UNIVERSIDADE VALE DO RIO DOCE

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UNIVERSIDADE VALE DO RIO DOCE
ÁREA DE CIÊNCIAS BIOLÓGICAS E DA SAÚDE
CURSO DE ENFERMAGEM
Ani Félix Rodrigues de Miranda
Cristhian Lopes da Silva
Gislene da Silva Correia
A IMPORTÂNCIA DA MONITORIZAÇÃO HEMODINÂMICA DO POTENCIAL
DOADOR DE ÓRGÃOS EM MORTE ENCEFÁLICA
Governador Valadares
2009
ANI FÉLIX RODRIGUES DE MIRANDA
CRISTHIAN LOPES DA SILVA
GISLENE DA SILVA CORREIA
A IMPORTÂNCIA DA MONITORIZAÇÃO HEMODINÂMICA DO POTENCIAL
DOADOR DE ÓRGÃOS EM MORTE ENCEFÁLICA
Monografia apresentada como requisito
para obtenção do grau de bacharelado em
enfermagem pela Área de Ciências
Biológicas da Saúde da Universidade Vale
do Rio Doce.
Orientadora: Patrícia Carvalho do Canto
Governador Valadares
2009
3
ANI FÉLIX RODRIGUES DE MIRANDA
CRISTHIAN LOPES DA SILVA
GISLENE DA SILVA CORREIA
A IMPORTÂNCIA DA MONITORIZAÇÃO HEMODINÂMICA DO POTENCIAL
DOADOR DE ÓRGÃOS EM MORTE ENCEFÁLICA
Monografia apresentada como requisito
para obtenção do grau de bacharelado em
enfermagem pela Área de Ciências
Biológicas da Saúde da Universidade Vale
do Rio Doce.
Governador Valadares, 26 de novembro de 2009.
Banca Examinadora:
__________________________________________
Profª. Patrícia Carvalho do Canto – Orientadora
Universidade Vale do Rio Doce
__________________________________________
Profª. Andréia Eliane Silva Barbosa
Universidade Vale do Rio Doce
__________________________________________
Enfº. Anízio Pereira de Brito
___________________________________________
Profª. Eliana Maria de Oliveira
Universidade Vale do Rio Doce
Dedicamos este trabalho, primeiramente a
Deus, aos nossos pais e amigos que
estiveram presentes ao nosso lado nos
dando a oportunidade de crescimento em
todos os momentos, em cada palavra, em
cada noite mal dormida.
5
AGRADECIMENTOS
Agradecemos primeiramente a Deus que nos deu a oportunidade de alcançar mais
essa vitoria.
Aos nossos familiares que nos proporcionaram apoio, sem medir esforços para a
concretização deste sonho.
Aos nossos mestres que durante estes quatro anos nos cederam seus
conhecimentos para nossa qualificação de profissionais.
A nossa orientadora Patrícia do Canto pelo apoio, paciência e incentivo e por ter
acreditado em nossa capacidade nos indicando o caminho em busca do saber.
Aos amigos e aqueles que torceram pela nossa vitoria.
A Todos aqueles que, direta ou indiretamente contribuíram para a realização deste
trabalho, a nossa mais profunda gratidão.
”Nunca nos vangloriamos da inteireza
e do acabamento definitivo de nosso
conhecimento e de nossa capacidade.
Estamos
estávamos
tão
prontos
antes,
a
agora
admitir
como
as
imperfeições da nossa compreensão, a
aprender novas coisas e a alterar os
nossos métodos de qualquer forma que os
possamos melhorar”.
Sigmund Freud, 1919
7
RESUMO
Este estudo trata-se de uma revisão bibliográfica pelo método qualitativo, abordando
a importância da monitorização hemodinâmica ao potencial doador de órgãos em
morte encefálica. Tem-se como objetivo desvelar a importância do enfermeiro como
parte integrante da equipe multidisciplinar, abordando as leis e protocolos existentes
a este profissional, respeitando a ética e bioética. Justifica-se a escolha do tema
devido aos avanços tecnológicos e a importância da atuação do profissional
enfermeiro como parte integrante da equipe multiprofissional na manutenção do
potencial doador, atentando para os desafios enfrentados pelas demandas e a
demora da captação, considerando que a agilização resultaria na ampliação do
número de órgãos doados. Cabe ao enfermeiro, conhecer a percepção dos
familiares do potencial doador, a respeito do processo de doação de órgãos para
transplante, ganhando com isto, pessoas mais conscientizadas e divulgadoras,
afastando dúvidas, mitos, desinformação e preconceitos sobre algo tão importante
que é lutar pela vida que pode ser perpetuada através do corpo de outra pessoa,
especificamente por meio de seus órgãos. A presente pesquisa salienta a
importância da adequada monitorização hemodinâmica de enfermagem ao potencial
doador de órgãos em morte encefálica, levando a preservação dos órgãos e
consequentemente diminuindo a fila de espera pela captação, reduzindo a
mortalidade dos receptores.
Palavras-chave:
enfermagem.
Doação
de
órgãos.
Morte
encefálica.
Monitorização
de
ABSTRACT
This study is a literature review of the qualitative method, addressing the importance
of activities in the assistance of hemodynamic monitoring of the potential organ donor
with brain death.
We aim to review the importance of nurses as part of the
multidisciplinary team. The study are organized according to the laws and protocols
,concept, respecting ethics and bioethics, related to
organ and tissue removal,
physiological, repercussions of brain dead and assistance in the physiological
maintenance of potential organ donor. Justified the choice of subject, due to
technological advances and the importance of nursing professional activities in
maintaining the potential donor, paying attention to the challenges faced by the
demands and delay the uptake, whereas the streamlining would result in the
expansion the number of donated organs. It is concern for the nurse to know the
families' perception of the potential donor, about the process of maintenance of
patient organ donation for transplantation, winning with it, more people made aware
and propagators, removing doubts, myths, misinformation and prejudice about
something so important that you fight for life that can be perpetuated through the
body of another person, specifically through their bodies. This research highlights the
importance of adequate hemodynamic monitoring in nursing potential organ donor
with brain death, leading to preservation of organs and consequently reducing the
waiting time for obtaining, reducing the mortality of pacients. When knowledge and
rules about brain death it’s put in practice, will contribute for life quality of others.
Descriptors Keywords: Organ donation. Brain death. Monitoring of nursing.
LISTA DE SIGLAS
ADOTE - Aliança Brasileira pela Doação de Órgãos e Tecidos.
AMIB - Associação de Medicina Intensiva Brasileira
CAP - Cateter Artério Pulmonar
CFM - Conselho Federal de Medicina
CNCDO - Central de Notificação, Captação e Distribuição de Órgãos
CNNCDO - Central de Notificação, Captação e Distribuição de Órgãos
COFEN - Conselho Federal de Enfermagem
COREN - Conselho Regional de Enfermagem
CTI - Centro de Terapia Intensiva
DNA - Ácido Desoxirribonucléico
LILACS - Literatura Latino Americana e do Caribe em Ciências da Saúde
ME - Morte Encefálica
O2 - Oxigênio
OTP - Órgãos Tecidos e Partes
PAM - Pressão Arterial Média
PAP - Pressão Arterial Pulmonar
PCCP - Pressões de Cunha Capilar Pulmonar
PVC - Pressão Venosa Central
RVS - Resistência Vascular Sistêmica
SAE - Sistematização da Assistência de Enfermagem
SCIELO - Scientific Eletronic Library Online
SNC - Sistema Nervoso Central
SVO2 - Saturação de Sangue Venoso Misto
TCLE - Termo de Consentimento Livre e Esclarecido
UTI - Unidade de Terapia Intensiva
10
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO ...................................................................................................... 10
2 REVISÃO DA LITERATURA ................................................................................ 12
2.1 TRANSPLANTE.................................................................................................. 12
2.1.1 Contextualização histórica ........................................................................... 13
2.1.2 Leis relacionadas ao transplante de órgãos ............................................... 14
2.2 MORTE ENCEFÁLICA ....................................................................................... 16
2.2.1 Diagnóstico .................................................................................................... 17
2.2.2 Monitorização hemodinâmica em morte encefálica ................................... 21
2.2.3 Ações de enfermagem .................................................................................. 22
2.3 CONSENTIMENTO FAMILIAR PARA DOAÇÃO DE ÓRGÃOS ......................... 28
3 METODOLOGIA.................................................................................................... 31
4 DISCUSSÃO ......................................................................................................... 32
5 CONSIDERAÇÕES FINAIS .................................................................................. 34
REFERÊNCIAS ........................................................................................................ 36
10
1 INTRODUÇÃO
Segundo a Associação Brasileira de Transplante de Órgãos (2006) a
realização de transplantes representa um grande avanço na medicina e o sucesso
do mesmo depende de vários fatores, dentre eles a atuação efetiva de uma equipe
multidisciplinar e suas habilidades, estrutura hospitalar e principalmente da
existência de um doador.
