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Anais do XII SBGFA. Natal, 2007. v. 1. p. 1-15.
APLICAÇÃO DA SOLUÇÃO CARTOGRÁFICA “COLEÇÃO DE MAPAS” NO
MAPA DE ZONAS VEGETACIONAIS MUNDIAIS (WALTER, 1986)
Simone Valaski – UFPR – [email protected]
João Carlos Nucci – UFPR – [email protected]
Resumo
A representação cartográfica dos elementos que formam a paisagem caracteriza-se como
um recurso de extrema importância para os trabalhos no âmbito da ciência geográfica. Por
meio dos mapas é possível realizar análises tanto de localização quanto de inter-relações
dos elementos que compõem a paisagem. O mapa, portanto, deve estar estruturado de
maneira a oferecer ao leitor o máximo possível de informações, de forma objetiva e
simplificada. Para isso, dois fatores são de grande relevância na elaboração de um mapa: a
escala e a legenda. A escolha da escala adequada vincula-se ao nível de detalhamento que
se deseja no trabalho. A legenda deve ser estar estruturada de maneira a cumprir o seu
papel de comunicar determinada informação. Quando um mapa possui poucos atributos, a
interpretação torna-se mais simples, sendo mais fácil visualizar todos os atributos. Porém,
quando se deseja representar um grande número de atributos, estes não ficam visualmente
legíveis, não se lê rapidamente, fazendo com que parte das informações não sejam
percebidas. O objetivo deste trabalho foi aplicar a solução cartográfica coleção de mapas no
Mapa de Zonas Vegetacionais Mundiais, elaborado por Heinrich Walter (1986). Apesar de
ser um mapa extremamente rico em informações, a sua leitura não é rápida, imediata. Com
a utilização do software Corel Draw 11 foi possível redesenhar o mapa, separando cada
atributo em um mapa, resultando na coleção de mapas. A reestruturação do Mapa de Zonas
Vegetacionais Mundiais com a utilização deste recurso cartográfico permitiu que a legenda
fosse melhor interpretada, valorizando todos os detalhes.
Palavras-chave: Cartografia, Zonas Vegetacionais, legenda.
Justificativa
A utilização de recursos cartográficos nos trabalhos geográficos é de fundamental
importância. Com a utilização de mapas é possível realizar análises em relação aos
elementos que compõem a paisagem. Contudo, para que a análise dos elementos de um
mapa possam ter resultados positivos, é preciso que sua estruturação seja feita de maneira
a oferecer ao leitor o máximo possível de informações, de forma objetiva e simplificada.
Existem vários processos que envolvem a construção de mapas como a importância do
título, dos referenciais de orientação e localização, da escala e da legenda. Dentre estes,
ressalta-se a questão da escala e da legenda. A noção de escala é fundamental para
apreender e entender os fatos geográficos (LE SANN, 1984). É impossível para o ser
humano, em função de seus limites de entendimento, abarcar toda a complexidade com a
qual a realidade se apresenta. Utiliza-se, portanto, uma redução de escala que, como um
filtro, seleciona a parte da realidade que deverá ser mapeada (NUCCI & CAVALHEIRO,
1998. A legenda é o processo de comunicação cartográfica. Para Bertin (1967, apud
OLIVEIRA, 2004) a ênfase na concepção da legenda deve ser dada às relações entre os
objetos e/ou fenômenos que serão cartografados e não necessariamente à relação entre
significante (o símbolo) e significado (a idéia), expressa na legenda. Teixeira Neto (1986) e
Martinelli (1991) corroboram tal raciocínio, indicando que a ênfase na compreensão e
representação das relações originais expressas na informação (nos dados) pressupõe
atingir o objetivo da monossemia, ou seja, que o mapa deve permitir a mesma compreensão
por diferentes pessoas que venham a utilizá-lo. Por outro lado, os autores argumentam que
a ênfase na relação entre significante-significado dá margem à polissemia, em que o mapa
construído acaba por permitir diferentes compreensões da informação que se pretende
transmitir, podendo até mesmo alterar completamente a idéia original. Quando um mapa é
composto por um número reduzido de atributos, a interpretação ocorre de maneira mais
simples e imediata. Entretanto, quando se deseja representar um número maior de atributos,
estes não ficam visualmente legíveis no mapa, não se lê rapidamente. Segundo Martinelli
(1991), quando é necessária a elaboração de um mapa com vários atributos têm-se duas
opções: a superposição e a coleção de mapas. A superposição é uma solução exaustiva,
em que são superpostos vários atributos em um mesmo mapa. Esta solução cartográfica
não fornece resposta visual instantânea às questões de conjunto (Onde está determinado
atributo?), respondendo apenas às questões de nível elementar: o que há em tal lugar? Na
coleção de mapas, por sua vez, confecciona-se um mapa para cada atributo. É a solução
ideal para a obtenção de respostas visuais instantâneas de conjunto, fornecendo, também,
respostas em nível elementar. A solução por coleção de mapas coloca em evidência o
arranjo espacial dos atributos que se deseja apresentar.
