AS HABILIDADES INTERPESSOAIS COMPORTAMENTAL DO TERAPEUTA COGNITIVO- Eliane Mary de Oliveira Falcone (Universidade do Estado do Rio de Janeiro) Estudos sugerem que as técnicas específicas e a relação terapêutica são variáveis mutuamente influentes no processo psicoterápico. Enquanto as técnicas específicas bem empregadas geram alívio de sintomas no paciente, levando-o a experimentar sentimentos de gratidão e segurança dirigidos ao clínico, um padrão de interação empático, caloroso e acolhedor por parte do terapeuta poderá, por sua vez, facilitar a autorrevelação e a adesão do paciente às técnicas, favorecendo a mudança. Assim sendo, o exercício da psicoterapia requer do terapeuta, além de conhecimento técnico e analítico, habilidades interpessoais para lidar com as dificuldades de adesão, inerentes ao processo psicoterápico. Considerando-se que a pessoa do profissional influencia a pessoa do cliente e vice-versa, cabe ao terapeuta reconhecer essa mútua influencia e trabalhar com ela de forma construtiva. A terapia cognitivo-comportamental (TCC) constitui-se como uma abordagem diretiva, voltada para metas, desenvolvimento de habilidades de autoajuda, realização de tarefas etc. Se por um lado essas demandas se relacionam a resultados positivos do tratamento em tempo mais rápido, por outro lado elas também estão correlacionadas à maior resistência ao tratamento. Quando os problemas do paciente são decorrentes de transtorno da personalidade, torna-se ainda mais difícil aderir às demandas da TCC. Nessas condições, o terapeuta torna-se mais desafiado a lidar com as tensões decorrentes do foco na mudança, imposto pela sua orientação teórica, por um lado, e por outro, a recusa do paciente em aderir ao processo, a qual pode se manifestar de várias formas, desde uma falsa anuência até expressões veladas ou manifestas de hostilidade. Tais manifestações atingem a pessoa do terapeuta, podendo leva-lo a se retrair, desistir do paciente ou agir com contra hostilidade. É nesse contexto que as habilidades interpessoais do terapeuta são fundamentais para que a combinação entre a diretividade da terapia e a resistência do paciente sejam administradas de forma construtiva. Quando isso ocorre, a mudança do paciente é favorecida, assim como o crescimento pessoal do terapeuta. Pretende-se apresentar nesta palestra algumas habilidades interpessoais do terapeuta, necessárias ao ajuste entre dois polos: as demandas da TCC e a resistência à mudança por parte do cliente. A autorreflexão e a autoconsciência do terapeuta, elementos chave para lidar com as próprias emoções e alcançar a contratransferência, serão discutidas. Alguns exemplos de situações interpessoais envolvendo a confrontação empática também serão apresentados. Implicações relativas à supervisão clínica e a psicoterapia do terapeuta serão abordadas. Aliança terapêutica, contratransferência, habilidades interpessoais