UNIVERSIDADE FEDERAL DO PAMPA CAMPUS SANTANA DO LIVRAMENTO GRADUAÇÃO EM ADMINISTRAÇÃO PALOMA APARECIDA MENDONÇA CARDOSO Os Processos de Gestão de Pessoas de uma Micro-Empresa da Cidade de Santana do Livramento – RS - Estudo de Caso de uma Revenda de Veículos. TRABALHO DE CONCLUSÃO DE CURSO Santana do Livramento 2013 PALOMA APARECIDA MENDONÇA CARDOSO Os Processos de Gestão de Pessoas de uma Micro-Empresa da Cidade de Santana do Livramento – RS - Estudo de Caso de uma Revenda de Veículos. Trabalho de Conclusão de Curso apresentado como requisito para obtenção do título de Bacharel em Administração pela Universidade Federal do Pampa - UNIPAMPA. Orientador: Profº.Me. Cesar Techemayer Santana do Livramento 2013 PALOMA APARECIDA MENDONÇA CARDOSO Os Processos de Gestão de Pessoas de uma Micro-Empresa da Cidade de Santana do Livramento – RS - Estudo de Caso de uma Revenda de Veículos. Trabalho de Conclusão de Curso apresentado como requisito para obtenção do título de Bacharel em Administração pela Universidade Federal do Pampa - UNIPAMPA. Área de Concentração: Trabalho de Conclusão de Curso defendido e aprovado em: ___/___/_____. Banca examinadora ________________________________________________________________ Prof. Me. Cesar Techemayer Administração – UNIPAMPA ________________________________________________________________ Administração – UNIPAMPA Dedico esse estudo ao meu marido Tiago, o qual sempre esteve ao meu lado incentivando a continuação dos meus estudos, a minha amada e pequena filha Paola, esta que é a razão dos meus esforços para concluir a Graduação em Administração e à micro-empresa objeto deste estudo, para a qual pretendo prestar uma contribuição científica no que tange à administração dos processos de Gestão de Pessoas. AGRADECIMENTOS Agradeço ao meu orientador Cesar Augustus Techemayer, pela excelência em ensinar e tornar esse trabalho possível de ser editado da melhor maneira, à Professora Fabiane Tubino Garcia, pela prontidão em me ajudar para finalizar esse estudo e ao gerente da revenda de veículos da cidade de Santana do Livramento, por ceder a organização para essa pesquisa. RESUMO O presente trabalho teve como objetivos diagnosticar os processos de Gestão de Pessoas desenvolvidos numa microempresa do setor automotivo localizada na cidade de Santana do Livramento, descrever como ela realiza esses processos, identificar os níveis de rotatividade (turn-over), absenteísmo e salários e propor boas práticas para o gerenciamento dos recursos humanos da organização. O método de pesquisa utilizado foi o estudo de caso com um enfoque qualitativo, o que possibilitou uma análise mais ampla dos processos de Gestão de Pessoas utilizados na empresa. Foram articuladas três técnicas de coletas de dados: entrevistas semi-estruturadas e aplicação de questionários aos colaboradores efetivos da empresa e análise documental, o que permitiu a obtenção de maiores informações sobre o assunto e alcançar os objetivos propostos. Os resultados encontrados permitiram diagnosticar como insipiente o gerenciamento de pessoas da revenda de veículos em estudo. Para tanto, foram propostas boas práticas que a empresa poderá utilizar no que tange a agregar, aplicar, remunerar, desenvolver, manter e monitorar pessoas, uma vez que, para o crescimento organizacional e para a manutenção de colaboradores preparados, sobretudo que esses estejam satisfeitos com o trabalho, é imprescindível que a empresa tenha uma estruturada, padronizada e eficiente gestão de pessoas. Palavras-chave: Recursos humanos. Insipiente. Padronização. Registro. Eficiente. ABSTRACT The present work had the following objectives: diagnose the processes of People Management developed in a micro automotive located in Santana do Livramento, describing how it performs these processes, identify levels of turnover, absenteeism and salaries and to propose best practices for the management of organization's human resources. The research method used was a case study with a qualitative approach, which made possible a wider analysis of the people management processes used in the company. Were articulated three techniques of data collection: semi-structured interviews and application questionnaires to permanent employees of the company and document analysis, which allowed to obtain further information about the subject and to achieve the proposed objectives. Results allowed to diagnose as incipient people management from the resale of vehicles studied. To this end, it proposed were good practices that the company can use in relation to aggregate, apply, compensate, develop, maintain and monitor people, since that organizational growth and maintenance employees prepared, especially those that are satisfied to work it is essential that the company have a structured, standardized and efficient management of people. Keywords: Human Resources. Incipient. Standardization. Register. Efficient. LISTA DE FIGURAS Figura 1: Faixa etária dos funcionários da empresa ................................................................. 53 Figura 2: Quantidade de pessoas nos cargos ............................................................................ 53 Figura 3: Escolaridade dos funcionários .................................................................................. 53 Figura 4: Estado civil dos funcionários .................................................................................... 53 Figura 5: Tempo que os funcionários trabalham na empresa ................................................... 53 Figuras 6 e 7: Processo de agregar pessoas 1 e 2, repectivamente ........................................... 54 Figuras 8 e 9: Processo de agregar pessoas 3 e 4, respectivamente ......................................... 55 Figuras 10, 11 e 12: Processo de aplicar pessoas: cultura 1,2 e 3, respectivamente ................ 57 Figuras 13, 14 e 15: Processo de aplicar pessoas: cargos 1, 2 e 3, respectivamente ................ 59 Figuras 16 e 17: Processo de aplicar pessoas: desempenho 1 e 2, respectivamente ............... 61 Figuras 18, 19, 20, 21 e 22: Processo de recompensar pessoas 1, 2, 3, 4 e 5 .......................... 63 Figuras 23 e 24: Processo de desenvolver pessoas 1 e 2, respectivamente .............................. 67 Figuras 25, 26, 27 e 28: Processo de manter pessoas 1, 2, 3 e 4 .............................................. 70 Figura 29: Processo de monitorar pessoas ................................................................................ 74 Figura 30: Quadro resumo dos processos de Gestão de Pessoas praticados na revenda de veículos em estudo ................................................................................................................... 76 Figura 31: Quadro resumo das propostas de boas práticas para a gestão de pessoas da microempresa em estudo ................................................................................................................... 85 8 SUMÁRIO 1. INTRODUÇÃO .................................................................................................................... 10 1.1 Problemática ....................................................................................................................... 10 1.2 Objetivos............................................................................................................................. 11 1.2.1 Objetivo Geral ................................................................................................................. 11 1.2.2 Objetivos Específicos ...................................................................................................... 11 1.3 Justificativa ......................................................................................................................... 12 1.4 Estrutura do trabalho .......................................................................................................... 12 2. REFERENCIAL TEÓRICO ................................................................................................. 14 2.1 Processo de agregar pessoas ............................................................................................... 16 2.1.1 Recrutamento e seleção ................................................................................................... 16 2.2. Processo de aplicar pessoas ............................................................................................... 19 2.2.2 Modelagem de cargos e funções ...................................................................................... 21 2.2.2.1 Análise e descrição dos cargos e de suas funções ........................................................ 21 2.2.3 Avaliação do desempenho humano ................................................................................. 22 2.2.3.1 Métodos da avaliação do desempenho ......................................................................... 23 2.3 Processo de recompensar pessoas....................................................................................... 27 2.3.1Remuneração .................................................................................................................... 27 2.3.2 Avaliação e classificação dos cargos ............................................................................... 28 2.3.2.1 Métodos tradicionais de avaliação de cargos ............................................................... 29 2.3.3 Pesquisa salarial ............................................................................................................... 29 2.3.4 Encargos sobre salários ................................................................................................... 30 2.3.5 Política salarial ................................................................................................................ 30 2.3.6 Benefícios ........................................................................................................................ 31 2.3.6.1 Tipos de benefícios ....................................................................................................... 32 2.3.6.2 Planos de benefícios ..................................................................................................... 33 2.3.7 Incentivos ........................................................................................................................ 33 2.4 Processo de desenvolver pessoas ........................................................................................ 34 2.4.1Treinamento ...................................................................................................................... 35 2.4.2 Desenvolvimento de pessoas ........................................................................................... 38 9 2.4.2.1 Desenvolvimento estratégico de pessoas........................................................ .............. 40 2.5 Processo de manter pessoas ................................................................................................ 42 2.5.1 Relações com empregados .............................................................................................. 42 2.5.2 Saúde, segurança e qualidade de vida no trabalho .......................................................... 44 2.6 Processo de monitorar pessoas ........................................................................................... 46 3 MÉTODO .............................................................................................................................. 48 3.1Tipo de pesquisa .................................................................................................................. 48 3.2 Método escolhido (e justificativa) ...................................................................................... 48 3.3 Técnica de coleta de dados ................................................................................................ 49 3.3.1Grupo de Respondentes .................................................................................................... 49 3.4 Análise e interpretação dos dados ...................................................................................... 51 4. APRESENTAÇÃO DOS RESULTADOS ........................................................................... 52 4.1 Descrição das práticas de gestão de pessoas desenvolvidas na empresa ............................ 54 4.1.1 Práticas no processo de agregar pessoas ......................................................................... 54 4.1.2 Práticas no processo de aplicar pessoas ........................................................................... 56 4.1.2.1Cultura Organizacional .................................................................................................. 56 4.1.2.2 Práticas de análise e descrição dos cargos .................................................................... 59 4.1.2.3 Práticas de avaliação de desempenho ........................................................................... 61 4.1.3 Práticas no processo de recompensar pessoas ................................................................. 63 4.1.4 Práticas no processo de desenvolver pessoas .................................................................. 66 4.1.5 Práticas no processo de manter pessoas .......................................................................... 69 4.1.6 Práticas no processo de monitorar pessoas ...................................................................... 74 4.2 Níveis de rotatividade (turn over), absenteísmo e salários da organização........................ 78 4.3 Proposição de boas práticas para a gestão de pessoas da micro-empresa em análise ........ 78 4.3.1 Boas práticas para o processo de agregar pessoas ........................................................... 79 4.3.2 Boas práticas para o processo de aplicar pessoas ............................................................ 79 4.3.3 Boas práticas para o processo de recompensar pessoas .................................................. 81 4.3.4 Boas práticas para o processo de desenvolver pessoas.................................................... 82 4.3.5 Boas práticas para o processo de manter pessoas ............................................................ 83 4.3.6 Boas práticas para o processo de monitorar pessoas ....................................................... 84 5. CONSIDERAÇÕES FINAIS ............................................................................................... 87 6. REFERÊNCIAS ................................................................................................................... 89 10 1 . Introdução Numa breve retrospectiva do estudo da Administração, pode-se verificar que no início do século XX, surgiu a Teoria da Administração Científica de Taylor, onde o homem era visto como mão de obra, cuja motivação para um maior desempenho no trabalho estava no salário (homo-economicus). Na Teoria Clássica de Fayol, não foi muito diferente essa visão do homem. No entanto, na Teoria das Relações Humanas, após a experiência de Hawtorne, desenvolvida por Elton Mayo a partir de 1924, percebeu-se que o trabalho do homem na organização era influenciado pelas suas relações interpessoais e pelas condições do ambiente de trabalho. Assim começou o estudo da Administração a focar nas pessoas, as quais começaram a ganhar devida importância nesse campo. Vários estudos foram e são desenvolvidos para conseguir identificar formas de melhor gerenciar pessoas numa empresa, uma vez que elas são os recursos mais valiosos de uma organização e sem as quais a empresa não alcança muitos objetivos, dentre os principais estão: ter lucro e ter sucesso. No contexto da economia dinâmica e competitiva de hoje, muitos participantes ativos desse cenário possuem dificuldades para gerenciar pessoas de forma que elas fiquem satisfeitas com o emprego e que a empresa alcance os seus objetivos. Nesse aspecto, estudaremos neste trabalho as práticas de Gestão de Pessoas de uma micro-empresa do setor automobilístico da cidade de Santana do Livramento, cujo nome será preservado. 1.1 Problemática Atualmente, muitas empresas não possuem um sistema eficiente de Gestão de Pessoas ou são totalmente carentes neste aspecto. No mercado acirrado e repleto de mudanças em que as organizações se encontram, torna-se de suma importância possuir uma estrutura eficiente de gerenciamento dos recursos humanos, independentemente do porte da organização. Segundo Chiavenato (2010), os seis processos de Gestão de Pessoas que precisam ser desempenhados numa empresa são: agregar, aplicar, recompensar, desenvolver, 11 manter e monitorar pessoas. Com base nesse entendimento esse trabalho foi desenvolvido para responder a seguinte questão: Como a revenda de veículos gerencia o seu pessoal? 1.2 Objetivos Os objetivos desse estudo dividem-se em objetivo geral e objetivos específicos, os quais estão relacionados abaixo. 1.2.1 Objetivo geral Diagnosticar o modelo de Gestão de Pessoas de uma micro-empresa do setor automobilístico. 1.2.2 Objetivos específicos Os objetivos específicos desse estudo são: Descrever as práticas de Gestão de Pessoas desenvolvidas na micro-empresa; Identificar os níveis de turn-over (rotatividade), absenteísmo e salários da organização; Propor boas práticas para o gerenciamento de pessoas da micro- empresa, visando a atração, desenvolvimento e retenção dos colaboradores. 12 1.3 Justificativa Grande parte dos profissionais e estudiosos da área empresarial e de prestação de serviços nos dias atuais, conhecem a importância de uma eficiente Gestão de Pessoas para que uma empresa tenha sucesso e alcance seus objetivos. Sabe-se também que é no emprego que as pessoas passam a maior parte do tempo, são oito horas ou mais por dia dedicadas no interior da organização e na convivência com os colegas de trabalho, por isso a relevância de propor melhorias na vida dos colaboradores e assim tornar o ambiente de trabalho agradável e motivador. Segundo Dutra (1996), qualquer tipo de empresa possui algum critério para gerenciar os seus recursos humanos, seja de forma explícita ou não. Esses métodos são evidenciados nas atitudes que a empresa adota para selecionar as pessoas, remunerá-las, desenvolvê-las e treiná-las, enfim, em todos os processos de gerenciamento das pessoas. No intuito de ajudar a revenda de veículos, recentemente instalada na cidade de Santana do Livramento, deu-se o interesse do desenvolvimento desse estudo, com o propósito de orientar e propor boas práticas para técnicas da empresa nos processos de gerenciamento das pessoas. Espera-se com isso, aumentar a produtividade e o comprometimento dos colaboradores, de forma que as duas partes (empresa e funcionários) fiquem satisfeitas com os resultados do trabalho. Por ser um estudo com pessoas, o que envolve muitas variáveis dependentes de características individuais, podem ocorrer algumas limitações, de forma que, a aplicação dos processos a serem descritos nesse trabalho, não é tão simples e, pois antes há de saber adequar os métodos à maturidade da empresa, aos seus princípios e à equipe que a constitui. 1.4 Estrutura do trabalho A estrutura do presente trabalho está compreendida em seis capítulos: 1) Introdução, 2) Referencial teórico, 3) Metodologia, 4) Apresentação dos resultados, 5) Considerações finais e 6) Referências Bibliográficas. 13 Na introdução há um sucinto histórico do tema e sua contextualização com os dias atuais, a problemática é apresentada, assim como os objetivos geral e específicos e a justificativa do estudo. O Referencial Teórico está fundamentado em estudos bibliográficos, artigos e revista para abordar os processos de gestão de pessoas. Os processos são dispostos conforme a visão de Idalberto Chiavenato, em seu livro Gestão de Pessoas, publicado no ano de 2010. O capítulo 3 trata do método utilizado para buscar responder às questões de pesquisa a fim de alcançar os objetivos propostos nesse trabalho, o capítulo 4 apresenta os dados coletados, as análises desses dados e os resultados dessa pesquisa de forma a possibilitar as considerações finais, esta disponibilizada no capítulo 5. No capítulo 6 estão descritas as fontes de pesquisa utilizadas para a elaboração desse estudo. 