Através de estudos, das técnicas de ressuscitação e de suporte vital, a
atividade cerebral veio definir a vida e a morte do paciente, vinculando assim a
morte
a
critérios
neurológicos,
evoluindo
para
Morte
Encefálica
(ME)
(ASSSOCIACAO BRASILEIRA DE TRANSPLANTES DE ORGAOS, 2006).
No Brasil, o Conselho Federal de Medicina (CFM), na resolução nº 1.346/91,
define morte encefálica como a parada total e irreversível das funções encefálicas,
de causa conhecida e constatada de modo indiscutível (BRASIL, 2007).
Para Bendassolli (2008) a morte encefálica é uma síndrome inflamatória que
pode rapidamente produzir alterações deletérias nos órgãos dos potenciais
doadores. Este contexto de instabilidade hemodinâmica, metabólica e eletrolítica,
exige múltiplos cuidados com o doador.
Uma das principais dificuldades dos profissionais de saúde na abordagem do
tema se deve a assistência de enfermagem inadequada ao potencial doador de
órgãos em morte encefálica, devido à falta de treinamento e conhecimento
específico adequado (LAGO, 2007).
Segundo Guetti, e Marques (2007) é necessário que o enfermeiro da equipe
possua conhecimentos a respeito das repercussões fisiopatológicas próprias da
morte encefálica, da monitoração hemodinâmica advindas da reposição volêmica e
administração de drogas vasoativas.
Justifica-se esta pesquisa em razão de ser um conteúdo importante para o
conhecimento de todo profissional de saúde. O enfermeiro deve estar capacitado a
identificar tais alterações fisiopatológicas para que, junto com a equipe de saúde,
possa instituir medidas terapêuticas adequadas, atuando na assistência quanto as
situações mais frequentes de instabilidade e comprometimento funcional dos órgãos
a serem doados.
11
O interesse pelo tema foi despertado nas pesquisadoras a partir dos estudos
sobre a saúde, no momento em que surgiu questionamentos relativos ao transplante
de órgãos e cuidados de enfermagem para com o paciente em morte encefálica.
A relevância de atuar na assistência ao potencial doador se deve a crescente
escassez de doadores e de órgãos em condição satisfatória, é essencial que se
aperfeiçoe o cuidado devido aos pacientes em ME para que os mesmos, uma vez
que se tornem doadores efetivos, possa haver melhor aproveitamento, preservação
e viabilidade de todos os órgãos possíveis de serem transplantados.
Cabe
aos
profissionais
da
saúde
ou
cidadãos
envolvidos
com
a
transplantação, formal ou informalmente, esclarecer todo o processo, mostrando
com transparência a importância social e como funciona o sistema de captação de
órgãos, atentando para os desafios enfrentados pelas demandas e a demora da
captação, considerando que e necessário medidas para um atendimento qualificado,
com rapidez, para assim atingir uma ampliação do numero de órgãos doados.
Dessa forma, este estudo teve como objetivo caracterizar a sequência da
assistência de enfermagem frente aos cuidados executados durante o período de
monitorizarão hemodinâmica ao potencial doador de órgãos em morte encefálica,
verificando nas literaturas as informações acerca do processo de transplante,
abordando as leis e protocolos existentes que orientam, sustentam e qualificam a
atividade de doação de órgãos, possibilitando melhorar o conhecimento do
profissional a respeito do processo de transplante.
12
2 REVISÃO DA LITERATURA
2.1 TRANSPLANTE
Para falarmos em assistência de enfermagem a um paciente em morte
encefálica como possível doador de órgãos é preciso delinear algumas informações
gerais, esclarecendo termos como, transplante, morte encefálica, o que è ser um
doador, respeitando a vida em todo seu contexto e baseando nos princípios legais,
éticos, bioéticas e humanitários envolvidos.
O transplante de órgãos sólidos é um procedimento cirúrgico que consiste na
troca de um órgão que está em dificuldade de exercer a sua função ou mesmo que
já perdeu a sua total função por outro órgão saudável. O potencial doador de órgãos
fornece os órgãos viáveis e o paciente que recebe os órgãos, é chamado de
receptor (BARRETO et al, 2001).
Os transplantes são realizados, somente, quando outras terapias já não dão
mais resultados que possibilite a continuar vivendo. Tornou-se a alternativa
terapêutica usual aos portadores de doenças terminais, com inequívoco beneficio
aos pacientes quanto a sobrevida e melhoria da qualidade de vida (PINHEIRO e
CARVALHO, 2004).
A doação o ato que vem contribuir para que outrem tenha a oportunidade de
readquirir qualidade de vida ou possa muitas vezes permanecer vivo, através do
novo órgão a ser enxertado (GIACOMINI, 1997).
O transplante de órgãos tem sido uma das políticas de saúde pública mais
trabalhadas ao longo da última década em nosso país. Fruto de uma sinergia de
esforços, bastante peculiar e feliz entre gestores, prestadores de serviços, pacientes
e população, o número de transplante vem aumentando ano a ano, assim como o
investimento nessa modalidade terapêutica (PINHEIRO e CARVALHO, 2004)
Porém Pinheiro e Carvalho (2004) ainda enfatizam que apesar dos aspectos
favoráveis até agora mencionados, a captação de órgãos para transplante no Brasil,
em torno de sete doadores por milhão de população, ainda é pequena se
compararmos com os países desenvolvidos e com outros países da América Latina,
ou se ainda avaliarmos as necessidades do país.
13
2.1.1 Contextualização histórica
A história dos transplantes é marcada por inúmeras conquistas e desilusões,
onde ocorreram situações como rejeição dos órgãos, porem, devido à persistência
das pesquisas, acompanhando a evolução tecnológica, chegou-se ao presente
século como importante fato de uma sociedade globalizada (BARRETO e VIEIRA e
PINHEIRO, 2001).
Vários relatos históricos e lendas a respeito de transplantes povoam o
imaginário da humanidade desde os seus primórdios. Na Ilíada de Homero, é
descrito o primeiro transplante de tecidos geneticamente diferentes, uma quimera
criada pelos deuses (PEREIRA, 1996).
A lenda de São Cosme e São Damião, no século VI, após amputação da
perna de um velho, transplantou nele, a perna de um soldado mouro que havia
falecido naquele mesmo dia. Desde então, vários registros foram encontrados,
mostrando inúmeros experimentos com órgãos transplantados, infelizmente sem
sucesso (ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE TRANSPLANTES DE ORGÃOS, 2006).
Na década de 40, no século XX, houve evolução na técnica dos transplantes
e com ela um importante problema, a rejeição, que foi solucionado com a descoberta
de um potente imunossupressora Ciclosporina em1978 (PEREIRA, 1996).
