Capítulo 15 - MARKETING POLÍTICO X MARKETING ELEITORAL Foi com a volta das eleições diretas que o Brasil começou a buscar novas formas de realização de política. Estamos nos referindo aos anos 80, época em que o horário eleitoral gratuito veiculado pela mídia televisiva também retorna. Segundo Carvalho “as novas regras para o fazer político apoiados em um saber que lhe é precedente, o marketing comercial ou publicitário, mas que exige um esforço de adequação às peculiaridades do produto (a política) e o conhecimento das nuanças de um mercado onde o que se oferece e se consome são imagens e não bens materiais”. Mas a grande diferença é que o produto nesse caso é um ser humano, passível de mudanças e comportamentos que possam ou não ser agradáveis aos seus eleitores. O Marketing Político pode ser definido como sendo a capacidade de utilização dos princípios do marketing geral em atividades políticas como em governos, partidos políticos ou ainda na trajetória dos próprios políticos. Mas é preciso observar que as estratégias do Marketing Político não são utilizadas apenas em período eleitoral, ao contrário, muitas vezes a eleição de um determinado candidato pode ser atribuída aos esforços de Marketing Político desenvolvidos muitos anos antes do período eleitoral. O político deve ter como meta principal suprir as necessidades daqueles que são os seus eleitores em consonância com as idéias de seu partido e com as ferramentas do Marketing Político é possível chamar a atenção destes eleitores e ganhar suas preferências. A maioria dos autores concorda que as técnicas de Marketing Político não têm a mesma intensidade se não houver um plano de marketing bem elaborado e que respeite aos seguintes itens: 1. O candidato – escolhido pela maioria de seu partido, o candidato deverá possuir bastante representatividade para despertar a atenção do eleitorado; 2. O eleitorado – representando o público-alvo que se deseja atingir, deve receber tratamento diferenciado, variando de acordo com suas necessidades, pensamentos e ideologias; 3. As oportunidades e ameaças – representam o que está a favor ou contra o candidato no contexto da candidatura. Como no Marketing de produtos as oportunidades devem servir de estimulo e força para a campanha, enquanto que as ameaças devem ser eliminadas e quando possível convertidas em oportunidades; 4. A imagem apresentada – representa o tipo de postura e comportamento do candidato no decorrer da campanha, ainda que o mesmo esteja em momento particular. Vale observar que a imagem do candidato não deve ser modificada apenas para fins eleitoreiros; 5. A mensagem a ser emitida – diz respeito a tudo que será ouvido pelos eleitores. A mensagem deve despertar o interesse de quem vai ouvi-la. Ela deve inspirar verdade e confiança, jamais metas inalcançáveis; 6. Definição do cronograma de atividades – neste deverão conter os eventos e suas respectivas datas de realização. Viagens, visitas, entrevistas, gravações, comícios, dentre outras atividades peculiares de candidatos em campanha devem ser contempladas nesse cronograma. Para alguns autores como Miguel Reale Junior o Marketing Político representa o fim do voto de cabresto praticado pelos velhos coronéis. Segundo o Reale “o marketing político pode ser destacado como uma conquista da democracia e exercício ativo da cidadania, na medida em que, segundo suas palavras, o coronelismo, os currais eleitorais, o clientelismo perdem força, o eleitorado, liberto das amarras do obscurantismo e da subserviência, requer a prática do marketing político como técnica de cooptação e persuasão. Dentro do Marketing Político destacamos a importância da fixação de uma marca que poderá ser representada pelo candidato em si ou ainda por seu partido. Como acontece no Marketing de produtos e serviços a idéia é chegar a uma fidelização. Não interessa que o eleitor vote apenas uma vez, ao contrário, o que se busca é que o candidato conquiste a confiança do eleitor, assim seu voto será um acontecimento natural. Uma fez conquistada a fidelização por parte dos eleitores os candidatos só precisam se preocupar com a manutenção de sua imagem e cuidar para que nada venha a destruir. Uma imagem ultrajada poderá demorar bastante tempo para ser recuperada, assim é bem mais fácil se preocupar apenas em conservá-la. Todo não passa de um processo de troca As ferramentas do Marketing Político tornaram-se indispensáveis para qualquer candidatura. Se tomarmos por base a definição elaborada por Phlip Kotler acerca do marketing que o define como sendo ”a atividade humana dirigida á satisfação das necessidades e aos desejos através de um processo de troca” poderemos aplicá-la ao Marketing Político. O eleitor apresenta uma necessidade de satisfação de algumas necessidades básicas como saneamento básico, emprego ou moradia. Os candidatos em troca oferecem a possibilidade de suprimento dessas necessidades e recebem dos primeiros o voto. Necessidade dos eleitores Promessa dos candidatos VOTO Para se chegas até o voto as ferramentas do Marketing Político precisam se preocupar com três componentes importantes: Componente ideológico – representado pela relação consciente de combinação de pontos de vista a respeito de questão de relevância social; Componente político – nesse caso a história do candidato, bem como de seu partido são as maiores responsáveis pela escolha dos eleitores; Componente eleitoral – é o campo de ação das estratégias do Marketing Político. Representa o esforço de candidatos e assessores na busca pela conquista dos eleitores. Quanto maior o número de eleitores maiores são as ações a serem executadas. Mas, qual seria a diferença real entre Marketing Político e Marketing Eleitoral? Para que possamos entender a diferença entre ambos precisamos ter em mente que nenhum sucesso político acontece de uma hora para outra, muitas vezes são necessários anos de muito trabalho e construção de imagem positiva. Porém, algumas ações imediatas às vezes não necessárias serem executadas e a diferença reside exatamente nesse ponto. Enquanto o Marketing Político diz respeito à formação gradual de uma imagem, uma construção de longo prazo é de vital importância para aquelas pessoas que pretendem passar muitos anos na política, ou seja, aqueles que desejam construir uma carreira política. Já o Marketing Eleitoral é utilizado para realizar ações imediatas, de curto prazo. Geralmente refere-se a utilização de ferramentas de comunicação destinadas a normalização de uma situação. Por exemplo, um candidato pode providenciar um pronunciamento extraordinário para desmentir um boato negativo a respeito de sua imagem. Neste caso ele se utilizou das ferramentas que o Marketing Eleitoral lhe oferece.