UNIVERSIDADE VALE DO RIO DO RIO DOCE ÁREA DE CIÊNCIAS BIOLÓGICAS DA SAÚDE CURSO DE ENFERMAGEM Keila Renata Reis Mendes Laís Francis Dutra Assunção Marta Dias dos Santos Viviane Pereira de Oliveira AMAMENTAÇÃO DA CRIANÇA PORTADORA DE FISSURA LABIOPALATINA Governador Valadares 2009 KEILA RENATA REIS MENDES LAIS FRANCIS DUTRA ASSUNÇÃO MARTA DIAS DOS SANTOS VIVIANE PEREIRA DE OLIVEIRA AMAMENTAÇÃO DA CRIANÇA PORTADORA DE FISSURA LABIOPALATINA Monografia de Conclusão de Curso para obtenção do grau de Bacharel em Enfermagem, apresentado à Área de Ciências Biológicas da Saúde da Universidade Vale do Rio Doce. Orientadora: Barbosa Governador Valadares 2009 Enfª. Andréia Eliane Silva KEILA RENATA REIS MENDES LAIS FRANCIS DUTRA ASSUNÇÃO MARTA DIAS DOS SANTOS VIVIANE PEREIRA DE OLIVEIRA AMAMENTAÇÃO DA CRIANÇA PORTADORA DE FISSURA LABIOPALATINA Monografia de Conclusão de Curso apresentado como requisito para obtenção do grau de Bacharel em Enfermagem pela Área de Ciências Biológicas da Saúde da Universidade Vale do Rio Doce. Governador Valadares, 24 de novembro de 2009. Banca Examinadora: _______________________________________________________ Enfermeira Andréia Eliane da Silva Barbosa – Orientador Professora da Universidade Vale do Rio Doce _______________________________________________________ Enfermeira Denise Dias Cardoso Professora da Universidade Vale do Rio Doce _______________________________________________________ Enfermeira Patrícia Carvalho do Canto Professora da Universidade Vale do Rio Doce ______________________________________________________ Enfermeira Tatiana Heidi Oliveira Professora da Universidade Vale do Rio Doce Dedicamos este trabalho a Deus, que sempre será o nosso eterno e grande Mestre, que com sua infinita bondade, compreendeu nossos anseios e nos deu coragem e força necessária para atingirmos nosso objetivo. AGRADECIMENTOS Agradecemos a Deus, que nos agraciou de sabedoria e paciência para construção deste trabalho e nos deu perseverança para sua conclusão. À nossa orientadora, Andréia Eliane Silva Barbosa, pelo apoio e incentivo e por ter acreditado em nossa capacidade nos indicando o caminho correto a ser percorrido em busca do saber. A todos os nossos familiares, mães e pais, presentes, porque vivos, vivos, porque presentes na memória e na saudade; aos amigos, irmãos e maridos, pelo companheirismo, mesmo perante nossas ausências, pela confiança em nós depositada e por não terem medido esforços para a concretização deste sonho. A todos aqueles que, direta ou indiretamente, contribuíram para a realização deste trabalho, a nossa imensa e mais profunda gratidão. “Não conseguimos lembrar o sabor do leite materno, mas jamais esqueceremos sua fonte.” Walter Grando RESUMO O aleitamento materno, além das vantagens conferidas às mães e ao vínculo que se estabelece entre mãe e filho, é essencial para o desenvolvimento da criança, porém em crianças portadoras de fissuras labiopalatinas esta prática encontra-se prejudicada devido à ineficaz sucção, conseqüente desta malformação. O presente estudo, portanto, tem por objetivo discutir a questão do aleitamento materno em crianças portadoras de fissuras labiopalatinas, considerando os fatores que interferem na realização desta prática, a importância das orientações iniciais aos pais e a forma mais adequada de alimentação destes bebês, quando na impossibilidade da amamentação pelas vias naturais. Buscou-se por meio de vasta revisão bibliográfica identificar a influência que a fissura labiopalatina provocara na sucção e na formação da pressão intra-oral negativa e quais os tipos de fissura comprometem mais o aleitamento materno. Por meio dos resultados obtidos, podese concluir que a malformação lábio-palatal é a principal causa de interferência na amamentação, de acordo com sua complexidade. As orientações precoces aos pais, e profissionais da saúde, têm sido decisivas para o estabelecimento de uma alimentação adequada, assegurando o bom desenvolvimento do bebê e proporcionando apoio e segurança aos familiares. Em relação aos outros métodos de alimentação do bebê, observa-se que a mamadeira foi o artifício mais utilizado, com bicos de formas e orifícios variáveis e que a sonda nasogástrica foi o método menos indicado para o aleitamento materno artificial. Palavras-chave: Amamentação. Dificuldades. Métodos de amamentação. Fissura labiopalatina. ABSTRACT Breastfeeding beyond the benefits conferred upon the mothers and the relation established between parent and child, and essential for the development of children, but in children with cleft lip and palate this practice is impaired due to ineffective suction, resulting in this malformation. This study therefore aims to discuss the issue of breastfeeding in children with cleft lip and palate, considering the factors that influence the realization of this practice, the importance of the initial parents and the best way of feeding babies, when in impossibility of breastfeeding by natural means. Was sought through extensive literature review to identify the influences that the cleft lip and palate had caused the suction and pressure in the formation of intra-oral negative and what types of cleft undertake more breastfeeding. Through the results can be concluded that the congenital lip and palate and the leading cause of interference in breastfeeding, according to its complexity. The early orientations for parents and health professionals has been instrumental in the establishment of adequate feeding, ensuring the proper development of the newborn and provide support and security for families. Compared with other methods of feeding the baby, it is observed that the bottle was the most used fireworks, nozzle shape and variable orifices and the nasogastric tube was the least suitable method for the artificial breast. Keywords: Breastfeeding. Difficulties. Methods of feeding. Cleft lip and palate. Cleft lip. Cleft palate. SUMÁRIO 1 INTRODUÇÃO 9 2 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA 11 2.1 FISSURAS LABIOPALATINAS 11 2.1.1 Considerações gerais 11 2.1.2 Classificação 13 3 ALEITAMENTO MATERNO 16 3.1 ALEITAMENTO MATERNO EM CRIANÇAS COM FISSURAS LABIOPALATINAS 18 3.1.1 Dificuldades específicas 21 3.1.2 Medidas facilitadoras para o aleitamento materno 25 4 MÉTODOS DE ALIMENTAÇÃO E MANEJO CLÍNICO DE BEBÊS COM FISSURAS LABIOPALATINAS 27 4.1 MÉTODOS PARA O ALEITAMENTO MATERNO ARTIFICIAL 28 4.1.1 Sonda nasogástrica 28 4.1.2 Mamadeira 29 4.1.3 Placas obturadoras de palato 31 4.1.4 Copinhos e/ou xícaras 33 5 METODOLOGIA 36 6 CONSIDERAÇÕES FINAIS 37 REFERÊNCIAS 39 ANEXO ÚNICO 48 9 1 INTRODUÇÃO Constitui-se tema desta pesquisa o estudo sobre a amamentação da criança portadora de fissura labiopalatina. O objetivo geral da pesquisa é determinar a eficácia da sucção da criança portadora de fissura labiopalatina. São objetivos específicos: detectar o grau de influência e dificuldades que os diversos tipos de fissuras podem causar durante a amamentação; proporcionar informações úteis na assistência às mulheres com filhos com tal malformação que desejam amamentá-los; colaborar com a prática clínica, oferecendo subsídios para atuação dos profissionais da área da saúde. Justifica-se esse estudo porque a importância do leite materno para a criança é amplamente reconhecida e discutida, bem como as dificuldades de amamentação em bebês que nascem com malformações craniofaciais como as fissuras labiopalatinas. A conscientização sobre as vantagens do aleitamento materno para as crianças com fissura labiopalatina e a escassez de pesquisas sobre esta prática nestas crianças, fizeram nascer o interesse em pesquisar este tópico. Acredita-se que o conhecimento das dificuldades das mães para amamentar crianças fissuradas seria importante para um melhor manejo desta situação, principalmente nos primeiros dias de vida do bebê, por ser um período difícil na adaptação do binômio mãe-filho. Este estudo tem a intenção, sobretudo, de colaborar com a prática clínica nos casos de crianças com fissuras labiopalatinas e/ou outras malformações craniofaciais que dificultem a execução de funções orofaciais. Mais do que obter dados, pretende-se com a elaboração deste, abrir a discussão em torno dos obstáculos à prática do aleitamento materno em crianças fissuradas, desfazendo o paradigma da impossibilidade da amamentação nestes casos e gerar informações úteis na assistência às mulheres com filhos com tal malformação que desejam amamentá-los, observando assim que a criança fissurada, segundo Thomé (1990), pode ser amamentada adequada/satisfatoriamente mesmo que haja dificuldades durante a sucção do leite materno, [seja no seio materno ou por métodos artificiais]. A pergunta orientadora do estudo foi no sentido de investigar se a criança portadora de fenda labiopalatal teria uma amamentação satisfatória e adequada devido a sua sucção dificultada. 