Nesta mesma década, surgiu um importante conceito a morte encefálica, que
retirava do coração a fonte de vida e transferia para o cérebro, tornando a doação de
órgão mais precisa, exigindo uma equipe multiprofissional atuante (CINTRA, 2000).
A política de transplantes de órgãos e tecidos iniciou-se no Brasil no ano de
1964 na cidade do Rio de Janeiro e, e em 1965 em São Paulo. Com a utilização de
procedimentos cirúrgicos, criaram novas perspectivas de vida para pacientes
debilitados, outrora condenados à morte precoce ou tratamentos de características
degradantes (BRASIL, 1997).
Segundo Pretti (2002), o corpo humano, até poucos séculos, era intocável,
mas, com a iniciativa de cientistas na área médica, houve a descoberta dos
segredos da massa corpórea humana, chegando nos dias atuais com o projeto
genoma, que nada mais é do que um mapeamento do DNA. Em decorrência deste
estudo do corpo humano, verificou-se que é possível a retirada de um órgão, tecido
ou membro de um cadáver e aproveitá-lo em outro ser vivo.
14
2.1.2 Leis relacionadas ao transplante de órgãos
A Legislação Brasileira sobre doação de órgãos vem sofrendo intensas
modificações criando dispositivos sobre a retirada e transplante de órgãos, tecidos e
partes de cadáver para finalidade terapêutica e cientifica com o objetivo de
resguardar os direitos das pessoas envolvidas no transplante e gratuidade da
cessão de órgãos (BRASIL,1997).
Desde a primeira lei, aprovada iniciou-se a discussão sobre o comportamento
das pessoas frente à doação.
O presidente do Brasil Costa e Silva aprovou no dia 10 de agosto de 1968 a
Lei 5.479, que dispõe sobre a retirada e transplante de tecidos, órgãos e partes de
cadáver para finalidade terapêutica e científica, mas a não regulamentação da lei e
precários resultados devido a rejeição do órgão transplantado, diminuiu o numero de
transplantes realizados (BRASIL,1997).
Em 18 de novembro de 1992, foi revogada pela Lei 8489/92 que dispõe sobre
a permissão da retirada dos órgãos, para o transplante para fins terapêuticos e
científicos permitida desde que venha efetivar-se mediante ao desejo expresso do
doador em vida, através do documento pessoal ou oficial. Na ausência do
documento, será realizada a doação dos órgãos, caso não haja manifestação
contrária do cônjuge, ascendente ou descendente (BRASIL,1997).
No dia 04 de fevereiro foi substituída pela Lei 9434/97 Lei Nacional de
Transplantes que dispõe sobre a remoção gratuita de O/T/P do corpo humano para
fins de transplante e tratamento, que inclui no cotidiano de todos os brasileiros o
termo “doação presumida”, permite a disposição O/T/P do corpo humano em vida ou
post mortem (após a morte) para fins de transplante desde que sejam realizados por
estabelecimentos de saúde e por equipes médico-cirúrgico de remoção e
transplantes, previamente autorizados pelo Ministério da Saúde, sendo que a
retirada post mortem deverá ser precedida do diagnóstico de ME, constatada e
registrada por dois médicos não participantes das equipes de transplantadores
(BRASIL, 1997).
Com a vigência da nova lei, desde 01 de janeiro de 1998, muitas pessoas
procuraram os órgãos responsáveis pela emissão dos documentos previstos com o
objetivo de alterá-los. Houve inclusive confusões de que não seria possível se
15
cadastrar como não-doador após 31 de dezembro de 1997. A lei era clara, a pessoa
poderia se manifestar sempre que desejasse independentemente da opção de ser
ou não doador de órgãos (GOLDIM, 2001).
Esta mudança de orientação no processo de obtenção de órgãos, contudo,
pode levar, quando não compreendida adequadamente, há uma série de confusões
conceituais (GOLDIM, 2001).
A legislação de transplantes de órgãos no Brasil (lei 9 434/97 e Decreto
2268/97) introduziu, dentre inúmeras outras modificações, o consentimento
presumido para a utilização de órgãos de doador cadáver, que foi posteriormente
alterada (GOLDIM, 2001).
O consentimento presumido foi revogado pela Lei nº 10.211 de 23 de março
de 2001, definindo que a retirada de T/O/P de pessoas falecidas dependerá da
autorização do cônjuge ou parente maior de idade, obedecida a linha sucessória reta
ou colateral, até o 2º grau inclusive, firmada em documento subscrito por duas
testemunhas presentes à verificação da morte (ASSOCIACAO BRASILEIRA DE
TRANSPLANTE, 2006).
Reafirmando, atualmente a justiça brasileira permite a doação de órgãos,
desde que autorizado previamente pelos familiares e que haja diagnóstico de morte
encefálica, onde Conselho Federal de Medicina - CFM, por delegação do Congresso
Nacional, expressa na Lei Nacional de Transplantes, regulamenta e define a morte
cerebral (BRASIL, 1997).
Além de ser de conhecimento da família o desejo de doar seus órgãos o
doador em potencial passa por várias etapas antes da concretização de seu desejo
sublime de ajudar outras pessoas (ALMEIDA, 2000).
As centrais de transplantes das secretarias estaduais de saúde controlam
todo o processo, desde a retirada dos órgãos até a indicação do receptor. Assim, as
centrais de transplantes controlam o destino de todos os órgãos doados e retirados
(MINISTÉRIO DA SAÙDE, 2008).
Os procedimentos relativos a transplantes só poderão ser realizados por
equipe de remoção, previamente autorizadas pela Central de Notificação, Captação
e Distribuição de Órgãos (CNCDO) em estabelecimentos de saúde publica ou
privado, após realização no doador de todos os testes de triagem para diagnóstico
da morte e exclusão exigidas em normas regulamentadoras (BRASIL, 1997, art. I).
16
A Resolução COFEN nº 200/97 dispõe sobre a atuação dos profissionais de
enfermagem em transplantes, considerando que a assistência de enfermagem
prestada ao doador tem como objetivo a viabilização dos órgãos e tecidos, sendo
necessária a permanência do doador em Unidade de Terapia Intensiva até a retirada
dos órgãos.
A resolução do COFEM 200-97, no artigo 1º, esclarece que ao Enfermeiro
incumbe planejar, executar, coordenar, supervisionar e avaliar os procedimentos de
enfermagem prestados aos doadores de órgãos e tecidos, através dos seguintes
procedimentos: notificar as Centrais de Notificação, Captação e Distribuição de
Órgãos (CNNCDO) a existência de potencial doador, entrevistar o responsável legal
do doador, solicitar o consentimento livre e esclarecido por meio de autorização da
doação de órgãos e tecidos, por escrito, aplicar a Sistematização da Assistência de
Enfermagem
(SAE),
documentar,
registrar
e
arquivar
o
processo
de
doação/transplante no prontuário do doador bem como do receptor.
Conhecendo as leis vigentes, tem-se, por necessidade, identificar qual é o
paciente que se encontra em morte encefálica com seus parâmetros neurológicos e
fisiológicos para um diagnóstico seguro e que transmita segurança para os
familiares envolvidos.
2.2 MORTE ENCEFÁLICA
A morte encefálica (ME) é definida como parada completa e irreversível das
funções encefálicas, impossibilitando a manutenção da vida sem o auxílio de meios
artificiais. Os critérios para o diagnóstico foram estabelecidos a partir da década de
60, envolvem parâmetros clínicos e, em alguns países, inclusive o Brasil, a
realização de exames complementares (BITENCOURT et al, 2007).
Giacomini (1997) ainda descreve a morte encefálica como o déficit estrutural
e/ou funcional do encéfalo como órgão de função integradora e crítica ao organismo
humano. As alterações iniciais e as tardias influenciam na importância dos órgãos
comprometidos e sua perfusão.
