Como contestar pesquisa eleitoral?

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Jus Navigandi
http://jus.com.br
Como contestar pesquisa eleitoral?
http://jus.com.br/revista/texto/22667
Publicado em 09/2012
Mário Ferreira Neto (http://jus.com.br/revista/autor/mario-ferreira-neto)
Será que devemos confiar nos dados apresentados nas pesquisas em relação aos candidatos a um cargo
público? O objetivo deste trabalho é esclarecer questões relevantes divulgadas nas pesquisas eleitorais,
principalmente para leitores não familiarizados com a teoria estatística.
Resumo: Toda vez que assistimos na televisão ou lemos nos jornais os resultados de pesquisas eleitorais, seja como membro de
algum grupo político ou como simples eleitor, uma dúvida vem à nossa mente: será que devemos confiar nos dados apresentados nas
pesquisas em relação aos candidatos a um cargo público? Há casos de pesquisas eleitorais para Prefeito em que menos de 1.000 ou
um pouco mais de 1.000 pessoas são entrevistadas (pesquisadas) dentro de um universo eleitoral de mais de 850.000 pessoas (eleitores
aptos). Sempre há reclamações dos partidos políticos e dos candidatos que estão em má posição nas disputas eleitorais, segundo as
pesquisas. As acusações estão afetas a distorções na forma de coleta de dados, manipulação e maquinação na mensuração dos dados e
má-fé na hora da divulgação. Apesar destes argumentos contrários em relação à confiabilidade e credibilidade das pesquisas eleitorais,
indispensável em uma pesquisa eleitoral, boa metodologia de amostragem, boa coleta de dados e apuração realizada de forma
adequada, correta e imparcial. O objetivo deste trabalho é esclarecer questões relevantes divulgadas nas pesquisas eleitorais,
principalmente para leitores não familiarizados com a teoria estatística. As informações contidas em uma pesquisa eleitoral possuem
aspectos técnicos relativamente simples, que devem ser considerados por todos aqueles que tenham interesses em compreender, analisar e
interpretá-las.
Palavras-chave: Coleta de dados, eleitorado, estimação, margem de erro, pesquisa eleitoral, nível de confiança, tamanho da
amostra.
INTRODUÇÃO
A Estatística é um conjunto de métodos que, utilizando procedimentos matemáticos, visa conhecer e descrever a realidade que nos
cerca; analisar seus fenômenos naturais e sociais; fornecer informações de apoio às Ciências. A Estatística é uma parte da Matemática,
assim como é o Cálculo Integral, a Geometria, a Trigonometria. A Estatística consiste em contar, mensurar (medir), classificar, relacionar,
comparar, prever, testar e analisar os dados que expressam as características desta realidade.
A palavra Estatística foi criada no século XVII, por Helenus Politanus. Foi uma variação do termo Estadística, algo como
conhecimento das coisas do Estado, “Estado”, aqui querendo dizer “governo”. A Estatística, em seus primórdios, já foi chamada de
Matemática Política, por Sir William Petty (1623-1687), um dos primeiros economistas, mas a palavra retorna a tradução para a língua
inglesa, por John Arthubnot (1667-1735), de um trabalho de Huygens (1629-1695) sobre o cálculo de probabilidade, em seus trabalhos
posteriores.
Estatística é trabalho de pesquisa e investigação sobre a realidade. Compreendemos a Estatística através de sua história, uma
história em que homens e mulheres se debruçaram sobre os problemas que surgiam e ainda surgem.
O método estatístico é processo/produto de contar, medir e classificar conjuntos, na maioria, com número muito grande de elementos
- “conjuntos de tamanho infinito” – por se tornarem complexos e trabalhosos, à medida que estes conjuntos cresciam mais e mais de
tamanho.
A questão é conhecer a “realidade”, quando esta realidade é complexa, incerta, irregular, variada e freqüentemente mutável. Têm-se
três processos para conhecer a “realidade”: censo ou recenseamento é o processo de coleta de dados em que todo o conjunto universo é
pesquisado. Todos os elementos do conjunto são estudados, um a um. O censo só termina quando todo o conjunto universo for totalmente
abrangido; levantamento é parecido com o censo, mas é realizado em um subconjunto do universo, chamado de partição, “escolhido”,
segundo informações anteriores que indicam que aquele subconjunto é bastante “representativo” do universo; método estatístico é o
procedimento de descrever universo de qualquer tamanho, analisar as relações entre seus elementos e efetuar todos os processos
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estatísticos de previsão e testes.
A população ou universo em estudo é definido e delimitado, alguns de seus elementos, são “sorteados” para compor um subconjunto
da população chamada amostra. Antes de efetuar este sorteio, o universo é homogeneizado, isto é, deve-se garantir que cada elemento do
universo tem a mesma probabilidade de ser sorteado do que qualquer outro elemento.
A amostra obtida é de tamanho muito menor do que a população. Portanto, passível e possível de ser estudada, isto é, podemos
calcular sobre a amostra uma série de medidas que a descreve. Estas medidas descritivas da amostra são chamadas de estatísticas. São
medidas como a média, a mediana, a variância, o desvio-padrão, o erro-padrão, coeficiente de variabilidade, o nível de confiança, a margem
de erro, entre outras.
As estatísticas descrevem a amostra, ou melhor, traduzem em números a constituição e a relação entre seus elementos. A partir das
estatísticas que descrevem a amostra, é efetuada uma série de cálculos matemáticos com o objetivo de determinar outros números, que são
chamados de parâmetros. Estes parâmetros são medidas estatísticas que descrevem a população. O cálculo dos parâmetros é chamado de
Inferência Estatística.
Os atributos são as qualidades ou características que os elementos de um universo e de uma amostra extraído possuem. Estes
atributos podem ser valorados, isto é, assumir diferentes valores, numéricos ou não, passando a se chamar variáveis. Embora os processos
de amostragem e inferência, sejam baseados no Cálculo de Probabilidade, muitas amostras são coletadas por outros processos
não-probabilísticos ou intencionais, porém mesmo assim, continuam válidas, sob determinadas condições. As variáveis são classificadas de
acordo com o tipo de valores que podem assumir (classe socioeconômica, faixa etária, nível de escolaridade, raça, sexo, tipo de moradia,
entre outros).
Uma variável é quantitativa ou numérica quando assume exclusivamente valores numéricos. É quantitativa discreta quando estes
valores pertencem ao conjunto dos Números Naturais (0, 1, 2, 3, 4, 5,...). Geralmente, estes valores são resultado de um processo de
contagem. Uma variável é quantitativa ou numérica contínua quando pode assumir valores pertencentes ao conjunto dos Números Racionais.
Geralmente, estes valores são resultado de uma medição.
Uma variável é qualitativa ou categórica ou nominal quando pode assumir apenas valores não-numéricos.
APRESENTAÇÃO
Em uma pesquisa de intenção de voto, o universo a ser entrevistado ou pesquisado, é todos os eleitores com idade igual ou superior
a 16 anos, devidamente inscritos, aptos a votar na eleição em referência: Prefeito e Vereador (pleito de 2012). Em função dos problemas de
custo torna-se impraticável consultar todas as pessoas que compõe esse universo, logo temos que nos contentar em entrevistar uma
pequena parcela dessa população que recebe o nome de amostra, porém não pode ser uma pequena quantidade, porque senão
comprometer-se-á a credibilidade da pesquisa.
Os principais fatores utilizados para definir a composição da amostra são: nível socioeconômico, grau de instrução, sexo, faixa etária
- idade. Resumidamente, durante a realização de uma pesquisa existe uma proporção desconhecida de eleitores que pretendem votar em um
determinado candidato, depois da conclusão da entrevista (pesquisa), obtém-se a proporção de eleitores da amostra que manifestaram sua
preferência por certo candidato.