10 Trata-se de uma pesquisa do tipo bibliográfica, iniciada a partir do sétimo período, para a qual foram feitas pesquisas em livros, artigos e revistas científicas, trabalhos técnicos científicos, sites da internet, conforme constam nas referências. Para a compreensão deste tema dividiu-se este trabalho em seis seções: a seção um apresenta a introdução; na seção dois são apresentadas informações sobre fissuras labiopalatinas; na seção três, o aleitamento materno é apresentado; na seção quatro, os métodos de alimentação das crianças fissuradas são detalhados; na seção cinco, a metodologia utilizada na pesquisa é apresentada; e, na seção seis, são elaboradas as considerações finais sobre o estudo. Apresentam-se por último, as referências que embasaram a pesquisa e o anexo único. 11 2 REVISÃO DA LITERATURA 2.1 FISSURAS LABIOPALATINAS 2.1.1 Considerações gerais As fissuras labiopalatinas estão entre as malformações congênitas mais frequentes (STYER; FREEH, 1981; DANNER; WILSON-CLAY, 1986; CROSSMAN, 1998; PINTO et al., 1990: LUZ-LÓPEZ et al., 2000) e, certamente, são as anomalias craniofaciais mais comuns. Seu surgimento se dá na vida pré-natal, entre a oitava e a décima segunda semana de gestação (PERALTA; TORRES, 1992; CAPELOZZA FILHO; SILVA FILHO, 1994). Capelozza Filho et al. (1987) esclarecem que das malformações de cabeça e face, as fissuras são as que têm merecido maior atenção dos pesquisadores e clínicos. A fissura-labiopalatal é definida por Capelozza Filho e Silva Filho (1994), pela ruptura do lábio, palato ou ambos, representando a mais comum malformação craniofacial. A embriologia das fissuras palatinas é descrita por Altmann et al. (1994) como erro de fusão dos processos embrionários devido a uma alteração da velocidade migratória das células da crista neural, encarregada de comandar o fenômeno de fusão das proeminências. Já Tabith (1986) detalha que as fissuras de lábio são resultantes da falha de fusão entre os processos fronto-nasal e maxilar por volta da 6ª semana do desenvolvimento embrionário e que as fissuras de palato resultam na falha de fusão das placas palatinas no processo maxilar, que ocorre por volta da 9ª semana de desenvolvimento. Qualquer desvio que possa ocorrer no processo de formação e desenvolvimento dos seres humanos determinará malformações de causas diversas. No caso das estruturas craniofaciais, as fissuras que acometem as estruturas do palato primário ou secundário ou ambos são as mais frequentemente encontradas (VICENTE et al., 1994, p. 207). 12 Em relação à etiologia destas malformações, Modolin e Cerqueira (1994) acreditam na ocorrência do padrão hereditário multifatorial, assim como nos erros de desenvolvimento e subdividem as deformidades em congênitas, quando há influência ambiental, e hereditárias, quando se caracteriza o estigma genético. Entre os fatores ambientais e agentes teratogênicos mais citados estão mencionados os relacionados à mãe, as infecções virais, epilepsia, uso de drogas e medicamentos, deficiência nutricional e carências alimentares, irradiação ionizante, estresse emocional, fumo e alcoolismo. Como fator etiológico, Tabith (1986) cita a ocorrência de fatores mecânicos que obstruem a união dos tecidos embriogênicos como “a possibilidade de um punho ou dedo penetrar na área oral durante o período crítico do desenvolvimento e assim manter os tecidos separados.” Modolin e Cerqueira (1994) relatam ainda que os fatores ambientais, associados à ocorrência da deformidade, foram identificados por informação dos familiares de portadores de fissura labiopalatina e confirmado em estudos experimentais em animais cujo comportamento embriológico é semelhante ao do homem no início da morfogênese. No Brasil, ainda “não é possível saber o número exato de fissurados, estimase existirem cerca de 180.000 portadores, sendo a ocorrência da ordem de 1 para cada 650 nascimentos, e a mortalidade no primeiro ano de vida em torno de 35%.” (LOFFEDO e THOMÉ, 1990 apud ARARUNA e VENDRÚSCULO, 2000, p. 100) A hereditariedade é considerada fator etiológico das fissuras labiopalatinas apenas em 25 a 30% dos casos. Dos casos em que os fatores genéticos parecem intervir, apenas 5 a 10% do total se adaptam aos conhecidos modelos mendelianos de hereditariedade, sendo geralmente acompanhados de síndromes. A maioria dos casos de fissuras em que não aparece um modelo genético como fator causal é considerada como tendo uma etiologia multifatorial (CAPELOZZA FILHO et al., 1988, p. 234). Capelozza Filho e Silva Filho (1994) referem que as fissuras labiopalatais acometem todos os grupos raciais e étnicos, independente de sexo e classe sócioeconômica e que as fissuras que aparecem com maior frequência são as que envolvem lábio e palato unilateral do lado esquerdo. Quanto ao sexo, de um modo geral as fissuras ocorrem com maior frequência no masculino, aproximadamente 60% dos casos. No entanto, nas fissuras isoladas do palato, há uma predileção pelo sexo 13 feminino, enquanto as fissuras labiopalatais ocorrem mais frequentemente no sexo masculino e a maioria das fissuras unilaterais acometem o lado esquerdo da face do paciente. Entre as raças, o amarelo, mais especificamente o japonês, exibe maior suscetibilidade. Capelozza Filho et al. (1987) confirmam que a maior incidência ocorra na raça amarela e a menor na raça negra, enquanto a raça branca apresenta uma incidência intermediária. 2.1.2 Classificação Várias são as classificações utilizadas para as fissuras labiopalatinas, porém poucas têm aplicação clínica. As fissuras são classificadas conforme o acometimento das estruturas envolvidas (SILVA FILHO et al., 1992). Quanto à classificação das fissuras, Davis e Ritchie (1923) usaram o rebordo alveolar, ou forame, como referencial anatômico para distinguir os três grupos de fissuras: • • • Grupo I – fissuras pré-forame, unilaterais, medianas e bilaterais; Grupo II – fissuras pós-forame, sendo as submucosas registradas neste grupo; Grupo III – fissuras transforame completas, com subdivisão para as unilaterais e bilaterais (DAVIS; RITCHIE, 1923, p.661). Em relação ao tipo de fissura, os estudos de Fogh-Andersen (1942) apresentam: 25% - fissuras de lábio isoladamente, 80% unilateral, 20% bilateral; 50% - fissuras lábiopalatinas e 25% - fissuras de palato isolado. Na classificação de Veau (1971), quatro são os tipos: • • • • Tipo I: Fissuras de palato mole. Tipo II: Fissuras de palato duro e palato mole até o limite no forame incisivo Tipo III: Fissuras de palato duro e palato mole até o limite no forame incisivo na linha média, estendendo até ao alvéolo na posição do futuro dente incisivo lateral de um dos lados. Tipo IV: Fissura bilateral completa. À semelhança do tipo III, envolvendo os dois lados e mantendo uma porção mediana pré-maxila, suspensa ao septo nasal (VEAU, 1971, p. 80). 14 Kernahan e Stark (1958) e Harkins (1962) propuseram classificações que na sua modificação foram adotadas pela Associação Americana de Fissura Palatina, as quais Spina (1973) conseguiu simplificá-las da seguinte maneira: • • • • Grupo I: Fissuras pré-forame incisivo: Fissuras de lábio com ou sem envolvimento alveolar. Podendo ser bilateral ou unilateral, completa ou incompleta. Grupo II: Fissuras transforame incisivo: são as de maior gravidade, atingindo lábio, arcada alveolar e todo palato. Podendo ser unilateral ou bilateral. Grupo III: Fissuras pós forame incisivo: são em geral medianas, que podem situar-se apenas na úvula, palato e envolver todo palato duro. Podendo ser completa ou incompleta. Grupo IV: Fissuras raras de face (KERNAHAN; STARK, 1958, p. 449; HARKINS, 1962, p. 12). A classificação de Spina acima citada é mais bem exemplificada na figura 1 a seguir e também pode ser visualizada nas imagens do anexo único, ao final deste estudo. Figura 1 – Classificação das fissuras labiopalatinas de acordo com Spina et al. (1973). FONTE: Silva EB; Fúria CLB; Di Ninno CQMS. 2005 15 Considerando a diversidade morfológica das fissuras, Silva Filho et al. (1992), enfatizam a dificuldade de reunir em um único sistema de classificação todas as possíveis manifestações destes defeitos. Acreditam que um bom sistema de classificação deve incluir uma terminologia simples, clara e precisa, facilidade para comunicação entre os profissionais e uma linguagem universal que permite análise e compreensão de diferentes centros de reabilitação. De acordo com Silva Filho et al. (1992)1 apud Cavalheri (1999), a classificação mais aceita atualmente nos grandes centros especializados em tratamento de fissuras, como o Hospital de Reabilitação das Anomalias Craniofaciais (HRAC) de Bauru/SP, é a de Spina (1973), que tem como referência anatômica o forame incisivo, além dos referidos autores elegerem sua classificação a mais objetiva e de melhor terminologia, baseados na literatura. Como se vê, muitas têm sido as discussões a respeito das questões relativas às fissuras labiopatalinas, razão pelas quais algumas delas foram apresentadas nesta seção com o objetivo de contextualizar o tema desta pesquisa. Na sequência, serão apresentadas informações a respeito do aleitamento materno para que, se possa discutir o aleitamento das crianças portadoras de fissuras labiopalatinas. 