17
Cintra et al., (2001) comenta que a morte encefálica (ME) é definida como
condição na qual há perda irreversível das funções cerebrais, incluindo o tronco
encefálico.
O Conselho Federal de Medicina, na resolução CFM nº. 1.346/9 define morte
encefálica (ME) como a parada total e irreversível das funções encefálicas, de causa
conhecida e constatada de modo indiscutível, levando o comprometimento total das
funções cerebrais de modo constatado e irreversível, conforme a comunidade
cientifica mundial (BRASIL,1997).
Pode-se consolidar os conceitos de ME como um processo irreversível e de
causa conhecida que demonstrem, durante um determinado intervalo de tempo,
ausência da perfusão sanguínea cerebral ou da atividade elétrica ou da atividade
metabólica (BITENCOURT et al, 2007).
Apesar desse conceito já estar bem definido na comunidade científica mundial
há pelo menos 30 anos, ele ainda não é bem aceito pela população em geral,
inclusive entre médicos e estudantes de Medicina (BITENCOURT et al, 2007).
A doação somente poderá proceder após o diagnóstico de morte encefálica,
constatada e registrada por dois médicos não participantes das equipes de remoção,
mediante a utilização de critérios clínicos e tecnológicos definidos pela Resolução do
Conselho Federal de Medicina (BRASIL, 2001, art. 1º).
A Resolução 1480/97 do Conselho Federal de Medicina propõe uma mescla
de protocolos, destacando-se como critérios clínicos para a ME o coma profundo
arreativo e aperserceptivo, apnéia, midríase paralítica bilateral e o reflexo óculomotor ausente (MORAES, 2001)
Sendo a ME um déficit estrutural e ou funcional do encéfalo como o órgão de
função integradora e crítica ao organismo humano, faz-se necessário um diagnóstico
preciso, com a finalidade de uma possível captação dos órgãos para transplante
(GIACOMINI,1997).
2.2.1 Diagnóstico
O Diagnóstico de morte encefálica será confirmado segundo os critérios
clínicos e tecnológicos definidos em resolução do conselho Federal de Medicina, por
18
dois médicos no mínimo, um dos quais com título em neurocirurgia reconhecido no
país (CINTRA, et al., 2000).
O exame clínico deverá ser repetido em no mínimo duas ocasiões, por
médicos diferentes e em intervalos de tempo de no mínimo seis horas (BRASIL,
1997).
Não poderão participar do processo de verificação de M.E. médicos
integrantes das equipes especialistas autorizadas de transplantes (CINTRA et al,
2000).
O diagnóstico é determinado pelo exame clínico neurológico, a partir da
ausência evidente de reflexos do tronco cerebral em um paciente em coma, excluída
qualquer causa reversível do mesmo, tais como: intoxicação exógena, uso
terapêutico de barbitúricos, alterações metabólicas e hipotermia (ASSOCIACAO DE
MEDICINA INTENSIVA, 2005).
De acordo com Sistema Nacional de Transplantes, para o diagnóstico da
morte encefálica, são usados os sinais clínicos e tecnológicos, da história médica e
dos achados ao exame físico e do eventual recurso a exames complementares, uma
vez estabelecidas a causa do coma do possível potencial doador, que possam ser
registrados e que tenham caráter de irreversibilidade, uma vez que deverão ser
realizados exames clínicos para detectar a ausência de função encefálica
(PINHEIRO e CARVALHO, 2005).
O diagnóstico de ME deverá ser seguido de manutenção prolongada do corpo
através de ventilação mecânica e outras medidas com a possibilidade de doação de
órgãos (PINHEIRO e CARVALHO, 2005).
O início do exame clínico deverá ser em um paciente hemodinamicamente
estável. Logo, todos os recursos de terapia disponíveis devem ser empregados para
a estabilidade hemodinâmica. Devem-se afastar as situações de hipotensão grave,
hipotermia, alterações metabólicas e o uso de sedativos ou bloqueadores da junção
neuromuscular,
que
podem
alterar
a
avaliação
do
exame
neurológico
comprometendo o diagnóstico de morte encefálica (BRASIL, 1997).
O exame clínico consiste em uma tríade diagnóstica (exame físico, exame
clínico e exames complementares), de acordo com o protocolo da legislação
brasileira, respeitando a ética e a bioética, devendo ser feito com o potencial doador
em coma profundo arreativo e aperceptivo, com ausência de reflexos de tronco
encefálico e constatação da apnéia (PINHEIRO e CARVALHO, 2005).
19
Guett e Marques (2007) relatam que para o diagnóstico de ME só interessa a
arreatividade supraespinal. Dessa forma, a presença de reflexos osteotendinosos
(reflexos profundos), cutâneos-abdominais, cutâneo-plantar em flexão ou extensão,
ereção peniana reflexa, arrepio, reflexos flexores de retirada dos membros inferiores
ou superiores, reflexo tônico cervical e outras manifestações de caráter medular
espinal não invalidam a situação de ME.
Ainda que deve-se estimular o paciente não apenas nos membros, mas
também na face, evitando-se o erro diagnóstico nos pacientes com lesões
medulares altas. Deve-se testar bilateralmente com compressão da região supraorbitária e das apófises estilódes (estimulo axial). E, das bases ungueais, ausência
de reflexos de tronco encefálico: tais reflexos representam à capacidade de
integração encefálica (GUETTI e MARQUES, 2007).
Os mesmos autores e o Conselho Federal de Medicina, por meio da
Resolução CFM n.1 346/91, dispõem os testes necessários para demonstrar a
falência do tronco encefálico. Ausência de reflexos de tronco encefálico: tais reflexos
representam à capacidade de integração encefálica.
Devem estar ausentes os
reflexos: fotomotor, ausência da resposta pupilar a luz, Córneo-palpebral-ausencia
do piscar e de elevar o globo ocular ao estimulo da córnea, Óculo-cefálico ausência
dos movimentos oculares diante da mobilização lateral da cabeça; Óculo-vestibularausência
dos
movimentos
oculares
diante
da
estimulação
calórica
do
tímpano;Tussigeno-faríngeo-ausencia de tosse desencadeada pela aspiração ou de
esforço de vomito ao se tocar a laringe; Respiratório- ausência de movimentos
respiratórios; Cardíaco- ausência de freqüência cardíaca espontânea ou a
administração de atropina(PINHEIRO e CARVALHO, 2004).
Constatação da apnéia: Para a realização do teste de apnéia a temperatura
do paciente deve ser igual ou maior que 36,5ºC, a pressão arterial sistólica deve ser
maior que 90 mmHg (com ou sem uso de drogas vasoativas). Há estudos que
contestam a utilização do teste de apnéia como parte integrante de protocolos para
o diagnóstico de ME, referindo que ele pode induzir ou colaborar para a morte
encefálica a qual se pretende constatar. Referem como efeitos nocivos
determinados pelo teste de apnéia a hipóxia (não prevenida em todos os casos
apesar de precauções aconselhadas), a hipercapnia (inegável, já que é o próprio
objetivo do teste, e que provoca piora da hipertensão intracraniana nesses
pacientes), acidose respiratória abrupta (inevitável, e determinante de graves
20
consequências sobre a função cardiovascular), hipotensão severa (capaz de
provocar colapso circulatório intracraniano irreversível induzindo à morte das células
neuronais) e parada cardíaca fatal. Obviamente, essas constatações estão
relacionadas às condições e peculiaridades na realização do teste (GUETTI e
MARQUES, 2007).
No Brasil, a avaliação da morte encefálica (ME) deve ser acompanhada de
exames complementares, mesmo no caso de pacientes não doadores. Os exames
complementares devem demonstrar de forma inequívoca a ausência de circulação
intracraniana, ou a falência da atividade elétrica ou a cessação da atividade
metabólica cerebral (PINHEIRO e CARVALHO, 2004).
