Teoria do conhecimento introdução 2º ano - Teoria do Conhecimento – Investigando o saber “A teoria do conhecimento pode ser definida como a investigação acerca das condições do conhecimento verdadeiro". Neste sentido podemos dizer que existem tantas teorias do conhecimento quantos foram os filósofos que se preocuparam com o problema, pois é impossível constatar uma coincidência total de concepções mesmo entre filósofos que habitualmente são classificados dentro de uma mesma escola ou corrente. Dentre as principais questões tematizadas na teoria do conhecimento podemos citar: as fontes primeiras de todo conhecimento ou ponto de partida; o processo que faz com que os dados se transformem em juízos ou afirmações acerca de algo; a maneira como é considerada a atividade do sujeito frente ao objeto a ser conhecido; o âmbito do que pode ser conhecido segundo as regras da verdade etc. Cada teoria do conhecimento constitui, portanto , uma reflexão filosofia como o objetivo de investigar as origens, as possibilidades, os fundamentos , a extensão e o valor do conhecimento. Assim, de acordo com a noção representacionista do conhecimento, quando conhecemos, por exemplo, um pássaro, formamos uma representação, uma “imagem adequada” desse pássaro em nossa mente. Outra noção importante é a de que, no processo de conhecimento, sempre existiria a relação entre dois elementos básicos: · Um sujeito conhecedor (nossa consciência, nossa mente) e · Um objeto conhecido (a realidade, o mundo, os inúmeros fenômenos). Só haveria conhecimento se o sujeito conseguisse apreender o objeto, isto é, conseguisse representa-lo mentalmente. Dependendo da corrente filosófica , será dada, no processo de conhecimento, maior importância ao sujeito (é o caso do idealismo) ou ao objeto (é o caso do realismo ou materialismo). Vejamos. Realismo De acordo com as teorias realistas do conhecimento, as percepções que temos dos objetos são reais, ou seja, correspondem de fato às características presentes nesses objetos, na realidade. Por exemplo: as formas e cores que o sujeito percebe no pássaro são cores e formas que o pássaro realmente tem em si. No realismo mais ingênuo, isto é menos critico, o conhecimento ocorre por uma apreensão imediata das características dos objetos, isto é, os objetos se mostram como realmente são ao conhecimento que então se estabelece. Há no entanto, outras formas mais críticas de realismo, que problematizam a relação sujeito-objeto, mas que mantêm a idéia básica de que o objeto é determinante no processo de conhecimento. Idealismo Segundo as teorias idealistas do conhecimento, o sujeito predomina em relação ao objeto, isto é, a percepção da realidade é construída pelas nossas ideias, pela nossa consciência. Assim, os objetos seriam “construídos” de acordo com a capacidade de percepção do sujeito. Consequentemente, o que existiria como realidade seria a representação que o sujeito faz do objeto. Por exemplo: as formas e cores que o sujeito. Por exemplo: as formas e cores que o sujeito percebe no pássaro são apenas idéias ou representações desses atributos; não entra em questão se elas realmente estão no pássaro. Também no idealismo, há posições mais ou menos radicais em relação à afirmação do sujeito como elemento determinante na relação de conhecimento. Empirismo: a valorização dos sentidos A palavra empirismo tem sua origem no grego empiria, que significa “experiência sensorial”. O empirismo defende que todas as nossas ideias são provenientes de nossas percepções sensoriais (visão, audição, tato, paladar, olfato). Como disse o filosofo empirista inglês John Locke (1632-1704) : “nada vem à mente sem ter passado pelos sentidos”. Locke afirma também que, ao nascermos, nossa mente é como um papel em branco, desprovida de ideias. De onde provém, então, o vasto conjunto de ideias que existe na mente humana? A isso, Locke responde com uma só palavra: da experiência. E a experiência, segundo Locke, supre nosso conhecimento por meio de duas operações: sensação e reflexão Racionalismo: a confiança na razão A palavra racionalismo deriva do latim ratio, que significa “razão” . O termo é empregado de muitas maneiras. Aqui, racionalismo está sendo empregado para designar a doutrina que atribui exclusiva confiança na razão humana como instrumento capaz de conhecer a verdade. Ou, como recomendou o filósofo racionalista Descartes (1596-1650): “nunca nos devemos deixar persuadir senão pela evidencia de nossa razão”. Os racionalistas afirmam que a experiência sensorial é uma