1 SILVA FILHO, O.G. et al. Classificação das fissuras lábio-palatais: breve histórico, considerações clínicas e sugestões modificadas. Revista Brasileira de Cirurgia. 1992. v. 82, p. 59-65. 16 3 ALEITAMENTO MATERNO O aleitamento materno é uma prática mundialmente reconhecida e discutida. É entendida como o momento mágico, em que a distância entre mãe e filho se torna tênue. Por isso, a Organização Mundial de Saúde (GIUGLIANI; VICTORIA, 1997) recomenda que a amamentação seja exclusiva por seis meses e complementada até dois anos ou mais, definindo quatro categorias para o aleitamento materno: - Aleitamento materno exclusivo: o bebê recebe somente leite humano, direto da mama ou extraído, e nenhum outro líquido ou sólido, com exceção de gotas ou xaropes de vitaminas, minerais e/ou medicamentos. - Aleitamento materno predominante: além do leite humano, a criança recebe água ou bebidas à base de água (sucos ou chás). - Aleitamento materno complementado: a criança recebe leite materno e outros alimentos sólidos, semi-sólidos ou líquidos, incluindo leites de outras espécies. - Aleitamento materno: o lactente recebe leite humano, diretamente do peito ou extraído, independente de estar recebendo qualquer alimento ou liquido, incluindo leites de outras espécies (GIUGLIANI; VICTORIA, 1997, p. 40). A promoção do aleitamento materno deve ser vista como uma ação prioritária, para a melhoria da saúde e da qualidade de vida das crianças e de suas famílias. As estratégias de promoção da amamentação devem variar de acordo com a população, sua cultura, seus hábitos, suas crenças, sua posição sócio-econômica, entre outras características (GIUGLIANI, 1994). O leite humano destaca variações na sua composição, relacionado ao seu aspecto nutricional, quando comparado ao de vaca, considerando-se as diferentes necessidades nutritivas de cada espécie para o crescimento e desenvolvimento adequados, além das propriedades antiinfecciosas, do primeiro, com relação às crianças até os seis meses de vida, segundo afirma Pernetta (1969). Além da proteção contra infecções, o aleitamento materno preenche todas as necessidades nutricionais da criança pequena. A composição do leite nos mamíferos varia em cada espécie: [...] por isso, o leite homólogo (da própria mãe) é o mais adequado, produzido para atender às necessidades imunológicas, fisiológicas e nutricionais do recém-nascido e do lactente. Mais de 150 substâncias compõem o leite humano, que, sob observação microscópica, apresenta-se em três frações: emulsão, suspensão e solução. A emulsão é a fase lipídica (óleos, gorduras, ácidos graxos, vitaminas e outros constituintes lipossolúveis); a suspensão é a que contém proteínas, cálcio e fósforo e a 17 fração solução é a que reúne todos os constituintes hidrossolúveis (vitaminas, minerais, carboidratos, enzimas, hormônios) e principalmente a água (LAMOUNIER; VIEIRA; GOUVEA, 2001, p. 49). Outro destaque para a amamentação, segundo Barbosa e Schonberger (1996) é a sucção, pois é o exercício mais eficaz e natural que proporciona a criança desenvolver sua linguagem oral e que o esforço realizado pela musculatura perioral do recém-nascido é bem maior quando este suga o seio materno do que a forma com que suga o bico de uma mamadeira. Limongi (1987) acrescenta ainda que a alimentação através da mamadeira provoca uma desarmonia no crescimento da mandíbula e maxila, o que seria agravado ainda mais num paciente portador de fenda labiopalatina. Após a apresentação de generalidades a respeito do aleitamento materno, para uma melhor compreensão do tema em discussão, na próxima seção as questões relacionadas à amamentação das crianças fissuradas serão apresentadas. 18 3.1 ALEITAMENTO MATERNO EM CRIANÇAS COM FISSURAS LABIOPALATINAS A amamentação é importante sob o ponto de vista nutricional, imunológico, psíquico, fisiológico e emocional, além de promover o desenvolvimento das funções e estruturas orofaciais (VALDÉS; PÉREZ SANCHES; LABOOK, 1996; GIUGLIANE, 2000; MURAHOVSCHI et al., 2001). Revisando a literatura nacional, foi possível encontrar cinco estudos que defendem a prática da amamentação em crianças com fissuras labiopalatinas, dois realizados por Thomé (1990 e 2003), um por Dalben (2003), todos trazendo alguns dados sobre a prevalência do aleitamento materno em crianças com a malformação, em amostras selecionadas de um centro de referência para atendimento de malformações craniofaciais (HRAC – USP/Bauru), um estudo por Garcez (2004) pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul e um estudo por Cavalheri (1999) pelo Centro de Especialização em Fonoaudiologia Clínica - CEFAC. Não foi encontrado, portanto, nenhum estudo de âmbito nacional ou internacional sobre incidência e duração do aleitamento materno nessas crianças. Como citado anteriormente, apesar do aleitamento materno e das fissuras labiopalatinas serem temas atualmente bastante explorados, são escassos os estudos que descrevem a prática do aleitamento materno em crianças que nascem com essa malformação. Através da detecção precoce do grau de influência e dificuldades que os diversos tipos de fissuras podem causar durante a amamentação e por meio da observação do aporte nutricional destas crianças quando inseridas à prática do aleitamento materno exclusivo, é possível avaliar a capacidade e a eficiência da sucção no seio materno da criança portadora de fenda labiopalatina, contribuindo assim para a promoção do aleitamento materno em crianças fissuradas. O aleitamento materno confere ainda proteção contra algumas infecções, dentre elas as de orelha média, considerando que as crianças com fissuras de palato frequentemente contraem otite média aguda secretora, uma vez que a disfunção da tuba auditiva é relatada como um dos fatores de risco mais importantes da otite média. As otites ocorrem em função da falta da pressão para funcionamento adequado da tuba auditiva e da alteração anatômica e funcional dos músculos 19 tensor e elevador do véu palatino. A tuba auditiva é aberta e dilatada pela contração do músculo tensor do véu sustentado pelo músculo elevador do véu. Em pacientes com fissura palatina, a inserção média de tais músculos está ausente, prejudicando a função da tuba. Há aumento de pressão na mesma durante a deglutição, exacerbada pelo uso da mamadeira e minimizada com a amamentação (BIANCUZZO, 1998). Assim, para os bebês portadores de fenda, a melhor posição para a amamentação é a vertical, pois favorece a diminuição de pressão na tuba. Além disso, o leite materno pode diminuir a incidência da otite média por possuir alguns componentes antimicrobiais, como imunoglobulinas com anticorpos, contra Haemophilus influenzae e Streptococcus pneumoniae, e contra vírus como rotavírus. Existem ainda os componentes antimicrobiais não-imunoglobulínicos do leite, como lisozima, lactoferrina e peroxidase (ANIANSSON et al., 2002). Sob essa ótica, o aleitamento materno oferece ainda vantagens adicionais para as crianças que nascem com fissura labiopalatina. Uma delas é a prevenção de inflamação da mucosa nasal devido ao refluxo nasal, já que o leite humano é um fluido natural e não irritativo. Quando há preenchimento da cavidade nasal por leite de outra espécie, a mucosa responde com processo inflamatório edematoso, pois está preparada para receber ar e não leite, comprometendo ainda