Revista Filosófica de Coimbra Publicação semestral do Instituto de Estudos Filosóficos da Faculdade de Letras da Universidade de Coimbra Director: Miguel Baptista Pereira Coordenação Redactorial : António Manuel Martins e Mário Santiago Carvalho Conselho de Redacção: Alexandre F. O. Morujão, Alfredo Reis, Amândio A. Coxito, Anselmo Borges, Antônio Manuel Martins, António Pedro Pita, Edmundo BaIscmão Pires. Fernanda Bernardo, I rangi se Vicira Jordão I. Henrique Jales Ribeiro, João Ascenso André, Joaquim das Neves Vicente, José Encarnação Reis, José M. Cruz Pontes, Luísa Porlocarrero F. Silva, Marina Ramos Themudo, Mário Santiago de Carvalho, Miguel Baptista Pereira As opiniões expressas são da exclusiva responsabilidade dos Autores Toda a colaboração é solicitada Distribuição e assinaturas: Fundação Eng. António de Almeida Rua Tenente Valadim, 331 P-4100 Porto Tel. 6067418; Fax 6004314 Redacção: Revista Filosófica de Coimbra Instituto de Estudos Filosóficos Faculdade de Letras P - 3049 Coimbra Codex Tel. 4109900; Fax 36733 E-Mail: [email protected] Preço (IVA incluído): Assinatura anual 1995: 3.800$00 (Portugal) 2.000$00 (Portugal) Número avulso: • 5.000$00 (Estrangeiro) • 2.800$00 (Estrangeiro) REVISTA PATROCINADA PELA FUNDAÇÃO ENG. ANTÓNIO DE ALMEIDA Revista Filosófica de Coimbra ISSN 0872-0851 Publicação semestral Vol. 4 • N.° 8 • Outubro de 1995 Artigos Miguel Baptista Pereira -A Crise do Mundo da Vida no Universo Mediático Contemporâneo ........................................................... 217 Amândio Augusto Coxito - Luís A. Vernei e J. Locke: Linguagem e Comunicação ................................................................................ 283 Maria Luísa Portocarrero F. Silva - Problemas da Hermenêutica Prática ........................................................................................... 313 Hans-Ulrich Hoche - Universal Prescriptivism Revised or: The Analyticity of the Golden Rule ........................................................... 337 Maria Luísa Ribeiro Ferreira - A propósito da Formação de Professores - Notas para um Debate ................................................ 365 J. Neves Vicente - Educação, Diálogo, Crítica e Libertação na Acção e no Pensamento de Paulo Freire ................................. 373 Estudo Diogo Ferrer - O Significado do Conceito em Fichte (1805 ) ......... 407 Nota Mário A. Santiago de Carvalho -A "Summa" de Henrique de Ganá .............................................................................................. 439 Ficheiro de Relvistas ........................................................................... 451 Rccensvres ............................................................................................ 457 ÍNDICE 1995 Artigos Amândio Augusto Coxito - Luís A. Vernei e J. Locke: Linguagem e Comunicação ................................................................................ 283 António Pedro Pita - Presença, representação e sentimento . Configuração da experiência estética segundo Mikel Dufrenne ....... 131 Hans-Ulrich Hoche - Universal Prescriptivism Revised; or: The Analyticity of the Golden Rule ........................................................... 337 J. Neves Vicente - Educação, Diálogo, Crítica e Libertação na Acção e no Pensamento de Paulo Freire ................................. 373 João Maria André - Da mística renascentista à racionalidade científica pós moderna. (A propósito da articulação entre ciência, filosofia e misticismo em Nicolau de Cusa) .............................. 67 Maria Luísa Portocarrero F. Silva - Problemas da Hermenêutica Prática ........................................................................................... 313 Maria Luísa Ribeiro Ferreira - A propósito da Formação de Professores - Notas para um Debate ................................................ 365 Mário A. Santiago de Carvalho - Ler Tomás de Aquino, hoje?...... 103 Miguel Baptista Pereira - O Regresso do Mito no diálogo entre E. Cassirer e M. Heidegger ........................................................ A Crise do Mundo da Vida no Universo Mediático Contemporâneo ......................................................................................... 217 Colóquio: A filosofia no ensino secundário : O novo programa de 12.11 Ano ........................................................................................ 163 José Enes - Leitura Integral. Porquê? Como? ................................. 165 3 Alfredo Reis - 12." Ano: Leitura Integral do texto filosófico. Porquê? Como? Comentário .......................................................................................... 185 Estudo Diogo Ferrer - O Significado do Conceito em Fichte (1805) ......... 407 Nota Mário A . Santiago de Carvalho - A "Summa " de Henrique de Gand . ............................................................................................. 439 Ficheiro de Revistas ................................................................ 195, 451 Recensões .................................................................................. 203, 457 BOLETIM DE ASSINATURA Assinatura anual 1995 (IVA incluído): Portugal ............................................................................. Estrangeiro ........................................................................ 3.800$00 5.000$00 Desejo assinar os números relativos a 1995 da Revista Filosófica de Coimbra. (n.°s 7 e 8) Nome Morada Código Postal Junto envio cheque n .