14 2 . Referencial teórico Conforme os escritos de Chiavenato (2010), para haver uma adequada Gestão de Pessoas (GP) em uma organização, deve-se considerar um conjunto de seis processos dinâmicos, dependentes e interativos. Nesse estudo, são tratados cada um deles, conforme descrito abaixo: 1) Processo de Agregar Pessoas: abrange recrutamento e seleção de pessoas; 2) Processo de Aplicar Pessoas: envolve a integração dos novos membros ao ambiente de trabalho, a modelagem dos cargos existentes numa organização e a avaliação de desempenho; 3) Processo de Recompensar Pessoas: trata dos benefícios, incentivos e remuneração; 4) Processo de Desenvolver Pessoas: nessa parte desenvolve-se profissionalmente e intelectualmente um colaborador, por meio de treinamento, desenvolvimento e aprendizagem; 5) Processo de Manter Pessoas: nesse aspecto será relevante falar sobre as condições favoráveis e satisfatórias de saúde/higiene, segurança e qualidade de vida no trabalho; 6) Processo de Monitorar Pessoas: acompanha e controla as atividades das pessoas de forma a verificar os resultados, por meio de banco de dados e informações gerenciais. De acordo com Chiavenato (2010), a boa ou má utilização de um desses processos pode influenciar positivamente ou negativamente nos resultados dos demais. É fundamental que ocorra um equilíbrio na condução de todos esses processos, os quais são desenhados de acordo com as influências ambientais externas e influências organizacionais internas, com a finalidade de se obter resultados finais desejáveis, como práticas éticas e socialmente responsáveis, produtos e serviços de alta qualidade e competitivos e qualidade de vida no trabalho. Para Milkovich; Boudreau (2006), os fatores que vão determinar o modo como será desenvolvido cada processo de gestão de pessoas mudam no decorrer dos anos e também 15 variam para cada empresa, dependendo das condições e influências externas e de seus objetivos almejados. No Brasil, muitas práticas de Gestão de Pessoas não tem respondido aos desafios enfrentados pelas empresas. Uma característica do país é que o poder sempre foi considerado fator marcante na sua cultura. Mesmo com várias mudanças culturais e históricas no decorrer dos anos, a organização patriarcal e centralizada foi predominante e isso reflete na gestão dos recursos humanos (TANURE; EVANS; PUCIK, 2007). Apesar de ter alguns pontos positivos, essa centralização de poder não cabe mais no mundo empresarial dos dias atuais, em que sobrevivem as empresas que tenham pessoas interdependentes, com mais liberdade para tomar decisões e com uma cultura mais igualitária. Hoje as pessoas procuram ambientes mais descentralizadores, no qual possam ter participação nas decisões e mais autonomia para a realização de suas atividades (TANURE; EVANS; PUCIK, 2007). O modelo tradicional hierárquico de gestão está cada vez mais inviável diante da competitividade do mercado nos dias atuais. A tendência das organizações está em processos mais horizontais, com uma visão menos controladora e mais estratégica. O desenvolvimento das pessoas para o trabalho em equipe é de suma importância para o sucesso organizacional. Para tanto, o líder deve estar bem preparado, ter os seus propósitos bem explicitados e compartilhados com a sua equipe, a qual deve estar bem equilibrada quanto às competências de seus integrantes. Para a psicologia, para uma equipe funcionar satisfatoriamente, o número de pessoas deve variar entre cinco e nove componentes (TANURE; EVANS; PUCIK, 2007). Do ponto de vista das organizações, a realidade dos gestores hoje é ser dinâmico, com capacidade de planejar e executar de forma quase simultânea. Para tanto, precisam considerar e dar ênfase no que é interno à organização, sempre considerando e fazendo uma comparação com o que acontece no seu ambiente externo, precisa preservar o senso crítico, despir de preconceitos e realizar os procedimentos de forma rápida, inteligente e satisfatória (TANURE; EVANS; PUCIK, 2007). 16 2.1 Processo de agregar pessoas Nessa parte do trabalho, será tratado o processo de recrutamento e seleção de pessoas, procedimento que a maior parte das empresas utilizam para a atração e captação de pessoas para exercerem atividade na organização. 2.1.1 Recrutamento e seleção (R&S) A gestão de recursos humanos em qualquer empresa seja ela micro, pequena, média ou de grande porte, inicia-se com o recrutamento de colaboradores bem capacitados. Na atualidade, recrutar as pessoas certas, é o grande desafio, principalmente encontrá-las e posteriormente, saber o que fazer para motivá-las a ficarem na empresa, e como obter o desempenho máximo de cada uma delas (FERNANDES, 2011). A atração de pessoas talentosas e com grande potencial de aprendizagem seria um grande diferencial para as microempresas, pois tais organizações teriam como desenvolver e moldar essas pessoas para a realização rápida e eficiente das atividades, solidificar a equipe de trabalho e conseguir crescer no mercado. Ser cada vez mais rápido é a chave do sucesso, e isso implica em ter pessoas cada vez mais capacitadas para o negócio (FERNANDES, 2011). Para o autor supracitado, nas pequenas empresas, a versatilidade e a flexibilidade são um dos pontos fundamentais do processo de recrutamento e seleção de pessoal, pois em muitos casos, um gerente administrativo, terá que auxiliar na área de vendas, atuando como vendedor, em outros momentos pagar pessoalmente as contas da empresa, dentre outras multitarefas. De acordo com Milkovich; Boudreau (2006), o processo de recrutamento de pessoas, consiste em um conjunto de práticas que visam a identificar e atrair um grupo de candidatos, entre os quais vão ser selecionados alguns e, posteriormente, serão contratados para ocuparem um cargo na organização. Marras (2007), afirma a importância de a empresa ter um desenho de cargos e salários, para que haja uma padronização no perfil organizacional dos cargos e das 17 características necessárias às pessoas que pretendem ocupá-los, evitando recrutamento com visão estritamente pessoal. Assim o processo de recrutamento e seleção é tratado com uma abordagem mais profissional e de gerenciamento mais efetivo. Conforme Marras (2007), o recrutamento pode ser interno ou externo. A prática de recrutamento interno deve ser transparente e divulgada para todos os níveis da organização, pois assim proporciona uma possibilidade maior e mais veloz de ascensão nos quadros da empresa. Este último oferece benefícios como: o processo é mais rápido, a admissão é simplificada, não há necessidade de treinamento introdutório sobre a empresa ganhando assim horas ou dias de trabalho produtivo, os custos finais do processo caem consideravelmente, a motivação do escolhido é elevada e assim motiva os colegas que estão ao redor, abre perspectiva de crescimento na empresa por parte da equipe de trabalho. Para o mesmo autor, o recrutamento interno é o mais vantajoso e o recrutamento externo só deve ser utilizado quando não for possível conseguir internamente os resultados esperados. As fontes mais utilizadas pelas empresas para fazer o recrutamento externo compreendem o atendimento, na própria empresa, dos interessados no cargo em resposta a anúncios ou outro meio de divulgação realizado no mercado, indicações de empregados para o trabalho, feitas pelos membros da empresa ou pelos clientes, recrutamento nas universidades, recorrer a agências de empregos, recrutamento virtual em que as empresas disponibilizam no seu site um espaço para o envio de currículos dos candidatos a uma vaga, anúncios em rádios, jornais e revistas de circulação local. O que leva um bom candidato a apresentar-se para uma oportunidade de emprego são fatores relacionados com recompensas, exigências e atribuições do cargo e as condições de trabalho que são oferecidas na empresa (MILKOVICH; BOUDREAU, 2006). Para determinar qual fonte utilizar para fazer o recrutamento externo, deve-se verificar em qual variável se encontra a situação da organização: variável tempo ou variável custo. Para o tempo, há de se verificar se a requisição de pessoal é de caráter urgente ou se não há limite de tempo, pois algumas fontes de recrutamento demandam mais tempo para se obter a resposta desejada. Já a variável custo, representa a disponibilidade financeira para se realizar esse processo de recrutar e selecionar. Numa comparação tem-se que, quanto mais tempo a empresa dispõe para recrutar, menor o custo do processo e vice-versa. Quanto menor a quantidade de recursos disponíveis, mais tempo deve se planejar para a finalização de um 18 processo de recrutamento. O custo deve ser planejado de acordo com a realidade da organização (MARRAS, 2007). Numa empresa, o recrutamento deve estar orientado para adequar-se aos valores da empresa e ao potencial da pessoa no longo prazo e não nas habilidades de trabalho imediatas (TANURE; EVANS; PUCIK, 2007). Segundo Costa Santos (2009), após a fase de recrutamento, o setor de RH deve fazer a seleção dos candidatos. Para Marras (2007), os candidatos que possuírem competências para suprirem as necessidades do cargo, dentre os recrutados, serão selecionados para preencherem as vagas oferecidas na instituição. Conforme Marras (2007), todo processo de seleção baseia-se em análise comparativa entre as exigências do cargo (características que o cargo exige do profissional em termos de conhecimentos, habilidades e atitudes para o bom desempenho das funções) e as características do candidato (conjunto de conhecimentos, habilidades e atitudes que cada candidato possui para desempenhar as tarefas). A seleção é a coleta de dados de cada indivíduo com a tentativa de conhecê-lo extrínseca e intrinsecamente. Em consonância com a literatura de Araújo; Garcia (2009), o processo de seleção é composto por etapas: 1º etapa - entrevista preliminar: aqui ocorre o primeiro contato do candidato com a empresa. Por meio desse método o entrevistador verificará a veracidade das informações contidas nos currículos e selecionará as pessoas que realmente se enquadrem no perfil da organização; 2º etapa: Aplicação de testes psicológicos: são aplicados por profissionais da área para confirmar se o candidato tem condições para ocupar a vaga de forma adequada. Esta etapa pode ser realizada pela própria empresa ou pode ser terceirizada. Embora seja uma fase criteriosa e bem importante no processo de seleção, algumas empresas ainda não a realizam. 3ª etapa: Dinâmica de grupo: esta fase deverá ser realizada se a vaga em aberto for vital para a empresa, independentemente do número de candidatos. As formas de se realizar uma dinâmica de grupo são: simulações em que situações do dia a dia de trabalho são criadas para ver o desempenho do candidato; jogos que trabalhem com a criatividade dos recrutados e dramatização em que o candidato interpreta papéis que não representaria na vida real. 19 4ª etapa: Finalização: nessa parte será realizada uma entrevista de pré-contratação em que serão esclarecidos, ao entrevistado, obrigações e deveres que deverão ser respeitados ao ocupar o cargo. Nessa fase pode haver desistência. 5ª etapa: Este é o passo decisivo, em que será selecionado o futuro integrante da empresa baseando-se nas opiniões de todos que participaram dos processos anteriores de seleção; 6ª etapa: Outplacement (Recolocação): Os candidatos que não foram selecionados para a empresa que se inscreveram, serão redirecionados para organizações que tenham vínculos de parceria nesse sentido. Ainda são poucas as empresas que atuam nessa diapasão. O processo de seleção precisa ser eficiente, eficaz e a avaliação dos seus resultados é fundamental para determinar seu custo operacional e benefícios oferecidos (CHIAVENATO, 2010). Do ponto de vista estratégico, numa situação em que três candidatos forem selecionados, sendo que o candidato A possui características superiores ao que o cargo requer, o candidato B com o perfil semelhante ao que o cargo requer e o candidato C com aspectos inferiores aos exigidos pelo cargo, tem-se que, se o escolhido for o A, é preciso ter cuidado, pois alguém com qualificação superior que se propõe a trabalhar numa função inferior a sua formação, ou está numa situação emergencial para se conseguir um emprego ou usará o cargo como um trampolim profissional e usará o emprego até aparecer oportunidade melhor no mercado. Agora, vale a exceção se o candidato puder ser aproveitado em breve em outra posição que exija mais qualificação. O ideal é selecionar o candidato B, que tem o perfil semelhante ao que o cargo precisa (FERNANDO CESAR LENZI et al., 2010). 2.2 Processo de aplicar pessoas Segundo Chiavenato (2010), aplicar pessoas é o processo de integração e aplicação dos novos membros como força e trabalho para a empresa. Essa etapa envolve a modelagem da função a ser desempenhada e a avaliação do desempenho do colaborador nessa função. É o passo seguinte ao recrutamento e à seleção. 20 Na visão do autor supracitado, nessa fase é preciso orientar e esclarecer a cultura da organização para os novos membros. Ocorre também a socialização do novo colaborador e a integração dele com o novo trabalho. Na maioria das empresas a socialização visa criar um ambiente de trabalho favorável e receptivo durante a fase inicial do emprego. Socializar é adaptar as pessoas à cultura da organização. Para ter e desenvolver uma cultura organizacional é relevante que se tenha uma integração normativa, que é um conjunto de normas, valores e atitudes, sob a perspectiva da empresa, em relação ao que ela espera de seus integrantes, de forma a ser um instrumento que possa proporcionar uma vantagem competitiva para a empresa. É preciso que a direção da empresa saiba equilibrar essa cultura, para que ela produza os efeitos desejados (TANURE; EVANS; PUCIK, 2007). Numa organização é importante ter uma cultura mais descentralizadora, em que se permita o feedback em relação à percepção do chefe e que sejam incentivadas as trocas de conhecimentos entre as pessoas. A habilidade da empresa em compartilhar o conhecimento é fator positivo e diferenciador, que pode fazer com que ela tenha sucesso no mercado competitivo, desde que haja uma competente gestão desse conhecimento, sobretudo por um líder capaz de reduzir ou até eliminar as barreiras culturais existentes entre os componentes de sua equipe (TANURE; EVANS; PUCIK, 2007). Os novos integrantes precisam ser motivados a trabalharem em equipe e, para tanto, precisam de orientações sobre como executar suas tarefas e sobre quais serão suas responsabilidades (ARAUJO; GARCIA, 2009). Uma boa dica para integrar um novo membro na empresa é realizar algum evento que contenha “comes e bebes”, estes que são grandes fatores de aproximação entre as pessoas. Realizar essa reunião, fora do ambiente de trabalho é importante para os indivíduos ficarem mais a vontade, onde a hierarquia fica menos presente e ficam todos mais próximos, sem muita formalidade (FISCHMANN et al., 2010). O Brasil tem uma sociedade mais coletivista, a qual expressa mais os seus sentimentos e em razão disso, é mais fácil para os gestores conseguir o comprometimento e dedicação dos trabalhadores (TANURE; EVANS; PUCIK, 2007). 21 2.2.1 Modelagem de cargos e funções Conforme Chiavenato (2010), na fase da modelagem de cargos, têm-se as especificações do conteúdo, dos métodos de trabalho e das relações com os demais cargos. Segundo Milkovich; Boudreau (2006), é preciso estabelecer a natureza das funções de um cargo. Para tanto tem que ser definido o modo de analisar e de fazer a descrição dessas funções. 2.2.1.1 Análise e descrição dos cargos e de suas funções “A análise das funções é um processo sistemático de coleta de dados e de avaliação sobre a natureza de uma função específica” (MILKOVICH; BOUDREAU, 2006, p. 83). Com base na literatura de Milkovich; Boudreau (2006), um dos benefícios dessa análise para o departamento de recursos humanos, é que permite saber quais as características do candidato a uma vaga na empresa são compatíveis com as requeridas pelo cargo. Segundo os mesmos autores, para se realizar a análise das funções é preciso coletar dados em três categorias básicas, que são: 1) Dados sobre cada uma das tarefas características de uma função, com ênfase em explicar os motivos de sua realização e os propósitos de cada tarefa; 2) Dados Comportamentais, os quais descrevem os comportamentos que ocorrem na execução do trabalho; 3) Dados sobre capacidade, que buscam conhecer as qualificações e capacidades psicomotoras, físicas e/ou cognitivas que o trabalhador precisa ter para ocupar o cargo e ter um desempenho satisfatório. A ênfase no conhecimento tem maior aplicação em funções que mudam com o avanço da tecnologia. A coleta de dados para análise das funções pode ser feita por meio da aplicação de questionário aos empregados e aos seus supervisores. Os dados serão reunidos pelo pesquisador após a coleta e apresentados aos entrevistados para verificar se estão condizentes 22 como que eles acham ou se possuem alguma sugestão para melhoria da descrição, a fim de garantir maior aceitação e ter melhor resultado (MILKOVICH; BOUDREAU, 2006). Milkovich; Boudreau (2006), explicam que os dados coletados na análise das funções precisam estar descritos, documentados e serem disponibilizados para que todos os interessados tenham acesso. São três as descrições típicas, que devem conter: Identificação clara da função e a data da análise; Definição que vai explicar o motivo da existência da função, sua relação com os outros cargos e funções da empresa, seus objetivos gerais e; Descrição das principais responsabilidades da função, como é o trabalho específico dela e os requisitos para o seu desempenho. Para os autores supracitados, realizar análise e descrição das funções de um cargo de forma equilibrada, sem se apegar a muitas descrições formais e sem ter enfoque muito amplo, pode ajudar na contratação das pessoas certas para ocuparem um cargo. 2.2.3 Avaliação do desempenho humano A avaliação de desempenho é um instrumento gerencial que permite ao administrador mensurar os resultados obtidos por um membro ou por uma equipe de trabalho, em período e área específicos (MARRAS, 2007). A avaliação ajuda a empresa a identificar aqueles empregados que necessitam de aperfeiçoamento, definir o grau de contribuição individual ou grupal nos resultados da empresa, descobrir novos talentos na organização, facilitar o autodesenvolvimento, fornecer feedback aos colaboradores, subsidiar programas de mérito, promoções e transferências (MARRAS,2007). Conforme os escritos de Marras (2007), por meio de um programa de avaliação de desempenho, uma organização visualiza, normalmente, a possibilidade de administrar e mensurar três campos organizacionais, que são: 1) Campo de resultados: que se refere às metas organizacionais predefinidas e que devem ser alcançadas pelo empregado em certo tempo. Os resultados podem ser expressos de forma quantitativa ou qualitativa; 23 2) Campo de conhecimento: avalia-se o grau de assimilação das informações pelo empregado por meio de programas de treinamento e desenvolvimento intelectual; 3) Campo de Comportamento: a organização mensura os valores, as atitudes e os comportamentos do empregado, relacionando-os aos padrões da organização. O processo de avaliação de desempenho é um momento importante que a empresa deve proporcionar aos seus empregados, pois é nele é que as pessoas vão refletir sobre suas atitudes e sua relação com a empresa (DUTRA, 1996). Para Dutra (1996), o processo de avaliação é oportuno para que os gerentes e sua equipe possam se comunicar. Nesse momento acontece a autoavaliação das pessoas e elas se tornam mais conscientes de seus pontos fracos e de seus pontos fortes. Outra vantagem da avaliação de desempenho é que avalia não só como a pessoa se desenvolveu num determinado período, mas também seu crescimento, desenvolvimento e aspectos a serem aperfeiçoados É necessário deixar claro aos colaboradores que a avaliação de desempenho é um processo realizado pela empresa para identificar pontos positivos a serem preservados e aspectos negativos para serem melhorados, com o objetivo de o funcionário saber o que se espera dele e, a partir daí, desenvolver-se. Dessa forma esclarecedora, a avaliação tem grandes chances de ser bem sucedida na organização (FISCHMANN et al., 2010). 2.2.3.1 Métodos de avaliação de desempenho Para Araújo; Garcia (2009), são métodos de implementação da avaliação de desempenho: escalas gráficas, observação direta, listas de verificação (checklist), pesquisa de campo, incidentes críticos, avaliação por escrito, método comparativo, padrões de trabalho, escolha forçada, Avaliação Por Objetvos (APO), 360 graus e Balanced Scorecard. Esses métodos podem ser utilizados individualmente ou podem ser complementares. Segue abaixo a explicação de cada método de avaliação de desempenho: a) Método de Escalas Gráficas: é um método simples que utiliza indicadores de desempenho pré-estabelecidos e graduados, geralmente de 1 a 5 graus de variação (ótimo, bom, regular,ruim etc.) em um formulário para serem avaliados na escala e propiciar a elaboração gráficos para melhor avaliação (ARAÚJO; GARCIA, 2009). 