O problema agora é saber como usar essas informações para obter uma estimativa para a proporção de eleitores na população. Uma
forma de se mostrar esses resultados é utilizando intervalo de confiança para a proporção de eleitores da amostra, que pretendem votar em
um determinado candidato.
PESQUISAS-ESTATÍSTICAS E/OU ELEITORAIS
Pesquisa eleitoral é o método utilizado pelos institutos de pesquisa para sondarem, por amostragem, a intenção de voto dos
eleitores, trazendo em seu bojo a função da informação de um quadro diagnosticado, bem como a função de propaganda eleitoral.
Suzana de Camargo Gomes conceitua pesquisas como:
“consultas feitas junto a determinadas faixas da população com a objetividade de restarem aferidas as preferências, as escolhas, as
opiniões, enfim, o pensamento a respeito de determinado ponto ou aspecto. Trata-se de uma coleta de dados por amostragem, posto que
somente parte do universo é investigado, sendo que se chega à conclusão a respeito das manifestações coletadas, utilizando-se para tanto
critérios matemáticos, estatísticos, a permitir, daí, uma avaliação a respeito da opinião pública num determinado momento”.
As informações estatísticas permeiam o cotidiano dos cidadãos, as quais conduzem suas tomadas de decisões. Contudo, muitas
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dessas informações contêm armadilhas, espertezas, logros e manobras matemáticas ou estatísticas, que o cidadão comum não consegue
contestar, por não possuir conhecimentos básicos de Estatística: Estatística Descritiva e Inferência Estatística.
Cada vez mais, assistimos à poluição das informações com estatísticas, gráficos, sobretudo, números de pesquisas eleitorais.
Um exemplo claro da cilada estatística eleitoral, basta lembrar o pleito eleitoral para o Governo do Estado da Bahia para vermos
como a mídia televisiva e impressa usou uma linguagem, que acabou por ser assumida e conhecida pelo cidadão comum. Termos antes
restritos à academia, tais como: amostragem, margem de erro, nível de confiança, adentram nos lares brasileiros no horário nobre da
televisão. Jornais, outdoors, revistas estampam gráficos e números, cada vez mais coloridos, eficientes, envolventes e sofisticados, porém
não são sempre confiáveis e fidedignos.
Desde o início do século XX já se alertava que para ser um cidadão pleno, esse deveria estar capacitado para calcular, pensar em
termos de média, mínimo e máximo, assim como a ler e escrever, neste sentido entendia H. G. Wells que dizia: “Raciocinar estatisticamente
será um dia tão necessário quanto à habilidade de ler e escrever”.
O apelo para o uso da representação gráfica deve-se a eficiência para transmitir informações e por ser visualmente mais prazerosa,
existindo evidências que os formatos gráficos apresentam a informação de uma forma mais amena para as pessoas perceberem,
raciocinarem mais facilmente sobre a informação repassada pela mídia televisada ou outros veículos de comunicação.
Um exemplo claro, simples e muito familiar para qualquer cidadão brasileiro é a pesquisa eleitoral, pois a cada dois anos, o Brasil tem
eleições e a disputa eleitoral tem nos resultados das pesquisas eleitorais, talvez a principal referência.
Nas eleições do pleito de 2006, muitos institutos de pesquisa, conhecidos e conceituados, erraram seus prognósticos de forma muito
grave. O exemplo mais contundente foi da eleição para o Governo no Estado da Bahia, conforme anteriormente dito.
Em termos de votos válidos, o candidato Paulo Souto sempre esteve pelo menos 20% à frente do segundo colocado, o candidato
Jacques Wagner. Do ponto de vista estatístico, com estes dados, a probabilidade de uma reversão da tendência seria infinitamente
pequena, quase impossível. No entanto, não só o candidato Jacques Wagner ultrapassou o candidato Paulo Souto, como o fez com folga,
vencendo o pleito, já no primeiro turno.
Observe-se a importância de informações estatísticas como esta, aqui noticiada, pelo seu impacto na formação de opinião do
eleitorado. Estudos mostram que os resultados das pesquisas eleitorais induzem o eleitor, havendo a propensão ao voto vencedor ou voto
útil. Isto é muito grave, pois o cidadão fica vulnerável a informações como estas, por não compreender o processo estatístico e a utilização
da informação.
Neste caso, queremos não acreditar que tenha havido má-fé no processo estatístico de coleta e análise de dados, uma vez que a
confiabilidade e a credibilidade são dois valores que qualquer instituto de pesquisa de opinião tem por obrigatoriedade almejar. A credibilidade
está em função da maior quantidade de acerto nas pesquisas desses institutos.
Assim, surge a indagação: Por que um erro grave, comprometedor das pesquisas? Levantamos algumas hipóteses, dentre elas a
mais importante é de que a Estatística, assim como qualquer ferramenta científica, parte de pressupostos que devem ser respeitados, tais
como, por exemplo, a distribuição aleatória e representativa da amostra em relação à população em estudo. Um sistema eficiente de controle
de qualidade da coleta de dados - lembrar, quem colhe os dados, são pessoas que na maioria, não tem treinamento adequado para agir com
imparcialidade no momento da entrevista, dentre outras questões operacionais.
Por outro lado, a Estatística é somente uma ferramenta, que cria ou produz dados estatísticos “frios” e “limitados”. Quem dá vida aos
dados, transformando-os em informações relevantes são as pessoas, aquelas que leem e traduzem seus significantes em significados, os
especialistas - cientistas políticos, sociólogos, publicitários, entre outros.
Exatamente, neste ponto, surge a pergunta: Será que esse processo é bastante complexo que um professor, seja de Matemática ou
de qualquer outra área não consiga fazer essas leituras? Sim, acredito que pelo menos entender o processo envolvido na geração desses
dados, tendo em vista que, em tese, esse professor é formado em curso de nível superior, tem a disciplina obrigatória de Estatística Básica.
Mas, se por um lado, a “guerra” política pelos votos dos cidadãos pode desencadear uma disputa acirrada e nada ética, traduzida em
uma “guerra” de informações, onde as palavras, os números e os discursos se transformam em artimanha e astúcia, deixando vulnerável o
cidadão.
A pesquisa eleitoral encontra amparo na liberdade de informação e vem sendo protegida, desde os primórdios da Era Moderna com a
Declaração Universal dos Direitos Humanos: “todo homem tem direito à liberdade de opinião e expressão; este direito inclui a liberdade de,
sem interferência, ter opiniões e de procurar, receber e de transmitir informações e ideias por quaisquer meios independentemente de
fronteiras”.
Por outra vertente, a pesquisa eleitoral tem a capacidade de influenciar e de induzir o eleitorado, bem como de ter seus resultados
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manipulados, maquinados e distorcidos que pode ser convertida em instrumento privilegiado de propaganda.
Do choque entre a liberdade de informação e o potencial para desequilibrar o pleito eleitoral, surgiu à necessidade de controle das
pesquisas eleitorais, fato que motivou o legislador a criar normas para controle. Tais regras estão contidas na Lei 9.504, de 30/9/1997, cujas
normas são regulamentadas pelo Tribunal Superior Eleitoral, através de Resoluções que, em regra, renovam-se a cada eleição. Essa
regulamentação encontra respaldo no artigo 23, inciso IX, do Código Eleitoral e no artigo 105 da Lei 9.504, de 30/9/1996.
Por outro lado, a própria lei lhe possibilita amparo, oportunizando-lhe o direito à informação.
Neste caso específico, a Lei Eleitoral nº 9.504/1997 (art. 33) estabelece as regras das pesquisas eleitorais e possibilita a qualquer
cidadão, frente aos “bastidores” da informação estatística produzida para a divulgação de pesquisas eleitorais, inclusive essas regras são
também regulamentadas pela Resolução TSE nº 20.950/2001 e Resolução TSE nº 21.200/2002.
