a ontologia da vida em ortega y gasset

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A ONTOLOGIA DA VIDA EM ORTEGA Y GASSET
Rogério Baptistella1
Pretendemos nesse trabalho apresentar a abordagem da filosofia de Ortega, acerca da
questão da Ontologia da Vida. A noção de vida orteguiana não se encaixa nos moldes da
tradição filosófica. A vida, para o referido pensador, não é o corpo, nem a alma ou o eu.
Todas essas realidade são posteriores ao viver. A vida, ainda, não se reduz a uma categoria
abstrata, mas, ao contrário, é uma realidade concreta, pois vida é a de cada um, é o viver
concreto, é a “minha vida”. A vida não é uma realidade solipsista, mas o palco onde se
encontram todas as demais realidades. Isso não significa que a problemática da vida seja a
única ou mais importante, apenas é a mais radical. Viver significa encontrar-se situado
numa circunstância: eu e tudo o que me rodeia, eu e o mundo que circunda-me. Para
entendermos essa nova realidade radical, Ortega nos convida a abandonarmos as categorias
mais veneráveis da tradição filosófica. Enfrentando vinte e seis séculos de Filosofia, o
filósofo espanhol constrói uma nova imagem de “ser”. Se, para os antigos, “ser” significa
“coisa”; para a modernidade, “subjetividade”; para Ortega significa “viver”. O filósofo
madrilenho parte da idéia de que a vida não é uma coisa, pois se assim o fosse, possuiria
uma natureza e/ou mesmo uma substância. O ser da vida é tarefa, é “quehacer”, é devir, é
projeto, é uma construção que acontece no tempo, na história. Ortega traz em si a convicção
de que as antigas categorias aristotélicas e kantianas mostram-se insuficientes para captar a
realidade dinâmica que é “minha vida”. Esta não se enquadra num ser estático e perene,
antes, é pura atualidade e dinamismo. Sob esta nova ótica, Ortega não apenas descobre uma
nova realidade radical, como também concebe – diversamente de seus predecessores e
mesmo contemporâneos - as propriedade, os atributos do ser, ou seja, altera radicalmente o
modo de conceber a idéia e a forma das categorias e do categorial. A esta nova descoberta,
o filósofo ibérico confere a designação de Ontologia da vida humana, onde se faz latente
questões fundamentais, revestidas de uma nova tentativa de resposta a “o que é o ser?” que,
sem hesitar, atesta sob todo risco: O ser é aquilo que nos falta à nossa vida, é o enorme
buraco, o vazio da nossa vida, que num esforço constante tratamos de preencher.
Palavras-chave: Ontologia. Vida. Categorias. Ortega y Gasset.
1
Prof. Ms. do Curso de Filosofia da Faculdade Palotina – FAPAS.
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