CATECOLAMINAS

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Catecolaminas
Fórum de Farmacologia
CATECOLAMINAS
A. Professor Luís Figueira
1. Que substância tem analogia, em termos de actuação no neurónio pós-ganglionar
simpático, com o vesamicol no neurónio pós-ganglionar parassimpático?
2. Pesquise qual o princípio activo da droga de abuso Ecstasy e descreva o seu
mecanismo de acção e efeitos associados (sucintamente!).
3. Numa situação de exercício físico, qual das seguintes respostas fisiológicas seria
inesperada?
Relaxamento do músculo liso brônquico
Diminuição do peristaltismo intestinal
Contracção do músculo radial da íris
Aumento do fluxo sanguíneo renal
Gliconeogénese
4. Revisão de Fisiologia: quais os determinantes fisiológicos da pressão arterial?
Refira, por exemplo, as alterações desses parâmetros que considera mais prováveis
numa situação de hemorragia com perda de volume circulante (veremos na aula a
aplicação destes conceitos à Farmacologia).
1ª Proposta de soluções:
1. O vesamicol é um inibidor do sistema de transporte de acetilcolina. Os análogos
deste fármaco são, entre outros, a tiramina e anfetamina. Estas deslocam a noradrenalina
dos locais onde ela se encontra para o líquido extracelular.
2. Principio activo – metilenodioximetanfetamina (MDMA).
Efeitos associados - aumento da sensação de actividade, da energia de resistência ao
cansaço e ao sono, supressão da fome, pode provocar quando em excesso, arritmias,
desidratação e colapso circulatório por esforço excessivo.
Mecanismo de acção - aumenta a concentração de catecolaminas, particularmente de
dopamina, na biofase (por inibição da recaptação neuronial), que seria responsável pelas
sensações de euforia e excitação.
3. Seria inesperado o aumento do fluxo renal pois durante o exercício físico há
vasoconstrição renal e consequentemente diminuição do fluxo renal.
Relaxamento do músculo liso brônquico – porque nesta musculatura os receptores α
não tem grande significado farmacológico ou terapêutico, e os receptores β quando
estimulados provocam broncodilatação ou não provocam qualquer efeito.
Diminuição do peristaltismo intestinal – os receptores α e β ai existentes intervém
em respostas inibitórias (diminuição do peristaltismo e do tono).
Contracção do músculo radial da íris – receptores α quando estimulados provocam
midriase.
Gliconeogénese – é activada aquando do exercício prolongado.
4. Pressão arterial média (Pm = débito cardíaco x resistência vascular periférica),
pressão arterial sistólica e pressão arterial diastólica.
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Numa situação de hipovolémia caracteriza-se entre outro aspectos por hipotensão.
Assim sendo, há uma diminuição das pressões sistólica e diastólica. No que se refere a
pressão arterial média não sei se haverá grandes alterações, pois neste tipo de choque
ocorre aumento da resistência vascular periférica e diminuição do débito cardico, como
tal o valor de Pm pode não variar muito (não estou muito certa disto).
Ana Vieira
2ª Proposta de soluções:
Ana, concordo com as tuas resoluções, embora a minha resposta na pergunta 1 fosse
reserpina.
Na pergunta 4, os determinantes da PA são (tal como disseste) o débito cardíaco e a
resistência vascular periférica.
Numa situação de hemorragia, o débito cardíaco iria diminuir o que conduziria a
uma diminuição da PA (aliás, uma das complicações que pode surgir em doentes com
hipertensão arterial é precisamente a hemorragia).
Em caso de hemorragia, a frequência cardíaca aumenta (mecanismo de
compensação), promove-se a expulsão de sangue e os vasos sanguíneos contraem-se e
reduzem a sua capacidade. No entanto, se se perder uma grande quantidade de sangue
rapidamente, os mecanismos de compensação são insuficientes e a pressão arterial
diminui. Se a hemorragia se detém, o resto dos líquidos do organismo tende a entrar na
circulação sanguínea, recupera-se o volume e a pressão sobe.
Rita Guedes
Avançamos no nosso estudo das catecolaminas e fármacos relacionados... seguindose as habituais questões!