Se esta faculdade, atribuída por lei, fosse adotada e utilizada por professores de Matemática, articulados com os alunos e
representantes políticos para terem acesso a essas informações, levando-as para Escolas e Faculdades a fim de discutirem aos conceitos
matemáticos e estatísticos envolvidos no processo de coleta dos dados, do plano amostral - distribuição dos entrevistados por bairros ou
regiões, das perguntas formuladas, dentre outros aspectos da pesquisa, certamente fariam repensar aqueles políticos e institutos de
pesquisa que utilizam e abusam da ferramenta estatística.
Nesse sentido, adentro a profundidade da reflexão para mencionar que o professor de Matemática não pode se limitar a ser um mero
repassador de fórmulas e algoritmos, mas deve dar sentido e vida a essa matemática escolar que parece tão distante, mas que se faz cada
vez, mais necessária.
Pesquisa eleitoral e enquete não se confundem por que esta não traz em si a marca da formalidade pertinente a aquela, por se tratar
de mero levantamento de opiniões em uma população, sem controle de amostra que não utiliza método científico-estatístico para a sua
realização, obtidos apenas por participação espontânea do interessado.
As informações que ora apresento são para alertar ao brasileiro, em especial ao público goiano de como contestar estatística de
pesquisa eleitoral, tendo em vista a praxe adotada pela maioria dos institutos de pesquisas estatísticas de intenções de voto nos anos
eleitorais, geralmente manipulam e maquinam dados estatísticos com certa armadilha e esperteza.
O objetivo deste trabalho é desmistificar as ideias pré-concebidas sobre estatísticas eleitorais para se evitar o “fascínio” por
números, percentagens e gráficos ou a ignorância sobre como estes números, percentuais e gráficos são produzidos e turvem o senso
crítico das pessoas.
Não são todas as estatísticas referentes às pesquisas eleitorais veiculadas ao público, principalmente pela mídia televisiva, jornais
ou revistas, distorcidas ou erradas que merece ser consideradas com suspeição, mas muitas vezes, as informações apresentadas e
divulgadas são incompletas ou tendenciosas, se torna difícil acreditar nessas pesquisas.
Para se verificar a confiabilidade e validade de uma pesquisa-estatística eleitoral, seja veiculada por jornal televisivo ou jornal escrito
de grande aceitação e circulação ou revista especializada, deve-se fazer algumas considerações:
Procuremos saber quem está divulgando a estatística: pode ser uma empresa de negociação política, um sindicato na mesma
situação ou uma entidade vinculada ao governo ou uma empresa “independente” especializada em pesquisa e estatística eleitoral que
precisa mostrar resultados sobre pesquisas de intenções de voto ou um jornal ou revista com intenções de divulgar boa matéria, objetivando
informar ao público sobre determinadas situações.
Em anos, mesmo antes da realização do pleito eleitoral, os institutos de pesquisas-estatísticas: Ibope, Data Folha, Vox Populi,
Sensus, Serpes, entre outros, veículos de comunicações locais: TV Anhanguera, TV Serra Dourada, TV Record de Goiás, Jornal ‘O Popular’,
Jornal ‘Tribuna do Planalto’, Jornal ‘O Hoje’, Jornal “Diário da Manhã”, Jornal ‘Daqui’, Revista ou Periódico, entre outros, iniciam suas
pesquisas-estatísticas afetas a intenções de voto aos pretensos candidatos a cargos eletivos, anteriormente ao registro de candidatura
perante o órgão competente: Zona Eleitoral - Cartório Eleitoral, Tribunal Regional Eleitoral ou Tribunal Superior Eleitoral, o primeiro no caso
de eleições municipais.
Procuremos os viesamentos deliberados e inconsistentes aplicados aos resultados da pesquisa-estatística, porque um viesamento
comum é encontrado na forma de apresentar os resultados. Os institutos de pesquisas realizam a sua pesquisa e tabulação dos dados,
fornecendo-os aos veículos de comunicações que a divulgam, afirmando que o candidato x obteve y% de intenções de voto, mas não são
divulgados os parâmetros e variáveis adotadas ou a metodologia utilizada na realização da pesquisa, apenas faz menção de algum critério,
mas não serve de base para a confirmação do que se afirma.
Os institutos de pesquisa em períodos eleitorais atuam como verdadeiros termômetros da vontade popular, tendo em vista
que tem significativa influência na opinião do eleitor. Com isso, surgem as indagações: Como são realizadas as amostragens? Qual a
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confiabilidade dos números divulgados? Por que uma investigação realizada com menos de 1.000 ou um pouco mais de 1.000
pessoas, pode revelar o ânimo de mais de 850.000 eleitores? Qual a empresa-instituto realizou a pesquisa? Qual o grau de credibilidade
e confiabilidade da pesquisa divulgada pelo instituto que a pesquisou? Quem encomendou a pesquisa? A pesquisa obedece aos parâmetros
estatísticos com fidelidade ou é manipulada ou tendenciosa? Quais os critérios estatísticos e matemáticos considerados na tabulação dos
dados e nos resultados? Quais os eventuais erros, a pesquisa em si ou a divulgação dos resultados? O cidadão de bom senso crítico tem
pretensão de ver estas questões respondidas com objetividade.
Se o elaborador da pesquisa utilizar a média aritmética, geométrica, harmônica, ponderada e mediana - medidas de tendência central,
a mais utilizada e a média aritmética, para calcular a porcentagem “média” das intenções de voto ao candidato x, esta média pode ser
dissociada da realidade ou distorcida dos dados coletados na pesquisa por valores discrepantes, por estarem distantes da maioria dos
outros candidatos. A variância, desvio padrão, erro padrão, coeficiente de variação - medidas de dispersão.
Se o elaborador da pesquisa utilizar à mediana para calcular a porcentagem das intenções de voto ao candidato x, esta mediana
divide um conjunto de amostra - parte considerável de dados em duas partes iguais, isto é, uma metade é maior do que a mediana e outra é
menor.