24 Para Chiavenato (2010), esse método limita as possibilidades do avaliador, é superficial, generalista e subjetivo; b) Observação Direta: um avaliador participa diretamente do processo de avaliação como observador. É preciso ter cautela nesse tipo de método, pois o observador pode ser influenciado pelo ambiente e distorcer alguma interpretação (ARAÚJO; GARCIA, 2009); c) Listas de Verificação (checklist): é uma relação de fatores individuais de avaliação a respeito de cada colaborador (ARAÚJO; GARCIA, 2009). Segundo Chiavenato (2010), é uma simplificação do método das escalas gráficas; d) Pesquisa de Campo: dentre os métodos tradicionais para se avaliar o desempenho, é um dos mais completos. Requer um especialista de staff e um gerente de linha, os quais se unem para avaliar o desempenho dos funcionários. No entanto, o custo para o desenvolvimento desse método é elevado, por exigir especialista de staff. É um processo lento e tem pouca participação do avaliado (CHIAVENATO, 2010); e) Método de Incidentes Críticos: avalia os pontos fortes e os pontos fracos de cada colaborador, não considerando as atitudes normais das pessoas, tendo como resultados “desempenhos altamente positivos (sucesso) ou altamente negativos (fracasso)” (MILKOVICH; BOUDREAU,2000 apud ARAUJO; GARCIA, 2009, p. 163); f) Avaliação por escrito: essa técnica tem semelhança com a dos incidentes críticos, no entanto avalia de forma mais ampla do que a anterior, considerando e podendo ressaltar outras qualidades dos avaliados. Os dados são relatados de forma escrita, sem formulário pré-concebido, tendo certo grau de liberdade nas anotações (ARAUJO; GARCIA, 2009); g) Método Comparativo: Utilizado para comparar as formas de avaliação de desempenho individual (ARAUJO; GARCIA, 2009). Tal confronto, permite definir “padrões desejáveis e indesejáveis de desempenho, de modo que as características do avaliado poderão ser comparadas com esse padrão” (MILKOVICH; BOUDREAU,2000 apud ARAUJO; GARCIA, 2009, p. 164); h) Padrões de trabalho: a própria organização estabelece previamente os padrões de desempenho que deverão ser avaliados a cada período e o avaliado deve possuir o conhecimento desses padrões (ARAUJO; GARCIA, 2009); 25 i) Método da Escolha Forçada: consiste em frases descritivas sobre aspectos do comportamento. O avaliador deve escolher, obrigatoriamente, no máximo duas frases em cada situação que mais se identificam com o desempenho do funcionário avaliado. Essa técnica evita o efeito de generalização (efeito halo) provocado nas escalas gráficas, porém há complexidade no planejamento, não proporciona uma visão global dos resultados da avaliação, não ocorre feedback e o avaliado não participa do processo (CHIAVENATO, 2010); Recentemente estão sendo utilizados pelas empresas alguns métodos de avaliação de desempenho como, por exemplo, o método 360 graus, no qual, segundo Araújo; Garcia (2009), os avaliadores são todos os clientes internos e externos à organização interessados no processo de avaliação de desempenho. Para Chiavenato (2010), a técnica 360º é democrática e participativa, dessa forma, o avaliado recebe um relatório individual de forma reservada no final da avaliação e pode elaborar, juntamente com o seu superior, um plano individual de desenvolvimento. Outra forma utilizada atualmente pelas empresas para avaliar o desempenho é a avaliação por objetivos (APO), na qual participam de maneira ativa, tanto o avaliador quanto o avaliado, cujo desempenho desse último, é medido com base no alcance dos objetivos que foram definidos. Deve-se ter certa liberdade para que o funcionário possa buscar resultados satisfatórios e otimizados por meio de sua motivação, a qual deve ser instigada com recompensas ao se alcançar os objetivos (ARAUJO; GARCIA, 2009). Para Araújo; Garcia (2009), uma nova ferramenta interessante de ser aplicada pelas organizações na avaliação de desempenho é o Balanced Scorecard, a qual avalia o desempenho sobre quatro variáveis: financeira, clientes, aprendizado e crescimento. Conforme os autores, como vantagens, essa avaliação pode, além de avaliar os procedimentos existentes, criar outros novos com o intuito de propiciar a melhoria contínua dos processos organizacionais. Ele define que para cada variável, são elaborados objetivos estratégicos e para alcançá-los serão definidas as tarefas que precisarão ser desenvolvidas. Se o objetivo não for alcançado será realizada uma reformulação das tarefas. Na visão de Becker, Huselid e Ulrich (2001), o scorecard possibilita gerenciar recursos humanos como ativo estratégico e demonstra a contribuição do setor para o sucesso financeiro da empresa. Por meio da correta e eficiente utilização dessa ferramenta, é possível demonstrar a maneira como os recursos destinados ao setor de gerenciamento de pessoas são 26 capazes de criar valor e ser um ativo intangível, o que é fator diferencial e competitivo para a empresa. Implantar scorecard na área de Recursos Humanos (RH), oferece como benefícios:1) reforço da diferenciação entre as rotinas (atividades de RH que não tem efeito estratégico) e produtos de RH (atividades que influenciam na implementação da estratégia). 2) capacita para o controle de custos, pois estimula a eliminação deles e a criação de valor; 3)quantifica a contribuição dos sistemas e decisões de RH para o desempenho da empresa; 4) cria condições para que os profissionais de RH intensifiquem o foco estratégico e os encoraja a pensar de forma sistêmica e flexível, pois concentra-se na implementação de estratégia da empresa, esta que exige mudanças de acordo com o cenário em que atua (BECKER; HUSELID; ULRICH, 2001). O método de avaliação de desempenho a ser aplicado por uma organização dependerá da maturidade desse processo de avaliação na empresa. É muito importante saber transmitir para o funcionário os resultados da avaliação. É aconselhável traçar objetivos em conjunto para manter o desempenho positivo e corrigir os pontos negativos (FERNANDO CESAR LENZI et al, 2010) A periodicidade de reaplicação do teste deve respeitar o tempo necessário para que o colaborador consiga corrigir os pontos a melhorar. Geralmente é realizado semestral ou anualmente. Avaliar é uma ferramenta excelente para acompanhar e promover melhorias nos negócios (FISCHMANN et al, 2010). 27 2.3 Processo de recompensar pessoas Nesse processo de gestão de pessoas, serão tratados os tópicos sobre remuneração, avaliação e classificação dos cargos, métodos tradicionais de avaliação dos cargos, pesquisa salarial, encargos sobre os salários, política salarial, benefícios, tipos e planos de benefícios e incentivos. 2.3.1 Remuneração Segundo Costa Santos (2009), para manter os colaboradores, a empresa deve possuir um programa de remuneração e benefícios que atenda às necessidades dos funcionários. Para Araújo e Garcia (2009), a remuneração total é composta pela remuneração direta e indireta. A direta é soma da remuneração básica (salário) com a remuneração variável (participação nos lucros e resultados, outras premiações, etc). A indireta é constituída pelos benefícios sociais. Na visão de Paschoal (2006), dentre as estratégias de remuneração, a empresa pode constituir-se de remuneração fixa ou desta mais a remuneração variável. O salário fixo pode ser atribuído focado no cargo ou nas pessoas. No primeiro caso, as empresas possuem uma estrutura salarial com definição dos cargos e ocupações de seus funcionários. O segundo, é aplicado às empresas onde os trabalhadores não tem cargo fixo e exercem atividades de acordo com o desenvolvimento de suas competências (PASCHOAL,2006). A remuneração variável é um valor extra pago aos funcionários e funciona como incentivo salarial para aqueles que produzirem melhores resultados ou alcançarem metas estabelecidas pela organização (PASCHOAL,2006). Atualmente, algumas empresas utilizam a remuneração variável, a qual concede ao colaborador participação nos lucros e/ou resultados da empresa, atribuindo gratificações por competências, com foco nas pessoas, nas suas capacidades técnicas e comportamentais, 28 beneficiando os profissionais que contribuam com significância para os objetivos e metas da empresa (COSTA SANTOS, 2009). Outro tipo de remuneração variável é o sistema de remuneração por habilidades, o qual, conforme Robbins (2006), estabelece o nível salarial com referência na quantidade de habilidades ou na diversidade de atividades que o funcionário é capaz de realizar. Todavia, o modelo mais tradicional de remuneração, utilizado em nove a cada dez empresas, está baseado em cargos, o qual recompensa os empregados somente pelo desempenho de sua função (PASCHOAL,2006). Para uma empresa, é interessante dispor de uma estrutura salarial, que é uma relação entre as faixas salariais e os cargos existentes na empresa. Para obter a equidade da estrutura salarial, é preciso ter o equilíbrio interno (coerência entre os salários e os cargos da empresa, em que os serviços prestados pelos colaboradores são remunerados de forma justa e satisfatória) e o equilíbrio externo (o qual exige uma estrutura salarial compatível com o mercado, onde há consistência dos salários entre os mesmos cargos de outras organizações) (CHIAVENATO, 2010). Para Rigaud (2009), o salário isoladamente não é motivador, mas é um dos agentes que faz com que os indivíduos desempenhem um trabalho com qualidade, e é justamente isso que as organizações mais querem para poderem se sustentar no mundo corporativo. Pagar salário é obrigação de qualquer empresário, mas remunerar o pessoal de forma adequada é reconhecer os talentos individuais. 2.3.2 Avaliação e classificação dos cargos Conforme Chiavenato (2010), a avaliação de cargos busca fixar um valor relativo de cada cargo dentro da organização. A classificação compara os salários dos cargos com a finalidade de distribuí-los em uma hierarquia de classes. O objetivo é dispor os salários de forma equitativa dentro da empresa para eliminar qualquer tipo de arbitrariedade. 29 2.3.2.1 Métodos tradicionais de avaliação de cargos Os métodos tradicionais de avaliação de cargos não consideram as pessoas, nem suas habilidades e capacidades. Eles buscam obter informações sobre os cargos a partir da descrição e análise dos mesmos para permitir comparação. Tais métodos são divididos em tradicionais não-quantitativos (escalonamento, graus predeterminados) e métodos tradicionais quantitativos ( avaliação por pontos e comparação de fatores) (ARAUJO; GARCIA, 2009). Os métodos tradicionais não-quantitativos para a avaliação de cargos, são mais simples, porém não fornecem resultados com qualidade. Já os métodos quantitativos, produzem resultados mais claros e satisfatórios sobre o cargo. A técnica mais utilizada pelas organizações é a quantitativa e conhecida como avaliação por pontos, na qual os cargos são comparados por fatores comuns a serem graduados e descritos em pontos (ARAUJO; GARCIA, 2009). 2.3.3 Pesquisa salarial Para Chiavenato (2010) os salários devem obedecer ao equilíbrio interno e externo. O equilíbrio interno é garantido pela avaliação e classificação de cargos. O equilíbrio externo é obtido por meio de pesquisas salariais, para saber o que o mercado de trabalho está pagando. Segundo os estudos de Paschoal (2009), o processo de pesquisa salarial é constituído por etapas compreendidas em: selecionar os cargos a pesquisar (de preferência eles devem ser facilmente identificáveis no mercado para proporcionar uma melhor comparação); selecionar as empresas participantes da pesquisa (de preferência do mesmo ramo e do mesmo porte da empresa pesquisadora); convidar as empresas eleitas (explicitando os procedimentos que serão adotados, as informações que serão requisitadas e que os dados coletados ficarão em sigilo); preparar o material de pesquisa ( costuma conter uma relação de cargos e de empresas participantes da pesquisa, descrições dos cargos, planilhas para coletar dados gerais, informações sobre benefícios e salários); coletar, analisar e tabular os dados. 30 Após concluir os passos anteriores, um relatório esclarecendo os resultados deve ser emitido para a direção da empresa, fornecer os resultados a todos os participantes preservando o sigilo das informações e, por último, deve-se utilizar os resultados da pesquisa de forma a atender os objetivos da organização (PASCHOAL, 2009). Muitas empresas consultam tabelas vendidas no mercado para se basearem nos salários pagos por seus concorrentes, visto que a pesquisa salarial envolve custo, tempo, triagem, entre outras funções estatísticas para se alcançar o resultado desejado (CHIAVENATO,2010). 2.3.4 Encargos sobre os salários Conforme Chiavenato (2010), sobre os salários pesam os encargos sociais, que são o conjunto de obrigações trabalhistas que devem ser pagas pelas empresas mensal ou anualmente, além do salário do empregado. Entre os encargos estão os depósitos feitos no Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS), o percentual da empresa devido ao Instituto de Administração da Previdência e Assistência Social (IAPAS), o seguro de vida e o 13º salário. 2.3.5 Política salarial Conforme Araújo; Garcia (2009), a política salarial define como será constituída a remuneração total dos colaboradores de uma organização, qual será o salário básico, quais as remunerações variáveis a serem adotadas e quais os benefícios sociais. Para Chiavenato (2010), uma política salarial deve atender simultaneamente a sete critérios para ser eficaz: ser adequada (deve se afastar dos padrões mínimos estabelecidos pelo governo ou sindicato); ser equitativa (cada pessoa deve ser paga de acordo com o serviço que presta à organização, seu esforço, habilidade e capacitação profissional); balanceada (salários, benefícios e outras recompensas devem proporcionar um pacote total de recompensas que seja 31 razoável); ter eficácia quanto a custos (estes não podem ser excessivos e a organização deve poder arcar com eles); ser segura (o salário deve proporcionar segurança ao empregado e deve ajudá-lo a satisfazer as suas necessidades básicas); incentivadora (o salário deve motivar o trabalho produtivo); e ser aceitável para os empregados (as pessoas da organização devem compreender o sistema de salários e entender que representa um sistema razoável para eles e para a organização). É de suma relevância para a empresa a definição de princípios fundamentais para a gestão de cargos e salários. Estes princípios norteadores formam a chamada política de cargos e salários. Pode-se dizer que, primeiramente, há a política de cargos e salários de uma empresa e logo abaixo há o planejamento de cargos e salários. A política é uma definição estratégica, enquanto o planejamento deve ser considerado como uma definição operacional (SEBRAE, 2012). A política de cargos e salários possibilita que uma empresa defina parâmetros justos de remunerações, pois leva em consideração uma minuciosa análise do grau de dificuldade/ exigência de cada cargo e os níveis de responsabilidade e qualificação necessários para exercê-lo. Portanto, gerir a questão salarial na empresa com uma política de cargos e salários bem definida, elaborada e respeitada, garantirá alguma proteção contra custos elevados decorrentes da alta rotatividade e, principalmente, oferecerá ao trabalhador a certeza de que a definição de sua remuneração segue um critério de avaliação técnico e profissional e não ficará, portanto, sujeita a interpretações pessoais e subjetivas (SEBRAE, 2012). 2.3.6 Benefícios Os benefícios constituem um conjunto de planos ou programas oferecidos pela organização para atender aos objetivos dela e dos indivíduos. Os objetivos da organização são satisfeitos na medida em que a empresa garante o atendimento das necessidades básicas dos empregados e consegue manter baixos níveis de rotatividade, de ausências, garantem boa qualidade de vida aos empregados, reduzem o estresse e o custo. Isso torna a empresa competitiva no mercado de trabalho. Atender aos propósitos dos colaboradores, consiste em 32 proporcionar condições mínimas para a qualidade de vida, garantindo a eles assistência médica e alimentação (MARRAS, 2007). Os planos de benefícios flexíveis estão sendo muito utilizados pelas empresas e são interessantes para ambas as partes. Nesses planos, os empregados escolhem, dentre os benefícios disponíveis, os que julgarem mais interessantes. (MARRAS, 2007). Na visão de Marras (2007), os benefícios podem atender a dois tipos de necessidades dos indivíduos: as intrínsecas e as extrínsecas: 1) As necessidades intrínsecas são as de caráter psicológico, como necessidades sociais, de relacionamento, de status e podem ser supridas pela organização graças às políticas sociais, aos valores culturais e às práticas gerenciais; 2) As necessidades extrínsecas são as de origem externa e estão relacionadas à satisfação de fatores físicos, como incentivos financeiros, serviços, seguros, etc. As empresas podem satisfazer essas necessidades por meio de pacotes (conjunto de benefícios), que, somados ao salário, formam a remuneração do empregado. 2.3.6.1 Tipos de benefícios Para Marras (2007), os benefícios oferecidos pelas empresas, podem ser benefícios compulsórios ou espontâneos. Os benefícios compulsórios são os oferecidos pela empresa em atendimento da lei ou normas legais como acordos ou convenções coletivas de trabalho, 13º salário, complemento de auxílio-doença, salário-família, férias, salário maternidade, etc. (MARRAS, 2007). Os benefícios espontâneos são os que a empresa oferece aos colaboradores por vontade própria, para atender algumas necessidades dos indivíduos ou para tornar a remuneração atraente e competitiva no mercado de trabalho e, dessa forma, manter e atrair novos recursos humanos. Entre os benefícios mais encontrados no mercado de trabalho estão: restaurante, seguro de vida, assistência médica, festas para empregados, transporte, cesta básica, seguro de acidentes pessoais, veículo designado, clube para empregados, pagamento de quilometragem e assistência odontológica (MARRAS, 2007). 33 2.3.6.2 Planos de benefícios Conforme Marras (2007), é comum de se observar que, nas empresas brasileiras, para cada nível da pirâmide organizacional (estratégico, tático e operacional), há um tipo de plano de benefício diferenciado. No nível estratégico os executivos da empresa podem receber benefícios que podem ser tão atrativos quanto ao salário nominal e ainda podem ter uma lista de benefícios para livre escolha. Um dos grandes atrativos do pacote de benefícios é que o executivo pode satisfazer suas necessidades e não precisar ser taxado pelo imposto de renda. Ao pessoal gerencial, são oferecidos pacotes de benefícios que incluem: plano especial de assistência médica, seguro de acidentes pessoais, refeitório e menus especiais, estacionamentos reservados e horários flexíveis. Ao pessoal operacional geralmente são oferecidos planos básicos de benefícios, tais como: refeitório ou ticket-refeição subsidiados, plano comum de assistência médica, seguro de vida em grupo, transporte subsidiado e cesta básica. (MARRAS, 2007). 2.3.7 Incentivos Para Chiavenato (2010), além da remuneração é preciso incentivar continuamente as pessoas para que estas alcancem metas. O plano de incentivos deve conter recompensas que incrementem a relação entre as pessoas e a organização. A escolha do método depende diretamente das necessidades da organização e das pessoas. Os principais modelos de incentivos são: plano de bonificação anual; distribuição de ações da empresa aos funcionários; opção de compra de ações da companhia; participação nos resultados alcançados pelo setor da empresa, para os quais o funcionário contribuiu; remuneração por competência e distribuição dos lucros aos colaboradores. Das formas de remuneração (salário, benefícios e incentivos), a mais capaz de motivar um funcionário ao longo do tempo são os incentivos. Quando há aumento salarial, o trabalhador se motiva, mas logo se acostuma com o novo salário. A organização precisa considerar também que não se pode reduzir um acordo salarial, este será definitivo com todas 34 as tributações a ele inerentes. Os benefícios são interessantes para atrair e manter funcionários na empresa, no entanto não geram motivação, a maioria pode ser cancelada a qualquer momento pela organização, o que acarreta descontentamento à equipe. Já os incentivos, são geradores de motivação e para eles serem pagos, o funcionário tem que alcançar um objetivo predeterminado e a empresa só terá gasto se o resultado for alcançado (FISCHMANN et al, 2010). Estrategicamente, é recomendado para uma organização oferecer salários e benefícios na média do mercado e um plano agressivo de incentivos, para que os colaboradores se mantenham motivados, buscando melhorar a competitividade da organização (FISCHMANN et al, 2010). 