Araujo, Cintra, Bachega (2005) citam os exames realizados para detectar a
ausência
de
circulação
intracraniana:
angiografia
cerebral;
cintilografia
radioisotópica; doppler transcraniano; ressonância magnética;
Segundo o Conselho Federal de Medicina (2007), os exames que avaliam a
atividade elétrica cerebral são: EEG; potencial evocado auditivo de tronco
encefálico.
Guetti e Marques (2007) e o Conselho Federal de Medicina concordam que
para a avaliação da atividade metabólica cerebral têm-se dois exames, a extração
cerebral de oxigênio e a tomografia por emissão de pósitrons.
De acordo com o Ministério da Saúde (2008), estes são os órgãos a serem
doados: córneas, coração, pulmão, rins, fígado, pâncreas e ossos.
A Associação Brasileira de Transplante de Órgãos afirma que as partes do
corpo que podem ser mais aproveitadas para transplante de um paciente em morte
encefálica são: os rins, pulmões, coração, fígado, pâncreas, córneas, válvulas
cardíacas, ossos do ouvido interno, cartilagem costal, crista ilíaca, cabeça do fêmur,
tendão da patela, ossos longos, fascia lata, veia safena e pele. Mais recentemente
foram realizados transplantes de uma mão completa. Um único doador tem a chance
de salvar, ou melhorar a qualidade de vida, de pelo menos 25 pessoas (CAMPOS,
2003).
Um único potencial doador em boas condições poderá beneficiar, através de
transplantes de diversos órgãos e tecidos, mais de 10 pacientes. Por isso, deverá
ser conduzido e manuseado com o mesmo empenho e dedicação que qualquer
outro paciente da UTI. Mesmo que um potencial doador se torne um doador efetivo,
não significa que todos os órgãos poderão ser aproveitados. Para isso é necessário
21
garantir uma adequada preservação e posterior viabilidade destes órgãos até a
extração (GUETTI e MARQUES, 2007).
Campos (2003) acredita que um único potencial doador de órgãos tem a
chance de salvar ou melhorar a qualidade de vida de pelo menos 25 pessoas, já
Guetti e Marques (2007) acreditam que mais de 10 receptores poderão ser
beneficiados por um potencial doador em morte encefálica.
Para que ocorra o aumento do número de transplantes, faz-se necessária
adequada monitorização hemodinâmica do potencial doador, enfatizando que
quanto menor o tempo da manutenção, maior a possibilidade da viabilidade de seus
órgãos (PINHEIRO e CARVALHO, 2005).
2.2.2 Monitorização hemodinâmica em morte encefálica
O reconhecimento de que órgãos distantes do cérebro mostram deterioração
funcional progressiva durante ou próximo ao evento catastrófico. É importante no
manuseio do potencial doador de órgãos seguir uma linha de cuidados (CINTRA,
2000).
Um dos avanços precoces na tecnologia que direcionou esse progresso foi o
desenvolvimento na década de 60 do cateter de Swan-Ganz de Edwards. No início
da década de 70,a adição de um termistor para o cateter permitiu a rápida avaliação
do débito cardíaco. Ao mesmo tempo, diversos sistemas de monitorização
sofisticados
foram
sendo
desenvolvidos,
e,
como
resultado,
avaliações
hemodinâmicas mais completas poderiam ser conduzidas a beira do leito dos
pacientes (PINHEIRO e CARVALHO, 2005).
Diante disso, devido à gravidade do quadro clínico e à complexidade do
aparato tecnológico, os cuidados de enfermagem aos pacientes em uso de catéter
artério pulmonar (CAP) representam uma das experiências mais desafiadoras aos
profissionais de enfermagem e enfermeiros. Além disso, estudos têm demonstrado
que a avaliação hemodinâmica dos pacientes em morte encefálica não tem sido
acurada e a avaliação hemodinâmica invasiva pelo CAP tem influenciado o
gerenciamento
da
terapêutica,
exigindo,
enfermeiros (PINHEIRO e CARVALHO,2005).
portanto,
preparo
adequado
dos
22
A monitorização hemodinâmica é a avaliação do estado circulatório do
paciente; ela inclui medidas da freqüência cardíaca, pressão intra-arterial, pressões
de cunho capilar pulmonar (PCCP) e arterial pulmonar (PAP), pressão venosa
central (PVC), débito cardíaco e volume sanguíneo, resistência vascular sistêmica
(RVS), pressão arterial média (PAM), saturação de sangue venoso misto (SVO2)
entre outros (NETTINA, 2003).
Segundo AMIB (2005), o propósito da monitorização hemodinâmica à beira do
leito é ajudar a estabelecer um diagnóstico, guiar e aperfeiçoar o tratamento.
Contudo, deve-se levar em consideração que tais parâmetros invasivos não estão
livres de riscos e só trarão benefícios evidentes se os dados obtidos forem
fidedignos.
O adequado conhecimento da complexa fisiopatologia envolvendo a morte
encefálica é de fundamental importância para que se implemente de forma racional
um protocolo de manuseio agressivo do potencial doador, o que certamente
resultará num aumento de órgãos captados e do número de órgãos captados por
doador, além da redução das taxas de disfunção primária dos enxertos
transplantados (POWNER, 2000).
O manuseio do potencial doador inclui: reconhecimento do potencial doador;
diagnóstico e certificação da morte encefálica; solicitação e obtenção de
consentimento para a doação de órgãos; cumprimento das formalidades legais;
suporte metabólico e hemodinâmico do potencial doador, com a finalidade de manter
as funções orgânicas. Tudo isso envolve cuidados técnicos desenvolvidos por toda
equipe de enfermagem na manutenção física e orgânica (PINHEIRO e CARVALHO,
2005).
2.2.3 Ações de enfermagem
O papel do intensivista dentro da estrutura organizada para o transplante de
órgãos é fundamental. Ele é a primeira pessoa a identificar um potencial doador e
muitas vezes o responsável pela sua manutenção, e, geralmente, o primeiro contato
com os familiares e disso pode depender o sucesso da solicitação de doação. Para
fazer frente à necessidade crescente de órgãos para o transplante, o diagnóstico
23
rápido da morte encefálica (ME), a identificação precoce do potencial doador e a
manutenção da homeostase fisiológica são componentes essenciais no manejo do
doador de órgãos (BARRETO et al, 2001).
Segundo Bachega etal., (2001), o enfermeiro deve reconhecer e detectar o
doador, realizando visitas sistemáticas nas unidades de internação que possuem a
maior possibilidade de notificação de possíveis doadores.
Magalhães et al (2007) descreve que ao profissional enfermeiro consiste
reconhecer, detectar e identificar o potencial doador, colher a história da doença
atual passando as informações, por telefone ou fax, para a CNDCO, o mesmo deve
reconhecer e detectar o doador, realizando visitas sistemáticas nas unidades de
internação que possuem a maior possibilidade de notificação de possíveis doadores,
assim como Cintra (2000) afirma que o enfermeiro em terapia intensiva deve
conhecer as alterações fisiológicas decorrentes da morte encefálica (ME) para que,
junto com a equipe médica, possa conduzir de maneira adequada o manuseio do
potencial doador.
Cabe à equipe de enfermagem realizar o controle de todos os dados
hemodinâmicos do potencial doador. Para tanto, faz se necessário que o enfermeiro
coordenador desta equipe possua conhecimentos a respeito da monitorização
hemodinâmica das repercussões hemodinâmicas advindas da reposição volêmica e
administração de drogas vasoativas (CINTRA et al, 2000).
