O INFERNO DE DANTE COLOCA O PAI TERRENO ACIMA DO PAI CELESTIAL O abuso das interpretações bíblicas, ora alegóricas, ora literais, é a causa principal das confusões doutrinárias da Bíblia que sempre dividiu os povos judaico-cristãos. Os teólogos antigos interpretavam a Bíblia, literalmente. E foi Dante Aliguieri (Século 13) que, em “A Divina Comédia”, retratou bem as ideias erradas deles, principalmente as sobre o inferno bíblico e mitológico “hades”. A Igreja se libertou desse inferno exotérico ou literal. Hoje, ela interpreta-o de modo esotérico ou figurado como deve ser. Mas, infelizmente, nossos irmãos evangélicos, que estão uns 100 anos atrás da Igreja em questões bíblico-teológicas, continuam defendendo ainda aquelas mesmas ideias medievais erradas católicas sobre o inferno. E perguntamos quem sabe mais de Bíblia e de teologia os teólogos antigos ou os atuais? Os termos grego “aionios”, hebraico “ôlam” e o latino “aeternus” significam tempo longo e indefinido, e não eterno ou sem fim como se passou a entender na sua tradução para o português. Tempo sem fim seria em grego “áidios”, e em latim “sempiternus” (sempiterno). E a hermenêutica nos ensina que as traduções dos textos antigos devem seguir o significado das palavras da época em que eles foram escritos. E quem, primeiramente, chamou a atenção para esse erro de tradução da Bíblia não foram os teólogos mergulhados nos seus enganos, mas os cientistas iluministas europeus do Século 19. E contra a Ciência, em vão, reagem pastores evangélicos conservadores, com seus argumentos insustentáveis. E credite neles quem quiser! E vamos ver alguns textos bíblicos que nos comprovam que a eternidade do inferno é mesmo um tempo indefinido (“ôlam”, “aionios” e “aeternus”). Aliás, até os anjos têm suas fases de eternidades evolutivas: querubins, serafins e arcanjos. Mas antes afirmamos que aceitamos somente em parte as teses bíblicas do Seminário de Jesus, que ensina que é verdade apenas 18 % do que diz a Bíblia que Jesus disse. Não podemos atribuir a Deus tudo dela, porque ela tem coisas de espíritos atrasados que foram tomados como sendo do Espírito do próprio Deus: “Bendito seja o Senhor Deus de Israel, ‘de eternidade a eternidade’...” (16: 36); “...Bendito és tu, ó Senhor, Deus de nosso pai Israel, ‘de eternidade em eternidade’...” (1 Crônicas 29: 10); “Mas a misericórdia do Senhor é ‘de eternidade em eternidade’ sobre os que o temem...” (Salmo 103: 17); “...Levantai-vos, bendizei ao Senhor vosso Deus ‘de eternidade em eternidade’...” (Neemias 9: 5); “...Bendito seja o Senhor, Deus de Israel, ‘de eternidade em eternidade’...” (Salmo 106: 48); “...Onde está, ó inferno, a tua destruição? Meus olhos não veem em mim arrependimento algum.” (Oseias 13: 14); e “Não deixarás minha alma no inferno.” (Salmo 15: 10). Os textos bíblicos citados por si mesmos demonstram que o tal de inferno é mesmo de tempo indefinido, como o é o Purgatório da Igreja elogiado por Kardec. Se só um espírito se perdesse irremediavelmente, Deus teria falhado em seu projeto, e teríamos, pois, que admitir que “entrou um vírus, o diabo, no computador divino”! Se existisse mesmo o tal de inferno de Dante, ainda aceito por muitos cristãos, teríamos o absurdo de que os pais terrenos amam mais seus filhos do que o Pai Celestial! José Reis Chaves Janeiro / 2016 PS: Palestra “Os Doze Capítulos da História do Homem”, na Loja BH da Rosacruz (AMORC), com a sóror Selma Maria Guimarães, em 23-1-2016, às15h, Av. Portugal, 681, Pampulha. Tel.: (31) 3309-1439. [email protected]