° , sobre o Banco na importância de $( pagável à ordem de Revista Filosófica de Coimbra. Data Assinatura Enviar para: Fundação Eng. António de Almeida Rua Tenente Valadim, 331 P-4100 Porto 'h Contacte a Fundação Eng. António de Almeida, se desejar adquirir números anteriores. FICHEIRO DE REVISTAS Analogía - México. IX(1995): N.° 1: J. L. Fuertes Herreros: Unificación yfragmentación de los saberes en el Renacimiento (3-29); Gabriel Ferrer: Sartre: metodología del problema de Dios (31- 49); R. Kuri Camacho: La declaración de los derechos del hombre de 1789 y Ia tradición judeo-cristiana (51-78); Fernando Torres: Poder político e imperio en Dante Alighieri (79-99); Nelson Medina F.: Leyendo a Rudolf Carnap (101-124); Ciro E. Schmidt Andrade: Sentido del tiempo y Ia historia desde Santo Tomás de Aquino (125-156). Reyes Mate: La piedad de Ia pergunta (173-180); A. B. Fernández del Valle: Ciencia, técnica y sabiduría (181-192); Luz María A. Argüelles: Los valores en el pensamiento de F. Nietzsche (193-204); Juana Sánchez-Gey Venegas: La filosofia de los poetas en ta Fundación Fernando Rielo (205-207). Convivium - Barcelona . N° 7 (1995): L. Alegre i Biosca: La inferència dialèctico-especulativa a Ia Ciência de Ia Làgica de Hegel (5-14); Rolf Trauzettel: Eine Grundlegende Konzeptionelle Denkfigur der Altchinesischen Philosophie (15-30); Alejandro S. Herreros: Defensa de Ia causalidad (31-49); J. Oroz Ezcurra: Función de Ia creatividad en Ia filosofia de A. N. Whitehead (50-63); V. Méndez Baiges : ¿Quê Locke? Tradición y cambio en Ia historia del liberalismo (64-80); A. Boadas-Llavat: Roger Bacon (1214-94): Ética i reforma (81- 102); J. Temporal Oleart: «Il.luminar-te el rostre, estimat». Ressons de Ia caverna al cicle rondallístic de !'animal-nuvi (103-117); X. Zubiri: Sobre el problema de Ia filosofia (II) (118-136). Diálogo Filosófico - Madrid. N° 30 (1994): J. Rubio Carracedo: Democracia y racionalidad. Una relación conflictiva (324-361); A. Domingo Mortalla: Razón y poder: Ia radicalización simbólica de Ia razón liberal (363-376); G. Marquinez Argote: ¿Existe en Zubiri una protopolítica? (377-389); J.L. Pallarés Gonzalez: La intimidad como valor antropológico y social (391-406); J. M. Palacios: Zubiri ante el problema del valor (407-410); José M.a Vegas: Juventud, valores y crisis de nuestro tiempo (411-424). N° 31 (1995): J. Sanchez-Gey Venegas: Mujer y filosofa (4-29); J. Lorite Mena: ¿ Es negociable Ia diferencia? (31-41); C. Canon Loyes: Anima hace hablar a Ia razón con una voz diferente. Nuevos nexos entre Ia tecnociencia y el Revista Filosófica de Coimbra - n.° 8 - vol. 4 (1995) pp. 451-456 452 Revista Filosófica de Coimbra mundo de Ia vida (43-59); L. P. Wessell : Comentaria kafkiano a Ia obra Realidad y Verdad de Antonio Pintor Ramos (61-72); A. Pintor Ramos : Carta abierta al Dr. Wessell (73-76); G.L. Kline: La posible contribución de Ia filosofia clásica rusa a Ia construcción de una sociedad humanista (77-90). Educação e Filosofia - Uberlândia, MG, Brasil. Vol. 8, N° 16 (1994): Cristina Guimarães Marcolini: O dentista educador e sua competência para avaliar (11-22); Eduardo Ferreira Chagas: Diferença entre alienação e estranhamento nos Manuscritos Económico-Filosóficos de Karl Marx (23-33); Idalice Ribeiro da Silva: Natureza e História: os sentidos da liberdade e da igualdade (35-76); Laura C. Vieira Pizzi: Escola Pública: trabalho produtivo ou improdutivo (77-86); Alcione Rodrigues: Pedagogia pelo e para o trabalho: acção disciplinadora da burguesia e a resistência dos trabalhadores (87-105); Thelma S. M. L. da Fonseca: Nietzsche: a origem da linguagem (107-118); Silvia C. Borges dos Santos: Violência e Poder em Hannah Arendt (119-128); Joseph P. Cangemi: Mulheres em transição nos EUA hoje: escolhas e conflitos (129-150); Tânia M' Marinho Sampaio: O método Paulo Freire: a inter-relação da teoria do conhecimento com a teoria da sociedade (151-158); Edson R. Oaigen: A educação e a autonomia do professor: caminhos para a emancipação (159-172); João Vergílio G. Cuter: Wittgenstein e o domínio da gramática: a ruptura com o Tractatus (173-181); Mariano Moreno Villa: Filosofia e pedagógica da libertação latinoamericana (183-205); Lídia Ma Rodrigo: Entre a sabedoria silenciosa e a fala sem fim (207-227); Márcio Chaves-Tannús: A teoria da predicação de Pierre Abélard e a semântica da frase de Peter von Polenz: uma tentativa de aproximação (229-237); Fernando Aguiar: Confianza y racionalidad (239-245); Paulo Ghiraldelli Jr.: Contribuição para as discussões ao projeto de implantação do curso de pedagogia na Faculdade de Ciências da Universidade Estadual Paulista "Júlio Mesquita Filho" (BAURU) (247-284); Luis Renato Vieira: Entre o sociologismo e o individualismo: considerações sobre a sociologia de Pierre Bourdieu (285-300). Estudios Filosóficos - Valladolid. XLIV (1995): 125: Francisco J. Ayala: Teleología y adaptación en Ia evolución (7-33); Javier de Lorenzo: Derivación formal: análisis crítico (35-65); J. Navarro Pérez: La relación entre gramática y lógica en la filosofía dei lenguaje de W von Humboldt (67-85); R. de Luis Carballada: El concepto de historia de Walter Benjamin y Ia crisis de Ia modernidad (87-99); J. Cercós Soto: Del dinamismo de lo diferente y de lo idêntico (101-117); A. M. González Rodríguez: Sobre el dinamismo imaginativo y otras formas de representación de Gaston Bachelard (119-142); J. A. Rubia Guijaro: Nota sobre Ia vaguedad (143-157). Les études philosophiques - Paris. (1995): 1. Signification, phénoménologie et philosophie analytique. D. FOllesdal: La notion husserlienne de noème (5-12); Fr. Rivenc: Husserl avec et contre Frege (13-38); J. Hintikka: Husserl: Ia dimension phénoménologique (39-64); Jean-Michel Roy: Comment peut-on parler du sens? Russell critique de Husserl (65-90); Elisabeth Rigal: De l'idéalité de Ia signification (91-106); Philippe de pp. 451-456 Revista Filosófica de Coirrrbra - a.