mais a área intranasal (CAPELOZZA FILHO; SILVA FILHO, 1994). Outra importante vantagem do aleitamento materno para tais bebês é a relacionada à promoção do desenvolvimento da musculatura orofacial. Além do equilíbrio estético e funcional, estruturas como boca, lábios e língua têm relação direta com a dentição e a fala. Crianças que nascem com fissura têm propensão a apresentar problemas de dentição e fala, principalmente quando o palato está envolvido (BZOCH, 1979; MARQUES; MARTINELLI, 1992; ALTMANN et al.,1994). Além das vantagens já citadas, o aleitamento materno promove o vínculo mãe-filho, muitas vezes ameaçado pelo defeito da criança, que é comum, nesse caso, a mãe evitar – consciente ou inconscientemente – o contato face a face com o filho (TISZA; GUMPERTZ, 1993). Os objetivos a serem alcançados, na alimentação do bebê com fissura labiopalatina, são os mesmos de um bebê não fissurado. Altmann et al. (1994) relatam que as crianças, portadoras de fissura pré-forame incisivo, não têm problemas alimentares; porém, aquelas com fissura pós-forame ou transforame 20 podem apresentar dificuldades alimentares por não conseguirem uma pressão intraoral adequada. Consideram então que a primeira prioridade do bebê fissurado está relacionada à manutenção da nutrição; e, a segunda, à uma técnica de alimentação que se aproxime o máximo possível do normal. A desnutrição torna-se o grande fantasma da criança portadora de fissura labiopalatal, pelas dificuldades próprias da lesão, tais como sucção insuficiente, deglutição excessiva de ar com reflexos nasais e engasgos, fadiga para alimentar-se, com consequente ingestão inadequada (NÓBREGA, 1981, p. 181). Capelozza Filho e Silva Filho (1994, p.202) concordam que “[...] a sucção dificultada pelas condições bucais inerentes à fissura, aliada à desorientação da mãe para alimentar a criança, pode conduzir a graus variados de má nutrição.” Quando a fissura é somente de lábio e/ou gengiva, a dificuldade para amamentação é menor, e o índice do sucesso é maior. Por outro lado, nas lesões palatais, a sucção é mais difícil, mas não impossível, em função da dificuldade em criar pressão intra-oral negativa (ELSTER, 1981; CLARREN; ANDERSON; WOLF, 1987; CHASE et al., 1990; OLIVER; JONES, 1997; ARARUNA; VENDRÚSCULO, 2000; NEWMAN; PITMAN, 2000; MURAHOVSCHI et al., 2001). Apesar da pressão intra-oral reduzida, o bebê que não apresenta outras malformações associadas à fissura tem condições de sugar o seio materno (THOMÉ, 1990; PINI; PERES, 2001, REDFORD-BADWALL et al., 2003). O sucesso da amamentação, para Danner e Wilson-Clay (1986, p. 5), “depende do tipo de malformação, de fatores socioeconômicos, culturais e emocionais e de experiências com lactações anteriores”. Já para Lawrence e Lawrence (1999), o prognóstico para um aleitamento materno bem sucedido depende do tamanho e da posição da fissura, bem como de malformações associadas. Em geral, há desconhecimento sobre a possibilidade da efetivação do aleitamento materno em crianças com fissuras de lábio e/ou palato. No entanto, de maneira unânime, os especialistas acreditam ser possível a amamentação satisfatória de bebês com fissuras, apesar dos diferentes graus de dificuldade (THOMÉ, 1990; BIANCUZZO, 1998). Existe um número expressivo de estudos sobre alimentação de crianças com fissuras labiopalatinas, mas poucos abordam a amamentação. Alguns chegam a relacionar e comparar os métodos de alimentação utilizados, sem se quer citar o 21 aleitamento materno, como no estudo de Kelly (1971) que se limita a comparar os tipos de bicos de mamadeiras para alimentação das crianças fissuradas. Da mesma forma, o estudo de Shaw et al., (1999), compara o uso de mamadeiras flexíveis com rígidas na alimentação de 35 bebês com fissura de lábio e/ou palato, não faz qualquer alusão ao aleitamento materno ou se quer menciona o fato de o seio ser mais flexível que os bicos de borracha, moldando-se melhor à cavidade oral de forma a ocluir a fissura, o que promove ao bebê maior controle do fluxo de leite e da posição do seio em sua boca (MOHRBACHER; STOCK, 1991). Embora o aleitamento materno ao seio seja mais trabalhoso que a mamadeira, é recomendado pelo seu valor nutritivo e emocional, além das qualidades antibacterianas, auxiliando na prevenção de infecções, sobretudo a do ouvido médio, comuns nos portadores dessa malformação, como já discutido anteriormente. Enfim, a amamentação é importante para qualquer criança. Para as portadoras de fissuras labiopalatinas, ser amamentado é tão necessário quanto difícil, pois muitos são os fatores que interferem nesse momento de alimentação. Alguns deles serão descritos na próxima seção. 3.1.1 Dificuldades específicas Amamentar um bebê com fissura de lábio ou palato pode ser um desafio. Crianças com fissuras de lábio e/ou palato ou outras malformações craniofaciais “apresentam dificuldades para sugar o seio materno e, por isso, necessitam de ajuda” (COUTINHO; FIGUEIREDO, 2001, p. 209). Acredita-se que o fato de amamentar funciona como um alicerce no estabelecimento do vínculo mãe-filho. Porém: [...] quando uma mãe dá luz a um filho malformado, há uma sequência hipotética de reações que correspondem às etapas de choque / impacto / comoção, negação / incredulidade, tristeza / ansiedade, equilíbrio / conformidade e reorganização / integração (DROTAR et al.,1975, p. 712). A capacidade da mãe em superar a fase inicial de aceitação do problema depende de múltiplos fatores, entre eles a extensão da deformidade da criança, a 22 forma com que o bebê reage aos cuidados maternos e o suporte profissional no período pós-parto (TISZA; GUMPERTZ, 1962; DAR; WINSTER; TAL , 1974; CAMPIS; DEMASO; TWNTE, 1995; SLUTSKY, 1996). Valdés, Pérez Sanches e Labook (1996) acreditam que o problema anatômico que mais interfere na amamentação é a fissura de lábio e/ou palato. No entanto, essa malformação não impede o aleitamento materno, pois a extração do leite se dá por ordenha e não por sucção ou vácuo. É extremamente aflitivo para uma mãe não conseguir alimentar seu filho, pois o leite, o seio, ou até a mamadeira, representam não apenas a nutrição em si, mas, também, todo o amor e ligação da mãe com o seu bebê; portanto, uma dificuldade inicial no processo de alimentação pode tornar-se abrangente, se não for bem trabalhada, e, assim, prejudicar todo o desenvolvimento da relação mãe – RN; e, a partir daí, o desenvolvimento global do bebê (XAVIER, 1998, p. 374). Os autores Danner e Wilson-Clay (1986); Thomé (1990); Valdés et al. (1996); Biancuzzo (1998); Wilton (1998); Lawrence e Lawrence (1999); Coutinho e Figueiredo (2001); Pini e Peres (2001) e Redford-Badwall et al. (2003) entram, portanto, em concordância entre si quando relacionam as diversas causas e fatores dificultadores do sucesso da amamentação, porém são unânimes quanto à possibilidade desta criança ser amamentada. Várias são as dificuldades mais comumente encontradas durante a prática da amamentação na criança portadora de fissura labiopalatina e/ou outras malformações craniofaciais. Os autores Zickefoose (1957), Paradise e Mc Williams, (1974), Danner e Wilson-Clay (1986), Redford-Badwall et al. (2003) citam as dificuldades apresentadas a seguir como as mais frequentes: − Sucção ineficiente / falta de pressão intra-oral: a alteração morfológica não permite a formação de pressão negativa, necessária para o bom desempenho da sucção. O palato mole, responsável pelo fechamento velofaríngeo no momento da deglutição, está ausente nos casos de fissura palatina. Há uma incoordenação das funções de sucção / respiração / deglutição, fazendo com que o bebê tenha dificuldade em fixar-se na mama; − entrada de ar excessiva: além de dificultar a pega, faz com que o bebê necessite realizar um número maior de movimentos, o que gera desgaste físico e insatisfação; − engasgos frequentes / pneumonias aspirativas: os engasgos ocorrem em função da falta de coordenação das funções orais, associadas ao ar 23 ingerido em excesso e ao ritmo desorganizado. Situações de engasgo repetidas estão ligadas a um mau funcionamento das estruturas protetoras das vias aéreas, tendo como resultado pneumonias aspirativas; − escape de leite pelo nariz: nas fissuras de palato há comunicação direta da cavidade bucal com a nasal. Mesmo nas fissuras labiais, se há rompimento do rebordo alveolar, pode haver refluxo de leite pelo nariz; − ingurgitamento mamário / volume de leite inadequado: gerados pelo esvaziamento incompleto e/ou pouco