Para melhor compreensão, adota-se a divulgação de pesquisa-eleitoral dos candidatos ao Governo Municipal de Goiânia - Estado de
Goiás, divulgadas pelos Jornais (pesquisa eleitoral estimulada): Tribuna do Planalto de 26 de agosto a 1º de setembro de 2012 (p. 1); O Hoje
de 11 de setembro de 2012 (Política: p. 9) e a pesquisa Ibope/TV Anhanguera de 13 de setembro de 2012 (g1.globo.com/Goiás/eleições
/2012/noticia):
CANDIDATO
PERCENTUAL
CANDIDATO
PERCENTUAL
PAULO GARCIA
40,6%
PAULO GARCIA
32,9%
JOVAIR ARANTES
10,4%
JOVAIR ARANTES
13,8%
ISAURA LEMOS
8,0%
ELIAS JÚNIOR
8,5%
ELIAS JÚNIOR
6,3%
SIMEYZON SILVEIRA
8,0%
PROFESSOR PANTALEÃO
1,1%
ISAURA LEMOS
4,7%
SIMEYZON SILVEIRA
1,1%
PROFESSOR PANTALEÃO
3,0%
JOSÉ NETHO
0,5%
JOSÉ NETHO
1,4%
RUBENS DONIZZETTI
0,1%
RUBENS DONIZZETTI
0,8%
BRANCO/NULO
15,9%
BRANCO/NULO
15,3%
NÃO SABE/NÃO RESPONDEU16,0%
NÃO SABE/NÃO RESPONDEU11,5%
MARGEM DE ERRO
MARGEM DE ERRO
3,5%
ELEITORES PESQUISADOS
2,99%
800 ELEITORES PESQUISADOS
1.070
INSTITUTO DE PESQUISA
IPEM*
INSTITUTO DE PESQUISA
VERITÁ**
REGISTRO NO TRE-GO
00115-2012
REGISTRO NO TRE-GO
00183-2012
PERÍODO DA PESQUISA
21 a 23/8/2012
PERÍODO DA PESQUISA
06 a 09/09/2012
Total: 100%
Total: 99,90%
*Instituto de Pesquisa e Marketing/Jornal Tribunal do Planalto
**Instituto Veritá/TV Record/Jornal O Hoje
CANDIDATO
PERCENTUAL
CANDIDATO
PERCENTUAL
PAULO GARCIA
41%
PAULO GARCIA
38,60%
JOVAIR ARANTES
11%
JOVAIR ARANTES
11,50%
ELIAS JÚNIOR
9%
ELIAS JÚNIOR
6,90%
ISAURA LEMOS
4%
SIMEYZON SILVEIRA
4,10%
SIMEYZON SILVEIRA
4%
ISAURA LEMOS
3,40%
PROFESSOR PANTALEÃO
3%
PROFESSOR PANTALEÃO
1,60%
JOSÉ NETHO
1%
RUBENS DONIZETE
0,40%
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RUBENS DONIZZETTI
1%
JOSÉ NETTO
0,20%
BRANCO/NULO
16%
BRANCO/NULO
16,60%
NÃO SABE/NÃO RESPONDEU10%
NÃO SABE/NÃO RESPONDEU16,70%
MARGEM DE ERRO
MARGEM DE ERRO
4%
ELEITORES PESQUISADOS
3,46%
602 ELEITORES PESQUISADOS
801
INSTITUTO DE PESQUISA
IBOPE*
INSTITUTO DE PESQUISA
SERPES**
REGISTRO NO TRE-GO
00210-2012
REGISTRO NO TRE-GO
00213-2012
PERÍODO DA PESQUISA
10 a 12/9/2012
PERÍODO DA PESQUISA
11 a 15/09/2012
Total: 100%
Total: 100%
*Ibope/TV Anhanguera
**Serpes/Jornal O Popular
Os candidatos em posição central nas intenções de votos, nos resultados divulgados pelos institutos de pesquisas eleitorais, dentre
os sete candidatos com maior intenção de voto: IPEM, o candidato Elias Júnior (6,3%); Instituto Veritá, o candidato Simeyzon Silveira
(8,0%); Ibope, a candidata Isaura Lemos (4,0%); Serpes, o candidato Simeyzon Silveira (4,10%).
A porcentagem de intenções de voto (percentagem mediana) representa melhor a importância do conjunto da amostra da população
pesquisada. Assim, a pesquisa quantitativa divulgada, passa a conferir aval técnico-científico à notícia “espectacularizada”, para lhe dar
maior credibilidade.
Antes de divulgar uma pesquisa-estatística, especialmente uma pesquisa eleitoral se devem procurar os indícios de viesamento: uma
amostra selecionada indevidamente ou que seja muita pequena, permite e conduz uma conclusão não-confiável, além de produzir no
eleitorado uma opinião dissociada da realidade, porque a opinião não se mede e não se pesa, não se toca e não se vê, por ser intangível e
invisível.
Nas pesquisas eleitorais realizadas, aqui mencionadas (conforme quadros de dados extraídos da mídia), o eleitorado pesquisado é
muito mínimo, isto é, uma quantidade muito pequena. O tamanho dessas amostras escolhidas (pesquisadas) não se mostra como adequada,
ideal e suficiente para certas conclusões, por exemplo: afirmar que não haverá segundo turno; os candidatos que figura nos 3º e 4º lugares
nas pesquisas, podem tornar-se, 2º colocado no resultado da eleição, em função de que a quantidade de eleitores que declaram suas
intenções de voto branco/nulo e dos eleitores que não sabem ou não responderam, são percentuais bastante significativos tanto em
Estatística quanto em Matemática.
Por outro lado, os institutos de pesquisas não adotaram um parâmetro correto, hábil e ideal para aferir-se o tamanho certo para uma
amostra adequada e suficiente para extrair as conclusões divulgadas, pois os critérios definidos pelos institutos, por exemplo: nível de
confiança e margem de erro, conforme utilizadas pelos institutos corresponde a uma amostra com uma quantidade maior de eleitores, porém
foram pesquisada uma quantidade menor de eleitores do que a quantidade ideal (tamanho da amostra coerente e correta). Ao final, teremos
os cálculos para demonstrar qual seria o tamanho da amostra ideal com os critérios de nível de confiança e margem de erro, utilizados pelos
institutos.
Assim, poderão ocorrer erros quanto à veracidade da informação do entrevistado: a) o informante pode mentir em relação aos dados
demo-sócio-econômicos; b) o informante pode mentir em relação a sua intenção de voto; c) o informante pode mudar de opinião com ou sem
novo cenário político.
Também podem ter erros quanto à qualidade do levantamento de campo. Com qualquer método de amostragem, o procedimento do
levantamento da informação é fundamental, isto é, a seriedade, a forma criteriosa e a competência da equipe que faz o levantamento dos
dados é o ponto crítico da pesquisa. O projeto da obra civil pode ser perfeito, mas se o mestre e seus operários não forem competentes,
com certeza, cai por desequilíbrio. Ainda podem ter erros inerentes à metodologia estatística.
A estatística não tem pretensão de fazer estimativas exatas, admite o erro como sendo fato inerente e inevitável nos seus
procedimentos de estimação. O erro é um parceiro constante na atividade do profissional estatístico, mesmo na estimação de aspectos
concretos da população, onde se podem usar instrumentos de medida e avaliação. A estimativa por amostragem nestas situações mais
simples estaria sujeita a erros. Aliás, mesmo que se fizesse um censo, que no caso eleitoral ocorre no dia da eleição, não há como eliminar
erros. Não há medida sem erro. A pesquisa é a técnica de conseguir uma prévia com erro previsto, de custo baixo e rapidamente.
Em uma pesquisa de opinião onde o aspecto a ser determinado tem natureza intangível e invisível, se aglutinam em volta da sua
estimativa todas as fontes de erros: a inépcia do entrevistador, a mentira do entrevistado, alteração do cenário político, a mudança de
opinião e o erro amostral, como consequência dessas ações têm-se inevitavelmente avaliações esfumaçadas da realidade.
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No caso da pesquisa de opinião inclusive os cálculos dos parâmetros: erro e confiabilidade podem ser considerados como sendo
ordem de grandeza dos verdadeiros valores. Portanto, pesquisa de opinião é uma área da estatística sujeita a resultados “não precisos”,
inclusive do ponto de vista da medida do erro e da confiabilidade.
Mas, para ter uma avaliação da opinião eleitoral em certo momento, com rapidez, com baixo custo e com alguma confiabilidade, a
pesquisa por amostragem é o melhor procedimento que se pode lançar mão.
Um caso típico de amostra selecionada indevidamente é a pesquisa-estatística resultante da coleta de dados realizada ao
entrevistado que passa pela rua - pergunta típica do entrevistador à pessoa entrevistada: Qual à sua preferência de candidato à Prefeitura
de Palmas? (apresenta uma relação de prováveis candidatos). Neste aspecto o entrevistador, rotineiramente, não questiona se a pessoa
entrevistada é eleitora do Município de Palmas, simplesmente solicita a opinião do entrevistado no mesmo instante.
Neste tipo de procedimento de pesquisa-estatística, o percentual de pessoas que efetivamente respondem aos questionários do
entrevistador, costuma ser representativo, mas não respondem todas as perguntas, também não são obedecidos os critérios, parâmetros e
variáveis imprescindíveis para uma aferição mais coesa e fidedigna estatística e matematicamente, tornando a pesquisa viciada.
O fantasma das fraudes está relacionado à metodologia, se for correta, se a população (universo) for bem delimitada, se a tabulação
(mensuração) dos dados pesquisados for boa, o resultado será fidedigno. Como é difícil errar pesquisa planejada com metodologia científica,
nascem suspeitas de que um ou outro instituto frauda resultados.
