Rabbiteye - Infoteca-e

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ISSN 1981-5980
Dezembro, 2007
Boletim de Pesquisa
e Desenvolvimento 50
Propagação de Mirtilo do
Tipo Rabbiteye por Estaquia
e Alporquia
Enilton Fick Coutinho
Eduardo Reinhardt Franchini
Nicácia Portella Machado
João Guilherme Casagrande Jr.
Pelotas, RS
2007
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PROPAGAÇÃO DE MIRTILO DO TIPO RABBITEYE POR ESTAQUIA E
ALPORQUIA
/Enilton Fick Coutinho... [et al.]. -- Pelotas: Embrapa Clima Temperado,
2007.
34 p. -- (Embrapa Clima Temperado. Boletim de Pesquisa e
Desenvolvimento, 50).
ISSN 1678-2518
Mirtilo - Vaccinium ashei - Pequenas frutas - Mergulhia aérea - Estaca
herbácea. I. Coutinho, Enilton Fick. II. Série.
CDD 634. 737
Sumário
Resumo ...............................................................................
5
Abstract ...............................................................................
7
Introdução ...........................................................................
9
Material e Métodos ............................................................ 11
Resultados e Discussão ..................................................... 15
Conclusões .......................................................................... 19
Referências Bibliográficas ................................................. 19
Propagação de Mirtilo do
Tipo Rabbiteye por Estaquia
e Alporquia
Enilton Fick Coutinho1
Eduardo Reinhardt Franchini2
Nicácia Portella Machado3
João Guilherme Casagrande Jr.4
Resumo
O mirtilo é uma espécie explorada de forma comercial
recentemente no Brasil, sendo amplamente cultivado na Europa
e nos Estados Unidos. Para as regiões do Sul do Brasil, onde o
mirtilo tem maior possibilidade de adaptação, a espécie Vaccinium
ashei é a mais promissora. Dentre os entraves para a expansão
do mirtilo no Brasil, a pouca disponibilidade o e alto custo das
mudas merece destaque. Neste sentido, instalou-se experimentos
de mergulhia aérea (alporquia) em três épocas distintas (verão,
primavera e inverno) e experimentos de estaquia de ramos
herbáceos de mirtilos do grupo rabbiteye, para testar a viabilidade
destes métodos na propagação vegetativa desta espécie, com e
Eng. Agrôn., Dr., Pesquisador da Embrapa Clima Temperado, Pelotas, RS
([email protected])
2
Eng. Agrôn. MSc. em Agronomia – Fruticultura Clima Temperado, RS
([email protected])
3
Eng. Agrôn. Doutoranda em Agronomia – Fruticultura Clima Temperado, RS
([email protected])
4
Eng. Agrôn. Dr. em Agronomia – Fruticultura Clima Temperado, RS (jcasajr@
gmail.com)
1
sem a utilização de ácido indolbutírico (AIB). Dentre as épocas
de alporquia, a de verão teve os melhores resultados para as
duas cultivares estudadas, quando da utilização do AIB (70,30%
de alporques enraizados para a cultivar Climax e 43,33% para a
cultivar Bluebelle). A estaquia de ramos herbáceos também é
método eficiente para a propagação de mirtilos do tipo rabbiteye,
sendo desnecessária a utilização de AIB para as cultivares Bluegem
e Briteblue (85 e 57,5%, respectivamente, sem a aplicação de AIB).
Conclui-se que a alporquia de verão é a época mais indicada para a
realização da alporquia, bem como a estaquia de ramos herbáceos
proporciona bons resultados na multiplicação vegetativa de
mirtilos do tipo rabbiteye.
Termos para indexação: Vaccinium ashei, pequenas frutas,
mergulhia aérea, estacas herbáceas
Abstract
The blueberry crop is recent in Brazil, but it is widely grown
in USA and Europe. In most areas of South of Brazil, the
Vaccinium Ashei is the most promising, considering the
adaptation potential of this species. One of the main problems
that prevents the blueberry from increasing its planting area
is the lack and the cost of nurcery plants. Considering this,
there were carried out experiments testing three periods of
aerial layering (summer, winter and spring) and vegetative
propagation by softwood cuttings, in order to test the viability
of these methods, using indolbutiric acid (IBA) or not. The aerial
layering executed in the summer showed the best results, for
both cultivars, when IBA (2000mg.L-1) was applied (70,30% of
layered brunches for ‘Climax’ and 43,33% for Bluebelle). The
propagation using softwood cuttings was also efficient for
this species, and the IBA was unnecessary for ‘Bluegem’ and
‘Briteblue’ (85% of rooting and 57,5%, respectively, with no
IBA). It was concluded that the summer is the best period for
using the aerial layering as a vegetative propagation method in
blueberry, as well as the vegetative propagation using softwood
cuttings is an efficient method to propagate blueberries of the
rabbiteye group.