Objetivo
O Mapa de Zonas Vegetacionais Mundiais, elaborado por Heinrich Walter em 1986 é
extremamente rico em informações, porém, não é possível se fazer uma leitura rápida,
imediata. O grande número de atributos nele contidos dificulta sua leitura. O objetivo desta
investigação foi aplicar a solução cartográfica coleção de mapas proposta por Martinelli
(1991) no Mapa de Zonas Vegetacionais Mundiais (WALTER, 1986).
Métodos Aplicados
Para a elaboração deste trabalho utilizou-se o Mapa das Zonas Vegetacionais Mundiais,
scannerizado do livro “Vegetação e Zonas Climáticas”, publicado por Heinrich Walter (1986,
p.35). Com a utilização do software Corel Draw 11, o mapa foi redesenhado resultando em
uma imagem vetorial. Após todo o mapa ser desenhado, foi possível fazer a separações de
cada atributo constante na legenda. O texto da legenda foi mantido em conformidade com o
original, sendo apenas alteradas as cores de cada um dos elementos. O mapa original não
apresenta escala numérica ou gráfica. Porém, em decorrência dos atributos estarem
representados por manchas e por se tratar de uma representação mundial, foi possível
ampliá-lo, sem que houvesse prejuízo ou distorção de informações.
Resultados
O trabalho final resultou em um mapa geral e doze mapas apresentando cada uma das
legendas (Fig.1). Por meio da utilização da solução cartográfica “coleção de mapas” foi
possível observar claramente a distribuição de cada uma das formações de vegetação
apresentadas na legenda elaborada por Walter, contribuindo para que a legenda fosse
melhor interpretada. A utilização dos recursos cartográficos é de grande importância na
geografia, porém, algumas questões devem ser tratadas com cautela no momento da
elaboração dos mapas. Mapas mal feitos podem ter resultados contrários aos esperados ou
fazer com que informações úteis sejam tratadas como irrelevantes. A solução cartográfica
“coleção de mapas” surge como um método bastante interessante para a visualização de
vários atributos em um mesmo mapa, valorizando as informações contidas na legenda. A
utilização deste método no Mapa de Zonas Vegetacionais Mundiais teve resultado
satisfatório, sendo possível alcançar o objetivo inicialmente proposto.
Referências bibliográficas
LE SANN, J. G. A noção de escala em cartografia. Revista Geografia e Ensino 5.
Universidade Federal de Minas Gerais, 1984, pp.56-66.
MARTINELLI, M. Curso de Cartografia Temática. Editora Contexto, São Paulo, 1991,
180pp.
NUCCI, J.C. e CAVALHEIRO, F. Escala de proporção espacial e mapeamento do uso do
solo no ambiente urbano. Anais do VIII Seminário Regional de Ecologia. Programa de
Pós Graduação em Ecologia e Recursos Naturais da Universidade de São Carlos, volume
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OLIVEIRA, I. J. de. A linguagem dos mapas: utilizando a cartografia para comunicar.
Revista Uniciência. Goiás, 2004.
RACINE, J. B.; RAFFESTIN, C. e RUFFY, V. Escala e ação, contribuições para uma
interpretação do mecanismo de escala na prática da geografia. Revista de Geografia 45.
1983, pp. 123-135.
TEIXEIRA NETO, A. Haverá, também, uma semiologia gráfica? Boletim Goiano de
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WALTER, H. Vegetação e Zonas Climáticas. São Paulo: Ed. Pedagógica e Universitária,
1986.
Frigura 1: Mapa com a zonas vegetacionais mundiais e coleção de mapas para
representação da legenda.
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