O caso de pequena amostra, no caso em referência da pesquisa-estatística de intenções de voto à Prefeitura de Goiânia, os
institutos de pesquisas: IPEM, Veritá, Ibope e Serpes, tão somente, entrevistaram: 800, 1.070, 602 e 801 eleitores, com margem de erro de:
– 3,5% e +3,5%; –2,99% e +2,99%; –4,0% e +4,0%; –3,46% e +3,46%, respectivamente.
Segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística - IBGE, Goiânia tem uma população de 1.302.001 habitantes
(www.censo2010.ibge.gov.br/dados), porém uma população estimada até 1º de julho de 2011 de 1.318.149 habitantes.
Segundo o Tribunal Regional Eleitoral do Estado de Goiás – TRE/GO, Goiânia tem um eleitorado de 850.777 eleitores aptos
(www.tre-to.jus.br), dos quais 469.636 são femininos (55,20%) e 381.140 são masculinos (44,80%). De acordo o Tribunal Regional Eleitoral
este eleitorado está distribuído em relação à faixa etária e sexo, conforme planilha:
Faixa Etária
MasculinoFemininoTotal
Percentual Total
16 anos
1.098
1.277
2.375
0,28%
17 anos
3.228
3.567
6.795
0,80%
18 a 20 anos
24.904
28.409 53.313 6,27%
21 a 24 anos
36.420
41.450 77.870 9,15%
25 a 34 anos
96.949
115.705 212.65425,00%
35 a 44 anos
81.034
98.579 179.61421,11%
45 a 59 anos
88.982
115.510 204.49224,04%
60 a 69 anos
31.068
41.621 72.689 8,54%
70 a 79 anos
13.535
18.228 31.763 3,73%
Acima de 79 anos3.922
TOTAL
5.290
9.212
1,08%
381.140 469.636 850.777100,00%
Quando à amostra é muito pequena, é necessária maior cautela e precaução para se evitar vício ou macula na afirmação conclusiva
da pesquisa-estatística. Por exemplo, uma pesquisa-estatística em uma amostra de 800, 1.070, 602 e 801 pessoas eleitoras (conforme
considerou os institutos), os erros ocorrerão por ser provocada pela insistência destes institutos de pesquisa na utilização de amostragem
por quota, técnica que trabalha com um sistema em que se tenta escolher uma quantidade ínfima da população a ser pesquisada.
O Município de Goiânia possui 850.777 eleitores aptos a votar. A amostra desta população representa: 0,09403% (IPEM); 0,12577%
(Instituto Veritá), 0,07076% (Ibope) e 0,09415% (Serpes) do eleitorado do Município (consideramos cinco casas decimais). Se utilizar uma
amostra bastante pequena, o resultado obtido pode ter ocorrido totalmente por acaso.
Concluímos que, diante destes dados, não podemos afirmar, mesmo adotando as margens de erros consideradas pelos institutos de
pesquisas, aqui citados, mesmo considerando o nível de confiança variando de 95% a 97,5%, tratar de uma pesquisa-estatística com
confiabilidade, credibilidade e fidegnidade conclusiva para um ou outro candidato, até porque os percentuais de intenções de votos
branco/nulos variam de 15,3% a 16,6% enquanto não sabem/não responderam variam entre 10,0% a 16,7%, conforme divulgado pelos
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próprios institutos.
Chamamos a atenção, inclusive para o erro grosseiro praticado pelo Instituto Veritá/TV Record/O Hoje, pois os percentuais de sua
pesquisa estimulada não totalizam 100%, somente, 99,90%. Portanto, há uma diferença significativa de 0,10% em relação à população de
850.777 representam 851 eleitores.
O erro é mais significativo e grosseiro, se analisarmos e observarmos a divulgação de pesquisa-eleitoral dos candidatos ao Governo
Municipal de Goiânia - Estado de Goiás, divulgadas pelo instituto Veritá referente à pesquisa eleitoral estimulada e espontânea: O Hoje de 11
de setembro de 2012 (Política: p. 9):
ESTIMULADA
ESPONTÂNEA
CANDIDATO
PERCENTUAL
CANDIDATO
PERCENTUAL
PAULO GARCIA
32,9%
PAULO GARCIA
30,3%
JOVAIR ARANTES
13,8%
JOVAIR ARANTES
13,5%
ELIAS JÚNIOR
8,5%
ELIAS JÚNIOR
8,3%
SIMEYZON SILVEIRA
8,0%
SIMEYZON SILVEIRA
7,9%
ISAURA LEMOS
4,7%
ISAURA LEMOS
4,5%
PROFESSOR PANTALEÃO
3,0%
PROFESSOR PANTALEÃO
2,5%
JOSÉ NETTO
1,4%
JOSÉ NETTO
1,1%
RUBENS DONIZETE
0,8%
RUBENS DONIZETE
0,7%
BRANCO/NULO
15,3%
BRANCO/NULO
16,4%
NÃO SABE/NÃO RESPONDEU11,5%
NÃO SABE/NÃO RESPONDEU12,7%
MARGEM DE ERRO
MARGEM DE ERRO
ELEITORES PESQUISADOS
2,99%
1.070
2,99%
ELEITORES PESQUISADOS
1.070
INSTITUTO DE PESQUISA
VERITÁ*
INSTITUTO DE PESQUISA
VERITÁ**
REGISTRO NO TRE-GO
00183-2012
REGISTRO NO TRE-GO
00183-2012
PERÍODO DA PESQUISA
06 a 09/09/2012 PERÍODO DA PESQUISA
Total: 99,90%
* Instituto Veritá/TV Record/Jornal O Hoje
06 a 09/09/2012
Total: 97,90%
**Instituto Veritá/TV Record/ Jornal O Hoje
Mais uma vez, chamamos a atenção, inclusive para o erro flagrante, grave e grosseiro praticado pelo Instituto Veritá/TV
Record/Jornal O Hoje, pois os percentuais de sua pesquisa espontânea não totalizam 100%, somente, 97,90%. Portanto, há uma diferença
de 2,10% em relação à população de 850.777 representam 17.866 eleitores. Este percentual pode conduzir a eleição em favor de um ou
outro candidato, dependo da circunstancia que vier a ocorrer ainda durante o processo eleitoral.
O pesquisador deverá tomar todos os cuidados e cautelas ao selecionar os elementos e variáveis da amostra, antes de iniciar-se a
pesquisa, adotar critérios qualitativos e quantitativos e portar-se com maior honestidade e ética imaginável, porém, mesmo assim, a chance
de um resultado ser “por acaso” é muito elevado.
Quando a amostra da população é grande (entre 1% a 5% da população) ou muito elevada (10% da população), aquele risco
persiste, mas a probabilidade de sua ocorrência se reduz drasticamente.
Por exemplo, se um instituto de pesquisa-estatística afirmar ou dizer que a intenção de voto para as eleições municipais de 2012
para Prefeito de Goiânia do candidato X é de y%. Três ou seis meses depois vier a afirmar de que a intenção de voto ao candidato X subiu
para (y% + z%) ou baixou para (y% – z%). Com isso, foi provado estatisticamente de que o candidato X será eleito ou derrotado nas
eleições municipais.
O que o eleitor fará? Observamos o tamanho das amostras adotadas pelos institutos de pesquisas, apenas 800; 1.070; 602 e 801
eleitores pesquisados, a percentagem de intenções de voto obtidas, no caso destas amostras divulgadas poderia ter ocorrido totalmente por
acaso.