° 8 -vol. 4 (1995) Ficheiro de revistas 453 Rouilhan: Introduction aux problèmes fondamentaux d'une logique du sens (107-128); Étude Critique. François Chenet: Nietzsche et Ia pensée de l'Asie (129-140). 2. Henri de Lubac et Ia philosophie. Vincent Carraud: La philosophie et Henri de Lubac: te paradoxe (161-166); Jean Greisch: De Ia «lecture infinie» à l'infini métaphysique. Enjeux métaphysiques de Ia doctrine du quadruple sens de l'Écriture (167-192); X. Tilliette: Le Pére de Lubac et te débat de Ia philosophie chrétienne (193-204); Olivier Boulnois: Les deux fins de l'homme. L'impossible anthropologie et te repli de Ia théologie (205-222); J.-Y. Lacoste: Le désir et l'inexigible. Préambules à une lecture (223-246); B. Pinchard: Sujei théologique, sujei initiatique. L'interprétation du joachimisme par Henri de Lubac et Ia figure de Dante (247-268). Kant -Studien - Bona . 85(1994): 1. A. Davidovich: How to Read Religion within the Limits of Reason Alone (1-14); R. McCarty: Motivation and Moral Choice in Kant's Theory of Rational Agency (15-31); N. Rotenstreich: Needs and Essence (32-47); R. Lauth: Kann Schellings Philosophie von 1804 als System bestehen? (48-77). Berichte und Diskussionen. H. Wagner: Kants Konzept von hypothetischen Imperativen(78-84); W. Bryuschinkin: Kants Philosophie und moderne Logik. Eine Tagung in Swetlogorsk (85-87). 2. M. Albrecht: Kants Maximenethik und ihre Begründung (129-146); P. Baumman: Zwei Seiten der Kantschen Begründung von Eigentum und Staat (147-159); J. Peijnenburg: Formal Proof or Linguistic Process? Beth and Hintikka on Kant's Use of Analytic' (160-178); K Willems: Das neue Erkenntnisproblem. Erkenntniskritische Überlegungen zum "anthropischen Prinzip" in der neueren Physik (179-197); J. Court: Die Kant-Rezeption in der Sportwissenschaft (198-221). 3. M. Nichols: The Kantian Inheritance and Schopenhauer's Doctrine of Will (257- 279); K. Petrus: "Beschrieene Dunkelheit" und "Seichtigkeit". Historischsystematische Vor-aussetzungen der Auseinandersetzung zwischen Kant und Garve im Umfeld der Gottinger Rezension (280-302); H. Wichmann: Probleme der Kantischen Ethik. Überlegungen im Anschlu13 an Paul Menzers kritische Betrachtung (303-308). Berichte und Diskussionen. N. Adler: Rückkehr zu Kants Kritik der reinen Vernunft für Erkenntnisfortschritt in der mathematischen Physik (309-336); Willia111 B. Hund: Paul Crowther and the Experience of the Sublime (337-340); M. Wheeler: The Uniformity of the Causal Connection in the Second Analogy, or How not to Doge Beck (341-351). 4. H. W. Ingensiep:Die biologischen Analogien und die erkenntnistheoretischen Alternativen in Kants Kritik der reinen Vernunft B § 27 (381-393); H. Bussmann: Eine systemanalytische Betrachtung des Schematismuskapitels in der Kritik der reinen Vernunft (394-418); D. Dumouchel: La découverte de Ia faculté de juger réfléchissante (419-442). Berichte und Diskussionen. G. Leaman, Bowling Green/G. Simon: Die Kant-Studien im Dritten Reich (443-469); W. Stark: Kants Amtstatigkeit (470-472). Revista Filosófica de Coimbra - a." 8 - vol . 4 (1995) pp. 451-456 Revista Filosófica de Coimbra 454 Kriterion - Belo Horizonte XXXV(1994); 89: Nietzsche - 150 anos (1844-1994). Scarlett Moarton: Por uma filosofia dionisíaca (9-20); Roberto Machado: Deus, Homem, Super-Homem (21-32); Rosa Maria Dias: Conceito de acto criador no pensamento de Nietzsche (33-44); Paulo R. Margutti Pinto: Nietzsche, a filosofia e a retórica: uma análise da "origem da tragédia" enquanto forma de argumentação (45-73); Rodrigo A. P. Duarte: Som musical e "reconciliação" a partir de O nascimento da Tragédia de Nietzsche (74-90); Maria José Campos: Nietzsche e a memória do futuro (91-99); Miguel A. de Barrenechea & Olímpio J. Pimenta Neto: Nietzsche: a questão do trágico (100-108). 90: Ruy Fausto: Ainda sobre o Capital e a Lógica de Hegel (7-41); Paulo R. Margutti Pinto: Aspectos da crítica de Hume ao princípio de causalidade (42-55); Marco Heleno Barreto; Da epistemologia à estética. O nascimento da vertente nocturna em Bachelard (56-69); José Carlos Reis: O historicismo: Aron versus Dilthey (70-82). Tradução. Miguel Abensour: Reflexão sobre as duas interpretações do totalitarismo no pensamneto de C. Lefort (83-125). Manuscrito - Campinas. XVIII(1995): Manuel Serrano: Verdad y competencia pragmatica (11-36); Débora Danowski: David Hume e a questão dos milagres (37-64); Gustavo Andrés Caponi: Epistemología en Clave Institucional (el sesgo sociológico de Ia metodologia popperiana) (65-96); Alfredo Pereira Jr.: Tempo e Irreversibilidade Física: algumas distinções conceituais (97-152). Metalogicon - Nápoles/Roma. VII (1994): N° 1: A. Graziano Grappone: On polyadic connectives: a new language (1-14); A Source on Paulus Venetus (t 1429) (15-16); Michele Malatesta: Errori logici e devianze panteistiche. Saggio sull'ontologia severiniano-spinoziana di Leonardo Messinese (17-68); Giuseppe Tortora: Kierkegaard and Schopenhauer on Hegelianism: "Primum vivere, deinde philosophari" (69-84). N° 2: M. Malatesta: On reductio ad unum of disjunctive Syllogism and Modus Ponendo Ponens, Tollendo Tollens, Ponendo Tollens Primus (105-114); Michele Melaragno: Literary Metaphors "Six Characters in Search