PROBLEMAS AMBIENTAIS URBANOS NA CIDADE DE PRESIDENTE PRUDENTE/SP: A RELAÇÃO ENTRE RELEVO, APROPRIAÇÃO, OCUPAÇÃO E FORMA DE SE PRODUZIR O ESPAÇO URBANO Leda Correia PEDRO Doutoranda em Geografia da FCT/UNESP - [email protected] . João Osvaldo Rodrigues NUNES Prof. Dr. do Curso de Geografia da FCT/UNESP- [email protected] 1- INTRODUÇÃO Nos últimos anos, os principais fenômenos relacionados a desastres naturais em áreas urbanas no Brasil estão vinculados aos diversos processos de movimentos de massa, tais como: escorregamentos, quedas de blocos, corridas de lamas, inundações, etc. Estes desastres estão associados a eventos pluviométricos intensos (prolongados) e principalmente pelo fato de como a sociedade está se apropriando e ocupando as diferentes formas de relevo. Nas cidades, a apropriação do relevo ocorre segundo a lógica dos agentes de produção do espaço urbano, que se apropriam de determinadas formas de relevo, e atribuem valor aos mesmos. Segundo Casseti (1991), no modo capitalista de produção algumas formas de relevo, por exemplo, as vertentes, são caracterizadas como um recurso, sendo consideradas mercadorias e submetidas a especulação ou exploração de seu uso. Desta forma, algumas morfologias do sitio urbano (topos, vertentes e fundos de vale), acabam sendo incorporados no processo de expansão territorial urbana. Quando o sitio urbano se expande, novas formas de relevo são apropriadas e de acordo com os interesses dos agentes de produção do espaço urbano, cada morfologia poderá receber um valor de uso e troca distintos. Assim, em muitos casos, as formas de relevo que possuírem infraestrutura adequada (o conjunto das instalações necessárias às atividades humanas, como rede de esgotos e de abastecimento de água, energia elétrica, coleta de águas pluviais, rede telefônica etc.) e for “objeto” de especulação imobiliária, receberá um elevado valor (uso e troca) em metros quadrados. De forma geral estes compartimentos geomorfológicos poderão ser ocupados por uma população de alto poder aquisitivo. Por outro lado, determinados compartimentos do 1 Realizado de 25 a 31 de julho de 2010. Porto Alegre - RS, 2010. ISBN 978-85-99907-02-3 1 relevo, como os fundos de vale próximos aos cursos d’água, as vertentes íngremes, as áreas de proteção ambiental que não possuem infraestrutura e não estiver destinada a ocupação legal poderá ser ocupado irregularmente, por uma população de baixo poder aquisitivo. Esta forma irregular de se ocupar o relevo, pode provocar diferentes impactos no ambiente urbano. Na cidade de Presidente Prudente/SP, os eixos de expansão norte e leste, cujas vertentes são mais íngremes, concentram as áreas de exclusão social (população de baixo poder aquisitivo). Os eixos oeste e sul, cujas formas de relevo são mais suaves (planas), foram e ainda estão sendo destinada a população de alto e médio poder aquisitivo. Neste eixo, o relevo é mais suave e estão concentradas as áreas de inclusão social. É nesse ambiente urbano que expressa conflitos, desigualdades, contradições que encontramos diferentes manifestações de impactos. Que são gerados por uma sociedade consumista, cujo tempo que faz (SUERTEGARAY & NUNES, 2001) contribui na aceleração dos processos naturais, como os geomorfológicos. De acordo com Coelho (2009, p. 25) “impacto ambiental não é, obviamente, só resultado, de uma determinada ação realizada sobre o ambiente, é relação, que envolve mudanças sociais e ecológicas em movimento (dinâmica). Os impactos no ambiente urbano podem manifestar-se através da poluição atmosférica, com o lançamento de gases, e podem provocar o efeito estufa, a inversão térmica, a ilha de calor, a destruição da camada de ozônio, a chuva ácida. Pode afetar o solo, por meio da contaminação de resíduos sólidos e líquidos, com processos erosivos que contribuem para a degradação do mesmo, movimentos de massa, podemos incluir também o desmatamento, contaminação dos recursos hídricos, enchentes, entre outros. Esses impactos são produzidos e induzidos pelas atividades humanas. No momento que a população interfere na dinâmica da natureza, por meio da apropriação e ocupação do relevo, muda-se todo o comportamento de diferentes processos. Temos dessa forma, alterações na dinâmica natural dos fluxos, no qual o ciclo hidrológico é afetado. Assim, a infiltração natural de água pluvial é alterada principalmente