Um dos casos mais intrigantes para nós - brasileiros, é o resultado de pesquisa eleitoral. É plenamente possível obter resultados
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confiáveis, fiéis e válidos, se utilizarmos de metodologia de amostragem e tratamento de dados adequados e coerentes. Mas, não esqueça
que há uma variação em torno dos percentuais divulgados (–3,5% e +3,5%; –2,99% e +2,99%; –4,0% e + 4,0%; –3,46% e +3,46%),
geralmente há uma pequena probabilidade de o valor ser “verdadeiro”, tendo em vista o percentual estar naquele intervalo de erro.
No caso de a amostra ser pequena, menor do que 1% da população é coerente e conveniente para a confiabilidade e fidelidade da
pesquisa que a margem de erro seja de –5% para +5%, com nível de confiança de 95%.
Devemos considerar: Estatística é a ciência que trata da coleta, análise e disposição de dados; na estatística descritiva, são
descritas várias formas de medição e análise de dados; população é todo que se quer descrever (eleitores aptos a votar no Município de
Goiânia); qualquer eleitor representa um grupo (amostra); amostragem é o retrato do momento; a pesquisa é preparação do questionário e a
efetivação da entrevista de qualquer eleitor, considerando os atributos qualitativos; perfil é a definição das características de um eleitor;
margem de erro; grau de confiabilidade depende do alvo a ser atingido; estratos: renda familiar (baixa, média e alta), nível de escolaridade
(analfabeto, lê e escreve, 1º grau incompleto, 1º grau completo, 2º grau incompleto, 2º grau completo, 3º grau incompleto e 3º grau completo),
faixa etária - idade (16 a 17 anos, 18 a 25 anos, 26 a 35 anos, 36 a 45 anos, 46 a 55 anos, acima de 55 anos), setor residencial (norte,
centro norte, centro, centro sul, sul, zona rural, zona suburbana), sexo (masculino, feminino, homo-afetivo), religião (ateu, budista, católico,
espírita, evangélico, entre outros), dentre outros.
A inferência estatística é o processo de se obter informações para tomar decisões sobre uma população. Inferência estatística é o
processo pelo qual estatísticos extraem conclusões acerca da população usando informação de uma amostra. A população se refere a todos
os casos ou situações as quais o pesquisador quer fazer inferências ou estimativas. Uma amostra é um subconjunto da população usado
para obter informação acerca do todo. Características de uma população que diferem de um indivíduo para outro e as quais se tem interesse
em estudar são chamadas variáveis. Cada unidade - membro da população que é escolhido como parte de uma amostra fornece uma medida
de uma ou mais variáveis, chamadas observações.
Nas pesquisas eleitorais, quase todos os institutos de pesquisas, utilizam estimativas de uma amostra como “melhor chute” para os
verdadeiros valores populacionais. Exemplos são a média amostral, a mediana amostral, o desvio padrão amostral, o erro padrão amostral,
os quais estimam a verdadeira média, mediana, desvio padrão e erro padrão da população ou da amostra, que são desconhecidos. Os
verdadeiros desconhecidos são valores populacionais ou amostrais chamados parâmetros.
Devemos realizar cautelosamente o teste de hipótese que é a verificação das hipóteses sobre a população, mediante os critérios e
variáveis estatísticas. O erro é cumulativo na estatística, por isso requer um cuidado maior. O erro surge quando se elimina ou rejeita alguma
casa decimal ou centesimal que deveria considerá-la. A não significância consiste no valor da probabilidade de se cometer um erro. O poder
do teste consiste na probabilidade de rejeição.
As influências mais relevantes que se observam com os resultados das pesquisas eleitorais que se divulgam, costuma ocorrer em
três campos do processo eleitoral: a) no ânimo da militância quando o pleito envolve candidatos com algum enraizamento em segmentos
sociais organizados; b) na capacidade de captação de financiamento privado para a disputa; c) no trabalho do marketing político e
desempenho midiático que as intenções de votos publicadas por meio de pesquisas migram de uma zona de influência para outra. Para os
dois últimos campos, a difusão das pesquisas de intenção de voto cumpre um papel fundamental na elaboração e desenvolvimento do
programa de campanha.
A margem de erro é calculada erroneamente. Por exemplo, no caso da eleição municipal, a margem de erro é muito menor para os
candidatos: Professor Pantaleão, Simeyzon Silveira, José Netho e Rubens Donizzetti (IPEM); Professor Pantaleão, José Netho e Rubens
Donizzetti (Instituto Veritá); Isaura Lemos, Simeyzon Silveira, Professor Pantaleão, José Netho e Rubens Donizzetti (Ibope) e Isaura Lemos,
Professor Pantaleão, Rubens Donizzetti e José Netho (Serpes) do que para os candidatos: Paulo Garcia, Jovair Arantes, Isaura Lemos e
Elias Júnior (IPEM); Paulo Garcia, Jovair Arantes, Elias Júnior, Simeyzon Silveira e Isaura Lemos (Instituto Veritá); Paulo Garcia, Jovair
Arantes, Elias Júnior (Ibope) e Paulo Garcia, Jovair Arantes, Elias Júnior e Simeyzon Silveira (Serpes).
Tudo depende do procedimento amostral. Matematicamente, quanto mais próximo da faixa percentual de 50%, maior a margem de
erro, quanto mais próximo do percentual de 100% ou 0%, menor a margem de erro.
As pesquisas de opinião eleitoral baseiam-se no fundamento da análise estatística que para se obterem indicadores de uma
população, basta consultar somente uma parte - amostra, representativa dessa população. Os resultados derivados são chamados de
estimativas dos parâmetros populacionais. Portanto, passíveis de erro, o chamado erro amostral. Assim, toda e qualquer pesquisa que não
entrevista o conjunto do universo tem erro de estimativa, que é calculado em função principalmente do tamanho da amostra e da maior ou
menor homogeneidade da população pesquisada. Para um mesmo desenho de amostra, há uma relação inversa entre erro amostral e
tamanho da amostra, isto é, quanto maior é o tamanho da amostra, menor é o erro amostral, vice-versa. A mesma relação inversa se dá
entre o nível de homogeneidade do universo pesquisado e o erro amostral: quanto mais homogêneo é o conjunto da população, tanto menor
é o erro amostral, vice-versa.
A técnica estatística permite que se possa calcular e circunscrever esse erro a um dado intervalo de variabilidade. A maneira como
se interpretam os resultados de uma pesquisa eleitoral depende, dentre outros fatores, da magnitude do erro incorrido nas estimativas. Por
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exemplo, um candidato que obteve em uma pesquisa eleitoral estimulada 32,9% de intenção de voto, em um levantamento cujo erro, para
mais ou para menos, a conhecida “margem de erro”, foi somente de –2,99% e +2,99%, podem ter 29,91% ou 35,89% dessas intenções.
Caso considere a pesquisa eleitoral espontânea, 30,3% de intenção de voto, pode ter 27,31% ou 33,29% das intenções ou qualquer número
dentro desses intervalos.
Estes intervalos de variabilidade das intenções de voto para um erro amostral de –2,99% e +2,99%, em uma pesquisa em que os
candidatos obtiveram uma estimativa média de intenção de voto, conforme consignado nas planilhas. Outra maneira de interpretar o
resultado conseguido por certo candidato, já aplicando algum conhecimento de inferência estatística, é dizer que este determinado candidato,
por ter obtido certo percentual de intenção de voto na amostra (na pesquisa), deve esperar receber entre a soma de suas intenções com a
margem de erro para mais ou para menos, de votos da população.
A fórmula apresentada calcula a amostra ideal para uma pesquisa quantitativa quando conhecido o tamanho da população e a
margem de erro desejada.
Por outro lado, permite-se calcular a margem de erro da amostra, quando conhecido o tamanho da amostra e da população.
Importante ressaltar que essa fórmula simplificada que pode ser aplicada em condições ideais, nota-se, que existem outros aspectos
que deve ser analisados para o cálculo de uma amostra ideal de pesquisa.