Index terms: Vaccinium ashei , small fruits, aerial layering,
softwood cuttings.
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Propagação de Mirtilo do Tipo Rabbiteye por Estaquia e Alporquia
Introdução
O mirtilo (Vaccinium ashei Reade) é uma fruteira de clima
temperado de grande importância comercial, especialmente
nos Estados Unidos e em alguns países da Europa. A cultura
é considerada como uma das mais promissoras para o sul do
Brasil, principalmente o Vaccinium ashei, devido às condições
edafoclimáticas favoráveis à adaptação de muitas cultivares
nessa região. Além disso, o período de produção ocorre na
entressafra de países do Hemisfério Norte, favorecendo a
exportação.
No entanto, a área de plantio comercial de mirtilo na Região Sul
é restrita, sendo basicamente de interesse para instituições de
pesquisa. O principal entrave à expansão da cultura é a pouca
disponibilidade de mudas, agravado pela baixa qualidade e alto
custo das mesmas, em função da dificuldade de propagação da
maioria das cultivares.
O mirtilo pode ser propagado sexualmente por sementes e
vegetativamente por estaquia e alporquia. Na propagação
vegetativa por estaquia, as plantas podem ser multiplicadas
por estacas lenhosas ou herbáceas, sendo esta última pouco
utilizada comercialmente, pois requerem cuidado especial
(OURECKY e TOMKINS, 1990). Santos e Raseira (2002), relatam
que o mirtilo do tipo Highbush (porte alto), geralmente, é
multiplicado por enraizamento de estacas lenhosas, entretanto,
em cultivares como a Briteblue do grupo Rabbiteye (menos
exigentes em frio), a qual é uma das mais adaptadas nas
condições do Rio Grande do Sul, têm-se observado melhores
resultados com estacas herbáceas (SANTOS, 2004). Krewer e
Cline (2003) recomendam o uso de estacas herbáceas, tanto
Propagação de Mirtilo do Tipo Rabbiteye por Estaquia e Alporquia
para o tipo Rabbiteye como para Southern Highbush. Na
Carolina do Norte (EUA), estão recomendando substituir o uso
de estacas lenhosas e semilenhosas por estacas herbáceas
(KREWER e CLINE, 2003). Porém, no estado do Mississipi (EUA),
são usadas indistintamente estacas lenhosas e herbáceas
(MSU-CARES, 2004).
As estacas herbáceas podem ser retiradas durante toda a
fase vegetativa, porém, quando são coletadas das brotações
primaveris, há maior percentagem de enraizamento. Plantas
propagadas por estacas herbáceas, utilizando-se principalmente
material da primeira brotação de primavera, poderão apresentar
menores riscos de contaminação por doenças (principalmente
cancro das hastes), tendo em vista que as brotações novas
geralmente estão livres de doenças (KREWER e CLINE, 2003).
Comercialmente, o mirtilo é propagado principalmente por
estacas (MAINLAND, 1966; SCOTT et al., 1978; SHOEMAKER,
1978; ANTUNES et al., 2006), porém esta técnica proporciona
resultados bastante variáveis conforme a espécie e a cultivar
(INIA, 1988). No Brasil, Nachtigall et al. (1998), Faria et al.
(1998) e Arruda et al. (1998), utilizando estacas semilenhosas
de mirtilo, obtiveram até 73% de enraizamento na cultivar
Delite; 62,4% na Powderblue, e 60,40% na cultivar Bluegem,
respectivamente. De modo geral, na multiplicação por estacas,
obtêm-se percentuais em torno de 50% de enraizamento
(FRANÇA, 1991).
A propagação por alporquia ou mergulhia aérea tem sido
utilizada em plantas de difícil propagação por estacas, embora,
não se tenha referências, quanto à utilização desta técnica
para a propagação do mirtilo. No entanto, a alporquia tem sido
utilizada para jaqueira (DESAI e PATIL, 1981), Ficus elastica
(HARTMANN e KESTER, 1990), lichia e cajueiro (ALMEIDA et
al., 1995), mangueira e várias espécies de plantas ornamentais
(SIQUEIRA, 1998) e pessegueiro (CASTRO e SILVEIRA, 2003).