of an Author" (115-120); Emmanuele Riverso: The Vichian Concept of Interaction among Nations (121-132). Pensamiento - Madrid. LI(1995): 199. Javier Monserrat: Lectura epistemológica de Ia teoria unificada de Ia cognición en Allen Newell (3-42); Armando Segura: «Identidad y relación en Kant». Los juicios sintéticos a priori como principios. Einleitung § 5 (43-68); Jose D. Jimenez: Kant: Ia religión como «veneración moral pura de Diós» (69-88); Andres Martinez Lorca: «Communitas liberorum». En torno a «Sententia libri Politicorum» de Tomás de Aquino ( 89-100); W. R. Daros: El hecho de conocer y el ser del conocer (Problemática entre A. Rosmini y J. Balmes) (101-128); Antonio Gutierrez Pozo: Razón vital yfenomenología (Génesis del raciovitalismo orteguiano) (129-147). Notas, textos y comentarios. J. A. Martínez: Filosofía y historia según I. Ellacuría (149-153). pp. 451-456 Revista Filosófica de Coimbra-n." R-vol. 4 (1995) Ficheiro de revistas 455 Revista Portuguesa de Filosofia - L(1994): 1-3. Homenagem ao Prof. Doutor José do Patrocínio Bacelar e Oliveira. J.F.Pereira Borges: José do Patrocínio Bacelar e Oliveira.S.J_, o universitário, o filósofo (7-13); Diogo F.L. C. Alcoforado: Em torno da noção de modernidade (15-24); A. Alves: Prolegómenos a unia ontologia futura (25-34); Vitorino Sousa Alves: Crítica da Mecânica Quântica (35-50); Mafalda F. Blanc: Afecção e Poética (51-63); A. J. de Brito: A propósito da síntese a priori (65-78); J. H. Silveira de Brito: Responsabilidade e identidade (79-96); Roque Cabral: Unico jesuíta português professor de teologia em Coimbra (97-102); F. Gama CAeiro: Os jesuítas e a educação setecentista no Brasil (103-113); Jorge Coutinho: Teixeira de Pascoaes: o pensamento da terra (115-122): Alfredo Dinis: Responsabilidade moral dos cientistas (123-132); Gustavo de Fraga: Husserl e a filosofia (133-141); A. Freire: Pedro da Fonseca, humanista e filósofo (143-153); M.B. Costa Freitas: Natureza e fundamento ontológico da pessoa em Duns Escoto (155-163); José Gama: O pensamento português e a hermenêutica da cultura (165-172); M' L. S. Ganho: A filosofia reflexiva de Jean Nabert(173-178); Joaquim Ferrira Gomes: O «Modus Parisiensis» como matriz da Pedagogia dos Jesuítas (179- 196); Joaquim Cerqueira Gonçalves: A Universidade Católica na Constituição Apostólica sobre as Universidades «Ex Corde Ecclesiae» (197-211); Marina P. Lencastre: Epistemologia, metáfora e estética em J. Ortega y Gasset (213-220); João Lupi: Lévi-Bruhl: a pré-lógica e o irracional (221-230); J. L. Brandão da Luz: Descartes: a unidade das ciências e a metafísica (231-241); Levi A. Malho: A fronteira da Lua (243-25 1); E. C. Rezende Martins: Crusius e KAnt: crítica do racionalismo (253-260); Alexandre F. Morujão: Husserl e a interpretação da história da filosofia moderna (261-275); M'. C. Patrão Neves: Entre a psicologia e a metafísica: a «Ciência do Homem». Contributo de Maine de Biran para a Antropologia Filosófica (277-289); Etelvina P. L. Nunes: Hieratismo do Rosto? Levinas aproximado dos seus interlocutores (291-303); Manuel F. Patrício: Três meditações filosófico-pedagógicas sobre o Método (305-312); J. R. da Costa Pinto: Filosofia do futuro - futuro da filosofia: uma perspectiva garaudiana (313-322); Celestino Pires: A metafísica em questão (323-343); Francisco Videira Pires: Josef Dietzgen, o «filósofo» de Marr (345- 355); Cassiano Reimão: Ética e autenticidade em J.-P. Sartre(357-377); Acílio S. E. Rocha: Arte e estruturalismo (379-395); J. Coelho Rosa: Participação. analogia e dialéctica: o pressuposto do Uno (397-409); Carlos H. Carmo Silva: Da diferença pensada ao discernimento vivido (411-441); Manuel Sumares: Quanto aos atributos de Deus - De novo a hipótese de Girard (443-447; A. Braz Teixeira: A ideia de Deus em Antero de Quental (449-458); Amadeu R. Torres: A «Grammatica Philosophica» de Bernardo de Lima e Melo Bacelar (459-466); Henrique C. Lima Vaz: Destino e Liberdade: as origens da ética (467-477); João J. Vila-Chã: The plurality of action: Hannah Arendt and The Human Condition (477-484). Revue Philosophique - Paris. (1995): N° 1: Matérialisme et Neuro-sciences. G. Droz-Vincent: L'atomisme dans le monisme épicurien (3-17); F. Grandjean: David Hume: Ia révolution praxiologique du matérialisme (19-32); G. Lantéri-Laura: La matière illussoire de Ia médicine Revista FilosviJica de Coimbra - n." 8 - voi . 4 (1995) pp. 451-456 456 Revista Filosófica de Coimbra mentale au X1Xe siècle (33-42); J.-N. Missa: Matérialisme et neuro-sciences: Ia question des localisations cérébrales (43-53); P. Engel: Causalité mentale et niveaux de causalité (55-69); B. Andrieu: Eléments pour un matérialisme dynamique (71-82). N° 2: XVIII Siècle: Mersenne, Descartes, Pascal, Spinoza, Leibniz. A. del Prete: L'univers infini: les interventions de Marin Mersenne et de Charles Sorel (145-164); Alberto Gajano: Enseigner et apprendre chez Descartes (165-190); Hélène Bouchilloux: Du beau et du sublime chez Pascal (191-210); Denise Leduc-Fayette: La catégorie pascalienne de l'hérésie (211-228); Chantal Jacquet: La spéeificité de Ia conception spinoziste de l'éternité de l'esprit (229-237); François Guéry: Leibniz et les langues (239-250). N° 3: Hypocoristiques. Robinsonnades. Maxime Chastaing: Fonctions des hypocoristiques (289-310); Claude Mouchet: Robinson Crusoé: un héros pédagogique entre Rousseau et Campe (311-336). Telos - Santiago de Compostela . RI (1994) N° 2: Margarita Costa: El utilitarismo de Hume ( 9-16); David Weinstein : Entre el kantismo y el consecuencialismo en Ia