por causa da retirada da cobertura vegetal e pela impermeabilização do solo. Isso gera um aumento do escoamento superficial, que pode se agravar, dependendo da morfologia da vertente e o comprimento de rampa. A disposição das vias públicas também pode influenciar 2 Realizado de 25 a 31 de julho de 2010. Porto Alegre - RS, 2010. ISBN 978-85-99907-02-3 2 a degradação dos ambientes urbanos, isso por promover a concentração e canalização dos fluxos pluviais para determinados locais, que ao receber todo este fluxo de água pode gerar problemas ambientais urbanos como enchentes, erosões, desabamento etc. Com isso, muitos sedimentos, detritos e materiais úrbicos advindos das áreas de topos e das vertentes, são transportados, depositados e acumulados em áreas mais baixas do relevo. Os fundos de vale acabam sendo os maiores receptores e acumuladores desses materiais, neste ambiente podemos encontrar além de sulcos erosivos, ravinas e voçorocas, os depósitos tecnogênicos. Desta forma, para se entender a lógica de apropriação e ocupação dos compartimentos geomorfológicos de Presidente Prudente/SP, analisou-se os fatos que impulsionaram a expansão territorial urbana, de acordo com a lógica de produção do espaço urbano e alguns impactos ambientais urbanos mais expressivos. 2- OBJETIVOS O objetivo geral foi enfocar como os agentes de produção do espaço urbano se apropriaram e ocuparam os compartimentos geomorfológicos (topos, vertentes, fundos de vale), e os possíveis efeitos e respostas deste ambiente. Já os objetivos específicos da pesquisa foram: a) elaborar um mapeamento que demonstrasse à geomorfologia e a expansão territorial urbana da cidade de Presidente Prudente, b) atrelar alguns fatos que viessem a explicar como ocorreram os processos de apropriação e ocupação deste relevo e conseqüentemente a expansão territorial urbana, c) demonstrar por meio de um mapeamento temático os principais compartimentos geomorfológicos vinculados as áreas de exclusão e inclusão social, além apontar alguns impactos e identificar algumas morfologias decorrentes da ação antrópica. 3- METODOLOGIA Os procedimentos metodológicos adotados para o desenvolvimento da pesquisa foram: a) pesquisas e revisão bibliográfica e resgate histórico do processo de expansão territorial da cidade, b) análise da geomorfologia local, elaboração de cartas temáticas como a geomorfológica (NUNES et al, 2006) sobreposta aos mapeamentos de expansão territorial 3 Realizado de 25 a 31 de julho de 2010. Porto Alegre - RS, 2010. ISBN 978-85-99907-02-3 3 (PEDRO, 2008) e de áreas de exclusão social (CEMESPP, 2003), c) trabalhos de campo para compreender e verificar como ocorreu a apropriação do relevo e os impactos gerados. 4- RESULTADOS Os resultados obtidos se basearam principalmente no que se refere ao histórico de apropriação e ocupação dos compartimentos geomorfológicos e os principais impactos ambientais urbanos identificados na cidade de Presidente Prudente. Assim, apresentaremos alguns fatos e acontecimentos que marcaram e impulsionaram a expansão territorial urbana da cidade. Em seguida, pretendemos demonstrar como os compartimentos geomorfológicos foram ocupados e os principais impactos identificados. 4.1. Fatos que marcaram o histórico de apropriação e ocupação de Presidente Prudente: O histórico de apropriação e ocupação da cidade de Presidente Prudente e a expansão territorial urbana (figura 01) foram marcados por alguns acontecimentos e fatos, que foram sintetizados logo abaixo: a) Na década de 10, ocorre a implantação dos dois primeiros núcleos urbanos da cidade, um na zona leste e o outro na zona oeste, ambos ocupando as áreas de topos do espigão divisor de águas; b) Na década de 20 e 30, a economia rural, baseada no café, provoca transformações e a cidade se expande mais a oeste, onde são ocupadas também as altas e médias vertentes e algumas cabeceiras de drenagens; c) Na década de 40, a economia rural, baseada no setor algodoeiro seguido pela pecuária, impulsiona a expansão do tecido urbano para todas as direções, mas com destaque para os eixos oeste, norte e sul da cidade. Nesta década, são incorporados na malha urbana os primeiros fundos de vale; d) Na década de 50, ocorre expansão das áreas de pastagens e as indústrias frigoríficas se instalam na cidade. O crescimento territorial da cidade seguiu a ferrovia no sentido