estímulo das mamas; − ganho de peso insuficiente: a ingestão insatisfatória de leite resulta, muitas vezes, em um quadro nutricional desfavorável; − infecções de orelha média: em razão do mau funcionamento de tuba auditiva; − medo e desconhecimento das mães; − falta de orientação profissional. Quanto à falta de orientação profissional Amorin et al. (1999) reforçam a importância do preparo da equipe de saúde, visto que a notícia do nascimento de uma criança com problemas ao invés do filho idealizado, principalmente quando o profissional não está preparado para informá-la, pode causar sérios transtornos ao equilíbrio emocional da mãe, com repercussões nos cuidados e na alimentação da criança. Conforme documento da UNICEF (1978)2, a importância do suporte emocional, das orientações e esclarecimentos quanto às dúvidas e do aprendizado da mulher quanto à amamentação, por parte dos profissionais, são fatores relevantes para o êxito da mesma, uma vez que dificuldades psicológicas, culturais e sociais são fatores que, com grande frequência, levam a puérpera a posicionar-se, desfavoravelmente, frente ao aleitamento natural. Uma das dificuldades enfrentadas durante a amamentação é a interrupção desse processo. No estudo de Aniansson et al. (2002), todas as crianças que receberam leite materno foram alimentadas com leite ordenhado, uma vez que a maioria das mães abandonou o aleitamento materno em função de problemas práticos relacionados à ordenha do leite, entretanto, a diminuição da produção do 2 United Nations Children's Fund (Fundo das Nações Unidas para a Infância). 24 leite materno também contribui para a não manutenção do aleitamento materno. O mesmo autor destaca ainda que as principais dificuldades para alimentar uma criança com fissura labiopalatina são o tempo prolongado das mamadas, a tendência em ingerir menores quantidades de leite materno e, principalmente, o escape de leite pelo nariz e a deglutição excessiva de ar. Apesar das dificuldades, reforçam que as mães de crianças com fissura labiopalatina devem ser encorajadas a amamentar, o que nem sempre acontece por parte dos profissionais, que na maioria das vezes, não receberam capacitação para lidar com tal situação. Nos estudos de Bauru (THOMÉ, 1990; DALBEN et al., 2003), as razões para a interrupção do aleitamento materno mais referidas pelas mães estavam relacionadas ao desconhecimento de como agir com a dificuldade da criança para sugar ou fixar-se na mama. Outros motivos bastante citados foram produção insuficiente de leite, ingurgitamento mamário, choro/nervosismo do bebê e insegurança da mãe. Em um estudo realizado por Thomé (1990), sobre a prática do aleitamento materno e tempo de permanência inseridas à essa prática, foram avaliadas 105 crianças na faixa etária de um dia a dezoito meses, nascidas com fissura labiopalatina, cadastradas no Hospital de Pesquisa e Reabilitação das Lesões Labiopalatais (hoje HRAC) de Bauru, SP. Entre os resultados, destacam-se: (1) desmame precoce (mediana na terceira semana de vida); (2) 18,1% das crianças que participaram do estudo nunca receberam leite materno; (3) apenas 36,2% delas sugaram no peito; (4) prevalência do aleitamento materno de 14,5% no primeiro mês, 6,1% no terceiro mês e 2,4% no sexto mês, entre as 83 crianças (de um total de 105) que já haviam sido desmamadas na época da entrevista; e (5) quanto mais complexa a fissura, mais precoce o desmame – medianas na primeira, segunda e sexta semanas de vida para crianças com fissura transforame, pós-forame e préforame, respectivamente. Em outro estudo brasileiro3, Dalben et al. (2003) observaram que: [...] somente 3% dos bebês estavam sendo amamentados aos sete meses, época da entrevista inicial, e 81% nunca haviam sido amamentados. Das crianças amamentadas por pelo menos um mês, 82% não tinham fissura de palato, o que sugere uma relação entre tipo de fissura e prática do aleitamento materno (DALBEN et al., 2003, p. 82). 3 Estudo realizado em Bauru/SP, pelo Hospital de Reabilitações de Anomalias Crânio-faciais, referência em fissuras labiopalatinas. 25 As baixas incidências e duração da amamentação, encontradas nos dois estudos brasileiros citados, podem estar relacionadas com o fato de a população estudada ter sido selecionada em um centro de referência nacional para tratamento de crianças com anomalias craniofaciais. É possível que esse centro concentre casos mais complexos, com maiores dificuldades para efetivar o aleitamento materno. O período transcorrido entre os estudos (mais de 10 anos no caso de Thomé, 1990) pode também ter influenciado nas diferenças encontradas. Uma pesquisa realizada pelo Ministério da Saúde em 20014 mostrou que existe uma tendência ascendente nas taxas de aleitamento materno no Brasil. A duração mediana da amamentação, que era de 2,5 meses em 1975, subiu para 5,5 meses em 1989, para 7 meses em 1996 e para 10 meses em 1999. Como o movimento pró-amamentação vem crescendo no país, muito provavelmente o suporte que as mães recebem atualmente dos profissionais de saúde, em especial as mães com crianças com fissuras, é maior do que o oferecido na época em que os outros estudos foram realizados. Além disso, sabe-se que o suporte dos profissionais de saúde é bastante variável de local para local. O aleitamento materno é sempre recomendado antes de ser descartado pelas mães de portadores de fissuras labiopalatinas, pois ele traz melhor desenvolvimento das estruturas bucais, benefícios nutricionais e vantagens do contato íntimo entre bebê e mãe trazendo segurança e estreitando os laços de carinho (GARCEZ, 2004). Depois de discutidas as dificuldades específicas em amamentação, apresentar-se-ão na próxima seção as medidas que proporcionam melhores condições de amamentação para os portadores infantis de fissuras labiopaltinas. 3.1.2 Medidas facilitadoras para o aleitamento materno As estratégias para auxiliar na alimentação dos bebês com fissura de lábio e/ou palato devem ser executadas com cautela. Como citado por Kelly (1971), a amamentação, que deveria ser um momento prazeroso, relaxante, proveitoso para 4 Informações contidas em prevalência de aleitamento materno, nas capitais brasileiras e no Distrito Federal. 26 mãe e bebê, nesses casos, frequentemente, torna-se uma fonte de grande ansiedade, fracasso e derrota. Alguns autores estabeleceram medidas que facilitam o desempenho da amamentação em crianças com fissura labiopalatina. Dentre elas, podem-se destacar as seguintes: − Ordenha do leite materno de modo a deixar a mama mais flexível e a aréola mais macia; − massagens ou compressas mornas para estimular a descida do leite, o que pode ser mais gratificante para o bebê por exigir menos esforço; − estimulação frequente da sucção do bebê quando o seio estiver cheio; − posição do bebê a mais ereta possível, para dificultar a passagem de leite para a cavidade nasal e para a tuba auditiva, prevenindo assim otites que podem ocasionar sequelas auditivas graves; − estimulação dos lábios do bebê com o mamilo para que ele abra bem a boca, a fim de em seguida, com um movimento rápido, trazer o bebê ao seio; − direcionamento do mamilo para o lado oposto ao da fissura. Para isso, em algumas circunstâncias pode-se utilizar a posição de futebol americano (criança apoiada com o braço do mesmo lado da mama a ser oferecida, posicionada lateralmente ao corpo da mãe, abaixo do braço) ou posição tradicional invertida (criança apoiada com o braço do lado oposto da mama a ser oferecida, colocada em frente ao corpo da mãe), usando travesseiro para apoio, se necessário; − apoio da mama com a palma da mão, comprimindo a mama para facilitar a pega do bebê e a ejeção do leite, ao mesmo tempo permitindo a oclusão da fissura com o polegar, tendo o cuidado de deixar espaço livre para as narinas; − pescoço flexionado (não hiperflexionado), ao invés de estendido; − início precoce do aleitamento materno, assim que possível; − início da ordenha, se o bebê não conseguir extrair leite suficiente direto da mama, oferecendo-o por outra técnica (copinho, translactação, colher); − esvaziamento da mama por meio de ordenha após as mamadas, para estimular a produção do leite (CHASE et al., 1990, p. 830; BIANCUNZZO, 1998, p. 47; MURAHOVSCHI et al., 2001, p. 190). 27 Diversos autores (LAWRENCE, 1980; THOMÉ et al., 1980; THOMÉ, 1990; SPERI, 1996) afirmam que o recém-nascido fissurado pode e deve ser levado ao peito materno, pois este contato mãe-filho é de suma importância para o equilíbrio emocional. O aleitamento natural é possível em crianças com fissura de lábio e/ou palato, sendo que a técnica da alimentação vai depender da complexidade da fissura e condições da criança. 