As primeiras medidas na recepção do doador de órgãos em unidade de
terapia intensiva é avaliar as condições clínicas do doador. Sinais vitais, regime de
ventilação mecânica (adequar à saturação de O2), aspirar tubo traqueal, verificar a
presença de secreção em linhas venosas – artérias - sondas, sangramentos,
deformidades débito urinário. História clínica: Hipertensão arterial, Diabetes mielitos,
outras doenças crônicas, neoplasia, infecções transmissíveis, traumatismos. Exame
físico: estimar peso e altura, avaliar perímetro torácico e abdominal, realizar ausculta
cardíaca, palpação abdominal (BARRETO et al, 2001).
A assistência de enfermagem deve atender às necessidades fisiológicas
básicas do potencial doador e, dentre todos os cuidados, os mais relevantes são
manutenção de cabeceira elevada a 30º, mudanças de decúbito, aspiração de
secreções pulmonares e cuidados com os cateteres. Pressão arterial, frequência
cardíaca, temperatura e oximetria de pulso devem ser mensuradas continuamente.
As medidas da pressão venosa central (PVC), do débito, da densidade urinária e da
24
glicemia capilar, devem ser realizadas a cada hora. O uso de cobertores e de fluidos
aquecidos ajuda a prevenir a diminuição da temperatura. Dietas por via enteral
devem ser mantidas. Existem evidências de que oferecer nutrientes a órgãos
específicos pode melhorar a função dos enxertos nos receptores. Isso tem maior
relevância quando se trata de fígado e intestino (RECH e FILHO, 2007).
Todo potencial doador de órgãos deve ser manuseado sobre estreita
monitorização cardiocirculatória, que inclui rotineiramente as medidas diretas da
pressão arterial, pressão venosa central e do ritmo cardíaco (PINHEIRO e
CARVALHO, 2004).
Em caso de paciente com difícil manejo clínico, deve-se utilizar cateteres
Swan-Ganz para monitorização da pressão capilar pulmonar ou cateter na artéria
radial para pressão arterial média; sonda de soley para controle da diurese horária
(PINHEIRO e CARVALHO, 2004).
Em casos selecionados, seja por instabilidade hemodinâmica acentuada ou
presença de edema pulmonar clínico ou radiológico, o posicionamento de um cateter
de Swan Ganz facilita a compreensão fisiopatológica dos eventos em curso, bem
como os manuseios mais adequados, permitindo o uso mais racional da reposição
volêmica das drogas vasoativas (CINTRA et al, 2000).
Um controle hídrico rigoroso deve ser realizado, pois baseadas nesse controle
é que atitudes terapêuticas serão tomadas. Além disso, as drogas vasoativas
deverão ser rigorosamente controladas de acordo com a resposta hemodinâmica
deste paciente (CINTRA et al, 2000).
A manutenção de uma adequada ventilação e oxigenação deve ser
monitorada através de coleta de material para dosagem dos gases sanguíneos e do
controle dos parâmetros do ventilador. O enfermeiro envolvido com a manutenção
do potencial doador deve possuir conhecimento do equilíbrio acidobásico e da
fisiologia respiratória, a fim de assistir adequadamente a este paciente (CINTRA et
al, 2000).
O controle e a manutenção da temperatura é função exclusiva da
enfermagem. O aquecimento do potencial doador, com a utilização soluções
aquecidas (37ºC a 38ºC) para lavagens gástricas e vesicais e para administração
endovenosas, a instalação e controle de cobertores térmicos e nebulização
aquecida, geralmente, mantém a temperatura e isto só vai depender de uma
adequada assistência de enfermagem (CINTRA et al, 2000).
25
A monitorização eletrocardiográfica deve ser realizada com o intuito de se
detectar, o mais precocemente possível, a presença de arritmias, para que a equipe
possa intervir rapidamente (CINTRA et al, 2000).
Nos últimos anos, os avanços na imunossupressão, na preservação de
órgãos, nas técnicas cirúrgicas e na medida de suporte ventilatório e hemodinâmico
permitiram que o transplante de diversos órgãos ou tecidos se tornasse uma
terapêutica eficiente, para pacientes com vários tipos de doença terminal.
Atualmente, transplante de rins, coração, pulmão, fígado, pâncreas e córneas,
deixaram de ser considerados procedimentos excepcionais e se tornaram rotineiros
em centros desenvolvidos (BARRETO et al, 2001).
O uso de protocolos para manuseio ventilatório resulta na captação de
pulmões inicialmente considerados como inapropriados para doação. Cuidados
ventilatórios de rotina são obrigatórios nesses pacientes, como aspiração de
secreções pulmonares, fisioterapia respiratória e mudança de decúbito (PINHEIRO e
CARVALHO, 2004).
Todos os doadores com morte encefálica necessitam de ventilação mecânica
controlada. Podem-se utilizar regimes ventilatórios controlados a volume ou a
pressão. Pressão controlada é usada para prevenir elevações nas pressões de pico,
que resultam em barotrauma. Estratégias ventilatórias protetoras reduzem a
incidência de lesão pulmonar aguda e são indicadas também nos doadores
(PINHEIRO e CARVALHO, 2004).
A ventilação mecânica é necessária para todos os potenciais doadores com a
finalidade de se manter a oxigenação sistêmica adequada e o controle do estado
acidobásico. Algumas das medidas ventilatórias utilizadas para proteção cerebral
antes da ocorrência da morte encefálica podem ser prejudiciais para a função de
outros órgãos (CINTRA et al, 2000).
Na ocorrência de uma parada cardíaca, o enfermeiro, junto com o médico,
deve instituir as manobras ressuscitadoras básicas e avançadas (CINTRA et al,
2001).
Quando o doador em parada cardíaca, caso haja parada cardíaca, antes de
iniciada a remoção dos órgãos (no CTI ou a caminho do bloco cirúrgico), devem-se
iniciar, imediatamente, massagem cardíaca externa, manter ventilação e oxigenação
adequadas e conduzir rapidamente o doador para o bloco cirúrgico. Na sala de
26
cirurgia, inicia-se a remoção de órgãos considerados viáveis para implante
(Usualmente rins removidos em bloco e córneas) (BARRETO et al, 2001).
A manutenção do potencial doador de órgãos demanda tempo, investimento
de recursos humanos e materiais, não raramente, emocionalmente desgastante para
a equipe da unidade de terapia intensiva (UTI) (CINTRA et al, 2000).
A assistência de enfermagem a um corpo de um possível doador em morte
encefálica deve ser prestada com dignidade e respeito, independentemente do
procedimento a ser seguido (AVELLO, 2004).
Considerando que a enfermagem assume responsabilidade natural de
cuidados aos pacientes nestas condições, há uma tendência de menor investimento
cuidativo por parte da equipe de enfermagem, principalmente quando não há
definição sobre a doação. Quando a doação é formalizada, talvez não haja tempo,
nem condições ideais de manutenção de certos órgãos. Com isso, o impacto na
realização de certos transplantes decorre dessa forma de abordagem por parte do
enfermeiro ou da equipe de enfermagem (CINTRA et al, 2000).
A importância da manutenção visa preservar a integridade fisiológica do
potencial doador dentro da viabilidade exigida para cada órgão a ser captado.
É importante no manuseio do potencial doador de órgãos seguir uma linha de
cuidados. As alterações fisiológicas que ocorrem nos órgãos distantes do cérebro,
durante
ou
próximo
ao
aparecimento
da
morte
encefálica
devem-se,
fundamentalmente, a dois mecanismos principais: lesão difusa da regulação
vascular e lesão metabólica celular difusa, na qual entra a importância da interação
do enfermeiro com conhecimento científico (CINTRA et al, 2000).
É importante que o enfermeiro tenha um amplo conhecimento das possíveis
complicações,
o
que
possibilitará
o
seu
reconhecimento
precoce
e,
consequentemente, o manuseio de forma técnica viável. Deve-se ter em mente que
quanto melhor preservar a função orgânica antes da captação, melhor deverá ser a
evolução do transplantado (CINTRA et al, 2000).