norte-sul. Mas apesar deste crescimento, ela também sofre expansão em todas as direções, recebendo destaque para os eixos oeste, norte e sul. Os topos do espigão divisor de águas, as altas e médias vertentes, algumas cabeceiras de drenagem e alguns fundos de vale são incorporados ao tecido urbano; e) Na década de 60 a 80, ocorre a implantação de alguns Programas Habitacionais e introdução do Projeto de Urbanização de Fundos de Vale. Os eixos de expansão que se destacam são o norte, leste e oeste, o eixo sul sofre 4 Realizado de 25 a 31 de julho de 2010. Porto Alegre - RS, 2010. ISBN 978-85-99907-02-3 4 pequena expansão, isso ocorre devido ao rompimento das barreiras psicológicas (SPOSITO, 1983). São incorporados ao tecido urbano diferentes compartimentos do relevo; f) Na década de 90 e após 2000, outros núcleos urbanos são implantados, por meio de Programas Habitacionais, e mais compartimentos geomorfológicos são incorporados. Com base nas informações acima e ao observar a carta da geomorfologia e expansão territorial urbana da cidade de Presidente Prudente, percebemos que a malha urbana que na década de 10 a 20 encontrava-se somente em um segmento de topo, onde identificamos o espigão divisor de águas da bacia do Rio Santo Anastácio e Mandaguari. Conforme o decorrer das décadas, ao tecido urbano foi se expandindo no sentido oeste com mais expressividade e norte e sul sendo menos expressivos. Quando analisada a carta com feições geomorfológicas e de expansão urbana (figura 01, p.6) podemos perceber que no sentido leste ocorreu pouca expansão. Isso devido as vertentes com declividades acentuadas (com áreas que atingem de 30% de declive), devido a linha férrea que cortava o centro da cidade (uma barreira psicológica). A partir da década de 60 que a zona leste sofre uma expansão territorial urbana mais expressiva, no entanto o crescimento dos eixos oeste e norte são muito superiores, quando comparados ao eixo leste. Esta tendência da expansão territorial urbana se confirma nas próximas décadas, sendo mais significativa no eixo oeste e norte. Todavia, o eixo leste e sul apresentam expansão, porém de forma menos significativa. No momento que realizamos o exercício de sobreposição da carta geomorfológica e de exclusão e inclusão social (figura 02, p. 7) é possível perceber como estão espacializada as áreas de inclusão social (malha urbana na cor verde), média inclusão (malha urbana na cor azul) e exclusão social (malha urbana na cor vermelha). O eixo leste e norte da cidade de Presidente Prudente são “marcados” por concentrar não apenas pessoas que estão inseridas no grupo de inclusão social, mas também é o local onde se encontra os principais pontos dos antigos locais de disposição de resíduos sólidos (observe a figura 03, p. 8), além da área atual de deposição. 5 Realizado de 25 a 31 de julho de 2010. Porto Alegre - RS, 2010. ISBN 978-85-99907-02-3 5 Figura 01. Geomorfologia e expansão territorial urbana Como se pode observar na carta de disposição final de resíduos sólidos de Presidente Prudente, as áreas dos antigos lixões estão dispostas principalmente nas zonas norte e leste da cidade, totalizando vinte e nove unidades no período de 1923 a 2003. Estas áreas estão localizadas nos fundos de vales dos córregos do Veado, Água do Boscoli e Colônia Mineira; e uma grande concentração de áreas de deposição nas zonas leste e norte, nos fundos de vales dos córregos do Salto, nas zonas de cabeceiras do Gramado, da Cascata e do Córrego da Onça. 6 Realizado de 25 a 31 de julho de 2010. Porto Alegre - RS, 2010. ISBN 978-85-99907-02-3 6 As antigas áreas dos “lixões” estão localizadas em fundos de vales e erosões urbanas, essas áreas segundo Ikuta (2003) “têm sido utilizadas para a deposição de lixo, tanto pela PRUDENCO”, que é a empresa responsável pela coleta e destinação final de resíduos sólidos domésticos e hospitalares e pelos serviços de varrição de ruas e praças, como pela população. A forma de disposição das antigas áreas onde se encontram os lixões, foram de acordo com Mazzini (1997) implantados sem seguir critérios adequados para escolha das áreas de deposição de lixo e a prevalência do “tapa buracos”, que ocasionou o aterro de muitas nascentes e a contaminação de cursos d’água pelo chorume resultante da decomposição do lixo sem tratamento, etc. Após a desativação dos lixões, muitos deles receberam usos específicos na tentativa de reintegrar estas áreas ao ambiente urbano. Mazzini (1997, p. 33) aponta alguns usos para estas áreas, como uso de campo de futebol (quando abandonadas), praças mal planejadas (que apresentam problemas de rebaixamento ou subsidência). 