1. Nomeie uma amina simpaticomimética que:
a) estimule a libertação de renina e glicagina e iniba a lipólise
b) promova vasodilatação coronária e muscular sem apreciável vasconstrição
cutânea
c) contraia o trígono da bexiga sem actuação apreciável em receptores pré-sinápticos
2. Considere um doente de 56 anos, sexo masculino, obeso, com hipertensão
arterial, diabetes mellitus tipo 2 e angina de peito estável, admitido no S.U. por dor précordial prolongada não aliviada pela ingestão de nitratos. O ECG e a elevação dos
marcadores de necrose miocárdica confirmam o diagnóstico de enfarte agudo do
miocárdio. A situação é complicada ao fim de 6 horas com choque cardiogénico. Atente
no documento anexado, ilustrando a abordagem terapêutica nessa situação. Pede-se um
comentário breve à utilização das 3 aminas em cada contexto (na linha apontada pela
seta).
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O choque cardiogénico caracteriza-se por hipoperfusão sistémica devida à
depressão do débito cardíaco e hipotensão arterial sistólica persistente (<90mmHg) e
pressão diastólica final do ventriculo esquerdo elevada.
1. Num doente com quadro agudo de ergotismo, é mais provável (assinale as opções
correctas):
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a) apresentar taquicardia
b) apresentar bradicardia
c) apresentar gangrena das extremidades
d) apresentar agitação psicomotora
e) apresentar sedação
f) ser agricultor
g) ser advogado
2. A fenoxibenzamina, sendo um antagonista irreversível, ainda tem interesse
terapêutico? Exemplifique.
3. Os bloqueadores beta são hoje fármacos de primeira escolha na insuficiência
cardíaca, estando demonstrado que diminuem a morbilidade e mortalidade nesses
doentes. Pesquise a resposta aos seguintes pontos:
a) que mecanismos explicam a sua acção benéfica nestes doentes?
b) estarão indicados em qualquer estadio de gravidade da IC?
c) qual a razão da sua introdução no regime terapêutico de um doente com IC dever
ser feita com doses baixas e de forma gradual?
Proposta de soluções:
1. b), c), d), f)
O ergotismo está associado aos derivados da cravagem do centeio que actuam como
agonistas parciais dos receptores α adrenérgicos e produzem vasoconstrição periférica à
qual se associa bradicardia e diminuição do débito cardíaco. Em casos de intoxicação
pelos derivados da cravagem do centeio (ergotismo), além da bradicardia, podem surgir
a gangrena das extremidades como consequência da vasoconstrição) e agitação
psicomotora (inclusivamente convulsões e alucinações). Esta é uma situação mais
frequentemente encontrada em agricultores devido à proximidade destes com os
derivados da cravagem do centeio, no seu dia-a-dia.
Outros efeitos que podem surgir num quadro de ergotismo são vómitos, diarreia,
cefaleis, vertigens, inflamação da pele, vasoespasmo digital, parastesias, derrame
pleural e complicações fibróticas (cardíacas e pulmonares).
2. a fenoxibenzamina é uma β- haloalquilaminamuito potente (sobretudo sobre os
receptores α1, muito bem absorvida por via oral cujo efeito mais marcante é a
hipotensão (postural) porque provoca a anulação dos efeitos α das aminas
simpatomiméticas. Uma das suas vantagens é o facto dos seus efeitos se manterem
durante 2-4 dias após uma única dose. Deste modo, a fenoxibenzamina deverá ser
preferida em todos os casos em que se deseje um efeito sustentado, nomeadamente em
tratamento pós-operatório do feocromocitoma, para evitar crises hipertensivas na
remoção desses tumores e no tratamento de doentes com feocromocitomas inoperáveis.
3.
a) os doentes com insuficiência cardíaca apresentam um número aumentado de
catecolaminas na corrente sanguínea (como resultado do processo compensatório),
portanto, torna-se necessário proteger estes doentes contra as elevadas concentrações de
catecolaminas com os bloqueadores β, nomeadamente o carvedilol. O que vai permitir
uma diminuição da pressão arterial e uma redução do trabalho cardíaco.
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b) não, pois em doentes com cardiopatia grave, os bloqueadores β podem produzir
acumulação de sódio e água e insuficiência cardíaca congestiva. Podem também
precipitar uma insuficiência cardíaca aguda ao suprimirem o tono simpático, quando ele
é o único factor que mantém o estado de compensação cardíaca.
c) para evitar que a redução da frequência cardíaca, e a força de contracção do
miocárdio seja tão brusca que comprometa a actividade do coração. Devem-se portanto
administrar doses baixas e graduais para que a redução do débito cardíaco e da pressão
sanguínea seja também gradual.
