LITURGIA DA PALAVRA: Diálogo da Aliança entre Deus com seu

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LITURGIA DA PALAVRA: Diálogo da Aliança entre Deus com seu povo (I)
Maria de Lourdes Zavares
Deus nos reúne como assembleia, para dialogar conosco e nos comunicar seus
segredos, a Boa-Notícia que nos faz viver livres, fraternos e felizes.
Sua Palavra não é um conjunto de vocábulos ou uma sequência de textos escritos e
lidos. Ela é sempre acontecimento, ação concreta a favor da vida, da libertação, da salvação
de seu povo. Na Liturgia, esta Palavra é celebrada, é festejada e constitui uma ação simbólicoritual central, um só ato de culto com o rito eucarístico.
Como Deus nos fala no rito da Palavra da celebração eucarística?
Ele nos fala, primeiramente nos acontecimentos, onde se realiza a páscoa-vida e, que
agradecidos, trazemos para celebrar, reconhecendo neles a ação amorosa de Deus. A vida,
portanto, deve ser o primeiro livro a ser lido em nossas celebrações. Isto poderá ser feito, após
a saudação inicial, como recordação da vida, ou abrindo o rito da Palavra, antes da
proclamação dos textos bíblicos.
Deus nos fala, também, pelas Sagradas Escrituras, nos dois testamentos, com textos
escolhidos, proclamados e meditados como Palavra viva e atual. Como afirma o documento
do Concílio Vaticano II sobre a Liturgia: "É Cristo quem fala" (SC 7). E sua fala é ação
libertadora que nos ajuda a compreender os fatos da realidade, a corrigir os rumos, nos anima
e dá força para prosseguirmos na caminhada, testemunhando e realizando a páscoa na história.
Por isso, o leitor(a) afirma após as leituras: "Palavra do Senhor" e depois do evangelho:
"Palavra da Salvação" ou seja, acontecimento que nos salva, nos faz passar da morte para a
vida!
Palavra, canto, silêncio e gestos constituem as ações simbólicas do rito da Palavra que
tem a proclamação do evangelho como ponto alto. A primeira leitura é um texto, em geral, do
primeiro testamento e sempre escolhido em relação ao evangelho daquele domingo. O Salmo,
que vem a seguir, é escolhido como um eco, como resposta à primeira leitura. Trechos
significativos das cartas apostólicas, do segundo testamento, são oferecidos na segunda
leitura. O canto de aclamação é um verso baseado ou tirado do próprio evangelho.
De domingo a domingo, vamos sendo alimentados pelo Senhor, com o Pão da Palavra,
que nos revela seu mistério, que nos comunica sua força e nos transforma em suas
testemunhas.
Com a homilia, o diálogo entre Deus e seu povo continua. Através de quem preside ou
da pessoa que faz a homilia, Deus vai como que desvendando, dando-nos um novo olhar
sobre nossa vida, ajudando-nos a interpretar nossa realidade, nos interpela e nos leva a aderir
com renovado ardor à boa-nova do Reino. Os acontecimentos vividos e interpretados à luz das
Escrituras, tendo como referência Jesus e o mistério de sua páscoa, são os elementos
indispensáveis do rito da Palavra.
Movida pela Palavra de Deus proclamada, ouvida, entendida e acolhida no íntimo de
cada pessoa, a comunidade faz ecoar, livre e corajosa sua adesão, na profissão de fé pelas
preces, une-se a Cristo, suplicando ao Pai pelas suas necessidades e pelas "urgências" do
mundo.
Para reflexão e debate:
1) Que elementos constituem o rito da Palavra na missa?
2) Como se dá o diálogo da Aliança entre Deus e seu povo na celebração?
LITURGIA DA PALAVRA: Diálogo da Aliança entre Deus com seu povo (II)
Maria de Lourdes Zavares
A finalidade da Liturgia da Palavra é reavivar o diálogo da aliança entre Deus e seu
povo, receber uma orientação para nossa vida, estreitar laços de amor e fidelidade.
Neste diálogo, nossa atitude é de escuta atenta e amorosa para que Deus possa nos
falar dentro da realidade bem concreta de nossa vida. E também de resposta, de acolhimento
sincero, de adesão consciente, de decisão convicta, de conversão, para que a Palavra possa dar
frutos em nossa vida.
