responsabilidade social nas empresas

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RESPONSABILIDADE SOCIAL NAS EMPRESAS
Everton Vale1
No mundo dos negócios, a questão da responsabilidade social das empresas vem
sendo polêmica, pois ainda não está bem claro para os empresários brasileiros o que é ser
socialmente responsável. Essa falta de clareza é decorrente do fato de que a classe empresarial
não foi educada para assumir um papel social, mas somente financeiro. Contudo, no atual
contexto, as empresas estão se tornando protagonistas das mudanças sociais, fazendo-se
necessária a participação maciça dos empresários. No entanto, estão surgindo projetos sociais
incoerentes. Então, como agir?
Existem algumas maneiras de ser socialmente responsável. Como exemplo, temos a
filantropia. Desde que feita com muita seriedade, possibilita que as instituições adquiram
recursos para fazerem o necessário, sem distorções, como as que acontecem com alguns
projetos sociais de empresas, nos quais muito dinheiro é gasto, mas não com o que a
sociedade realmente precisa. Além do mais, as instituições já estão treinadas e dedicam todo o
tempo para o projeto social.
Porém, a filantropia diminui a responsabilidade da empresa e, também, tem o fato de
que as empresas normalmente bancam projetos por, no máximo, um ano, ou seja, projetos
sem continuidade. Além do mais, se a empresa passar por alguma dificuldade financeira, o
primeiro corte no orçamento será feito na verba que é repassada à instituição. Agindo dessa
maneira, o nome da empresa não é afetado, porque a empresa “já fez a parte dela”. Mas e as
pessoas beneficiadas pela instituição até então contemplada com recursos da empresa? Não
se pode mandar pessoas embora da instituição porque acabou o dinheiro.
Outra forma de considerar uma empresa socialmente responsável é observar se ela
paga todos os impostos, se não degrada o meio ambiente, se gera lucro através da produção de
bens e serviços para a sociedade e, conseqüentemente, empregos. Essa acepção considera que
as empresas não foram criadas para assumir um papel social e que tal função é obrigação do
Estado.
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Aluno do primeiro período do curso de Administração das Faculdades Integradas Vianna Júnior em parceria
com a Fundação Getúlio Vargas.
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Ledo engano. O Estado não tem condições de oferecer respostas ágeis e eficientes,
como o setor privado, no que diz respeito aos problemas sociais. Diante de todos os fatos,
somente pagar impostos não torna uma empresa socialmente responsável, pois as
responsabilidades aumentaram e as empresas devem interagir com a sociedade, contribuindo
para o seu desenvolvimento. Assim, a empresa também garante o próprio futuro. Um bom
exemplo é o projeto do Banco Bradesco, a Fundação Bradesco, que proporciona,
gratuitamente, ensino fundamental e médio para mais de 100.000 (cem mil) alunos.2 Depois
de formados, os melhores alunos da Fundação Bradesco são empregados pelo Banco. O
retorno para a empresa vem em forma de funcionários bem formados que respeitam, que
valorizam e que sentem gratidão pela empresa. Um projeto contínuo que dá oportunidade às
pessoas carentes e gera frutos para a sociedade e para o próprio Banco Bradesco.
A ação social e o pagamento de impostos são relevantes, mas os empresários devem
interagir com a sociedade de forma sustentável. Os projetos devem ser voltados para o
desenvolvimento da sociedade, atendendo às necessidades momentâneas e criando condições
para que ela se capacite e satisfaça suas próprias necessidades no futuro. Mas, para que isso
aconteça os empresários precisam ter em mente que a responsabilidade social começa dentro
da empresa, através de “relacionamentos de valor com diferentes públicos de interesse, os
chamados stakeholders – público interno, fornecedores, clientes, acionistas, comunidade,
governo e sociedade, meio ambiente, entre outros”.3 A partir dessa premissa é que uma
empresa se torna socialmente responsável.
Assim, as empresas poderão estabelecer princípios de ética e de cidadania nos
diferentes públicos de interesse, mas a ética deve estar presente, primordialmente, no
ambiente interno, para que então essas ações possam ser estendidas à sociedade.
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3
Disponível em: <www.fb.org.br>: Acesso em: 5 maio 2006.
BRUNO, Giuliana Ortega; URSINI, Tarcila Reis. A Gestão para a Responsabilidade Social e o
Desenvolvimento Sustentável. Instituto Ethos. Disponível em: <www.ethos.org.br>. Acesso em: 14maio 2006.
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