Rita Guedes
B. Professor Luís Coentrão
Para esta semana tentem descobrir o mistério:
A ergotamina origina hipertensão acompanhada de bradicardia e diminuição do
débito cardíaco.
Proposta de solução:
A ergotamina é um bloqueador adrenérgico α, derivado da cravagem do centeio, que
actua como agonista parcial desses mesmos receptores adrenérgicos α. A sua afinidade
para os receptores adrenérgicos é cerca de 300 vezes superior à da noradrenalina mas a
acção agonista (que precede a antagonista) máxima é só cerca de um terço da produzida
por esta amina.
A sua actividade agonista dos receptores adrenérgicos α conduz a uma constrição de
todos os músculos lisos e a uma vasoconstrição periférica que pode cursar com
gangrena local.
Quando em doses suficientemente elevadas, a ergotamina é capaz de inverter os
efeitos vasculares da adrenalina e diminuir ou mesmo suprimir os efeitos causados, quer
pela noradrenalina quer pela estimulação simpática. Isto significa que, a ergotamina vai
antagonizar os efeitos cronotrópico, batmotrópico, dromotrópico e inotrópico positivos,
levando a uma situação de bradicardia e diminuição do débito cardíaco.
Também devido ao aumento das resistências vasculares periféricas (consequência da
vasoconstrição periférica) e consequente hipertensão, vai desencadear-se uma reacção
vagal reflexa, que conduz também a uma redução da frequência cardíaca.
Ana Penas
C. Professora Ana Caló
Explique qual o modo de acção da tiramina.
Que efeito prevê obter tratando um tecido com tiramina após tratamento com
reserpina? Ou seja, espera obter resposta à tiramina ou não, e se sim, uma resposta
potenciada em relação à resposta que seria obtida dando noradrenalina exógena?
Proposta de soluções:
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A tiramina é uma amina de acção indirecta que produz efeitos simpaticomiméticos
de curta duração. Ao nível da membrana pré-sináptica, este fármaco troca com a
noradrenalina (NA) através duma proteína transmembranar, a NAT/NET, isto é, faz
antiporte com a NA. Através deste processo há uma libertação rápida de amina activa
para a fenda sináptica. Esta acção das aminas do tipo da tiramina está associada a um
fenómeno denominado de taquifilaxia, que se explica pelo esgotamento do depósito de
NA disponível para ser deslocado pelos agentes de acção indirecta. Desta maneira a
repetição da ministração de tiramina resulta numa perda rápida de eficácia o que não
acontece com a repetição da ministração de aminas do tipo da NA (amina de acção
directa).
Tratando um tecido com tiramina após tratamento com reserpina não irá haver
resposta à tiramina. As aminas de acção indirecta são anuladas enquanto que as aminas
de acção directa, como a NA, actuam mesmo após tratamento com a reserpina.
Vânia Teixeira
Explique qual o destino da noradrenalina que é libertada na fenda sinaptica.
Compare brevemente com o que estudou para a acetilcolina.
Proposta de solução:
A noradrenalina (NA) libertada na fenda sináptica vai ser recaptada pelo terminal de
onde proveio ou por outros situados perto. Esta rescaptação é efectuada por uma
proteína transmembranar denominada NET ou NAT. Uma vez dentro do neurónio, a
NA pode ser recaptada pelas vesículas ou ser inactivada pela MAO, que por oxidação a
transforma num aldeído. Este aldeído pode ser reduzido a álcool por uma redutase
aldeídica formando-se o DOPEG ou pode ser oxidado por uma desidrogenase aldeídica
formando-se um ácido,DOMA. A acetilcolina não vai ser recaptada pelo terminal présináptico mas irá ser hidrolisada na própria fenda sináptica por acção da
acetilcolinesterase.
Vânia Teixeira
Doente de 73 anos, sexo masculino, sofre de hiperplasia benigna da prostata e está
medicado com terazosina. Queixa-se de cefaleias, cansaço, tonturas, edemas dos
tornozelos desde que iniciou este fármaco.
1. a terapêutica é adequada ao problema?
2. qual é a acção farmacológica da terazosina?
3. como interpreta o quadro clínico descrito pelo doente?
Reparem que esta poderia ser uma pergunta de exame (com formato de escolha
múltipla, claro.)
Proposta de soluções:
1. Penso que a terapêutica é correcta porque a terazosina provoca relaxamento do
músculo liso da próstata, o que facilita a micção em pessoas com hiperplasia desta
glândula.