filosofía moral de T. H. Green (31-58); Ana de Miguel Alvarez . Autonomía y conducta desviada : el problema del paternalismo en Ia obra de J. S. Mill (59-70); Philip Pettit & Geoffrey Brennan: Consecuencialismo restrictivo (73- 97); Pedro Mercado Pacheco: Análisis económico del derecho y utilitarismo . Concordancias y divergencias (99-123). Thémata - Sevilha. N° 13 (1995): Jorge V. Arregui, La teleología de Ia belleza en Shaftesbury y Hutcheson (11-36); Federico Basafiez: Entre Ia teoria económica y Ia economía política: Estudio sobre Ética a Nicómaco V.5 v Política I. 8-10 de Aristóteles. La filosofóa de Ia economia de Aristóteles (37-72); Teresa Bejarano: Las emociones ante Ia ficción (73-96); Jacinto Choza: La dualidad personal. Autor y actor (97-120); Alberto Ciria: Fiche en 1804-1806: Arrebato y entrega (121-156); Manuel Fontán: La estética de Kant como filosofía de Ia cultura (157-174); Marcelino Rodríguez Donís: El epicureísmo y su repercusión histórica (175-196). Notas. Jesús Martínez Velasco: El cambio científico y el modelo de solución de problemas de L. Laudan (199-210); Martín Zubiría: ¿Poetizar y Pensar? Desde Ia meditación heideggariana hacia el topos histórico de Hólderlin (211-230). Theoria - Pisa. XV(1995): N° 1: Alain Badiou: La questione dell'essere, oggi (5-17); Philippe Lacoue-Labarthe: 11 coraggio della poesia (19-39); Giivanni Scibilia: Heidegger tra evento e figura. A proposito di "La question de 1'étre aujourd'hui" di Alan Badiou e "Le courage de la poésie" de Philippe Lacoue-Labarthe (41-48); Matteo Bianchin: Husserl sull'intersoggettività e lafenomenologia (49-62); Stefano Di Bella: Note sull'argumento ontologico nell'età moderna (63-80); Carlo Marletti: Teoremi di Glidel e meccanicismo (81-94). Jacques Derrida. Ermeneutica come atto di scrittura. Colloquio con Paola Marrati-Guénoun (95-104). pp. 451 -456 Revista FilosóJiea de Coimbra - n." 8 - vol. 4 (1995) RECENSÕES PAREDES MARTÍN, Ma del C . (Ed.) - Ortega Y Gasset. Pensamiento y Conciencia de Crisis. Salamanca , Universidad de Salamanca, 1994, 188 p. A obra apresenta - nos um conjunto de artigos concebidos desde perspectivas e interesses distintos , mas contudo confluentes , que procuram dar conta da forma como Ortega y Gasset se esforçou por superar as graves crises da sua é poca , as quais, em grande parte, ainda hoje nos afectam . Os diferentes modos de ver e as diferentes interpretações que aqui são feitas da obra orteguiana não impedem contudo que se encontre uma linha de continuidade entre os oito trabalhos . O tema da "crisis" surge mais ou menos explicitamente em todos os artigos como grande tema unificador, como aliás o título da colectânea deixa antever. Ortega y Gasset tratou, de forma particular , este tema na obra "En Torno a Galileo" (O. C. V) sobretudo nas lições V, VI, VII e VIII , as quais foram inclusive publicadas em livro com título sugestivo: "Esquema de las Crisis" (1942). Podemos, no entanto defender que o tema é omnipresente na sua obra e estes estudos em análise confirmam isso mesmo. O 1' estudo - "La Acción Pensante del Espectador"- de Mariano Alvarez Gómez aceita como legítima a estruturação e a divisão do pensamento de Ortega em períodos distintos mas recorda - nos, no entanto , o fundo de continuidade que atravessa toda a obra orteguiana e que esse aspecto é de alguma forma já anunciado no "El Espectador". (Cfr. 2° vol... das O. C. de Ortega, escritos situados entre 1916-1934). O que Ortega propõe ao longo do "Espectador" é acção pensante . E segundo A. Gómez a insistência orteguiana em pôr em primeiro plano a contemplação mais pura, que busca exclusivamente o ser das coisas, poderá fazer pensar que a acção propriamente dita fica em segundo plano . Convém recordar , contudo , que Ortega pretende destacar o carácter transformador que a contemplação tem em si mesma (21). A acção de pensar aprofunda a descoberta da verdade das coisas, liberta- nos de uma determinada forma de estar perante elas e possibilita - nos a sua transformação. Por isso deve ser então vista como válido contributo superador da "crisis" do pensamento e da atitude do homem perante o pensamento. S. Álvarez Turienzo pretende, no 2° estudo - "La Crisis de Orrega Y Gasset, Fenómeno Decadente o Renaciente? Análisis desde su Ética" - mostrar que a ética ocupa uma posição privilegiada no pensamento de Ortega, embora o autor nunca tenha escrito qualquer tratado ético específico, apesar de declarar em diversas passagens tal propósito. O autor refere as diferentes periodizações / divisões que são comumente aceites pelos estudiosos de Ortega. Propõe no entanto uma leitura / divisão da obra orteguiana a partir dos temas éticos (39). Esta proposta de trabalho parece-nos particularmente interessante e merecia quanto a nós um aprofundamento por parte de eventuais estudiosos do pensamento de Ortega, até porque Revista Fi(nsóliiea de Cuimbn, - ti." 8 (1995) pp. 457-461 458 Revista Filosófica de Coimbra o oriente do seu pensamento, desde cedo , parece apontar para uma vida que terá de ser mais vida, mais rica, mais alta, mais bela e nobre, o que em termos práticos se traduz na defesa de uma ética de magnanimidade que contrastava ( e contrasta ainda hoje!) com um certo rigorismo e utilitarismo reinante. Em "Ortega y Husserl: Aproximaciones en el Ámbito de Ia Intersubjetividad", M° del Carmen Astigarraga pretende analisar o tema do outro e da intersu ' ectividade no pensamento dos dois autores , defendendo que quer Ortega quer Husserl " partem de um mundo intersubjectivo na quotidianidade constituinte do eu" ( 58), mas isso não significa que não tenham posições diferentes : uma, a do filósofo que se situa na reflexão fenomenológica transcendental (Husserl ) e outra, a do filósofo que se situa na reflexão fenomenológica vital ( Ortega ). O estudo de Carmen Astigarraga recorda-nos que os caminhos de Ortega e de Husseri são caminhos cruzados : enquanto a fenomenologia husserliana incuba uma filosofia da vida, a filosofia da vida de Ortega vê - se necessitada de um método fenomenológico para chegar a uma análise existenciária e estrutural do mundo da vida. O artigo de L. Espinosa Rubio - " Ortega Y Gasset : El Imperativo de Ia Reflexión Política" - não pretende ser um estudo de carácter histórico ou qualquer juízo da conduta política de Ortega . Embora o vol . 