O transplante de órgãos vascularizados é atualmente o tratamento de escolha
para a maioria dos pacientes com doenças crônicas. Os resultados atuais desses
procedimentos refletem-se em elevadas taxas de sobrevida do órgão transplantado
e do paciente ao final do primeiro ano de transplante, na maioria dos centros
transplantadores. Essa melhora significativa nas sobrevidas dos enxertos é
consequência do maior conhecimento dos mecanismos imunobiológico dos
27
processos de rejeição, dos avanços nos métodos de preservação dos órgãos, dos
melhores cuidados administrados ao paciente e do desenvolvimento de novas
drogas imunossupressoras para a prevenção da rejeição do órgão transplantado que
começa com o diagnóstico precoce e os cuidados prestados pela equipe de
enfermagem (BARRETO et al, 2000).
Quanto maior for à interação dos profissionais, criando uma linha de
assistência melhor será a viabilidade dos órgãos a serem doados e assim elevar as
expectativas do transplantado (BARRETO et al, 2001).
Estima-se que o país tenha ao menos 10 mil mortes encefálicas por ano, mas
só metade é notificada às centrais de captação. Se fosse somado o aviso tardio da
morte encefálica (quando os órgãos não podem ser mais aproveitados), o
desperdício pode ser ainda maior (COLLUCCI, 2007).
Dos órgãos captados, 40% são descartados por falta de condições clínicas do
doador. Os motivos vão desde doenças que inviabilizam o transplante e falência dos
órgãos por manutenção inadequada até falta de capacitação médica em diagnosticar
a morte encefálica. No final do processo, o aproveitamento real dos orgaos é de
10% (COLLUCCI, 2007).
Em função da escassez de órgãos e da crescente demanda de pacientes que
ingressam em listas de espera, existe uma tendência atualmente de se utilizar
sempre múltiplos órgãos de um doador, doadores ditos marginais (em condições
clínicas subótimas) e também pacientes com causas clínicas de ME como
encefalopatia pós-anóxica e intoxicações exógenas graves. O objetivo dessas
medidas é expandir o rool de doadores e reduzir a relação demanda-oferta de
órgãos que em nosso meio ainda está distante do ideal (BARRETO et al, 2001).
São critérios absolutos de exclusão para doação de órgãos utilizados pelas
equipes de transplante com o descarte por: sepse não controlada; infecção viral
transmissível, diagnosticada ou suspeita em grupos de risco como drogaditos e
homossexuais, tais como soropositividade para HIV, AIDS, hepatite viral, encefalite
viral, tuberculose ativa (exceto para as córneas); neoplasias malignas (exceto
primarias do SNC, cutâneos localizados como o basocelular e carcinoma in situ de
cércive uterina) (BARRETO et al, 2001).
Contra-indicações absolutas à doação de órgãos incluem infecção pelo vírus
HIV e HTLV; infecções virais sistêmicas, como Sarampo, Adenovírus e Parvovírus;
28
Encefalite Herpética; Tuberculose pulmonar; doenças relacionadas a príons e
neoplásicas (RECH, 2007).
Doenças malignas impedem a doação de órgãos, com exceção de cânceres
de pele não-melanoma e alguns tumores primários do sistema nervoso central
(SNC). Metástases de tumores primários do SNC são raras, mas bem
documentadas. Alguns tumores são de alto risco para metástases e a sua
ocorrência deve excluir o uso de órgãos, como meduloblastoma, ependimoma,
gliossarcoma, meningioma de alto grau, astrocitoma anaplásico e cordoma. Múltiplas
craniotomias e a presença de derivações aumentam o risco de metástases
extracranianas. É preciso, nesses casos, examinar cuidadosamente o local da
craniotomia e a presença de linfonodos cervicais, além do trajeto da derivação e da
presença de implantes peritoneais (RECH, 2007).
Sorologias positivas para Hepatite B e C são contra-indicações relativas para
o uso de órgãos de doadores cadavéricos. A presença de HBsAg+ representa a
presença de DNA viral no sangue e infecção. Nessa situação, a Hepatite B será
transmitida ao receptor; logo, esses órgãos não podem ser utilizados (RECH, 2007).
2.3 CONSENTIMENTO FAMILIAR PARA DOAÇÃO DE ÓRGÃOS
Para Lima (2006), a doação de órgãos enfrenta uma resistência significativa
por parte da sociedade, porque além da discordância em doar, a falta de informação
contribui para essa realidade. Para ele, o governo, em suas três esferas, deveria
investir mais em programas informativos e educativos direcionados a esse tipo de
doação, pois a comunicação e a informação são pré-requisitos básicos e
indispensáveis para se construir uma conscientização mais abrangente em termos
de doação de órgãos. Devido à relevância do transplante de órgãos como um
tratamento que pode salvar e/ou melhorar a qualidade de vida de muitas pessoas e
diante da insuficiência de órgãos para cobrir as necessidades dos transplantes.
A doação de órgãos envolve questões de relevância social como corpo, vida,
morte e identidade. Seja em vida ou após a morte, a doação consiste na retirada
autorizada de parte do corpo de alguém para transplante em outra pessoa. A Aliança
Brasileira pela Doação de Órgãos e Tecidos (ADOTE) aponta que milhares de
29
pessoas, inclusive crianças, todos os anos, contraem doenças cujo único tratamento
é um transplante, são muitos os beneficiados com a doação de órgãos. O Brasil tem
o maior sistema público de transplantes do mundo, entretanto, atualmente, 63 mil
pessoas aguardam por um órgão, pois o número de doadores é insuficiente para
atender a demanda (BRASIL,1997).
O maior obstáculo à realização dos transplantes é a escassez de doadores
em morte encefálica. Ainda hoje as doações são efetivas em uma pequena
percentagem de doadores considerados adequados. Ajudar a suprir a necessidade
de órgãos para transplante é uma responsabilidade social e humanitária das equipes
de atendimento (BARRETO et al, 2001).
Os valores culturais constroem a formação do indivíduo e sua relação com a
sociedade, podendo determinar comportamentos individuais que interferem na
possível decisão de ser ou não doador de órgãos e tecidos (BATISTA et al, 2007).
Os transplantes trazem em si dilemas éticos, legais e humanísticos, que
podem influenciar na vida do receptor e no futuro da ciência baseada em tecnologia
(BATISTA et al, 2007).
A religião também se mostrou presente na decisão pela doação de forma
peculiar, carregando consigo razões éticas e morais. Por vezes favorecendo a
doação, sendo esta vista como uma oportunidade de altruísmo possivelmente
recompensada por Deus. Outras vezes interferindo negativamente na decisão pela
doação, com o intuito de voltar a Deus com tudo (GARCIA, 2000).
O enfermeiro deve estabelecer um diálogo com a família desde o momento da
internação do paciente, orientando a respeito da doença, do tratamento e do
provável diagnóstico oferecendo-lhe apoio emocional (CINTRA et al, 2000).
Segundo Campos (2003), algumas hipóteses para não efetivação da doação
de
órgão
pelo
MG Transplantes
(CNCDO),
dentre
elas, destacam-se a
desinformação da população, a corrupção e o tráfico de órgãos, a religião, a infraestrutura, as técnicas utilizadas por médicos e hospitais, além dos valores morais e
pessoais que dificultam a conclusão do processo de órgãos.
O processo de doação continua com a entrevista familiar, porém deve-se
informar a família da irreversibilidade do quadro e explicar que o paciente está em
morte encefálica e que os órgãos funcionam com o auxílio de aparelhos e
medicações (SANTOS e MASSAROLLO, 2005).
30
Moraes (2001) ressalta que a recusa familiar é um grande obstáculo para a
realização dos transplantes, assim como a falta na identificação e notificação do
potencial doador e também na falha durante a manutenção deste doador em ME,
além de ser grande o índice de contra-indicação clínica à doação.
