão surgindo e que
podem beneficiar o desenvolvimento de práticas educativas mais humanizadoras deste
espaço instrucional, proporcionando uma aprendizagem que promova a construção de
novos conhecimentos e que permita o acesso a um número cada vez maior de
estudantes. Porém, a proposta não se concretizou da forma esperada, devido aos
fatores existentes ligados ao tempo e espaço vivenciados, pois a metodologia de
pesquisa bibliográfica não supriu a expectativa de desenhar um perfil da trajetória do
uso de mídias na EaD.
Fica evidenciada a necessidade de aprofundamento do tema, com pesquisa de
campo em instituições que se utilizam dessa modalidade, para o levantamento de dados
a respeito do tema. Assim, poderá ser traçado o roteiro histórico de seu uso,
potencialidades a serem desenvolvidas e indicações de tipos de mídias adequados ao
propósito de cada curso.
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