Em espécies de difícil enraizamento, o uso de auxinas no
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Propagação de Mirtilo do Tipo Rabbiteye por Estaquia e Alporquia
método de propagação de plantas pode acelerar a iniciação
dos meristemas apicais, aumentar a percentagem de estacas
enraizadas e a qualidade das raízes formadas (ARGUDÍN, 1996).
Dentre as auxinas, o AIB (ácido indolbutírico) é a mais utilizada
para promover o enraizamento, pois é fotoestável, tem baixa
mobilidade e menor toxicidade em concentrações variáveis
(WEAVER, 1976; HARTMANN e KESTER, 1990).
A propagação vegetativa por estaquia e/ou alporquia podem
ser facilmente adotada por produtores para aumentar a área
de plantio, permitindo ser uma boa fonte de renda alternativa,
devido ao alto custo das mudas de mirtilo. Portanto, objetivouse testar a alporquia e a estaquia como método de propagação
vegetativa para o mirtilo.
Material e Métodos
a) Estaquia
Realizaram-se dois experimentos na Embrapa Clima Temperado,
Pelotas, RS. No experimento 1, as estacas herbáceas (ponteiras
de brotações novas) de plantas do primeiro ciclo de crescimento
da cultivar Briteblue foram coletadas em 02/03/2004. As estacas,
de aproximadamente 8cm de comprimento, foram parcialmente
desfolhadas, sendo mantidas, em cada uma, apenas uma ou
duas folhas pequenas ou duas folhas maiores cortadas ao
meio. Trataram-se as estacas com solução contendo AIB nas
concentrações 2000mgL-1; 1000mgL-1 ou somente água destilada
(testemunha), em dois tempos de imersão da base das mesmas
(10 segundos e 10 minutos). Após os tratamentos, as estacas
foram plantadas em areia lavada e armazenadas em casa-devegetação com sistema de nebulização intermitente (turno de
aspersão 20:1 – para cada 20 minutos desligado o sistema,
um minuto ligado). Após 90 dias, avaliou-se a percentagem de
estacas enraizadas (Figura 1).
No experimento 2, as estacas herbáceas de mirtilos ‘Bluegem’
Propagação de Mirtilo do Tipo Rabbiteye por Estaquia e Alporquia
e ‘Bluebelle’, de aproximadamente 12cm de comprimento,
foram coletadas em novembro de 2005 e, posteriormente,
parcialmente desfolhadas (sendo mantidas duas folhas
cortadas pela metade na extremidade superior de cada estaca)
e lesionadas na base de cada estaca, em lados opostos a
fim de expor o câmbio. Trataram-se as estacas com solução
contendo AIB nas concentrações 1000mgL-1; 500mgL-1 ou
somente água destilada (testemunha), durante 5 segundos
(imersão rápida). Em seguida, foram acondicionadas em
bandejas plásticas perfuradas contendo areia lavada sob fundo
com brita. Após 90 dias, mantidas em casa-de-vegetação com
nebulização intermitente (turno de aspersão 20:1 – para cada
20 minutos desligado o sistema, um minuto ligado), avaliaramse a percentagem de enraizamento e a qualidade de raízes,
atribuindo-se notas de 1 a 5, para abundância e crescimento de
raízes (Figura 2).
O delineamento experimental utilizado, em ambos os
experimentos, foi o inteiramente casualizado com quatro
repetições de 10 estacas por parcela. Para comparar os efeitos
entre os tratamentos, realizou-se a análise da variância e
compararam-se as médias pelo teste Duncan (p < 0,01). Os
dados percentuais originais foram transformados em arco seno
da raiz quadrada de x/100.
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Foto: Enilton Fick Coutinho
Propagação de Mirtilo do Tipo Rabbiteye por Estaquia e Alporquia
Foto: Enilton Fick Coutinho
Figura 1. Estacas herbáceas de mirtilo acondicionadas em
caixas plásticas contendo areia lavada, no interior de casa-devegetação com nebulização intermitente.