2.4 Processo de desenvolver pessoas No que tange ao processo de desenvolvimento de pessoal, são descritos nesse subcapítulo conceitos e métodos de treinamento e desenvolvimento de pessoas. Hoje, vive-se na sociedade do conhecimento, em que as capacidades e habilidades humanas estão cada vez mais valiosas. Muitas organizações brasileiras tem investido em treinamento e desenvolvimento de seu pessoal e grande parte dessas empresas são de pequeno e médio porte, o que indica que o tamanho da empresa e seu faturamento não justificam o investimento ou a falta dele no treinamento e desenvolvimento das pessoas (BOOG, 2001). As organizações estão cada vez mais interessadas em encontrar um modo eficiente de gerenciar as suas pessoas e buscam cada vez mais repostas para questões de como fazer com que elas deem o melhor de si para desempenhar sua função de forma a contribuir, efetivamente, para o sucesso da organização em que atua. Para tanto devem buscar preservar, captar e valorizar a inteligência de todos os seus colaboradores, desenvolvendo um ambiente cordial para que as pessoas possam expressar seus desejos e habilidades. É essencial que o treinamento e desenvolvimento faça parte do modelo de gestão, o qual deve priorizar a educação e o potencial de desenvolvimento de competências diversificadas, orientadas para os resultados do negócio (BOOG, 2001). 35 2.4.1 Treinamento O trabalho das pessoas que serão recrutadas deve ser planejado. As pessoas não precisam, necessariamente, terem as habilidades exigidas pelo cargo, pois elas podem ser desenvolvidas por meio de treinamento e orientações (TANURE; EVANS; PUCIK, 2007). Para Boog, 2001, existe o treinamento que tem como finalidade resolver problemas e atender a necessidades, e há o treinamento com uma orientação mais estratégica, o qual estuda o mercado em que a organização atua para estabelecer desafios e metas futuras. Com as necessidades imediatas ou futuras de negócios o treinamento possibilita às organizações compartilhar novos conhecimentos com todos os empregados. Antes de se realizar um processo de treinamento o gestor de recursos humanos deve fazer o levantamento dos problemas existentes na organização junto ao cliente interno, assim como identificar as causas, os efeitos e analisar as consequências desses problemas para a organização, tendo como finalidade emitir um diagnóstico claro e preciso da situação com as respectivas soluções que devem de ser aplicadas para a empresa retomar suas atividades sem gargalos e com maior produtividade (BOOG, 2001). O programa de treinamento e desenvolvimento deve ter objetivos para lhe servirem como base, os quais serão determinados pelos clientes internos, sob o apoio e a orientação do gestor de recursos humanos, para que possam atender às expectativas dos membros da organização envolvidos no processo quanto ao treinamento. O treinando precisa ser consultado e envolvido quanto ao compromisso de perseguir tais objetivos (BOOG, 2001). A prática de treinamento é importante para manter os funcionários atualizados e aprimorar as competências. Os tipos de treinamento são: 1) habilidade de linguagem, em que o colaborador torna mais fácil o entendimento e interpretação de dados numéricos, a exemplo de planilhas; 2) habilidades técnicas, utilizadas para atualizar os conhecimentos técnicos em razão da inserção de novas tecnologias; 3) habilidades interpessoais, que visam à capacidade de interação, comunicação e clareza de ideias; 4) habilidades para a solução de problemas: para os executivos, esse tipo de treinamento busca a capacidade de desenvolvimento lógico, de raciocínio e de definição de problemas (COSTA SANTOS, 2009). Quanto aos métodos, o treinamento pode ser: formal (planejado com antecedência e estruturado); informal (não planejado e que se adapta à situação e às pessoas); no trabalho 36 (programa de aprendizagem, oficinas, preparação de substitutos e rodízio de tarefas); fora do trabalho (uso de aulas via satélite, cursos on-line via internet, programas de autoaprendizado, atividades em grupo, estudos de caso, dramatizações etc.) (COSTA SANTOS, 2009). Para Boog (2001), a tendência das organizações para complementarem o treinamento de seu pessoal é a utilização do e-learning (aprendizagem eletrônica), o qual tem como função contribuir para gerenciar melhor o tempo de conclusão do processo e oferecer a máxima flexibilidade aos treinandos. A internet viabiliza a educação à distância (EAD), a qual tem como característica oferecer educação com custos mais baixos, transmitir a informação de forma rápida e abrangente, pois consegue atingir grandes públicos. Essas tecnologias não substituem o treinamento presencial, no entanto ambas as modalidades se complementam. A acessibilidade a novas tecnologias muda o perfil dos treinandos e, consequentemente as formas de treiná-los. É preciso atualizar e inovar para conseguir tornar interessante e eficiente o programa de treinamento. Os empresários precisam acompanhar as mudanças ocorridas no mercado e prepararem os seus funcionários (BOOG,2001). Conforme os estudos de Boog (2001), é preciso que o programa de treinamento tenha credibilidade e produza bons resultados. Para tanto, ele precisa ser bem planejado. Algumas etapas precisam ser seguidas para que o plano seja bem feito tais como: 1) relacionar quais as competências ( conhecimento, habilidades e comportamentos ) exigidas pelo cargo; 2) Definir quais são as competências que os treinandos apresentam; 3) Identificar e validar os talentos, verificando as dificuldades ou facilidades que as pessoas possuem para o desenvolvimento de habilidades e comportamentos pertinentes ao cargo. O treinamento deve ser moldado para o fim que o gestor pretende atingir. O conhecimento, por exemplo, se aprende estudando e será desenvolvido com escolaridade formal, cursos, leitura dirigida ou grupos e debates, E-learning (aprendizagem eletrônica). As habilidades, tanto motoras quanto mentais, são desenvolvidas somente se forem exercitadas por meio de workshops, simulações, exposição do treinando a situações reais de trabalho. O comportamento exigido pelo cargo e pela organização, só se aprende se a pessoa quiser e tiver vontade de realizá-lo na sua rotina de trabalho e por meio do parecer de outras pessoas sobre o que elas estão percebendo do comportamento do treinando. As técnicas mais utilizadas para treinar o comportamento são formação de grupos de feedback e orientações periódicas por um mentor bem preparado (BOOG, 2001). 37 É preciso saber quais os custos e os benefícios que os programas de treinamento e desenvolvimento tem para a organização. Várias ferramentas podem ser utilizadas para essa comparação, como, por exemplo, o Banchmarking, em que se faz levantamento de dados ligados ao setor de recursos humanos de várias organizações para depois utilizá-los como base para avaliar a própria empresa (BECKER; HUSELID; ULRICH, 2001). Os resultados de treinamento devem ser descritos e avaliados em quatro fases: 1) avaliação da reação, 2) da aprendizagem, 3) da mudança de comportamento e 4) avaliação dos resultados. Algumas técnicas são recomendadas para extrair dados e informações em cada uma das fases supracitadas, como exemplo: no nível de avaliação da reação, é aplicado um formulário com itens dirigidos e pontuados para se ter um panorama a respeito da opinião dos treinandos sobre algum evento. Há restrições a serem consideradas pelo gestor (DONALD L. KIRKPATRICK, 1994 apud BOOG,2001, p.20). Na avaliação da aprendizagem são feitos testes de conhecimento com o conteúdo do treinamento antes e após o processo. Na fase de mudança de comportamentos, há a avaliação do resultado do treinamento, em que observadores locais preenchem um chek list (feito pelo gestor de recursos humanos, no qual destaca os comportamentos que são esperados dos treinandos) apresentando os comportamentos dos treinandos. Os observadores devem relatar as restrições observadas para o preenchimento do check list. O próximo passo será a reunião de todos os dados para poder formular um diagnóstico e encaminhá-lo a quem de interesse. Tal técnica é uma das mais confiáveis e produtivas (DONALD L. KIRKPATRICK, 1994 apud BOOG,2001, p.21). Na avaliação de resultados, o gestor deve fazer uma pesquisa junto aos treinandos e aos seus chefes para levantar quais atividades foram iniciadas em decorrência do treinamento e quais mudanças elas trouxeram para a organização. Depois de realizar esses quatro passos o gestor terá as informações necessárias para poder validar os resultados, ou seja, verificar se o treinamento alcançou com precisão todos os objetivos traçados (DONALD L. KIRKPATRICK, 1994 apud BOOG,2001). Todo planejamento de treinamento deve considerar três aspectos: resultados a serem atingidos, custos do programa e expectativas de retorno de tal investimento e patrocinador (o responsável pelo programa de treinamento) (BOOG, 2001). É importante avaliar o processo de treinamento e validá-lo com dados concretos mostrando qual foi o impacto, os benefícios e quais são os retornos do programa para a 38 organização, de modo a agregar valor e provar que os resultados positivos alcançados justificam os custos (BOOG, 2001). 2.4.2 Desenvolvimento de pessoas O desenvolvimento de pessoas envolve um conjunto de atividades e processos com o intuito de explorar o potencial de aprendizagem e capacidade produtiva do indivíduo nas organizações. Procura a definição de métodos e procedimentos que possibilitem maximizar o desempenho profissional e motivar as pessoas da organização, criar perspectivas de evolução e contribuir para a melhoria dos resultados (TAKESHY, FERREIRA; FORTUNA, 2006). A organização somente terá um bom nível de produtividade se mantiver uma equipe de profissionais bem preparada, pois o fator humano é decisivo no desenvolvimento ou deterioração de uma organização. Investir no desenvolvimento dos trabalhadores da empresa significa investir na qualidade dos produtos e serviços oferecidos por ela e, consequentemente, prestar melhor atendimento ao cliente e ampliar as vendas (TAKESHY, FERREIRA; FORTUNA, 2006). O desenvolvimento de pessoas na organização, não deve priorizar somente os cargos mais elevados, mas também os cargos da base operacional da empresa, pois os resultados decorrem das atividades de todos (TAKESHY, FERREIRA; FORTUNA, 2006). O treinamento e desenvolvimento inclui a capacitação, a carreira e as expectativas das pessoas. Periodicamente é necessário atualizar os funcionários para garantir que a organização possa continuar tendo colaboradores preparados e atualizados, com destaque perante aos concorrentes (FISCHMANN et al, 2010). Conforme pesquisas realizadas por Tanure; Evans; Pucik (2007), pode-se afirmar que, para o desenvolvimento de pessoas e retenção de talentos em uma organização, o melhor é propor desafios. Para tanto, o líder deve saber qual o tipo de desafio a ser colocado diante de cada tipo de trabalhador. Nas empresas brasileiras, o desafio é um fator de retenção de talentos muito importante para 93% dos executivos brasileiros. 39 A gestão do desenvolvimento deve seguir três elementos básicos: o planejamento do tipo de desafio que deve ser aplicado para o indivíduo, a gestão de riscos, pois quanto maior a complexidade do desafio mais propício a erros ele está e podem comprometer o desempenho operacional e as experiências difíceis ou fracassos, os quais são necessários para que,diante dessas situações, a pessoa tenha equilíbrio emocional para sobressair e superar (TANURE; EVANS; PUCIK, 2007). Através dos desafios as pessoas se desenvolvem. Os líderes reagem melhor aos desafios do que os outros indivíduos (TANURE; EVANS; PUCIK, 2007). De acordo com os escritos de Chiavenato (2010), existem vários métodos de desenvolvimento de pessoas, os quais podem ser realizados no cargo ou fora dele. Os principais métodos de desenvolvimento de pessoas no cargo compreendem: a rotação de cargos (movimenta as pessoas em várias funções da organização); Posições de assessoria; Aprendizagem prática (o treinando analisa e resolve problemas em certos projetos organizacionais); Atribuição de comissões; Participação em cursos e seminários externos; Elearning (ensino à distância via internet); Exercícios de simulação: (incluem estudos de casos, jogos de empresas, simulação de papéis, etc.); Treinamento outdoor, que é realizado fora da empresa e tem forte tendência para buscar novos conhecimentos e comportamentos para a organização); Centros de desenvolvimentos internos à empresa (os gerentes e as pessoas enfrentam exercícios reais para desenvolver e melhorar habilidades pessoais) e Coaching (o gerente pode integrar vários papéis para se transformar em um coach). Na visão de Chiavenato (2010), há dois métodos de desenvolver pessoas fora do cargo: Tutoria ou mentoring: um gerente adota um papel ativo para guiar e orientar uma pessoa para o seu crescimento profissional; e Aconselhamento de funcionários: o gerente assessora o funcionário no desempenho de suas atribuições. Acontece quando o colaborador não apresenta desenvolvimento satisfatório no cargo ou quando há algum problema de disciplina. O gerente deve possuir grande habilidade para saber ouvir e persuadir. 40 2.4.2.1 Desenvolvimento estratégico de pessoas Muitas empresas ainda não praticam uma gestão estratégica de pessoas. Realizam uma gestão mais operacional, no que tange a recrutamento, seleção, treinamento, mensuração de rotatividade, e não focam no que realmente vai fazer a diferença para a organização diante do cenário dinâmico do comércio atual, que é o capital intelectual da empresa. Desenvolver pessoas numa organização, disseminar a gestão do conhecimento na empresa é o caminho para que ela se torne competitiva no mercado. Muitas práticas de gestão são possíveis de se copiar, mas o conhecimento das pessoas que compõem a organização, são bens intangíveis e singulares. A empresa pode aprimorar essas habilidades e talentos por meio de uma gestão estratégica de pessoas, de forma a saber o impacto que essa gestão tem sobre o desenvolvimento da empresa (BECKER; HUSELID; ULRICH, 2001). Desenvolver pessoas, muitas vezes é considerado com uma despesa para as organizações, o que as levam a investir em ativos tangíveis e deixarem para segundo plano o aperfeiçoamento de seu pessoal. Os ativos intangíveis de uma empresa (conhecimento, marca) estão cada vez mais valorizados pelos investidores, mas a área de recursos humanos (RH) precisa demonstrar a devida importância desses ativos fora de uma estrutura contábil, desenvolvendo uma ferramenta de mensuração que garanta aos recursos humanos sua posição como parceiro estratégico da empresa (BECKER; HUSELID; ULRICH, 2001). Para desenvolver um sistema para mensurar a importância que a gestão de recursos humanos tem sobre o desenvolvimento da empresa, é preciso se compreender claramente a estratégia competitiva, as metas operacionais da organização e identificar as competências e comportamentos dos empregados, para que os objetivos da empresa sejam alcançados. Dessa forma é fundamental utilizar um bom método para avaliar o desempenho, a fim de melhorar os processos decisórios da área de recursos humanos, fornecer feedback e avaliar a estratégia de recursos humanos que está sendo utilizada pela empresa e prever as consequências de futuras decisões. Se o gestor conseguir fornecer dados do quanto é importante investir nos recursos humanos da empresa, ficará melhor de negociar e requerer novos investimentos (BECKER; HUSELID; ULRICH, 2001). 41 Estudos de Becker; Huselid; Ulrich (2001), afirmam que para o setor de recursos humanos (RH) funcionar de forma estratégica numa organização, o gestor deve ter conhecimento de algumas áreas, como: Conhecimento do negócio: conhecendo o funcionamento do negócio da organização, fica possível ao gestor de recursos humanos agir de forma estratégica para interligar as decisões da sua área ao funcionamento dos negócios e às mudanças ambientais que a empresa pode estar sujeita, com o objetivo de obter o melhor resultado; Práticas de recursos humanos (RH): os profissionais de recursos humanos devem estar em contínuo aprendizado para conservar o seu conhecimento da teoria básica da área de RH e ser bem ágil, flexível e dinâmico para encaixar a teoria aos acontecimentos específicos da organização; Gestão da mudança: um dos grandes desafios para uma organização é mudar o seu foco em resposta às mudanças que podem provocar alterações na trajetória estratégica utilizada pela empresa. Os profissionais de RH precisam estar preparados para se depararem com essas possíveis mudanças e conseguirem manter o equilíbrio e o bom desempenho de seu pessoal. Para tanto, precisa ter conhecimento desse processo de mudança, habilidades e capacidades de promovê-las e gerenciá-las; Gestão da cultura: as empresas com culturas fortes tendem a alcançar níveis de desempenho mais elevados. Os profissionais de RH precisam estar cientes de que eles são os responsáveis por instaurar e manterem essa cultura organizacional nos membros da organização (KOTTER; HESKETT, 1992 apud BECKER, HUSELID; ULRICH, 2001, p.188); Credibilidade Pessoal: o profissional de RH precisa de que as pessoas com quem ele trabalha tenham confiança e acreditem no que ele diz, tanto dentro como fora de sua função. Assim sendo, é essencial que ele dê exemplos práticos, preserve e emane a cultura organizacional, tenha capacidade de trabalhar em equipe, seja honesto, sele pela apuração e esclarecimento de fatos e insista em ter o mais alto nível de desempenho de todos os participantes do seu setor; Gerenciamento do desempenho estratégico: compreender a mensuração estratégica sob os pontos de vista do que medir e como medir. Os líderes de RH devem pensar diferente sobre a gestão de recursos humanos e serem capazes de demonstrar para os gerentes de outros setores da empresa a influência estratégica de RH. 42 Seguindo a bibliografia de Becker; Huselid; Ulrich (2001), a competência em gerenciamento estratégico está dividida em outras quatro competências que são: raciocínio causal crítico (avaliar como o RH impulsiona o desempenho da empresa); Compreensão dos princípios da boa mensuração (medir com confiabilidade e nitidez os resultados e esperar algum retorno); Estimar as relações causais entre o RH e o desempenho da empresa; Comunicar os resultados obtidos com o desempenho estratégico de RH de forma clara aos gerentes de linha da empresa. 2.5 Processo de manter pessoas Conforme Chiavenato (2010), manter pessoas motivadas e satisfeitas no ambiente de trabalho, existem alguns cuidados especiais, dentre eles, destacam-se a relação com os empregados e os programas de saúde e segurança que assegurem qualidade de vida na organização. 2.5.1 Relações com empregados Muitos fatores pessoais podem afetar o desempenho do funcionário na realização de seu trabalho. Cabe aos gerentes saberem lidar com essa situação de uma maneira adequada. A organização deve motivar e proporcionar assistência aos colaboradores em situações problemáticas e deve tratar seus funcionários com respeito de forma a atender às necessidades pessoais e familiares. (CHIAVENATO,2010). O relacionamento com os empregados é importante para transmitir aos colaboradores que a empresa tem objetivos de proteger, assistir e ser justa com todos os seus membros. Algumas decisões precisam ser tomadas pelos empregadores quanto a qual método utilizar para manter com os empregados a comunicação, a cooperação, a proteção, a assistência, a disciplina e gerenciar conflitos ocorridos na organização (MILKOVICH; BOUDREAU, 2006). 