O Senhor nos fala e nós entramos em diálogo com Ele. Respondemos de diversas
formas: ouvindo atentamente, acolhendo no coração, salmodiando, aclamando, atualizando,
professando a fé e apresentando nossas preces para vivê-las na celebração e no dia a dia, em
nossas lidas e lutas.
Para que tudo isso aconteça é preciso destacar a importância dos ministérios dos
leitores(as), do(a) salmista, de quem proclama o evangelho e faz a homilia.
É importante valorizar a estante da Palavra, que foi reintroduzida pelo Concílio
Vaticano II, para proclamar as leituras, o evangelho, cantar o Salmo, fazer a homilia e as
preces dos fiéis.
Deus fala através das ações corporais dos ministros(as): gestos, tom de voz, postura e
atitudes diante da mesa da Palavra, do livro, de sua maneira de olhar e se dirigir à assembleia.
A humildade, a convicção e o compromisso, como ouvinte da Palavra, possibilitam uma
eficaz comunicação de Deus com seu povo reunido.
Além de cuidar que as ações sejam bem feitas em termos de comunicação, é preciso
que elas sejam de verdade, ações simbólico-sacramentais, capazes de expressar e realizar o
que significam, ou seja: a Palavra do Senhor viva e transformadora para a comunidade
reunida em seu Nome.
Assim, toda a Liturgia da Palavra torna-se um diálogo amoroso e comprometedor entre
Deus e seu povo, animado pelo Espírito Santo. E, o verbo de Deus, Palavra viva do Pai, o
próprio Cristo, se torna carna em nós para continuarmos sua aço salvadora, entregando nossa
vida para a transformação do mundo.
Para reflexão e debate:
1) Qual deve ser a atitude básica da assembleia durante o rito da Palavra?
2) De que maneira a assembleia participa do diálogo com Deus na Liturgia da Palavra?
3) O que fazer para um melhor desempenho dos ministérios na Liturgia da Palavra em sua
comunidade?
COMUNICAÇÃO VITAL
FAÇA DA PALAVRA O INSTRUMENTO DE LEITURA EFICAZ NA
LITURGIA
Pe. José Alem, cmf
A comunicação litúrgica supõe a vivência do Mistério celebrado e capacitação para ser
um instrumento para expressar e ao mesmo tempo conduzir ao Mistério. Porque a
comunicação litúrgica se realiza em forma de memorial da ação de Cristo deve ser
contemplativa, orante, proclamada, ação salvadora e cultual, narrativa, ritual-simbólica,
sacerdotal, mediadora narrativa, histórico-salvífica, profética. A comunicação litúrgica não é
prioritariamente transmissão de conteúdos doutrinários. Trata-se de uma comunicação vital,
que atinge o ser humano todo, todos os seus sentidos e todas as suas dimensões.
A palavra possui especial importância em nossa cultura, na nossa convivência e em
todos os momentos de nossas vidas. Na liturgia também é assim: a palavra ocupa um lugar
central como presença e como meio. A Palavra se faz palavras, se expressa em palavras.
Lidar com palavras, sobretudo, em público ao proclamar a Palavra é missão que exige
conhecer a importância e o papel da Palavra, como centro da celebração, o sentido do livro e
o seu lugar na liturgia e ainda mais o Ministro da Palavra, o leitor que é um ator litúrgico. Sim
ator: aquele que torna concreta a mensagem que é comunicada com sua presença, com sua
voz, com sua interpretação.
Não existe uma fórmula única para realizar essa forma de comunicação, mesmo
porque há variantes culturais, vivenciais, existenciais que interferem de modo substancial em
qualquer forma de comunicação, inclusive no ato da leitura. Por isso, ler é uma arte e uma
ciência. Como arte supõe sensibilidade, intuição, percepção, capacidade de contemplar a
beleza. Como ciência supõe conhecimento, leis e técnicas que favoreçam comunicar com
eficiência e eficácia.
9 ELEMENTOS INDISPENSÁVEIS PARA QUE A FUNÇÃO LITÚRGICA DA
LEITURA POSSA SER MELHOR EXERCIDA
1. Cada forma de linguagem supõe um aprendizado específico. Ler em público na Liturgia
e em celebrações é uma arte e uma ciência com linguagens próprias e não se equipara
simplesmente com outras formas de leitura.