11 das Obras Completas de Ortega reúna os "Escritos Políticos " ( 1° ed. 1969 ), o interessante deste artigo de Espinosa Rubio é dar-nos conta de que o tema do "político" ocupou sempre no pensamento de Ortega um lugar de destaque e que inegavelmente podemos falar de uma Razão Política que se encontra diluída no pensamento do autor, mas à qual poderíamos conferir um estatuto próprio ao lado de outras (razão vital , razão vivente , razão histórica ) e que seria a tradução fiel do compromisso do autor com o seu tempo e com a sua circunstância. O 5° estudo desta colectânea intitula-se "Ortega y Ia Crisis de Ia Cultura°. É de autoria de M' del Carmen Paredes Martín e defende que a interpretação orteguiana de cultura tem largas vantagens sobre a sua interpretação política. O mundo ocidental sofre essencialmente uma crise de ideias e a saída passa pelo encontro de novos valores , novos princípios de civilização e de cultura . Ortega partilha da ideia husserliana de crise de ciência. Isso contudo não significa que nos encontramos perante uma ciência moribunda , uma vez que isso seria entender apenas negativamente a crise . Ortega refere a crise da ciência e da cultura mas está convicto do seu rejuvenescimento e das possibilidades novas sempre em aberto. No estudo seguinte Pablo Redondo Sánchez trata o tema "El Nivel del Radicalismo de Ortega en 'La Ideia de Principio en Leibniz "'. Trata-se de um estudo sobre o texto mais extenso de Ortega , uma das obras mais tardias ( 1947) e que é também considerado normalmente como um dos mais difíceis e densos . R. Sánchez centra- se sobretudo no § 29 (O nível do nosso radicalismo ). Nesse § 29 aparece - nos um Ortega preocupado em clarificar o lugar que a sua filosofia ocupa assim como também o nível do seu radicalismo, querendo demarcar - se das duas tradições da filosofia contemporânea : a que parte de Husserl e a que parte de Heidegger. Se considerarmos " El Tema de Nuestro Tiempo" (O. C. vol. 3) ou "La Idea de Principio en Leibniz " podemos dizer que a crise analisada por Ortega e Husserl tem algo de comum . Ortega no entanto defende que a distância que o separa de Husseri é tão grande que não precisa de demarcação explícita . Sabemos no entanto que a relação entre os dois autores foi durante largos anos uma relação tensa. Mas em 1947, sem rodeios , Ortega explicita o problema que os separa : a distinta concepção que tinham das formas de consciência . Ortega considera a consciência executiva como fundamental e segundo Husserl essa consciência tinha de ser reduzida. No que se refere à relação com Heidegger o autor do artigo destaca várias limitações e imprecisões que Ortega tem relativamente à obra do autor de "Ser e Tempo". Julga, e pp. 457 -461 Revista Filosófica de Coi,nl,ra -ti." 8 (1995) Recensões 459 quanto a nós bem, que tal facto de deve ao facto de Ortega desconhecer muitos textos de Heidegger. Defende também que a recente publicação de algumas obras de Heidegger do período de 1919-1923, podem abrir um campo de investigação interessante para repensar esta problemática relação Ortega -Heidegger (131). J. L. Rodríguez Molinero assina o 7° estudo o qual se intitula "La Concepción de Ia Antropologia Filosófica como Saber Específico". Trata-se de um trabalho que começa por discutir a "paternidade" da Antropologia Filosófica como disciplina específica. A razão de ser desta discussão é simples. Max Scheler é comumente apontado o "fundador" da disciplina uma vez que é na sua célebre conferência de Darmstadt "El Puesto dei Hombre en el Cosmos" (1927) que aparece explicitamente a expressão. Acontece que Ortega Y Gasset utiliza a mesma expressão em 1924 e 1925 respectivamente nos trabalhos "Vitalidad, alma y espíritu" e "Para una psicologia dei hombre interesante ". E Ortega vai mais longe, chegando a defender o seu carácter originário de elaborar uma antropologia filosófica como nova disciplina! Esta questão parece contudo ter uma explicação fácil. No prólogo do "El Puesto..." Scheler diz claramente que as suas preocupações neste campo remontam a 1922 e foram claras nas suas lições de Antropologia Filosófica dadas na Universidade de Colónia entre 1922 e 1928. Se considerarmos a admiração que Ortega tinha por M. Scheler e se considerarmos que ele próprio confessa dever à Alemanha (país onde se formou o seu espírito juvenil) 4/5 do seu saber intelectual, tudo se encaixa. Uma obra central, citada aliás por R. Molinero, que pode ser preciosa ajuda nesta problemática é a de N. Orringer (Cfr. Ortega y sus Fuentes Germúnicas. Madrid, 1979). Nessa obra Orringer procura analisar o pensamento de Ortega em diálogo vivo com as suas fontes e considera que não estamos perante um vulgar plagiador ou perante superficial ecletismo, mas também não temos de considerar Ortega como exemplo