7 Realizado de 25 a 31 de julho de 2010. Porto Alegre - RS, 2010. ISBN 978-85-99907-02-3 7 Figura 02. Geomorfologia e áreas de inclusão social, intermediárias e de exclusão social O que ocorre na maior parte destas áreas, onde encontramos antigos lixões, é a cobertura dos resíduos por uma camada de terra e o esquecimento das autoridades competentes, tornando-se áreas abandonadas pelo poder público. Mazzini (1997) constatou que das vinte áreas de antigos lixões de Presidente Prudente dezessete estão em fundos de vales, duas áreas estão localizadas em erosões urbanas e uma se encontra em uma vertente (escarpa). 8 Realizado de 25 a 31 de julho de 2010. Porto Alegre - RS, 2010. ISBN 978-85-99907-02-3 8 Figura 03. Antigas áreas de deposição de resíduos sólidos e lixão da cidade De acordo com a autora estas áreas pertenciam ao poder público municipal e estão localizadas primordialmente nas zonas leste e norte da cidade, onde se encontram cabeceiras de drenagem de vários cursos d’ água que integram o relevo acentuado e os vales encaixados. Segundo Ikuta (2003, p. 123) estas áreas são desvalorizadas pelos agentes de produção do espaço urbano. As características destes locais contribuem na desvalorização dessas áreas no interior da cidade. O lixo exposto a céu aberto e conseqüentemente os problemas que este tipo de destinação acarreta (maus odores e proliferação de insetos e germes patológicos que são vetores de doenças), compromete a qualidade ambiental destas áreas e a população ocupante acaba sendo aqueles que possuem menor renda. Dessa forma, constata-se que as áreas mais desvalorizadas da cidade estão próximas às antigas e a atual área de disposição de resíduos sólidos e onde encontramos os 9 Realizado de 25 a 31 de julho de 2010. Porto Alegre - RS, 2010. ISBN 978-85-99907-02-3 9 compartimentos geomorfológicos com declividades mais acentuadas. São nestes locais que concentram as áreas de exclusão social. 4.2. A ocupação dos compartimentos geomorfológicos e os impactos ambientais urbanos Os compartimentos geomorfológicos de cidade de Presidente Prudente foram identificados de acordo com o primeiro nível de abordagem proposto por Ab’ Saber (1969), no qual identificamos o domínio dos topos, das vertentes e dos fundos de vale. A área de topos, do perímetro urbano de Presidente Prudente, encontra-se com expressiva ocupação residencial e algumas áreas comerciais. Nesse compartimento, que possui formas levemente onduladas, encontram-se muito impermeabilizado, devido a cobertura de “cimento” que são feitas nos quintais residências e pela camada de asfalto das vias. Assim, boa parte das águas pluviais não consegue infiltrar e acaba sendo escoada e direcionada para os fundos de vale. Essa inferência antrópica no ciclo hidrológico provoca sérios impactos neste ambiente, nos quais se destacam os processos erosivos. Também encontramos nos limites entre topos e altas vertentes, as cabeceiras de drenagens. Na zona leste da cidade de Presidente Prudente, especificamente nas proximidades do Distrito Industrial encontramos o lixão da cidade. Neste; local existe diversas nascentes que estão comprometidas, pois o lixo depositado a montante contaminou estas águas por meio do chorume. As vertentes, cujas morfologias identificadas foram as côncavas, as convexas e as retilíneas, também se encontram ocupadas por residências, porém algumas faixas destas vertentes ainda apresentam-se com cobertura vegetal de pequeno porte (grama, capim) ou encontra-se com o solo exposto. O solo exposto é o resultado da retirada da cobertura vegetal, desta forma o ciclo hidrológico sofre uma alteração em sua dinâmica natural. As águas pluviais que antes encontravam na cobertura vegetal um obstáculo (tinham a função de diminuir o impacto das 10 Realizado de 25 a 31 de julho de 2010. Porto Alegre - RS, 2010. ISBN 978-85-99907-02-3 10 gotículas de chuva diretamente com o solo, impedindo o efeito “splash”, e permitindo a infiltração desta água no solo), atualmente, as gotículas de chuva estão atingindo o solo de forma direta. Dessa maneira, temos a desagregação dos