43 Em conformidade com Chiavenato (2010), o desenho de um programa de relacionamento com empregados deve considerar os objetivos da área de recursos humanos, dos gerentes do setor e dos colaboradores. De acordo com o autor supracitado, as empresas podem oferecer programas de assistência aos empregados (PAE), que geralmente são estruturados para lidar com aqueles que tenham problemas pessoais que podem atrapalhar o rendimento no trabalho. Para Milkovich; Boudreau (2006), tal assistência pode ocorrer por meio de uma conversa informal entre o empregado e seu superior, que o alerta a procurar ajuda, de preferência profissional, para solucionar o problema ou através de consultas com profissionais contratados pela empresa para atender aos colaboradores que se encontrem nessa situação. Há duas abordagens de atuação para a assistência ao empregado: a confrontação construtiva e o aconselhamento. A primeira é utilizada, unicamente, quando o desempenho do funcionário está sendo prejudicado por algum fator pessoal. Na confrontação, na medida em que o desempenho do funcionário vai diminuindo, atos disciplinares cada vez mais rígidos vão sendo adotados pela empresa e pode levar à demissão do colaborador. Na parte construtiva a empresa acolhe o funcionário com apoio emocional, propõe a manutenção do emprego se houver melhora no desempenho e sugere alternativas para que aconteça essa melhoria. A confrontação e o apoio ocorrem simultaneamente (MILKOVICH; BOUDREAU, 2006). No aconselhamento, busca-se evitar os problemas ou resolvê-los antes que eles tomem grandes proporções. Terapeutas e psicólogos são alguns dos profissionais que podem ajudar a encontrar as causas dos problemas, seja no funcionário ou no ambiente de trabalho. O aconselhamento pode ocorrer por telefone, por aulas sobre administração financeira, estresse e saúde (MILKOVICH; BOUDREAU, 2006). Para a empresa é importante ter uma política disciplinar, a qual deve ser clara e exposta aos colaboradores, afim de que estes a atenda a contento. Tal política, geralmente envolve disciplina progressiva, disciplina positiva e direito de apelo (CHIAVENATO,2010). A disciplina progressiva consiste em uma série de intervenções progressivas e paulatinas que oferecem ao funcionário a oportunidade de corrigir o comportamento antes de ser demitido da organização e contém quatro etapas: advertência verbal, advertência escrita, suspensão e demissão. A disciplina positiva encoraja o empregado a assumir responsabilidades decorrentes de suas atitudes e a punição é substituída por seções de 44 aconselhamento entre empregado e supervisor. No direito de apelo, cada pessoa pode recorrer a uma decisão a qual julgou injusta (CHIAVENATO,2010). Além da disciplina e a diminuição do desempenho de um colaborador, outro fator que pode ocorrer na relação com os empregados e que merece atenção são os conflitos. É natural, no trabalho em equipe, surgir conflitos, o que não é necessariamente ruim, pois, se bem gerenciado, pode trazer resultados e ideias favoráveis para o desenvolvimento da equipe e da organização. Os problemas estão no excesso de conflitos ou na ausência destes. O que perturba uma equipe é a tentativa de evitar um conflito ou a dificuldade de administrá-lo (TANURE; EVANS; PUCIK, 2007). Na cultura brasileira, para a solução de conflitos no interior das organizações, a melhor solução é a existência de um mediador. Muitas empresas no Brasil são mais tradicionais, trabalham com respeito à hierarquia e raramente trabalham com a prática do feedback (resposta do subordinado em relação à percepção de seu chefe). Sendo assim, o conflito não é tido como salutar no Brasil e as pessoas menos munidas de poder evitam esse confronto com o chefe (TANURE; EVANS; PUCIK, 2007). Os conflitos podem ser construtivos ou destrutivos, vai depender de qual estilo será utilizado pelo administrador para gerenciá-lo e solucioná-lo (TAKESHY, FERREIRA E FORTUNA, 2006). Para uma empresa a utilização de programas de relacionamento com os empregados podem gerar benefícios como economia de custos (evita acionamento da justiça, reduz o absenteísmo, diminui a rotatividade e mantém bons níveis de produtividade) e produz melhorias no clima organizacional (TANURE; EVANS; PUCIK, 2007). 2.5.2 Saúde, segurança e qualidade de vida no trabalho A saúde ou higiene no trabalho correspondem às condições ambientais de trabalho que garantam prevenção dos riscos de acidentes, redução ou eliminação das doenças ocupacionais e, sobretudo, assegure a manutenção da integridade física e mental dos colaboradores. Os itens básicos para ter saúde no trabalho são: a) promoção adequada das condições ambientais ( iluminação adequada para cada tipo de atividade,remoção ou proteção 45 contra ruídos e temperatura apropriada); b) controle dos fatores que causam riscos à saúde (elementos físicos, químicos ou biológicos); c) prevenção, redução e eliminação das causas prejudiciais ( por meio de orientações oferecidas aos colaboradores para operarem os equipamentos, executarem corretamente suas atividades e utilizarem somente o material que for necessário para realizá-las) (ARAUJO; GARCIA, 2009). A segurança no trabalho preocupa-se em manter um ambiente seguro para os trabalhadores (ARAUJO; GARCIA, 2009). Conforme Chiavenato (2010), deve ser administrada de maneira profilática, para a prevenção de acidentes, de incêndios e de roubos. Para isso, eliminar as condições inseguras, mapeamento das áreas de risco, análise profunda dos acidentes e compromisso da alta administração com o programa de profilaxia podem ser medidas a serem providenciadas para manter um ambiente seguro de trabalho. Higiene e segurança no ambiente de trabalho são fatores que contribuem para que os funcionários da organização tenham qualidade de vida no trabalho (QVT). QVT representa um dos maiores desafios das empresas nos dias atuais. Toda pessoa tem necessidades biológicas, psicológicas e sociológicas, as quais estão interligadas e são interdependentes. No ambiente de trabalho tais necessidades humanas e os novos desafios empresariais fazem com que cada vez mais organizações se preocupem com a gestão da qualidade de vida no trabalho, cuja definição é: “... a capacidade de administrar o conjunto das ações, incluindo diagnóstico, implantação de melhorias e inovações gerenciais, tecnológicas e estruturais no ambiente de trabalho alinhada e construída na cultura organizacional, com prioridade absoluta para o bem estar das pessoas da organização” (BOOG, 2001, p. 238). Conforme Boog (2001), os critérios de qualidade de vida mais adotados pelas organizações brasileiras são os propostos por Walton (1975), os quais devem ser moldados para as necessidades e objetivos de cada organização. São eles: Compensação justa e adequada; Condições de trabalho; Integração social na organização; Oportunidade de crescimento e segurança; Uso e desenvolvimento das capacidades pessoais; Cidadania; Trabalho e espaço total de vida e Relevância social do trabalho. As intenções e ações para a QVT refletem positivamente na comunicação, na confiança entre as pessoas e na imagem da empresa com seus clientes e empregados. Hoje os programas e ações de QVT adotados pelas empresas são bem variados (BOOG, 2001). Uma baixa qualidade de vida no trabalho, pode levar à insatisfação e à desmotivação do trabalhador, pode incorrer em aumento dos níveis de absenteísmo, 46 rotatividade, roubo e sabotagem na organização. Já uma qualidade de vida no trabalho elevada, propicia um clima organizacional de respeito mútuo, confiança, as pessoas tendem a melhorar suas contribuições e a administração diminui medidas rígidas de controle social (FISCHMANN et al, 2010). Alguns desafios precisam ser vencidos para o melhoramento da QVT. Nota-se que, na maioria das empresas nacionais, as práticas de recursos humanos estão pouco consolidadas, o foco tem sido maior em produtos e processos do que em pessoas e suas profissões. Bem estar, maior interação entre as pessoas da empresa e suas equipes, domínio de novas tecnologias, respeito às diferenças, capacidade de atuar em grupo e individualmente são características que serão cada vez mais vistas nos novos profissionais. Para cultivar e manter os benefícios dessas habilidades humanas é preciso que as organizações tenham uma eficaz gestão de recursos humanos, sempre com ênfase em oferecer alta qualidade de vida no trabalho (BOOG,2001). 2.5 Processo de monitorar pessoas “Monitorar significa seguir, acompanhar, orientar e manter o comportamento das pessoas dentro de determinados limites de variação” (CHIAVENATO, p.498, 2010). Para monitorar o seu pessoal, a empresa precisa ter um sistema de informação de seus recursos humanos. Tal sistema deve coletar, armazenar, manter, recuperar e validar dados necessários sobre os colaboradores da empresa para fornecer informações aos interessados e/ou apoiar as decisões desta área (MILKOVICH; BOUDREAU, 2006). Para estruturar um sistema de informação dos recursos humanos de uma empresa, é preciso especificar as características do sistema, seus usuários-alvo e determinar a quais tipos de questões ele objetivará responder (MILKOVICH; BOUDREAU, 2006). Para Chiavenato (2010), a base para todo o sistema de informação é o banco de dados, o qual armazena e acumula dados codificados e disponíveis para o processamento da informação. Na gestão de pessoas, o banco de dados fornece informações sobre o cadastro de 47 pessoal, cadastro de cargos, de seções, de remuneração, de benefícios, de treinamento, de candidatos a emprego e cadastro médico do funcionário. Para Milkovich; Boudreau (2006), deve-se especificar o tipo e a quantidade de dados a serem coletados, como e quando fazer a coleta. É preciso definir quem vai usar o sistema, como ele será acessado e atualizado de forma a estar sempre em dia com as informações do pessoal. É necessário definir o modelo de software que será utilizado para armazenar e operar tais dados. O sistema de informação requer investimento por parte da organização, visto ser um sistema computadorizado que fornece informações de maneira fácil e rápida aos seus usuários, portanto as empresas precisam fazer uma análise custo-benefício norteada pela avaliação do programa (CHIAVENATO, 2010). Quanto mais informações sobre os funcionários a empresa tiver, melhor irá conhecê-los, ficando mais fácil compreendê-los e colaborar com o sucesso deles, além de estreitar a relação entre eles e a empresa (CHIAVENATO,2010). 48 3. Método A metodologia de pesquisa adotada para o desenvolvimento desse trabalho foi o estudo de caso, o qual possibilitou alcançar os objetivos propostos e responder à questão de pesquisa do presente estudo: Como a revenda de veículos em estudo gerencia o seu pessoal? 3.1 Tipo de pesquisa A pesquisa desenvolvida nesse trabalho foi descritiva, a qual procurou descrever os procedimentos de recursos humanos utilizados na organização em estudo com uma abordagem qualitativa. Os dados foram coletados por meio de entrevistas e questionários. Tais técnicas estão detalhadas no tópico “Técnica de coleta de dados”. Também foi realizada uma pesquisa documental para verificar as informações contidas nos documentos da empresa relativas à avaliação de desempenho dos funcionários, à modelagem dos cargos, turn-over (rotatividade) e absenteísmo. Também foi consultado o banco de dados dos recursos humanos da organização. 3.2 Método escolhido e justificativa O método escolhido para desenvolver esse trabalho foi o estudo de caso. Para Yin (2005), no estudo de caso, faz-se uma pergunta do tipo “como” ou “por que” sobre acontecimentos contemporâneos inseridos num contexto real, sobre os quais o pesquisador tem pouco ou não tem nenhum controle, cujos limites não estão claramente definidos. Para Gil (2010), o planejamento do estudo de caso é flexível e, na maior parte das vezes, o que foi desenvolvido numa fase determina alterações na fase seguinte. 49 Para o estudo de caso, o estudo da teoria é essencial. É preciso estabelecer se o propósito do estudo de caso é testar ou desenvolver a teoria (YIN, 2005). No caso do presente trabalho, o propósito será testar a teoria relativa aos procedimentos de recursos humanos. Na visão de Yin (2005), para se realizar um estudo de caso, cinco componentes são essenciais para indicar quais os dados devem ser coletados: 1) Questões de estudo: formuladas inicialmente com “como” e/ou “por que”; 2) Proposições: é propor respostas para as questões; 3) Unidade de análise: definir o caso a ser estudado, se é um indivíduo, uma organização. Após os dados terem sido coletados: 4) Ligar os dados às proposições; 5) Critérios para interpretar as constatações. Nesse estudo será desenvolvido um estudo de caso único holístico, pois será estudada apenas uma organização na qual a unidade de análise serão as pessoas que trabalham na microempresa. 3.3 Técnica de coleta de dados Para Gil (2010), a coleta de dados pode ser por meio de entrevistas, análises de documentos e/ou observação. Conforme Yin (2005), as entrevistas são importantes fontes de informações para um estudo de caso. A pesquisa em documentos é imprescindível e qualquer estudo de caso e pode servir para confrontação de dados colhidos por meio de outra técnica ou até para a corroboração dos mesmos (GIL, 2010) Nesse trabalho, para complementação e corroboração das informações, foram utilizadas três técnicas de coleta de dados: a aplicação de questionário, a entrevista semiestruturada e a pesquisa em documentos administrativos relativos aos recursos humanos da organização. O questionário foi elaborado com afirmações graduadas pela escala Likert, sendo constituído por opções de respostas limitadas em: 1– Discordo totalmente; 2 – Discordo; 3 – 50 Indiferente; 4 – Concordo; 5 – Concordo totalmente. A entrevista teve como objetivo complementar e aprofundar alguns assuntos propostos no questionário. Foi semi-estruturada, cujo roteiro estava dividido em duas partes, a primeira composta por questões fechadas e abertas, com o objetivo de identificar o perfil dos respondentes. A segunda parte com questões abertas, com o propósito de descobrir e descrever quais os processos de gestão de pessoas são usados pela empresa e como ela os utiliza. Após o consentimento da gerência da empresa, as entrevistas foram agendadas com cada participante e realizadas no ambiente de trabalho, com a finalidade de propiciar ao pesquisador observar o local, o comportamento das pessoas e poder interpretar melhor as mensagens transmitidas por cada um deles. Todas as entrevistas foram gravadas e transcritas. Primeiramente, foram aplicados os questionários. Em seguida foram realizadas as entrevistas individualmente. A documentação administrativa referente aos recursos humanos da organização, foi disponibilizada digitalmente e enviadas para o e-mail do pesquisador, este que a utilizou para corroborar as informações transmitidas pela entrevista e para tentar obter outros dados relevantes sobre avaliação de desempenho dos funcionários, modelagem dos cargos, turnover (rotatividade) e absenteísmo. Também foi consultado o banco de dados dos colaboradores. 3.3.1 Grupo de respondentes Os sujeitos da pesquisa foram os trabalhadores efetivos da empresa na data da coleta dos dados, constituído pelo gerente geral, por um vendedor, uma secretária/vendedora e pelo encarregado de limpeza dos veículos e da loja. 51 3.4 Análise e interpretação dos dados Para Gil (2010), a análise e interpretação dos dados ocorrem simultaneamente a sua coleta. Algumas etapas podem ser seguidas para a realização da análise dos dados, como por exemplo: 1) codificar os dados relevantes mencionados nas fontes de consulta para posteriormente, os dados serem categorizados, comparados e ganharem significado; 2) estabelecer categorias analíticas com a finalidade de agrupar os dados coletados conforme a similaridade que apresentam; 3) exibição dos dados por meio de instrumentos analíticos (matrizes, gráficos ou diagramas); 4) busca de significado fazendo uso das habilidades analíticas; 5) busca da credibilidade. A análise do conteúdo foi o método de análise e interpretação dos dados extraídos das entrevistas e dos documentos consultados para a realização desse estudo. Tal método, segundo Martins (2006), é composto por três etapas fundamentais: a) pré-análise: seleção do material e definição dos procedimentos a serem seguidos; b) exploração do material e implementação dos procedimentos; c) tratamento dos dados e interpretações: geração de inferências sobre o texto como um todo e interpretações. Foi utilizada a técnica de estatística descritiva, representada por gráficos, para identificar o perfil dos respondentes da pesquisa e para analisar os dados coletados no questionário, o qual, como já mencionado, foi elaborado com a escala Likert, esta que analisa o grau de concordância e discordância dos entrevistados em relação às afirmações do roteiro. Tais afirmações foram embasadas no referencial teórico desse estudo. Por fim, realizou-se um relatório com os tópicos relevantes encontrados nas análises dos dados. 52 4. Apresentação dos resultados Antes de iniciar a apresentação dos resultados, disponibiliza-se ao leitor um breve histórico da empresa e do perfil dos respondentes dessa pesquisa. A organização em estudo é uma micro-empresa do ramo automotivo, a qual é representante de várias marcas e comercializa veículos novos e semi-novos. A matriz está instalada em outra cidade da região. A micro-empresa foi recentemente instalada em Santana do Livramento, cuja data de inauguração ocorreu no dia 07 de janeiro de 2010. No mês de abril de 2013, encontravam-se empregados na empresa quatro funcionários efetivos: um gerente geral, um responsável pela limpeza da loja e dos carros, uma secretária (esta que também é vendedora) e um vendedor. Para que os objetivos propostos no início do presente trabalho fossem alcançados, fez-se a análise de documentos relativos aos recursos humanos da organização e aplicou-se um questionário com questões limitadas pela escala Likert. Como mencionado anteriormente, para complementar e aprofundar algumas questões do questionário, foram realizadas entrevistas semi-estruturadas, cujo roteiro foi dividido em duas partes: uma para evidenciar o perfil dos respondentes e a outra para identificar os processos de Gestão de Pessoas que são praticados na empresa. As entrevistas ocorreram no interior da loja em horário de expediente, foram gravadas e transcritas. Todos os colaboradores responderam ao questionário e à primeira parte da entrevista. No entanto, um deles não pode participar da segunda parte da entrevista em decorrência da indisponibilidade de tempo. Os participantes da entrevista foram: Entrevistado 1: gerente da empresa; Entrevistado 2: secretária e vendedora; Entrevistado 3: Vendedor. Seguem abaixo alguns gráficos que evidenciam o perfil dos quatro respondentes dessa pesquisa: 53 Fonte: Próprio Autor, 2013. FIGURA 1: Faixa etária dos funcionários da empresa. Fonte: Próprio Autor, 2013. FIGURA 2: Quantidade de pessoas nos cargos. Fonte: Próprio Autor, 2013. FIGURA 3: Escolaridade dos funcionários da empresa. Fonte: Próprio Autor, 2013. FIGURA 4: Estado civil dos funcionários. Fonte: Próprio Autor, 2013. FIGURA 5: Tempo que os funcionários trabalham na empresa. De acordo com os gráficos acima, os trabalhadores da empresa em análise dividem-se em três do sexo masculino e um do sexo feminino, com faixa etária bem variada entre eles, sendo a maior parte entre 31 a 45 anos. Todos são casados, possuem escolaridade que varia desde o ensino fundamental completo até o ensino superior incompleto, mas no momento, nenhum está estudando. Cada pessoa ocupa um cargo distinto, exceto a secretária 54 que também atua nas vendas. A maioria está empregada na empresa entre um e dois anos. Após ter o conhecimento do perfil dos respondentes, tem-se a preocupação em se alcançar os objetivos propostos nesse estudo, os quais estão desenvolvidos nas subseções abaixo. 4.1 Descrição das práticas de Gestão de Pessoas desenvolvidas na empresa Nesse tópico estão descritas as práticas que a empresa realiza para cada processo de Gestão de Pessoas. A primeira parte de cada tópico ilustra os gráficos estatísticos, os quais representam os dados obtidos através do questionário. Em seguida está as transcrições das entrevistas e abaixo a análise dos dados coletados. Antes de partir para o primeiro processo, por meio da aplicação do questionário, descobriu-se que a empresa estudada não possui um departamento de pessoal estruturado. 4.1.1. Práticas no processo de agregar pessoas Quanto aos processos de recrutamento e seleção, a opinião dos colaboradores no questionário estão representadas pelos gráficos abaixo: Fonte: Próprio Autor,2013. FIGURA 6: Processo de agregar pessoas 1. Fonte: Próprio Autor,2013. FIGURA 7: Processo de agregar pessoas 2. 