2. Na liturgia fala o ser humano todo. A ação de Deus quer atingir o ser humano todo:
corpo, alma, espírito, razão, emoção, sentimentos, vontade. Importância fundamental tem
o lugar, as pessoas, particularmente o celebrante e as pessoas que com ele vão comunicar
o mistério, e os meios a serem utilizados.
3. Nós somos um corpo, uma presença visível, sensível, por meio da qual interpretamos
algo da vida e do mistério celebrado. Comunicamo-nos com o corpo. Ler é também atuar
com o corpo. Dificuldades como inibição tem características psicológicas e físicas. Por
isso: atenção ao rosto, busto e membros. Atenção ainda às expressões globais do corpo.
4. Outro elemento fundamental na boa comunicação em público é a voz. A voz tem que ter
algumas qualidades como timbre, sonoridade, altura, e intensidade adequadas além de
cuidados como respiração, hidratação, higienização.
5. Para uma leitura em público é necessário considerar e prestar a atenção em
características do uso da voz como: califasia, dicção, articulação, impostação, respiração,
pronúncia, inflexão, tom, ritmo, dinâmica. Expressão. Isso tem características específicas
em uma celebração litúrgica.
6. Outros elementos não verbais importantes em uma leitura em público na liturgia:
espontaneidade, gestos, olhar, convicção, conhecimento e entendimento do texto,
disciplina litúrgica, competência.
7. Leitura supõe também exercício, treino, ensaio como todo ator que prepara o texto que
vai declamar a tal ponto que ele assume como se fosse próprio e dá uma interpretação
única. Na celebração litúrgica de modo muito especial proclamar um texto supõe que a
pessoa que o faz use seu corpo e suas expressões, mas que o texto seja reflexo de sua
abertura ao Mistério que ele antes de tudo acolhe e medita e depois expressa.
8. Outro elemento importante a ser considerado é o público. Quem são as pessoas que
estão ouvindo? Como proclamar a elas um texto bíblico, por exemplo, passando
credibilidade, segurança, confiabilidade? O público interfere de uma maneira direta na
maneira de se proclamar um texto.
9. Outro elemento a ser considerado é a questão do estilo. Nem todos os textos têm o
mesmo estilo literário. Há textos em prosa e em verso, textos narrativos, dissertativos e
descritivos. Há textos quem envolvem expressões de narrador, de personagens, que
evocam sentimentos diversos o que exige também do leitor criatividade, envolvimento,
postura vocal e emocional adequada.
COMUNICAÇÃO NA LITURGIA!
Ademilson Tadeu Quirino
O microfone
É um instrumento que facilita a comunicação, quando bem usado. Caso contrário é
uma catástrofe. Vão algumas dicas:
- Manter o microfone numa posição que facilite uma comunicação tranquila e boa para ser
ouvida;
- Verificar antes da celebração se os microfones estão funcionando;
- Nunca tossir no microfone, bater com o dedo, dizer alô ou soprar no momento da
celebração;
- Nunca distorcer a voz no microfone;
- Nunca deixe o microfone tampar seu rosto;
- Não tenha medo do microfone: ele é seu amigo;
- Nunca imitar locutor ou narrador de jogo. Seja natural e original;
- Confie no seu potencial;
- Treine antes de usar o microfone;
- Saiba das técnicas e como usá-lo;
- O segredo é ensaiar antes. A celebração litúrgica não é o momento para ensaio.
Classificação das vozes
Voz ouro: entusiasma, empolga, é alta e clara (por exemplo, pode ser usada
durante a páscoa, glória, aleluia);
Voz prata: é normal, descritiva, calma, carinhosa (cai bem para uma meditação);
Voz bronze: é misteriosa, sólida, sinistra (voz do perdão);
Voz veludo: misto de ouro e prata, voz do amor, do entendimento e do carinho.
Postura
Mão na estante, corpo reto, olhar para a assembleia enquanto comenta ou lê. Nunca
coloque a mão no bolso ou para trás, nem fique com o corpo caído ou usando a estante
como muleta para descansar o corpo. Cuidado com os gestos. Seu corpo também fala.
Para finalizar, quero dizer que acima de tudo está a organização da celebração; a
preparação da celebração (as equipes e os ministérios juntamente com o padre);
elaboração de um roteiro a ser seguido; criatividade, dinamicidade e humildade. E mais,
coloque seus dons e talentos a serviço de Jesus Cristo na sua comunidade. Nunca se
esqueça de se avaliar e acima de tudo seja sensível ao avaliar alguém e ser avaliado.
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