28 4 MÉTODOS DE ALIMENTAÇÃO E MANEJO CLÍNICO DE BEBÊS COM FISSURA LABIOPALATINA Após a apresentação das informações sobre algumas dificuldades e medidas facilitadoras da amamentação das crianças portadoras de fissuras labiopalatinas, esta seção discute sobre os procedimentos que devem ser adotados pelas instituições de saúde quando da assistência a tais clientes. Existe uma grande diversidade de pontos de vista dos serviços que atendem a crianças com fissuras, com relação à alimentação, e ainda a falta de consistência para justificar a variedade de métodos utilizados, que vão desde uso de obturadores de palato, tipos de mamadeira e bicos até a posição do bebê durante a alimentação, segundo Shaw et al. (1999). Observam, ainda, que são comuns as re-internações hospitalares quando as dificuldades alimentares persistem. Segundo Biancuzzo (1998) e Wilton (1998), havendo entendimento sobre fissuras e técnicas de alimentação específicas, em geral as mães podem amamentar seus bebês com essa malformação somente após orientações do profissional de saúde, pois, de acordo com Altmann et al. (1997), em crianças com fenda labiopalatal, o aleitamento materno é mais difícil, pois além das complicações geradas pela ausência do palato, a fenda labial dificultará o posicionamento correto do bico e aréola na boca da criança, dificultando ainda mais a extração do leite. De acordo com Silva, Fúria e Di Ninno (2005), comparadas às crianças com fenda palatal, as crianças com fenda pré-forame apresentam melhores condições para serem alimentadas no seio materno, além de se alimentarem por um tempo maior. A combinação do aleitamento materno direto e o fornecimento do leite materno ordenhado – em casa ou no hospital - para completar a quantidade de leite ingerida, assim como somente a ingestão do leite materno ordenhado, são os melhores métodos para alimentar a criança com fenda labiopalatal, mas, para leválos a cabo, é necessário um amplo suporte de profissionais especializados (WYSZYNSKI, 2002). Apesar do empenho em enfatizar o aleitamento natural, é necessário o complemento da alimentação por outro recurso, pois, devido às dificuldades apontadas, o tempo de mamada é muito prolongado, causando ao bebê um elevado 29 gasto energético. Isto resulta em um baixo ganho de peso, em aumento do risco de desidratação e em distúrbios do desenvolvimento e crescimento da criança, de acordo com Wide (1996). Mesmo que o bebê não consiga receber pelo aleitamento natural toda a quantidade de leite que lhe é necessária, o tempo que ele se mantém em contato físico com o seio da mãe tanto contribui para o estabelecimento e desenvolvimento dos reflexos motores que garantirão mais tarde uma alimentação adequada, como influencia o estabelecimento de um relacionamento afetivo positivo entre a mãe e o bebê (ALMEIDA, 2002). 4.1 MÉTODOS PARA O ALEITAMENTO MATERNO ARTIFICIAL 4.1.1 Sonda nasogástrica Segundo Thomé (1990), as crianças portadoras de fissura labiopalatina nascidas a termo e sem nenhuma outra anormalidade associada podem ser alimentadas normalmente desde as primeiras horas de vida, não necessitando do uso de sondas nasogástricas. As primeiras horas de vida representam um período importante para adaptação do reflexo de alimentação. Assim, se a criança fissurada for bloqueada através do uso de sonda após o nascimento, os seus mecanismos próprios para realizar os movimentos de sucção e deglutição serão prejudicados; portanto, as experiências de vida dessas crianças passam a ser diferentes das crianças normais. Isso significa que a criança não se utiliza da sucção para se alimentar, limitando sua participação ativa no processo de deglutição (THOMÉ, 1990, p. 59). A alimentação por sonda nasogástrica em crianças portadoras de fissuras de lábio e/ou palato é uma experiência desagradável e desconfortável, tanto para mãe, como para a criança, especialmente durante os primeiros meses, sendo vários os fatores que interferem no processo de alimentar a criança por sonda nasogástrica e no relacionamento da mãe com o filho (ZICKEFOOSE, 1957; SANTOS et al., 1980; THOMÉ, 1990). 30 Ainda, de acordo com Altmann et al. (1997)5 apud Amstalden-Mendes e Lopes (2006): Do ponto de vista fisiológico, a alimentação por via oral prepara a fase oral da digestão, estimula os reflexos de sucção e o desenvolvimento proprioceptivo de toda a cavidade oral. Deste mesmo ponto de vista, o uso da sonda nasogástrica é um método de alimentação invasivo e desconfortável para o recém-nascido; pois a introdução da sonda na narina provoca obstrução nasal, dificuldade na vedação labial e prejuízos nos movimentos de sucção e deglutição, além de acarretar a imaturidade do complexo orofacial. O uso desse recurso deverá limitar-se àqueles portadores de fenda de lábio e/ou palato que realmente apresentem dificuldades extremas para alimentar-se por via oral, e que, portanto, não estejam ganhando peso suficiente, ou que possuam algum outro distúrbio associado. 4.1.2 Mamadeira Um recurso alternativo, comumente utilizado para o aleitamento [materno] artificial, a mamadeira apresenta bicos variados, os quais deverão ser selecionados de acordo com as condições clínicas da criança (THOMÉ, 1990). Segundo ALTMANN et al. (1997), o crescimento e o desenvolvimento normal da face podem ser prejudicados pela forma dos bicos de mamadeira utilizados, por não serem desenhados de acordo com a fisiologia do aleitamento. Alguns cuidados devem ser tomados na escolha de um bico adequado como: comprimento, flexibilidade, tamanho do furo e posição adotada na cavidade oral. O bico da mamadeira deve ter um comprimento tal que não interfira na direção do crescimento da face. Bicos longos demais podem interferir no desenvolvimento facial. Estes devem ser flexíveis o suficiente para permitirem fácil adaptação na boca da criança e o furo deve permitir um adequado fluxo de leite. Há também diferentes modelos de mamadeiras sendo algumas, maleáveis, o que permite introduzir o leite na cavidade oral da criança, sem que esta necessite fazer esforço para sugar (REDFORD-BADWAL et al., 2003). Para alguns autores os bicos de mamadeira mais adequados são os ortodônticos por serem curtos e anatômicos. O furo deve ser graduado de acordo com o poder de sucção de cada criança, sendo um tamanho regular usualmente indicado para intensificar o movimento de sucção. O bico é posicionado na região 5 Fissuras labiopalatinas. In. Aspectos pediátricos. 1997. cap XX, p.331. 31 anterior da boca com o furo voltado para cima de forma similar ao posicionamento do peito materno na cavidade oral da criança. Com o furo nessa posição o fluxo de leite não é direcionado para a cavidade nasal devido à postura vertical que favorece a ação da força gravitacional e simula a fisiologia da amamentação natural (ALTMANN et al., 1997). O tipo de fenda pode determinar qual o bico artificial e a mamadeira a serem utilizados. Para o portador de fenda labial que, por algum problema, não pode ser amamentado no seio materno, preconiza-se o uso de bico de base larga, o qual auxilia a vedar a fenda e impedir o escape de ar durante a sucção. Para isto, constatou-se maior efetividade na utilização do bico ortodôntico da NUK, o qual gera maior pressão negativa e proporciona melhores movimentos fisiológicos da língua e dos lábios do que o da mesma marca confeccionado especificamente para a fenda (CHOI et al., 1991). Nos casos de fenda palatal, recomenda-se o bico de látex, mais flexível que o de silicone, e com um furo maior, já que, frequentemente, esta associação permite ao bebê movimentar a língua, extraindo assim uma maior quantidade de leite (CLARREN et al., 1987). Para as crianças com fenda labiopalatal, a mamadeira de bico ortodôntico contendo válvula possibilita melhor sucção. A válvula deste bico impede a saída de leite quando a criança não está sugando e permite que a quantidade de leite extraída seja adequada aos movimentos de deglutição, minimizando os riscos de regurgitação. Neste caso, o orifício do bico deve estar na parte póstero-inferior, ou seja, em contato com a língua, diminuindo a regurgitação do leite para a cavidade nasal (MIZUNO et al., 2002). Não existe mamadeira especial para alimentação da criança portadora de fissura, mas sim uma adaptação com bico ortodôntico e com válvula que favorece a sucção e posicionamento dos órgãos fonoarticulatórios. Estudos cinefluográficos mostram a semelhança do posicionamento dos órgãos fonoarticulatórios, tanto na amamentação ao seio materno, quanto na sucção do bico ortodôntico, favorecendo a mesialização da mandíbula em relação ao maxilar, devido aos movimentos de amplitude para a retirada do leite, com os lábios funcionando como um esfíncter. O bico ortodôntico deve estar sempre formando um ângulo de 90º em relação à face, isso devido ao furo que é para cima, forçando a sucção ser eficiente (KUDO et al., 32 1980). O processo de sucção através do (a) seio materno, (b) do bico de mamadeira e (c) bico ortodôntico é mais bem esclarecido na Figura 2. Figura 2 - O processo de sucção através do (a) seio materno, (b) do bico de mamadeira e (c) bico ortodôntico. Fonte: KUDO, A.M. et al. 1980. Outras técnicas de alimentação são introduzidas como métodos alternativos para garantir o desenvolvimento e crescimento normal da criança, sendo a mamadeira, porém o mais utilizado (THOMÉ et al., 1980; BACHEGA et al.,1983; THOMÉ, 1990). 