Acreditamos ser útil explicar:
Este tipo de pesquisa de intenção de votos, chamada de “inferência sobre a proporção de uma população”, já que se quer retirar
conclusões sobre o percentual de pessoas disposta a apontar aquela determinada resposta.
Uma fórmula mais simplória para determinar o tamanho da amostra para uma população infinita com mais de 100.000 pessoas é dado
por:
n→ tamanho da amostra; Zα/2→ valor crítico da distribuição normal padrão correspondente ao nível de confiança desejado (Tabela
Normal Padrão); p→ proporção que certa resposta terá na população; q→ proporção que certa resposta terá na população (1 – p); e→
margem de erro pretendida.
Alguns valores da Tabela Z com seus respectivos valores:
Nível de ConfiançaZα/2Nível de ConfiançaZα/2
50%
0,67 60%
0,84
68%
1,00 70%
1,04
78%
1,23 80%
1,28
85%
1,44 90%
1,65
92%
1,75 94%
1,88
95%
1,96 95,5%
2,00
96%
2,05 96,5%
2,11
97%
2,17 97,5%
2,24
98%
2,40 99%
2,58
99,5%
3,00 99,6%
3,08
99,7%
3,15 99,9%
3,29
Utilizou-se com duas casas decimais o valor crítico da distribuição normal padrão para o nível de confiança
Observe-se que ainda vamos saber a pesquisa, não sabemos p, já que p é a proporção de respostas na população. (1 – p) é o
percentual de outras respostas, p varia entre 0 e 1. Neste caso, o pior resultado possível, que irá resultar na maior amostra possível é p =
0,50, que fará com que p × (1 – p) seja igual a 0,25.
Zα/2 é o valor crítico da distribuição normal (Teorema do Limite Central é à base da Teoria de Amostragem), na prática é a
determinação do nível de confiança.
A margem de erro é determinada por quem contrata a pesquisa. É um indicador amplamente conhecido.
O que poucas pessoas conhecem é o intervalo de confiança, que é um valor de suma importância quanto à margem de erro.
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Por exemplo, quando se fala em 95% de nível de confiança, dizemos que, há uma probabilidade do candidato estar situado dentro da
margem de erro. Mas, existem 5% de chance deste candidato estar fora. Na verdade 2,5% de chances de certo candidato ter mais do que o
que atribuiu (mais a margem de erro) e 2,5% de chances de ser menos.
Por exemplo, na Pesquisa IPEM, Jovair Arantes está com 10,4% (com margem de erro de 3,5% e nível de confiança de 96,5%).
Diz-se que este candidato pode estar entre 6,9% (10,4% – 3,5%) e 13,9% (10,4% + 3,5%), dentro da margem de erro. Mas, na verdade este
candidato tem 1,75% de chances de ter mais do que 13,9% e 1,75% de chances de ter menos de 6,9%. São resultados fora da margem de
erro.
O nível de confiança de 95% é o padrão das pesquisas eleitorais. Esperamos que em cada 20 pesquisas divulgadas, uma que é 5%
esteja errada, infelizmente é assim. Mas, esperamos que dezenove que é 95% estejam corretas. Como os eventos (pesquisas) são
independentes, isso irá variar.
O erro padrão reflete diretamente no nível de confinação, por estar correlacionada entre si a margem de erro e ao nível de confiança:
Ep→ erro padrão; p→ proporção que certa resposta terá na população; q→ proporção que certa resposta terá na população (1 – p);
n→ tamanho da amostra.
Esta é a razão pela qual uma pesquisa eleitoral pode ter um resultado diferente, mesmo com a amostragem, sendo bem realizada,
com estratos bem definidos. A pesquisa pode errar, isso é fato. Mesmo sendo bem feita, mas não sempre é o caso.
Vamos fazer os cálculos para determinar o tamanho da amostra ideal para as situações consideradas pelos institutos de pesquisas:
Se fizermos os cálculos com 96,5% de nível de confiança e margem de erro com 3,5% para encontrar o tamanho da amostra ideal:
→
→ n = 909 eleitores.
→
Para que a pesquisa eleitoral pudesse ser confiável e fidedigna, deveria ter sido pesquisado, no mínimo, 909 eleitores pelo IPEM.
→
→ Ep = 1,77%.
→
Como o valor encontrado da margem de erro corresponde a um desvio, para dois desvios (96,5%), temos: 1,77%× 2 = 3,54%. Nível
de confiança de 96,5% e a margem de erro mínima deveria ser de 3,54%.
Se fizermos os cálculos com 97,01% de nível de confiança e margem de erro com 2,99% para encontrar o tamanho da amostra ideal:
→
→ n = 1.317 eleitores.
→
Para que a pesquisa eleitoral pudesse ser confiável e fidedigna, deveria ter sido pesquisado, no mínimo, 1.317 eleitores pelo Instituto
Veritá.
→
→ Ep = 1,53%.
→
Como o valor encontrado da margem de erro corresponde a um desvio, para dois desvios (97,01%), temos: 1,53%× 2 = 3,06%. Nível
de confiança de 97,01% e a margem de erro mínima deveria ser de 3,06%.
Se fizermos os cálculos com 96% de nível de confiança e margem de erro com 4% para encontrar o tamanho da amostra ideal:
→
→
→ n = 657 eleitores.
Para que a pesquisa eleitoral pudesse ser confiável e fidedigna, deveria ter sido pesquisado, no mínimo, 657 eleitores pelo Ibope.
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→
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→ Ep = 2,04%.
→
Como o valor encontrado da margem de erro corresponde a um desvio, para dois desvios (96%), temos: 2,04%× 2 = 4,08%. Nível de
confiança de 96% e a margem de erro mínima deveria ser de 4,08%.
Se fizermos os cálculos com 96,54% de nível de confiança e margem de erro com 3,46% para encontrar o tamanho da amostra ideal:
→
→ n = 930 eleitores.
→
Para que a pesquisa eleitoral pudesse ser confiável e fidedigna, deveria ter sido pesquisado, no mínimo, 930 eleitores pelo Instituto
Serpes.
→
→
→ Ep = 1,77%.
Como o valor encontrado da margem de erro corresponde a um desvio, para dois desvios (96,54%), temos: 1,77%× 2 = 3,54%. Nível
de confiança de 96,54% e a margem de erro mínima deveria ser de 3,54%.
Nestes casos as pesquisas realizadas pelos Institutos IPEM, Veritá, Ibope e Serpes deveriam ter adotado uma margem de 5% e um
nível de confiança de 95% para que pudesse ter mais confiabilidade, credibilidade e fidelidade nos dados divulgados.
Mas qual é a segurança que se tem de que as estimativas dessas pesquisas de intenção de voto retratem a verdadeira preferência
de toda a população (eleitores aptos a votarem de Goiânia-GO), quer dizer, como ter certeza de que as intenções de voto da população por
aquele candidato situam-se entre os percentuais consignados nas planilhas? Fazendo a pergunta de outra forma: Se a eleição fosse hoje
(nas datas das pesquisas) como se poderia assegurar que o certo candidato receberia uma votação de, no mínimo, suas intenções de voto
subtraída da margem de erro ou suas intenções de voto somada da margem de erro?
Certeza absoluta não se tem, mas podemos estabelecer estatisticamente, certo nível de confiança que indique uma alta probabilidade
de aquelas estimativas espelharem a realidade. O nível de confiança é determinado de comum acordo entre o instituto de pesquisa e o
cliente (quem contratou a pesquisa).
Uma pesquisa realizada praticamente um mês antes da eleição é somente um indicativo do grau de conhecimento do eleitorado em
relação aos candidatos e uma medida da simpatia ou antipatia ou aceitação ou rejeição que cada uma das pessoas pesquisadas desperta
em relação aos candidatos. Afirmamos com certeza, o cenário de hoje não será o do dia da votação (eleição: 7/outubro/2012). Mas, diante
desta ressalva, a pesquisa mostra tendências, dificuldades e incoerências bem divergentes da realidade, por si só, cria um fato político.