sedimentos, que são transportados para áreas a jusante e dando início a processos erosivos. Existem algumas vertentes que se encontram na área de estudo que possuem áreas residenciais cuja cobertura pode ser o solo impermeabilizado, o solo exposto ou com pastagens. Estes usos e ocupação alteram de forma significativa a geometria dos compartimentos geomorfológicos. As vertentes sofrem um aumento em seus declives com os cortes destinados às ruas e o nivelamento dos lotes, entre outras intervenções. O solo exposto encontra-se fragilizado e pode gerar sulcos, ravinas e voçorocas. Mas além destes problemas, nos meses mais chuvosos, a interferência antrópica associada a fortes chuvas pode resultar em desabamentos, deslizamentos etc. Em trabalho de campo foi possível identificar um desses casos, no qual envolveu um desabamento do muro de arrimo de uma residência no Jardim Humberto Salvador. Isso ocorreu devido as intensas chuvas ocorridas neste período e a concentração do escoamento superficial que se direcionou para o quintal da moradora derrubando desta forma o muro e parte do talude construído na vertente. Neste caso, duas residências ficaram comprometidas, com risco de desabar. Nas áreas onde encontramos os fundos de vales, identificamos principalmente a apropriação dos mesmos nos Projetos de Urbanização de Fundos de Vale. Os cursos d’água existentes nestas áreas são incorporados a estes projetos e sofrem alterações profundas quanto a sua forma e dinâmica hídrica. Muitos fundos de vale, onde encontramos vários cursos d’ água em Presidente Prudente, foram incorporados ao tecido urbano, sendo retificados e canalizados. Em alguns desses fundos de vale foram construídas as margens ou até mesmo em cima do curso d’água canalizado grandes avenidas. Nos períodos de chuvas intensas e constantes, o nível de água nestes cursos aumenta. Assim, algumas tubulações não comportam a quantidade d’água que foram direcionadas aos cursos e estouram a tubulação. Além desse problema, nestes períodos chuvosos algumas avenidas e áreas circunvizinhas a esses cursos d’água canalizado sofrem inundação. 11 Realizado de 25 a 31 de julho de 2010. Porto Alegre - RS, 2010. ISBN 978-85-99907-02-3 11 Também temos problemas ambientais urbanos relacionados as voçorocas, que acabam sendo vista pela população como áreas propícias ao depósito de resíduos sólidos. O assoreamento dos cursos d’águas é outro problema detectado nos ambientes urbanos, pois a grande quantidade de materiais (detritos, sedimentos e materiais úrbicos) que são transportados pelas enxurradas acaba se depositando nos fundos de vale. Este processo de transporte, deposição e acumulação de diferentes tipos de materiais dão origem aos depósitos tecnogênicos. Nos fundos de vale de Presidente Prudente foram identificadas algumas planícies tecnogênicos com sedimentos, detritos e artefatos antrópicos. O resultado desta investigação demonstrou por meio da elaboração das cartas temáticas (de expansão territorial, geomorfológica e de áreas de inclusão e exclusão), associado a trabalhos de campo, que a ocupação do relevo, segue a lógica e os interesses dos agentes de produção do espaço urbano ocasionando impactos neste ambiente. A forma como ocorreu esta ocupação, na maioria dos casos, não se respeitou a morfologia do relevo e as leis de preservação ambiental. Assim, é fundamental que o poder público e privado, leve em consideração as dinâmicas da sociedade e da natureza no momento de expansão territorial urbana. Desta forma vários impactos sociais e ambientais poderão ser evitados ou minimizados. BIBLIOGRAFIA ABREU, D. S. Formação histórica de uma cidade pione ira paulista: Pre side nte Prude nte . Presidente Prudente: Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras, 1972. AB’ SABER, A. Um conceito de geomorfologia a serviço das pesquisas sobre o quaternário. Ge omorfologia, São Paulo: Ateliê Editorial, n º 18, p. 1-31, 1969. CASSETI, V. Ambie nte e apropriação do re le vo. São Paulo: Contexto, 1991. CELHO, M. C. N. Impactos Ambientais em Áreas Urbanas: Teorias, Conceitos e Métodos de Pesquisa. In: GUERRA, A. J. T. & CUNHA, S. B. Impactos Ambie ntais Urbanos no Brasil. Bertrand: Rio de Janeiro, 2009. FUJIMOTO N. S. V. M. Considerações sobre o ambiente urbano: um estudo com ênfase na geomorfologia urbana. 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