fonte permanente de erros e confusões sobre a complexa realidade do mundo. Somente a razão humana, trabalhando com os princípios lógicos, podem atingir o conhecimento verdadeiro, capaz de ser universalmente aceiro. Para o racionalismo, os princípios lógicos fundamentais seriam inatos, isto é, eles já estão na mente do homem desde o seu nascimento. Daí por que a razão deve ser considerada como a fonte básica do conhecimento. Possibilidades do conhecimento A capacidade de conhecer a verdade Somos capazes de conhecer a verdade? É possível ao sujeito apreender o objeto? Afinal, quais são as possibilidades do conhecimento humano? As respostas dadas a essas questões levam ao surgimento de duas correntes básicas e antagônicas na historia da filosofia. Uma é o ceticismo, que diagnostica a impossibilidade de conhecermos a verdade. A outra é o dogmatismo, que define a possibilidade de conhecermos a verdade. Dogmatismo: a certeza da verdade Uma doutrina é dogmática quando defende, de forma categórica, a possibilidade de atingirmos a verdade. Dentro do dogmatismo, podemos distinguir duas variantes básicas: · Dogmatismo ingênuo- predominante no senso comum , confia plenamente nas possibilidades do nosso conhecimento . Não vê problemas na relação sujeito conhecedor e objeto conhecido. Crê que, sem grandes dificuldades, percebemos o mundo tal qual ele é; · Dogmatismo crítico – defende nossa capacidade de conhecer a verdade mediante um esforço conjugado de nossos sentidos e de nossa inteligência. Confia que, através de um trabalho metódico, racional e cientifico, o ser humano se torna capaz de conhecer a realidade do mundo. Ceticismo absoluto: tudo ilusório O ceticismo absoluto consiste em negar de forma total nossa possibilidade de conhecer a verdade. Assim, para o ceticismo absoluto, o homem nada pode afirmar, pois nada pode conhecer com total certeza. Muitos consideram o filósofo grego Górgias (485-380 a. C) o pai do ceticismo absoluto. Segundo ele “o ser não existe; se existisse não poderíamos conhecê-lo. Se pudéssemos conhecê-lo, não poderíamos comunicá-los aos outros”. Outros estudiosos apontam o filosofo grego Pirro (365-275 a. C) como o fundador do ceticismo absoluto . Pirro afirmava ser impossível o homem conhecer a verdade devido a duas fontes principais de erro: · Os sentidos – segundo Pirro , nossos conhecimentos são provenientes dos sentidos (visão, audição, olfato, tato , paladar). Mas estes não são dignos de confiança, pois podem nos induzir ao erro. · A razão - Para Pirro, as diferentes e contraditórias opiniões manifestadas pelas pessoas sobre os mesmos assuntos revelam os limites de nossa inteligência. Jamais alcançaremos certeza de qualquer coisa. Ceticismo relativo : o domínio do provável O ceticismo relativo, como o próprio nome diz, consiste em negar apenas parcialmente nossa capacidade de conhecer a verdade, ou seja, apresenta uma posição moderada em relação às possibilidades de conhecimento, comparada ao ceticismo absoluto. Em doutrinas que manifestam um ceticismo relativo, destacamos as seguintes : · Subjetivismo – considera o conhecimento uma relação puramente subjetiva e pessoal entre o sujeito e a realidade percebida. O conhecimento limita-se às ideias e representações elaboradas pelo sujeito pensamente, sendo impossível alcançar a objetividade. O subjetivismo nasce com o pensamento do grego Protágoras, sofista do séc. V a. C, que dizia que o homem é a medida de todas as coisas, ou seja , a verdade é uma construção humana, ela não está nas coisas; · Relativismo – entende que não existem verdades absolutas, mas apenas verdades relativas, que tem uma validade limitada a um certo tempo, a um determinado espaço social, enfim , a um contexto histórico etc.; · Probabilismo –propõe que nosso conhecimento é incapaz de atingir a certeza plena. O que devemos alcançar é uma verdade provável. Essa probabilidade pode ser digna de maior ou menor credibilidade, mas nunca chegará ao nível da certeza completa, da verdade absoluta. · Pragmatismo- propõe uma concepção dos homens como seres práticos, ativos, e não pensantes seres. Por isso, abandonam a pretensão de alcançar a verdade, entendida como a correspondência entre o pensamente e a realidade. Para o pragmatismo, o conceito de verdade deve ser outro: verdadeiro é aquilo que é útil, que dá certo, que serve aos interesses das pessoas na sua vida prática. Nesse sentido, a verdade não seria correspondência do pensamento com objeto, mas a correspondência do pensamento com o objetivo a ser atingido.