PSICOTERAPIA BREVE INFANTIL: A PRÁTICA COM OS PAIS E A CRIANÇA CAP. 08 DO LIVRO INTRODUÇÃO Cramer (1974) refere-se à transmissão transgeracional como base para a organização da personalidade da criança, que recebe dos pais a herança psíquica e os valores familiares e culturais, indispensáveis ao seu desenvolvimento. Dentro desta perspectiva, a qualidade das primeiras relações pais/criança, estabelecidas desde a concepção, é fundamental para o tipo de desenvolvimento psíquico alcançado pela criança. Sob qualquer circunstância, ele se realiza através de um interjogo de projeções, introjeções e identificações, entre mãe e a criança (Cramer & PalacioEspasa, 1993/1993). INTRODUÇÃO Segundo esse concepção, o bebê chega ao mundo já investido de uma série de características e intenções dos próprios pais, para ocupar um determinado espaço e desempenhar um papel junto a eles; traz, portanto, uma carga de investimentos que faz os pais reviverem com o filho, sua própria experiência infantil de relacionamento com seus progenitores. A projeção é entendida num sentido abrangente, como identificação projetiva, mecanismo natural do funcionamento dos pais, “uma fantasia inconsciente na qual o sujeito se coloca ou coloca aspectos de si próprio em um objeto, com uma finalidade de busca de relação e comunicação ou de defesa” (Cramer & Palacio-Espasa, 1993/1993 p.264). A identificação projetiva da mãe leva a criança a assumir, como seus, os objetos ou aspectos projetados sobre ela, como forma de assegurar o amor materno. Este mecanismo, por um lado normal, permite a estruturação do ego, necessário à formação e desenvolvimento do psiquismo infantil; entretanto, por outro lado, pode se tornar patológico, dependendo da qualidade das trocas. A exigência de corresponder às expectativas parentais pode levar, portanto, a criança a desenvolver um sintoma como um sinal de alerta, ou como uma forma de expressar sua insatisfação (Cramer & PalácioEspasa, 1993/1993). A dinâmica de funcionamento pais/criança é baseada na busca de satisfação recíproca das necessidades inconscientes e assim, as dificuldades apresentadas pela criança estão relacionadas às dificuldades dos pais. INTRODUÇÃO Dito de outra forma, esta leitura psicodinâmica permite compreender o padrão repetitivo de conduta do paciente (criança), que faz com que as dificuldades não resolvidas no passado dos pais sejam revividas nas relações atuais com o filho, ou seja, os sintomas atuais da criança têm uma estreita relação com um passado mais remoto, pertencente à historia dos próprios pais. FOCO DA PSICOTERAPIA BREVE INFANTIL Foco da Psicoterapia Breve Infantil, ele passa a ser compreendido como: uma área de conflito compartilhada pela criança e pelos pais, que se reflete no padrão de relacionamento deles e que se expressa, no momento através dos sintomas da criança, como prejuízo da adequação de suas respostas adaptativas. A intervenção do terapeuta terá portanto como objetivo, primeiramente, identificar o padrão de relacionamento conflituoso decorrente das identificações projetivas parentais sobre a criança, buscando o desvelamento das fantasias, ansiedades e mecanismos de defesa subjacentes. E, na interação com os pais, formular uma proposta de trabalho, que pode incluir apenas os pais, os pais e a criança, ou apenas a criança Conforme, portanto, as propostas de Palácio-Espasa, a possibilidade de indicação de psicoterapias breves infantis passa pela qualidade de funcionamento mental demonstrado pelos pais e, mais particularmente, da mãe. A ideia é que: 1. A mudança da sintomatologia da criança depende da possibilidade de mudança dos pais (ou da mãe); 2. Ela só pode ser pensada num curto espaço de tempo, se os pais (ou a mãe) puderem estabelecer uma relação de trabalho positiva com o terapeuta e ver na sua intervenção uma atitude de ajuda; 3. E para tanto, os pais (ou a mãe) devem contar com uma história prévia positiva com seus objetos primários, que lhes garante um modo integrado de funcionamento psíquico e que corresponde, grosso modo, ao nível neurótico. O TRATAMENTO O tratamento tem em vista a criança e a melhora da qualidade da relação mãe/filho. Para os casos em que estas condições não estão presentes, isto é, que a implicação dos pais nas dificuldades da criança não chega a ser reconhecida, a PBI pode funcionar como uma etapa intermediária para uma psicoterapia a longo prazo da mãe, que necessita de um tempo maior para a compreensão de suas dificuldades e aceitação do encaminhamento. O DESENVOLVIMENTO DE UMA PROPOSTA PBI Podemos pensar didaticamente a PBI em 4 momentos: 