55 Fonte: Próprio Autor,2013. FIGURA 8: Processo de agregar pessoas 3. Fonte: Próprio Autor,2013. FIGURA 9: Processo de agregar pessoas 4. A maioria afirma que o processo de recrutamento e seleção é planejado e discorda de que a empresa dispõe de pouco tempo para realizar tais processos. A maior parte concorda totalmente que para atrair bons candidatos para uma vaga de emprego a empresa deve oferecer boas condições de trabalho e boas recompensas. Quanto à afirmação de que a empresa seleciona candidatos com características superiores ao que o cargo requer, a maioria ficou indiferente, uma pessoa concordou e outra discordou. Para saber mais sobre o assunto, perguntou-se aos três funcionários participantes da entrevista, como ocorre o recrutamento e a seleção de pessoas na empresa. Lembrando que: Entrevistado 1 (E1): gerente da empresa; Entrevistado 2 (E2): secretária e vendedora; Entrevistado 3 (E3): vendedor. E1: afirmou que o recrutamento utiliza diversas fontes, como anúncios em rádio, solicita candidatos às agências de recrutamento e consulta ao banco de currículos. A seleção é por meio de entrevista e avaliação do currículo por parte do diretor e da gerência. Depois avisam por telefone que a pessoa foi selecionada e pedem para ela ir até a empresa para conversarem sobre a contratação e início das atividades. E2: quanto ao recrutamento, respondeu o mesmo que o entrevistado A, mas agregou a informação de que os currículos são separados por data. Quanto à seleção disse: “A seleção é por meio de entrevistas. Às vezes são realizadas entrevistas coletivas, entre o candidato, o gerente, às vezes até o diretor vem, e alguns funcionários. Eu mesma participo de algumas entrevistas de seleção”. “...também já aconteceu de algumas pessoas saírem de seus empregos, virem na empresa para pedir oportunidade e 56 serem contratadas”. E2 salientou que a escolha final dos colaboradores é feita pelo gerente e pelo diretor. E3: “Não sei como funciona exatamente, mas fui contratado por telefone! Liguei várias vezes para o diretor da empresa e para o gerente para pedir uma oportunidade de emprego. Passou um tempo, o diretor me chamou para conversar pessoalmente e já me contratou no mesmo dia. Comecei a trabalhar no dia seguinte”. De acordo com Milkovich; Boudreau (2006), o processo de recrutamento de pessoas, consiste em um conjunto de práticas que visam a identificar e atrair um grupo de candidatos, entre os quais vão ser selecionados alguns e, posteriormente, serão contratados para ocuparem um cargo na organização. Pode-se verificar, com base nos dados coletados, que o processo de recrutamento de pessoas para trabalharem na empresa é predominantemente recrutamento externo. São utilizados alguns recursos como rádio, análise do banco de currículos e agências terceirizadas. A decisão da seleção é realizada, conjuntamente, entre o diretor e o gerente. O meio mais utilizado para fazer a seleção é a entrevista. Tem-se na empresa como boas práticas nesse processo de recrutamento e seleção, a entrevista coletiva a um novo candidato, na qual participam o gerente, alguns funcionários e algumas vezes o diretor também está presente e o atendimento às pessoas que vão até a loja pessoalmente pedir emprego. 4.1.2. Práticas no processo de aplicar pessoas Nesse processo pretendeu-se identificar se a empresa possui uma cultura organizacional compartilhada por todos os colaboradores, se são descritas e esclarecidas as funções dos cargos e como é realizada a avaliação de desempenho na empresa. 4.1.2.1. Cultura organizacional No questionário foram elaboradas algumas questões para buscar compreender a cultura organizacional da empresa, cujas repostas estão representadas nos gráficos abaixo: 57 Fonte: Próprio Autor,2013. FIGURA 10: Processo de aplicar pessoas: cultura 1 Fonte: Próprio Autor,2013. FIGURA 11: Processo de aplicar pessoas: cultura 2 Fonte: Próprio Autor,2013. FIGURA 12: Processo de aplicar pessoas: cultura 3 Tem-se que a maioria dos entrevistados concorda totalmente em relação à empresa incentivar a troca de conhecimentos entre as pessoas e o trabalho em equipe. A maioria discorda totalmente no que diz respeito à existência de um documento visível a todos os colaboradores que descreva os valores e objetivos organizacionais. Na entrevista, para saber mais sobre a cultura organizacional, procurou-se identificar se os funcionários sabiam há quanto tempo a empresa existe na cidade. Somente um dos respondentes afirmou com convicção, os outros ficaram na dúvida e opinaram por indução: E1: “tem 3 anos” E2: “acho que tem três anos, porque trabalho aqui há uns dois anos e quando entrei a empresa tinha um ano na cidade, acho que são 3 anos mesmo”. E3: “acho que uns 4 anos. Eu trabalhava na loja ao lado quando abriu a empresa e pelas minhas contas é quase 4 anos mesmo”. 58 Quanto à questão sobre os departamentos existentes na empresa, as respostas de todos foram similares, pois eles conheciam o setor de limpeza, o administrativo e financeiro, o de vendas e a gerência. O E1 informou a existência de outros setores, tais como, pós-vendas e transporte dos veículos. Quando a questão foi sobre quais são os objetivos da organização, responderam: E1: “ Os objetivos da nossa empresa são: vender, crescer, atender bem e satisfazer o cliente e os colaboradores. Nossa prioridade é o cliente”. E2: “...vender, crescer, desenvolver para a empresa e para os funcionários...ter lucro.” E3: “O objetivo da empresa na cidade é o mesmo das outras concessionárias de veículos da cidade. Expandir as marcas dos carros e vender”. Perguntou-se qual o perfil profissional delineado e projetado para a empresa, cujas respostas foram: E1: “Pessoa que tenha ambição, queira crescer e progredir. Se não tem ambição, não serve para trabalhar na nossa empresa! Priorizamos pessoas com boa aparência, boa apresentação e jovens trabalhadores. Priorizamos pessoas que estão dispostas a aprender e não aquelas que acham que sabem tudo e que não precisam de aprender mais nada”. E2: “Pessoas responsáveis, que transmitam confiança e que tragam lucros para a empresa, principalmente.” E3: “O mesmo perfil que as empresas concorrentes exigem de um vendedor, que tenha boa apresentação, ambição (mas uma ambição que seja sadia), desenvoltura, treinamento, discernimento para poder efetuar as vendas. Que tenha condições como pessoa humana para poder lidar com diferentes perfis de clientes”. Para ter e desenvolver uma cultura organizacional é relevante que se tenha uma integração normativa, que é um conjunto de normas, valores e atitudes, sob a perspectiva da empresa, em relação ao que ela espera de seus integrantes (TANURE; EVANS; PUCIK, 2007). Com relação à cultura organizacional, aos valores e aos objetivos organizacionais, percebe-se que não há nada formalmente instituído pela empresa, uma vez que, todas as questões foram respondidas com base na percepção de cada colaborador, de seu dia a dia de trabalho e convivência na organização. Como por exemplo, somente o E1 manifestou a satisfação do cliente como um objetivo da empresa. Falta um pouco de esclarecimento quanto 59 aos setores existentes na empresa, pois, para o E1, existe o setor de pós-vendas e transporte. Talvez os outros funcionários não reconheçam como setores e sim como atribuições do cargo, pois, durante a entrevista, percebeu-se que todos realizavam o pós-vendas aos clientes que entravam na loja, os quais eram encaminhados para o gerente e este solucionava as questões. Observou-se que o transporte dos veículos é realizado pela matriz, da qual vem um caminhão para descarregar ou carregar veículos. Já o transporte dos carros vendidos para entrega ao cliente, quando necessário, é realizado por quem vende o veículo. Ao analisar o perfil dos respondentes dessa pesquisa, percebe-se que nem todos os colaboradores atendem alguns itens do perfil profissional delineado pelo E1, como por exemplo, somente um colaborador está na fase profissional jovem, pois os demais são pessoas com mais experiência no mercado de trabalho. 4.1.2.2. Práticas de análise e descrição dos cargos Quanto à análise e descrição dos cargos e funções tem-se os seguintes gráficos: Fonte: Próprio Autor,2013. FIGURA 13: Processo de aplicar pessoas: cargos 1. Fonte: Próprio Autor,2013. FIGURA 14: Processo de aplicar pessoas: cargos 2. Fonte: Próprio Autor,2013. FIGURA 15: Processo de aplicar pessoas: cargos 3. 60 Verifica-se que houve um equilíbrio nas respostas entre concorda totalmente e concorda no que tange ao esclarecimento por parte da empresa sobre as responsabilidades, características, funções e disponibilidade da análise e descrições dos cargos na empresa. A questão da entrevista sobre o assunto foi: Quais os métodos utilizados pela empresa para análise e descrição dos cargos? E1: “Uma ex-funcionária elaborou uma ficha técnica descrevendo as funções dos vendedores e do setor administrativo e financeiro, informando quais os compromissos deles, o que são obrigações e o que não são. E2: “Há na empresa documentos informando as funções e quais as atividades que a secretária e os vendedores devem realizar. Não há uma relação sobre as responsabilidades da gerência e nem do setor de limpeza, talvez seja elaborado pelo diretor da empresa, mas não fica nenhum documento aqui na loja. As atividades novas ou mudanças de procedimentos surgidas no cargo no período em que estou na empresa, não foram atualizadas nesses documentos”. E3: “Quando me apresentei para trabalhar na empresa como vendedor já sabia todas as funções que iria exercer dentro da empresa. Tais funções não foram esclarecidas por meio de documentos, mas como profissional em vendas, eu já sabia como funcionava.” Ele disse que não lhe foi mostrado as atividades do cargo, talvez por ele já saber o serviço dele. “Talvez se eu estivesse trabalhando pela primeira vez com isso, teriam me mostrado as atividades do cargo”. Com base na literatura de Milkovich; Boudreau (2006), um dos benefícios da análise e descrição dos cargos para o departamento de recursos humanos, é que permite saber quais as características do candidato a uma vaga na empresa são compatíveis com as requeridas pelo cargo. Ao conferir os documentos referentes à análise e descrição dos cargos existentes na empresa, percebeu-se que o que foi dito na entrevista realmente existe. São documentos que explicam as atividades, responsabilidades, funções que devem ser desempenhadas pela secretária e pelos vendedores. Tais informações estão armazenadas digitalmente e tem uma versão impressa, porém não está ao acesso de todos os colaboradores. Não é praxe a apresentação desses documentos para todos da organização. Na visão de Milkovich; Boudreau (2006), os dados coletados na análise das funções precisam estar descritos, documentados e serem disponibilizados para que todos os interessados tenham acesso. As relações das atividades pertinentes a cada cargo, não estão atualizadas, a última edição dos documentos ocorreu no ano de 2011. 61 4.1.2.3 Práticas de avaliação de desempenho: De acordo com os dados obtidos pelo questionário, percebe-se que é praticado um sistema de avaliação de desempenho na empresa. Há concordância de todos os funcionários em relação ao assunto e todos afirmam que tal avaliação compete ao gerente, conforme os gráficos abaixo: Fonte: Próprio Autor,2013. FIGURA 16: Processo de aplicar pessoas: desempenho Fonte: Próprio Autor,2013. FIGURA 17: Processo de aplicar pessoas: desempenho Na entrevista buscou saber quais métodos de avaliação de desempenho são utilizados pela empresa, cujas respostas foram: E1: “Realizamos reuniões com a participação de todos os funcionários, realizadas frequentemente (uma vez por semana), e cada um dá sua opinião, diz o que está errado e o que tem que melhorar. Os assuntos vão surgindo e vamos discutindo para buscarmos soluções. A empresa é uma democracia, eu argumento o que acho que está errado e elogio o que está certo, assim como eles podem me fazer elogios ou críticas”. Informou que a avaliação do desempenho é realizada pelo gerente e, principalmente, pelos clientes da empresa: “Tenho contato direto com todos os clientes da empresa, devido a esse contato é possível avaliar se o vendedor atendeu bem, se o atendimento foi do jeito que o cliente esperava e se ele ficou satisfeito”. E2: “Frequentemente realizamos reuniões com todos os funcionários e são debatidos alguns temas. Levo e apresento as planilhas de vendas para essas reuniões para discutirmos os resultados do período”. 62 E3: “Há reuniões com todos os funcionários e discutimos várias coisas, como as novidades que surgem na empresa, as dificuldades que ocorreram nas vendas. Todos tem liberdade para dar opiniões sobre atitudes, gestos que podem ter sido ofensivos e serviços dos outros colegas. Fazemos comentários para que acontecimentos negativos não se tornem repetitivos”. Outra questão da entrevista foi sobre quais propostas de melhorias eles teriam para a avaliação de desempenho realizada na empresa. Os entrevistados 1 e 3 disseram que está sendo bem feita. Para o E2: E2: “ Estou satisfeita, porque todos temos liberdade nas reuniões para opinar e dar sugestões para melhorar o desempenho no trabalho. Temos um clima bem legal aqui na empresa e o gerente é bem acessível. Ele nos ensina sempre!” A avaliação de desempenho é um instrumento gerencial que permite ao administrador mensurar os resultados obtidos por um membro ou por uma equipe de trabalho, em período e área específicos (MARRAS, 2007). De acordo com os funcionários da empresa, a avaliação do desempenho é realizada durante as reuniões que eles fazem frequentemente, nas quais são discutidas novidades sobre os produtos da empresa, algumas dificuldades que apareceram nas vendas e é o momento que todos podem dizer algo que aconteceu de desagradável ou dar sugestões de melhorias para algumas situações ocorridas na loja. Nada é documentado, nenhum roteiro é seguido para a realização dessas reuniões, o que pode levar a não discussão de alguns temas importantes e a maior dificuldade no acompanhamento da progressão ou regressão do desempenho de um colaborador. Uma boa prática que a empresa possui nesse processo de avaliação foi o mencionado pelo E1, de que a percepção do cliente ao atendimento é a principal fonte de feedback em relação ao desempenho de um colaborador. Outro ponto positivo é que todos se reúnem e todos tem liberdade para dar opiniões e esclarecerem dúvidas ou mal entendidos. 63 4.1.3 Práticas no processo de recompensar pessoas Segundo o questionário aplicado, tem-se que: Fonte: Próprio Autor,2013. FIGURA 18: Processo de recompensar pessoas 1. Fonte: Próprio Autor,2013. FIGURA 19: Processo de recompensar pessoas 2. Fonte: Próprio Autor,2013. FIGURA 20: Processo de recompensar pessoas 3. Fonte: Próprio Autor,2013. FIGURA 21: Processo de recompensar pessoas 4. Fonte: Próprio Autor,2013. FIGURA 22: Processo de recompensar pessoas 5. Os gráficos acima mostram que parte dos funcionários concorda e outra parte concorda totalmente que a remuneração paga pela empresa é definida com base no cargo e que a mesma proporciona segurança e ajuda a satisfazer as necessidades básicas do 64 trabalhador. A maioria concorda que existe uma relação na empresa dos salários que são pagos para cada cargo. A maior parte discorda totalmente que a organização realiza pesquisa de salários em outras empresas e que o salário fixo pago pela empresa é superior ao estabelecido pelo governo ou sindicato. Para saber mais sobre a remuneração, perguntou-se quais os critérios utilizados para ser paga uma remuneração variável aos funcionários e foram obtidas as seguintes respostas: E1: “Pagamos para cada cargo um salário fixo previsto pelo sindicato. Exceto para os vendedores, que recebem somente as comissões. Quanto mais o funcionário vestir a camisa da empresa, quanto mais clientes satisfeitos, qual o melhor jeito de recompensá-lo? Melhorando a remuneração dele. Quanto melhor trabalhar, mais ele vai ganhar. Também temos uma premiação caso a nossa loja consiga vender mais do que a matriz. Essa premiação é para todos da loja aqui da cidade”. E2: “Antes eu recebia somente o salário fixo como secretária. Depois que entrei para as vendas, passei a receber o fixo mais as comissões das vendas”. E3: “Recebo comissões pelas vendas, mas quando não consigo alcançar o valor do salário fixo com as vendas, recebo o salário. Agora, se ultrapasso o valor do salário, recebo somente as comissões”. Perguntou-se qual o método a empresa utiliza para a avaliação e comparação dos cargos. Como respostas obtiveram-se: E1: “A avaliação que fazemos dos cargos é com base nas atividades que devem ser executadas em cada um. Não é feita uma comparação entre os cargos, mas sabemos quais são as atribuições de cada um. São poucos cargos na empresa e poucas pessoas, então isso fica mais visível.” E2: “ Os cargos são avaliados com base nas exigências de cada um e assim é estabelecido a forma de remuneração. ... Não sei se é realizada uma comparação dos cargos, mas sei que cada cargo tem uma remuneração diferente”. E3: “ Acho que os cargos são avaliados baseando-se no trabalho que temos que realizar nele. Não sei exatamente como é realizada a comparação dos cargos, acredito que são comparados pelas funções características deles e pela forma de pagamento que cada cargo tem. Eu por exemplo, como vendedor, recebo comissão pelas vendas, já o faxineiro não recebe a comissão, acredito que recebe apenas o salário fixo”. 65 No que tange à opinião dos entrevistados sobre melhorias que poderiam ser realizadas pela empresa no plano de benefícios, as respostas foram: E1: “Nenhuma, por ser uma micro-empresa, preferimos compensar com remuneração diferenciada os funcionários ao invés de benefícios”. E2: “Talvez um vale alimentação. Já ajudaria! Um plano de saúde também seria ótimo. Acho que essas assistências são boas, talvez se tivesse seria melhor. Acredito que só as empresas maiores fornecem esses benefícios, mas seria viável se tivesse aqui”. E3: “Seria interessante, principalmente, um plano de saúde. Acho que seria ideal para todos”. Quanto aos incentivos que a empresa fornece aos seus empregados, responderam: E1: “A empresa fornece um “plus”. Funciona assim, vou simplificar para você: quanto mais lucro deixar nas vendas mais vai ganhar. O pagamento desse “plus” é mensal. Os entrevistados E2 e E3, disseram que o incentivo é um “plus” pago ao vendedor que conseguir vender um veículo que tenha uma margem maior de lucro para a empresa. Com relação às melhorias que eles acreditam que poderiam ser feitas nos incentivos, tem-se: E1: “Não tenho sugestões. Acho que está ótimo com o “plus”, porque o plus vai depender do negócio, do valor, simplificando, a empresa não quer ganhar sozinha!”. E2: “Por agora não posso propor nada, já melhorou muito com o “plus”. E3: “Não posso sugerir nada! Acho que hoje o departamento de vendas leva a empresa para frente. Se não for bem sucedido, a empresa quebra, pois a empresa vive de vendas. Entrevistador: O senhor acha que não precisa de outros incentivos? E3: “Hoje é difícil uma empresa pagar muitos incentivos! É difícil uma empresa dar uma bonificação se o ano de vendas foi muito bom. – Olha, vou lhe dar mais um salário em retribuição ao que vocês fizeram! Seria interessante uma bonificação no final do ano se os resultados das vendas da loja forem bons, mas isso além do 13º! (risos). Na entrevista perguntou se os funcionários estavam satisfeitos com a remuneração que recebem da empresa: 66 E1: “Acho a remuneração paga para todos os colaboradores justa”. E2: “ Depois que comecei a vender ficou melhor, agora o meu salário só depende do meu desempenho”. E3: “Questão de salário e de comissão é muito complexo. Hoje o mercado de automóveis está muito saturado e as comissões hoje não são como antes, foram reduzidas. Hoje não sou satisfeito em relação à remuneração, não pela empresa, porque ela paga como todas as outras, mas pelas dificuldades do mercado de trabalho”. Conforme Araújo; Garcia (2009), a política salarial define como será a remuneração total dos colaboradores de uma organização, qual será o salário básico, quais as remunerações variáveis a serem adotadas e quais os benefícios sociais. Nessa perspectiva a empresa define sua política salarial baseada no cargo. Para os setores de gerência, administrativo/financeiro e de limpeza, paga-se o salário básico definido pelo sindicato. Aplica-se uma remuneração variável para a gerência e para os vendedores, os quais recebem comissões sobre as vendas realizadas no mês e uma bonificação para o funcionário que vender um veículo com maior margem de lucro para a empresa. Um dos entrevistados disse que, quando a filial vende mais do que a matriz, todos os funcionários recebem uma premiação em dinheiro. Todos afirmam que a empresa não fornece benefícios além dos previstos em lei. Na visão da empresa, a melhor forma de recompensar um funcionário é aumentar a remuneração dele e, para tanto trabalha adotando o sistema de comissões e incentivos. Diante do exposto nas entrevistas, a maioria dos funcionários está satisfeita com a remuneração, apesar de sugerirem para que a empresa forneça outros benefícios e mais incentivos. . Não foram cedidos documentos relativos a salários para análise. A empresa não faz pesquisa salarial em outras do mesmo ramo para saber qual a média salarial praticada no mercado externo e, nos documentos analisados, inexiste uma estrutura salarial que define claramente todos os cargos da empresa, as atribuições pertinentes a eles e a remuneração paga para cada um desses cargos. 