4.1.3 Placas obturadoras de palato O uso de placas palatinas obturadoras tem sido defendido por alguns profissionais, que afirmam que tais placas funcionariam como um palato artificial que forneceria um apoio contra o qual a criança poderia pressionar o bico [ou o mamilo do seio] com a língua durante a sucção (REDFORD-BADWALL et al., 2003). Neste caso, a placa teria como função vedar a fenda palatal, permitindo que o bebê gere pressão intra-oral negativa e consiga extrair o leite de uma forma mais efetiva e em maior quantidade. O seu uso impede a regurgitação do leite para a cavidade nasal e melhora o ganho de peso (OSUJI, 1995; LANG, 1997; REDFORD-BADWALL et al., 33 2003). O uso destas placas, com a finalidade de auxiliar na alimentação, tem sido muito discutido. Em contraposição, há autores que as contra-indicam, pois elas poderiam deformar e direcionar o crescimento da maxila se não forem modeladas e substituídas com o desenvolvimento do bebê (ALMEIDA et al., 1986; MORENO et al., 2005; BANNISTER, 2005). Existem situações especiais em que, mesmo com uma pega adequada, a fenda não consegue ser ocluída pela mama, em função de sua amplitude. Nesses casos, está indicado o uso de placas obturadoras de palato, feitas de acrílico, que tem a finalidade de bloquear a subida do fluxo aéreo em direção à cavidade nasal quando a língua a pressiona (GARCEZ, 2004). A placa HOTZ-TYPE usada para alimentação em mamadeira no tratamento precoce de neonato com fenda palatal, foi modificada, para permitir sua utilização pelo bebê durante o aleitamento natural. Os resultados demonstraram um melhor padrão de sucção no seio materno e maior ingestão de leite, embora em quantidade ainda insuficiente. No entanto, apesar de ser necessário o complemento alimentar, mães e bebês vivenciaram o aleitamento natural (KOGO et al., 1997). A combinação entre o uso da placa e o seguimento das orientações fornecidas às mães, propicia uma redução no tempo da alimentação, um aumento do volume de leite ingerido e está associada a um bom desenvolvimento da criança. Mães que desejavam o aleitamento materno e usaram o obturador como suporte proporcionaram ao bebê, além da nutrição específica oriunda do leite materno, um aumento da ingestão desse alimento e o decréscimo da fadiga da criança (TURNER et al., 2001). Em muitos casos, o fechamento velofaríngeo, importante no processo alimentar, está comprometido e a placa não atinge essa região (CHOI et al., 1991). Apesar da placa proporcionar um suporte para facilitar a compressão do bico, ela ocupa grande porção do espaço intra-oral. Por este motivo, estaria contraindicada em casos de crianças com retrognatia - as quais têm a língua posicionada mais posteriormente - pelo risco de oclusão da passagem aérea (LANG et al., 1994). Alguns autores como Kogo et al. (1997) e Turner et al. (2001) realizaram estudos para avaliar o desempenho do aleitamento materno associado ao uso da placa. No estudo de Kogo et al. não foram observadas diferenças de ganho de peso nos bebês amamentados, quando comparados aos que usaram a placa e receberam leite pela mamadeira. Na experiência da Pashayan e Mc Nab (1979), os obturadores não são efetivos o suficiente para promover ganho de peso adequado, além de 34 promover uma falsa sensação de segurança para aqueles que os usam. Para Trenouth e Campbell (1996), a placa é significativamente mais efetiva nos casos de fissuras completas do que nos casos de fissuras posteriores (de palato). Em outra análise sobre a efetividade das placas, Shaw et al. (1999) concluíram que: Elas não conferem qualquer benefício em termos de frequência, tempo gasto na alimentação ou ganho nutricional nas primeiras 24 horas de vida. Além disso, foi verificado que a presença da placa não altera a habilidade dos bebês fissurados gerarem pressão negativa intra-oral (SHAW et al., 1999, p. 365). Para os autores, a ausência de evidências concretas sobre os benefícios da placa, somados ao alto custo financeiro, justificam um posicionamento contrário ao seu uso como auxiliares na alimentação. De acordo com Garcez (2004), no Brasil não há relatos específicos sobre a utilização das placas em recém-nascidos com fissura labiopalatina. Tal limitação deve-se, provavelmente, ao seu alto custo de manutenção, pois as placas devem ser moldadas periodicamente de acordo com o crescimento da criança. Para Valdés et al. (1996), não se recomenda o uso das próteses palatinas durante a mamada, porque, em geral, elas interferem na amamentação, ao invés de ajudá-la. 4.1.4 Copinhos e/ou xícaras Métodos artificiais de aleitamento infantil, tais como cuias, xícaras com abas, bicos tipo bule, copos e mamadeiras existem desde épocas pré–históricas. Embora muitos destes artefatos tenham desaparecido, as mamadeiras e bicos dominaram a cultura ocidental nos últimos anos, fazendo que outros métodos sejam pouco considerados como, por exemplo, o uso da xícara. A alimentação através de xícara é utilizada em muitos países em desenvolvimento como um fator cultural, não apenas por mães que têm dificuldades de acesso a serviços de saúde, mas também nas unidades neonatais e de pediatria (FILDES, 1986 apud LANG et al., 1994). O uso de copo trata-se de um método simples, prático e com baixo custo para alimentação. Apresenta muitas vantagens, tais como: promover uma experiência oral positiva, com conforto e fortalecimento do vínculo entre o bebê e os 35 pais, pois estes participam [ativamente] da alimentação do filho; permitir um menor gasto de energia em comparação ao gasto resultante da alimentação por mamadeira, minimizando a fadiga do bebê e o risco de perda de peso; favorecer o aumento da produção de saliva e enzimas digestivas, já que estimula receptores orais, resultando em uma digestão mais eficiente; e também, promover os movimentos da mandíbula, da língua e dos músculos da face (LANG et al., 1994). Sua função primária e mais importante é proporcionar um método artificial seguro, até que a criança esteja forte e/ou madura, o suficiente para mamar exclusivamente no peito. Outra função importante da xícara é evitar o uso da mamadeira, fator de aumento da morbidade e mortalidade, particularmente nos locais em que a higiene é precária, a esterilização de mamadeiras é difícil, e as sondas gástricas não estão facilmente disponíveis. Nestes ambientes, a xícara proporciona um método de alimentação simples, prático e barato. Além disso, a alimentação com xícara proporciona o contato entre a mãe e o filho familiarizando o recém-nascido com o peito, permitindo-o experimentar pequenas quantidades de leite ordenhado manualmente (LAWRENCE, 1980). O tempo gasto na alimentação com xícara pode variar tanto quanto a alimentação com mamadeira ou sonda gástrica. Em situações onde se necessita de uma alternativa à mamadeira ou à sonda gástrica, a alimentação com xícara proporciona uma solução simples e efetiva. Ela oferece benefícios potenciais porque não é invasiva e o bebê pode regular sua própria ingesta quando a xícara é mantida, de maneira que o leite somente toque seus lábios e não seja despejado dentro da boca. Além disso, como a regulação de lambida/tragada é dependente exclusivamente do bebê, a respiração torna-se mais fácil de ser controlada e a deglutição ocorre quando o bebê está apto para essa função. Como resultado, evitase a aspiração, tão comum entre as crianças portadoras de fissuras de lábio e/ou palato (MOODY, 1993 apud LANG et al., 1994). A alimentação com xícara é um método alternativo que amplia as opções disponíveis, tanto aos pais quanto aos profissionais, os quais podem necessitar de métodos não convencionais para solucionar situações difíceis de alimentação, e que, segundo Lawrence (1980), deve ser seriamente levada em consideração para uso em unidades neonatais e de cuidados intermediários, considerando que o método estreita a relação mãe e filho, o seu custo é bem menor, comparado com outros métodos alternativos. 