1) a avaliação inicial, 2) o tratamento propriamente dito, 3) a fase de término 4) o acompanhamento (follow-up). Esta divisão auxilia o ensino da técnica por facilitar a explicitação das idéias embora, na prática, para o profissional mais experiente, no entanto, a fase de avaliação pode se dar tão rapidamente que se torna difícil delimitar quando esta termina e quando se inicia a fase terapêutica. AVALIAÇÃO INICIAL O procedimento para esta etapa inicia-se com uma entrevista inicial só com os pais ou responsáveis legais, para entender o que buscam efetivamente no atendimento; saber se é procedente a queixa trazida e se eles estão disponíveis afetivamente e com tempo para acompanhar e participar do processo. Esta etapa diagnóstica pode levar até três sessões lúdicas com a criança e o uso de testes, se necessários. O trabalho é realizado mais frequentemente com a participação da mãe que, na nossa realidade tem maior disponibilidade para cuidar dos assuntos relativos à educação e saúde dos filhos, embora o pai seja incluído sempre que possível. AVALIAÇÃO INICIAL Entender a queixa, a história da criança, a dinâmica familiar, faz parte de todo processo diagnóstico. Mas, para a PBI, a avaliação inicial é considerada crucial no trabalho não só pela compreensão do pedido de ajuda mas, principalmente, por ser possível definir a partir dela, o tipo de trabalho, o nível de intervenção possível em termos de objetivos, estratégias, frequência e tempo de duração. O TRATAMENTO PROPRIAMENTE DITO Após a avaliação inicial, procede-se ao tratamento propriamente dito. Esta etapa corresponde ao período em que as intervenções do terapeuta estão concentradas no que foi definido como área focal e dirigidas aos objetivos que se pretende. O nível de intervenção realizada pelo terapeuta depende basicamente da avaliação dos recursos internos dos pais, assim como da disponibilidade afetiva e temporal deles para participar do processo terapêutico do filho. Conforme já referimos, a tarefa inicial exige uma atenção específica para o funcionamento psíquico dos pais e ao tipo de projeção que fazem sobre a criança, mais frequentemente, da mãe sobre a criança. A qualidade dos investimentos, libidinais ou agressivos, refletem-se também na relação da mãe com o terapeuta, e ajuda a entender o significado do sintoma da criança e a pensar nos limites e no alcance da intervenção para o caso. O TRATAMENTO PROPRIAMENTE DITO Quanto ás estratégias de atendimento, são basicamente quatro: 1. com ênfase maior nos pais (mas que a criança também é incluída); 2. as que envolvem pais e crianças em sessões conjuntas; 3. as que envolvem pais e crianças em sessões separadas; 4. aquelas em que a maior parte das sessões é feita exclusivamente com a criança (mas em que os pais também são acompanhados). A FASE DE TÉRMINO O término em PBI faz parte do acordo inicial, previsto desde o início do tratamento, com o qual terapeuta, pais e criança concordaram. É, portanto, essencial que o terapeuta, pais e criança concordaram. É, portanto, essencial que o terapeuta ajude o paciente a lidar com a perda e a experiência da separação para que haja uma elaboração mais adequada dos conflitos, uma vez que a situação provoca uma reativação de mecanismos de defesa contra sofrimentos vividos anteriormente. A FASE DE TÉRMINO A data de término deve ser lembrada pelo menos 4 sessões antes do encerramento e passa a ser o foco da atuação do terapeuta no período. Assim como para o adulto (Coelho Filho, 1997), o manejo da fase de término pode definir o grau de benefício da terapia principalmente no caso de crianças que têm em sua história experiências de perdas intensas. Há casos em que o processo chega ao término e não houve mudanças significativas no quadro geral e os objetivos inicialmente propostos não foram atingidos. Indica que o caso necessitava de um processo a longo prazo, ou a necessidade de rever os objetivos. A FASE DE TÉRMINO A proposta de ao menos uma entrevista de acompanhamento costuma dar aos pais um sentimento de conforto por não se verem desamparados ao final do processo terapêutico e à criança, a certeza de que não será abandonada pelo terapeuta. Além disto, a entrevista de acompanhamento pode ser útil como instrumento para avaliar a eficiência da técnica empregada. PÓS-AULA Ler o artigo: Psicoterapia breve infantil: Revisão da literatura e delineamento de modelos de intervenção Iraní Tomiatto de Oliveira Disponível em: http://pgsskroton.com.br/seer/index.php/renc/article/view/2559 Fazer um resumo de no mínimo 1 pagina e meio e no máximo 2 paginas sobre o tema.