4.1.4 Práticas no processo de desenvolver pessoas De acordo com as respostas do questionário tem-se os seguintes gráficos: 67 Fonte: Próprio Autor,2013. FIGURA 23: Processo de desenvolver pessoas 1. Fonte: Próprio Autor,2013. FIGURA 24: Processo de desenvolver pessoas 2. A maioria concorda que a empresa oferece treinamento e desenvolvimento aos seus funcionários e concorda totalmente que o gerente é presente para estimular o crescimento profissional. Para aprofundar nesse tema, perguntou-se na entrevista se o colaborador recebeu algum tipo de treinamento ao ocupar o seu cargo na empresa e de que forma foi esse treinamento. As respostas obtidas estão transcritas abaixo: E1: “Sim. Meu treinamento foi na prática! As coisas foram surgindo...os problemas.... cada cliente tinha uma situação diferente, e o diretor da empresa, meu irmão, ia me orientando para resolver..a gente se falava por telefone, porque ele mora em outra cidade... Aprendi com as experiências do dia a dia”. E2: “Sim, fui bem treinada para a minha função. Tive um treinamento prático e teórico pela ex-secretária. Os documentos usados no treinamento estão guardados no meu computador.” E você teve treinamento antes de começar a vender? “Sim. Quando entrei para as vendas o gerente me orientou, mostrando como operar as tabelas financeiras, realizar os cálculos, financiamentos... ensinou sobre os carros. Eu ficava observando as vendas e depois comecei a acompanhá-las junto com o gerente. Ele me ensinou tudo sobre vendas!” E3:“Não houve treinamento, porque eu disse que não precisava. Procurei estudar os veículos pelos sites das fábricas. A empresa forneceu um computador para isso, tenho um computador na minha mesa. Também estudei pelos folhetos que vem das fábricas, neles tem instruções sobre os veículos. Quando entrei na loja, fui orientado de como eram os nossos produtos... me disseram que o produto é assim, 68 assim e assim, mas para eu me sentir mais preparado para atender os clientes, estudei sozinho todos os veículos da loja”. Outra questão foi se a empresa propõe desafios aos funcionários? Como ela reage se o desafio não é alcançado ou se ocorre erros na tentativa de vencê-lo? E1: “Propõe. A concorrência é ótima para esse tipo de ramo nosso. Então, como temos duas lojas, a matriz e a filial, todo mês fazemos competição entre as lojas. O desafio é vender mais do que a loja matriz. A loja que produzir mais terá uma bonificação extra para todos os funcionários, desde o faxineiro até o gerente. Quando não atingimos o desafio, batalhamos para conseguir alcançar no próximo mês. Sobre os erros, eles acontecem e nós resolvemos”. E2: “Sim. Vender mais do que no mês anterior. Se acontecem erros, não acontece nada demais, tudo é resolvido. O gerente sempre resolve com o diretor”. E3: “Não trabalhamos com metas, mas o desafio é nos superarmos, vender mais que o mês passado. Se o desafio não é alcançado, a reação do patrão (diretor) é como a de todos, não entra mais dinheiro... as coisas ficam mais difíceis. Às vezes se erra sem intenção, mas os erros fazem parte e são corrigidos”. Quais os métodos de desenvolvimento realizados pela empresa para melhorar as habilidades e até avançar na carreira dentro da empresa? E1: “ Todos nós envolvidos com as vendas, participamos dos cursos oferecidos pelo SEBRAE. Há também o desenvolvimento prático, sob minha responsabilidade, que são transmitidas aos funcionários as novidades sobre os produtos existentes na loja por meio de reuniões. Realizo também o acompanhamento do trabalho dos funcionários”. E2: “ Sempre que o SEBRAE oferece cursos, todos nós participamos, exceto se alguém não quiser ir. Até acho que seria interessante se a gente tivesse mais cursos com as concessionárias para nos desenvolvermos mais, por exemplo, lançou um carro novo poderíamos ir treinar nas concessionárias”. E3: “ A empresa paga para a gente ir aos cursos oferecidos pelo SEBRAE para aprimorarmos nossas habilidades. Quanto a plano de carreira, não somos preparados... até porque somos uma empresa muito pequena e não temos ambição para ocupar outro cargo, porque não tem!” Perguntou-se com que frequência é realizado o desenvolvimento dos funcionários e quando foi o último programa de desenvolvimento que você participou, cujas respostas foram: 69 E1: “Sempre que o SEBRAE oferece cursos. De seis em seis meses, geralmente. O último que fiz foi esse ano de 2013”. E2 e E3 disseram que, geralmente, todos os funcionários fazem os cursos pelo SEBRAE de 6 em 6 meses. O último curso que participaram foi em setembro de 2012. Na visão de Boog (2001), é preciso que o programa de treinamento tenha credibilidade e produza bons resultados e para isso, deve ser bem planejado. Pelas informações obtidas com os respondentes, a empresa não se prepara para oferecer o treinamento aos funcionários. Com a análise documental, pode-se perceber que não existe um programa de treinamento estruturado na empresa, o que há são documentos desatualizados, os quais mostram as atividades exigidas nos cargos de vendedor e secretária. Há também folhetos técnicos sobre os veículos das lojas, os quais ficam disponíveis para todos, assim como cada funcionário tem um computador em suas mesas e são aconselhados a estudarem os veículos pelos sites das fábricas. O processo de treinamento não é padronizado e nem planejado. Conforme Takeshy, Ferreira; Fortuna (2006), o desenvolvimento de pessoas envolve um conjunto de atividades e processos com o intuito de explorar o potencial de aprendizagem e capacidade produtiva do indivíduo nas organizações. A empresa em estudo não tem um programa estruturado de desenvolvimento. Ela fornece aos funcionários cursos técnicos, ministrados por outras instituições, nas áreas das vendas e do administrativo, para aperfeiçoamento e atualização dos colaboradores. Não há um plano de carreira na microempresa estudada, logo os colaboradores não são preparados para assumirem cargos mais complexos. Não há documentos que registrem os resultados alcançados pelo treinamento e nem as melhorias proporcionadas pelos cursos oferecidos para o desenvolvimento dos colaboradores. 4.1.5 Práticas no processo de manter pessoas Os dados obtidos pelo questionário, em relação à manutenção das pessoas na empresa e dos assuntos como relações com empregados, saúde/higiene, segurança e qualidade de vida no trabalho, estão representados nos gráficos analíticos abaixo: 70 Fonte: Próprio Autor,2013. FIGURA 25: Processo de manter pessoas 1. Fonte: Próprio Autor,2013. FIGURA 26: Processo de manter pessoas 2. Fonte: Próprio Autor,2013. FIGURA 27: Processo de manter pessoas 3. Fonte: Próprio Autor,2013. FIGURA 28: Processo de manter pessoas 4. Verifica-se a concordância da maioria quando se afirma que o gerente presta uma assistência informal aos colaboradores que estejam passando por problemas pessoais que podem causar queda do desempenho no trabalho. A maior parte concorda que a produtividade do funcionário depende da qualidade das relações entre ele e o seu superior. As respostas ficaram divididas entre concorda e indiferente quando a afirmação foi sobre a existência na empresa de uma política disciplinar clara e exposta aos colaboradores. Todos os colaboradores concordam totalmente que a higiene e segurança no ambiente de trabalho contribuem para melhor qualidade de vida dos funcionários. Na entrevista, perguntou-se qual a ação da empresa quando o desempenho do funcionário vai diminuindo? E1: “Cobrança! ...Converso diretamente e individualmente com o funcionário que tem alguma queda no desempenho para saber o que está acontecendo e procuro ajudar ele para ver se o desempenho melhora”. 71 E2: “Fazemos reuniões para saber o motivo do mau desempenho. Na área de vendas, se a conversa não resolve, pode ocorrer demissão”. E3: “ O gerente nos chama para conversar, para saber o que está acontecendo... para saber se o funcionário está com algum problema pessoal ou se é o mercado que está ruim mesmo”. Outra questão foi para saber como o gerente da empresa reage aos conflitos internos. Os entrevistados disseram: E1: “Democraticamente. Esclarecemos a situação que pode estar gerando o conflito diante de todos os funcionários e assim procuramos solucionar e não deixar nenhuma pendência, para seguir um clima agradável de trabalho”. E2: “Todos entramos em conflito de vez em quando, mas tudo é solucionado. O gerente reúne todo mundo e esclarece a situação entre todos os envolvidos no conflito para colocar tudo em ordem novamente!” E3: “O que acontece aqui na empresa, a gente resolve aqui dentro mesmo... todos os conflitos são resolvidos. O gerente, quando percebe que tem algum clima ruim aqui dentro, procura saber o que está acontecendo e sempre busca resolver”. Para saber dados sobre rotatividade (turn-over) perguntou-se quantas pessoas passaram pela empresa desde quando o funcionário começou a trabalhar na empresa, cujas respostas foram: E1: “Hum...acho que umas seis pessoas”. E2: “Acho que umas cinco pessoas” E4: “Deixa eu ver...acho que umas quatro pessoas. Você falta ao trabalho? E1: “Dificilmente. Somente quando tenho algum compromisso inadiável com a família, como uma consulta médica do meu filho. Nem quando estou doente eu falto! (risos) E2: “Não. Somente em caso de urgência ou consulta médica. Mas muito raro acontecer! Até hoje só faltei quando tive que ir fazer uma cirurgia”. E3: “Não. Se eu falto ao trabalho não tenho chances de vender. Perco muita coisa se eu faltar.” 72 Abaixo estão as questões realizadas aos entrevistados com suas respectivas respostas, quando se quis aprofundar sobre a Qualidade de Vida no Trabalho: Quais os critérios de qualidade de vida utilizados como parâmetro pela organização? (Compensação justa e adequada, boas condições de trabalho, integração social na organização, oportunidade de crescimento e segurança, uso e desenvolvimento das capacidades pessoais, outros.) E1: “Todos os critérios citados. Remuneramos de forma justa e de acordo com a produtividade de cada um, usando as comissões. Oferecemos um ambiente de trabalho limpo, organizado... a gente preza muito o trabalho em equipe e a boa convivência com os colegas de trabalho. Temos segurança na loja...temos alarme, extintor... temos tanto segurança física, como também oferecemos a segurança no emprego, porque não vamos demitir com arbitrariedade um funcionário e sem comunicar ele antes. Acontece sim da gente usar as capacidades pessoais dos funcionários e tentar desenvolver mais, se percebe quando alguém tem um potencial e a gente busca desenvolver e aprimorar esse potencial, como aconteceu com a secretária que, além de receber o salário fixo por suas atividades no administrativo e financeiro, recebe as comissões das vendas que realiza”. E2: “Prezamos muito o trabalho em equipe, um busca ajudar o outro. Temos boas condições de trabalho aqui! A compensação é justa e adequada, me sinto segura na questão física, mas quanto a me manter no emprego vai depender de mim... enquanto eu estiver fazendo tudo certo, sei que não vou ser mandada embora. Eles usam e desenvolvem as capacidades sim, porque viram que eu tinha potencial para vender e me colocaram nas vendas também”. E3: “Aqui é uma empresa bem organizada, com boas condições de trabalho! Prezamos a integração social entre os colaboradores, nos consideramos uma família aqui dentro! Considero que tenho segurança no ambiente de trabalho, tanto física quanto tenho segurança que não vou ser demitido sem aviso prévio. A empresa reconhece uma capacidade no funcionário e tenta desenvolver ela sim... normal né!” Quais melhorias você sugere para que a empresa ofereça melhor higiene, segurança e qualidade de vida aos funcionários? E1: “ Melhorar a temperatura.. instalar um ar condicionado”. E2: “ Instalar um ar condicionado! (risos). Ah! Também seria ótimo se atualizassem o sistema de informática, pois os computadores estão ruins e fico bem estressada às vezes!” 73 E3: “Está tudo ok! A qualidade de vida no trabalho é boa”. Muitos fatores pessoais podem afetar o desempenho do funcionário na realização de seu trabalho. Cabe ao gerente saber lidar com essa situação de uma maneira adequada (CHIAVENATO,2010). O gerente da empresa em estudo tem a preocupação de conversar, de forma informal, com os funcionários que estão com queda no desempenho para saber o que está acontecendo e tentar ajudá-lo. O gerente também procura reunir todos os colaboradores envolvidos em algum conflito, para solucioná-lo e preservar um bom clima no ambiente de trabalho. Os funcionários concordaram com a afirmação de que a empresa possui uma política disciplinar clara e exposta aos colaboradores, no entanto tal política só é aplicada verbalmente, pois não há documentos na empresa que esclarecem qual o padrão de disciplina desejada pela organização e quais as punições que podem ser aplicadas caso tais comportamentos sejam violados. Com base nos dados obtidos, pode-se verificar, que a empresa possui uma boa estrutura física e todos consideram que possuem um ambiente de trabalho com higiene e segurança. Boog (2001), afirma que a higiene e segurança no ambiente de trabalho são fatores que contribuem para que os funcionários da organização tenham qualidade de vida no trabalho. Algumas melhorias para esse tais aspectos, foram propostas pelos funcionários, como melhorar a temperatura da loja com a instalação de um arcondicionado e atualizar o sistema de informática utilizado pela empresa. Nos documentos analisados, não foram encontradas medidas profiláticas para manter segurança e higiene no ambiente de trabalho. Não há uma orientação e nenhum plano de segurança quanto ao armazenamento do dinheiro que entra na empresa. Não há mapeamento de riscos ou planos de segurança. 74 4.1.6 Práticas no processo de monitorar pessoas Fonte: Próprio Autor,2013. FIGURA 29: Processo de monitorar pessoas 1. O gráfico acima mostra que metade dos respondentes concorda e a outra metade é indiferente quanto à afirmação de que a empresa utilização de sistemas informatizados para o gerenciamento das informações de seus funcionários. Abaixo tem-se a transcrição das entrevistas a respeito desse assunto: Quais as informações relevantes que a empresa armazena sobre os seus funcionários? Como são armazenadas e atualizadas essas informações? E1: “Xii..não sei como é feita essa parte não. Isso é com o administrativo”. E2: “Tenho uma pasta no meu computador. Lá tem dados de todos os funcionários, temos alguns dados básicos, como: currículos... documentos pessoais, telefones, dados bancários. Temos um banco de currículos na empresa. Perguntou-se se foram atualizadas as qualificações adquiridas pelos funcionários nesse banco de dados e a resposta foi: “As qualificações dos funcionários não são atualizadas.... fiz isso só na minha pasta...digitalizeis os certificados dos cursos que fiz no SEBRAE e salvei na minha pasta. Temos um software disponível na empresa que pode ser usado para gerenciar e armazenar informações dos funcionários, mas não utilizo....coloco os dados no meu computador mesmo e tenho os currículos impressos de cada colaborador.” E3: “Não sei onde a empresa armazena. Quais informações ela tem do Sr? O básico. Acho que tem conhecimento do básico do pessoal e profissional, de alguns cursos somente. Tudo isso está documentado? A empresa sabe das qualificações e experiências do Sr formalmente? 75 Não. foi tudo conversado informalmente, até porque não precisei mandar currículo para eles, fui admitido por telefone, lembra?” “Monitorar significa seguir, acompanhar, orientar e manter o comportamento das pessoas dentro de determinados limites de variação” (CHIAVENATO, p.498, 2010). Conforme Milkovich; Boudreau (2006), para monitorar o seu pessoal a empresa precisa ter um sistema de informação de seus colaboradores com dados necessários para fornecer aos interessados e para apoiar as decisões relativas a esta área. Embora haja um software que possibilita armazenar dados dos funcionários e monitorá-los na organização em análise, ela não o utiliza. Constata-se que a empresa não possui um gerenciamento estruturado das informações de seus funcionários, não possui informações relativas a treinamento, desenvolvimento, desempenho, absenteísmo, disciplina e nem de salários recebidos pelos colaboradores. O que ela armazena, são documentos pessoais e algumas informações sobre os funcionários. Há arquivos gráficos que monitoram as vendas de cada vendedor por período. O banco de dados da empresa, não possui os currículos de todos os colaboradores efetivos e não atualiza os dados profissionais deles, como acrescentar a realização de cursos, por exemplo. Como já relatado, não existe uma política disciplinar explícita para os colaboradores se nortearem e manterem um comportamento adequado ao desejado pela organização. 76 Segue abaixo um quadro resumo sobre os processos de Gestão de Pessoas praticados na revenda de veículos em estudo: Processo Agregar Pessoas Como é feito? Quem realiza? Quem mensura? É planejado; Gerente e diretor. Alguns funcionários às Não há mensuração de Recrutamento: várias fontes de divulgação; Banco de currículos. vezes participam da entrevista de seleção. custos ou de resultados Seleção: análise dos currículos e entrevistas. proporcionados pelo recrutamento, tem-se uma ideia. Aplicar Pessoas Cultura organizacional não é compartilhada; Análise e a descrição de Avaliação de desempenho: gerente Não é realizada uma alguns cargos de forma insipiente; juntamente com os funcionários; mensuração formal da A avaliação de desempenho: realizam reuniões frequentes; baseia-se Análise e descrição dos cargos: ninguém avaliação do nos resultados das vendas e no feedback dos clientes. atualiza a que foi criada por uma ex- desempenho. funcionária. Recompensar Remuneração baseada no cargo; A remuneração é estabelecida pelo Diretor da empresa Pessoas Cargos avaliados com base nas exigências de cada um; diretor da empresa; mensura os valores das Não é realizada pesquisa salarial; O pagamento e documentação relativa a comissões e dos Valor do salário fixo estabelecido pelo sindicato; salários ficam arquivados na matriz. incentivos. Não há benefícios além dos previstos em lei; Há incentivos para alguns cargos; Maioria dos funcionários está satisfeita com a remuneração 77 Processo Como é feito? Quem realiza? Quem mensura? Treinamento não é planejado e não segue um padrão; Utiliza recursos Cursos pagos pela empresa; Não há mensuração como folders dos veículos, internet, orientação do gerente; Gerente orienta para melhorar o formal dos resultados Desenvolvimento: cursos oferecidos por outras instituições; desenvolvimento dos funcionários. do treinamento ou do Desenvolver Reuniões com o gerente para explanar novidades sobre os produtos e desenvolvimento dos Pessoas atualizar os vendedores. funcionários; O desenvolvimento do colaborador é norteado pelas vendas. A relação com os empregados é boa e democrática; Gerente é o mediador entre o diretor e os Não há documentos sobre política disciplinar na empresa; funcionários; A empresa proporciona ambiente saudável e seguro para os Contato dos funcionários com o gerente; funcionários; Diretor pouco se envolve, somente cobra Todos afirmam ter qualidade de vida no trabalho. resultados/vendas. Monitorar Dados pessoais dos colaboradores armazenados no computador da Secretária. Pessoas empresa, mas não estão atualizados.Há um software para administrar informações dos informações do pessoal, mas não é utilizado. funcionários; Manter Pessoas Fonte:Próprio Autor, 2013. FIGURA 30 - Processos de gestão de pessoas praticados pela empresa em estudo O gerente. Não há mensuração das 78 4.2 Níveis de rotatividade (turn-over), absenteísmo e salários da organização. Para essa parte da pesquisa, além das informações da seção anterior, analisaram-se alguns documentos cedidos pela empresa. Quanto à rotatividade (turn-over), foi informado que o livro que registra a entrada e saída dos funcionários fica na matriz ( localizada em outra cidade). Logo, não pode ser avaliado. No entanto, na filial, há um arquivo digital onde estão registrados os funcionários que já trabalharam na empresa. Ao verificá-lo, obteve-se o resultado de que, desde a data de inauguração da empresa (01/2010) até a data atual (04/2013), 20 pessoas trabalharam na empresa. Na gestão atual, cujo início foi em fevereiro de 2011, passaram 13 pessoas e destas, 4 permanecem. Portanto, constata-se que há um elevado nível de rotatividade na empresa. Com relação ao absenteísmo, não foi encontrado nenhum documento que registre as faltas dos empregados e verificou-se que não há controle formal da ausência dos colaboradores, o que impossibilitou analisar o índice de absenteísmo da empresa. Mas, segundo a entrevista, raramente os funcionários faltam ao serviço. Os documentos referentes aos salários pagos para os funcionários da organização, são armazenados na matriz, esta é quem responde pelos pagamentos do pessoal. Os recibos chegam até a filial, os funcionários os assinam ao receberem o pagamento e depois, esses papéis retornam para a matriz. Tais documentos não foram liberados para análise, fato que impossibilitou a corroboração dos dados obtidos pelas entrevistas no que tange à remuneração. 