de uma milagrosa liberdade frente a todo o fluxo! O 2° momento do trabalho de Molinero pretende clarificar o conteúdo da Antropologia Filosófica orteguiana, a qual pode ser vista sequencialmente como psicologia descritiva, tectónica da pessoa e caracteriologia. coincidindo com o que poderíamos chamar "uma psicologia da personalidade" (143). No que podemos considerar o 3° momento do artigo o autor explicita "as grandes capas ou estratos de personalidade" (vitalidade, alma propriamente dita, espírito). O trabalho final é apresentado por Serafín - M. Tabernero del Rio e intitula-se "Valores v Educación en Ortega". Consta de duas partes. Na primeira o autor procura expor como é que Ortega entende os valores e quais são as suas características; na segunda procura clarificar o papel que os valores desempenham na educação. Relativamente à primeira parte cremos que é dos temas orteguianos mais divulgados e neste particular a originalidade de Ortega não será assim tão relevante uma vez que, como sabemos. segue muito de perto a ética de M. Scheler. Quanto à segunda parte o objectivo do autor é dar-nos conta do modo orteguiano de entender a educação e porque é que ele defende que devem estar presentes 3 classes fundamentais de valores: vitais, intelectuais e morais. A crítica que eventualmente se poderia fazer a este último estudo é já de algum modo pressuposta pelo autor uma vez que ele próprio reconhece que ficam de fora do seu estudo os valores estéticos, religiosos e os ecológicos. Mas como ele promete estudar tais valores numa próxima pesquisa... resta-nos estar atentos, esperar por ela. Manancial de investigação não lhe falta! Esperamos que o prazer que a leitura desta obra nos deu possa ser sentido também por outros leitores. Estamos perante um rico conjunto de textos sobre Ortega, metodologicamente bem apresentados e que oferecem algumas pistas sedutoras. J. Vieira Lourenço Revista Filosófica de Coimbra - n.° 8 (1995 ) pp. 457-461 460 Revista Filosófica de Coimbra LOURENÇO, M. S. A Cultura da Subtileza. Aspectos da Filosofia Analítica . ( Lisboa: Gradiva, 1995). De Lisboa chega - nos uma amostra da Cultura da Subtileza exemplificada no tratamento de algumas questões importantes . A escolha aqui apresentada , necessariamente incompleta para lá das contingências referidas por M . S. Lourenço no prefácio ( 10-11), constitui um documento interessante do que foi um exercício de comunicação e diálogo numa estação de radio-difusão ( RDP 2 ). A intervenção dos profissionais da filosofia nos meios de comunicação social não é novidade absoluta , mesmo entre nós. O que torna, a um tempo, aliciantes e problemáticos estes actos de comunicação com um público mais vasto do que o habitual é a tensão entre o discurso de iniciação e o discurso de iniciados. Manter vivo, em todos os contextos em que se realiza uma intervenção deste tipo, com numerosos participantes , de formações diferentes , o culto da subtileza sem perder a capacidade de interessar e interpelar ouvintes e leitores é algo muito difícil. A variedade das intervenções é muito maior do que poderia fazer supor uma leitura sumária que as enquadrasse tematicamente naquilo a que M. S. Lourenço chama as subdisciplinas da lógica, teoria do conhecimento , estética e filosofia da linguagem. Logo na Parte 1 - Perplexidade, Diálogo e Conflito - se espelha claramente a diversidade e não alinhamento disciplinar de muitas intervenções deste volume . Começando com A miséria do essencialismo de Manuel Maria Carrilho em que se retoma novamente a querela em torno das virtualidades do programa de filosofia para os alunos do secundário proposto, em 1989, pelo autor e terminando no ensaio de José Trindade Santos sobre uma questão decisiva da hermenêutica do Corpus Platonicum - Porque escreveu Platão diálogos? passando pelos ensaios de António Zilhão sobre A concepção de filosofia de Wittgenstein e de António Marques em busca de uma resposta à pergunta, A filosofia apresenta resultados ? reflectem diversas concepções da filosofia e igualmente manifesta diversidade na interpretação do núcleo temático dos autores clássicos . Nada disto, por si , é negativo. Porém, o modo como M. S. Lourenço introduz a distinção entre filosofia analítica e outra que caracteriza de especulativa e vincula explicitamente à cultura filosófica dos países onde se falam as línguas românicas bem como algumas afirmações dos diversos colaboradores deste volume podem levar o leitor mais incauto a admitir que existe maior volume de teses comuns aos textos que, razoavelmente , se podem caracterizar como sendo de filosofia analítica do que realmente acontece . Outro factor de perplexidade é o papel tutelar que a figura de Wittgenstein desempenha em muitos dos ensaios aqui publicados dada a sua peculiar atitude pessoal perante a filosofia, como, aliás, muito bem reconhece M. S. Lourenço. Papel que se reflecte até na ilustração da capa com o retrato de Margaret Stonborough - Wittgenstein , a irmão do autor do Tractatus. A Parte II - Lógica e Metafísica - inclui ensaios de: João Sáàgua sobre O papel da lógica na filosofia; de Fernando Ferreira sobre Lógica, filosofia e matemática e, ainda, de João Branquinho sobre Modalidade e existência. A Parte 111 - Estética e Filosofia da Arte - inclui um conjunto significativo de cinco ensaios que representarão , porventura , a maior novidade para os leitores com uma formação académica convencional . Assim, Miguel Tamen analisa A origem da obra de arte literária: o caso de Proust; António M. Feijó retoma a questão da Mimese , a representação da realidade, tema igualmente abordado por Sidónio de Freitas Branco Paes no domínio da música (A representação da realidade na música ); João Paes sobre Tempo musical e tempo afectivo e, finalmente , João Bénard da Costa sobre A fronteira da arte. Todos estes ensaios - muito breves - são precedidos de uma introdução de M. S. Lourenço e seguidos de um diálogo de M. S. Lourenço com o autor de cada uma das comunicações no sentido de explorar articulações aí abordadas ou subentendidas . É claro que pp. 457-461 Revista Filosófica de Coimbra -n.