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2. A terazosina é um bloqueador reversível dos adrenorreceptores α1 (α1a, α1b e
α1d).
3. Os adrenorreceptores do subtipo α1a predominam no músculo liso da próstata,
enquanto que os α1b predominam no músculo liso dos vasos.
O bloqueio destes últimos provoca vasodilatação (quer dos vasos de resistência quer
dos de capacitância), sem grandes alterações da FC ou do débito cardíaco, o que
condiciona um estado de hipotensão. Isto explica todos os efeitos laterais apresentados
pelo doente: edema porque a drenagem das extremidades fica mais difícil; cefaleias e
tonturas devido à redução do fluxo a nível dos vasos cerebrais; cansaço devido à
diminuição da pressão de perfusão tecidular.
Para evitar estes efeitos indesejados, poderia recorrer-se a um bloqueador α1aselectivo como a tansulosina. Está demonstrado que os seus efeitos secundários são
bastante menores que os da terazosina.
Telma Santos
Explique qual o destino da noradrenalina que é libertada na fenda sinaptica.
Compare brevemente com o que estudou para a acetilcolina.
Proposta de soluções:
A noradrenalina libertada na fenda sináptica pode ser recaptada pelo neurónio
(uptake 1), captada por estruturas não neuroniais como as fibras musculares e
fibroblastos, (uptake2) ou abandonar a biofase por difusão e passagem à corrente
sanguínea, sendo inactivada num ponto mais ou menos afastado do órgão que a libertou.
O uptake 1, que consiste num mecanismo activo bloqueado pela cocaína, é o mais
importante. A amina, já dentro do neurónio, pode ser recaptada pelas vesículas ou
inactivada pela MAO (produção de DOPEG ou DOMA).
Em relação ao uptake 2, este faz-se em parte por um mecanismo activo bloqueado
pela normetanefrina e por alguns corticosteróides e em parte por uma mecanismo em
função da lipofilia (passivo). O mediador que entra nestas células não nervosas vai ser
metabolizado por acção do COMT (produção de normetanefrina) ou por acção do
COMT e da MAO (origina MOPEG ou VMA conforma o grau de oxidação).
A acetilcolina é removida da fenda sináptica por inactivação enzimática pela
acetilcolinesterase (o mais importante); captação ou recaptação neuronial e difusão para
fora da sinapse. Assim, a enorme eficácia da acetilcolinesterase retira relevância aos
últimos dois processos ao contrário do que sucede com a noradrenalina. Nesta última, as
enzimas que destroem as catecolaminas não estão à superfície das células, mas sim
dentro delas (MAO e COMT), tendo estas aminas de ser transportadas para dentro das
células por transporte activo (bomba-enzima). De um modo geral, estes transportadores
já fizeram o trabalho todo, ou seja retiraram as aminas da fenda, cabendo às enzimas
uma acção secundária, contrariamente ao que se passa com a acetilcolina.
Ana Ferreira
1. Em que tecidos predominam os receptores alfa1? Quais são as acções
desencadeadas pela sua estimulação nos varios orgãos alvo?
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2. Como podemos intervir a nivel da metabolização enzimatica da noradrenalina?
Proposta de soluções:
1. Os receptores α1 são pós-sinápticos e estão articulados com a proteína Gq. Assim,
da sua activação resulta: ↑IP3 e ↑ DAG → contracção.
Tecidos em que predominam receptores α1 e acções desencadeadas pela sua
estimulação:
• músculo radial da íris → contracção (midríase)
• musculatura lisa das principais artérias (pulmonar, esplénica, mesentárica, renal,
femoral, uterina, etc…) → contracção
• musculatura lisa de muitas veias (safena, porta, jugular, femoral, mesentérica,
braquicefálica, ázigos, pulmonar, esplénica…) → contracção
2.
Inibindo a metabolização enzimática da NA:
Bloqueio “directo” da actividade das enzimas que contribuem para a
biotransformação da NA:
Inibidores da MAO:
• iproniazida
• pargilina
Inibidores da COMT:
• U-0521
Bloqueio “indirecto” da actividade destas enzimas:
Impedir a recaptação da NA para os nervos adrenérgicos, bloqueando a proteína
responsável por este transporte activo (NAT) com fármacos como a cocaína,
imipramina, desipramina
Ana Luís, Ana Castro e Amanda Nogueira
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