4.3 Proposição de boas práticas para o gerenciamento de pessoas da micro- empresa em análise. Conforme informações das seções anteriores do presente estudo, pode-se observar que a revenda de veículos não possui uma gestão de pessoas estruturada. Para tanto, tem-se a importância de sugerir boas práticas para que a empresa possa se nortear e, se for de seu interesse, incorporar algumas dessas sugestões na sua gestão. O objetivo dessa parte do 79 trabalho é propor boas práticas para cada processo de gestão de pessoas. Serão ressaltadas algumas boas práticas existentes na empresa e outras que ela poderia adotar para atrair, desenvolver, reter e obter maiores resultados com o seus recursos humanos. 4.3.1. Boas práticas para o processo de agregar pessoas No processo de agregar pessoas, pode ser considerada como boa prática exercida na empresa, a participação de alguns colaboradores nas entrevistas de seleção, os quais podem opinar sobre o candidato. Antes de realizar o recrutamento, a empresa precisa definir de quanto tempo ela dispõe para recrutar e selecionar e qual o valor que ela pode despender com esses processos. Segundo Marras (2007), numa comparação, tem-se que, quanto mais tempo a empresa dispõe para recrutar e quanto menor a quantidade de recursos disponíveis, mais tempo deve se planejar para a finalização de um processo de recrutamento. O custo deve ser planejado de acordo com a realidade da organização. Outro ponto fundamental a ser incorporado pela empresa é a mensuração dos resultados alcançados com os métodos que ela utiliza para recrutar e selecionar pessoas, o que, conforme Chiavenato (2010), possibilita determinar o custo operacional e os benefícios oferecidos pelo processo. Outra dica é que, o ideal, é selecionar um candidato que tenha o perfil semelhante ao que o cargo requer. (FERNANDO CESAR LENZI et al., 2010). 4.3.2 Boas práticas para o processo de aplicar pessoas No que se refere a aplicar pessoas, a empresa poderia padronizar, formalizar e compartilhar os seus valores, missão, visão e objetivos com os colaboradores e com a sociedade. Como pontos positivos da empresa nesse processo, nota-se que os funcionários consideram ter liberdade no ambiente de trabalho e prezam o trabalho em equipe para obterem bons resultados. Segundo Tanure; Evans e Pucik (2007), numa organização é importante ter uma cultura mais descentralizadora, em que se permita o feedback em relação à 80 percepção do chefe e que sejam incentivadas as trocas de conhecimentos entre as pessoas. Para Araújo; Garcia (2009), os novos integrantes precisam ser motivados a trabalharem em equipe. Um cargo consiste em um conjunto de funções. Milkovich; Boudreau (2006), explicam que análise e descrição das funções precisam estar descritas, documentadas e serem disponibilizadas para que todos os interessados tenham acesso. Devem identificar claramente a função e a data da análise, definir e explicar o motivo da existência da função, sua relação com os outros cargos e funções da empresa, seus objetivos gerais e descrever as principais responsabilidades da função, como é o trabalho específico dela e os requisitos para o seu desempenho. Nessa perspectiva, a empresa poderia documentar a análise e descrição para todos os cargos da organização, atualizar as descrições que já existem e aprimorá-las, seguindo as instruções supracitadas. Para Dutra (1996), o processo de avaliação de desempenho é oportuno para que os gerentes e sua equipe possam se comunicar. A revenda de veículos em estudo, poderia estruturar um roteiro para as reuniões que realizam com os colaboradores, com a finalidade obter e armazenar informações necessárias para acompanhar o desempenho dos profissionais que nela estão empregados. Fischmann et al. (2010), salienta que é necessário deixar claro aos colaboradores que a avaliação de desempenho é um processo realizado pela empresa para identificar pontos positivos a serem preservados e aspectos negativos a serem corrigidos, com o objetivo de o funcionário saber o que se espera dele e, a partir daí, desenvolver-se. Conforme explica Chiavenato (2010), a técnica 360º é democrática e participativa, dessa forma, o colaborador é avaliado pelos colegas de trabalho, pelos clientes e até pelos fornecedores. O avaliado recebe um relatório individual de forma reservada no final da avaliação e pode elaborar, juntamente com o seu superior, um plano individual de desenvolvimento. Pode-se dizer que na empresa em estudo, tal técnica de avaliação poderia ser implementada, uma vez que a gestão da empresa permite liberdade aos funcionários para criticarem ou sugerirem melhorias para o ambiente de trabalho, para os serviços prestados pelos colegas e, embora não compartilhada pelos demais funcionários na entrevista, o gerente da empresa disse que a percepção do cliente ao atendimento é a principal fonte de feedback em relação ao desempenho de um colaborador pela organização. O método de avaliação de desempenho a ser aplicado por uma organização dependerá da maturidade desse processo de avaliação na empresa. É muito importante saber transmitir para o funcionário os resultados da 81 avaliação. É aconselhável traçar objetivos em equipe para manter o desempenho positivo e corrigir os pontos negativos (FERNANDO CESAR LENZI et al, 2010). A avaliação de desempenho precisa respeitar um período para ser realizada novamente. O ideal, segundo Fischmann et al (2010), é que espere o tempo necessário para que o colaborador consiga corrigir os pontos a melhorar. Geralmente é realizado semestral ou anualmente. 4.3.3 Boas práticas para o processo de recompensar pessoas Os dados dessa pesquisa mostram que a maioria dos funcionários afirma que o salário pago pela empresa proporciona segurança e satisfaz as suas necessidades básicas. Isto, segundo Costa Santos (2009), é requisito para que uma empresa consiga manter o seu pessoal. A empresa estabelece a remuneração com base nas atribuições dos cargos, no entanto não realiza avaliação e classificação dos cargos e nem pesquisa salarial. Tais práticas poderiam ser adotadas pela organização, uma vez que, segundo Chiavenato (2010), possibilitariam dispor os salários de forma equitativa dentro da empresa para eliminar qualquer tipo de arbitrariedade, uma vez que os salários obedeceriam ao equilíbrio interno (garantido pela avaliação e classificação de cargos) e externo (obtido por meio de pesquisas salariais). Uma política de cargos e salários bem definida, bem elaborada e respeitada, garantirá alguma proteção contra custos elevados decorrentes da alta rotatividade (SEBRAE, 2010). Uma boa prática da empresa em relação a remunerar o seu pessoal é que ela oferece um salário fixo, um variável (comissão sobre as vendas) e, para elevar a remuneração dos funcionários, fornece incentivos a todos os colaboradores. Conforme explica Fischmann et al (2010), das formas de remuneração (salário, benefícios e incentivos), a mais capaz de motivar um funcionário ao longo do tempo são os incentivos, pois, para esses serem pagos, o colaborador tem que alcançar um objetivo predeterminado e a empresa só terá gasto se o resultado for alcançado (FISCHMANN et al, 2010).Uma sugestão que fica para a empresa nesse quesito de remuneração, é buscar parcerias para poder proporcionar benefícios espontâneos (além dos previstos por lei) aos seus colaboradores, uma vez que a maioria deles, apontaram a importância de ser acrescentado, pelo menos, um plano de saúde à remuneração. 82 4.3.4 Boas práticas para o processo de desenvolver pessoas É essencial que o treinamento e desenvolvimento faça parte do modelo de gestão de uma empresa e deve priorizar a educação e o desenvolvimento de competências diversificadas, orientadas para atingir sucesso nos negócios (BOOG, 2001). Como boa prática seria interessante para a empresa planejar de forma estruturada e padronizada o treinamento de seus colaboradores. A empresa oferece as ferramentas (internet, fichas técnicas dos veículos), porém não avalia e nem registra como o treinando está se saindo. A acessibilidade às novas tecnologias, as transformações ocorridas no mercado, muda o perfil dos treinandos e, consequentemente, as formas de treiná-los, tornando-se preciso atualizar e inovar para conseguir produzir um programa de treinamento interessante e eficiente. (BOOG, 2001). Um dos entrevistados sugeriu, como boa prática, para que a empresa forneça treinamento dos colaboradores da área de vendas diretamente nas concessionárias parceiras da revenda. Outra sugestão é que, ao adotar um plano de treinamento e desenvolvimento, a organização precisa mensurar e validar os resultados obtidos em documentos, mostrando qual foi o impacto, os benefícios e quais os retornos do programa para a organização. Essa prática, na visão de Boog (2001), possibilita agregar valor e provar que os resultados positivos alcançados justificam os custos. Investir no desenvolvimento dos trabalhadores da empresa significa investir na qualidade dos produtos e serviços oferecidos por ela e, consequentemente, prestar melhor atendimento ao cliente e ampliar as vendas (TAKESHY, FERREIRA; FORTUNA, 2006). Os resultados das atividades da organização, decorrem das atividades de todos (TAKESHY, FERREIRA; FORTUNA, 2006). Inspirando-se nessa visão, a empresa deveria realizar o treinamento e desenvolvimento para todos os cargos. 83 4.3.5 Boas práticas para o processo de manter pessoas A empresa tem uma boa conduta no que tange ao relacionamento com os empregados, pois, segundo dados obtidos por essa pesquisa, ela busca solucionar os conflitos internos para que estes não tragam pioras no desempenho dos colaboradores. Na visão de Tanure; Evans; Pucik (2007), na cultura brasileira, para a solução de conflitos no interior das organizações, a melhor solução é a existência de um mediador. Na revenda de veículos esse papel cabe ao gerente. Nesse sentido, a empresa deve manter e aprimorar sempre a sua relação com os empregados, pois, de acordo com os autores mencionados, um programa de relacionamento com os empregados pode gerar benefícios como: economia de custos (evita acionamento da justiça, reduz o absenteísmo, diminui a rotatividade e mantém bons níveis de produtividade) e melhorias no clima organizacional. A organização em estudo também oferece aos seus funcionários um ambiente higiênico, seguro e todos afirmam ter qualidade de vida no trabalho. A maioria sugeriu apenas que a empresa melhorasse a temperatura interna por meio da instalação de ar condicionado e uma pessoa disse que o sistema de informática da empresa precisa ser melhorado e atualizado. Pode-se sugerir para que sejam elaborados documentados e mapeamentos de programas profiláticos para acidentes de trabalho, incêndios e roubo. Bem estar, maior interação entre as pessoas da empresa e suas equipes, domínio de novas tecnologias, respeito às diferenças, capacidade de atuar em grupo e individualmente são características que serão cada vez mais vistas nos novos profissionais. Para cultivar e manter os benefícios dessas habilidades humanas é preciso que as organizações tenham uma eficaz gestão de recursos humanos, sempre com ênfase em oferecer alta qualidade de vida no trabalho (BOOG,2001). 84 4.3.6 Boas práticas para o processo de monitorar pessoas Para estruturar um sistema de informação dos recursos humanos de uma empresa, é preciso especificar as características do sistema, seus usuários-alvo e determinar a quais tipos de questões ele objetivará responder. Deve-se estabelecer o tipo e a quantidade de dados a serem coletados, como e quando fazer a coleta. É preciso definir quem vai usar o sistema, como ele será acessado e atualizado de forma a estar sempre em dia com as informações do pessoal (MILKOVICH; BOUDREAU, 2006). Como boa prática, sugere-se para que a organização em estudo siga as instruções acima, a fim de coletar e armazenar dados e informações de seus colaboradores. No momento, a empresa em análise possui apenas dados pessoais dos seus funcionários. Além desses dados, ela deveria obter e registrar as qualificações profissionais, dados obtidos nos processos de avaliação de desempenho, treinamento, desenvolvimento e outros mais que ela achar necessário para atingir os objetivos organizacionais. Ao gerenciar e monitorar várias informações sobre os colaboradores, ficará mais visível para a empresa a satisfação, o empenho, a dedicação e o comprometimento deles com a organização, de forma a ter subsídios para reconhecer o progresso do empregado e justificar, perante todos da organização, uma possível premiação pelos bons resultados obtidos por ele e fazer o possível para mantê-lo satisfeito e motivado na organização. 85 Processos Agregar Pessoas Sugestões de boas práticas Definir disponibilidade de tempo e de valor para recrutar e selecionar pessoas; Mensurar os resultados alcançados pelo método de recrutamento e seleção utilizados no processo; Selecionar candidatos com características semelhantes as que o cargo requer. Aplicar Pessoas Formalizar e compartilhar com os funcionários e com a sociedade os valores e objetivos organizacionais; Realizar, documentar e disponibilizar aos interessados a análise e descrição de todos os cargos da empresa; Estruturar um roteiro para as reuniões com os colaboradores; Implementar a técnica 360º para avaliar o desempenho dos funcionários; Realizar a avaliação de desempenho periodicamente. Recompensar Realizar pesquisa salarial; Pessoas Esclarecer a todos os beneficiados os planos de incentivos concedidos pela empresa; Proporcionar incentivos para todos os cargos; Procurar parcerias para oferecer mais benefícios espontâneos aos funcionários (foram sugeridos pelos entrevistados plano de saúde e auxílio alimentação). Desenvolver Planejar e padronizar o treinamento e desenvolvimento para todos os cargos; Pessoas Mensurar e validar os resultados obtidos com esses processos; Incentivar a aprendizagem organizacional e a troca de conhecimento entre os colaboradores. 86 Processos Sugestões de boas práticas Solucionar os conflitos internos; Manter e aprimorar o relacionamento com os empregados; Manter Pessoas Elaborar e disponibilizar para todos da empresa uma política disciplinar regida pelos princípios e objetivos da empresa; Aperfeiçoar o ambiente de trabalho para proporcionar maior qualidade de vida aos funcionários ( foram sugeridas na entrevista instalação de ar condicionado e atualização do sistema de informática da empresa); Criar e documentar programas para a prevenção de acidentes no trabalho, incêndio e roubo. Monitorar Gerenciar as informações pessoais e, sobretudo, profissionais dos funcionários; Pessoas Utilizar o software disponível na empresa para armazenar e administrar tais informações; Atualizar os dados dos colaboradores. Fonte: Próprio Autor, 2013 FIGURA 31: Quadro resumo das propostas de boas práticas para a Gestão de Pessoas da micro-empresa em estudo. 87 5. Considerações finais Com base no referencial teórico desse estudo, são seis os processos básicos para gerenciar pessoas numa empresa: agregar, aplicar, recompensar, desenvolver, manter e monitorar as pessoas. Independentemente do porte da organização, é importante que se tenha uma eficiente gestão dos processos mencionados, para obter bons resultados e propiciar o crescimento e competitividade da empresa no mercado de trabalho atual, o qual é dinâmico, cada vez mais valoriza as capacidades e habilidades humanas, requer pessoas e empresas que se adaptem às mudanças e que sejam capazes de inovar em produtos e/ou prestação de serviços. Com esse trabalho foi possível diagnosticar uma insipiente gestão de pessoas na revenda de veículos, objeto desse estudo de caso. Isso é uma realidade de muitas micro e pequenas empresas do Brasil. Entretanto, os empresários precisam estar conscientes de que a organização é feita por pessoas e que, se estas estiverem num ambiente de trabalho estruturado, principalmente no que tange ao atendimento das suas necessidades, a empresa obterá bons resultados e alcançará seus objetivos. O nível de rotatividade (turn over) elevado em curto período de existência da empresa, traz o questionamento dos motivos desse resultado. Com certeza, a carência de processos para gerenciar pessoas e o fato de as formas de exercê-los na empresa não serem planejados, estruturados e/ou padronizados, contribuiu para o alto nível de tur-over. A empresa pode não ter oferecido um ambiente de trabalho em consonância com o esperado pelos funcionários que nela trabalharam ou pode ser que eles não tenham tido o respaldo necessário para alcançar bons resultados em suas atribuições, devido a insipiência da revenda de veículos para treinar e desenvolver seus colaboradores. Não há histórico registrado de absenteísmo na organização, mas, no momento, nenhum funcionário costuma faltar ao trabalho, pois apesar da carência de um gerenciamento dos recursos humanos, a empresa, segundo a maioria dos respondentes dessa pesquisa, proporciona um ambiente agradável e democrático de trabalho, com higiene, segurança e qualidade de vida. Isso pode ser considerado um ponto positivo para que todos participem da criação de uma gestão de pessoas para a organização. 88 Pela imaturidade da empresa em relação ao gerenciamento de seu pessoal, foi possível elaborar e sugerir boas práticas em cada processo. Tais sugestões foram propostas com base na realidade da micro-empresa, apresentada pelos respondentes dessa pesquisa. A adoção dessas sugestões representará o início de uma familiaridade por parte da revenda de veículos com as pessoas de maneira formal, estruturada, padronizada e dirigida para atrair, desenvolver e reter pessoas talentosas, as quais poderão proporcionar o crescimento da organização no mercado local e quiçá sua expansão para outras cidades da região. Faz parte da realidade da região e do Brasil, a existência de muitas micro e pequenas empresas que não praticam ou que precisam estruturar a gestão de seus colaboradores para se manterem e crescerem de forma competitiva no mercado de trabalho. Em razão disso e da carência em encontrar bibliografias e pesquisas a respeito desse tema para a confecção desse trabalho, recomendam-se novos estudos sobre o assunto e disponibilidade dos mesmos para os gestores de micro e pequenas empresas. 89 5. REFERÊNCIAS ARAUJO, Luis César G. de; GARCIA, Adriana Amadeu. Gestão de Pessoas, estratégias e integração organizacional. 2.ed. São Paulo: Atlas, 2009. 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GIL, Antonio Carlos. Como elaborar projetos de pesquisa. 5.ed. São Paulo: Atlas, 2010. MARRAS, Jean Pierre. Administração de recursos humanos: do operacional ao estratégico. 12. ed. São Paulo: Futura, 2007. 90 MARTINS, Gilberto de Andrade. Estudo de caso: uma estratégia de pesquisa. São Paulo: Atlas, 2006. MILKOVICH, George T.; BOUDREAU, John W. Administração de recursos humanos. 1.ed. – 5 reimpressões – São Paulo: Atlas, 2006. PASCHOAL, Luiz. Como Gerenciar a Remuneração na sua Empresa. Rio de janeiro: Qualitymark, 2006. ROBBINS, Stephen P. Comportamento organizacional. 11.ed., 2006 RIGAUD, R. P. Remuneração estratégica - cargos e salários, 2009. Disponível em: <http://www.artigonal.com/recursos-humanos-artigos/remuneracao-estrategica-cargos-esalarios. SEBRAE. Política de cargos e salários para ajuste da remuneração dos colaboradores. Instrumento de Apoio Gerencial, parte 67, 2012. 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