Transfusão no Paciente Anêmico Dante M. Langhi Jr Disciplina de Hematologia e Hemoterapia Faculdade de Ciências Médicas Santa Casa de São Paulo 2007 Transfusão de Hemácias • Procedimento médico muito comum • Parte necessária da prática médica diária • Considerações: Segurança Custo Transfusão de Hemácias Liberação de O2 aos tecidos Melhora oxigenação tecidual Transfusão de Hemácias Uso varia amplamente Concentração de Hb Freqüentemente único gatilho para Tx (Transfusion Medicine 2000;10:193-198) Mecanismos de adaptação à anemia – Mudança na curva de dissociação da Hb – Alterações hemodinâmicas Mecanismos de adaptação à anemia Desvio da curva de dissociação da Oxihemoglobina • Início - Hb 9,0 g/dl • Proeminente - Hb < 6,5 g/dl 2,3 DPG Mecanismos de adaptação à anemia • Débito cardíaco • Redistribuição do fluxo sangüíneo Tolerância à Anemia Cães e babuínos: Hemodiluição normovolêmica Toleram Hb entre 3 e 5 g/dL sem efeitos colaterais (Surgery 1988;103:665-670) Tolerância à Anemia Cães: • Estenose coronariana crítica induzida • Hemodiluição isovolêmica – Hb 6 / 7 g/dL Alterações isquêmicas no ECG e deteriorização da função cardíaca (J Thorac Cardivasc Surg 1993;105:694-704) Tolerância à Anemia Transfusão restaura função contrátil e a extração de O2 (J Thorac Cardivasc Surg 1993;105:694-704) Tolerância à Anemia Humanos voluntários: (n = 9) • Hemodiluição isovolêmica – Função cognitiva nl – Hb 7 g/dL – Alteração súbita – Hb < 7 g/dL Reversível com auto-Tx e nível de Hb 7 g/dL (Anesthesiology 2000;92:1646-1652) Tolerância à Anemia Reserva de O2 do organismo: Excede de 2 a 4 vezes necessidade de O2 de repouso 200 a 300 mL/min Risco Associado à Anemia Pacientes Cirúrgicos: • Mortalidade operatória inversamente relacionada a Hb pré-operatória • Alta relação com perda intra-operatória Significantemente nos indivíduos com dç. cardiovascular associada p = 0,03 (Lancet 1996;348:1055-1060) Risco Associado à Anemia Revascularização do Miocárdio (n = 6980) Nível nadir de Ht X Mortalidade Tendência a risco de morte em indivíduos com Ht < 23% Indivíduos com Ht < 19% Mortalidade 2 X > que Ht ≥ 25% (Ann Thorac Surg 2001;71:769-726) Risco Associado à Anemia Revascularização do Miocárdio (n = 2202) • Ht ≥ 34% pós-op. Imediato - risco IAM • Ht < 24% pós-op. Imediato - risco IAM (J Thorac Cardiovasc Surg 1998;116:460-467) Risco Associado à Anemia Pacts. ≥ 65 anos – hospitalizados com IAM (n=78.974) • Baixos valores de Ht. na admissão > freqüência de eventos intra-hospitalar: • Choque • Falência cardíaca • Morte (N Engl J Med 2001;345:1230-1236) Risco Associado à Anemia Estudos: Resultados conflitantes e falha em definir Gatilho Transfusional Inequívoco Transfusão de Hemácias Gatilho Transfusional: –Historicamente Hb 10 g/dL Ht 30% (Surg Gynecol Obstet 1942;74:1011-1101) Transfusão de HMC Erro Médico X Mortalidade EUA – Pacientes hospitalizados ± 100.000 pacientes / ano (Crit Care Med 2004;32:290-) Erro Médico X Mortalidade • Causa Primária: Sistema de Cuidado Médico “Fora de Moda” (Crit Care Med 2004;32:290-) Transfusão de Hemácias Eficácia da Tx: • consumo de O2 tecidual Não demonstrado consistentemente (Crit Care Med 1993;18:940-944) Transfusão de Hemácias HMC estocada: • 2, 3 DPG - • ATP - Afinidade da Hb pelo O2 Deformabilidade Hmc Fluxo Tempo de Estoque Pacs. Sépticos: Hmc > 15 dias > isquemia esplâncnica X Hmc < 15 dias (Jama 1993;269:3024-3029) Camundongos Sépticos: Hmc fresca captação sistêmica de O2 Hmc 28 dias – Falha (Crit Care Med 1997;25:726-732) Riscos Associados à Transfusão • Últimas décadas Grandes avanços na segurança transfusional Sangue – Produto Seguro Risco Residual 1:10 Risco/Unidade Freqüência aproximada HIV HCV 1:100 1:2 000 Contaminação Bacteriana (PLTs) 1:5 000 TRALI HBV 1:10 000 1:12 000 Erro de Identificação (RBCs) TRALI FATAL Contaminação Bacteriana (PLTs) FATAL Erro de Identificação (RBCs) 1:100 000 1:140 000 1:000 000 FATAL 1:1 000 000 1984 1986 1988 1990 1992 1994 1996 1998 2000 2002 Risco Associado à Transfusão TRIM (Imunomodulação) – Tx. Alogeneica recurrência de câncer infecção peri-oper. ± 10% Risco (Blood 2001;97:1180-) Transfusão X Sobrevida Pacientes críticos (Hb média préTx = 8,6g/dL) (Crit Care Med 2004;32:39-52) Transfusão X Sobrevida Transfusão X Sobrevida a longo prazo (Transf 2004;44:1025-1032) Transfusão X Sobrevida Sobrevida a longo prazo após Tx. X Unidades transfundidas (Transf 2004;44:1025-1032) Tx. Pacientes Críticos X Sobrevida Estratégia liberal (Hb ≤ 10) X Estratégia restritiva (Hb ≤ 7) (N Engl J Med 1999;340:409-417) Tx. Pacientes Críticos X Sobrevida Tx. Restritiva • Pacts. ≤ 55 anos / APACHE < 20 – Mortalidade em 30 dias menor Restritiva – 22,2% Liberal - 28,1% p < 0,05 (N Engl J Med 1999;340:409-417) Transfusão X Sobrevida Síndrome Coronariana Aguda e anemia Mortalidade (30 dias) 3,94 X > pacts. transfundidos (JAMA 2004,october;292:1610-1612) Conclusões • Grande variedade de situações de uso, torna impossível definir limiar único para transfusão de Hemácias. Conclusões Estratégia conservadora: • Não aumenta mortalidade • Não altera taxa de eventos cardíacos • Não altera período de hospitalização Conclusões • Necessário estudo de larga escala, randomizado e controlado, especificamente para pacientes de maior risco • Doença Cardíaca • Doença Isquêmica • Idosos Conclusões • Necessário estudo controlado comparando uso de sangue estocado e leucodepletado X sangue fresco leucodepletado Conclusões • Monitorização da adequação funcional da oxigenação do coração e do cérebro, durante anemia aguda, levarão a substituição de gatilhos arbitrários baseados nos valores de Hb, para gatilhos fisiológicos da transfusão de Hemácias