Figura 2. Escala de notas em função da abundância e
distribuição de raízes em estacas de mirtilo ‘Bluebelle’ e
‘Bluegem’
Propagação de Mirtilo do Tipo Rabbiteye por Estaquia e Alporquia
b) Alporquia
O experimento foi realizado na Estação Experimental de
Cascata - Embrapa Clima Temperado, Pelotas/RS. A instalação
foi no dia 05/02/2003, em plantas das cultivares Climax
e Bluebelle com sete anos de idade, sendo os seguintes
tratamentos: T1- testemunha e T2- AIB 2000mgL-1. Selecionou-se
ramos semilenhosos com aproximadamente 7mm de diâmetro
do último período vegetativo, retirou-se um anel de casca
de 1cm de largura de cada ramo. Posteriormente, pincelouse o local anelado com solução de ácido indolbutírico (AIB)
na concentração de 2000mgL-1 nos ramos do tratamento T2,
enquanto que no tratamento testemunha (T1), pincelou-se
apenas água destilada. Logo após, os ramos foram envoltos
por tubos de polietileno nas dimensões de 10x20cm (saco
plástico preto com as extremidades abertas). Após a amarração
da extremidade inferior do tubo plástico ao ramo, este foi
preenchido com cerca de 200g de substrato umedecido
(vermiculita + areia lavada) na proporção 1:1 (v/v). E, a
extremidade superior do tubo, acima do substrato, foi amarrada
em torno do ramo alporcado, mantendo o ambiente úmido
e escuro ao redor da lesão. Após o preparo dos alporques,
estes foram amarrados a ramos altos da planta, com fitas
plásticas, a fim de evitar a quebra dos mesmos pelo peso do
substrato. Após, 147 dias da instalação do experimento, os
ramos alporcados foram destacados da planta e avaliados.
Posteriormente, os alporques enraizados foram transplantados
para vasos plásticos com capacidade de cinco litros, contendo
mistura de substrato Plantmax® e terra de mato, na proporção
de 1:1 (v/v), e mantidos em casa-de-vegetação. As variáveis
avaliadas foram: a) alporques enraizados (%) e b) mudas
sobreviventes após 90 dias do plantio no substrato (%).
O delineamento experimental utilizado foi o inteiramente
casualizado com três repetições de 15 alporques por
parcela (planta). O experimento foi conduzido segundo um
arranjo fatorial 2 x 2 (duas cultivares e duas concentrações).
As diferenças significativas entre os tratamentos foram
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Propagação de Mirtilo do Tipo Rabbiteye por Estaquia e Alporquia
determinadas pelo teste F, ao nível de significância de 5%. Os
dados percentuais originais foram transformados em arco seno
da raiz quadrada de x/100.
Resultados e Discussão
a) Estaquia
No referido trabalho, observou-se que não houve interação
significativa entre concentração x tempo de imersão para
a variável percentagem de estacas enraizadas da cultivar
Briteblue. As diferentes concentrações de AIB e do tempo de
imersão, também, não diferiram estatisticamente. Portanto,
não é importante o uso de AIB para propagar esta cultivar por
estaquia, pois obtem-se índices de enraizamento em torno de
50% (Tabela 1).
Ourecky e Tomkins (1990) descreveram a metodologia da
propagação vegetativa por estaquia utilizada em Nova York
e Krewer & Cline (2003), na Georgia e Carolina do Norte. Em
ambas as metodologias, não há descrição da utilização do AIB,
o qual explica a percentagem de enraizamento obtida, neste
trabalho, no tratamento testemunha (Tabela 1).
Tabela 1. Experimento 1: Percentagem de enraizamento de estacas
herbáceas de mirtilo ‘Briteblue’. Embrapa Clima Temperado,
Pelotas, RS, 2007.
Não houve diferença significativa entre os tratamentos, bem como interação
significativa do tempo de imersão x concentração de AIB.
ns
Propagação de Mirtilo do Tipo Rabbiteye por Estaquia e Alporquia
No enraizamento de estacas de mirtilo ‘Bluegem’ com o uso
de AIB, também, obteve-se resultados semelhantes à cultivar
Briteblue, observando-se redução significativa na percentagem
de enraizamento com o uso da concentração mais elevada
(até 1000mgL-1 de AIB). Entretanto, para mirtilos ‘Bluebelle’,
no tratamento das estacas com 1000mgL-‘ de AIB, obtevese aumento significativo na percentagem de enraizamento
(aproximadamente 60%) (Figura 3).
Na cultivar Bluegem, obteve-se percentagem de enraizamento
superior a Bluebelle, com exceção do tratamento de 1000mgL-1
de AIB, no qual os resultados obtidos, em ambas as cultivares,
foram equivalentes. O uso de AIB foi eficiente somente para
cultivar Bluebelle (85% de estacas enraizadas, quando utilizada
a maior concentração de AIB), porém, para a cultivar Bluegem,
obteve-se redução na percentagem de estacas enraizadas,
utilizando a maior concentração (Figura 3).