° 8 (/995) Recensões 461 elas não podem/devem ser descontextualizadas mas cremos tratar-se, em geral, das partes mais interessantes deste volume em boa hora publicado pela Gradiva. Nestes diálogos, M. S. Lourenço revela toda a sua virtuosidade e amplitude de interesses. A. M. M. TOMAS DE AQUINO, O ente e a essência . Versão do latim e introdução de Mário A. Santiago de Carvalho. (Porto : Contraponto, 1995) A publicação deste texto não está, manifestamente, ligada a um renovado e crescente interesse do público português, leitor de textos filosóficos, pela obra e pelo pensamento de Tomás de Aquino. Está, antes, ligada, como é do conhecimento dos professores de filosofia, ao facto de o novo programa de Filosofia para o 12` ano incluir o De ente et essentia entre as obras que podem ser escolhidas para leitura integral. Não cabe aqui discutir o acerto de tal medida programática. Acontece que, quando tal decisão foi tomada, a única versão vernácula disponível era a de António Soares Pinheiro, profundo conhecedor do texto e de uma exigência de rigor conceptual e terminológico extremos que o levaram a apresentar uma versão que, precisamente pela exigência de rigor e de fidelidade ao texto original, resultou inovadora mas de difícil leitura para quem não pudesse acompanhar o labor interpretativo que lhe servia de suporte. E este seria o caso da maior parte dos leitores já que se tratava de uma tradução sem comentário interpretativo. Por isso, impunha-se nova versão portuguesa que, sem condescender no rigor interpretativo, pudesse mais facilmente ser lida por quem não está familiarizado com a obra de Tomás de Aquino. Mário A. Santiago de Carvalho, pensando nos docentes e alunos do secundário que tiverem a ousadia de ler O ente e a essência mas sem esquecer os alunos de filosofia medieval das nossas universidades, apresenta - nos uma tradução mais convencional mas mais legível para uma parte significativa dos leitores potenciais deste texto. Para superar as dificuldades que subsistem, fornece alguma ajuda nas notas de comentário e na introdução em que esboça as grandes linhas da problemática abordada neste opúsculo de Tomás de Aquino. As amplas e criteriosas referências bibliográficas permitem, ainda. ao leitor interessado, aprofundar o conhecimento da obra de Tomás de Aquino e dos problemas por ela suscitados. A inclusão de um índice temático e onomástico tornam o manuseamento deste volume ainda mais útil. A. M. M. Revista Filosófica de Coimbra - n." 8 (1995 ) pp. 457-461 Recensões 461 elas não podem/devem ser descontextualizadas mas cremos tratar- se, em geral , das partes mais interessantes deste volume em boa hora publicado pela Gradiva . Nestes diálogos, M. S. Lourenço revela toda a sua virtuosidade e amplitude de interesses. A. M. M. TOMAS DE AQUINO, O ente e a essência . Versão do latim e introdução de Mário A. Santiago de Carvalho. (Porto: Contraponto, 1995) A publicação deste texto não está, manifestamente, ligada a um renovado e crescente interesse do público português, leitor de textos filosóficos, pela obra e pelo pensamento de Tomás de Aquino. Está, antes, ligada, como é do conhecimento dos professores de filosofia, ao facto de o novo programa de Filosofia para o 12° ano incluir o De ente et essentia entre as obras que podem ser escolhidas para leitura integral. Não cabe aqui discutir o acerto de tal medida programática. Acontece que, quando tal decisão foi tomada, a única versão vernácula disponível era a de António Soares Pinheiro, profundo conhecedor do texto e de uma exigência de rigor conceptual e terminológico extremos que o levaram a apresentar uma versão que, precisamente pela exigência de rigor e de fidelidade ao texto original, resultou inovadora mas de difícil leitura para quem não pudesse acompanhar o labor interpretativo que lhe servia de suporte. E este seria o caso da maior parte dos leitores já que se tratava de uma tradução sem comentário interpretativo . Por isso , impunha-se nova versão portuguesa que, sem condescender no rigor interpretativo, pudesse mais facilmente ser lida por quem não está familiarizado com a obra de Tomás de Aquino. Mário A. Santiago de Carvalho, pensando nos docentes e alunos do secundário que tiverem a ousadia de ler O ente e a essência mas sem esquecer os alunos de filosofia medieval das nossas universidades, apresenta-nos uma tradução mais convencional mas mais legível para uma parte significativa dos leitores potenciais deste texto. Para superar as dificuldades que subsistem, fornece alguma ajuda nas notas de comentário e na introdução em que esboça as grandes linhas da problemática abordada neste opúsculo de Tomás de Aquino. As amplas e criteriosas referências bibliográficas permitem , ainda, ao leitor interessado, aprofundar o conhecimento da obra de Tomás de Aquino e dos problemas por ela suscitados. A inclusão de um índice temático e onomástico tornam o manuseamento deste volume ainda mais útil. A. M. M. Revisor Filusújìea de Coimbra - n." 8 (1995) pp. 457-461