CONCLUSÕES
As pesquisas eleitorais sempre foram tema de polêmica desde que começaram a ser realizadas pelo Ibope em 1945. Desta época
em diante, as pesquisas de intenção de voto passaram a ser comuns nas eleições brasileiras. Muitos institutos surgiram e as técnicas e
métodos por eles utilizados foram se aperfeiçoando. Mas, sempre que o Brasil passa por um novo processo eleitoral, as mesmas polêmicas,
envolvendo as pesquisas, voltam à mídia.
Concluímos que a inferência estatística deve considerar, sobretudo, as variáveis qualitativas e quantitativas conduzidas na
população para se extrair uma amostra considerável para realização da análise da estatística descritiva em função da probabilidade de um
evento (atributo ou estrato) ocorrer e que possa ou não resultar em erro.
Os parâmetros da população a ser adotados: a média, a variância, o desvio padrão, o erro padrão, nível de confiança, intervalo de
confiança, a margem de erro, entre outros, para conduzi-los a inferência e ao método de amostragem com análise de estimativa destes
parâmetros em relação à amostra considerada (subconjunto da população). A amostra deveria, no mínimo, ser de 0,25% a 0,50% da
população. No caso da pesquisa de intenção de voto divulgada para a Prefeitura de Goiânia pelos jornais impressos e televisivos, os quais
contrataram as pesquisas dos institutos: IPEM, Instituto Veritá, Ibope e Serpes deveriam ter pesquisado de 2.127 a 4.254 eleitores aptos a
exercer o direito de voto, no mínimo.
O estatístico sem domínio da lei aleatória que rege a seleção da amostra é impedido de conhecer as propriedades das estimativas.
Ademais, compromete o cálculo, mesmo aproximado, do erro e do intervalo de confiança das estimativas. O desconhecimento da lei de
seleção (métodos não probabilísticos) determina não existência de embasamento teórico do método de estimação, não gera fórmula do
cálculo do erro e da confiabilidade. Estes são realizados por fórmulas gerais baseadas em propriedades de grandes amostras.
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Neste trabalho procuramos dar uma ideia dos problemas enfrentados pelos Institutos de Pesquisas, durante a realização de uma
pesquisa de intenção de voto, mostrou-se os possíveis erros que poderão acontecer bem como as fórmulas utilizadas para determinar o
tamanho da amostra.
Os defensores da ideia de que as pesquisas sejam proibidas, argumentam que a divulgação das pesquisas teria uma forte influência
nos resultados finais da eleição. Não há dúvida que deverá existir um controle rigoroso por parte da imprensa, pelo Juiz Eleitoral, Tribunal
Regional Eleitoral, Tribunal Superior Eleitoral, sobretudo, pela sociedade.
É necessário que as informações sobre determinada pesquisa seja disponibilizada para todos os interessados, permitindo que a
seriedade seja avaliada. A ideia de proibir a realização das pesquisas ou impedir a sua divulgação nos parece não ser aceitável, pois de uma
forma ou de outra as pesquisas continuam a ser realizadas e divulgadas de uma forma camuflada nos meios de comunicação, onde a
sociedade não privilegiada seria a grande prejudicada.
Não pretendemos aqui discorrer sobre métodos estatísticos, mas apenas trazer algumas informações da estatística quando usada
nas pesquisas sociais (eleitorais). Há outros pontos (especialmente sobre estatística) que ficaram de fora, os quais podem ser estudos em
obras específicas desta ciência. Mesmo em se tratando de pesquisa social, não se pretendeu esgotar o tema, mas apenas compartilhar
informações assimiladas quando da realização da pesquisa que aqui foi relatada que poderá auxiliar o cidadão, o político, a imprensa quando
este se defrontar com a análise de alguma pesquisa.
Entendemos que as pesquisas eleitorais podem ser usadas como instrumento privilegiado de propaganda, com poder para
desequilibrar o pleito, o legislador buscou, através da legislação pertinente, impor regras à divulgação das pesquisas, mas se tem mostrada
ineficiente.
O aparato legislativo existente visa a proteger o eleitor da divulgação de dados imprecisos, incorretos ou manipulados e se configura
em grande avanço rumo ao combate à fraude na realização e divulgação da pesquisa eleitoral, porque torna possível a qualquer dos
candidatos que disputam o pleito o controle da mesma.
O Poder Judiciário Eleitoral tem contribuído com a idoneidade do processo de pesquisa eleitoral, cabendo-lhe exercer papel
administrativo na avaliação do registro e divulgação da pesquisa, já que não tem conhecimento técnico suficiente para averiguação dos
dados e escolha de métodos depositados em Cartório. O Judiciário deveria ter especialista para as análises estatísticas registradas, para
coibirem as pesquisas distorcidas dos dados e dissociadas da realidade fática.
As pesquisas eleitorais traduzem em argumentação. A argumentação é um recurso que tem como propósito convencer alguém, para
que esse tenha a opinião ou o comportamento alterado (acompanhar a opinião divulgada pela pesquisa). Sempre que faço alguma
argumentação, tem-se o intuito de convencer alguém a pensar como penso. No momento da construção textual, os argumentos são
essenciais, esses serão as provas que se apresenta, com o propósito de defender a ideia e convencer o leitor de que essa argumentação é
a correta.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
BARBETTA, P. A. Estatística Aplicada às Ciências Sociais. UFSC, Florianópolis, v.2, 2000.
BUSSAB, W. O. & MORETTIN, P. A. Estatística Básica. 5. ed. Atual: São Paulo, 2002.
COSTA NETO, P. L. O. Estatística. 2.ed. São Paulo: Edgard Blücher, 2002.
FONSECA, J. S. & MARTINS, G. A. Curso de Estatística. 6.ed. Atlas: São Paulo, 1996.
LINS, Newton. Propaganda eleitoral: comentários jurídicos, pesquisas eleitorais, publicidade de governo em ano eleitoral. 2.ed.
Brasília: Brasília Jurídica, 2006.
MENDONÇA JÚNIOR, Delosmar. Manual de Direito Eleitoral. Salvador: JusPodivm, 2006.
PINTO, Djalma. Direito Eleitoral: Anotações e temas polêmicos. 3.ed. Rio de Janeiro: Forense, 2000.
Autor
Mário Ferreira Neto (http://jus.com.br/revista/autor/mario-ferreira-neto)
Professor aposentado da docência do ensino médio da rede estadual de ensino do Tocantins e da docência do ensino superior. Contador
judicial aposentado do Tribunal de Justiça do Estado do Tocantins. Especialista em matemática e estatística pela Universidade Federal de
Lavras (MG). Especialista em orientação educação pela Universidade Salgado de Oliveira – RJ. Especializando em MBA em perícia judicial
e auditoria pela Pontíficia Universidade Católica de Goiás, em convênio com o IPECON.
Informações sobre o texto
27/9/2012 13:26
Como contestar pesquisa eleitoral? - Revista Jus Navigandi - Doutrina ...
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http://jus.com.br/revista/texto/22667/como-contestar-pesquisa-eleitoral...
Como citar este texto (NBR 6023:2002 ABNT):
FERREIRA NETO, Mário. Como contestar pesquisa eleitoral?. Jus Navigandi, Teresina, ano 17 (/revista/edicoes/2012), n. 3371 (/revista/edicoes
/2012/9/23), 23 (/revista/edicoes/2012/9/23) set. (/revista/edicoes/2012/9) 2012 (/revista/edicoes/2012) . Disponível em: <http://jus.com.br/revista/texto
/22667>. Acesso em: 27 set. 2012.
27/9/2012 13:26
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