* Letras minúsculas comparam médias de AIB dentro de cada cultivar e
maiúsculas, médias de cultivar dentro de cada concentração de AIB, sob teste
de Duncan (á<0,05)
Figura 2. Percentagem de estacas enraizadas de mirtilos
‘Bluebelle’ e ‘Bluegem’ nas diferentes concentrações de AIB.
Embrapa Clima Temperado, Pelotas, RS 2007.
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Propagação de Mirtilo do Tipo Rabbiteye por Estaquia e Alporquia
Com relação à qualidade de enraizamento (abundância e
crescimento de raízes), a cultivar Bluegem foi superior a
Bluebelle, ambas plantadas diretamente no substrato após
preparação (Tabela 2). Pressupõe-se que seja possível a
produção de mudas das respectivas cultivares sem tratamento
com AIB.
Tabela 2. Classificação das estacas enraizadas de acordo com a
abundância e distribuição das raízes em escala progressiva de
1 a 5 (mínimo 1; máximo 5) em mirtilos ‘Bluebelle’ e ‘Bluegem’
aos 90 dias após o plantio das estacas. Embrapa Clima
Temperado, Pelotas, RS, 2007.
y - médias com letras distintas diferem sob teste de Duncan (á=0,05).
ns – diferença estatística não significativa.
b) Alporquia
Observou-se que, em ambas as cultivares, a percentagem de
enraizamento dos alporques foi superior com a aplicação de
2000mgL-1 de AIB. A cultivar Climax obteve maior percentagem
de alporques enraizados, sendo estatisticamente superior a
Bluebelle, somente no tratamento AIB 2000mgL-1, enquanto que
a interação cultivar x concentração não foi significativa (Tabela
3).
Propagação de Mirtilo do Tipo Rabbiteye por Estaquia e Alporquia
Segundo Moore e Ink (1964) e Kossuth et al. (1981) existem
diferenças na capacidade de enraizamento entre cultivares
de mirtilo, o que explica-se a diferença na percentagem de
enraizamento entre as cultivares estudadas.
Os resultados obtidos, no presente trabalho, foram superiores
aos verificados por Hoffmann (1994), em mirtilos ‘Climax’,
quando se utilizou estaquia de ramos coletados em novembro,
março e agosto, e obteve-se 42,93, 34,61 e 27,77% de
enraizamento, respectivamente. No entanto, Nachtigal et al.
(1998), obtiveram até 73,8% de enraizamento das estacas da
cultivar Delite.
De acordo com Siqueira (1998), a emissão de raízes é
estimulada por hormônios e pelo anelamento dos ramos. O
anelamento impede ou reduz a passagem de carboidratos,
hormônios e outras substâncias produzidas pelas folhas e
gemas às raízes e coroa da planta, e conseqüentemente,
provoca acúmulo dessas substâncias acima do anelamento,
entretanto, o transporte de água com nutrientes minerais pelo
xilema não é afetado, o qual é utilizado na alporquia.
Para a variável percentagem de mudas sobreviventes, a
Climax, novamente, foi superior à Bluebelle, apesar de ser
considerado um ótimo índice para ambas as cultivares (93,91 e
82,3%, respectivamente) (Tabela 4).
Tabela 3. Percentagem de alporques enraizados de mirtilos
‘Climax’ e ‘Bluebelle’, em duas concentrações de AIB. Embrapa
Clima Temperado, Pelotas, RS, 2007.
* Médias seguidas pela mesma letra minúscula na coluna e maiúscula na
linha, não diferem entre si pelo teste f (P<0.05).
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Propagação de Mirtilo do Tipo Rabbiteye por Estaquia e Alporquia
Tabela 4. Percentagem de alporques sobreviventes nas
cultivares Climax e Bluebelle. Embrapa Clima Temperado,
Pelotas, RS, 2007.
Médias seguidas pela mesma não diferem entre si pelo teste f (P<0.05).
Conclusões
A estaquia de ramos herbáceos é uma técnica eficiente para
propagação vegetativa de mirtilos do tipo Rabbiteye, sendo
importante a utilização de ácido indolbutírico (AIB) para
propagação de estacas da cultivar Bluebelle.
A alporquia realizada no verão é eficiente para propagar
vegetativamente mirtilos ‘Climax’ e ‘Bluebelle’, sendo
importante a utilização de AIB.
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