Para que a captação seja efetuada com sucesso é necessário da parte da
equipe, um bom esclarecimento da situação junto aos familiares, isso contribuirá
para que não ocorra a interrupção do processo de doação.
A negativa da família em consentir a doação de órgãos é citada como o
principal entrave na efetivação de transplante de órgãos. A doação é uma decisão
da família, constituindo-se num momento difícil, embora tal ato represente a
possibilidade de poder contribuir para que outras pessoas vivam; ao mesmo tempo
em que recebe a notícia da perda do familiar, sem ter tempo para internalizá-la, lhe é
solicitada a decisão de doar órgãos. Emergem diferentes sentimentos como
desespero, choro compulsivo, sentimento de profunda tristeza, revolta, crença que
haverá reversão da situação e até mesmo aceitação da perda, além do fato de que
cada indivíduo / família se ampara em princípios, valores, crenças diversas que lhe
são próprias e que interferirão na decisão. Em nenhum momento, existe pressão
para que a família concorde com a doação, mas lhe é respeitado o direito de decidir
(SANTOS et al, 2005).
31
3 METODOLOGIA
Para a realização desta monografia, adotou-se como metodologia a pesquisa
bibliográfica, que foi realizada pelo método qualitativo descritivo, cuja trajetória
metodológica percorrida foi apoiada nas literaturas exploradas. Foi realizada uma
leitura seletiva do material, bem como em sua revisão integrativa, contribuindo para
o processo de síntese da qualidade, conhecimento e informação, criando um
contexto compreensível. Com adoção das seguintes fontes: livros, periódicos e
artigos, LILACS (Literatura Latino-Americana e do Caribe em Ciências ), SCIELO,
ACERVO da Universidade Vale do Rio a Saúde Doce (UNIVALE), Associação
Brasileira de Transplantes (ABTO), Conselho Regional de Enfermagem (COREN) e
Associação de Medicina Intensiva Brasileira (AMIB), no período de fevereiro a
novembro de 2009.
Todas as obras selecionadas foram de alguma forma, aproveitadas, não
tendo sido descartadas nenhuma.
Para a compreensão deste tema dividiu-se este trabalho em 7 respectivas
seções
sendo
Introdução;Revisão
Bibliográfica,Transplantes;Contextualização
Histórica e Leis relacionadas a transplante; a Morte Encefálica:Diagnostico e
Monitorizacao Hemodinâmica em Morte Encefálica; Consentimento Familiar para
doação de órgãos , Metodologia , Discussão e Considerações Finais e Referencias
sobre o estudo.
Apresentam-se por último, as referências que embasaram a pesquisa.
32
4 DISCUSSÃO
Durante a realização deste estudo, embora a enfermagem assuma uma
responsabilidade imprescindível aos cuidados cotidianos, constatou-se que ela ainda
não tem sua influência fundamentada como peça principal ou de maior importância
numa equipe interdisciplinar.
A pesquisa destacou categorias temáticas para atingir o objetivo proposto que
foram: Aspectos Éticos, Bioéticas e legislativos Relacionados à Retirada de Órgãos
e Tecidos; Repercussões Fisiopatológicas da ME; Sinais Clínicos/Tecnológicos da
ME; Assistência de Enfermagem na Manutenção Fisiológica do Doador, Demandas,
a Identificação do possível doador, Os Procedimentos avaliativos , oferecendo uma
visão ampla da atividade de doação de órgãos, expondo as dificuldades e caminhos
existentes.
Entendeu-se que o Brasil possui uma gama de legislação vigente que
assegura e fomenta a importância da divulgação da doação de órgãos, respeitando
a ética moral e a bioética. Tais legislações focam a importância de pesquisas e
investimentos nos testes de diagnósticos para confirmação de morte encefálica.
Paralelo a esse passo, as equipes começam a interagir, na busca junto à
família ou responsável, pela captação de órgãos.
A atividade do enfermeiro é complexa sendo responsável em prosseguir a
manutenção, com conhecimento, comprometimento e competência, onde as
características fisiológicas certamente irão se manifestar conforme as condições
individualizadas de cada paciente que poderá ir de horas a dias.
Para uma manutenção adequada, deverá realizar o controle dos dados
hemodinâmicos
do
potencial
doador,
nas
situações
de
instabilidades
e
comprometimento funcional. Ha descarte de muitos órgãos até mesmo em pacientes
com uma clínica memorável, por falta de interação entre a equipe de saúde.
A interação do enfermeiro e a equipe cuidadora devem basear-se nos
protocolos existentes que dizem respeito à ética e à bioética.
A importância da manutenção tem por objetivo viabilizar uma captação com
sucesso e preservação dos órgãos a serem implantados. O enfermeiro é o
responsável em conduzir o processo de comunicação com toda equipe
interdisciplinar nas informações da clínica do paciente em cuidado.
33
Essa interação exige tempo, conhecimento e dedicação integral envolvendo o
processo de delegação. Isso destaca a importância da presença de um enfermeiro
vinculada às equipes de captação de órgãos, o que, contrariamente, não é realidade
atual no serviço de saúde, devido ao preconceito e à falta de seu reconhecimento
como profissional também co-responsável por essa tarefa.
34
5 CONSIDERAÇÕES FINAIS
Após realização deste trabalho de pesquisa, concluiu-se que apesar das
informações sobre o processo de doação e transplante, ainda é necessária maior
divulgação e educação continuada relativo ao tema.
Observou-se que o enfermeiro é a peça fundamental na manutenção do
potencial doador em morte encefálica e que ainda é pouco reconhecido entre as
equipes de saúde.
Considerando que a enfermagem assume responsabilidade natural de
cuidados aos pacientes nestas condições, há uma tendência de menor investimento
cuidativo por parte da equipe de enfermagem, principalmente quando não há
definição sobre a doação. Quando esta é formalizada, talvez não haja tempo nem
condições ideais de manutenção de certos órgãos. Com isso, o impacto na
realização de certos transplantes decorre da forma de abordagem por parte da
equipe de enfermagem (CINTRA et al, 2000).
Com isso, o impacto na realização de certos transplantes decorre da forma
de abordagem e intervenção da equipe e do enfermeiro que e responsável em
realizar o controle de todos os dados hemodinâmicos do potencial doador.
Cabe aos órgãos governamentais a responsabilidade de divulgação e
conscientização da doação de órgãos, com início na pré-escola, abrangendo o
ensino superior, com o objetivo de esclarecer, principalmente a população
acadêmica da área de saúde, concitando-a à busca de maior comprometimento.
Com isso, o ganho será de pessoas mais conscientizadas e divulgadoras, com o
afastamento de dúvidas, mitos, desinformação e preconceitos sobre algo tão
importante que é lutar pela vida.
Apesar de ser um dos países mais bem estruturados para a realização de
transplantes, uma das maiores dificuldades no Brasil é convencer as pessoas a
tomarem essa decisão.
Percebeu-se, também, que é de suma importância o conhecimento do
enfermeiro em relação ao processo de transplante que até então era empiricamente
voltado exclusivamente para classe médica
Com este trabalho foi possível proporcionar orientações para que uma
melhor assistência de enfermagem possa ser providenciada. De porte destes
35
conhecimentos os profissionais de enfermagem podem contribuir para melhorar o
cenário dos transplantes, o qual não é muito favorável no cenário brasileiro.
Assim, apresenta-se ao final a sugestão de que a Universidade Vale do Rio
doce, como instituição formadora de opinião, desenvolva campanhas educativas
sobre a doação de órgãos, com o envolvimento dos corpos docentes e discentes.
36
REFERÊNCIAS
ALMEIDA, Aline Mignon. Bioética e biodireito. Rio de Janeiro: Lumen Júris, 2000.
AMARAL, Francisco, Direito Civil, Introdução, 6ª edição, Renovar, Rio de Janeiro,
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