36 Um estudo de Lang et al. (1994), realizado na unidade neonatal de Exeter, no Reino Unido, evidenciou que a alimentação com xícara era apropriada para seis grupos específicos de bebês: 1. bebês próximos à alta que já estavam mamando no peito, mas cujas mães não permaneciam todo o tempo na unidade; 2. bebês prematuros que estavam para ser amamentados e que não se satisfaziam somente com alimentação por sonda gástrica. Incluem-se aqui os bebês que se mantinham despertos e alertas após o término da refeição, mas que eram muito imaturos para mamar no peito ou incapazes de completar uma mamada no peito, ou aqueles cujas mães não estavam presentes na hora da mamada; 3. bebês com fenda labial e/ou palatina, cujas mães desejavam estabelecer a amamentação, mas que era provável a necessidade de um método adicional de alimentação até que fosse feita uma reparação cirúrgica do defeito; 4. bebês com um padrão incoordenado de sucção, deglutição e respiração, causado por asfixia ou por qualquer outra condição neurológica que tenha interferido com o sucesso em estabelecer a alimentação ao peito ou com mamadeira; 5. bebês nascidos de parto cesárea, quando a amamentação não era possível dentro das primeiras poucas horas após o parto ou cujas mães não se encontravam bem inicialmente mas que pretendiam amamentar; 6. bebês de termo e pré-termo no período de alta que ficavam cansados antes de serem capazes de completar a mamada (LANG et al., 1994, p. 367). Ainda, segundo os mesmos autores, existem algumas contra-indicações para o uso do copo nos casos de fendas. Dentre elas, destacam-se os casos de recém-nascidos com riscos para aspirações, como nos casos de reflexos de engasgos diminuídos, letargia geral e déficit neurológico. Estudos ainda precisam ser realizados para detalhar o uso do copo, suas vantagens e desvantagens, com recém-nascidos portadores de anomalias craniofaciais. 37 5 METODOLOGIA O presente estudo baseia-se na revisão bibliográfica de publicações que contemplaram temas sobre a dificuldade de alimentação das crianças portadoras de anomalias craniofaciais. Para a captação dos dados teóricos deste estudo foi realizada uma vasta pesquisa, com método de abordagem qualitativa exploratória indireta, de natureza básica, com o objetivo de descrever a amamentação da criança portadora de fissura labiopalatina. As fontes especializados no utilizadas tiveram assunto, revistas, embasamento periódicos e em livros informações de autores relevantes disponibilizadas em artigos científicos, monografias e dissertação de mestrado além de consultas em sites de busca onde foram realizadas pesquisas com os seguintes descritores: amamentação, fenda labiopalatina, lábio leporino, fissura labiopalatal, dificuldades de amamentação em fenda palatina e aleitamento materno em fissura labiopalatina. Como instrumento de coleta de dados foram utilizados sites com conteúdo confiável e de cunho científico como SCIELO, LILAC, BIREME e MEDLINE, dos quais foram utilizados estudos publicados entre os anos de 1923 a 2006, buscando assim dar sustentação e credibilidade ao trabalho desenvolvido. Foram encontrados um total de 31 artigos, sendo 18 artigos de âmbito nacional e 13 internacionais, dos quais 04 são de autores brasileiros e já publicados em língua portuguesa, que abordaram temas relacionados à alimentação da criança com fissuras crânio-faciais, destes, porém, apenas 05 são específicos à prática do aleitamento materno. Após criteriosa leitura, classificação e seleção das bibliografias encontradas, foram utilizados 2 livros, 5 artigos científicos, 1 monografia de conclusão de curso, 1 dissertação de mestrado e 2 pesquisas do Ministério da Saúde para que os objetivos deste estudo fossem alcançados. 38 6 CONSIDERAÇÕES FINAIS Para a compreensão deste tema, procurou-se, inicialmente, rever o conceito de fissuras labiopalatinas. Teve-se que este conceito aplica-se à abordagem da amamentação da criança portadora de fissura labiopalatina analisada neste estudo, conforme o que preconiza Thomé (1990). Na fundamentação teórica do estudo os determinantes teóricos tais como a amamentação da criança portadora de fissura lábiopalatina e sucção ineficaz revelaram-se pertinentes aos resultados obtidos por meio da análise da questão no sentido de investigar se a criança portadora de fenda labiopalatina teria uma amamentação satisfatória e adequada devido a sua sucção dificultada. Buscou-se por meio de vasta revisão bibliográfica identificar a influência que a fissura labiopalatina provoca na sucção e na formação da pressão intra-oral negativa e quais os tipos de fissura comprometem mais o aleitamento materno. Verificou-se através dos resultados obtidos que a malformação labiopalatina é a principal causa de interferência na amamentação, de acordo com sua complexidade. Os portadores de fissura pré-forame não apresentam problemas alimentares; já os portadores de fissura pós-forame e transforame, obtêm baixo índice de permanência ao seio materno. As orientações precoces aos pais, e aos profissionais da saúde, têm sido decisivas para o estabelecimento de uma alimentação adequada, assegurando o bom desenvolvimento do bebê e proporcionando apoio e segurança aos familiares. A intervenção iniciada na maternidade, sempre que possível, deve ser realizada por uma equipe multidisciplinar. A orientação básica compreende o incentivo ao aleitamento materno, durante o maior período possível. Caso este ideal não seja possível, o leite materno deve ser oferecido na mamadeira, com bico de forma e orifício adequados. As intervenções de enfermagem precoces junto aos bebês fissurados e às mães são fundamentais para estabelecer o diagnóstico das alterações das funções de deglutição e sucção e realizar orientações quanto às formas de alimentação a serem empregadas ainda no alojamento conjunto. É importante ressaltar que o método de administração alimentar não deve ser padronizado para todas as crianças portadoras de fissura labiopalatina, pois o 39 uso de colher, conta-gotas ou copo prejudicam o desenvolvimento dos músculos da face e do palato; devendo ser indicados apenas em casos mais raros ou como suplementação à outros métodos. Quanto ao uso da sonda nasogástrica, está contra-indicada em bebês com fissura labiopalatina, por comprometer as funções de sucção e deglutição, além de dificultar o estabelecimento da alimentação por via oral. É necessário que cada criança seja analisada individualmente e que a técnica de alimentação a ser adotada na impossibilidade da amamentação natural, deve se aproximar o máximo possível do normal, respeitando as fases do desenvolvimento global da criança. Desta forma, conclui-se que os objetivos formulados para a pesquisa foram alcançados no sentido de que as crianças portadoras de fissura labiopalatina, nascidas a termo, sem problemas associados, podem e devem ser alimentadas normalmente, por via oral, desde as primeiras horas de vida de acordo com suas possibilidades, pois o reflexo de sucção destes bebês está preservado e deve ser exercitado. 40 REFERÊNCIAS ALMEIDA, M.L.G; PASSEROTTI, A.L.A.C. Amamentação materna em fissurados: estudo retrospectivo. Pediatr. Mod. 1986. p. 85-90. ALTMANN, E.B.C. et al. Tratamento precoce. In: Altmann EBC, ed. Fissuras Labiopalatinas. 3. ed. Carapicuíba (SP): Pró-Fono Departamento Editorial, 1994. p. 291-322. __________. Fissuras labiopalatinas. In: PACHI, P.R. Aspectos pediátricos. 4. ed. Carapicuiba: Pró-fono - Departamento Editoral, 1997. cap. XX, p. 325-366. AMORIN, S.T; MOREIRA, H.; CARRARO, T.E. 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Fonte: Revista CEFAC 56 GRUPO II – TRANSFORAME INCISIVO BILATERAL Fonte: Revista CEFAC Fonte: Revista CEFAC 57 GRUPO III – PÓS-FORAME COMPLETA Fonte: Revista CEFAC . Fonte: Revista CEFAC 58 GRUPO III – PÓS-FORAME INCOMPLETA Fonte: Revista CEFAC Fonte: Revista CEFAC 59 GRUPO IV – FISSURAS RARAS DA FACE Fonte: Revista CEFAC